Creio no Espírito Santo
1- Introdução.
“Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o
Pai e o Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos profetas”.
Isso é tudo o que Símbolo Niceno-Constantinopolitano fala do Espírito Santo (ES).
A partir de hoje, vamos ocupar-nos nas aulas com o ES.
Muitas vezes ouvem-se críticas à vida cristã na Igreja Católica (IgC), que teria
reservado pouco espaço à explanação da doutrina a respeito da Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade, e também não teria desenvolvido uma piedade rica e elaborada
envolvendo o ES.
Parece que isso é verdade em parte. Mas também é “natural”, pois a própria História
da Salvação leva a isso.
Vou lembrar só duas coisas. A primeira está na Encarnação do Logos em Jesus
Cristo. Afinal, o “Deus invisível” tornou-se Jesus o “Deus visível”. Tal fenômeno é
grande e maravilhoso demais. É inevitável que as atenções dos seres humanos se
voltem mais para o Cristo. Um iceberg chama a atenção por sua parte visível, embora
essa seja a menor.
A segunda razão que explica é que Deus pintado desde o Êxodo como tão grandioso
e transcendente, contrariando, aparentemente, sua própria natureza, resolveu tomar a
forma de um bebê pobre e indefeso.
Isso é por si tão impensável que exigiu rios de tinta para explicar.
E o que dizer desse Deus na Cruz?
Por essas razões, quase todas as polêmicas surgidas dentro da Igreja dos primeiros
séculos giraram em torno da pessoa de Jesus Cristo.
Enquanto isso, o próprio Jesus fala do ES comparando-o ao vento (dentro da
compreensão limitadíssima dos fenômenos eólicos do seu tempo), dizendo que ele (ou
é Ele?) “sopra onde quer... Não sabemos de onde vem, nem para onde vai” (Jo 3, 8).
A ação do ES pode ser tão discreta que a gente em geral não percebe
conscientemente.
O fato de ter-se escrito menos sobre o ES do que sobre Cristo é semelhante ao que
ocorreu com o Concílio Vaticano II no se refere à Fé. A Fé não entrou como tema de
um documento específico. Mas, “o Servo de Deus Paulo VI, dois anos depois da
conclusão do Concílio, se expressava usando essas palavras:
‘Se o Concílio não trata expressamente da Fé, fala da Fé a cada página’” (Homilia de
Bento XVI, dia 11/10/12, na Missa para a abertura do Ano da Fé).
2- Ponto de partida atualíssimo.
Vamos reproduzir um trecho da homilia que acabamos de citar.
O Evangelho de hoje nos fala que Jesus Cristo, consagrado pelo Pai no Espírito
Santo, é o verdadeiro e perene sujeito da evangelização. «O Espírito do Senhor está
sobre mim, / porque ele me consagrou com a unção / para anunciar a Boa-Nova aos
pobres» (Lc 4,18).
Esta missão de Cristo, este movimento, continua no espaço e no tempo, ao longo dos
séculos e continentes. É um movimento que parte do Pai e, com a força do Espírito,
impele a levar a Boa-Nova aos pobres, tanto no sentido material como espiritual. A
Igreja é o instrumento primordial e neces-sário desta obra de Cristo, uma vez que está
unida a Ele como o corpo à cabeça. “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”
(Jo 20,21).
Estas foram as palavras do Senhor Ressuscitado aos seus discípulos, que soprando
sobre eles disse: «Recebei o Espírito Santo» (v. 22). O sujeito principal da
evangelização do mundo é Deus, através de Jesus Cristo;
mas o próprio Cristo quis transmitir à Igreja a missão, e o fez e continua a fazê-lo até o
fim dos tempos infundindo o Espírito Santo nos discípulos, o mesmo Espírito que
repousou sobre Ele, e n’Ele permaneceu durante toda a vida terrena,
dando-lhe a força de «proclamar a libertação aos cativos / e aos cegos a recuperação
da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor» (Lc
4,18-19).
Examinemos alguns pontos.
“Jesus Cristo é consagrado pelo Pai no ES”, para ser o “verdadeiro e perene sujeito da
Evangelização”. Portanto, Evangelização é a missão número um de Jesus.
Depois Jesus encarrega a Igreja de levar avante o projeto de Evangelização. “Como o
Pai Me enviou, Eu também Vos envio” (Jo 20-21). Para isso “recebei o ES” (v. 22).
Como conclusão podemos dizer que na Igreja um papel importante do ES é ser a alma
evangelizadora que atua na Igreja e em cada um dos seus membros engajados.
Na verdade, seu papel na evangelização e na vida dos seguidores de Jesus é
extraordinário.
Ele nos ilumina e aquece;
nos garante o acesso à Verdade de Jesus (= conteúdos revelados por Jesus), dá-nos
conhecimento e sabedoria, além de fogo e energia! Certamente voltaremos a esse
assunto mais para frente.
3- Como chegamos à ideia do ES?
3.1- “Quando Deus iniciou a criação do Céu e da Terra, a Terra estava deserta e vazia
e havia treva na superfície do abismo; o sopro de Deus pairava na superfície das
águas” (Gn 1, 1-2).
Logo no segundo versículo da Bíblia aparece a primeira referência de algo divino
pairando sobre o caos original, descrito como um abismo tomado pelas grandes águas
revoltas. Tudo envolvido na mais completa escuridão. Esta coisa já estava aí desde
sempre. É a partir do caos pré-existente que Deus começa a sua obra organizadora e
criadora. Na verdade, existiam águas e terra, mas tudo era dominado por esse oceano
primitivo (lembrar que esse oceano era entendido como um ser mau. No novo Céu e
na nova Terra do Apocalipse, o Mar já não existe). Mas, atenção, por cima disso
“pairava o sopro de Deus”. O que significa isso? Em hebraico, a língua dos antigos
hebreus, diziam “ruah”. “A palavra hebraica “ruah” significa originariamente, como
também o grego “pneuma”, e o latim “spiritus”, ar em movimento, portanto, hálito ou
vento” (Dic. Enciclopédico da Bíblia, op. cit. verbete espírito).
Parece que lá pelo século V a.C. foi prevalecendo a idéia de identificar-se “ruah” com
hálito divino ou sopro das narinas de Javé. Javé podia ser imaginado como um ser
impressionantemente gigantesco.
“Quem pode medir as águas do mar na concha da mão? Quem conseguiu medir os
céus a palmo, medir o pó da Terra com o alqueire e pesar as montanhas colocando-as
no gancho?” (Is 40, 12).
No salmo 107 (108) Javé aparece conversando com o salmista e afirma: “exultarei
repartindo Siquém... Efraim é meu capacete e Judá, o meu cetro real. Moab é minha
bacia de banho; sobre Edom atirei as minhas sandálias”. As grandes tempestades
podiam ser o sopro expelido pelas narinas de Javé.
Em Gn 2, 7, o autor sagrado escreve singelamente.
“O Senhor Deus modelou o homem com o pó apanhado do solo. Ele insuflou nas
suas narinas o hálito da vida e o homem se tornou um ser vivo”.
Então a vida está no ar, envolvida no processo respiratório. Adão recebe a vida
através da respiração de Javé. Que lindo!
Esse “ar de Deus” passa a ser logo identificado com o espírito que só pode vir de
Deus.
Ar de Deus, espírito que vem de Deus, vida de todo o ser vivo misturam-se. Podemos
dizer que esse espírito que vem de Deus é a força vital. Toda a vida vem de Deus. É
fruto do hálito divino.
3.2- Espírito e Carne.
“No AT nunca se diz que Deus seja um espírito ou imaterial. No entanto, as oposições
entre homem-carne e Deus-espírito (Is 31, 3) provam que Deus e espírito são duas
concepções equivalentes.
Homem ou carne é tudo o que é perecível, fraco (Is 40, 6; Jó 10, 4s; Sal 56, 5; 78, 39);
Deus ou espírito é aquilo que é poderoso, imperecível (Jó 10, 4s; Jer 17, 5-8; Os 14,
4).
Esta oposição parece suposta nas palavras escuras de Gn 6, 3 - (“Javé disse: ‘ meu
espírito não permanecerá no homem, pois ele é carne; não viverá mais que 120
anos’”.)
Embora não se afirme que Deus seja um espírito, muitas vezes é dito que Ele possui
um espírito, que Ele dá o espírito, ou que é pelo seu espírito que Ele opera no homem
e na natureza” (Dic. Enciclopédico da Bíblia, coluna 480).
A mesma obra citada também afirma que os israelitas não especulavam sobre a
essência do espírito.
Na medida em que angelologia e a demonologia vai progredindo, começam a aparecer
espíritos bons e espíritos maus.
Em livros apócrifos, como Henoc, almas de falecidos são chamadas de espíritos dos
mortos”.
Uma exceção clara aparece em Sabedoria, 7, 22-8,1. Vamos ler.
Mas não podemos esquecer duas coisas. Esse livro só entrou na Bíblia de tradução
grega. O autor começa falando das qualidades de um “espírito inteligente, santo,
único”, etc, que está na Sabedoria. Do v. 24 em diante passa a exaltar a Sabedoria
como um ser personificado. Mais tarde é fácil ver na Sabedoria um como super dom
do ES.
Creio no Espírito Santo - 2
1- O Espírito e seus diversos sentidos no N.T.
1.1- O espírito do homem não perdeu ainda o sentido de ruah, ou hálito, ar da
respiração, ou vento. Mas um sentido mais filosófico vai- se impondo.
Assim, acredita-se que o espírito vital, cuja presença se percebe na respiração, com a
morte separa-se do corpo e continua a existir.
Em Lucas, descrevendo a ressurreição da filha de Jairo, lemos: “o seu espírito voltou e
ela se levantou no mesmo instante” (8, 55). Nosso povo diria que sua alma voltou. Na
morte Jesus exclama: “Pai, em tuas mãos entrego o Meu espírito” (Lc 23, 46).
O espírito continua a existir, onde? Jesus, ao entregar o espírito nas mãos do Pai, e ao
dizer ao ladrão crucificado ao seu lado “ continua “ainda hoje estarás comigo no
paraíso” (Lc 23, 43), não deixa dúvidas aos primeiros cristãos e aos cristãos de
sempre que o espírito de um homem bom vai para junto de Deus, ou seja, o Céu. A
idéia de um purgatório não existia.A 1Pd no capítulo 2 descreve a vitória de Cristo
ressuscitado anunciada a todas as criaturas e diz:
“Então é que Ele foi pregar até aos espíritos que se encontravam na prisão, aos
rebeldes de outrora ...” (2, 19-20). Observemos que pregar é a mesma coisa que
anunciar. Os judeus acreditavam no Sheol. Parece certo que Pedro pensa nele
quando fala de espíritos (dos mortos) na prisão.
1.2- Esse espírito que está no homem é a sede dos sentimentos, pensamentos e
decisões (Mc 2, 8; 8, 12; 2Cor 2, 13; 7, 13; Rm 8, 16). Assim, o espírito pode ser visto
como a vontade forte que se contrapõe à vontade fraca da natureza humana natural.
Aqui trata-se da natureza humana espiritual. Em Mateus 26, 41, Jesus, na cena do
Horto das Oliveiras, diz a Pedro:
“... o espírito está cheio de ardor, mas a carne é fraca”.
1.3 - Por vezes fala-se no espírito, mas o autor pensa no homem todo, vivo e
indiviso. Nem sempre é fácil separar espírito de alma. Em Hebreus 4, 12, falando do
poder e sabedoria da Palavra de Deus, diz: “Ela penetra até dividir a alma do espírito”.
Alma é aqui entendida como princípio que sustenta a vida biológica e psíquica. O
espírito é o princípio que sustenta a vida espiritual.
Lucas 1, 46 coloca nos lábios de Maria essas palavras:
“Minha alma exalta o Senhor e meu espírito se encheu de júbilo por causa de Deus,
meu Salvador”.
São Paulo acredita que o homem é corpo, alma e espírito. Essa sua dimensão
espiritual serve de ponte para a atuação do Espírito de Deus no ser humano.
1.4- São Paulo coloca como opostos o espírito e a carne. Quando assim fala, ele
identifica no espírito a virtude divina que justifica e vivifica o homem. A carne é a
realidade material fraca e portadora de toda a sorte de pecado. Mas, aqui na prática, já
podemos identificar esse espírito entendido como virtude divina como o Espírito Santo.
Recomendo ler Gl 3, 3-6; 5, 16-25 e Rm 8, 4-13.
1.5- Espíritos bons e maus.
Sobre espíritos bons ou anjos fala-se relativamente pouco no N.T..
Referências a espíritos maus é muito mais frequente.
Em geral são chamados de espíritos impuros. Estes são causadores de toda a sorte
de doenças, maus desejos e maus sentimentos.
2- O Espírito Santo (ES).
2.1- O ES no A.T..
Tudo o que se fala no A.T. a respeito do espírito de Deus devemos tentar entender a
partir da nota que segue. “Para formar uma ideia da doutrina bíblica (A.T.) a respeito
do espírito, é preciso partir do sentido original da palavra ruah que significa hálito,
vento, ou espírito.
O hálito ..., força vital e o vento eram, para os israelitas, forças misteriosas, poderosas,
temíveis .... Ora, exatamente como se fala no braço de Javé ... em sua mão ... sua
face ... sua boca (Sl 33, 6), assim fala-se em seu hálito (Jó 32, 8; 33, 4) e em sua força
vital ou espírito que opera tanto quanto o próprio Javé.
Não admira pois, que os fenômenos misteriosos e extraordinários, seja no homem,
seja na natureza, que manifestam um poder especial, sejam atribuídos ao hálito ou
espírito de Javé” (Dic. Enciclopédico da Bíblia, Vozes., [B], coluna 484).
Isso tudo é uma forma de falar que Deus está agindo. Esse espírito é santo porque
Deus é santo.
Em nenhuma passagem do A.T. aparece a ideia de um Espírito, santo, porque divino,
que possa ser entendido como uma pessoa individual, intelectiva. Esse espírito santo
não pessoa, age nos profetas dando-lhes o poder de prever o futuro e de desvendar
coisas ocultas, bem como explica seus êxtases e visões. Fala-se então num Espírito
de Profecia.
Entre os judeus prevalece a convicção de que tal espírito retirou-se de Israel depois
das atividades dos profetas Ageu, Zacarias e Malaquias. Isso aconteceu por causa
dos pecados do povo. Faz parte das esperanças messiânicas de que o Messias
quando vier será precedido pelo Grande Profeta, cheio do Espírito do Senhor, que
preparará o povo para recebê-Lo.
É a volta do espírito de Javé que passa a viver definitivamente entre o povo.
2.2- O Espírito Santo no N.T.
Quero comunicar a vocês que vou ocupar-me longamente com o que está no
Dicionário Enciclopédico da Bíblia acima citado, indo da coluna 485 a 488.
Para não cansá-los, não vou ficar citando.
2.2.1- Continuando ainda a falar e entender à moda do A.T., podemos afirmar que
a maior parte das expressões que descrevem as atividades do ES no A.T.
encontramo-las no N.T.
- o ES vem do alto, do Céu
(Mc 1, 10; Jo 1, 32; 1Pe 1, 12);
- do Pai
(Jo 15, 26; 16, 13);
- Ele desce
(At 10, 44; 11, 15);
- é enviado ou dado pelo Pai
(Lc 11, 13; 1Jo 3, 24; 4, 13; Gl 4, 6; Rm 8, 15ss);
- enche o homem
(Lc 1, 15; 4, 1; At 2, 4; 4, 6);
- repousa sobre pessoas
(Jo 1, 32ss);
- mora no ser humano
(Rm 8, 9; 1Cor 3, 16).
Conforme o Dicionário citado, diz-se que o ES é:
- a força sobrenatural pela qual Deus, em casos particulares, intervém para operar
milagres no homem, como a expulsão de um demônio (Mt 12, 28; Lc 11, 20, pelo dedo
de Deus);
- curas ou outros efeitos do poder divino, tais como a gravidez sobrenatural (Mt 1,
18.20; Lc 1, 35, onde o ES está em paralelismo com o poder do Altíssimo);
- operar fenômenos sobrenaturais de ordem psíquica tais como: intuições, visões e
manifestações proféticas (Lc 1, 41.67; 2, 25s; At 7, 55; 8, 29.39; ...);
- o milagre de Pentecostes (At 2, 4.17s);
- a glossolalia e interpretações de línguas (1Cor 12, 10; 14, 13.27s);
- discernimento dos espíritos (1Cor 12, 10; 14, 29; ... );
- a fé que opera milagres, ... .
O autor anota que tais efeitos do ES não são permanentes, embora alguém possa ser
permanentemente cheio do ES. Mas alguém que é permanentemente cheio do ES, em
ocasiões especiais, pode ficar repleto do ES. Isso acontece com Estêvão (At 6, 3.11;
7, 55).
Antes de continuar no Dicionário, vamos a alguns comentários.
No que se refere à força sobrenatural, podemos dizer que todo cristão afinado com
sua condição cristã pode dispor de forças naturais, divinas. Seria o comum da ação da
graça. Mas o autor fala em casos particulares, como milagres. Eles não são comuns.
No que se refere a fenômenos psíquicos, podemos dizer que intuições são frequentes
em pessoas realmente dedicadas e presentemente ocupadas com as coisas de Deus.
E a tal da glossolalia?
Para mim é assunto secundário e complicado. Recomendo ler o capítulo 14 da 1ª
Carta aos Coríntios. É a tal da fala em “línguas”. Não se trata de línguas estrangeiras.
Tratar-se-ia de uma linguagem supostamente atribuída a seres sobrenaturais.
São Paulo exige que, em suas comunidades, quem falar esse tipo de língua, só o faça
se tiver alguém para traduzir o conteúdo. Chega a ser até um tanto quanto antipático
aos Coríntios quando diz: “graças a Deus eu falo em línguas mais do que todos vós,
mas numa assembleia, prefiro dizer cinco palavras inteligíveis, para instruir também os
outros, do que dez mil em línguas” (1Cor 14, 18-19).
Pessoalmente, eu digo que, como sempre, deve prevalecer o princípio do amor aos
irmãos. O que mais acrescenta ao bem de todos deve prevalecer. Não esquecer o
capítulo 13 da mesma Carta.
No que se refere ao discernimento dos espíritos, é cada um pedir ao ES a graça de
conhecer melhor o seu íntimo e aprender a ler quais são as suas motivações que o
levam a fazer isso ou aquilo.
Espíritos podem ser entendidos como motivações que muitas vezes são desejos não
conhecidos, ou seja, inconscientes.
Voltemos ao Dicionário.
2.2.3- O Espírito Santo como força santificadora.
O batismo de João Batista era conferido com água para purificar e preparar as
pessoas para a vinda do Messias.
Mas a grande purificação messiânica viria num batismo que Jesus traria “com o ES e o
fogo”. Este batismo purificará, pela força divina, dos males do pecado (Mt 3, 11; Is 4,
4). O fogo serve para purificar metais. O mesmo deve ocorrer com as impurezas do
pecado que impregnam o homem.
A força santificadora do batismo no ES ocorre em Mc 1, 8 e At 1, 15; 11, 16.
“Eu batizei com a água; Ele batizar-vos-á com o ES”. Os profetas falavam numa
recriação moral e religiosa do povo na Nova Aliança (Ez 36, 25-27; Jer 31, 3234).Pentecostes foi para os Apóstolos sinal certo que esses dias haviam chegado (Jl
4, 12; At 2, 17; 11, 18). O Espírito, enviado dos Céus por Jesus, transformou os
Apóstolos fracos e covardes em testemunhas corajosas e intrépidas. É interessante
observar que isso só se dá depois da Ascensão do Senhor, depois da “entrada de
Jesus na Sua Glória”.
Agora Jesus exerce seu poder salvítico e o ES passa a operar (Jo 7, 39; 12, 32s; 16,
7).
Aqui aparece o que talvez seja o papel mais importante do ES. Ele é a força pela qual
Cristo dá a vida sobrenatural aos seus fiéis.
Agora a ação do ES não se dá apenas em fenômenos psíquicos, mas sobretudo age
como força santificadora, como princípio de vida eterna (1Cor 6, 11; Jo 3, 5-8; 6, 63; 7,
37-39). Ele é “o penhor” que garante a Israel de Deus a sua herança, a glória eterna e
também a força divina que “dá a vida em Cristo” (2Cor 1, 22; Ef 1, 13; Gl 6, 16; Rm 8,
2s).
Agora entendemos quando Paulo fala que a Nova Aliança não é uma aliança baseada
na letra mas baseada no Espírito, pois ser cristão é possuir o “Espírito de Cristo” (Rm
8, 9). Na mesma Carta Paulo fala em “estar no Espírito”, ser “movido” no Espírito de
Deus, e ser “morada do Espírito” (8, 11).
O ES morando num corpo mortal (perecível) faz com que esse corpo possa ressuscitar
espiritualizado e imperecível. Esse papel vivificador e santificador está tão intimamente
ligado à Cristo que São Paulo diz que o homem é justificado em Cristo, ou no ES (Gl
2, 17; 1Cor 6, 11). A santificação do homem também se dá em Cristo ou no ES (1Cor
1,2; Rm 15, 16).
O selo de qualidade e segurança que recebemos para a vida eterna pode ser de Cristo
ou do ES (Ef 1, 13; 4, 30). Em 2Cor 3, 17, chega até a declarar que o espírito
vivificador é o Cristo.
Viver essa vida nova ou divina é viver o Reino de Deus. O homem enquanto carne e
sangue (o velho Adão) não pode viver essa vida sem “um novo nascimento do alto”.
Espíritos podem ser entendidos como motivações que muitas vezes são desejos não
conhecidos, ou seja, inconscientes.
Voltemos ao Dicionário.
2.2.3- O Espírito Santo como força santificadora.
O batismo de João Batista era conferido com água para purificar e preparar as
pessoas para a vinda do Messias.
Mas a grande purificação messiânica viria num batismo que Jesus traria “com o ES e o
fogo”. Este batismo purificará, pela força divina, dos males do pecado (Mt 3, 11; Is 4,
4). O fogo serve para purificar metais. O mesmo deve ocorrer com as impurezas do
pecado que impregnam o homem.
A força santificadora do batismo no ES ocorre em Mc 1, 8 e At 1, 15; 11, 16.
“Eu batizei com a água; Ele batizar-vos-á com o ES”. Os profetas falavam numa
recriação moral e religiosa do povo na Nova Aliança (Ez 36, 25-27; Jer 31, 32-34).”
Pentecostes foi para os Apóstolos sinal certo que esses dias haviam chegado (Jl 4, 12;
At 2, 17; 11, 18). O Espírito, enviado dos Céus por Jesus, transformou os Apóstolos
fracos e covardes em testemunhas corajosas e intrépidas.
É interessante observar que isso só se dá depois da Ascensão do Senhor, depois da
“entrada de Jesus na Sua Glória”. Agora Jesus exerce seu poder salvítico e o ES
passa a operar (Jo 7, 39; 12, 32s; 16, 7).
Aqui aparece o que talvez seja o papel mais importante do ES. Ele é a força pela qual
Cristo dá a vida sobrenatural aos seus fiéis.
Agora a ação do ES não se dá apenas em fenômenos psíquicos, mas sobretudo age
como força santificadora, como princípio de vida eterna (1Cor 6, 11; Jo 3, 5-8; 6, 63; 7,
37-39). Ele é “o penhor” que garante a Israel de Deus a sua herança, a glória eterna e
também a força divina que “dá a vida em Cristo” (2Cor 1, 22; Ef 1, 13; Gl 6, 16; Rm 8,
2s).
Agora entendemos quando Paulo fala que a Nova Aliança não é uma aliança baseada
na letra mas baseada no Espírito, pois ser cristão é possuir o “Espírito de Cristo” (Rm
8, 9). Na mesma Carta Paulo fala em “estar no Espírito”, ser “movido” no Espírito de
Deus, e ser “morada do Espírito” (8, 11).
O ES morando num corpo mortal (perecível) faz com que esse corpo possa ressuscitar
espiritualizado e imperecível. Esse papel vivificador e santificador está tão intimamente
ligado à Cristo que São Paulo diz que o homem é justificado em Cristo, ou no ES (Gl
2, 17; 1Cor 6, 11). A santificação do homem também se dá em Cristo ou no ES (1Cor
1,2; Rm 15, 16).
O selo de qualidade e segurança que recebemos para a vida eterna pode ser de Cristo
ou do ES (Ef 1, 13; 4, 30). Em 2Cor 3, 17, chega até a declarar que o espírito
vivificador é o Cristo.
Viver essa vida nova ou divina é viver o Reino de Deus. O homem enquanto carne e
sangue (o velho Adão) não pode viver essa vida sem “um novo nascimento do alto”.
Creio no Espírito Santo - 3
Apesar de já ter anunciado o ES como pessoa, temos ainda muitas passagens do N.T.
em que Ele ainda continua sendo melhor entendido como uma força divina, e não
como uma pessoa propriamente dita. São numerosas as expressões que descrevem o
ES como alguma coisa e não como alguém. Podemos até fazer uma lista.
- At 2, 33: “... e O derramou como estais vendo”. derramar.
- Tt 3, 5-6: “Este espírito Ele o difundiu sobre nós com profusão ...”.
espalhar.
- 1Ts 5, 19: “Não extingais Espírito”. apagar.
- Mc 1, 8: “Ele vos batizará com ES”. batizar com.
- At 1, 8: “Mas recebereis uma força, força do ES”. energia.
- Ef 1, 13: “Nele (Cristo) ... fostes marcados com o sinete do Espírito
prometido”. selo.
- At 10, 38: “Esse Jesus ... Deus
Lhe conferiu a unção do ES”. ungir.
- Cor 12, 13: “pois todos nós fomos batizados (embebidos) em um
só
Espírito”. ser batizado em.
- 2Cor 3, 3: “vós sois uma carta
de Cristo escrita com o
Espírito”.
escrita.
- Lc 1, 15: João Batista “será
repleto do ES desde o seio de
sua
mãe”. ser preenchido de.
- Lc 1, 41: “E Isabel ficou repleta
do ES”. ser preenchido de.
- Ef 5, 18: “... mas sede repletos
do ES”. ser preenchido de.
Fiz este quadro de citações para ver um pouco da enorme riqueza de referências e da
diversidade de ideias atribuídas à presença e à ação do ES em nós.
Daqui para frente vou apenas colocar as ideias principais e apontar as passagens do
N.T.. Vocês mesmos poderão ler os tópicos correspondentes em sua Bíblia.
- Paralelismo entre o ES e a força de Deus: Lucas 1, 17.35; At 1, 8.
- Uma atividade intelectual é atribuída ao ES, tais como, falar: At 8, 29; aspirar: Rm 8,
6; e habitar: Rm 8, 9.
No entanto, tais expressões também são aplicadas para coisas personificadas.
Voces se lembram da febre que Jesus ameaçou como alguém que ameaça um ser
vivo?
E a paz que pode ir e repousar sobre alguém ou pode voltar à pessoa que a enviou?
As mesmas expressões também podem referir-se a noções abstratas. Assim a carne
aspira (Rm 7, 7); o pecado habita (Rm 7, 17). Até mesmo a célebre passagem da
blasfêmia contra o ES não constitui uma prova definitiva do ES como pessoa, pois
estamos falando da expulsão do demônio pela ação do poder de Deus (o dedo). Lucas
11, 20 pensa no poder de Deus. Mateus 12, 28, falando do mesmo episódio, fala no
Espírito de Deus. Ou seja, ambos estão falando do ES como expressão do poder de
Deus.
Atenção.
A única passagem dos evangelhos sinóticos (Mt, Mc e Lc) onde não se pode entender
o Es a não ser como Pessoa Divina, está em Mt 28, 19: “ide, pois; de todas as nações
fazei discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Aqui não
restam dúvidas: é a Trindade de Pessoas Divinas.
Atos dos Apóstolos - quero dar um destaque especial aos Atos dos Apóstolos.
Nesse livro de Lucas, o ES é mais facilmente identificado como uma força de Deus do
que como uma pessoa. É sobretudo um dom conferido aos pregadores do Evangelho
(2, 38; 10, 45).
Muitas vezes aparece como personificação e fala pela boca dos profetas (4, 25; 28,
25).
Fala aos apóstolos (8, 20; 10, 19; 11, 12; 13, 2; 20, 23; 21, 11).
Determina-lhes uma missão, impelindo Barnabé e Paulo para Chipre (3, 4).
Paulo e Silas são impedidos de pregar na Ásia. Vão a Frígia e à região gálata.
Os dois tentam ir para a Bitínia, mas novamente são impedidos pelo Espírito de Jesus.
Eles são quase que empurrados para a Macedônia (16, 6-10).
Constitui governantes para a Igreja (20, 28).
O autor do DEB¹, já citado, avalia que só em 15, 28 podemos ver o ES claramente
como pessoa (“pareceu bem ao ES e a nós ...”).
¹ Dic. Enciclopédico da Bíblia.
Epístolas Paulinas - São Paulo também merece destaque. Ele emprega a palavra
espírito 146 vezes. Fala em espírito do homem. Com mais frequência fala do Espírito
como força divina; força santificadora do Pai, ou do Filho, ou de Jesus Cristo (2Cor
3,17s; Gl 4, 6; Fl 1, 19).
O ES como pessoa aparece mais claramente em Rm 8, 15s.26; 1Cor 3, 16; 14, 25.
Contudo, Paulo chega ao que nós chamamos de fórmula trinitária (Pai, Filho e Espírito
Santo) com clareza em 1Cor 12. 4-6 e em 2Cor 13, 13).
2.2.4 - O Espírito Santo-Pessoa em João.
É comum falar-se que Lucas é o evangelista do ES e que os Atos dos Apóstolos
(também de Lucas) são o Evangelho do ES. Na verdade, o autor que mais claramente
fala do ES como a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade é São João.
Vou reproduzir aqui o que está no nosso DEB, no item d, coluna 487.
“Em João o ES (14, 26) é o espírito da verdade (14, 15; 15, 26; 16, 13; 1Jo 4, 6; 5, 6);
é um outro auxiliador (Paráclito, conforme eu penso). O ES é um outro auxiliador,
porque depois da ascensão de Cristo, Ele O substitui, socorrendo aos discípulos (Jo
14, 26; 1Jo 2, 27), ensinando-os em tudo o que o próprio Jesus ainda não tinha dito e
revelando-lhes o futuro (16, 13), lembrando-lhes a doutrina de Cristo (14, 26; 16, 12s),
dando-lhes testemunho de Jesus (15, 26; cf. 1Jo 5. 5-10), e glorificando-O (16, 14).
O ES como substituto de Cristo na Igreja é descrito aqui, de modo tão pessoal, que é
indicado com o pronome masculino (εχείνоς: 16, 8.13s), embora πνευμά (espírito) seja
neutro.
Segue-se disso que São João pensa numa pessoa distinta do Pai e do Filho, presente
e ativa nos fiéis, junto com o Pai e o Filho (14, 16.19.26; 15, 26; 15, 7; 17, 21-26)”.
1- Espírito Santo como Comunicação de Deus conosco.
Para começar, podemos dizer que na relação entre Deus e qualquer ser humano tudo
começa pelo ES. Ou seja, é Ele que dá o primeiro passo. O nº 683 do CIC diz:
“‘Ninguém pode dizer Jesus é Senhor a não ser no ES’ (1Cor 12,3). ‘Deus enviou aos
nossos corações o Espírito do Seu Filho que clama: Abba, Pai’ (Gl 4, 6). Este
conhecimento de Fé só é possível no ES. É que Ele nos precede e suscita em nós a
Fé”.
Aqui o próprio CIC explica o fundamento das duas afirmações de São Paulo. Isso é
possível porque o ES está em nós e age em nós, tomando a iniciativa. Este é um
princípio bem estabelecido na Igreja Católica. Recomendo ler o capítulo 12 da 1Cor.
Aí Paulo está afirmando que todas as boas qualidades humanas (= talentos) vem do
ES. Afirma também que Deus realiza sua obra em nós, os humanos, através do ES
que nos dá os mais diversos dons, levando-nos a nos interessar pelos mais diversos
serviços prestados ao bem comum da fraternidade. Na próxima aula vou explicar
como se dá a combinação entre iniciativas divinas e as nossas próprias iniciativas.
Não podemos deixar de dizer uma palavrinha sobre o dom da Fé. A Fé é um dom. Isso
já diz que é algo dado, às vezes oferecido. O dom da Fé é o elemento fundador de
toda a realidade espiritual, também a dimensão espiritual do ser humano. A Fé é a luz
que ilumina e dá sentido a tudo que existe.
2- O ES atua em geral discretamente.
Vamos reproduzir o nº 687 do CIC.
“O que está em Deus, ninguém o conhece senão o Espírito de Deus (1Cor2, 11). Ora,
seu Espírito que o revela nos dá a conhecer Cristo, seu Verbo, sua Palavra viva, mas
não se revela a si mesmo. Aquele que ‘falou pelos profetas’ faz-nos ouvir a palavra do
Pai. Mas Ele mesmo, não o ouvimos.
Só o conhecemos no momento em que nos revela o Verbo e nos dispõe a acolhe-lo na
Fé. O Espírito da Verdade que nos ‘desvenda’ o Cristo, ‘não fala de si mesmo’ (Jo 16,
13). Tal apagamento, propriamente divino, explica porque ‘o mundo não pode acolhelo, porque não vê e nem o conhece’, enquanto que os que creem em Cristo o
conhecem, por que Ele permanece com eles (Jo 14, 17)”.
Antes de nos debruçar sobre este texto podemos pensar em três tempos ou eras da
História da Salvação. A primeira abrange todo o AT onde Deus, em geral identificado
como Criador e Pai, é o principal Ator. A segunda era é muito breve e abrange o
tempo em que Jesus aparece e atua entre nós até a Sua Ascensão. O Filho é o Ator
principal. A terceira era começa com o Pentecostes e deverá ir até o fim dos tempos.
O principal Ator é o ES.
Mas aqui temos uma surpresa realmente divina. Se o ator principal é o ES, como é
que quase não o percebemos? A resposta já faz parte do nosso repertório de
conhecimento. Sem Fé ninguém percebe as ações como sendo de Deus: nem do Pai,
nem do Filho, nem do ES!
Afinal, nem sequer podemos dizer com propriedade que “Jesus é o Senhor” sem a luz
divina da Fé.
Ora, se o ES “não fala de si mesmo”, está sendo fiel à sua natureza divina que é a de
ser inefavelmente discreto.
Aqui temos material para uma noite de oração e meditação. Deus gosta mais de agir e
ser conhecido através de coisas pequenas do que através de espetáculos grandiosos
e arrebatadores. Enquanto isso, nós temos claras preferências por tudo o que é
grandioso!
Contudo, aquilo que é grandioso nos arrebata, nos embebeda... Pode tornar-nos meio
loucos, pois nossa racionalidade foi para o espaço. Por sua vez, a maior parte do
tempo de existência de cada um de nós costuma ser tão simples, tão desprovida de
excitação, tão pouco apelativa, tão rotineiramente monótona.
Deus teria então duas formas de comunicar-se conosco. Manifestar-se por uma
sucessão de espetáculos grandiosos e acabaria por cansar-nos, ou desorganizar
nossa vida. Talvez, simplesmente, enlouqueceríamos. A vida tem necessidade de
rotina e regularidade; de simplicidade e serenidade; de silêncio, paz e poesia!
Por isso Deus escolheu a segunda forma: comunicar-se de forma simples, suave,
respeitadora da nossa natureza.
Agora entendo melhor o capítulo 13 da Carta aos Coríntios. A Fé, a Esperança e o
Amor na maior parte do tempo de nossa existência são tão simples e despretensiosos,
tão em harmonia com o modo de ser de Deus. Mas essas três virtudes são
absolutamente suficientes para iluminar e dar sentido a tudo em nossa vida, tanto às
coisas pequenas e insignificantes, como às grandes e espetaculares.
3 - Nossa Igreja Católica, lugar privilegiado para conhecer o ES.
Estou falando em lugar privilegiado, não único. Dentro da Nossa Igreja podemos
destacar como elementos importantes para conhecer como é e como atua o ES:
- Nas Escrituras. Destacamos não só a importância da Bíblia, mas também a forma
católica de ler e entender a Palavra.
- No Tesouro da doutrina católica, onde destacam-se nossa grande Tradição e os
Padres da Igreja.
- Liturgia e oração. Vai bem uma pesquisa sobre a liturgia eucarística em primeiro
lugar. Os textos de celebração dos demais sacramentos também são lindos. Nessa
pesquisa procuramos sinais da atuação e presença do ES.
- Testemunho dos Santos. Queria apenas lembrar que São Francisco costumava dizer
que o ES é o superior de sua Ordem.
4- Missão conjunta do Filho e do Espírito (nº 689).
Há pouco falávamos das eras da História da Salvação. Víamos a terceira como a Era
do ES. Podemos também referir-nos a ela como a Era da Igreja. Esse tempo é na
verdade uma continuação da Era do Filho. Temos aqui a atuação conjunta do Filho e
do ES.
Na verdade a Igreja de Cristo é local por excelência desse agir conjunto do Filho
Encarnado e do ES. São Paulo chega a imaginar a Igreja como um só e grande corpo,
um organismo vivo através do qual o Filho atua no mundo.
Nós já sabemos bem que Jesus foi ungido. Todo cristão é um ungido a partir do
batismo. Mas Jesus é o UNGIDO, isto é, o Cristo. Nós fomos ungidos com óleo santo
que associamos firmemente à recepção e atuação do ES em nós. Mas na biografia de
Jesus não há notícia de ter sido ungido com óleo santo. É claro que não necessitava
de tal coisa. Afinal já fora concebido por ação do ES. Como já vimos, muitas vezes, no
NT o ES é chamado de Espírito de Cristo, ou Espírito do Seu Filho (nº 689).
São Gregório de Nissa vê na imagem da unção a não existência de qualquer distância
entre o Filho e o Espírito, pois nada existe entre a superfície do corpo ungido e o óleo
santo (nº 690).
Vou ler a última frase da aula anterior.
Segue-se disso que São João pensa numa pessoa distinta do Pai e do Filho, presente
e ativa nos fiéis, junto com o Pai e o Filho (14, 16.19.26; 15, 26; 15, 7; 17, 21-26)”.
Estamos afinal a falar da Santíssima Trindade (SSma). São tres pessoas distintas em
comunhão total e contato perfeito. Então podemos concluir que o próprio é e constitui
a unção de Jesus. Por isso dizemos que Ele é o Ungido, o Messias, ou o Cristo.
5- O nome, as denominações e os símbolos do ES (nº 691-701).
Sempre que o cristão começa alguma oração ele costuma traçar e falar o “pelo sinal”.
Dizemos que nós nos “persignamos”. Na verdade, nós nos auto-assinalamos, nos
auto-marcamos. Signo ou sinal são o mesmo. Esse sinal em forma de cruz sobre o
nosso corpo foi traçado pela primeira vez de forma oficial pelo ministro do Batismo.
Nós o repetimos tanto que tornou-se o sinal, como se fosse único. Quando fazemos o
“pelo sinal” conscientemente dizemos “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
O ES é o nome mais comum e próprio da Terceira Pessoa da SSma Trindade.
A cruz que acompanha como gesto as palavras é a cruz da Salvação que abraçamos
em Cristo. E tudo que abraçamos em Cristo nós o abraçamos na e em nome da
Trindade.
Seguem agora algumas das denominações dadas por Jesus e Apóstolos.
- Paráclito: Literalmente é a pessoa que é chamada para perto de, para junto de. A
tradução literal para o Latim resultou em “advocatus”. Jesus apresentara-se como o
Bom Pastor (Jo 10, 1-18). As doenças, as feridas, os sofrimentos das ovelhas de
Cristo são habitualmente de ordem espiritual, tais como: desânimos, mágoas, pouca
Fé, consciência de culpas e derrotas... Desses males o Bom Pastor nos medica e
cura. Repetindo, a comunhão entre o Filho e o Espírito Santo é total. Tudo o que
vimos sobre o papel do Bom Pastor Jesus aplica ao ES quando o chama de
Consolador, ou seja, Aquele que é chamado para junto de sua ovelha doente e
sofredora.
- “Espírito da Verdade” (Jo 16, 13).
Recomendo ler 16, 5-15. Entre as funções do ES, Jesus aqui acentua que Ele garante
o acesso a toda Verdade da Revelação que Ele (Jesus) fez a quem quiser
comprometer-se com Ela.
São Paulo fala em:
- Espírito da Promessa (Gal 3, 14; Ef 1, 13).
- Espírito de Adoção (Rm 8,15); Gl 4, 6).
- Espírito de Cristo (Rm 8, 11).
- O Espírito do Senhor (2Cor 3, 17).
- Espírito de Deus (Rm 8, 9.14; 15, 19; 2Cor 6, 11; 7, 40).
São Pedro fala em:
- Espírito de Glória, como Espírito de Deus (1Pd 4, 14). Nesse versículo alguns
manuscritos acrescentam “e de poder”.No tocante aos símbolos do ES vou apenas
elencar os que estão nos nº’s 694-701 e explicar só o básico.
- A água: simboliza a ação do ES no batismo. Água tem a ver com nascimento e
fecundidade. Significa também a água viva brotada do lado do Cristo na cruz, “que em
nós jorra em Vida Eterna” (conferir Jo 19, 34; 1Jo 5, 8).
- A unção: Chega a tornar-se sinônimo do ES. Jesus é constituído Cristo pelo ES (Lc
4, 18-19; Is 61, 1).
- O fogo: liga-se à energia transformadora dos atos do ES. As palavras de Elias
queimavam como uma tocha (Eclo 48, 1). Elias também atrai fogo do céu que
consome o sacrifício no Carmelo. O ES transforma o que Ele toca.
- Nuvem e luz: São símbolos inseparáveis. Pensemos nas teofanias do AT e na
Transfiguração de Jesus (Lc 9, 30-35).
- Selo: Com ele Deus marca o Cristo (Jo 6, 27). Com o seu selo o Pai marca cada um
de nós (2Cor 1, 22; Ef 1, 13; 4-30).
- A mão de Jesus sobre doentes e crianças (Mc 10, 16).
- A pomba: tem a ver com aquela pomba que Noé soltou da arca após o dilúvio e
voltou com um ramo verde de oliveira. A Terra já é novamente habitável, pode abrigar
todo o tipo de vida. Quando Jesus sai da água do batismo, o ES, na forma visível de
uma pomba, desce sobre Ele (Mt 3, 16).
Em cada batizado o Espírito desce e permanece para sempre.
6- O Espírito e a Palavra de Deus no tempo das promessas (nº 702-716).
Este tratado é longo como se percebe. Se você reler o nº 3 da aula 18 e as aulas 19 e
20, vai perceber que segui o roteiro do DEB. Isso lhe dará um bom número de
informações que está no CIC.
Por outro lado sabemos que o ES é o inspirador dos profetas. Por isso o nº 711 do
CIC começa com o sub-título “a expectativa do Messias e do seu Espírito”. Tudo tem a
ver com um dos papéis do ES: manter viva a esperança na vinda do Messias para
inaugurar o Reinado de Deus. A pessoa do Messias, a começar pelo nome (= ungido)
já fala por si do ES. Conferir Isaías 11, 1-2; Lc 4, 18-19.
Creio no Espírito Santo - 4
1- O Espírito de Cristo na Plenitude do Tempo (CIC nº 717-730).
Quando falamos em plenitude do tempo pensamos no tempo que começa com a
Encarnação do Filho. É o tempo em que as Promessas começam a realizar-se. A
Salvação de Deus chegou para a humanidade. Vamos olhar para os tres personagens
principais que entram em cena para Deus realizar o prometido.
1.1 - João Batista.
“Houve um homem enviado por Deus. Seu nome era João” (Jo 1, 6). O ES revela a
Lucas que João seria “cheio do ES” (Lc 1, 15), profecia que realiza-se em meses.
Pois, quando Maria, há pouco grávida e portadora de Cristo, saúda Isabel que,
também grávida há uns seis meses, está “cheia do ES” e Joãozinho “pula de alegria
em seu ventre” (Lc 1, 41.44).
Sua função de Precursor (= aquele que anda ou corre diante de) é alimentada pelo
fogo (= energia) do ES, Espírito que completa nele a Sua obra maior do AT: “preparar
para o Senhor um povo bem disposto” (Lc 1, 17). Por isso mesmo, João é mais do que
um profeta” (Lc 7, 26); que “entre os nascidos de mulher, nenhum é maior do que
João” (Lc 7, 28).
Outro papel de João Batista é ser a testemunha de Jesus. “Ele vem como testemunha,
para dar testemunho da Luz” (João 1, 7). Vamos ler João 1, 25-34. Aqui João
testemunha que Jesus é o Cordeiro de Deus; que o ES desce e permanece Nele
(Jesus é constituído Messias = Ungido); e “atesto que Ele é o Filho de Deus”.
Ora, tudo isso são coisas que estão absolutamente acima das possibilidades de João.
Mas não podemos deixar de acentuar que o Batista entregou-se totalmente e deixouse levar pelo ES. Aceitou o deserto, a vida solitária e sem família de extremas
privações, a oração interminável, a meditação e a contemplação. Abriu mão de tudo e
entregou-se de alma e corpo às iniciativas do Espírito.
Não era por pouco que Jesus o admirava tanto e respeitava com reverência!
1.2- Maria.
Podemos até ser mais breves sobre Maria e o ES, pois Ela está muito mais viva em
nossa vida do dia a dia, e os textos de Lucas e Mateus sobre Maria são muito
repetidos em nossas liturgias.
O próprio Pai Eterno nos dá a ficha de Maria através de seu Enviado especial, Gabriel:
“alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1, 28). Temos que entender a
afirmação de São Paulo que qualquer palavra boa, pensamento elevado, ou atitude
piedosa só pode vir a nós através da inspiração do ES. Então podemos concluir que
qualquer forma de graça divina é a atuação do ES em nós. Graça e ES são o mesmo.
Mas, por favor, graça divina é muito mais do que favores pessoais, muitas vezes
materiais e egoístas, que pessoas gostam de pedir a Deus.
Maria cheia de graça é Maria repleta do ES.
Maria, por sua vez, coopera em tudo e entrega-se, literalmente, de corpo e alma,
inteiramente à ação de Deus.
Cheia de graça, não mostrou dificuldades, dúvida, ou condições. Foi só afastar a
dificuldade de entender a ausência do fator “outro sexo” para jogar-se inteiramente nas
mãos de Deus. “Eis aqui a serva (= escrava) do Senhor. Aconteça comigo segundo a
Tua Palavra” (Lc 1, 38).
Maria é preparada para ser a Morada onde o Filho do Pai Eterno pode aninhar-se,
bem como o Seu Espírito. Uma das invocações mais belas da ladainha tradicional da
Nossa Senhora dá-lhe o título de “Arca da Nova Aliança”. A antiga Arca da Aliança
indicava o ponto onde Javé, por assim dizer, pisava ao resolver baixar na “Tenda do
Encontro”. Maria tornou-se a morada da Trindade entre os homens.
Por meio dela estabelece-se a comunhão de Cristo com toda a humanidade.
1.3 - Jesus Cristo.
“Toda a missão do Filho e do ES na plenitude do tempo está contida no fato de o Filho
ser Ungido do Espírito do Pai desde a sua Encarnação: Jesus é o Cristo, o Messias. ...
Toda a obra de Cristo é missão conjunta do Filho e do ES” (nº 727).
Disso ocupou-se o nº 4 da aula 21.
Quando Jesus chega à “Hora em que vai ser glorificado”, promete o ES e passa a falar
em revelá-lo plenamente. No nº 5 da aula anterior sobressaem os nomes que Jesus
aplicou ao ES. “Paráclito” e “Espírito da Verdade”. Já explicamos seus significados.
Tão logo Jesus é glorificado pela Cruz e Ressurreição e aparece aos apóstolos,
imediatamente lhes dá o ES (Jo 20, 22). A partir de agora “a missão de Cristo e do
Espírito passa a ser a missão da igreja” (nº 730). “Como o Pai me enviou também Eu
vos envio” (Jo 20, 21).
2- Espírito Santo e Igreja (nº 731-741).
Acima eu dizia que o único dom de Deus que pode se confundir com a pessoa do ES
é o Amor. “Deus é Amor” (1Jo 4, 8.16). O amor é o dom por excelência. É o dom
número um. Ao descobri-lo, o homem vê nele o grande tesouro e vende tudo para
possuí-lo. Isso é conversão.
Logo recebe o perdão, a “remissão dos pecados”. Este amor divino “Deus o derramou
em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5, 5).
Esse amor que é a própria vida da SSma. Trindade está agora firmemente instalado
em nós. São Paulo fala dos frutos que esse convívio produz e que são perceptíveis
aos que nos rodeiam “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, autodomínio” (Gl 5, 22-23).
Até aqui falamos das pessoas que acolheram o Dom do Amor.
Voltemos agora à Igreja como um todo. Ela é comparada a um corpo vivo que abriga a
Trindade. Ela é um instrumento pelo qual o Cristo e ES atuam conjuntamente para
realizar sua obra transformadora e salvadora do mundo. A Igreja é o “Templo do ES”,
é o “Corpo Místico” do qual o Cristo é a cabeça e age em cada um dos seus membros.
A comunhão entre todos os fiéis, a solidariedade e o amor mútuo fazem com que a
Igreja apareça como um sinal vivo (= sacramento) dessa presença atuante de Deus no
mundo. Com isso a Igreja torna-se luz e esperança para toda a gente.
3- Dons extraordinários e dons comuns.
Todos irão ler os capítulos 12, 13 e 14 da Primeira Carta aos Coríntios.
No capítulo 12 Paulo começa a responder a solicitações surgidas nas reuniões dos
cristãos da cidade de Corinto. Parece que era mais ou menos comum que homens e
mulheres, levadas por arrebatamento de inspiração, tomavam a palavra para louvar a
Deus ou para fazer exortações aos irmãos. Quando isso se dava na língua do fiéis era
considerado como manifestação do dom da profecia (= falar coisas em nome de
Deus). Quando a fala se dava em línguas desconhecidas ou composta de sílabas sem
nexo inteligível era a “glossolalia”.
Podemos ressaltar alguns temas interessantes abordados por Paulo.
- Em primeiro lugar começa estabelecendo o princípio de que tudo o que há de bom,
de piedoso, de edificante, vem do ES. “Ninguém pode dizer ‘Jesus é o Senhor’, a não
ser pelo ES” (1Cor 12, 3).
- Depois aborda a grande variedade de serviços necessários para o bem e o
crescimento da comunidade cristã. Os talentos necessários e o exercício desses
serviços vem todos do ES. Aliás, Paulo diz que esses serviços na realidade são
exercidos pelo ES ou por Cristo, através das pessoas como membros de seu corpo.
- A imagem da comunidade como um corpo de muitos e variados membros, tendo o
Cristo como cabeça, quer exatamente visualizar como essa atuação conjunta Cristo +
ES se dá na Igreja, através da riqueza de tantos de seus membros dotados de dons
tão variados e úteis para o bem de todos.
- Paulo estabelece um critério para que os dons sejam desejáveis e procurados: a
edificação e o crescimento da comunidade. Assim, no capítulo 14 ele manda descartar
a fala que ninguém entende.
- Por fim, insiste na unidade de todo o corpo da comunidade (= Igreja), pois todos os
dons vem do mesmo ES e é Ele que está em atividade nos mais diversos serviços.
Voltemos ao título dons extraordinários e comuns.
Um dom pode ser extraordinário por sua manifestação em situaçõesespeciais e raras,
como milagres. São Paulo não está dizendo que sejam mais importantes.
Hoje a piedade cristã está valorizando justamente os dons pequenos, cotidianos;
serviços simples mantidos com fidelidade e constância. Desses serviços só
percebemos a importância para a vida prazerosa e harmônica de todos os envolvidos,
quando eles nos faltam.
Paulo termina o capítulo 12 dizendo: “Ambicionai os dons maiores. E além disso, eu
vou indicar-vos um caminho infinitamente superior” (12, 31).
Assim entra para o capítulo 13.
A parábola do corpo que falou da solidariedade dos membros entre si, formando a
unidade, é agora exaltada neste lindíssimo hino ao Amor fraterno. O próprio São Paulo
acabou de dizer que conseguir adiantar-se nesta via não é apenas melhor, mas
infinitamente melhor e absolutamente indispensável. Sem o progresso no Amor, nada
feito. Afinal, “Deus é Amor”!
O capítulo 14 praticamente acentua e consagra o princípio de que os dons devem ser
ordenados e desejados em função do crescimento da comunidade (= Igreja). E, pela
compreensão do capítulo 13, concluímos que o principal parâmetro para avaliar o
progresso de qualquer fraternidade é o Amor. Quero ainda fazer um alerta. Não
devemos confundir este ou aquele dom com o ES. Isso significa que ter um dom ainda
não quer dizer que alguém progrediu na convivência com o ES.
O ES pode atuar em praticamente qualquer pessoa, passando de Sansão a Maria.
Leia os capítulos 13 a 16 de Juízes e analise a desastrada figura de Sansão.
Compare-a agora com as figuras do nº 1 desta aula.
Ter um dom ainda não faz de mim uma pessoa diferenciada. Afinal, posso pô-lo a
serviço dos irmãos, como também posso desenvolvê-lo a serviço de objetivos
pessoais e egoístas.
4- Nosso diálogo com o ES.
Quando se trata de qualquer exercício do bem, o primeiro passo é do ES. Os dons
vem dele. A graça vem dele, a inspiração só pode ser dele. Embora tenhamos dito que
somos membros de um corpo através dos quais o ES atua, não somos robôs. Somos
livres para seguir ou não seguir a inspiração.
Costumo dizer que nossa atuação no bem é, por assim dizer, uma atuação a quatro
mãos. O resultado tem a ver com a atuação do ES, mas também tem tudo a ver com o
ser humano, levando em consideração sua personalidade, seu temperamento, o
caráter, a hereditariedade e o todo de sua historia pessoal.
O Catecismo para Adultos (Catecismo Holandês) usa a imagem do piano. A música
pode vir da inspiração do ES, mas a execução depende da maior ou menor maestria
de quem o toca.
O problema maior talvez esteja na nossa consciência psicológica. Precisamos estar
sempre de novo tomando consciência desta cooperação entre o Espírito e nós.
Se assim não for, o processo pode ser perturbado pela interferência de mil outros
espíritos, outras motivações, quando não até safadezas. Satanás também pode “tirar
uma casquinha”.
Proponho, entre muitas coisas que costumamos pedir, vez por outra colocar também a
pequenina graça de estarmos simplesmente conscientes da presença e atuação do
Espírito Santo em nós.
A SSma. Trindade: creio em um só Deus em três pessoas.
1- Introdução.
Pretendo dar uma (ou duas) aula sobre esse tema. As razões para essa brevidade são
diversas, e em nenhuma hipótese quero sugerir que o assunto seja pouco importante.
Em primeiro lugar, as referências a Três Pessoas presentes na única Divindade Cristã
são numerosas no NT e nos Santos Padres.
Na verdade, a SSma. Trindade está continuamente presente e invocada na liturgia
eucarística e dos demais sacramentos. Todo cristão que reza tem por hábito iniciar a
oração com o sinal da cruz enquanto diz, ou ao menos pensa, “em nome do Pai, do
Filho e do Espírito Santo”. Isso é parte do nosso dia a dia.
Por outro lado, as explicações dos textos oficiais costumam ser extremamente difíceis,
pois a Igreja teve de recorrer à linguagem filosófica grega, o que resultou numa
terminologia muito pouco ouvida, até mesmo em nossa cultura catequética. Não quero
cansá-los. E não podemos esquecer que o curso não pode ser muito longo.
2. Os primeiros textos trinitários.
As epístolas de São Paulo são os primeiros escritos cristãos em que aparecem
referências inequívocas a Três Pessoas Divinas. Refere-se muitas vezes a Deus
(Deus Pai), ao Senhor (Jesus) e ao Espírito Santo.
Em 2Cor 13, 13 Paulo deseja que “a graça do Senhor Jesus Cristo, o Amor de Deus e
a Comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós”.
Esta “fórmula” é repetida ininterruptamente no início de muitas milhares de
celebrações eucarísticas diárias ao redor de nosso planeta. Em qualquer momento,
em qualquer parte do mundo, alguém a está repetindo. Vale refletir um pouco sobre a
comunhão que une a todos os cristãos e sobre o nosso culto que se eleva
continuamente para o nosso Deus...
São Pedro começa sua Primeira Carta com uma expressão clara de sua fé na
existência de três pessoas divinas. “... eleitos segundo a presciência de Deus Pai na
santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo ...”.
Sabemos que a morte de Pedro e de Paulo provavelmente ocorreram na perseguição
de Nero ( ano 64?).
Já houve gente que chegou a levantar a hipótese de que Pedro e Paulo tivessem em
mente uma tríade divina, (em geralum casal um filho divinos) como ocorrem em muitas
mitologias pagãs. Isso é absurdo. O monoteísmo era um conceito e crença
inquestionáveis para os dois, bem como para qualquer judeu.
Por outro lado, voltando à aula anterior, vimos como Jesus, ao falar do Espírito como
Paráclito e Consolador “chamado para junto” dos apóstolos, só pode considerar o ES
como uma pessoa distinta do Pai e Dele próprio. Algum cristão poderia duvidar do
monoteísmo de Jesus Cristo? Embora os evangelhos tenham sido escritos após a
morte de Pedro e Paulo, não podemos esquecer que todos os elementos básicos da
teologia (crenças) vieram da vida, ação e ensinamentos de Jesus Cristo. Não é por
acaso que Ele nomeia os apóstolos as suas testemunhas oficiais. “Vós sois as
testemunhas disto” (Lc 24, 48).
Em Mateus Jesus diz: “Ide, pois; de todas as nações fazei discípulos, batizando-as em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a guardar tudo o que vos
ordenei” (Mt 28, 19-20).
Alguém poderia dizer que os apóstolos receberam uma ordem de ensinar um
conteúdo não escrito, embora de Jesus. Pondera então que seria impossível que
alguém atendesse satisfatoriamente tal ordem. Seria precário demais essa
metodologia de passar para a frente o pensamento do Divino Mestre. Jesus tomou
suas providências para garantir a segurança da transmissão. “Quanto a mim, eis que
estou convosco todos os dias, até a consumação dos tempos” (Mt 28, 20). Jesus
garante sua presença e supervisão e, para maior segurança, recorre ao ES. “Quando
vier o Espírito da Verdade, Ele vos conduzirá à Verdade Plena” (João 16, 13). Quando
Jesus fala em Verdade, como o fez perante Pilatos, não fala de verdades filosóficas,
mas da Verdade de Seu Pai. É o conteúdo da Revelação.
Voltando a Mt 28, 19, temos a dizer que “as tres pessoas nomeadas aqui são pessoas
divinas, porque o batismo é uma consagração a Deus. Ao Filho e ao ES é atribuída
igual dignidade que ao Pai que, indubitavelmente, é Deus.
Os Santos Padres concluíram disso, com direito, que o Filho e o ES tem a mesma
essência que o Pai e, portanto, Lhe são absolutamente iguais” (DEB, C, col 1530).
Aproveito para lembrar que Santos Padres são os pensadores que se destacaram pela
continuação e explicitação da doutrina dos apóstolos durante os cinco primeiros
séculos.
3- A Fé na Trindade segundo o CIC (nn 232 a 267).
Fides omnium Christianorum in Trinitate consistit, diz o CIC (n 233). Traduzindo: A Fé
de todos os cristãos está, basicamente, na Trindade.
É uma afirmação solene e impactante. Fomos todos batizados “em nome” do Pai e do
Filho e do ES.
O CIC chama a atenção que não está empregando a expressão “nos nomes” dos tres,
mas “em nome”. É um só nome, um só Deus!
Vamos ao texto. “O mistério da SSma. Trindade é o mistério central da Fé e da vida
cristã. É o mistério de Deus em si mesmo, é portanto a fonte de todos os outros
mistérios da fé. É a luz que ilumina” (CIC 234).
O CIC está dizendo com todas as letras que a verdade da SSma. Trindade não é uma
verdade qualquer no conjunto da doutrina católica. Trata-se da verdade central,
essencial de nossa Fé. É fácil de entender tal afirmação. Sem Deus não haveria o por
que de qualquer religião. Então, para nós que cremos em Deus, tudo o que Ele
revelou de seu modo ser é fundamentalmente importante.
O início do n 236 é um exemplo interessante para o católico entender. Vamos lá. “Os
Padres da Igreja distinguem entre a ‘Theologia’ e a ‘Oiknomia’, designando com o
primeiro termo o mistério da vida íntima do Deus-Trindade, e com o segundo todas as
obras de Deus através da quais Ele se revela e comunica a sua vida. É através da
‘Oiknomia’ que nos é revelada a ‘Theologia’, mas inversamente, é a ‘Theologia’ que
ilumina toda a ‘Oiknomia’. As obras de Deus revelam quem Ele é em si mesmo; e,
inversamente, o mistério de seu ser íntimo ilumina a compreensão de todas as suas
obras (CIC 236). É difícil de compreender? Muito difícil. Mas aqui temos uma joiazinha
esclarecedora da parte do texto. Continuando o CIC diz: “Acontece o mesmo,
analogicamente, entre as pessoas humanas. A pessoa mostra-se no seu agir e,
quanto melhor conhecemos uma pessoa, tanto melhor compreendemos o seu agir”
(idem). Voltando ao início da citação observamos que escreve teologia com TH,
porque o autor quer conservar a raiz grega da palavra. Diz que a theologia ocupa-se
com a vida íntima de Deus Trindade. Isso tem a ver com o como as tres pessoas
divinas são e se relacionam entre si. A palavra teologia significa o estudo, ciência,
conhecimento de Deus. A palavra oiknomia é composta de duas: oikos e nomos. Ou
seja, algo como casa, lei ou normas. Então a tão conhecida palavra economia tem a
ver com a vida doméstica no interior de uma casa, ou seu gerenciamento.
Na linguagem eclesiástica a palavra oiknomia ocupa-se com “todas as obras de Deus
através da quais Ele se revela e comunica sua vida” (ibidem). Não é raro escritores
cristãos mais eruditos gostarem de usar a palavra economia de Deus, quando falam
do seu agir.
Ora, se o termo tem a ver com casa, ambiente doméstico e normas, “regras de
convivência”, então podemos dizer que Teologia trata da natureza do ser divino e a
economia ocupa-se com seu “modus operandi”, ou seja, seus modos de agir.
4- Como Deus se revela Trindade.
Dizemos constantemente que a Trindade Divina é um mistério. Isso não quer dizer
apenas que seria uma realidade totalmente além das capacidades humanas de
compreensão. Entendo o mistério em primeiro lugar, como uma realidade divina que
só é acessível à nossa mente, se o próprio Deus tomar a iniciativa de nos revelar.
Dizíamos anteriormente que só com a luz da Fé podemos entender as coisas de Deus.
Nesse sentido, Deus será sempre um mistério.
A SSma. Trindade: creio em um só Deus em três pessoas - 2.
4- Como Deus se revela Trindade (continuação).
4.1- Deus Pai.
A invocação de Deus como Pai é comum em muitas religiões. Há vários casos de
tríades divinas, onde uma divindade tem uma esposa e filho. É o caso de Osíris, sua
esposa Isis e o filho Horus, no Egito. Claro que o Deus de nossa Fé não cabe neste
tipo de arranjo. Ele é um Deus único, O Único Deus. Mas Ele gosta de falar aos seus
profetas lembrando que Israel é seu filho primogênito. Assim seu maior profeta,
Moisés, ao proferir seu cântico (Ex 32, 1-43), impressionado com a contínua rebeldia e
infidelidade de seu povo para com Javé, exclama nos vv 5 e 6:
“Portaram-se mal com Ele, pecaram como se não fossem seus filhos, geração
depravada e perversa! É assim que agradeceis ao Senhor, povo louco e insensato?
Não é Ele o Pai que te criou, que te fez e te formou?”.
Deus é o criador de tudo e ama as suas criaturas, sobretudo o ser humano. Escolheu
Israel como o filho especial.
Quer sempre estar presente no meio dele, andando com ele em suas idas e vindas
entre outros povos. Quer protegê-lo, proporcionando-lhe todo o bem estar. No final do
livro de Isaias chega a uma revelação deveras impressionante, ao falar da restauração
do povo judeu depois da derrocada na guerra com Nabucodonosor e do exílio.
“... sereis amamentados, sereis carregados nos braços, sereis acariciados sobre os
joelhos. Como a mãe consola o filho, assim eu vos consolarei” (Is 66, 12-13).
Realmente Deus é detentor e fonte de toda a perfeição. A ternura de um coração
materno deve chegar mais perto do coração de Deus do que o calor do coração
paterno. Deus é paterno e materno.
Sinto alegria quando leio o nº 239 do nosso Catecismo, onde ele aborda este tema,
lembrando que “Deus não é homem nem mulher, mas é simplesmente Deus!”
Estamos no campo das figuras, buscando maneiras de entender o infinito amor de
Deus pelo ser humano.
4.2 - Deus Filho.
Contudo, existe uma paternidade real, ontológica. Ela só nos chega ao conhecimento
porque Jesus, seu Filho Eterno que se encarnou, nos revelou e porque o ES nos
concedeu a graça primeira, a graça original da Fé. “Ninguém conhece o Filho senão o
Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e a quem o Filho quiser revelar” (Mt 11,
27).
Para João, Jesus é o logos que desde sempre “estava junto de Deus e era Deus” (Jo
1, 1).
Os apóstolos confessaram ainda Jesus como “a imagem do Deus invisível” (Cl 1, 15) e
como “o resplendor de sua glória e a expressão do seu ser” (Hb 1, 3; conferir CIC
241). Realmente, cremos que a invisibilidade de Deus é cancelada pela figura de
Jesus.
Hoje estamos no dia 13/12/12. Daqui a poucos dias poderemos ver a glória de Deus
entre palhas de um bercinho improvisado. Esse menino quando crescer vai dizer: “ Eu
e o Pai somos um” (Jo 10, 30).
Nossa Igreja, iluminada pelo ES, de posse da Tradição dos Apóstolos e com o
pensamento iluminado de seus Santos Padres (já expliquei quem eram), em 325
celebrou seu primeiro Concílio Ecumênico em Nicéia, “confessou que o Filho é
‘consubstancial’ ao Pai, i. é, um só Deus com Ele” (CIC 242). Isso significa que,
embora pessoas distintas, sua natureza é idêntica.
No ano de 381, em Constantinopla, reuniu-se o segundo Concílio Ecumênico e a
mesma Igreja confessou “o Filho Único de Deus gerado do Pai antes de todos os
séculos, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado,
consubstancial ao Pai” (CIC 242). É interessante notar que o único elemento novo do
Concílio é o termo gerado, pois não criado é consequência lógica do gerado. O
restante está em João 1, 1-5.
Afirmei que a paternidade e a filiação são da natureza divina, ontológica, ou seja, do
ser de Deus, e não meros títulos.
4.3 - Deus Espírito Santo.
Que o ES é Deus tanto quanto o Pai e o Filho já vimos claramente. Precisamos ainda
ocupar-nos com sua origem. Vamos ao CIC.
“A origem eterna do Espírito revela-se na sua missão temporal. O ES é enviado aos
apóstolos e à Igreja, tanto pelo Pai, em nome do Filho, como pelo Filho em pessoa,
depois que tiver voltado para junto do Pai. O envio da pessoa do Espírito após a
glorificação de Jesus revela em plenitude o mistério da SSma. Trindade” (CIC 244).
O texto citado nos remete a Jo 14, 26; 15, 26; 16, 14; 7, 39.
Por missão temporal do ES entende-se o seu agir depois da Criação. O conceito de
tempo está ligado à Criação e à história da raça humana. Transformar a Fé Apostólica
no tocante às Pessoas Divinas em um programa catequético cristalizado e claro não é
coisa fácil. O primeiro Concílio Ecumênico, celebrado em Nicéia (325), começou, e o
segundo, o de Constantinopla (381), continuou. Sobre o ES suas atas registram:
“Cremos no ES, que é Senhor e que dá a vida, Ele procede do Pai” (CIC, 245).
Explicando o dogma da Fé aí declarado, nosso catecismo continua: “com isso a Igreja
reconhece o Pai como ‘a fonte e a origem de toda a divindade’ (245)”. Diferentemente
do Filho, o ES procede, vem de, não é gerado.
4.4 - Um problema na relação Igreja Católica Romana e Igreja Grega.
Todos sabemos que existem a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa ou Grega.
Estão oficialmente separadas desde o ano de 1054. Mas tensões e brigas vem de
longe. Uma das bordas de atrito (estou pensando em placas tectônicas) está
justamente na doutrina trinitária. A Igreja Romana ou Latina continuou sua reflexão e
especulações sem preocupar-se muito com a harmonia entre seu pensamento e o
modo de entender as coisas por parte das Igrejas Patriarcais. (Mais para frente
estudaremos a história da Igreja). Muitos concílios regionais (não ecumênicos) foram
celebrados e assim surgiu a questão se o ES procede só do Pai, ou do Pai e do Filho
(Filioque).
No VI Concílio de Toledo (Espanha 638) ainda se aceita que “o Pai é fonte e origem
de toda a divindade”. Mas o XI Concílio de Toledo (675) afirma: “o ES, que é a
Terceira Pessoa da Trindade, é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho, da mesma
substância e também da mesma natureza... Contudo, não se diz que Ele é somente o
Espírito do Pai, mas ao mesmo tempo o Espírito do Pai e do Filho (CIC 245). E
continua nosso catecismo: “a tradição latina do Credo confessa que o Espírito
‘procede do Pai e do Filho (filioque)’”! (246).
A Igreja Grega (Ortodoxa) nunca aceitou isso, pois essa ligeira modificação representa
uma mudança do conteúdo do Concílio Ecumênico de Constantinopla (381). Concílios
regionais não podem em nada alterar conteúdos aprovados em concílios ecumênicos
(= gerais ou universais).
Meus caros, isso é apenas uma ilustração de como os desentendimentos formaram-se
e se acumularam entre as duas igrejas históricas de Cristo.
O que faltou?
Por enquanto afirmarei que só faltou a caridade de parte a parte. Como a liturgia da
Semana Santa pode fazer falta! “Onde o Amor e a Caridade Deus aí está”. Quando
expulsamos o Amor em qualquer relacionamento com o outro, Deus, por assim dizer,
retira-se discretamente.
5- O dogma da SSma. Trindade.
Inicialmente temos que ressaltar que a Igreja classifica nossa Fé na Trindade Divina
como um dogma. O que é isso? Nos nn 88 a 93 o CIC explica o que entende por
dogma. Vou ater-me apenas ao essencial.
Dogmas são pontos essenciais da Fé Católica relacionados com o conjunto da
Revelação do Mistério de Cristo. A Igreja empenha sua autoridade recebida de Cristo
ao defini-los. Essas verdades estão sempre contidas na Revelação Divina! Elas
obrigam o fiel católico a uma adesão total. Sua função? Servir de luzeiros a iluminar
nosso caminho, tornando-o seguro e confiável.
Os elementos importantes de nossa Fé na Trindade SSma. Estão todos expostos nos
textos que vocês tem em mãos.
Temos a destacar que:
- A Trindade é Una. As Pessoas Divinas são três: Pai e Filho e Espírito Santo. As três
Pessoas são plenamente divinas, mas a Divindade, ou seja Deus, é Um só. Isso é
revelado por Jesus!
- As Pessoas Divinas são realmente distintas entre Si. “Deus é único mas não solitário”
(CIC 254). Mas a natureza essencial de cada Pessoa Divina é a mesma. O Pai é Pai
porque gerou o Filho. O Filho é Filho porque foi gerado pelo Pai. O Espírito Santo é o
Espírito do Pai e o Espírito do Filho porque procede do Pai e do Filho.
- Deus é completo em cada Pessoa. Não existe nas Pessoas Divinas mais ou menos;
mais importante ou menos importante; não existe hierarquia.
Resumo do resumo feito pela Igreja: “A Fé Católica é esta: que veneremos o único
Deus na Trindade, e a Trindade na Unidade, não confundindo as Pessoas, nem
separando a substância: pois uma é a Pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do
Espírito Santo; mas uma só é a Divindade do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, igual a
glória, co-eterna a majestade”(CIC 266).
6- Trindade Santa fonte de inspiração e modelo de vida.
“O fim de toda a Economia divina é a entrada das criaturas na unidade perfeita da
SSma. Trindade” (CIC 260).
Economia divina. Você já sabe: é o modo de Deus agir para desenvolver seu Plano de
Salvação.
Desde o batismo o Deus Trindade já habita em cada um de nós. É tão confortador
ouvir Jesus proclamar: “Se alguém me ama guardará minha Palavra, e meu Pai o
amará e viremos a ele e, faremos nele a nossa morada” (Jo 14, 20-23).
E, para terminar, não podemos impedir que em nossos ouvidos ressoem estas
palavras:
“Que todos sejam um como Tu, Pai, estás em mim e Eu em Ti, para que Eles estejam
em Nós, e o mundo creia que Tu me enviaste. Dei-lhes a glória que Tu me deste, a fim
de que seja um como Nós somos um. Eu neles e Tu em mim para que sejam perfeitos
na unidade, e o mundo conheça que Tu me enviaste e que os amaste, como amaste a
mim” (Jo 17, 21-23).
A vida cristã, como a vida em Deus, realiza-se na comunidade. Fraternidade não é um
luxo, é o básico.
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Creio no Espírito Santo 1