Governança,
risco e
compliance
Chega de
redundâncias
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Programa Risk University transmite
aos executivos uma visão abrangente
dos negócios
A crise financeira de 2008 ensinou algumas lições importantes. A primeira
é que nenhuma organização está imune às turbulências globais ou locais.
Outra lição diz respeito ao maior cuidado com o gerenciamento de riscos.
A pesquisa The Convergence Evolution, realizada pela KPMG International,
mostrou que subiu de 10% para 41% o número de executivos que avaliam
que os Conselhos de Administração das companhias passaram a levar
mais a sério o tema GRC – governança, risco e compliance. Os principais
motivadores da atual valorização do tema são o desejo de reduzir a
exposição ao risco (51%) e a necessidade de enfrentar a complexidade
global dos negócios (35%).
No Brasil, a governança corporativa também evoluiu, mas o conceito GRC
ainda não está totalmente disseminado. “A premissa básica do GRC é que
as corporações devem convergir as atividades de governança, de risco e de
compliance em um programa global. É a maneira mais eficaz de gerenciar
riscos. Mas não é o que se vê nas maioria das empresas nacionais” , afirma
André Coutinho, sócio da KPMG no Brasil na área de Risk Consulting.
Estrutura
adequada de GRC
reduz exposição
a riscos
A convergência evita redundâncias e ajuda a reduzir custos. É muito comum
que um departamento – Compras, por exemplo – seja alvo de auditoria
interna, passe também por avaliação dos gestores de riscos e, ainda,
tenha de dar explicações ao pessoal da SOX. Tudo isso como parte da
rotina de cada uma dessas áreas. “Não é brincadeira. Já vi isso acontecer
inúmeras vezes, porque cada área – auditoria interna, riscos, SOX – atua
de maneira isolada, gerando redundâncias” , conta o sócio da KPMG. “E
toda redundância implica custos adicionais, tanto em horas de trabalho
das equipes de controles quanto em tempo parado da área alvo das
verificações” , explica Luís Navarro, diretor da KPMG no Brasil na área de
Risk Consulting.
Outro dado é que os Conselhos de Administração e Fiscal ficam
sobrecarregados com os reportes individualizados, que dificultam uma visão
integral dos riscos. “Uma estrutura adequada de GRC reduz a exposição ao
risco e valoriza a companhia” , acrescenta Navarro.
Executivos precisam de qualificação
Segundo Coutinho, houve um boom de investimentos em gerenciamento
de riscos nos últimos anos, mas os recursos foram aplicados de forma
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desordenada. O momento é
de investir bem, inclusive em
executivos especializados em GRC,
para fazer melhor.
“Dependendo do projeto, pode-se
não apenas investir menos como
reduzir custos. O ponto frágil dessa
equação é que a evolução da governança
nas companhias esbarra na falta de
profissionais com formação específica em GRC”, acrescenta Navarro. Na
opinião do sócio da KPMG, o aumento da pressão do mercado de capitais,
dos reguladores e dos acionistas pela profissionalização das estruturas GRC
gera maior demanda por profissionais capacitados. “Esse é o desafio no
Brasil”, analisa Navarro, que também coordena o Programa Risk University,
da KPMG no Brasil.
Falta de
profissionais com
perfil multitarefa
dificulta a
integração
Há três anos, o mercado apresentava necessidades pontuais e demandava
profissionais para trabalhar em controles internos, riscos ou auditoria
interna. “O cenário mudou. As companhias precisam de executivos com
perfil multitarefa, que tenham uma visão integrada e adotem uma postura
holística em GRC”, explica Coutinho. “O ideal é que todo profissional
envolvido com GRC tenha uma visão abrangente dos negócios, das
operações e da logística específica da companhia, passando por finanças,
vendas e estratégia. Como garantir tudo isso em um único profissional?
Esse é o desafio que o Risk University se propõe a enfrentar” , finaliza o
sócio da KPMG.
Trânsito por diversas áreas
“No Brasil, muitas empresas não têm GRC
estruturado. Portanto, essa é uma área em expansão
e com grandes oportunidades profissionais”, avalia
Wagner De Cicco, coordenador de Controles Internos
da Cosan Lubrificantes e Especialidades. Para ele, o
Risk University atendeu plenamente às expectativas,
principalmente no módulo de auditoria e compliance.
“E superou o que esperava em relação aos profissionais
envolvidos e aos participantes. O intercâmbio de
experiências é essencial para o sucesso” , diz.
Ele conta que a troca de experiências demonstrou que
o denominador comum em relação às dificuldades dos
profissionais foi a dificuldade de relacionamento ou trânsito
pelas diversas áreas da empresa. “Dificilmente o auditor é
convidado para reuniões de planejamento e estratégia” , atesta.
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Network e benchmarking de alto nível
À medida que as organizações se preocupam mais
com a forma de conduzir os negócios, alinhados às
boas práticas de governança, os profissionais de GRC
são mais valorizados. E mais cobrados. A avaliação
é de Marcelo Fridori, superintendente de Auditoria
Interna da Sabesp.
“O programa da KPMG tem a vantagem de permitir
um benchmarking estruturado e sistemático
com empresas que já aplicaram os conceitos
com resultados positivos. Além de formar um
network qualificado, o programa estimula a troca
de experiências seguindo um roteiro organizado e
planejado de forma a abranger os aspectos principais
dos temas abordados. ”
Fridori explica que a auditoria interna tradicionalmente
enfoca aspectos relacionados à avaliação dos
controles internos, abrangendo procedimentos
que buscam assegurar a eficácia das operações, a
confiabilidade das informações e a conformidade
com as regras e instrumentos normativos. “O Risk
University ajuda a visualizar também questões
de estratégia, visando a manter os trabalhos de
assurance e ampliar os de consultoria. O objetivo
é fornecer à administração recomendações para
aperfeiçoar os processos e assegurar o cumprimento
das metas” , acrescenta.
Visão global
Para Rafael Esnarriaga, do Escritório de Processos
e Riscos, da Diretoria de Gestão da Globosat, a
principal qualidade do bom profissional de GRC é ter
uma visão do todo em gestão de risco, conhecer as
metodologias já testadas e os principais conflitos. “O
Risk University enfatiza a relevância de focar no que
realmente é crítico para a empresa. Ao compartilhar
e conhecer as experiências do grupo, ganhamos
maior confiança na implementação dos processos e
controles” , explica.
“É muito bom interagir com profissionais de ponta
sobre a aplicação direta da gestão de riscos em
diferentes perspectivas, financeira, operacional, de
governança, auditoria, etc., assim como aprender
com a experiência de um executivo, CEO ou
presidente da área” , acrescenta.
Ele acredita que o Risk University aborda de forma
direta os problemas e soluções atuais que envolvem
o GRC. “Os consultores da KPMG investem na
promoção de discussões sobre assuntos polêmicos
e clássicos. Isso oferece aos participantes diferentes
pontos de vista sobre como são tratados os
processos GRC nas empresas” , conclui.
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Risco é oportunidade
“Os profissionais da área têm muita vontade,
muita teoria e pouca vivência. O problema não é do
profissional. A palavra risco é vista como problema
e não como oportunidade pelas empresas. ” A
afirmação é de João Carlos Orzzi, diretor de Controle,
Auditoria e Riscos do Grupo Camargo Corrêa, para
quem o diferencial do Risk University é permitir o
processo de vivência e discussão de casos reais.
“O programa está balizado na troca com empresas de
várias origens e demandas diferentes. A troca é que a
grande sacada. O RU ajuda a sair da caixa e a conhecer a
realidade do risco de maneira mais próxima. O programa
é útil para profissionais de qualquer carreira que estejam
à frente no processo decisório”, garante Orzzi. Para
ele, o network não é só com os participantes, incluindo
também os executivos convidados. “Aqui, criamos
uma rede de relacionamento preventivo”, diz. O diretor
acredita que o Risk University preenche uma lacuna do
mercado, que carece de formação específica na área de
gestão de risco para executivos.
Orzzi critica a aversão exagerada ao risco. Para ele, a
missão do profissional é lidar e usar o risco como um
diferencial competitivo. “Correr risco não é proibido, a
questão é conhecê-lo. Não existe empresa sem risco,
mas existe empresa correndo muito risco e perdendo
muito dinheiro. O importante é saber os riscos que você
quer atacar”, analisa.
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Módulos integrados
Os treinamentos oferecidos pelo mercado para os
profissionais que atuam com as atividades ligadas
a auditoria, controle interno, gestão de riscos e
compliance são, na maioria, módulos segregados,
sem uma visão integral de GRC. Por isso, Silvio
Valdrighi, da Superintendência de Gestão de Riscos e
Qualidade da Sabesp, aponta que o maior diferencial
do programa Risk University é a integração conceitual
dos módulos que compõem o GRC.
“Outros pontos de destaque são a profundidade
de análise teórica de cada tema, as metodologias
de trabalho e a intensa troca de experiências
entre os participantes, que abre a oportunidade
de conhecer os trabalhos nas grandes empresas
representadas” , diz. Segundo ele, os profissionais
que participam do programa atuam nas áreas
conhecimento do GRC, o que facilita muito o
aprendizado e a troca de experiências. Ele aprova,
ainda, a participação de executivos e profissionais
de mercado, que realizam breves apresentações
e conduzem debates sobre os temas tratados nos
módulos. “Os conceitos e práticas abordados no
programa são totalmente aplicáveis no dia a dia
das empresas” , garante.
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