V - PROPRIEDADES GERAIS DOS MATERIAIS 5.1- Ligação química nos sólidos - Energias e forças de ligações - Ligações interatômicas primárias - Ligação de Van der Waals • Por quê estudar? • O tipo de ligação interatômica geralmente explica a propriedade do material. • Exemplo: o carbono pode existir na forma de grafite que é mole, escuro e “gorduroso” e na forma de diamante que é extremamente duro e brilhante. Essa diferença nas propriedades é diretamente atribuída ao tipo de ligação química que é encontrada no grafite e não no diamante. 1 2 3 4 Somente no início do séc. XX, surgiram os primeiros modelos consistentes de ligações químicas, quando o químico norteamericano Lewis e o químico alemão Kossel propuseram, respectivamente, as teorias da ligação covalente e da ligação iônica. Alguns pontos comuns podem ser destacados entre essas teorias: a) Só participavam das ligações os elétrons da última camada, posteriormente chamados de elétrons de valência. b) Os átomos ligavam-se obedecendo a uma mesma norma geral: a regra do octeto. 5 Na natureza, os únicos elementos químicos formados por átomos isolados e estáveis são os gases nobres. Foi devido ao fato de esses gases, com exceção do hélio, possuírem oito elétrons na última camada, que surgiu a regra do octeto. Segundo Lewis e Kossel, os gases nobres seriam verdadeiros referenciais de estabilidade para os demais elementos químicos. Assim, os átomos participariam de ligações químicas com uma única meta: adquirir estabilidade semelhante à de um gás nobre. Para tanto, deveriam sofrer modificações em sua eletrosfera, de modo que ficassem com oito elétrons na última camada, como a maioria dos gases nobres. Atualmente, são conhecidas muitas exceções à regra do octeto. A maioria dos metais de transição, por exemplo, não adquire configuração de gás nobre em seus compostos. Por isso, a regra do octeto deve ser encarada como orientação geral, mas não pode ser considerada como lei natural. 6 5.2 - Classificação de acordo com a natureza da ligação química ● Metais: – Ligação “metálica” Þ elétrons localizados na banda de condução mantém os caroços catiônicos unidos ● Polímeros: – Formado por elementos leves com ligações ao longo da cadeia de natureza covalente e, portanto, forte. – Ligação entre as cadeias do polímero é fraca ● Semicondutores: – Ligações covalentes ● Cerâmicas (Isolantes inorgânicos): – Ligações iônicas e/ou covalentes 7 8 9 Esse diagrama originou-se no modelo atômico idealizado por Niels Bohr, em que os elétrons estariam girando ao redor do núcleo em órbitas de energia quantizada. Essas órbitas seriam infinitas, mas são estudadas apenas 7, denominadas: K, L, M, N, O, P e Q. Cada uma delas suporta um número máximo de elétrons, conforme se observa no diagrama acima. A última camada preenchida pelos elétrons de um átomo recebe o nome de camada de valência e os elétrons ali contidos, elétrons de valência. São eles que participam diretamente das interações entre átomos. 10 Configuração eletrônica do estado fundamental dos elementos 11 5.3 - CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA DOS ELEMENTOS QUÍMICOS O agrupamento de todos os átomos iguais, isto é, com o mesmo número de prótons, recebe o nome de elemento químico. O elemento cloro, por exemplo, é encontrado na natureza nas formas 35Cl e 37Cl. Uma maneira interessante de se tabelar todos os elementos foi através da Classificação Periódica, que obedece ao princípio do número atômico (quantidade de prótons) crescente. Essa disposição dos elementos é feita obedecendo a quantidade de camadas de energia preenchidas pelos elétrons de um determinado elemento e a quantidade de elétrons na camada de valência. 12 Cada linha horizontal da tabela periódica (período) tem todos os elementos que possuem a quantidade de camadas representada pelo número dessa linha. Por exemplo, o 1º período da Tabela Periódica tem dois elementos, H e He, os dois preenchem apenas a camada K de energia com seus elétrons. E assim por diante. Cada linha vertical da Tabela Periódica (família) tem todos os elementos com a mesma quantidade de elétrons na camada de valência. Por exemplo, os elementos F, Cl, Br, I e At (pertencentes à família 17/7A) têm, todos eles, 7 elétrons de valência (o número da família "A“ indica a quantidade de elétrons na última camada). 13 Uma família bastante peculiar da Classificação Periódica é a 18 (antiga 8A ou família 0), que é a família dos gases nobres. Todos os elementos pertencentes a essa família têm 8 elétrons de valência (exceção feita ao He que possui apenas 2 elétrons de valência em virtude de possuir somente a camada K) e são bastante estáveis, dificilmente participando de ligações químicas. Das 18 famílias da Classificação Periódica, interessam-nos apenas as antigas famílias "A" (1A, 2A, 3A, 4A, 5A, 6A e 7A). 14 5.4 - TABELA PERIÓDICA 15 Metais na tabela periódica 16 Cerâmicas na tabela periódica 17 Polímeros na tabela periódica 18 Semicondutores na tabela periódica 19 RAIO ATÔMICO É a medida da distância entre o núcleo e a camada de valência de um determinado átomo. Varia de acordo a ilustração abaixo: Na família, o raio atômico aumenta conforme se desce na família, pois nesse sentido aumenta-se a quantidade de camadas preenchidas pelos elétrons. No período, o raio atômico aumenta da direita para a esquerda. No período, todos os elementos possuem a mesma quantidade de camadas, porém, com o aumento da quantidade de prótons (número atômico), a força de atração aumenta, diminuindo a distância entre prótons e elétrons. 20 ELETRONEGATIVIDADE É a medida da capacidade que um determinado átomo tem em atrair os elétrons de uma ligação para si. Varia conforme a ilustração abaixo: Observe que a eletronegatividade varia contrariamente ao raio atômico. Quanto menor o raio, maior será a atração dos prótons para com os elétrons da ligação, pois o núcleo está mais próximo. 21 • Os elementos se ligam para formar os sólidos para atingir uma configuração mais estável: oito elétrons na camada mais externa • A ligação química é formada pela interação dos elétrons de valência através de um dos seguintes mecanismos: - Ganho de elétrons - Perda de elétrons - Compartilhamento de elétrons 5.5 - TIPOS DE LIGAÇÕES • • • • Metálica Covalente Iônica Van der Waals A eletronegatividade dos átomos é o que determina o tipo de ligação 22 FORÇA E DISTÂNCIA DE LIGAÇÕES A distância entre 2 átomos é determinada pelo balanço das forças atrativas e repulsivas Quanto mais próximos os átomos maior a força atrativa entre eles, mas maior ainda são as forças repulsivas devido a sobreposição das camadas mais internas Quando a soma das forças atrativas e repulsivas é zero, os átomos estão na chamada distância de equilíbrio. 23 FORÇA DE LIGAÇÃO E RIGIDEZ A inclinação da curva no ponto de equilíbrio dá a força necessária para separar os átomos sem promover a quebra da ligação. Os materiais que apresentam uma inclinação grande são considerados materiais rígidos,. Ao contrário, materiais que apresentam uma inclinação mais tênue são bastante flexíveis. A rigidez e a flexibilidade também estão associadas com módulo de elasticidade (E) que é determinado da inclinação da curva tensãoxdeformação obtida no ensaio mecânico de resistência à tração. Inclinação fornece Módulo E Deformação medida () 24 ENERGIA DE LIGAÇÃO Algumas vezes é mais conveniente trabalhar com energia (potencial) do que forças de ligações. Matematicamente, energia (E) e força de ligações (F) estão relacionadas por : E= F.dr A menor energia é o ponto de equilíbrio Quanto mais profundo o poço de potencial maior a temperatura de fusão do material Filme Devido as forças de repulsão aumentarem muito mais com a aproximação dos átomos a curva não é simétrica. Por isso, a maioria dos materiais tendem a se expandir quando aquecidos25 ENERGIA DE LIGAÇÃO Quando energia é fornecida a um material, a vibração térmica faz com que os átomos oscilem próximos ao estado de equilíbrio. Devido a assimetria da curva de energia de ligaçãoxdistância interatômica, a distância média entre os átomos aumenta com o aumento da temperatura. Então, quanto mais estreito e mais profundo o mínimo de potencial, menor é o coeficiente de expansão térmica do material 26 TIPOS DE LIGAÇÕES • Metálica • Covalente • Iônica • Van der Waals • Forma-se com átomos de baixa eletronegatividade (apresentam no máximo 3 elétrons de valência) • Então, os elétrons de valência são divididos com todos os átomos (não estão ligados a nenhum átomo em particular) e assim eles estão livres para conduzir • A ligação metálica não é direcional porque os elétrons livres protegem o átomo carregado positivamente das forças repulsivas eletrostáticas • A ligação metálica é geralmente forte (um pouco menos que a iônica e covalente)= 20-200 Kcal/mol • Ex: Hg e W Átomo+elétrons das camadas mais internas Elétrons de valência 27 Ligação Metálica É o tipo de ligação que ocorre entre os átomos de metais. Os átomos dos elementos metálicos apresentam forte tendência a doarem seus elétrons de última camada. Quando muitos destes átomos estão juntos num cristal metálico, estes perdem seus elétrons da última camada. Forma-se então uma rede ordenada de íons positivos mergulhada num mar de elétrons em movimento aleatório 28 Propriedade dos metais Brilho metálico característico; Resistência à tração; Condutibilidade elétrica e térmica elevadas; Alta densidade; Maleabilidade(se deixarem reduzir à chapas e lâminas finas); Ductilidade(se deixarem transformar em fios); Ponto de fusão elevado; Ponto de ebulição elevado. 29 TIPOS DE LIGAÇÕES • Covalente • Metálica • Iônica • Van der Waals • Os elétrons de valência são compartilhados • Forma-se com átomos de alta eletronegatividade • A ligação covalente é direcional e forma ângulos bem definidos (apresenta um certo grau de ligação iônica) • A ligação covalente é forte = 125-300 Kcal/mol • Esse tipo de ligação é comum em compostos orgânicos, por exemplo em materiais poliméricos e diamante. Ex: metano (CH4) 30 31 32 33 TIPOS DE LIGAÇÕES • Iônica • Metálica • Covalente • Van der Waals • Os elétrons de valência são transferidos entre átomos produzindo íons • Forma-se com átomos de diferentes eletronegatividades (um alta e outro baixa) • A ligação iônica não é direcional, a atração é mútua • A ligação é forte= 150-300 Kcal/mol (por isso o PF dos materiais com esse tipo de ligação é geralmente alto) • A ligação predominante nos materiais cerâmicos é iônica 34 LIGAÇÃO IÔNICA • As forças atrativas eletrostáticas entre os átomos é nãodirecional os átomos num material iônico arranjamse de forma que todos os íons positivos têm como vizinho mais próximo íons negativos, sendo as forças atrativas igual em todas as direções. • A magnitude da força obedece a Lei de Coulomb 35 Figura copiada do material do Prof. Sidnei Paciornik do Departamento de Ciência dos Materiais e Metalurgia da PUC-Rio 36 FORÇAS DE ATRAÇÃO E REPULSÃO ENVOLVIDAS EM SÓLIDOS IÔNICOS -A/r2 FR= B/rn A, B e n são valores que dependem do sistema iônico em questão FA= 37 LEI DE COULOMB • Forças atrativas FA • r é a distância interatômica • z1 e z2 são as valências dos 2 tipos de íons • e é a carga do elétron (1,602x10-19 C) • 0 é a permissividade do vácuo (8,85x10 -12 F/m) 38 CONSIDERAÇÕES SOBRE LIGAÇÃO IÔNICA E COVALENTE • Muito poucos compostos exibem ligação iônica e covalente puras • A maioria das ligações iônicas tem um certo grau de ligação covalente e vice –versa transferem e compartilham elétrons • O grau do tipo de ligação depende da eletronegadividade dos átomos constituintes. • Quanto maior a diferença nas eletronegatividades mais iônica é a ligação • Quanto menor a diferença nas eletronegatividades mais covalente é a ligação 39 CONSIDERAÇÕES SOBRE LIGAÇÃO IÔNICA E COVALENTE • Fração de ligação covalente= onde E é a diferença nas eletronegatividades dos átomos Ex: SiO2 Eletronegatividade do Si= 1,8 Eletronegatividade do O= 3,5 Fração de ligação covalente= 0,486= 48,6% 40 TIPOS DE LIGAÇÕES Van der Waals Metálica Covalente Iônica São ligações secundárias ou físicas A polarização (formação de dipólos) devido a estrutura da ligação produz forças atrativas e repulsivas entre átomos e moléculas A ligação de van der Waals não é direcional A ligação é fraca< 10 Kcal/mol Exemplo desse tipo de ligação acontece entre átomos de H e em estrut. moleculares e moléc. polares A ligação é gerada por pequenas assimetrias na distribuição de cargas LIGAÇÃO DE VAN DER WAALS EXEMPLO: MOLÉCULA DE ÁGUA á g u a H OH • A molécula de água apresenta polarização de carga (formação de dipólos): positiva proxima aos átomos de H e negativa onde os elétrons de valência do oxigênio estão localizados • Isto produz forças de van der Waals entre as moléculas, fazendo com que as mesmas tendam a alinhar os pólos negativos com positivos. Como o angulo de ligação 109,5o, as moléculas formam uma estrutura quase hexagonal (veja figura) • O gelo tem estrutura hexagonal devido a este tipo de ligação. Ë menos denso por isso flutua sobre a água. 43 44 45 46 DIAMANTE GRAFITA Ligação forte Ligação fraca Os átomos de carbono na grafita também são unidos fortemente através de ligações covalentes, mas só dentro de um plano, diferentemente da rede 3D das ligações do diamante. Estes planos de átomos de carbono simplesmente empilham-se uns sobre os outros, sendo as forças de união entre os planos, muito fracas. Os planos de átomos de carbono podem então deslizar facilmente uns sobre os outros, e por isto a grafita é importante lubrificante! 47 48 NANOTUBOS DE CARBONO Foram descobertos em 1991 por um japonês São 100 mil vezes mais finos que um fio de cabelo A espessura é de apenas um átomo O diâmetro é de cerca de um nanômetro — a bilionésima parte do metro Possuem a maior resistência mecânica dentre todos os materiais conhecidos — não quebram nem deformam quando dobrados ou submetidos à alta pressão. Destacam-se também como dos melhores condutores de calor que existem e, para completar, podem ser capazes de transportar eletricidade Fonte: B.Piropo 49 50 51 52 53