PROMOVER A SAÚDE, PROMOVENDO A DÁDIVA DE SANGUE AVALIAÇÃO DAS VISITAS DE ESTUDO REALIZADAS AO CENTRO REGIONAL DE SANGUE DE LISBOA Maria Antónia Escoval, Luis Negrão, Gracinda de Sousa RESUMO ABSTRACT CONTEXTO: Promover a dádiva de sangue, no nosso entendimento, insere-se nos objectivos mais abrangentes da Promoção da Saúde. Com esta finalidade o Centro Regional de Sangue de Lisboa (CRSL) tem recebido visitas de estudo às suas instalações de jovens do 8º e 11º ano de escolaridade. Os objectivos deste trabalho foram: avaliar o interesse das Escolas na realização de visitas de estudo; avaliar a satisfação e os conhecimentos manifestados pelos alunos relativamente às visitas de estudo. CONTEXT: The promotion of blood donation, as we see it, is part of the wider field of Health Education. With this under standing, the Lisbon Regional Blood Transfusion Centre established a scheme of visits to its premises for students of the 8th and 11th school years. This study had three objectives: to evaluate the interest shown by the Schools, to evaluate the students’ degree of satisfaction and knowledge acquired during the visit to the Centre. PLANO DE ESTUDO: Os autores realizaram um estudo descritivo, transversal e retrospectivo baseado nos registos de solicitações de visitas e nas respostas aos questionários de avaliação dos alunos do 8º e 11º ano que realizaram visitas de estudo ao CRSLnos anos de 2000 e 2001. RESULTADOS: As Escolas demonstraram um interesse crescente na realização destas visitas. Os alunos demonstraram em 91,1% dos casos bastante ou muito interesse pela visita, consideraram (78,3%) ter adquirido bastantes ou muitos conhecimentos, e para 70,1% deles, a duração foi suficiente. A visita aos laboratórios foi o que mais agradou (34,3%). Quanto aos conhecimentos, 83,4% dos alunos obtiveram classificações superiores a metade das respostas correctas. Os alunos do 11º ano demonstraram mais interesse e apresentaram melhores classificações que os alunos do 8º. CONCLUSÕES: Os resultados foram globalmente satisfatórios. No entanto, e face ao número de solicitações recebidas, novas estratégias devem ser desenvolvidas envolvendo a formação de formadores, educadores e profissionais de saúde e um maior investimento deve ser feito junto dos alunos do 11º ano que estão mais próximos da idade de aceitação para a dádiva. STUDY DESIGN: A descriptive, transversal and retrospective study was carried out for the years 2000 and 2001, based on the records of the Schools requests for visits and on the students answers to an evaluation questionnaire. RESULTS: The Schools showed a growing interest in the visits. 91.1% of the students found the visits quite or very interesting; 78.3% found them quite or very informative and for 70.1% the duration of the visit was adequate. The visit to the laboratories was the most interesting part for 34.3% of the students. As for acquired knowledge, 83.4% of the students answered correctly to more than half of the questions in the questionnaire. Students in their 11th school year showed more interest and answered correctly to more questions than did students of the 8th year. CONCLUSIONS: The results were, on the whole, satisfactory. However, due to the growing number of requests for visits, new strategies must be developed, including the training of teachers and of health care professionals. Further investment should be directed to students of the 11th school year, as their age is closer to the minimum accepted for blood donation. 11 INTRODUÇÃO Promover a dádiva de sangue é, no nosso entendimento, educar para o respeito e o compromisso com a saúde e com a vida e, sendo assim, insere-se nos objectivos mais abrangentes da Promoção da Saúde ao: promover e sensibilizar para a participação informada e a responsabilidade individual, para o empenhamento na sociedade civil, tanto no plano dos valores sociais como pessoais de uma vida saudável e activa; promover os comportamentos e estilos de vida saudáveis imprescindíveis a quem dá sangue; promover a saúde da comunidade através da melhor resposta às necessidades de sangue. NÚMERO 8 DEZEMBRO 2001 PROMOVER A SAÚDE, PROMOVENDO A DÁDIVA DE SANGUE Face a estes objectivos comuns importa pois educar a população em geral, mas particularmente os jovens e os profissionais de educação para uma cidadania saudável e participativa. Desde 1990 que o Centro Regional de Sangue de Lisboa (CRSL) tem privilegiado, de um modo regular e com solicitações crescentes, as actividades desenvolvidas junto dos jovens em idade escolar e dos jovens universitários com o objectivo de os sensibilizar e motivar para a dádiva de sangue numa perspectiva de promoção da saúde e educação para a cidadania. Destas actividades, algumas delas anteriores a 1990, salientamos as deslocações periódicas às Escolas secundárias e as visitas de estudo ao CRSL destinadas aos jovens do ensino secundário (8º e 11º ano de escolaridade) bem como a elaboração de um texto de apoio que lhes é entregue. Nestas visitas, os alunos acompanham o percurso do dador de sangue e da unidade doada, visitam os laboratórios e participam numa discussão dirigida que visa o aprofundar dos conhecimentos, o desenvolvimento de atitudes e valores sociais positivos bem como a aquisição de hábitos e condutas saudáveis. Ao longo deste processo surgem manifestações da vontade de também querer ser Dador. Propomo-nos dar a conhecer aos jovens os aspectos básicos do funcionamento do nosso corpo, nomeadamente do sangue e do sistema imunitário, reflectir sobre as consequências dos nossos actos e decisões pessoais para a saúde individual e colectiva, desenvolver a capacidade de manter e integrar bons hábitos de saúde e valorizar os benefícios que isso traz. Os conteúdos temáticos abordados nestas visitas são: 1. a Rede Nacional de Transfusão de Sangue, o papel do Instituto Português do Sangue e dos seus Centros Regionais; 2. o conceito de transfusão através dos tempos; 12 3. os constituintes do sangue e suas funções; 4. os grupos sanguíneos e provas de compatibilidade; 5. a dádiva de sangue e suas características; 6. os critérios necessários para ser dador de sangue com a abordagem do que é ser saudável e não ter comportamentos de risco neste contexto; 7. a separação da unidade de sangue doada nos seus componentes; NÚMERO 8 8. a importância do laboratório e das provas laboratoriais realizadas em Portugal. Não nos limitamos ao facto de transmitir conhecimentos sobre o que é vantajoso ou nocivo, procuramos incluir também o estímulo para o desenvolvimento de capacidades que ajudarão as pessoas a utilizar de forma responsável e eficaz os conhecimentos que receberam, pretendendo com isso colocar nas mãos dos jovens recursos que facilitem o desenvolvimento de atitudes responsáveis e participativas. Como é difícil avaliar mudanças de atitudes e comportamentos, até ao momento presente, limitámo-nos a avaliar os conhecimentos adquiridos após a visita, através do preenchimento de um questionário de avaliação. OBJECTIVOS Avaliar o interesse da Escola na realização de visitas de estudo ao CRSL. Avaliar a satisfação manifestada pelos alunos que visitaram o CRSL relativamente às visitas de estudo. Avaliar os conhecimentos dos alunos que participaram nas visitas de estudo ao CRSL MATERIAL E MÉTODOS Foi efectuado um estudo observacional descritivo, com uma pequena componente analítica, transversal e retrospectivo baseado nos registos de solicitações de visitas de estudo pelas Escolas ao CRSL e nas respostas aos questionários de avaliação dos alunos do 8º e 11ºano que as realizaram nos anos 2000 e 2001. O Ministério da Educação limita a actividade de visitas de estudo ao 2º período do ano lectivo. O CRSL aceita marcações de visitas de estudo durante esse período, às segundas e quintas-feiras, num máximo de duas marcações por Escola, 25 alunos por visita. O critério utilizado para a aceitação das marcações das visitas é o das primeiras Escolas que as solicitarem até atingir o limite disponível. Preenchidas as vagas existentes, todas as Escolas que contactem o CRSL com esta finalidade são colocadas em lista de espera. A visita tem um tempo total de duração de 3 horas, sendo uma hora dedicada a cada uma das fases que a constituem: discussão dirigida, na biblioteca circuito do dador e da unidade de sangue e visita aos laboratórios. DEZEMBRO 2001 PROMOVER A SAÚDE, PROMOVENDO A DÁDIVA DE SANGUE Após a visita, os alunos respondem a um questionário de avaliação, voluntário, anónimo e respondido sem recurso a qualquer consulta, durante o período de aulas. Estes são enviados posteriormente ao CRSL pelas Escolas. 3. Que provas se realizam para determinar os grupos sanguíneos. Porque se julgou útil, para futura adequação e planificação, compararam-se os resultados obtidos pelos alunos do 8º ano com os do 11º ano. 5. Onde se produzem e são eliminadas as células sanguíneas. POPULAÇÃO EM DE IINFORMAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO 6. A função das células sanguíneas. 7. Com que idade, peso e quantas vezes por ano se pode dar sangue. ESTUDO Definiu-se como população em estudo os alunos do 8º e 11º ano de escolaridade que realizaram visitas de estudo ao CRSL nos anos 2000 e 2001 e responderam aos questionários de avaliação, bem como as Escolas que solicitaram visitas ao CRSL nos mesmos anos. SUPORTE 4. De que grupo sanguíneo pode receber glóbulos vermelhos, um doente do grupo AB. DAS VARIÁVEIS Utilizou-se como suporte de informação a folha de registo de marcação de visitas de estudo e de Escolas em lista de espera bem como o questionário (Anexo 1) utilizado para a avaliação das visitas. Definiu-se interesse da Escola através de três tipos de indicadores: ocupação das datas disponíveis para a realização das visitas; Escolas em lista de espera (lista de Escolas que aguardam desistências das que estão marcadas) bem como novas solicitações nos anos seguintes por parte de Escolas que já efectuaram a visita. O questionário de avaliação é constituído por 2 partes. A primeira avalia a satisfação dos alunos relativamente à visita de estudo, nomeadamente as áreas de maior agrado, o interesse pela visita, os conhecimentos adquiridos e a duração da visita. A segunda parte é constituída por um questionário de 10 perguntas que avalia os conhecimentos dos alunos. O questionário dos alunos do 11º ano de escolaridade difere dos do 8º ano por apresentar uma questão a mais sobre hereditariedade. 8. Que comportamentos de risco impedem a dádiva. 9. Em que componentes se separa o sangue. 10. Que provas laboratoriais são feitas ao sangue doado. 11. Hereditariedade dos grupos sanguíneos. Apenas as questões cujos conteúdos estão referidos nas perguntas 5, 6, 8 e 11 abordam conhecimentos adquiridos no ensino escolar, as restantes questões abordam conhecimentos não adquiridos previamente. A fim de facilitar a análise dos resultados, o total de respostas correctas foram agrupadas em três categorias A, B e C. Classificação A quando o número de respostas certas foi superior ou igual a 75%; Classificação B quando o número de respostas certas foi superior a 50% e inferior a 75%; Classificação C quando o número de respostas certas foi inferior a 50%. TRATAMENTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Com as variáveis previamente codificadas procedeu-se à elaboração da matriz de dados e posterior tratamento informático. Uma primeira análise estatística, análise univariada, foi feita pelo estudo das frequências e percentagens através do programa SPSS. Utilizou-se análise bivariada e testouse a homogeneidade das distribuições usando o teste Qui-Quadrado. Trabalhou-se a um nível de significância p=0,05. Considerámos como variáveis em estudo as respostas às questões formuladas. Foi considerada correcta se estava de acordo com a informação fornecida. RESULTADOS INTERESSE DA ESCOLA As perguntas formuladas tinham o seguinte conteúdo: Todas as datas disponíveis para a realização de visitas de estudo foram ocupadas logo nas duas primeiras semanas do início dos anos escolares de 2000 e 2001. 1. Como é constituído o IPS. 2. Quem descobriu os grupos sanguíneos. NÚMERO 8 DEZEMBRO 2001 13 PROMOVER A SAÚDE, PROMOVENDO A DÁDIVA DE SANGUE No Ano 2000 QUADRO 2: ESCOLAS QUE RESPONDERAM AO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO EM Solicitaram visitas de estudo ao CRSL 24 Escolas, tendo ficado em lista de espera 8. Das Escolas que solicitaram visitas, 12 já o tinham feito em anos anteriores. Nº de alunos Percentagem Esc EB 2-3 Alto do Moinho 46 13,0 Realizaram-se 27 visitas de estudo ao CRSL, tendo participado nestas visitas 16 Escolas. Esc Sec Anselmo de Andrade 26 7,4 Esc Sec Azambuja 22 6,2 Das Escolas que visitaram a Instituição só 10 responderam ao questionário de avaliação, num total de 321 alunos (Quadro 1). Esc EB 2-3 Bartolomeu Dias 29 8,2 Esc Sec D. Dinis 36 10,2 Esc Sec Lumiar 18 5,1 Esc Sec Fernando Lopes Graça 51 14,4 Esc Sec Gago Coutinho 20 5,7 Esc Sec Herculano Carvalho 15 4,2 QUADRO 1: ESCOLAS QUE RESPONDERAM AO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO EM 2000 Escolas Escolas Nº de alunos Percentagem Esc EB 2-3 Anselmo de Andrade 47 14,6 Colégio José Álvaro Vidal 39 11,0 Esc EB 2-3 Bom Sucesso 41 12,8 Esc EB 2-3 Padre Abílio Mendes 18 5,1 Esc EB 2-3 Castanheiras 33 10,3 Esc EB 2-3 da Terrugem 33 9,3 Esc EB 2-3 Ramada 20 6,2 Total 353 100,0 Esc Bucelas 40 12,5 Esc C+S Sta Iria Azóia 25 7,8 Esc EB 2-3 Matilde Rosa Araújo 28 8,7 Esc Sec Caneças 13 4,0 Esc Sec S João Talha 43 13,4 Esc Sec Lumiar 31 9,7 Total 321 100,0 A distribuição do alunos que responderam ao questionário por ano de escolaridade foi a seguinte: 200 alunos do 8º ano - 62,3%. 121 alunos do 11º ano- 37,7%. A amostra total em estudo é constituída por 674 alunos do 8º e 11º ano de escolaridade que realizaram visitas ao CRSL em 2000 e 2001 e responderam ao questionário de avaliação. A O PINIÃO DOS QUE NOS VISITARAM Fase da Visita que Mais Agradou aos Alunos A fase que mais agradou aos alunos foi a visita aos laboratórios, com 34,3% das preferências, seguida da discussão dirigida na biblioteca (29,8%) (Quadro 3). Interesse da Visita de Estudo O interesse demonstrado pelos alunos foi "bastante" (48,3%) seguido de muito perto por "muito" com 42,8% (Quadro 4). No Ano 2001 14 2001 Solicitaram visitas de estudo 28 Escolas, tendo ficado em lista de espera 12. Das Escolas que solicitaram visitas, 19 já o tinham feito em anos anteriores. Realizaram-se 28 visitas de estudo ao CRSL tendo participado nestas visitas 16 Escolas. Das Escolas que visitaram a Instituição, 12 responderam ao questionário de avaliação num total de 353 alunos sendo 187 alunos do 8º ano (53%) e 166 alunos do 11º ano (47%) (Quadro 2). NÚMERO 8 O interesse demonstrado pelos alunos do 11º ano foi superior ao demostrado pelos do 8º ano de escolaridade. Estas diferenças não foram estatisticamente significativas (Quadro 5). Conhecimentos Adquiridos na Visita de Estudo Os alunos consideraram ter adquirido bastantes conhecimentos na visita de estudo (Quadro 6). DEZEMBRO 2001 PROMOVER A SAÚDE, PROMOVENDO A DÁDIVA DE SANGUE QUADRO 3: QUADRO 6: FASE DA VISITA QUE MAIS AGRADOU AOS ALUNOS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS NA VISITA DE ESTUDO Frequências Percentagem Percentagem Válida Biblioteca 191 28,3 29,8 Circuito 111 16,5 Laboratório 220 Bibl e Circ Frequências Percentagem Percentagem Válida pouco 5 7 8 17,3 algum 139 20,6 20,9 32,6 34,3 bastante 314 46,6 47,3 9 1,3 1,4 muito 206 30,6 31,0 Bibl e Lab 18 2,7 2,8 Total 664 98,5 100,0 Circ e Lab 16 2,4 2,5 10 1,5 Tudo 76 11,3 11,9 674 100,0 Total 641 95,1 100,0 33 4,9 674 100,0 ns/nr Total QUADRO 4: ns/nr Total Mais uma vez os alunos do 11º ano consideraram ter adquirido mais conhecimentos do que os do 8º. Também neste caso as diferenças encontradas não foram estatisticamente significativas (p>0,05) (Quadro 7). QUADRO 7: INTERESSE DA VISITA DE ESTUDO CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS EM FUNÇÃO DO ANO DE ESCOLARIDADE Frequência Percentagem Percentagem Válida pouco 5 0,7 0,8 algum 54 8,0 8,1 bastante 322 47,8 muito 285 Total ns/nr Total QUADRO 5: bastantes ou muitos 8º Ano 89 291 380 48,3 11º Ano 55 229 284 42,3 42,8 Total 144 520 664 666 98,8 100,0 8 1,2 674 100,0 Duração da Visita de Estudo ESCOLARIDADE Ano de Escolaridade Total Relativamente à duração da visita de estudo: 70,1% consideraram a duração suficiente. 18,5% consideraram a visita extensa. 11,4% consideraram pouco tempo. As diferenças encontradas entre os alunos do 8º ano e os do 11º em função da duração da visita não foram estatisticamente significativas. (Quadro 8) Avaliação dos Conhecimentos Adquiridos 8º Ano 11º Ano 40 19 59 bastante ou muito 341 266 607 Total 381 285 666 pouco ou algum Total poucos ou alguns INTERESSE DEMONSTRADO EM FUNÇÃO DO ANO DE Interesse demonstrado Conhecimentos adquiridos Ano de escolaridade NÚMERO 8 As respostas às perguntas estão resumidas no Quadro 9. A pergunta sobre as funções das células sanguíneas, a constituição do IPS e as provas laboratoriais que se DEZEMBRO 2001 15 PROMOVER A SAÚDE, PROMOVENDO A DÁDIVA DE SANGUE efectuam ao sangue doado, foram as que maior percentagem de respostas certas apresentaram. A primeira referente a conhecimentos adquiridos no ensino escolar, as duas últimas referentes a conhecimentos não adquiridos previamente. QUADRO 8: DURAÇÃO DA VISITA DE ESTUDO EM FUNÇÃO DO ANO DE ESCOLARIDADE CLASSIFICAÇÃO EM FUNÇÃO DO ANO DE ESCOLARIDADE Classificação B C 163 139 85 387 42,1 35,9 22,0 100,0 % relativa a classif. 56,0 51,3 75,9 57,4 Frequências 128 132 27 287 44,6 46,0 9,4 100,0 Frequências Total pouca suficiente extensa 8º Ano 48 265 68 381 % relativa a classif. 44,0 48,7 24,1 42,6 11º Ano 28 202 55 285 Frequências 291 271 112 674 Total 76 467 123 666 43,2 40,2 16,6 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 11º Ano % relativa ao ano Total % relativa ao ano % relativa a classif. QUADRO 9: % 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Perg 1 Correctas 90,4 Incorrectas 7,0 2,6 ns/nr RESPOSTAS AO QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO Os alunos do 11º ano apresentaram melhores classificações do que os alunos do 8º ano e estas diferenças foram estatisticamente significativas (p<005). Perg 2 75,7 22,6 1,7 Perg 3 48,4 15,6 36,0 Perg 4 65,9 33,8 0,3 Perg 5 60,4 26,4 13,2 Perg 6 96,3 3,3 0,4 Perg 7 72,6 24,6 2,8 Perg 8 43,2 50,0 6,8 Perg 9 64,4 30,9 4,7 Perg 10 76,3 16,8 6,9 Perg 11 59,6 33,1 7,3 Perguntas 16 Total A 8º Ano % relativa ao ano Duração da Visita Ano de escolaridade QUADRO 10: A pergunta sobre que provas se efectuam para determinar os grupos sanguíneos e a que interroga sobre que comportamentos de risco são impeditivos para a dádiva, foram as que menos correctamente foram respondidas pelos alunos. No entanto, apesar de em ambas o número de respostas certas ser inferior a 50%, a primeira pergunta falha por ter um número elevado de "não sabe/não responde" enquanto que a outra falha por ter muitas respostas incorrectas. DISCUSSÃO As Escolas têm demonstrado bastante interesse na realização de visitas de estudo ao CRSL, principalmente se tivermos em linha de conta que o crescimento das solicitações apenas se deve à divulgação feita pelos professores e pelas Escolas. Não há qualquer outro tipo de divulgação. A avaliação da satisfação manifestada pelos alunos, relativamente à visita de estudo, permite uma melhor adequação dos procedimentos a adoptar no futuro. Daí que se encare a necessidade de reduzir a duração da visita, uma vez que cerca de 1/5 dos alunos a considera extensa, bem como dedicar mais tempo ao laboratório, uma vez que foi esta fase que foi de mais agrado. Cerca de 83,4% (classificação A=43,2%, classificação B=40,2%) dos alunos obtiveram classificações superiores a 50% das respostas correctas. Este trabalho constitui a fase exploratória, isto é, um estudo prévio com vista à realização de um estudo posterior em que serão comparados os conhecimentos existentes previamente com os adquiridos após a visita. Deste modo, o presente estudo apenas permite avaliar os conhecimentos após a visita e não os adquiridos. A avaliação dos conhecimentos adquiridos em função do ano de escolaridade foi a que consta do Quadro 10. No entanto, se é importante avaliar a alteração dos conhecimentos após a visita com o objectivo de avaliar a eficácia AVALIAÇÃO GLOBAL NÚMERO 8 DEZEMBRO 2001 PROMOVER A SAÚDE, PROMOVENDO A DÁDIVA DE SANGUE da mesma, é igualmente importante conhecer o nível de conhecimentos dos alunos que lhes permitam desenvolver capacidades para mudar comportamentos e atitudes. Avaliar a mudança de comportamentos e atitudes face à dádiva de sangue é também possível e está nos nossos horizontes, através da introdução de um destacável no manual de apoio às visitas de estudo, que será entregue nos locais de colheita, caso o aluno decida candidatar-se à dádiva de sangue. Esta avaliação tem, no entanto, limitações, uma vez que a sua eventual eficácia apenas se pode aplicar aos alunos do 11º ano, mais próximos da idade mínima de aceitação para a dádiva. De qualquer forma, nas respostas aos seus questionários, 78,3% dos alunos consideraram ter adquirido bastantes ou muitos conhecimentos. No que se refere à avaliação dos conhecimentos, mais de 80% dos alunos tiveram "nota positiva" (responderam correctamente a mais de metade das perguntas). As perguntas que pareceram ser mais fáceis de responder foram as que se prendem com o local da visita (como é constituído o IPS) e com alguns dos conhecimentos adquiridos no ensino escolar. Com que idade, peso e quantas vezes por ano se pode dar sangue, avaliando pelo número de respostas certas (72,6%), parecer ter sido apreendido, tal como era objectivo da visita. Este é um conhecimento não adquirido previamente no ensino. A pergunta sobre a designação do nome dos testes que se realizam para determinar os grupos sanguíneos parece ser demasiado teórica, uma vez que o número de "sem resposta" (ns/nr) é elevado, o que contrasta com as respostas correctas à pergunta seguinte, que interroga sobre conceitos práticos da compatibilidade de grupos sanguíneos. Estas duas questões não são adquiridas no ensino escolar. Apesar de poder impressionar o número de respostas incorrectas à questão sobre comportamentos de risco incompatíveis com a dádiva de sangue (tema em que os alunos são alvo de muita informação e debate), estes resultados são fruto do rigor colocado na correcção das respostas. A título explicativo considerou-se errado sempre que múltiplos parceiros(as) sexuais era erradamente designado por múltiplas relações sexuais. NÚMERO 8 De referir que o interesse demonstrado e os conhecimentos que referem ter adquirido os alunos do 11º ano de escolaridade, embora sem significado estatístico, é superior aos do 8º ano. As classificações obtidas na avaliação de conhecimentos pelos alunos do 11º ano foram superiores às classificações obtidas pelos alunos do 8º ano, tendo esta diferença significado estatístico. A maior parte destes conhecimentos avaliados não são objecto de leccionação nas aulas. Apenas 4 em 11 perguntas se referem a conhecimentos adquiridos no ensino. Este facto leva-nos a interrogar sobre o investimento a efectuar com as visitas de estudo aos alunos do 8º ano, principalmente se considerarmos que os do 11º ano se encontram mais próximos da idade mínima de aceitação para a dádiva de sangue. CONCLUSÕES Os resultados foram globalmente satisfatórios e correspondem à percepção já existente que levou o CRSL a alargar a sua intervenção junto da comunidade escolar. Face ao aumento de solicitações das Escolas Secundárias, às quais se torna impossível dar resposta, foram desenvolvidas novas estratégias, que envolvem a formação de formadores, educadores e profissionais de saúde, bem como a elaboração de um novo manual de apoio. Enquadram-se nestas novas estratégias os contactos com o Ministério da Educação para a introdução da promoção da dádiva nos curricula escolares, a sensibilização dos profissionais das Escolas Superiores de Educação, a formação dos profissionais de saúde (equipas de saúde escolar) e a formação dos elementos da Equipa de Apoio Local da Rede Nacional de Escolas Promotoras de Saúde (RNEPS) da Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Os médicos e enfermeiros dos Cuidados de Saúde Primários para além da sua intervenção junto dos jovens nas equipas de Saúde Escolar, através do seu contacto diário com uma população muitas vezes saudável que acorre a consultas de vigilância de saúde, podem ser vectores privilegiados junto da mesma e importantes intervenientes na decisão de dar sangue pelo reforço positivo ou negativo. No âmbito do Protocolo de Cooperação estabelecido em 1999 entre o Instituto Português do Sangue/Centro Regional de Sangue de Lisboa e a Administração Regional de DEZEMBRO 2001 17 PROMOVER A SAÚDE, PROMOVENDO A DÁDIVA DE SANGUE Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, desenvolveu-se um programa de formação para profissionais de saúde, que se iniciou em 2000. Este programa prevê a realização de acções de formação em cada uma das onze Unidades de Saúde da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, tendo até ao momento tido lugar três, e conta com a colaboração dos Serviços de Imuno-hemoterapia de cada Unidade de Saúde. Apesar de ainda não ter sido possível com este trabalho avaliar os conhecimentos adquiridos com a visita de estudo, avaliámos, no entanto, os conhecimentos dos alunos que lhes permitem desenvolver capacidades para mudar comportamentos e atitudes. Os alunos do 11º ano demonstraram mais interesse, referiram ter adquirido mais conhecimentos (embora sem diferenças estatisticamente significativas) e apresentaram melhores classificações (estatisticamente significativo) que os alunos do 8º, daí que nos interroguemos sobre o investimento a efectuar com as visitas de estudo a estes alunos, principalmente se considerarmos que os do 11º ano se encontram mais próximos da idade mínima de aceitação para a dádiva de sangue BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Flores J e col. Evaluación mediante encuesta de la campana de donación de sangre en la Universidad de Santiago de Compostela. Abstracts VII Congresso Nacional SETS 1996;575. Grifol J. Como Promocionar la Donación de Sangre, 1991. Ministério da Educação. Programa Didáctico – a Adolescência e Tu. Arbora & Ausonia 2000. Paixão MLL. Educar para a cidadania. Lisboa Editora; Maio 2000. Promotion and maintenance of voluntary, non-remunerated blood donation. Proceedings of the European School of Transfusion Medicine Residential Course, 1996. AUTORES: Maria Antónia Escoval, Luis Negrão, Gracinda de Sousa, Centro Regional de Sangue de Lisboa. Correspondência: Dra Maria Antónia Escoval e Dr Luis Negrão, Centro Regional de Sangue de Lisboa, Parque da Saúde de Lisboa Pav. 17, Av. do Brasil 53, 1749-005 Lisboa (Portugal). 18 NÚMERO 8 DEZEMBRO 2001 PROMOVER A SAÚDE, PROMOVENDO A DÁDIVA DE SANGUE ANEXO 1 AVALIAÇÃO Para podermos aperfeiçoar e melhorar as visitas de estudo, necessitamos saber se os conhecimentos que estamos a transmitir estão a ser correctamente entendidos. Queremos saber o que aprendeste. Não és tu que vais ser avaliado, não vão haver notas, não vai haver nem o melhor nem o pior. Somos nós que vamos ser avaliados e tu vais ajudar-nos a sermos melhores. Responde, por favor, individualmente, às questões que te vamos colocar. Obrigado Luis Negrão, Maria Antónia Escoval AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS 1 - Preenche os espaços de forma a dar sentido à frase. 5 - Preenche os espaços de forma a dar sentido à frase. O ________ é o organismo máximo que coordena a Rede Nacional de Transfusão Sanguínea. As células sanguíneas são produzidas na __________ __________. É lá que amadurecem antes de serem lançadas na circulação sob a forma de glóbulos_______, ___________ e __________. Os glóbulos vermelhos duram cerca de 120 dias e quando chegam a "velhos", o _______ é o órgão que os remove da circulação. Actualmente, ele é constituído por 3 Centros Regionais: Centro Regional de Centro Regional de Centro Regional do Hoje visitei o 6 - Faz corresponder cada célula a um tipo de função: Célula 2 - Quem descobriu a existência dos Grupos Sanguíneos (laureado por isso com o Prémio Nobel da Medicina): ■ Lower ■ Blundell ■ Landsteiner Prova ______ (identifica as substâncias existentes na membrana do glóbulo vermelho) Prova ______ (identifica os anticorpos existentes no soro/plasma) 4 - Um doente do grupo AB pode receber glóbulos vermelhos de que grupo? o o o o Grupo Grupo Grupo Grupo Defesa do organismo Participação na coagulação Transporte de oxigénio 7 - Preenche os espaços de forma a dar sentido à frase. 3 - Que provas se realizam para determinar os grupos sanguíneos do sistema AB0? ■ ■ ■ ■ G. Vermelho G. Branco Plaqueta Função A B AB 0 As pessoas em boas condições de saúde e com hábitos de vida saudável, com idade compreendida entre os______ e os _______ anos, com mais de _______ Kg de peso, podem efectuar a sua dádiva de sangue. Os homens podem dar ____ vezes por ano enquanto que as mulheres podem dar ____ vezes por ano. 8 - No sentido de proteger a saúde do receptor (o doente que está no hospital) o dador deve ter hábitos de vida saudável, não ter comportamentos de risco para as doenças transmissíveis pelo sangue. Daí que o dador não pode: ser ______________________; ser ______________________; e ter múltiplos _________________________ NÚMERO 8 DEZEMBRO 2001 19 PROMOVER A SAÚDE, PROMOVENDO A DÁDIVA DE SANGUE 9 - O sangue depois de doado é separado nos seguintes componentes: AVALIAÇÃO DA VISITA A visita de estudo ao Centro Regional de Sangue de Lisboa, realizada pela Escola_______________________no dia ___/____/2000 teve 3 fases diferentes: 1 - A discussão dirigida na biblioteca; 2 - O circuito do dador e da unidade de sangue; 3 - Visita ao(s) laboratório(s) _________________________ _________________________ _________________________ 10 - Tendo em vista a segurança transfusional, todas as unidades de sangue doadas são analisadas para as seguintes doenças transmissíveis: S________ H______________ H_________________ S__________ Na tua opinião, qual a que mais te agradou? ___________________________________ Relativamente à visita e numa perspectiva global consideras que: O interesse foi 11 - Um pai homozigótico de A e uma mãe heterozigótica de B, que percentagem (%) de filhos dos grupos A ________% B _______% podem ter? Os conhecimentos adquiridos foram: ■ ■ ■ ■ AB ________% 0_______% PAI 20 ■ ■ ■ ■ A duração foi MÃE NÚMERO 8 DEZEMBRO 2001 pouco algum bastante muito poucos alguns bastantes muitos ■ pouco tempo ■ suficiente ■ extenso