O material original (2003) deste módulo foi fornecido pelo Dr. David Main da
Universidade de Bristol e pela WSPA, e foi revisado e atualizado (em 2007) pela
Dra. Caroline Hewson e pela WSPA.
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Antes de se considerar o bem-estar dos animais, vale a pena pensar sobre o bemestar humano. Ao serem perguntadas como se sentem no momento, as pessoas
muitas vezes respondem com uma única frase ou conceito, como ―Muito bem‖ ou
―Péssimo‖.
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As expressões aqui relacionadas ou afirmações semelhantes podem ser
classificadas em uma escala contínua que vai de bom a pobre.
Ao procurar saber mais detalhes e tentar descobrir a causa do estado de espírito
atual do indivíduo, você geralmente receberá uma resposta abrangendo diferentes
sentimentos relativos a diversos aspectos da vida dessa pessoa. Ela pode, por
exemplo, achar que com seu trabalho está tudo bem mas que sua vida pessoal
está apenas razoável, etc.
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Em outras palavras, embora possamos descrever como estamos nos sentindo de
forma geral, isso é afetado por muitos componentes que podem ser independentes
um do outro. O conforto da sua cadeira, por exemplo, não tem relação com quanta
fome você sente. No entanto, ambos afetam como se sente em um dado momento.
Bem-estar geral é, portanto, uma combinação destes componentes independentes.
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O bem-estar animal também tem diferentes componentes. As Cinco Liberdades
fornecem um resumo dos cinco principais componentes.
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O Conselho de Bem-Estar dos Animais de Produção do Reino Unido propôs as
Cinco Liberdades em 1992, utilizando as recomendações feitas em um governo
anterior e que ficaram conhecidas como o Comitê de Brambell (1965).
Cada uma das Cinco Liberdades pode sobrepor as outras. Por exemplo: se um
animal estiver com fome, ele irá procurar comida e se alimentar — este é um
comportamento normal. Se o animal não conseguir encontrar comida ou se o
ambiente não permitir a exibição do comportamento de procurar comida, o animal
pode ficar estressado. Logo, se os animais não estão livres de fome e não são
livres para expressarem seu comportamento normal, eles podem também não
estarem livres de estresse.
Toda vida acaba em morte, logo Livres da morte não é algo que podemos fornecer
a qualquer organismo. Entretanto, nós matamos a maioria dos animais que
mantemos. O assunto se devemos ou não matar os animais é ético. Evitar a morte
dos animais é um valor ético para muitas culturas. Além disso, do ponto de vista do
animal, os animais têm interesse na vida e, geralmente, tentarão evitar a morte.
Apesar de não podermos garantir aos animais estarem Livres da morte, a forma
como um animal morre pode estar relacionada ao bem-estar. Por exemplo, se
alguém tem um camaleão como animal de estimação e não alimentar o animal
propriamente, o animal morrerá de subnutrição e doenças associadas. Neste caso,
a morte do animal ocorre porque várias das Cinco Liberdades foram
comprometidas (livres de fome, livres de doenças, livres de estresse e,
possivelmente, livres para expressarem seu comportamento normal).
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As Cinco Liberdades fornecem uma lista conveniente dos aspectos considerados
importantes para todos os animais.
O diagrama acima mostra diferentes liberdades em uma escala de bom a pobre. O
lado ―pobre‖ do espectro significa que essa necessidade específica não foi
satisfeita – ao nos movermos em direção ao lado ―bom‖, podemos mostrar que a
necessidade (ou liberdade) foi satisfeita.
Um animal pode estar sujeito a diferentes níveis de cada uma das Cinco
Liberdades – alguns dos aspectos podem ser bons, enquanto outros podem ser
pobres.
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Para fazer um levantamento da importância relativa dada às Cinco Liberdades, a
Tesco plc, uma grande empresa varejista internacional com sede na Inglaterra
(Main et al. Comunicação Pessoal), distribuiu um questionário entre fazendeiros
britânicos. Foi perguntado quanta importância se deveria dar no fornecimento das
Cinco Liberdades aos animais.
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A proporção de fazendeiros que julgam extremamente importante ―livres de fome e
sede‖ (70%) e ―livres de dor, lesões e doenças‖ (70%) é mais alta do que a
proporção de fazendeiros que julgam extremamente importante qualquer uma das
outras liberdades.
Em geral, pelo menos 80% dos fazendeiros acham de muita ou extrema
importância fornecer todas as Cinco Liberdades. Isto mostra que os fazendeiros
têm um alto nível de preocupação com o bem-estar.
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Esses são dados de apenas um pequeno grupo de pessoas e essa preocupação
será diferente entre consumidores e produtores. Também vai variar entre diferentes
culturas.
A alta preocupação apurada na pesquisa também não garante um alto nível de
bem-estar, visto que nas fazendas britânicas existem problemas de bem-estar
consideráveis. Por exemplo, 20% do gado leiteiro manca e a mortalidade de ovinos
atinge mais de 20%. Além disso, a preocupação com as Cinco Liberdades não
necessariamente significa altos padrões na fazenda. A ação do fazendeiro é mais
importante, isto é, bom manejo e monitoramento dos animais.
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As Cinco Liberdades são estados ideais, extremamente difíceis de se atingir. Por
exemplo, algumas liberdades podem ser conflitantes.
• Livre de doenças às vezes implica em tratamento e isso induz ao medo durante o
manejo.
• Permitir a expressão do comportamento normal irá inevitavelmente causar
estresse em algumas ocasiões durante interações sociais ―normais‖.
Quando uma das Liberdades é comprometida (como durante o manejo ou durante
interações sociais normais), isso pode ocasionar efeitos negativos a curto e a longo
prazo no bem-estar animal. Consulte em:
•Balcombe J, Barnard N, Sandusky C. Laboratory routines cause animal stress.
Contemporary Topics in Laboratory Animal Science Nov. 2004;43(6):42-51.
Disponível em:
http://www.animalexperimentfacts.info/studies/laboratory_animal_welfare_stress_ba
lcombe_et_al_2004.htm
Na criação animal, como no ambiente selvagem, é impossível fornecer
completamente as Cinco Liberdades todo o tempo. Algumas vezes é indesejável
satisfazer todas, por exemplo
• se um cão é livre para expressar seu comportamento normal, o cão deveria poder
perseguir e matar ovelhas ou gatos — mas isto é indesejável;
• Restringir animais de produção inevitavelmente causa algum estresse, mas é
necessário para vaciná-los, casqueá-los e mantê-los livres de doenças. Claramente
o estresse da contenção deve ser minimizado, Mas alguns animais irão sofrer mais
do que outros, não importa o quão bom ou preocupado é o tratador.
Alguns compromissos são inevitáveis. O único modo de um animal selvagem ou
doméstico evitar alguma forma de comprometimento do bem-estar em algum
momento é o animal simplesmente não existir. Porém a questão mais realística é:
qual a extensão e a natureza de comprometimento que podemos aceitar? Esta é
uma questão ética, a qual a ciência informa, mas não consegue responder: a
questão de qual comprometimento é aceitável e porque causa muita discordância
na sociedade.
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Todos os sistemas de produção restringem o comportamento normal até certo
ponto.
Exemplos:
• Cercas e currais restringem a movimentação normal.
• Reprodução controlada restringe o comportamento sexual normal.
• A alimentação programada restringe o comportamento alimentar normal.
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Algumas restrições de comportamento normal, como gaiolas parideiras, são óbvias.
Gaiolas parideiras restringem o movimento (para evitar o esmagamento dos
leitões) e isso impede muitos aspectos do comportamento normal, tais como
comportamento materno e interação social com outros adultos.
Algumas restrições, no entanto, só vêm à tona através da investigação científica. A
cama da área de descanso pode afetar o tempo gasto em posição deitada tanto
quanto o desenho das áreas individuais (veja a próxima projeção).
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Este estudo feito com vacas avaliou por quanto tempo elas permaneceram deitadas
durante um período de 24 h sobre diferentes tipos de cama nos boxes de um curral.
Vacas dispondo de uma superfície macia e maleável ficaram deitadas durante
aproximadamente 70% do tempo, de forma semelhante ao que acontece no pasto.
Esse tempo, no entanto, ficou reduzido quando se usou uma cama mais dura de
borracha ou concreto.
Superfícies mais duras, portanto, restringem o comportamento normal. Além disso,
essa restrição do descanso tem implicações sobre a saúde como, por exemplo, o
aumento de casos de claudicação associados com o tempo reduzido que o animal
passa deitado.
Referências
•Herlin AH 1997. Comparison of lying area surfaces for dairy cows by preference,
hygiene, and lying down behaviour. Swedish Journal of Agricultural Research 27:
189-196.
•Tucker CB, Weary DM 2001. Stall design: enhancing cow comfort. Advances in
Dairy Technology 13: 154-167. Disponível em:
http://www.wcds.afns.ualberta.ca/Proceedings/2001/Chapter%2013%20Weary.pdf
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Existe um reconhecimento internacional de que as Liberdades são um bom ponto
de partida para avaliação do bem-estar. As Liberdades são estados ideais. É difícil
atingir todas. Porém, as Liberdades não são completamente realísticas. Por essa
razão, as liberdades não definem o padrão mínimo que deveria (ou seja,
eticamente) ser fornecido.
As Cinco Liberdades dão um indicador inicial de aspectos relevantes que precisam
ser considerados em qualquer estudo de bem-estar animal. Entretanto, as
Liberdades não são um relato detalhado do que deveria ser medido em um estudo
científico.
Iremos agora estudar mais de perto como avaliar o bem-estar animal.
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Referência
•Korte SM, Olivier B, Koolhaas JM. A new animal welfare concept based on
allostasis. Physiology and Behaviour 2007; em processo
Um trabalho recente desafiou a utilidade das Cinco Liberdades na ciência do bemestar animal. Os autores alegam que as Liberdades:
• são relacionadas mais à ética do que à ciência, porque as Liberdades são
originárias de um relatório que foi conduzido pelo governo em resposta às
preocupações éticas públicas;
•tem tendência antropocêntrica. As Liberdades refletem nossas preocupações com
os animais mais do que o ponto de vista do animal. O antropocentrismo do público
e dos legisladores cria obstáculos à investigação científica dos animais como seres
sencientes – o ponto de vista do animal – porque a suposição antropocêntrica
sobre o ponto de vista do animal pode limitar e limita o estudo destas interações
entre cérebro e corpo, que resulta no sentimento de várias emoções pelo animal,
sob várias situações.
•não são realistas;
•São aplicadas muito inconsistentemente, como com os animais de laboratório, que
recebem melhor proteção legal do que os animais de produção e os animais
selvagens.
Entretanto, a maioria dos cientistas de bem-estar animal concorda que as 5
Liberdades são de fato uma base ética pois elas nos dizem como avaliar o nosso
tratamento dos animais.O conceito das 5 Liberdades é muito usado em ciência do
bem-estar animal e em políticas.
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A avaliação do bem-estar pode tomar forma avaliando (i) ―entradas‖– o que é
fornecido aos animais, e (ii) ―saídas‖— o efeito das entradas no animal.
―Entradas‖ são os recursos de criação fornecidos ao animal. Entradas são medidas
de bem-estar indiretas. Elas incluem:
•Recursos de tratador (como quão bem o tratador é treinado; quanto tempo ele/ela
tem para cuidar dos animais).
•Recursos de meio-ambiente (como tipo de instalação; qualidade e quantidade de
comida).
•Recursos de animais (como o perfil genético do animal, que afeta a resistência a
doenças).
―Saídas‖ são medidas diretas de bem-estar animal. São centradas no animal e
mostram os efeitos das entradas no bem-estar animal. Saídas incluem:
•Medidas de performance.
•Medidas de doenças como claudicação e lesões corporais mostradas na projeção.
•Medidas de comportamento como o tempo em que a vaca gasta deitada ou a
presença de comportamentos estereotípicos.
Em algumas circunstâncias, pode ser mais apropriado avaliar as entradas. Por
exemplo, avaliar ―Livre de sede‖ pode ser feito observando o suprimento de água
de fácil acesso.
Entretanto, para avaliar se um animal está ―Livre de medo‖, é melhor observar o
comportamento do animal e medir a resposta fisiológica do animal ao estresse.
Ambos, comportamento e resposta ao estresse, são saídas.
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Essas entradas ou fatores de bem-estar podem ser classificadas de modo
simplificado em fatores relativos ao Tratador, Ambiente e Animal.
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Essas entradas ou fatores de bem-estar podem ser classificadas de modo
simplificado em fatores relativos ao Tratador, Ambiente e Animal.
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O texto completo das Cinco Liberdades inclui muitas entradas. Essas entradas são
mostradas em amarelo na projeção.
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Uma vez identificada qual das Cinco Liberdades foi potencialmente comprometida,
também é necessário considerar:
•A severidade do comprometimento de qualquer bem-estar
•A duração desse comprometimento
•O número de animais afetados.
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A severidade pode ser avaliada por numerosos métodos. A grosso modo, eles
podem se basear nas categorias aqui mostradas. Essas técnicas de avaliação
variam de acordo com o nível de observação e métodos de amostragem
requeridos.
O cortisol, por exemplo, é uma boa medida de estimulação de reação ao estresse
fisiológico agudo, mas o processo requer colheita e análise cuidadosas de
amostras de sangue (ou possivelmente de saliva ou fezes).
Por outro lado, a avaliação de aspectos comportamentais ou doença apenas requer
simples observação do animal, diretamente ou em vídeo.
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Um exemplo de avaliação científica da severidade do isolamento social em ovinos
é mostrado na próxima projeção.
Ovinos são animais que vivem em grupo e que sofrem estresse quando removidos
à força do rebanho – esse efeito pode ser quantificado.
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O nível de estresse pode ser quantificado simplesmente contando-se o número de
vocalizações quando a ovelha está (i) completamente sozinha e não pode ver
outras ovelhas (isolamento visual), e (ii) está fisicamente separada de outras
ovelhas, mas pode vê-las (isolamento espacial).
Neste estudo, houve um efeito limitado ao colocar a ovelha em isolamento espacial
(como em cercados separados com paredes não sólidas): o número de
vocalizações por minuto foi muito baixo. Entretanto, teve um grande efeito quando a
ovelha foi visualmente isolada das outras sendo colocada no isolamento visual: o
número de vocalizações por minuto foi relativamente alto, o que sugere que a
ovelha estava estressada.
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O aumento no número de vocalizações no isolamento visual é refletido também por
um aumento na freqüência cardíaca.
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Para exemplificar a duração de um problema de bem-estar podemos observar o
período de tempo pelo qual um ovino é sensível à dor após um episódio de
claudicação.
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Esse estudo examinou a sensibilidade elevada do sistema nervoso central após um
período de claudicação em um ovino.
O ―estímulo limiar‖ é a força com que uma agulha cega é pressionada contra a
perna de um ovino, levando-o a levantar a perna. Um ovino normal responderá com
cerca de 5 N. Entretanto, neste estudo, os ovinos que estavam severamente
mancos estavam sensibilizados ao estímulo e responderam a pressões menores.
Essa sensibilidade aumentada ainda está presente após três meses, apesar da
claudicação ter sido curada.
Estes resultados sugerem que, mesmo quando o tratamento de um ovino muito
manco foi bem-sucedido, estes animais ainda permanecem muito sensíveis à dor
causada por um estímulo mecânico. Isto é, apesar dos ovinos não estarem mais
mancos, ficam mais suscetíveis a sentirem dor do que outros ovinos, se, por
exemplo, baterem a perna durante sua trajetória ou se caminharem em chão com
pedregulhos.
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Estimar o número de animais afetados por um problema de bem-estar é
relativamente fácil. Nesse exemplo, mostramos os índices de prevalência no Reino
Unido para claudicação em diversas espécies.
Nota:
• Prevalência é a proporção de animais afetados em um dado momento.
• Incidência é o número de casos de uma determinada condição por 100 animais,
por ano.
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É útil aplicar a análise de Severidade, Duração e Número Afetado a uma situação
concreta; por exemplo, o confinamento de porcas em gaiolas parideiras. Esse
exemplo não considera as conseqüências de bem-estar (incluindo benefícios) aos
leitões.
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Níveis de cortisol no sangue são relacionados ao estresse. ―Estresse é um distúrbio
fisiológico que é imposto por um agente, como uma situação de ameaça ou perigo.‖
(Gregory 2004, p12). Quanto maior o agente, maior o nível de cortisol no sangue.
Entretanto, nem todos os agentes são ameaças ou experiências negativas. Por
exemplo, o cortisol aumenta durante o parto; e o comportamento sexual é
associado ao aumento do cortisol plasmático. Cortisol e a resposta ao estresse
são discutidos em maiores detalhes nos Módulos 3 e 4.
O slide mostra os resultados de um estudo onde a resposta ao estresse antes e
durante o parto foi avaliada. Mesmo em animais soltos (colunas verdes), existe um
aumento no cortisol durante o parto. Este é um evento normal durante o parto.
Entretanto, a resposta do cortisol foi maior em porcas em gaiolas parideiras
(colunas vermelhas) porque a porca não pôde fazer o ninho ou exibir outros
comportamentos normais durante o parto.
Estes resultados sugerem que as porcas ficavam estressadas se não pudessem
realizar estes comportamentos. Entretanto, o cortisol sozinho não é uma medida
suficiente do estado mental ou da experiência do animal. Medidas de
comportamento também são necessárias: discutidas nos Módulos 6 e 7.
Referência
•Gregory NG (2004). Physiology and Behaviour of Animal Suffering. Blackwell: Oxford. pp.12-21.
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Esta projeção mostra o resultado de um estudo que examinou a resposta do
cortisol após o parto em porcas em gaiolas parideiras. Níveis normais de cortisol
quando as porcas não estão parindo ficam próximos a 2 nmol/l.
Os dias um e sete mostram níveis elevados devido ao parto, restrição à construção
de ninho, etc.
A produção de cortisol está mais alta no dia 28. Isso se deve provavelmente à
incapacidade da porca de evitar os leitões que, em condições normais, já teriam
sido desmamados por ela nessa idade.
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Sumário do comprometimento do bem-estar de porcas mantidas em gaiolas
parideiras em termos de Severidade, Duração e Número Afetado.
Muitas pessoas acreditam que o suposto benefício das gaiolas parideiras é a
sobrevivência dos leitões — que em troca reduz os custos de produção – e
justificam o comprometimento do bem-estar da porca. Entretanto, o reduzido bemestar dela é um problema intrínseco deste tipo de sistema. Porcas que são
confinadas durante a gestação têm músculos fracos por causa da ausência de
exercício. Isto e o tamanho grande das raças modernas significa que as porcas são
desajeitadas para deitar e levantar. Portanto, elas são mais suscetíveis a
esmagarem os leitões. Por isso que as gaiolas são necessárias. Entretanto, porcas
que são acomodadas em grupos, com liberdade de movimentos, são menos
suscetíveis a esmagar os leitões. Para essas porcas, as gaiolas parideiras
fornecem pouco benefício à maioria dos leitões.
Na criação de suínos, a máxima sobrevivência dos leitões é uma necessidade
econômica. A margem de lucro por leitão é muito baixa na maioria dos mercados. A
não ser que a fazenda crie um certo número de leitões por porca, a fazenda não
tem lucro e o fazendeiro entra em falência. A expectativa dos consumidores por
comida barata – neste caso, carne suína barata — contribui à pressão de mercado
sobre os fazendeiros.
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É verdade que as gaiolas parideiras beneficiam os leitões e os fazendeiros:
•Benefício aos leitões pela diminuição da chance de lesões por esmagamento
•Benefício aos fazendeiros pelo aumento da produção.
Entretanto, gaiolas parideiras tem um custo substancial para porcas e leitões:
•As porcas têm um considerável custo com bem-estar (veja projeção anterior).
•Os leitões têm um espaço limitado para exibirem comportamentos exploratórios e
outros comportamentos e para fugirem uns dos outros. Isto pode contribuir para
comportamentos indesejáveis, como mordedura de cauda e agressão.
O problema fundamental das gaiolas parideiras é que elas são essenciais em
fazendas onde as porcas são alojadas em gaiolas sozinhas durante a gestação
(gaiolas de gestação). Nestas fazendas, muitos leitões seriam esmagados se não
utilizassem gaiolas parideiras e a fazenda não sobreviveria. Tudo isto é outra razão
porque o confinamento unitário de porcas prenhes é tão indesejável. Em 2007, o
maior fornecedor de carne suína do mundo (Smithfield Foods, Virginia, EUA) disse
que seus produtores teriam de parar de utilizar gaiolas de gestação. O maior
produtor do Canadá, Maple Leaf Foods, seguiu o padrão.
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O conjunto Severidade, Duração e Número Afetado também pode ser usado no
contexto clínico ou legal, visto que muitas vezes é possível avaliar o
comprometimento do bem-estar sem necessidade de experimentos complicados.
O estado nutricional do gado, por exemplo, pode ser avaliado observando-se
Severidade, Duração e Número de animais afetados.
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