A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NO PROCESSO DO ENSINO DE
MATEMÁTICA
Guilherme da silva oliveira
Ana Gabriela Lacerda Reis
Orientador: Prof. Caio Eduardo Martins Raiz
Resumo: O objetivo deste artigo é discutir os problemas que os professores
enfrentam na sala de aula no ensino de matemática, apresentar e aplicar alguns
jogos matemáticos que possam facilitar a compreensão e aprendizagem da
matemática pelos alunos, dando aos professores uma alternativa no processo
de ensino-aprendizagem de determinados conteúdos matemáticos e assim
tornando as aulas mais atrativas, dinâmicas e diferenciadas.
Palavras-chave: Ensino, Aprendizagem, Matemática, Jogos.
Introdução
Ao longo dos últimos anos, percebe-se um crescimento
exponencial em relação à defasagem no ensino de matemática. Considerada
por muitos como uma disciplina extremamente difícil, boa parte dos alunos
desistem de tentar aprendê-la por não se sentirem capazes de compreender o
que seus professores ensinam.
Além disso, a porcentagem de alunos que ficam retidos em
matemática não para de crescer, impulsionando os índices de evasão escolar.
Atualmente, pesquisadores da área de educação de todo o mundo discutem
alternativas para resolver este problema.
Uma das alternativas mais utilizadas por educadores é a
aplicação de jogos, que podem ao mesmo tempo despertar maior interesse nos
alunos e desenvolver importantes conteúdos de matemática.
Este trabalho tem como objetivo aplicar e apresentar alguns jogos
que possam facilitar o aprendizado dos alunos nas aulas de matemática,
apresentando as concepções de alguns autores sobre a importância dos jogos
no ensino de matemática.
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Foram utilizadas duas salas do ensino fundamental como amostra,
sendo um 7ª ano e um 9ª ano, para avaliar a eficácia do projeto no ensino.
Inicialmente foi aplicada uma avaliação diagnóstica para detectar as habilidades
dos alunos e determinar seu desempenho, e em seguida, os jogos e atividades
diferenciadas começaram a ser desenvolvidos.
Após 3 meses de desenvolvimento do projeto, outra avaliação
diagnóstica foi aplicada para avaliar e comparar os resultados anteriores com
os posteriores ao projeto, determinando a influencia do projeto no processo de
ensino-aprendizagem.
1 Ensino de matemática: Os problemas enfrentados pelos professores e
a importância de seu ensino
A matemática atualmente vem sendo uma das disciplinas (ou a
disciplina) que mais causa medo nos alunos. Logo nos primeiros anos de
escola, as crianças já a consideram uma disciplina difícil e complexa, e assim,
se desinteressam pelo estudo, gerando graves problemas nos anos seguintes.
Entre eles, a defasagem gerada neste período é um dos principais
fatores que atrapalham os professores de matemática no Brasil. Como boa
parte dos alunos é aprovada sem uma base estruturada sobre a matéria, os
conteúdos seguintes também não são compreendidos totalmente.
O professor também tem de lidar com problemas oriundos da vida
social ou familiar do aluno e estas situações podem causar a falta de disciplina
ou também dificuldades no aprendizado da criança.
Os problemas citados geram consequências que abalam cada vez
mais o ensino de matemática, fazendo com que os verdadeiros objetivos da
matemática no ensino fundamental não sejam alcançados,
É importante que a matemática desempenhe, equilibrada e
indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades
intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização do
raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas,
situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no
apoio à construção do conhecimento em outras áreas curriculares
(PCN, 1997, p.25).
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Ainda segundo os PCN (1997), a matemática tem papel
fundamental na interação entre os alunos na sala de aula, estimulando o
trabalho de forma coletiva e incentivando a discussão de determinados
assuntos respeitando as opiniões dos colegas e aprendendo com eles.
2 Considerações sobre a aplicação de jogos no ensino de matemática
Atualmente professores e pesquisadores da educação se reúnem
em todo o mundo para discutir e desenvolver novas metodologias para que o
ensino de matemática seja eficaz e descontraído. Abordaremos agora a
importância do lúdico no processo do ensino de matemática e algumas
considerações sobre os jogos.
2.1 Os jogos: definições e algumas classificações
Como os jogos podem estar relacionados com variados tipos de
situações, isso impossibilita uma definição precisa e aceitável para o seu
significado.
Assim podem ser encontradas várias definições de acordo com
cada pesquisador.
Segundo Grando (2004), é um desafio definir o que é jogo, em sua
obra considerou que
Existe uma variedade de concepções e definições sobre o que
seja jogo e as perspectivas diversas de análise filosófica,
histórica, pedagógica, psicanalista e psicológica, na busca da
compreensão do significado do jogo na vida humana (GRANDO,
2004, p.8).
A autora também argumenta que o jogo pode ser entendido como
uma atividade lúdica que desperta o interesse e o espírito de competição do
jogador, motivando-o a conhecer seus limites e sua capacidade de superação.
Segundo ela, estas características justificam a importância de se trabalhar com
os jogos nas aulas de matemática.
Se a definição de jogo é algo difícil de estabelecer, organiza-los
em relação à suas características foi uma forma utilizada pelos pesquisadores
para classificar todos os tipos de jogos que são encontrados hoje. Para
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aplicação em sala de aula, este trabalho utilizou as classificações criadas por
Krulic e Rudnik (1983) citadas por Borin (1996).
Segundo a concepção de Krulic e Rudnik (1983), os jogos são
classificados em dois tipos: Jogos de treinamento e os jogos de estratégia. Os
jogos de treinamento são aqueles que têm por objetivo substituir as listas de
exercícios e tarefas, tendo a mesma importância destas atividades, ou seja,
com esse tipo de jogo o aluno estará se divertindo e ao mesmo tempo
memorizando os conceitos que foram trabalhados nas aulas teóricas.
Os jogos de estratégia se caracterizam por serem atividades onde
o fator sorte não terá influência, vencerá o aluno que planejar e coordenar da
melhor forma suas ações durante o jogo.
2.2 A importância dos jogos no processo de ensino aprendizagem de
matemática
A Utilização de jogos como método facilitador no ensino de
matemática é um conceito analisado há um bom tempo por pesquisadores que
visam
comprovar
a
importância
dos
jogos
no
processo
de
ensino-aprendizagem. Segundo Alves (2001), a utilização dos jogos no ensino
tem sido alvo de várias pesquisas, direcionadas para os primeiros anos do
ensino fundamental, deixando de lado os anos finais do ensino fundamental e o
ensino médio.
A introdução dos jogos nas aulas de matemática está se tornando
uma iniciativa cada vez mais frequente e suas aplicações estão sendo feitas na
maioria das vezes após a explicação teórica e atividades práticas de um
determinado conteúdo matemático, com o intuito de finalizar o assunto de uma
forma mais interessante.
Esta medida está sendo utilizada pelos educadores que querem
se desapegar das tradicionais aulas de matemática que hoje são encontradas
no ensino, tornando-as diferenciadas e atrativas para uma melhor compreensão
dos alunos.
Notamos que, para o ensino da matemática, que se apresenta como
uma das áreas mais caóticas em termos da compreensão dos
conceitos nela envolvidos, pelos alunos, o elemento jogo se
apresenta com formas específicas e características próprias,
propícias a dar compreensão para muitas das estruturas matemáticas
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existentes e de difícil assimilação (GRANDO, 1995 apud ALVES
2001, p. 22).
Segundo os PCN (1998), uma característica importante na
utilização dos jogos no ensino de matemática é o desafio que pode ser proposto
aos alunos, gerando interesse e prazer. Assim, é fundamental que os jogos
estejam presentes na cultura escolar dos alunos e é dever do professor
analisá-los, identificando suas potencialidades no ensino.
Outros autores também destacam que os jogos podem ser uma
ferramenta muito importante para motivar os alunos a aprenderem matemática,
Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a
possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de
nossos alunos que temem a matemática e sentem-se incapacitados
de aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma
atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo
tempo que estes alunos falam matemática, apresentam também um
melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus
processos de aprendizagem (Borin,1996, p.9)
Percebe-se que a utilização dos jogos no ensino de matemática é
recomendado por muitos pesquisados, e entre os vários fatores que contribuem
para o aprendizado destaca-se por ser uma atividade diferenciada em que ao
mesmo tempo que a criança joga ela estará desenvolvendo importantes
habilidades,
Ensinar por meio de jogos é um caminho para o educador
desenvolver aulas mais interessantes, descontraídas e dinâmicas,
podendo competir em igualdade de condições com os inúmeros
recursos a que o aluno tem acesso fora da escola, despertando ou
estimulando sua vontade de frequentar com assiduidade a sala de
aula e incentivando seu envolvimento nas atividades, sendo agente
no processo de ensino e aprendizagem, já que aprende e se diverte,
simultaneamente. (SILVA, 2005, p. 26).
2.3 Alguns jogos que foram aplicados
Durante
as
aulas
de
matemática
alguns
jogos
foram
desenvolvidos e aplicados para facilitar a compreensão por parte dos alunos
sobre o conteúdo proposto, estes jogos serão agora apresentados e explicados
para que qualquer professor possa aplicar em sua sala, podendo tornar suas
aulas mais atrativas e diferenciadas.
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2.3.1 Quem chega primeiro?
Para que o professor possa utilizar este jogo é necessário que se
construa algumas peças que serão utilizadas no decorrer da atividade.
Inicialmente o educador deve construir no mínimo 24 quadrados com o lado
medindo 20 cm que constituíram o caminho que os alunos irão percorrer
durante o jogo.
É indicado que os quadrados sejam feitos de EVA, e não
necessariamente devem ser 24 quadrados, ficando a critério de o professor
escolher uma quantidade acima do valor citado. Duas caixinhas serão utilizadas
no jogo, uma delas será denominada “Desafio” e a outra “Exercícios”, onde o
professor colocará os desafios e exercícios propostos.
As peças (quadrados) que foram feitas serão dispostas em
alguma parede da sala, para que a lousa fique a disposição dos alunos. As
peças formarão uma sequência, um caminho que será feito pelos grupos onde
o primeiro quadrado representa o inicio e o último a chegada. Dentre as outras
peças, o professor irá escolher algumas para que sejam os “Quadrados dos
desafios”, podendo ser distinguidas por um X feito por qualquer tipo de caneta,
as posições desses quadrados no “caminho” ficarão a critério do professor.
O jogo funciona da seguinte forma: A sala será dividida em 2
grupos que representaram diferentes cores, ambos com uma peça com sua
respectiva cor. Essas pecinhas representarão a posição do grupo. Os grupos
jogaram simultaneamente, um aluno de cada grupo irá jogar um dado e é
observado o valor da face de cima, se os números observados forem por
exemplo, o 5 e 3, o aluno pegará a peça de seu grupo e colocará no quadrado
da quinta posição e o outro na terceira, considerando que a posição de inicio
seja 0.
Se estes quadrados forem uma peça diferente do desafio, os
alunos pegarão um exercício na caixinha e escolherão um amigo para auxiliar
na resolução. Caso acertem, a peça permanecerá na mesma posição, se
errarem a peça voltará para a posição de onde veio. Porém, se a peça do aluno
‘’cair’’ no quadrado do desafio, o aluno pegará um desafio na respectiva
caixinha e poderá escolher até 5 amigos do grupo para fazer a resolução, caso
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acertem o grupo poderá avançar 1 quadrado a mais além dos 5, mas se
errarem, eles voltarão para o quadrado anterior do qual saíram.
Os exercícios e desafios só poderão ser feitos pelos os alunos
que estão na lousa, sendo que o restante do grupo deve apenas observar a
resolução. O interessante deste jogo é que ele pode ser trabalhado
relacionando não só apenas um conteúdo matemático, podendo trabalhar
diferentes conceitos que já foram estudados.
O grupo que alcançar primeiro a chegada será o grupo vencedor,
ficando a critério de o professor estabelecer o prêmio aos vencedores. É
importante destacar que professor deve também presentear os perdedores
com, por exemplo, pontos de participação, para que estes alunos não fiquem
desmotivados.
2.3.2 Bingo das potências e expressões numéricas
Este é um jogo muito utilizado e que ajuda no entendimento dos
alunos no ensino das potências e no cálculo de expressões numéricas, uma vez
que enquanto jogam, os alunos já estão memorizando as propriedades que são
exigidas.
O educador pode organizar uma lista com no máximo 30
exercícios que se baseiam no conteúdo matemático citado e enumerá-los de 1
a 30 para que o professor saiba qual o exercício que será feito quando um
destes números for sorteado. Depois disso, ele deve montar as cartelas
distintas que serão distribuídas para cada aluno da sala, onde cada uma delas
possui os resultados dos exercícios propostos. O ideal é que as cartelas
contenham no máximo 16 resultados.
O jogo irá se desenvolver da seguinte forma: Um aluno retira um
dos exercícios que estão na caixa e observa-se qual é o número, lembrando
que estes estão enumerados de 1 a 30, o educador irá escrever a expressão ou
potência na lousa e os alunos terão de resolver o exercício e observar se o
resultado está contido na sua cartela.
É recomendado que o professor disponibilize no máximo 4
minutos para a resolução de cada exercício. No final, quando um aluno se
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declarar vencedor, sua cartela terá que ser conferida para analisar se todos os
cálculos foram feitos de forma correta.
3 Análise dos resultados obtidos após a introdução dos jogos no ensino
No inicio do projeto foi realizada uma avaliação diagnóstica com
os alunos do 7º ano e 9º ano da escola estadual Profª. Lydia Rocha localizada
na cidade de Franca-SP, com o intuito de identificar as habilidades que os
alunos possuíam em relação ao conteúdo matemático que estavam
aprendendo.
Após a prova, foi iniciado o projeto, que tinha como objetivo
introduzir jogos relacionados ao conteúdo proposto pelo professor e o intuito de
facilitar o ensino de matemática. Com a conclusão do projeto, foi realizada uma
nova avaliação para mensurar o impacto no processo de ensino-aprendizagem.
Os histogramas a seguir mostram o desempenho das duas salas
no período anterior do inicio do projeto:
Figura 1 - Desempenho dos alunos (9ª ano)
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Figura 2 – Desempenho dos alunos (7ª ano)
Através dos dados coletados foi calculado que a média das notas
dos alunos do 9ª ano é aproximadamente 5,9 enquanto a média das notas dos
alunos do 7ª ano foi avaliada em 5,4.
Durante o período de 3 meses as atividades diferenciadas foram
aplicadas relacionando o conteúdo trabalhado individualmente em cada sala.
Após o período de implementação do projeto outra avaliação diagnóstica foi
aplicada para comparação com os resultados iniciais e os gráficos a seguir
apresentam o novo desempenho de ambas as salas.
Figura 3 – Desempenho dos alunos após o projeto (9ª ano)
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Figura 4 – Desempenho dos alunos após o projeto (7ª ano)
Observa-se em relação ao desempenho do 9ª ano que as notas
compreendidas entre 0 e 5 pontos foram reduzidas em 80%, já que mais alunos
obtiveram notas acima de 6. Comparando com os resultados iniciais houve um
aumento de 50% na média das notas desta nova avaliação, subindo
aproximadamente para 7,6.
Comparando agora os resultados finais e inicias da 7ª série
percebe-se que houve um aumento aproximado de 12% em relação às notas
maiores ou iguais a 6, fazendo com que a média passasse de 5,4 para 7,4.
Conclusão
Em relação à amostra que foi utilizada para a aplicação do projeto
conclui-se que a utilização dos jogos nas aulas de matemática como método
facilitador do ensino foi importante para aumentar o desempenho da sala. Vale
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destacar também que o aumento aproximado na média das notas foi de 28,8%
no 9ª ano, enquanto no 7ª ano esse valor alcançou aproximadamente os 37%.
É importante ressaltar que durante os jogos as crianças se
divertiam e discutiam sobre o jogo e ao mesmo tempo estudavam matemática
sem perceber, analisando as jogadas, raciocinando, e coordenando seus
passos.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros
Curriculares Nacionais: Matemática. Ensino de 5ª a 8ª Séries. Brasília-DF:
MEC/SEF, 1997.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Ensino de 5ª a 8ª Séries.
Brasília-DF: MEC/SEF,1998.
GRANDO, Regina Célia. O jogo e a matemática no contexto da sala de aula.
São Paulo: Paulus, 2004.
BORIN, J. Jogos e resolução de problemas: uma estratégia para as aulas de
matemática. São Paulo: IME – USP, 1996.
ALVES, Eva Maria Siqueira. A ludicidade e o ensino da matemática: Uma
prática possível. Campinas, SP: Papirus, 2001.
SILVA, Mônica Soltau da. Clube de matemática: jogos educativos. 2. ed.
Campinas, SP: Papirus, 2005.
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