Belo Horizonte – MG • Janeiro de 2015
nº 01
Expectativas 2015
Para controlar a inflação e iniciar uma trajetória rumo ao centro da meta, a taxa de juros básica da economia brasileira estará mais alta em
2015. Com o fechamento de 11,75% a.a. em 2014, a taxa poderá alcançar o nível de 12,75% até o final de 2015, dependendo,
principalmente, das condições econômicas no primeiro semestre do ano. Um dos impactos do aumento da taxa de juros é o encarecimento
do crédito que afeta os consumidores e os empresários ao firmar novos compromissos financeiros.
O cenário internacional não se mostra muito favorável para o Brasil como esteve anos atrás. Desde a crise americana de 2008, foram vários
fatos que impactaram no desempenho mundial. Mais recentemente, os baixos resultados da economia japonesa e União Europeia, a China
crescendo menos, lentidão na melhora dos números americanos, preços do petróleo e commodities baixos e a crise na Rússia constroem
um cenário não muito propício para uma economia brasileira que precisa voltar a crescer. Dado isso, o foco passa ser ainda mais interno e,
assim, 2015 será um ano de ajuste.
Por mais que seja necessário cautela no curto prazo, o médio e o
longo prazo para o Brasil é otimista se o caminho a ser seguido e
Inflação persistente acima da
se as políticas adotadas favorecerem esse cenário. 2015 será um
Meta
ano de políticas monetárias e fiscais restritivas, o que
Dólar pressionado
pressionarão ainda mais para baixo o crescimento. No entanto, o
cenário de inflação controlada e rigidez de contas públicas é
mais própicio para decisões de negócios conscientes do que um
cenário com inflação no teto máximo e com um governo
Crescimento retraído
Taxa de juros altas
utilizando ''contabilidade criativa" para parecer que tudo esta
em ordem. Apesar de iniciarmos um ano novo, o desafio
brasileiro ainda é velho, o aumento de produtividade e
competitividade sempre é algo almejado. E mais do que isso,
Provável aumento dos impostos
elevação de poupança e investimento são essenciais para a
retomada de crescimento, principalmente das parcerias públicas
Corte de gastos
privadas, dado que o governo pretende reduzir gastos e assim
seu potencial de investimentos ainda continuará baixo.
Lista de siglas:
IPCA: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
COPOM: Comitê de Política Monetária
Opep: Organização dos Países Exportadores de Petróleo
Juros mais altos em 2015
Cenário internacional para este ano
Para controlar a inflação e iniciar uma trajetória rumo ao centro da meta, a taxa de
juros básica da economia brasileira (Selic) estará mais alta em 2015. Com o
fechamento de 11,75% a.a. em 2014, a taxa poderá alcançar o nível de 12,75% até
o final de 2015, dependendo, principalmente, das condições econômicas no
primeiro semestre do ano.
O cenário internacional não se mostra muito favorável
para o Brasil como esteve anos atrás. Desde a crise
americana de 2008, foram vários fatos que impactaram
no desempenho mundial. Mais recentemente, os baixos
resultados da economia japonesa e União Europeia, a
China crescendo menos, lentidão na melhora dos
números americanos, preços do petróleo e commodities
baixos e a crise na Rússia constroem um cenário não
muito propício para uma economia brasileira que
precisa voltar a crescer.
Evolução da Selic e IPCA ao longo de 2014 (%)
11,75
11,25
11,00
10,5
Mudança da política
monetária da economia
americana - elevação da
taxa de juros
6,75
6,5
6,38*
5,59
4,5
Fonte: IBGE e BCB. *IPCA dezembro - previsão Estudos Econômicos Fecomércio MG
Na última reunião de 2014, o Copom elevou em 0,5 p.p. a taxa de juros básica. Esta
elevação foi a segunda seguida justificada para controlar as pressões inflacionárias.
Conforme ilustra o gráfico acima, a inflação, calculada pelo IPCA acumulado 12
meses, não só apresentou-se acima da meta de 4,5%, mas também sempre esteve
próximo ou superior ao teto máximo permitido (6,5%). A questão observada é que
a taxa ficou mantida a 11%, mesmo com a informação de que a inflação acumulada
iniciava uma trajetória ascendente. A justificativa, na época, era de que havia a
possibilidade da inflação voltar a diminuir com a taxa de juros ao nível de 11%, fato
que realmente não aconteceu. No entanto, fatores políticos estão mais
relacionados a manutenção desta taxa a esse nível, sendo que logo após as
eleições, na reunião do dia 29 de outubro, a taxa foi elevada em 0,25 p.p. O "efeito
eleições" causou uma inflação alta no segundo semestre de 2014.
Portanto, houve um atraso da resposta do Banco Central do Brasil em relação ao
movimento de pressão inflacionária, o que pressionou um aumento de 0,5 p.p. na
última reunião do ano e que também pressionará para mais um aumento de 0,5
p.p. no início de janeiro, dado que ainda em novembro de 2014, a inflação
acumulada foi de 6,56%. A busca da inflação para próximo da meta (5%) é almejada
pelo Banco Central para 2016 sendo que projetam 6,1% para o final de 2015 com o
cenário de juros a 11,75%. A área de Estudos Econômicos da Fecomércio MG prevê
6,38% para a inflação de 2014 e 6,25% para 2015.
As previsões do mercado em dezembro de 2014 apontam que a meta da taxa Selic
em 2015 pode fechar em 12,5% a.a. A área de Estudos Econômicos da Fecomércio
MG concorda com esta taxa sendo que dependendo das pressões inflacionárias
principalmente relacionadas aos reajustes dos preços administrados e oscilações do
câmbio, podem fazer a taxa alcançar o nível de 12,75% no final de 2015.
Previsões da Área de Estudos Econômicos da Fecomércio MG para 2014 e 2015
Variáveis
2014
2015
Comportamento
IPCA (%)
6,38
6,25
Meta Taxa Selic - fim de período (%a.a.)
12,75
A palavra do ano de 2015 é:
AJUSTE
Os Estados Unidos já sinalizaram que irá aumentar a
taxa de juros, apesar de utilizarem um tom de que isto
ocorrerá de forma suave, é certo que haverá este ponto
de inflexão. A implicação direta desta alteração de
política monetária é a fuga de capital não só do Brasil,
mas do mundo para a economia americana. O que
preocupa, principalmente, os países emergentes. O
aumento dos juros eleva a rentabilidade dos títulos de
longo prazo americanos, e como são considerados
seguros, a atração por eles é inevitável.
Preço do petróleo
mantido a níveis
baixos
As leis do mercado são claras, quando a oferta é maior
do que a demanda, o preço do bem reduz. É
exatamente isto que está acontecendo no caso do
petróleo. No entanto, existem questões estratégicas na
manutenção de preços baixos do barril. A tentativa de
um corte coordenado na produção falhou, seja por
motivos relacionados a extração de petróleo de xisto
americano ou pela redução de apenas parte dos
membros da Opep gerar perda da fatia de mercado, o
preço ainda estará baixo em 2015. Contudo, economias
mais dependentes como Rússia, Venezuela e Irã
sofrerão primeiro o efeito desse novo patamar de
preço.
Efeitos crise russa - foco nas
exportações e em menor escala
no "contágio financeiro"
Em consequência da política de preços baixos do
petróleo, dado a sua dependência, e também a outros
fatores internos, como o apoio a separatistas na
Ucrânia, a Rússia enfrenta uma crise que se expandirá
para 2015. Nem mesmo um aumento de 6,5 p.p. na taxa
de juros foi suficiente para manter capital no país.
Muitos comparam com a crise de 1998, que na época
afetou o Brasil. No entanto, atualmente, o Brasil possui
um grande número de reservas, o que o deixa mais
preparado para um possível contágio financeiro. Porém,
as exportações para a Rússia, que cresceram dado as
sanções ocidentais diminuirá.
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Expectativas 2015