SUMÁRIO CAPA JUNHO 2008 PRODUÇÃO Performance CG FOTOS Caju: Sindicaju Goiaba: Predilecta Banco de Imagens do Ibraf 27 07 14 ENTREVISTA 33 07 COM CRESCIMENTO, SEM UNIÃO Silvio Tavares de Melo, diretor-presidente da indústria de sucos DaFruta, analisa o setor de sucos e seus principais desafios. FRUTAS FRESCAS 14 SUPERFRUTAS Categorizadas como superalimentos, as superfrutas podem se tornar uma nova oportunidade de negócio para produtores e agroindústrias nacionais. COOPERATIVISMO 18 ASSOCIAÇÕES FRUTÍFERAS O cooperativismo fortalece a fruticultura e o fruticultor nas localidades onde atua, agindo como norteador de ações desde a produção até a venda dos produtos. SEÇÕES 04 06 10 Panorama dos principais acontecimentos do trimestre. 12 30 Polinizadores são essenciais na formação dos frutos e precisam de habitat para permanecer na propriedade agrícola. opinião Diretor Executivo da Aenda (Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos), Tulio Teixeira de Oliveira, analisa a questão dos limites máximos de resíduos em hortifrutis. 37 agenda Acontecimentos do trimestre. 38 eventos Novos mercados nas feiras Gulfood e FHA. 41 artigo técnico Novas técnicas de enxertia aceleram produção de mudas da figueira e facilitam introdução de novas variedades em alternativa ao monocultivo do “Roxo de Valinhos”. MEIO AMBIENTE 33 DE FLOR EM FLOR tecnologia Uso de fitorreguladores pode mudar características, acelerar ou retardar o crescimento de frutas. AGROINDÚSTRIA Além da produção de castanhas, o caju oferece outras alternativas para a agroindústria, como pasta, hambúrguer e até ração. no pomar Novas opções de citros e maracujás, hora de cuidar do melão, Brasileiríssima, uvaia. 36 27 NEGÓCIOS DO CAJU editorial espaço do leitor campo de notícias 44 45 46 campo & cultura classificados fruta na mesa Laranja, pura vitamina. editorial COLHEITA E PLANTAÇÃO Caros leitores, Aqui na redação, o clima é de alegria com a colheita dos resultados da pesquisa de satisfação respondida por vocês. Foi bom saber que estamos levando as informações que vocês precisam e receber suas sugestões. Agora, nossa responsabilidade com a próxima safra de notícias fica muito maior. Mas vamos lá! Nesta edição, trazemos na entrevista um ícone da agroindústria no Brasil, Sílvio Tavares de Melo, da Dafruta, mostrando os principais desafios do setor. Vamos mostrar que a beleza de insetos pousando de flor em flor precisa ser ampliada para que a polinização natural aconteça em benefício da produtividade do pomar, que terá seus custos de produção reduzidos. A natureza preservada em suas diversas características ajuda – e sempre – o próprio homem, que é parte dela e sem ela não vive. De olho no futuro, mostramos a tendência internacional de consumo de sucos e frutas com poderes nutricionais excepcionais: as superfrutas, entre elas, as nativas goiaba e açaí. Por falar em fruta nativa, nada mais brasileiro que o caju e toda sua agroindústria do suco, da polpa, da castanha e as novas possibilidades de uso, como hambúrgueres, pastas e até ração. A fruticultura, que movimenta a economia e fixa o homem no campo, traz bons exemplos de associativismo e cooperativismo. De norte a sul, casos de sucesso de pequenos produtores que, reunidos, conseguiram comprar insumos mais baratos, ganharam competência profissional com técnicas e orientações e, principalmente, conseguiram vender melhor seus produtos. Plantaram união e colheram resultados, colocando na prática o velho e verdadeiro ditado popular de que a “união faz a força”. Um forte abraço a cada um de vocês. Boa leitura e até a próxima edição, se Deus quiser. Marlene Simarelli Editora [email protected] fale conosco REDAÇÃO para enviar sugestões, comentários, críticas e dúvidas [email protected] ASSINATURA a assinatura é gratuita e para solicitar seu exemplar [email protected] ou pelo telefone (11) 3223-8766 ANUNCIOS para anunciar na Frutas e Derivados [email protected] ou pelo telefone (11) 3223-8766 6 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Daniel Marçal Coordenador da Biblioteca Cefet Faz. Palmital - Zona Rural, Urutaí – GO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ESCREVA PARA Endereço: Av. Ipiranga, 952 • 12º andar CEP 01040-906 • São Paulo/SP Fax: (11) 3223-8766 ○ ○ Darana Kelly Tramujas da Silva Monte Castelo – SC ○ “G ostaria de parabenizar toda a equipe da revista Frutas e Derivados pelo seu aniversário. É uma publicação muito importante para mim, já que sou engenheira agrônoma e trabalho com assistência técnica em fruticultura.” ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ “Tomei conhecimento da revista Frutas e Derivados pela professora Gizelda, do Centro Federal de Educação Tecnológica, de Urutaí. Segundo o colegiado dessa instituição, a revista é de grande importância para compor o acervo de periódicos de nossa biblioteca, para fornecer mais informações sobre fruticultura e processamento de frutas aos nossos professores e alunos.” ○ Jean-Jacques Gallon Engenheiro Agrônomo, Valinhos – SP ○ ○ ○ ○ “É com grata surpresa que venho recebendo a revista Frutas e Derivados. Considero-a um veículo amplo e plurirregional, com matérias interessantes a toda cadeia produtiva. Simples e objetiva, vem ao encontro do principal objetivo da extensão rural, com artigos atualizados a respeito da realidade que o País luta incessantemente para consolidar: uma fruticultura brasileira forte e competitiva dentro e fora de suas fronteiras.” ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Lilian Cruz Engenheira Agrônoma, Cuiabá – MT ○ ○ “Achei a revista Frutas e Derivados muito interessante. A publicação é uma rica fonte de informações para minha profissão.” ○ ○ ○ ○ Marco Antônio Karam Lucas Professor da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Bagé – RS ○ “ F iquei encantado com o conteúdo e o visual da Frutas e Derivados. A revista será uma das minhas principais fontes de consulta para elaboração das aulas de Gestão do Agronegócio na área de fruticultura e para a minha constante atualização na área. Será fonte de consulta dos alunos para trabalhos relacionados à análise das cadeias produtivas na área de fruticultura e nos estudos de caso.” ○ ESPAÇO DO LEITOR E-mail: [email protected] ENTREVISTA DAFRUTA SILVIO TAVARES DE MELO COM CRESCIMENTO, SEM UNIÃO Marlene Simarelli A trajetória profissional e a vida de Silvio Tavares de Melo estão intimamente ligadas à indústria de sucos no Brasil. Em 1953, sua família fundou a Maguary, em Pedras de Fogo, Paraíba. Um ano depois, ele começou a trabalhar na empresa, onde permaneceu até a sua venda, em 1984. No mesmo ano, fundou a Dafruta. Com sede em Recife (PE), representação comercial em 18 Estados, a Dafruta possui capacidade instalada para 50 milhões de litros em suas fábricas de Aracati (CE) e Araguari (MG), e um faturamento anual de cerca de R$ 90 milhões. O foco da empresa é levar ao consumidor sucos com sabor de frutas nacionais, como pitanga, tamarindo, graviola, caju, maracujá, abacaxi, além de outros oito sabores. A linha de produtos divide-se em sucos integrais, sucos prontos para beber e polpas e sucos semi-elaborados, destinados principalmente à exportação. A empresa possui selo ISO 9001/ 2000; participa do SGF (sistema de controle SGF) e do Manhattan Internacional Kansas, programa de melhoramento e de manutenção da segurança ali- mentar. A Dafruta emprega 400 pessoas, gerando empregos indiretos para 3 mil, desde produtores, colhedores, transportadores, entre outros. Nesta entrevista, Tavares de Melo faz uma análise do setor de sucos e seus principais desafios. Frutas e Derivados - Como analisa o crescimento da indústria de sucos? Silvio Tavares de Melo - A indústria tem tido muito crescimento, principalmente no segmento de sucos prontos para beber. Cresceu também em relação aos produtos à base de soja e frutas, embora não sejam considerados sucos. Quanto a nós, também tivemos um aumento na demanda por sucos integrais. De modo geral, a indústria cresce de 15% a 20% ao ano. Frutas e Derivados - O crescimento foi prejudicado com a entrada de grandes empresas? Silvio Tavares de Melo - Em minha opinião, não. Ao contrário, fazem uma pressão muito grande no mercado, impulsionando o crescimento. 7 ENTREVISTA JOÃO SAMPAIO SILVIO TAVARES DE MELO Logicamente, isto implica mais concorrência, mas que traz benefícios. Frutas e Derivados - E a variação do dólar, como influencia o setor? Silvio Tavares de Melo - Com a queda do dólar, a situação está muito ruim, o que acaba influenciando e destruindo o trabalho que fazemos no Exterior. Temos matérias-primas, cujos preços foram corrigidos em dólar. Os produtos manufaturados sofreram aumento de custo com redução de preços. Com este panorama de custos subindo e o dólar baixando, imagine que pressão a gente sente! Frutas e Derivados - O mercado de sucos tende a crescer ou a estagnar? Silvio Tavares de Melo - Tende a crescer muito. Primeiro, porque o uso de frutas e dos sucos está sendo muito divulgado, levando ao menor consumo de refrigerante. O apelo para uma vida mais saudável, com o incentivo ao uso de bebidas funcionais, é um dos fatores do crescimento. Mesmo assim, o percentual de consumo no Brasil é muito pequeno ainda – apenas 3 a 4 litros por habitante/ano, em média. Na Argentina, o consumo é de mais de 10 litros por habitante/ano, que é pequeno também quando comparado com a quantidade consumida na Alemanha, que é mais de 40 litros por habitante/ano. “No Brasil, suco e fruta sempre foram tratados em segundo plano.” Frutas e Derivados - Porque o Sr. acredita que a indústria continuará crescendo? Silvio Tavares de Melo - À medida que a qualidade do suco pronto para beber vai melhorando, o consumo vai crescendo. O mercado dispõe de uma variedade muito maior do que há alguns anos, quando só havia o suco de laranja. Começaram a emergir outros sabores, como manga, uva, pêssego, caju, maracujá; light, sem ser light, e assim o mercado vai crescendo. Frutas e Derivados - Qual o principal problema que o setor enfrenta? Silvio Tavares de Melo - Está havendo uma guerra com o surgimento de muitas marcas novas. Os preços são totalmente aviltados. Veja o caso do suco de caju. É o suco com preço mais aviltado no 8 mundo. Temos uma garrafa de suco de caju concentrado, que rende cinco litros de refresco, sendo vendida em alguns lugares a menos de R$ 1,00 a garrafa. Em termos de custo/benefício, para o consumidor, não há suco mais barato no mundo. Há cinco anos não há aumento de preço na hora da empresa vender. E ele está num processo incrível: quanto mais barato vende, mais estimula a venda, em detrimento de outros sucos, que são bons também. Frutas e Derivados - E esse aumento de vendas não é bom? Silvio Tavares de Melo - Não é bom porque dá prejuízo para a empresa. Frutas e Derivados - Então por que continuar vendendo a preços baixos? Silvio Tavares de Melo - Porque não se pode vender outros sucos, sem vender o de caju - estou falando de suco concentrado. É o que vende mais, em volume. Há empresas que vendem mais de 70% de seus sucos somente de caju. Frutas e Derivados - Quais desafios o Brasil enfrenta para aumentar o consumo de sucos? Silvio Tavares de Melo - Acredito que é preciso fazer mais marketing, embora as empresas já façam. Também precisamos de ajuda das autoridades. Veja a questão dos sucos tropicais. Tínhamos conseguido junto ao Ministério da Agricultura a criação de um suco tropical por conta de frutas, como goiaba, maracujá e manga, para isenção de impostos, como ocorre com os sucos. Agora, a Receita (Federal) não quer aceitar mais a formulação de sucos tropicais porque alega que a composição leva água e, por isso, temos que pagar IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Com alguns tipos de frutas tem que se fazer o néctar, onde temos incidência de 5% de IPI, encarecendo o produto. No Brasil, suco e fruta sempre foram tratados em segundo plano. Se as autoridades deste País compreendessem que a cadeia de frutas ocupa muita gente no campo e na indústria, isto desapareceria. No tempo em que estava na Maguary, os técnicos da Sudene demonstraram que para um emprego direto na indústria de sucos eram gerados oito empregos indiretos, para se ter uma idéia. A fruticultura gera empregos e fixa o homem no campo. Mas quem vai pensar assim? Frutas e Derivados - O que deve ser feito para resolver este problema? Silvio Tavares de Melo - Primeiro, a Receita deve eliminar a cobrança deste imposto, que é prejudicial à indústria de suco. Mas como mudar? Não ENTREVISTA tem quem tenha força e lidere um movimento deste. No Brasil, ninguém se une. Quer um exemplo? A ASTN (Associação das Indústrias Processadoras de Frutas Tropicais) está com problema. Ela representa os produtores de sucos tropicais. Foi fundada há mais de 30 anos. Algumas empresas criaram uma nova associação, mas que não é reconhecida como representante do grupo pelo Ministério da Agricultura, pois o Ministério trata a ASTN como representante. Queremos unir e formar um todo. Já tentamos juntar as duas associações, mas não se consegue. Frutas e Derivados - Como analisa a cadeia produtiva de sucos? Silvio Tavares de Melo - Ainda falta organização e estratificação. Quem é produtor deve ser só produtor; processador deve ser só processador. Compramos alguns tipos de sucos para reprocessar e também compramos frutas porque falta processador para mais frutas. A Dafruta processa muita fruta, mas não deveria fazer isso. Somos reprocessadores e deveríamos fazer só isso. Falta esta estratificação ainda, que é importante para a cadeia se juntar, para ter um intercâmbio e solidariedade uns com os problemas dos outros. Precisamos nos juntar para garantir compras e garantir que esta cadeia de produtores rurais e processadores cresça, tendo uma indústria reprocessadora como um lastro para eles venderem o seu produto. Neste elo está faltando entendimento e dedicação. Todo mundo quer tirar vantagem de todo mundo. É uma loucura. Frutas e Derivados - Em seu ponto de vista, como se pode organizar a cadeia, reunindo produtores, processadores e indústria? Silvio Tavares de Melo - Só pode haver organização da cadeia com decisão e interesse. Senão fica como o camarada que deixa de fumar e nunca deixa. Hoje falta atitude e comprometimento. Frutas e Derivados - O consumidor diferencia bem o néctar do suco? Silvio Tavares de Melo - Não. O consumidor nem sabe o que é isso. Ele pensa que néctar é melhor do que suco. Tanto que o Carrefour queria que fizéssemos um produto com a marca dele, mas usando a nomenclatura néctar, preferindo pagar o imposto, exatamente por causa do que o consumidor pensa. Frutas e Derivados - Qual a forma do consumidor saber a diferença? Silvio Tavares de Melo - É preciso uma campanha, mas quem vai gastar dinheiro para explicar DAFRUTA SILVIO TAVARES DE MELO Silvio Tavares de Melo, na fábrica da Dafruta o que é néctar e o que é suco? Tem até aquela expressão “néctar dos deuses”. A palavra néctar dá a impressão do supra-sumo das coisas, crema da crema, como dizem os italianos. Frutas e Derivados - As indústrias de sucos têm matéria-prima suficiente para produção? Silvio Tavares de Melo - Há dúvidas. Como o consumo e o volume dos sucos são pequenos, então, fica a dúvida. Diferente do suco de laranja, que é um volume enorme. O maracujá vive uma situação instável desde a época da fundação da Maguary: com muita produção em um ano e pouca em outro, levando o preço na estratosfera. Hoje, a situação está melhor. Mas, às vezes, há falta por conta das condições da natureza, o que é muito sério. O pêssego é um exemplo. De dois anos para cá, o preço dele na Argentina e no Chile subiu 100%. Por que houve falta? É porque o clima, às vezes, não ajuda e cai a produção. O maracujá, este ano, está bem mais caro. O caju é um produto que sobra, porque ninguém planta para o suco, mas para a castanha. Frutas e Derivados - Como é a oferta de matéria-prima para os sucos de graviola e pitanga que a Dafruta produz? Silvio Tavares de Melo - Estas são frutas de balaio, como se diz no folclore. Fizemos o primeiro plantio de pitanga do Brasil em Bonito (PE), perto de Bezerros, há muitos anos. Lá, a Maguary chegou a ter uma fábrica com mil funcionários, que foi desativada após a venda. A Dafruta compra polpa de pitanga daquela região, mas a polpa de graviola vem do Ceará. Nesses casos, nós processamos as frutas. Frutas e Derivados - O que o setor precisa fazer para melhorar? Silvio Tavares de Melo - É tanta coisa... Mas primeiro precisa organização e união. Cooperativas, aqui no Brasil, até a de Cotia, que era fortíssima, faliu. 9 CAMPO DE NOTÍCIAS Daniela Mattiaso Morango é Fruta com Maior Quantidade de Agrotóxicos, Segundo Anvisa Dentre as frutas analisadas pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), coordenado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em parceria com as Secretarias Estaduais de Saúde, o morango apresentou o maior número de amostras irregulares referentes aos resíduos de agrotóxicos, durante 2007. Segundo dados da pesquisa, os problemas detectados na análise das amostras da fruta foram teores de resíduos acima do permitido e o uso de agrotóxicos não autorizados, como a presença do metamidofós. Outras quatro frutas foram avaliadas pelo programa, entre elas maçã, banana, mamão e laranja. A pesquisa revelou redução no número de amostras com resíduos de agrotóxicos na maçã. A fruta, que chegou a apresentar índice de 5,33%, fechou 2007 com incidência de 2,9%. O objetivo do Para, criado em 2001, é manter a segurança alimentar do consumidor e a saúde do trabalhador rural. O Programa também avaliou verduras e legumes em 16 estados. Há previsão de que até 2009, a pesquisa seja feita em todo o País. A escolha dos itens considera a importância destes alimentos na cesta básica do brasileiro, o consumo in natura, o uso de agrotóxicos e a distribuição das lavouras pelo território nacional. O programa funciona a partir de amostras coletadas em pontos de venda pelas vigilâncias sanitárias dos estados e municípios. As equipes enviam o material para os laboratórios de resíduos de agrotóxicos. Caso a utilização de agrotóxicos esteja acima dos limites permitidos pela Anvisa, os órgãos responsáveis pelas áreas de agricultura e meio ambiente são acionados para rastrear e solucionar o problema. As medidas em relação aos produtores são de orientação para adoção de boas práticas agrícolas. Para saber mais sobre os resultados do relatório acesse: www.anvisa.gov.br/ toxicologia/residuos/index.htm Produtores Querem Criar Pólo de Uvas Especiais A Associação de Produtores de Uva de 10 Mesa de Cultivo Protegido (Apup), de Caxias do Sul (RS) pretende criar o primeiro pólo de uvas de mesa protegidas (cultivo sob lona plástica) no Estado para atender a demanda de consumo regional. A criação da Apup foi impulsionada pelo “Programa Juntos para Competir”, ação desenvolvida pelo Sebrae no Rio Grande do Sul, pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). A consultora do “Programa Juntos para Competir” e responsável pelo atendimento das propriedades, Miriam Amaro, afirma que “o processo de cultivo sob lona plástica garante qualidade superior às frutas. Com o método, é possível obter uvas mais saborosas e saudáveis, reduzindo o uso de insumos, como agrotóxicos”. Segundo ela, “a produção de uvas de mesa finas é feita em propriedades familiares de forma artesanal e cuidadosa, o que exige a especialização do produtor no manejo”. O Programa Juntos para Competir busca organizar e aprimorar as cadeias produtivas do agronegócio no Rio Grande do Sul. Mais informações pelo telefone do Sebrae Serra Gaúcha: (54) 3215-5069 Clínica de Citros do IAC é Credenciada pelo Ministério da Agricultura A Clínica Fitopatológica do Centro Apta Citros Sylvio Moreira, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) é o primeiro laboratório a ser credenciado pelo Mapa (Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento) na área de Diagnóstico Fitossanitário de mudas cítricas, atendendo aos requisitos da Instrução Normativa do Mapa (IN 01/ 2007) e aos da ISO 17025:2005. Com o credenciamento, a Clínica do Instituto Agronômico passa a fazer parte da Rede Nacional de Laboratórios Agropecuários do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária. O centro, situado em Cordeirópolis (SP), realiza análises para viveiristas e citricultores. Em São Paulo, há cerca de 580 viveiristas credenciados e cerca de 30 mil propriedades com citros. Neste ano, outros cinco laboratórios do IAC receberão investimentos com vistas ao credenciamento. No total, a Instituição receberá R$ 1,8 milhão direcionado à modernização e revitalização. Para contato com a Clínica de Citros do IAC, ligue para (19) 3546-1399. Sebrae e Abpel Investem R$ 1,7 mi em Produtores de Limão Taiti O Sebrae de São José do Rio Preto (SP), em parceria com a Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Limão (Abpel), está capacitando produtores de limão taiti para adotarem boas práticas de produção, exigidas pela União Européia (UE). O investimento é de R$ 1,73 milhão, em dois anos. A idéia é capacitar 200 produtores de seis cidades da região de Catanduva - Itajobi, Urupês, Pindorama, Uchoa, Sales e Novo Horizonte – que produzem 6,8 milhões de caixas ao ano. Para conseguir a certificação Eurepgap, da UE, os produtores precisam adequar a plantação mediante normas de segurança alimentar, proteção ambiental, condições de trabalho, segurança e higiene dos catadores e bem-estar de animais usados no plantio e coleta. Entre os principais benefícios está a aceitação maior do produto, que garante um preço diferenciado ao produtor. O projeto, iniciado em 2006, já preparou 87 produtores, que conseguiram a certificação Eurepgap. Até junho, cerca de 130 novos produtores estarão aptos a conseguir a certificação, que permite garantir a qualidade do produto e rastrear sua origem. A capacitação também dá noções de marketing para promover o consumo da fruta dentro e fora do País. A certificação ainda não é exigida, apesar da pressão de importadores para que os produtores a tenham. Câmara Aprova Nacionalização do Cupuaçu A Comissão de Constituição de Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou o Projeto de Lei 2639/03, do Senado, que classifica o cupuaçu como fruta nacional. O objetivo é evitar seu uso indevido por outros países. O projeto segue para sanção presidencial. O cupuaçu é uma fruta nativa da Amazônia, da família do cacau, usado na fabricação de polpa, sucos, sorvetes, chocolates e doces. Na década de 90, empresas japonesas registraram a patente do cupuaçu. Em 2004, o Brasil retomou o domínio popular da fruta, depois que o Escritório de Patentes do Japão cancelou o registro da marca feito pelas empresas japonesas Asahi Foods e Cupuaçu Internacional. Foi necessária uma representação do governo brasileiro na Organização Mundial de Comércio (OMC) para garantir ao País o direito de uso do nome do cupuaçu. Segundo o autor, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), “o cupuaçu é detentor de riqueza biológica extraordinária e a população conhece pouco sobre a diversidade nacional e o potencial que essa riqueza pode trazer ao desenvolvimento econômico”. Capacitação em Gestão Empresarial no Tocantins Aconteceu em maio o curso de capacitação “Plano de Negócio para Gestão Empresarial: Mercado Frutícola” em Miracema do Norte no Tocantins, para capacitar cooperados e direção da Cooperativa dos Fruticultores da Região Central do Tocantins Cooperfruto, bem como lideranças do Projeto de Assentamento União e técnicos de instituições estaduais e federais, a fim de desenvolver e aplicar Planos de Negócio voltados à fruticultura na região. O evento faz parte do Plano de Desenvolvimento Setorial de Frutas Processadas desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Setorial (Abdi), que envolve diversos projetos visando organizar e desenvolver o setor de agroindustrialização de frutas. Conta também com o apoio direto do MDAMinistério do Desenvolvimento Agrário e Secretaria de Agricultura do Tocantins. Mais informações no site: www.frutasprocessadas.org.br ABPM e Mapa Distribuem Maçãs às Embaixadas Com o intuito de estreitar relações e difundir o sabor da maçã brasileira aos países importadores e consumidores, a Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM), em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), enviou maçãs da safra 2007/2008 às embaixadas dos países importadores e consumidores da fruta. Receberam as frutas: Alemanha, Canadá, China, Colômbia, Coréia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Países Baixos, Japão, México, Portugal, Rússia, Ucrânia, União Européia, Venezuela, Índia, Itália, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Suécia, Reino Unido, Polônia, Tailândia, Panamá, Costa Rica, Argélia, Irlanda, Arábia Saudita, Emirados Unidos, Oman, Qatar, Bahrein, Kuwait, Indonésia, Malásia, Cambodia e Filipinas. As maçãs foram distribuidas às embaixadas em março,acompanhadas de uma carta assinada por ABPM e Mapa com informações sobre sistema de cultivo, dados sobre a produção e exportação da fruta no País. Em agradecimento, os embaixadores, secretários e conselheiros agradeceram a iniciativa por meio de cartaselogiando a qualidade e o sabor da maçã brasileira, com muitos votos de que as exportações sejam boas este ano. Financiamento para Tratores em São Paulo O governo do Estado de São Paulo vai incentivar a compra de 6 mil tratores, por meio do Programa Agricultura Moderna, criado para impulsionar a safra 2008/2009. Os agricultores terão prazo de cinco anos para pagamento e taxa de juro zero. O subsídio do juro, inédito no Brasil, integra um pacote de ações voltadas ao setor, anunciadas em abril. A iniciativa pretende incentivar a modernização da agricultura, o aumento da produtividade e o fortalecimento do pequeno e médio produtores. A escolha poderá ser feita entre três modelos de trator, de 50 CV, 70 CV e 90 CV,, conforme o tamanho da propriedade. O governador José Serra anun- ciou ainda outras três medidas para o setor que passam a valer a partir de julho: financiamento para aquisição de notebooks e equipamentos de informática e recursos para obras de infra-estrutura nas propriedades com o propósito de incrementar a produção e garantir qualidade dos produtos. O último item do pacote anunciado é a desburocratização, com maior agilidade no processo de repasse da subvenção ao produtor rural. Com isso, ao contratar o seguro, o produtor não terá mais que pagar para a seguradora o valor correspondente à subvenção estadual, uma vez que o pagamento será feito pela Nossa Caixa diretamente às seguradoras, mediante autorização da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Primeira Colhedora de Laranja do Brasil A Jacto Máquinas Agrícolas S/A acaba de lançar a primeira colhedora de laranja totalmente desenvolvida no Brasil, específica para lavouras nacionais, caracterizadas por espaçamentos reduzidos. A colheita é feita por sistema que movimenta a copa da planta em sentido vertical e permite a retirada dos frutos com facilidade. A máquina é automotriz, estreita, recomendada para desníveis de terreno de até 15%, com velocidade de colheita em torno de 900 metros por hora. O rendimento operacional depende de fatores como o estande de plantio, área de manobra, carga do pomar, grau de maturação dos frutos, logística de colheita etc. A colhedora tem sistema copiador, que ‘enxerga’ a forma da árvore e dois computadores CLP (Controlador Lógico Programável), que fazem a leitura do perfil da planta, calculando a trajetória, para obter o máximo de eficiência, colhendo os frutos sem causar danos. Em testes, chegou a colher 800 caixas por hora, com um conjunto direito/esquerdo. Colaboração: Luciana Pacheco 11 NO POMAR Daniela Mattiaso Os produtores de maracujá acabam de ganhar três novas variedades desenvolvidas pela Embrapa Cerrados, com base no melhoramento genético: a BRS Ouro Vermelho, a BRS Gigante Amarelo e a BRS Sol do Cerrado. O destaque é para a BRS Ouro Vermelho, com maior teor de vitamina C, em comparação às demais encontradas no mercado. A nova cultivar apresenta maior resistência ao transporte, alto rendimento de polpa e maior longevidade. Os frutos pesam de 120 a 350 gramas, têm coloração de polpa amarelo forte e maior tempo de prateleira. A nova variedade também é a mais tolerante às viroses e, em algumas áreas, também é tolerante às doenças do solo. A BRS Ouro Vermelho é indicada para altitudes de 376 a 1100 metros, diferentes tipos de solo e plantio em qualquer época do ano, com o uso de irrigação. Sua produção gira em torno de 40 toneladas por hectare, nas condições de clima do Distrito Federal. É ideal para sucos, pois apresenta melhor equilíbrio dos teores de açúcar e ácido. A BRS Gigante Amarelo tem boa tolerância à antracnose e viroses, doenças encontradas em todas as regiões produtoras da fruta, e ainda é tolerante à bacteriose. A produtividade observada no Distrito Federal está em torno de 42 toneladas por hectare, com uso de irrigação e plantio feito no período de maio a julho. Já, a BRS Sol do Cerrado, é um híbrido de maracujazeiro para mesa e indústria. É tolerante a doenças, como bacteriose, antracnose e virose. O pesquisador Pedro Abel adianta que as três variedades de maracujá, lançadas no final de maio, têm previsão de comercialização de sementes a partir de junho. Os produtores deverão fazer reservas de sementes no Escritório de Negócios de Campinas da Embrapa Transferência de Tecnologia, pelos telefones (19) 37498888, fax (19) 3749-8890 ou pelo e-mail [email protected] ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ De cima para baixo: BRS Sol do Cerrado, BRS Gigante Amarelo e BRS Ouro Vermelho ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ HORA DE CUIDAR DO MELÃO RUI SALES JÚNIOR/UFERSA ○ EMBRAPA CERRADOS MARACUJÁ COM MAIS VITAMINA C 12 O plantio do melão nas principais regiões produtoras do País, localizadas nos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, coincide com o término das chuvas, entre final de maio e meados de junho. “Por ser escalonado, ou seja, semanal, neste período do ano é possível ver a fruta no campo em todos os seus estados vegetativos, desde o plantio de sementes ou mudas até a colheita”, explica Rui Sales Júnior, professor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) e pesquisador em Fitopatologia do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Segundo ele, os principais cuidados neste período são com as pragas e doenças, já que um descuido pode prejudicar a produção toda. “Como exemplo, podemos citar a mosca minadora, que vem sendo a grande vilã entre as pragas na região. Mesmo com grande quantidade de agrotóxicos para seu combate, não está havendo redução. Já, a mosca branca, apesar de ter tido menor ocorrência, ainda provoca a disseminação do amarelão, doença virótica transmitida pela praga, que reduz de forma considerável o teor de açucares dos frutos.” Manuseio dos frutos deve ser Quanto às doenças, Sales Júnior chama a atenção para o oídio, fungo que ataca a área foliar cuidadoso, evitando ferimentos e dos meloeiros, atingindo-os a partir da raiz. “O oídio é um inimigo oculto, que somente se instalação de doenças pós-colheita expressa momentos antes da colheita, onde são visualizados os sintomas de declínio ou morte da planta”, explica ele. Outro cuidado especial, de acordo com o pesquisador, é no manuseio das frutas, evitando ferimentos e a instalação das doenças pós-colheita, pois quando fungos e bactérias encontram algum ferimento por onde possam entrar no fruto, ocasionam podridões. A recomendação é que seja realizado um bom manejo nutricional da cultura, pois aumentam as defesas naturais, químicas e estruturais, garantindo maior resistência na planta e, conseqüentemente, no fruto. ○ ○ ○ ○ ○ NOVAS OPÇÕES DE CITRUS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ BRASILEIRÍSSIMA, UVAIA Quem já experimentou, não esquece a refrescância e o sabor do suco e do sorvete. Fruta nativa, pouco conhecida, seu gosto e cheiro são inigualáveis: superdelicada, grande, amarelinha e suculenta. Esta é a uvaia, cujo nome científico é Eugenia pyriformis e faz parte da família Myrtaceae. Quem conhece, sabe da beleza que produz suas flores brancas, espalhadas pela cidade em ruas e parques, mas por que não a vemos nos supermercados? O pesquisador de silvicultura de espécies arbóreas não-tradicionais, da Embrapa Florestas, Paulo Ernani Ramalho Carvalho, explica “que há poucos dados de crescimento da fruta em plantios” e dá dicas de como trabalhar com ela: “A uvaia é uma espécie que tolera baixas temperaturas, mas deve ser plantada a pleno sol, em plantio puro ou misto. No plantio por semeadura, as sementeiras devem ser sombreadas e conservadas úmidas. Contudo, quando semeadas diretamente em recipientes, devem ser repicadas logo após a germinação. O mais recomendado é semear diretamente em embalagens individuais, pois facilita o plantio no local definitivo, já que a pega de raiz nua nem sempre é boa. Essa espécie tem um alto desempenho germinativo e a emergência inicia de 20 a 40 dias após a semeadura”, enfatiza o pesquisador. A uvaia é uma espécie muito usada para engorda de animais domésticos. Sua madeira é utilizada, apenas localmente, para mourões e cercas com tábuas lascadas. Na região metropolitana de Curitiba (PR), é utilizada para cabos de ferramentas ou de utensílios domésticos. Trata-se, também, de uma espécie melífera, pois produz néctar e pólen. É, ainda, muito indicada para plantio ao longo dos rios e das margens dos reservatórios das hidroelétricas. Outro ponto bastante interessante é sua dispersão. Suas sementes são dispersas por gravidade ou por animais, como aves e alguns mamíferos. O gênero Eugenia distribui-se em regiões tropicais e subtropicais, com maior diversidade nas Américas, onde ocorrem mais de mil espécies, das quais cem estão no Brasil. “Existem três variedades de Eugenia pyriformis: a uvalha, a riograndensis Mattos, encontrada apenas em Veranópolis, no Rio Grande do Sul, e a argentea Mattos, existente em Santa Catarina”, explica Carvalho. Para mais informações sobre onde adquirir as sementes e formas de produção, contate a Embrapa Clima Temperado pelo telefone (53) 3275-8100, no setor de atendimento ao cidadão (SAC). EMBRAPA FLORESTAS ○ ROGÉRIO DE SÁ BORGES/CNPSO EMBRAPA Duas novas opções de citrus estão sendo apresentadas aos produtores pela Embrapa Clima Temperado de Pelotas (RS), em parceria com o Instituto Agronômico (IAC), no interior do Estado de São Paulo. São elas: a tangerina Satsuma Okitsu (Citrus unshiu Marcovitch) e o tangelo Nova [Citrus clementina x (C. paradisi x C. tangerina)]. A Okitsu, muito popular no Japão, de onde é originária, é bastante tolerante ao frio e sua principal característica é a precocidade, além de não ter sementes. “A variedade tem boa produtividade e traz uma vantagem comercial: a de chegar ao mercado antes que as outras, entre fevereiro e março”, explica o pesquisador Rogério de Sá Borges, da Embrapa Transferência de Tecnologia. Já, o tangelo Nova é um híbrido, gerado do cruzamento entre a tangerina e o pomelo. O fruto é de tamanho médio a grande, com coloração forte e sabor agradável. “A casca do tangelo Nova é mais presa ao fruto, o que lhe confere boa resistência ao transporte”, conta o pesquisador. Desde que cultivada isoladamente, também produz frutos sem sementes. É considerada uma variedade de meia estação e nas Precoce, a Tangerina Okitsu é bem tolerante ao frio condições do Sul e Sudeste do País, a colheita ocorre no mês de junho. Os viveiristas e produtores interessados no material para enxertia podem entrar em contato com a Embrapa Clima Temperado pelo telefone (53) 3275-8100 ou com o Centro Apta de Citros Sylvio Moreira do IAC pelo telefone (19) 3546-1399. Colaboração: Samara Monteiro 13 ○ ○ ○ ○ SUPERFRUTAS Variedades com propriedades nutricionais, que prometem incrementar a saúde dos consumidores, podem se tornar uma nova oportunidade de negócio para produtores e agroindústrias Daniela Mattiaso A busca por alimentos que apresentem características muito mais especiais do que as normais para a alimentação é uma tendência mundial na atualidade. Cresce a procura, principalmente, por frutas com poderes nutricionais elevados, que além de nutrir, tenham em sua composição, benefícios para a saúde humana em curto, médio e longo prazos. Elas estão sendo chamadas de superfrutas ou superfruits, em inglês, uma nova categoria de mercado criada para promover frutas comuns ou raras, com alto valor nutricional, poder antioxidante, que ajudam a combater os radicais livres e trazem benefícios para a saúde humana, como a prevenção contra doenças. “A palavra superfrutas é, na verdade, um conceito mercadológico no sentido de agru14 par estas características nutricionais das frutas aos seus derivados. A denominação surgiu dentro do conceito de alimentos funcionais, já bastante conhecido, embora para frutas seja mais recente e ainda desconhecido no Brasil. Internacionalmente, as superfrutas estão em evidência devido, principalmente, aos seus processados, entre eles, os sucos, que são oferecidos ao público como receita de saúde”, explica o presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), Moacyr Saraiva Fernandes. As superfrutas fazem parte do mercado mundial de superalimentos, que deve dobrar de 2008 a 2011, atingindo o patamar de 10 bilhões de euros. “Todas as frutas que compuserem esta cesta e seus derivados vão se valorizar muito. Acredito que o FRUTAS FRESCAS ras demais ou de menos, ou porque estão muito azedas, sem açúcar ou, ainda, porque possuem sementes e precisam ser descascadas, etc. “A tendência moderna são os derivados. Esta é a única saída atual que atende às necessidades de conveniência dos consumidores. Na Europa, o consumo de frutas frescas está caindo em detrimento dos derivados, apesar de um pequeno aumento no consumo de frutas tropicais, motivado pelo fator Mercado externo apresenta crescimento constante para derivados da goiaba vermelha, Antonio Carlos Tadiotti, da Predilecta PREDILECTA conceito de superfrutas veio para ficar, porque atende aos anseios da sociedade, que busca alimentos menos artificiais, com menos aditivos para uma vida mais saudável, com maior longevidade e melhor qualidade de vida”, avalia o presidente do Ibraf. Segundo ele, a idéia deste novo mercado começou na Europa, com um trabalho de marketing. “Levaram ao consumidor que estas frutas são melhores e, portanto, valem mais. Mas as superfrutas estão sendo estudadas com muito critério pela comunidade técnico-científica para que as estratégias de marketing estejam, de fato, baseadas em suas qualidades nutricionais.” Vale lembrar que, por enquanto, não há nenhum órgão que regulamente, reconheça ou classifique as superfrutas; o que existe são alguns estudos científicos e bioquímicos encomendados por parte da iniciativa privada. De acordo com Jean Paul Gayet, diretor do Ibraf e consultor da ACF Assessoria e Consultoria em Fruticultura, além do marketing, toda essa tendência tem se consolidado também por conta do crescente desinteresse das pessoas pelas frutas frescas, que para elas, sempre estão cheias de defeitos, seja porque estão madu- 15 ‘novidade’. Iogurtes, sobremesas à base de polpa de frutas e saches de frutas frescas são os produtos ‘da vez’ nos supermercados”, afirma o consultor em fruticultura. Segundo ele, só os sucos prontos para beber crescem mais de 15% ao ano. Apesar disso, Jean Paul ressalta que mesmo assim as frutas frescas têm um apelo muito forte para as pessoas. “A referência com a fruta fresca presente nos produtos industrializados é muito importante para os consumidores. Apesar de quererem alimentos mais convenientes, eles precisam ter a certeza que de alguma forma estão consumindo aquela fruta. Por isso, os derivados que fizerem as pessoas reconhecer a fruta no gosto e no visual, devem ter muito sucesso durante os próximos anos”, afirma ele. Para o consultor, a aposta principal das agroindústrias deve ser no sabor. “O consumidor só opta pelo produto se ele for prazeroso, esta é a justificativa que o impulsiona a comprar. O fato do produto ser saudável ainda fica em segundo plano.” Segundo dados do Instituto Brasileiro de Frutas, a maior parte das frutas deste novo grupo são realmente agroindustriais e a melhor forma de consumo ocorre na forma de polpas, sucos, etc. Este é o caso do açaí e da maior parte das cerejas, apresentadas somente como processadas, porque são muitos delicadas para o transporte. “Mas, embora processadas, seus derivados mantêm os benefícios nutricionais para a saúde. Este é o caso da uva tinta, cujos benefícios são reconhecidos há muito tempo devido ao consumo do suco e do vinho”, ressalta o presidente do Instituto. Internacionalmente, as superfrutas estão em evidência devido aos seus processados, entre eles, os sucos, oferecidos ao público como receita de saúde Na agroindústria, já são reconhecidas como superfrutas a cereja negra (blackcurrant ou blackdes - encontrada na Europa e Ásia), mirtilo, açaí, romã, morango, ameixa, cranberry, redcurrant (variedade de cereja encontrada em vários países da Europa), uva tinta, laranja, maçã, mangustão, noni, romã, 16 PREDILECTA FRUTAS FRESCAS Exportação brasileira da goiaba cresceu em função do reconhecimento internacional de suas propriedades shagi e gogi. Outras ainda estão na lista de candidatas a superfrutas, como acerola, goiaba vermelha, camu-camu, cereja amarga, cupuaçu, framboesa negra, durian e vacínio. No mercado brasileiro, a fruta que mais vem sendo explorada é a polpa de goiaba vermelha, em função da elevada presença de licopeno em sua composição. Nos últimos anos, só a exportação brasileira para os Estados Unidos, que era de 50 toneladas, passou para 500 toneladas anuais, segundo o diretor do Ibraf, Jean Paul Gayet. O grande crescimento tem explicação, dentre outras causas, no reconhecimento internacional de suas propriedades. “Em muitos países, a polpa de goiaba é utilizada para elaboração de sucos multivitaminados prontos para beber, como aditivo natural de vitamina C”, explica Antonio Carlos Tadiotti, sócio-diretor da Predilecta, empresa que processa 55 mil toneladas de goiaba por ano. De acordo com Tadiotti, o mercado externo apresenta um crescimento constante para os derivados da goiaba vermelha. A previsão de crescimento é de 5% a 7% ao ano e estima-se para os próximos anos uma demanda ainda maior pela entrada de novos produtos à base de goiaba. “Hoje, o cultivo da goiaba é um ótimo negócio para o produtor que não seja aventureiro. Aquele que tiver uma parceria ou fidelidade com a empresa processadora, sempre terá a colocação da fruta e o seu ganho garantidos”, afirma ele. Outro caso foi a explosão do açaí, tanto no mercado brasileiro como no internacional, em função EMBRAPA do seu poder energético. A empresa Sucasa, que transforma as frutas em polpas, sucos concentrados e xaropes, é exemplo disso. O seu carrochefe é o açaí. “É a polpa mais exportada por nós”, afirma a proprietária, Solange Mota. A empresa processa ainda cupuaçu, acerola, abacaxi, carambola, graviola, goiaba, manga, maracujá, laranja, taperebá, bacuri, murici e buriti. De acordo com Solange, cerca de 65% a 70% de toda a produção vai para o mercado internacional, sendo, em média, 30% para o mercado nacional e 5% para consumo regional. Entre seus clientes estão empresas e agroindústrias de sorvetes, cremes e sucos. Em sua avaliação, a perspectiva de crescimento para este ano é de 20% a 25%, principalmente por conta do interesse pelas frutas nativas com propriedades para a saúde, ainda pouco conhecidas. Segundo ela, muitas empresas já estão adquirindo lotes de frutas para testes laboratoriais. “Há uma tendência muito forte por parte da indústria em relação às novidades, porque as pessoas desejam que sejam criados novos sabores e, inclusive, possam ser feitos com alimentos que sejam nutricionalmente complementares. Nós já vendemos aqui uma polpa que é a combinação de guaraná com açaí.” Mais recentemente, o Brasil começou a produzir também outra superfruta, o cranberry, no Estado do Rio Grande do Sul. Muito delicada, a fruta tem sido comercializada congelada ou na forma de sucos. De acordo com Edson Antônio Mazeto Júniorr, diretor da Juxx, empresa que tem como único e exclusivo produto o suco de cranberry, a fruta tem sido uma ótima oportunidade de cultivo. “Ela está em uma categoria de frutas que são muito valorizadas pelo mercado mundial. Só o cranberry, de dois anos para cá, valorizou quase 300%”, conta Mazeto Júniorr. Segundo ele, isso valoriza muito as terras produtoras dessas frutas e melhora o rendimento do produtor. A Juxx importa o concentrado de cranberry dos Estados Unidos, Canadá e Chile. “Mas estamos formando nossa plantação e para 2010 já teremos colheita”, diz ele. Desde o início da produção e comercialização dos sucos de cranberry no Brasil, a Juxx já cresceu 1.200% na demanda do produto e está presente nas maiores redes varejistas do Brasil. Segundo alguns estudos realizados por empresas internacionais, a cranberry é considerada uma das frutas mais saudáveis do mundo. ”Se comparada com outras, é uma das que possui a maior quantidade de antioxidantes por grama. Além do efeito dos antioxidantes no organismo, a fruta ainda é rica em substâncias antiaderentes, chamadas de proantocianidinas (taninos condensados), que ajudam a inibir a aderência de certas bactérias no organismo, sendo estas bactérias, as principais causadoras de infecções urinárias e gastrites”, conta Mazeto Júnior. Outro suco de superfruta que estava sendo comercializado no País era o da fruta noni, produzido pela Tahiti Noni Internacional. Segundo Leandro Zambon, que estava comercializando o suco importado, em Araçatuba (SP), as vendas estão temporariamente suspensas, pois o suco está sendo analisado para registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O açai ganhou fama pelo seu poder energético e, hoje, é item importante da economia da Amazônia 17 Embora repleto de exemplos mal-sucedidos no Brasil, o cooperativismo na fruticultura apresenta iniciativas positivas, que motivam outros a trilhar a estrada, cujo lema é compartilhar para fortalecer Maria Finetto 18 COOPERATIVISMO Maria era doméstica, hoje é doceira e construiu sua casa com o dinheiro da nova atividade. Pedro, quando garoto plantava uva e agora é dono de uma famosa adega de vinhos. Francisco, produtor que usava agrotóxico sem saber a medida certa, transformou-se em ‘doutor’ no cultivo orgânico. Ele, que nunca havia saído do interior, foi à Alemanha para se aperfeiçoar. Como eles conseguiram? Eles entraram para cooperativas. São exemplos de que pela ‘força da união’ e engajamento é possível mudar e vencer. Iniciativas de associações e cooperativas de produtores de norte a sul do Brasil têm apresentado resultados surpreendentes – seja com o exemplo de organização e com a venda da fruta in natura ou processada. Muitas dessas entidades mudaram realidades locais e até regionais ao profissionalizar o produtor, prestar orientação técnica eficiente para diversificar ou incrementar a produção: e, assim, agregar valor ao produto e, em conseqüência, aumentar o retorno financeiro. Cooperados, a maioria micro e pequenos produtores – juntos com um fim específico, já colhem os frutos do sucesso. E até bênçãos. VINHO PARA VISITA DO PAPA ROSQUINHAS E DOCE DE BANANA “Consegui construir uma casa depois que comecei a trabalhar aqui”. As palavras são de Maria da Glória Paulo, 44 anos, que deixou de ser do- ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO/EMATER-MG Pedro Maziero, produtor de uvas, forneceu o vinho usado pelo papa Bento XVI na celebração eucarística realizada no Campo de Marte, em São Paulo, em 2007. O vinho saiu da sua vinícola, no bairro Caxambu, Jundiaí (SP). O fato aconteceu quando a comissão encarregada de cuidar da liturgia e do cerimonial da missa saiu pelo Brasil afora em busca do melhor vinho para servir ao Santo Padre. Foram a 23 lugares diferentes e escolheram o vinho rose suave da família Maziero, que atua no ramo há quase 130 anos, passando a arte a cada geração. O vitivinicultor trabalha no plantio de uva desde garoto e se lembra da produção daquela época: 500 litros. Hoje, ele, sua família e mais seis funcionários produzem em torno de 45 mil a 50 mil litros de vinho por ano. O vinho é vendido somente na adega para turistas. Maziero é uma das famílias de pequenos produtores de uva na região de Jundiaí, que trouxeram o vinho como origem e tradição familiar com a imigração italiana. O seu sítio é sede da mais nova Cooperativa Agrícola dos Produtores de Vinho Jundiaí (AVA) - a primeira cooperativa vinícola do Estado de São Paulo. Inicialmente já são 21 cooperados, que totalizam 13 adegas familiares e uma produção de vinagre de vinho. “No futuro, além do vinho, planejamos obter também outros derivados da uva, como vinagre e suco”, diz o presidente, José Antonio Boschini. Hoje, cada produtor fabrica seu vinho e a cooperativa envasa o produto comercializado, somente nas adegas das famílias, para os turistas que visitam ou procuram as propriedades. O vinho leva a marca do produtor e da cooperativa. Não há resultados ainda porque a cooperativa está em fase de registro no Ministério da Agricultura, aguardando para início das operações. A produção prevista é de 120 mil a 150 mil litros de vinho por ano. A cooperativa também vai custear a compra dos insumos para o plantio da uva e produção do vinho. Boschini explica que com a cooperativa acabou a informalidade. “O cooperado vai trabalhar de forma legal. E terá um vinho com padrão de qualidade atestado por nós”, diz o presidente. Parte do dinheiro da venda volta à cooperativa para bancar os custos. Os cooperados terão orientação técnica para a produção, com assessoria desde a fase de colheita da fruta até o envase do vinho. “É a salvação de todos os pequenos produtores”, argumenta Boschini. Ele explica: Se cada produtor tivesse que abrir uma empresa para regularizar a produção, a maioria acabaria desistindo e deixando a atividade. Juntos, ganham escala. Associativismo mudou a vida de Maria da Glória Paulo, em Governador Valadares (MG) 19 MILTON DALMOLIN COOPERATIVISMO méstica para fazer parte da agroindústria Produtos da Nossa Terra, na comunidade do Bugre, em Governador Valadares (MG). Ela e um grupo de mulheres rurais conseguem, além da renda de R$ 450 reais mensais por família, resgatar a cultura local com o trabalho coletivo. O trabalho delas serve de referência para implantar uma padaria comunitária em Capelinha, município no Vale do Jequitinhonha. A inauguração da padaria está prevista para setembro. Agricultoras familiares já estão em fase de capacitação, orientadas pela equipe local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). “Além dos cursos, eram necessários exemplos de trabalho coletivo e também idéias sobre as formas de escoamento da produção. Então, resolvemos visitar alguns locais que começaram com a ajuda de programas do governo e, hoje, já geram renda para as famílias rurais”, explicou a extensionista da Emater-MG, Nágila Salman Pimenta. “O produtor deve ter interesse. Não é só esperar pelo governo, tem que ir atrás, se informar, participar, se envolver.” Francisco Carlos Muzatti, cooperado A padaria comunitária vai gerar trabalho e renda para cerca de 20 famílias, que moram em uma comunidade rural a 30 quilômetros da sede do município. Outras 35 famílias também estão envolvidas indiretamente no projeto. Depois de quase 11 anos de dedicação e trabalho, as produtoras de Governador Valadares agora comemoram a oportunidade de fornecer parte da merenda escolar do município, conquistada por licitação pública. O desafio é fornecer mensalmente 1,6 mil quilos de doce de banana e 1,4 mil quilos de rosquinhas. Além das escolas municipais, elas têm como clientes o comércio local, penitenciárias e hospitais da região. REFERÊNCIA E PRODUÇÃO DIVERSIFICADA Outro exemplo de sucesso é a Cooperativa dos Agricultores Solidários (Coagrosol) – referência em 20 Caju e maracujá são culturas fortes dentro da Coopernova Itápolis (SP) e região, fundada em 2000. No início, queriam processar e vender suco de laranja, buscando novos mercados. Hoje, a produção é diversificada: tem laranja, limão, manga e goiaba, além de hortaliças para o mercado interno. A cooperativa trabalha com limão in natura e sucos. Funciona assim: ela ajuda o cooperado a organizar a produção e a vender. “São realizadas reuniões onde se explica para o produtor como está o mercado, as condições de venda e a remuneração. É firmado o contrato com os clientes e com as fábricas. No caso dos sucos, a cooperativa processa através de terceiros”, diz Reginaldo Vicentim, gerente de Negócios da cooperativa. Ele explica que na compra da produção dos sócios normalmente paga o preço de mercado. São calculados os custos de operação, a compra dos insumos e, ao final, se houver sobra, é feito o rateio. O produtor, segundo Vicentim, tem lucrado um pouco mais do que se ele comercializasse sozinho seu produto. “O lucro tem sido entre 10% a 20% maior no período de safra”, afirma. Os pequenos produtores estão distribuídos num raio de 100 quilômetros do município de Itápolis, envolvendo mais dez cidades. O tamanho médio das propriedades é de 20 a 30 hectares. Com o suco é o mesmo processo – a cooperativa contrata a fábrica e exporta. Hoje, 90% da produção é exportada. O maior mercado é a Europa, seguido da Ásia e Canadá, mas a cooperativa vem redirecionando a venda para o mercado interno. O diretor explica que por causa do câmbio, o custo da produção está subindo vertiginosamente enquanto o preço de venda cai. Cerca de 300 famílias sobrevivem da fruticultura na cooperativa. A produção em 2007 está assim divi- FÁBIO B. BUTTARELLO dida: 1 mil toneladas de concentrado de laranja, 400 toneladas de polpa de manga, 300 toneladas de polpa de goiaba e 250 toneladas de suco de limão. Este volume, segundo Vicentim, tem aumentado de 10% a 15%, em média, por ano. O diretor argumenta que com as vendas para o Comércio Justo Europeu, os produtores recebem um preço que, via de regra, deve cobrir seu custo de produção e de vida, além de receberem um prêmio, que é empregado em programas sociais. RESULTADO PARA O COOPERADO Francisco Carlos Muzatti produz limão, goiaba e murcotte em seu sítio Santa Inês, em Taquaritinga (SP). O limão é vendido in natura para a indústria de processamento. São 2.500 caixas por ano. Com a goiaba é o mesmo processo. A produção é, em média, de 20 a 30 toneladas por ano. Seo Chico, como é conhecido, também trabalha para sua cunhada que tem uma outra propriedade onde são cultivadas laranja, goiaba e pitaya. Ambos são cooperados da Coagrosol. Para ele, foi a decisão mais acertada da sua vida. “Passei a ter melhor conhecimento de manejo, trato e certificação”, argumenta. Ele conta que, no passado, não havia assistência. “Um vizinho usava tal produto e a gente copiava. Usava uma dosagem sem rumo, sem saber a quantidade certa e, pior, se era também o momento certo. Fazer o quê? Quando você é pequeno, ninguém se importa”. Perdeu muito dinheiro vendendo sua produção para aventureiros. “Quando Fábio B. Buttarello, gerente comercial para mercado externo da Coagrosol, e produtor Francisco Carlos Muzatti (à direita) na feira Biofach, Alemanha eles têm uma oferta melhor, eles somem e você fica com o prejuízo.” Não havia controle da produção, de volume e nem de preço e custo. A situação mudou quando conheceu a cooperativa. “Ficou mais profissional.” Tanto que ele partiu para a produção orgânica. Está tão envolvido na nova atividade que participa de todos os cursos e feiras desse setor. A última foi internacional, na Alemanha. A cooperativa fez um sorteio de uma passagem para a Biofach, em Nuremberg, em fevereiro último e ele ganhou. “Fiquei impressionado com tudo que vi e vivi. Não tenho dúvidas que estou no caminho certo”, avalia. A viagem foi em companhia de Fábio Buttarello, gerente comercial para o mercado externo da Coagrosol, que tinha a missão de realizar contatos para futuras relações comerciais e abrir espaço no mercado internacional. “Digo que o produtor deve ter interesse. Não é só esperar pelo governo, tem que ir atrás, se informar, participar, se envolver.” NÓS TEMOS BANANA Caminhões carregados de banana saem de pequenos sítios rumo à cooperativa da cidade. São classificadas, embaladas e depois vendidas in natura 21 COOFRULAPA COOPERATIVISMO para atacadistas de grandes centros. Assim trabalha a Cooperativa dos Produtores de Frutas de Bom Jesus da Lapa (Coofrulapa) -, município que fica a 800 quilômetros de Salvador, às margens do Rio São Francisco. Lá se encontra Formoso, distrito conhecido pelas suas bananas prata e nanica. A Coofrulapa foi fundada em setembro de 2004, mas começou a funcionar, de fato, um ano depois. Tem hoje 38 associados ativos e mais 16 empresas sócias. A cultura da banana do Formoso movimentou 617 caminhões/mês ou 7.167 toneladas por mês, em 2007. A banana é vendida pela cooperativa que paga preço de mercado, segundo Clériston Teixeira Duarte, diretor administrativo da Coofrulapa. É comercializada para atacadistas distribuídos em 16 estados. Em 2005, explica o diretor, o cooperado lucrou 7,3% a mais no preço da caixa da banana vendendo pela cooperativa ao invés de fazer a venda pelo atravessador. No ano seguinte, esse lucro foi de 6.49%, porque a cada ano a margem de preço da cooperativa e do atravessador diminui. Isto ocorre porque a cooperativa, com o passar do tempo, tem sido balizadora do preço da banana na região. A cooperativa também é balizadora de venda de insumos na comunidade, fazendo com que comércios locais diminuam suas margens de lucros. Marlene Marques Boa Sorte, presidente da Coofrulapa, diz que ser cooperado tem a vantagem de comprar, em conjunto, insumos mais baratos. Ela prova em números: “Em 2005, um saco de adubo químico custou, em média, 30% mais barato quando adquirido pela cooperativa. Em 2006, foi 20% e, em 2007, 18%”, compara. ANO DIFÍCIL O ano de 2007, diz Marlene, foi muito difícil para a cooperativa e por isso a diretoria, em conjunto com os associados, passou a buscar alternativas para manter o grupo coeso. Um caminho foi buscar apoio com o Sebrae (Serviço de Apoio as Pequenas e Micros Empresas) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para um projeto de construção de uma agroindústria. O valor do empreendimento é de R$ 927 mil e está em fase final de análise pelo banco. A agroindústria vai processar a banana que se perde 22 A banana é vendida pela Coofrulapa que paga preço de mercado, segundo Clériston Teixeira Duarte, diretor administrativo entre 5% a 10% do volume, que não atinge a classificação exigida. Clériston Duarte explica a intenção: “A cooperativa pretende fazer o papel do atacadista, distribuir direto a supermercados, quitandas, etc. Para isso precisamos ter um ponto com câmaras para climatização, o que exigirá uma outra estrutura e um novo aprendizado. Na verdade, é um novo negócio.” O projeto-piloto deverá iniciar em Salvador a partir deste ano e terá a parceria de outras cooperativas da Bahia. Outra função da agroindústria, segundo Clériston, é estocar o produto nos períodos críticos - quando o preço não está dos melhores. BENEFÍCIOS PARA ATRAIR NOVOS COOPERADOS Calcula-se que 300 pessoas estão envolvidas diretamente e 600, indiretamente, no processo de produção, colheita e carregamento das bananas dos sócios da Coofrulapa. Há também produtores investindo em novos frutos. É o caso do cacau, que é tradição no sul da Bahia, e do abacaxi, que está em fase de experimento. Clériston Duarte diz que o diferencial da Coofrulapa é o seu processo participativo. Nas reuniões mensais, segundo Marlene, a participação dos associados chega a 80%. Outra conquista da Coofrulapa foi a assistência técnica própria ao cooperado a partir deste ano. A cooperativa é referência de boas práticas de gestão dentro dos projetos de fruticultura desenvolvidos pelo Sebrae em todo o Brasil. ‘SOZINHO NÃO VAI AVANTE’ Ari Ângelo Piccini ainda se lembra quando, há 24 anos, deixou Santa Catarina para fixar raízes em Terra Nova do Norte, em Mato Grosso. Ele chegou ao sítio Sepé Tiaraju, na Comunidade da 8 a Agrovila, onde hoje planta 15 variedades de frutas, entre elas, acerola, graviola, maracujá, manga, COOFRULAPA Cooperado tem a vantagem de comprar insumos mais baratos, Marlene Marques Boa Sorte, presidente da Coofrulapa cupuaçu, açaí, goiaba, caju, jabuticaba e as menos conhecidas: bacaba, taperebá, murici, buriti, marrombá e uvaia. “De lá para cá, muita coisa mudou para melhor”, garante. O fruticultor se prepara para receber o registro da agroindústria que instalou na propriedade para produção de polpas, que congela e distribui na região. Piccini é associado-fundador da Cooperativa Agropecuária Mista Terranova (Coopernova), localizada no município de mesmo nome, distante 650 quilômetros da capital Cuiabá, no extremo norte do Estado. É a maior cooperativa em número de associados no Estado do Mato Grosso. São 2.170 associados atualmente, todos agricultores familiares. Deste total, 1,7 mil está na atividade leiteira, 300 na fruticultura e 50 na ovicultura. Tem produtores que tem a cadeia completa. “O caju-anão precoce, variedade pertencente à Embrapa, é o destaque, cultivado em 500 hectares (dados até final de 2007), com o objetivo de produção da castanha”, explica Milton José Dalmolin, vice-presidente e diretor comercial da Coopernova. Ele conta que o projeto de fruticultura começou em 2002, com o caju, como uma opção para aqueles que queriam complementar a renda familiar e ter uma atividade paralela, além da leiteira. Nesse meio-tempo, os produtores cooperados também decidiram plantar o maracujá. O cultivo do maracujazeiro foi incentivado pela cooperativa pela precocidade da produção e bom rendimento. “Começou com 40 hectares em 2004 e, hoje, chega a 350 hectares”, diz Milton Dalmolin. Juntos, caju e maracujá somam 850 hectares. Segundo Dalmolin, em 2004, o quilo do maracujá era vendido a R$ 0,60 (o mercado estava ótimo!). E, hoje, a R$ 0,40. A produção de maracujá é de até 30 a 40 toneladas por hectare. Um hectare de maracujá pode render R$ 10 mil na safra de dez meses. Desse valor, são descontados os insumos (financiados pela cooperativa) e outros custos. “É uma atividade que se bem tocada, é rentável”, ar- COOPERATIVISMO gumenta Dalmolin. Para efeito de comparação, um hectare de milho pode render R$ 1,5 mil e a pecuária de corte R$ 500,00 por ano. Já, o caju chega a R$ 2,5 mil a R$ 3 mil, com a produção de castanha e polpas por ano por hectare. “Esse valor é melhor que o Nordeste, que paga em torno de R$ 1,00 o quilo da castanha”, compara ele. AGROINDÚSTRIA PARA DIVERSIFICAR Por causa do maracujá, a Coopernova implantou uma fábrica de beneficiamento da polpa. A capacidade de beneficiamento é de três toneladas de frutas por hora. “Hoje recebemos de 20 a 30 toneladas de frutas por dia”, explica o diretor comercial da cooperativa. A expectativa é fechar o ano com 2,5 mil toneladas. Do caju, explica Dalmolin, o que interessa é a castanha e a polpa - uma parte para fabricação de sucos e outra para a alimentação de ovinos. Os planos são para inaugurar esse mês de junho uma fábrica de castanhas beneficiadas do Mato Grosso. A fábrica está em fase de acabamento e para o início do processamento já estão estocadas 70 toneladas de castanhas. O próximo passo é ter um concentrador para todas as frutas da região e assim abastecer os maiores mercados: São Paulo, seguido de outros estados. A Coopernova é considerada pioneira em Mato Grosso, estado tradicional no cultivo de grãos. O começo não foi fácil, lembra Dalmolin. “Fizemos experimentos, já trouxemos variedades de frutas que não deram certo”, diz. “Até chegar a consolidação da cooperativa, os produtores ‘apanharam muito’”. A Coopernova tem 20 anos de história. Inicialmente atuou no recebimento, secagem e armazenamento de produtos agrícolas (arroz e milho). A área de ação da cooperativa estende-se a oito municípios. A cooperativa faz parte, juntamente com entidades de 15 outros municípios, do território portal da Amazônia, criado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Milton Dalmolin diz que os produtores contaram com a ajuda do departamento técnico da Embrapa para ajudar no projeto de fruticultura. Hoje, 90% da produção é voltada para extração da polpa, vendida ao mercado interno, cujo destino principal é o Estado 23 MILTON DALMOLIN Ari Ângelo Piccini, um dos fundadores da Coopernova e um dos pioneiros no estado em fruticultura de São Paulo. Não há exportação. As frutas in natura, 20 toneladas por mês, são vendidas para supermercados da região norte do Mato Grosso. A cooperativa presta serviços aos associados, vistoriando as propriedades freqüentemente e fazendo análise de solo. O técnico também acompanha o plantio e o crescimento vegetativo das frutas. “Também é ela que adquire todos os insumos (arame, adubos), além de comprar a produção, pagando o preço do mercado e ‘até um pouco mais’. Há ainda um viveiro próprio de mudas para plantio,” afirma o diretor. A Coopernova também direciona sua atuação para o lado social. A razão? “A fruticultura é para o pequeno produtor e tem o seu papel social de manter o homem no campo. Os 300 produtores de frutas geram empregos diretos a 1.7 mil pessoas. A renda média é de R$ 1 mil por mês por família.” Para Milton Dalmolin e a diretoria da cooperativa, o progresso da ovinocultura, fruticultura e atividade leiteira passa primeiro pela educação. Tanto que está nos planos do biênio 2008/2009 da Coopernova a construção de um colégio agrícola para formar os filhos dos produtores. “O colégio trará os cursos técnicos para a região, hoje distantes. Este colégio fecha o ciclo para formar mão-deobra”, explica o diretor. MODELO COPIADO, INGRESSO ANALISADO Ingressar no quadro de cooperados não é simples. Quem tem problemas na comunidade, está fora. O produtor passa pelo crivo dos comitês educativos da Coopernova, que são em número de 40. Precisa participar de três reuniões, preencher um cadastro e passar por uma votação para poder entrar ou não na cooperativa. O associado também 24 não pode desviar a produção da fruta para outra indústria. “Todas essas exigências pautam o trabalho sério da entidade”, justifica Dalmolin. O modelo tem dado certo. Na assembléia anual da cooperativa, a freqüência é de 900 associados. O número de empregados diretos na cooperativa é de 150. A cooperativa recebe caravanas de outros municípios, interessados em copiar o modelo. Ano passado, foram 20 municípios. O produtor cooperado Ari Piccini acrescenta: “Todo agricultor deve ter a consciência de que o associativismo está em primeiro lugar, porque sozinho não vai avante.” Em sua trajetória na agricultura naquele Estado, ele relembra o início difícil, quando contou com a cooperativa na divulgação dos seus produtos, em empréstimos para compra dos primeiros freezeres, na obtenção de financiamentos junto ao Banco do Brasil, que a cooperativa mantém para todos. ABACAXI DO TOCANTINS Maior produtora de abacaxi pérola do Tocantins, a Cooperfruto conta com cerca de 50 produtores cooperados. A cooperativa, sediada em Miranorte, completa dois anos, em agosto, com motivos para comemorar. Seus cooperados têm conseguido grandes avanços na comercialização do abacaxi. A negociação da produção é feita por meio da entidade com redes atacadistas e varejistas do norte do Estado e já começam a direcionar para as praças de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Brasília. A cooperativa cobra uma taxa de manutenção pela comercialização do fruto e paga preço do mercado. “Essa taxa é 10% mais 2,3% sobre o preço de venda do abacaxi. Hoje, o preço é comercializado em torno R$ 1,70, dependendo do mercado”, diz o diretor-presidente Marco Antonio Kfouri.Ele explica que se os cooperados vendessem para atravessadores, o preço seria de R$ 1,10 a R$ 1,30. “Se não existisse a cooperativa, pelo histórico de preço que temos em anos anteriores, os valores seriam de R$ 0,70 a R$ 0,80”, compara. A cooperativa, segundo ele, é um regulador de preços no mercado. E, por conta disso, outros produtores que não são associados, acabam se beneficiando. O técnico da cooperativa acompanha e orienta o processo de produção e ajuda na programação COOPERATIVISMO de venda. Os planos futuros incluem uma loja de insumos e implementos para a próxima safra. E melhor: uma indústria de suco para processar a sobra do abacaxi, extrair o óleo e também para ração animal dos subprodutos. Kfouri diz que a cooperativa tem vencido barreiras na região. A fruticultura é a terceira atividade econômica, depois da pecuária e da soja. A maior parte dos fruticultores tem, em média, de 30 a 60 mil plantas. A cooperativa faz parte do Projeto de Desenvolvimento do Abacaxi Pérola do Tocantins, desenvolvido pelo Sebrae e parceiros. A produção da fruta no Estado, em 2007, foi de 1,1 milhão de frutas. A previsão é dobrar esse volume este ano. Motivo: os preços estão melhores e o abacaxi tocantinense tem conquistado mercado e confiança em outros mercados que não acreditavam no produto. SUL CAMPESTRE A Cooperativa Agroindustrial Pradense foi fundada em 1974 por 264 associados. Hoje, são 1.740 distribuídos nos municípios de Antônio Prado, Ipê, Nova Roma do Sul Campestre da Serra e Flores da Cunha. Os principais produtos comercializados pela cooperativa são uva, maçã, pêssego, ameixa, caqui, kiwi, citros, leite e grãos. O vinho é o setor mais importante porque responde por 30% do faturamento. A cada ano são processadas 7 mil toneladas de uvas que produzem 5,6 milhões de litros de vinho. O setor de frutas possui a maçã como principal cultura, mas as frutas de caroço também são importantes, sendo que o destaque é o pêssego. A Pradense foi a primeira a conseguir a certificação da produção integrada para a cultura de pêssego da variedade chimarrita. Na safra 2007/ 2008 foram comercializadas 10 toneladas da fruta certificada e para 2008/2009, a meta é superar as 80 toneladas de pêssego chimarrita certificado. Todas as frutas in natura, com exceção da uva, respondem por 25% do faturamento e a cada ano são processadas até 5 mil toneladas de frutas frescas sendo maçã 70%, pêssego 20% e outras frutas 10%”, diz Osvaldo Raimundo Conte, presidente da cooperativa. Os clientes são supermercados e Ceasas de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Distrito Federal e Santa Catarina. A cooperativa possui uma loja de insumos, sementes, ferragens e produtos veterinários para atender à necessidade das propriedades. São mais de 2 mil itens à disposição dos cooperados, que são responsáveis por 15% do faturamento total. O esquema de funcionamento da cooperativa consiste em receber a produção do cooperado, avaliar peso e qualidade individual de cada um; armazenar, em- balar, vender e, após receber pela venda, abater os custos de processamento e repassar a sobra ao produtor, que recebe de acordo com a quantidade, qualidade e época que entrega sua produção. No caso da uva, que é transformada em vinho e é comercializado até com mais de um ano após a entrega da produção, a cooperativa se utiliza de crédito bancário para pagar o produtor. A vantagem maior do cooperado é a garantia de local para entrega da produção. Os preços repassados pela cooperativa são os preços de mercado, sendo bem próximos aos pagos por outras empresas do setor. “Convém destacar que a cooperativa funciona como um regulador de preços e certamente os produtores receberiam menos pela produção, caso ela não existisse. A venda para outras empresas do ramo ocorre porque historicamente a cooperativa não tinha capacidade para receber toda a produção”, diz Conte. Com a reforma estatutária ocorrida em 2007, a reestruturação buscada é no sentido de fidelizar o cooperado, sofrendo menos influência de variações de safras e preços. 25 COOPERATIVISMO Cooperativismo contemporâneo As frutas são produzidas por pequenos agricultores com mão-de-obra familiar em propriedades com 10 a 30 hectares que são assistidos pela equipe de agrônomos, veterinários e técnicos agrícola do quadro funcional, que repassam as tendências e evoluções do sistema produtivo. A cooperativa Pradense é a segunda empresa do município de Antônio Prado em arrecadação de tributos, gera 75 empregos permanentes e 50 temporários. “Temos que considerar também que são mais de mil famílias de pequenos agricultores; se cada família for composta de três pessoas, são mais de 3 mil pessoas envolvidas no processo produtivo”, diz Conte. Gestão profissionalizada com foco nos negócios, intercooperacão, valorização e investimento no capital humano e preocupação com a comunidade. Estas são as quatro tendências que norteiam o cooperativismo contemporâneo e retratam a força e a representatividade do setor hoje na economia do País, segundo Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB Organização das Cooperativas Brasileiras. “A cooperativa é uma ‘empresa’ que tem uma forma societária diferente, mas, infelizmente, como outros setores da economia já tivemos casos de insucesso por causas diferenciadas, sejam, por exemplo, por políticas públicas não adequadas, até falta de comprometimento e profissionalização. Estamos trabalhando para que isso não ocorra”, argumenta. Freitas diz que por suas características intrínsecas, as cooperativas promovem justiça social e desenvolvimento econômico simultaneamente. “São organizações diferentes, sociedades de pessoas e não de capital. É esse conjunto de fatores que faz do cooperativismo uma força econômica transformadora e traz para o setor um número cada vez maior de adeptos”. As cooperativas brasileiras têm consolidado cada dia mais seu papel e sua força representativa como movimento organizado. A OCB tem sua representação há 37 anos, pela Lei 5.764/71. Freitas lembra que os associados têm também no Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) uma ferramenta para capacitação e desenvolvimento do capital humano, o que contribui diretamente para o crescimento do setor. Esse é o nome de um programa de desenvolvimento do agronegócio gaúcho, uma parceria do Sebrae Rio Grande do Sul, Senar/RS e Federação da Agricultura do Estado. Hoje, a atuação é em nove cadeias produtivas, estruturadas por meio de 33 projetos. Entre elas, está a fruticultura, que representa sete projetos, contemplando 36 grupos e 910 produtores. A atuação no programa é 100% capitaneada por meio de um trabalho coletivo, integrado com todos os demais parceiros regionais, resultando em trabalho estruturado, com resultados e metas de curto, médio e longo prazos. “Sem dúvida, hoje, sendo nossa premissa a coletividade, as associações e cooperativas são uma realidade de trabalho em nossos grupos, além de muitas delas terem sido criadas através dos grupos”, explica Alessandra Loiacono Loureiro de Souza, coordenadora setorial de Agronegócios do Sebrae-RS. “Acreditamos, sim, que em qualquer modelo coletivo, seja ele formal ou informal, os produtores têm muito a ganhar, desde o processo de capacitação tecnológica até o acesso a mercado, como, por exemplo, garantir uma escala de produto, realizar uma diferenciação de produto seja por padrão, certificação e até embalagens adequadas”, ressalta Alessandra. 26 S E R V I Ç O JUNTOS PARA COMPETIR Cooperfruto: (63) 3355-1427 E-mail: [email protected] Coagrosol: (16) 3263.9393 E-mail: [email protected] Coopernova: (66) 3534-1033 E-mail: [email protected] Coofrulapa: (77) 3498.4245 E-mail: [email protected] Cooperativa Agrícola dos Produtores de Vinho- Jundiaí- AVA E-mail: [email protected] Cooperativa Pradense: (54) 3293.1309/1055 E-mail: [email protected] OCB/Sescoop: (61) 3325-2260 Site: www.brasilcooperativo.coop.br AGROINDÚSTRIA NEGÓCIOS DO CAJU Apesar de seu carro-chefe ser a produção de castanhas, o cajueiro produz frutos e possibilidades de renda para os produtores do Nordeste brasileiro, que lançam mão de pesquisa, incentivo e criatividade, garantindo bons resultados MILTON DALMOLIN/COOPERNOVA Fabiana Guedes Árvore tropical originária do Brasil, o cajueiro mantém-se concentrado no Nordeste. Sinônimo de identidade regional, é dos Estados do Ceará e do Piauí que sai a maioria de produtos elaborados a partir da árvore, fazendo do país o terceiro maior produtor mundial de amêndoa de castanha de caju, segundo Antônio José Carvalho, diretor presidente do Sindicaju. O Brasil possui também o maior exemplar de cajueiro e o maior plantador mundial de cajus. Constando no Guiness Book, o cajueiro gigante está em Parnamirim (RN), Rio Grande do Norte, a 14 quilômetros da capital Natal. A árvore cobre uma área de cerca de 7.500 m2, com um perímetro de cerca de 500 metros. Já o maior plantador do mundo, Jaime Tomaz de Aquino, tornou-se um exemplo vivo da capacidade empreendedora do empresário nordestino, graças à introdução do cajueiro-anão. Tal espécie permite uma produção mais precoce e ocupa menos espaço, otimizando a colheita. Jaime Aquino era caminhoneiro quando descobriu que levar castanhas de caju do Ceará para São Paulo era um bom negócio. Começou, então, a vender sacas de castanhas nas confeitarias e fábricas de chocolates. Incentivado pela clientela paulista, teve a idéia de instalar uma indústria de beneficia- mento de castanha de caju, que fundou em 1962, sob o nome de Companhia Industrial de Óleos do Nordeste-Cione. Para encerrar o ciclo, o empresário entrou para a área da produção, sendo hoje quem mais planta caju no mundo, numa área de aproximadamente 60/70 mil hectares, distribuídos em 12 fazendas nos Estados do Ceará e Piauí. Sua indústria gera hoje mais de 7 mil empregos diretos, com uma exportação que atinge cerca de US$ 16 milhões anuais. A indústria do caju tem se desenvolvido e criado alternativas interessantes pelo Nordeste do Sr. Jaime e dos pequenos produtores. Para sentir o peso dos cajueiros, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007, apontam uma área plantada de 741.607 hectares, com 1.332.110 toneladas colhidas, envolvendo 300 mil produtores, dos quais 255 mil são agricultores familiares. No mesmo ano, segundo ainda o IBGE, a produção de castanha de caju foi de 132.885 toneladas. Para este ano, a previsão é que a área cultivada passe a 753.919 hectares, com a produção de castanha alcançando 271.561 toneladas. De acordo com Antônio José Carvalho, o parque industrial de castanha de caju está concentrado no Ceará, com dez plantas industriais, representando 85% do processamento da matéria prima. As outras plantas industriais estão localizadas no Piauí e Rio Grande do Norte. Para ele, “a cadeia produtiva do caju tem importância significativa para o Nordeste. As atividades de produção agrícola, industrialização, comercialização, transporte e serviços correlatos, envolvem cerca de 200 mil empregos, gerando mais de R$ 600 milhões no agronegócio e 27 contribuindo para a preservação ambiental com a manutenção e expansão dos pomares”, enfatiza. BENEFÍCIOS NUTRICIONAIS EMBRAPA AGROINDÚSTRIA TROPICAL Apesar de grande parte desse negócio se concentrar em torno da amêndoa, nem só de castanhas se faz um bom negócio. Pesquisas e incentivos têm impulsionado o setor e criado alternativas de produtos à base do pedúnculo, que é a parte utilizada em casa para fazer sucos e doces e se trata, na verdade, de um pseudo-fruto. Segundo a pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical, Janice Ribeiro Lima, “cerca de 88% da produção do pedúnculo não é utilizada”, totalizando uma perda significativa em todo o Nordeste. A pesquisa de Janice consiste na produção de hambúrgueres de caju. A Embrapa Agroindústria Tropical, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural e a Prefeitura Municipal de Beberibe (CE), desenvolveu o estudo para analisar a viabilidade de produção desse hambúrguer produzido a partir da fibra do pedúnculo de caju em substituição à proteína animal, acrescido de temperos e outros ingredientes. A caracterização físicoquímica do produto, a aceitação sensorial do hambúrguer de caju e a avaliação microbiológica para acompanhamento das suas características nutricionais durante armazenamento congelado fizeram parte do trabalho, que resultou num produto com alto teor de fibras e baixo teor de gordura. As muitas possibilidades do caju: pasta, barra, suco e até hamburguer 28 Numa região marcada pela desnutrição, “a divulgação da forma de produção do hambúrguer e de suas características são resultados importantes, pois Pesquisadora da Embrapa, fazem com que Janice Ribeiro Lima a população conheça uma forma diferente de consumo”, avalia Janice, que já pode medir o resultado do seu produto. Numa escala que varia de 0 a 9, que vai do não aceitável ao excelente, o hambúrguer recebeu avaliação 6. “A incorporação de temperos da culinária local e o hábito de consumo podem melhorar a aceitação”, diz. Muitos outros produtos têm sido testados pela instituição. Um exemplo de utilização completa do fruto é a barra de caju. Altamente nutritiva, concentra um grande aporte de carboidratos, proteínas, vitaminas e fibras, e supre um crescente interesse pelo mercado de barras de frutas e cereais. Para a formulação da barrinha, são usados, além da amêndoa (castanha), fibra do pedúnculo, mel de caju e óleo da amêndoa. O resultado é um produto com alto teor de vitamina C, seis vezes maior do que a laranja, e com o triplo de teor de proteína encontrado nas barras de frutas tradicionais. O produto também é uma excelente fonte de fibras e possui vida de prateleira em torno de um ano. Já, a pasta de amêndoa é uma alternativa para aproveitar castanhas quebradas, que não seguem para venda por não alcançarem preço competitivo no mercado. A Embrapa desenvolveu o produto a partir dessas amêndoas moídas com açúcar, lecitina de soja e sal, que pode ser consumida da mesma maneira que a manteiga de amendoim, acompanhando pães e biscoitos. O resultado é um produto com maior valor agregado e altos teores energético e protéico, que pode ser armazenado por até dez meses. A barra de caju e a pasta de amêndoa ainda não estão sendo industrializadas. A tecnologia da barrinha está disponível na Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica Agropecuária e à Transferência de Tecnologia – Proeta. Mais informações estão no site do programa http://www.cnpat.embrapa.br/proeta Outro destino interessante para a fibra é a ração para ruminantes. Para o desenvolvimento, a Embrapa levou em conta que o resultado do EMBRAPA AGROINDÚSTRIA TROPICAL AGROINDÚSTRIA agronegócio dos ruminantes passa, necessariamente, pela diminuição dos custos de produção. Em vários sistemas de criação de animais, a alimentação é responsável por mais de 40% dos custos. Dentro deste enfoque, a pesquisa tem investido na busca de ingredientes que aliem qualidade nutricional, preços acessíveis e disponibilidade. Resíduos agroindustriais e perdas nas áreas de plantio de frutas podem se transformar em alternativas viáveis para compor rações balanceadas para ruminantes, especialmente ovinos e caprinos. Atualmente, a ração à base de caju é fabricada pela Franbel, que está situada na zona rural de Pacajus (CE). Os interessados em mais informações podem entrar em contato pelo telefone (85)3348-0081 ou pelo e-mail [email protected] BENEFÍCIOS SOCIAIS Outros produtos interessantes e inimagináveis à base de caju têm sido desenvolvidos pelos estados do Nordeste. A Emater PI – Empresa de Assistência e Extensão Rural do Piauí -, atua junto aos produtores e suas famílias desde 1966. Para o atual diretor geral do órgão, o Engenheiro Agrônomo Francisco Guedes Filho, “a intenção da Emater é tirar as famílias da linha de pobreza”. Para que isso ocorra, é preciso que cada indivíduo receba R$ 100,00/mês. Pela média, as famílias do Piauí são compostas por 5 pessoas. Baseada nessa realidade, a Emater realizou um estudo e concluiu que seria possível alcançar a meta, se cada família cultivasse cinco hectares de caju. “Daí a importância de trabalhar com a diversidade de produtos, que sempre foi sinônimo de desenvolvimento”, avalia o diretor. Por isso, produtos como sopa, patê, moqueca, carne, além da tradicional cajuína, são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar junto aos agricultores familiares, buscando, segundo Guedes, “aumentar a renda, a produção e a produtividade agrícola, melhorando as condições de vida dos pequenos produtores”. A cajuína é um produto típico do Piauí e é definida pela Instrução Normativa IN 01, de 07/01/ 2000, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento como o suco de caju clarificado, sendo uma bebida não fermentada e não diluída, obtida da parte comestível do pedúnculo por meio de processo tecnológico adequado. A agroindústria de cajuína está disseminada no estado, caracterizandose como atividade de administração familiar, que foi iniciada para atender ao consumo próprio, transformado-se posteriormente em uma opção de negócio, que chega a representar uma importante fatia da renda familiar. A Embrapa Agroindústria Tropical começou, em 1994, a articular agentes produtivos da cadeia produtiva do caju para ajudar no processo de concepção e implantação das primeiras minifábricas de beneficiamento de castanha, Cursos ensinam o dentro de um conceito moderno de agronegócio. Em parceria com a Companhia de Produtos Alimentícios aproveitamento integral da do Nordeste (Copan), do grupo J. Macedo, e a F. A. fruta Chagas, foi desenvolvida uma linha de equipamentos de baixo custo para o processamento da castanha de caju. Isso incluiu a capacitação de mão-de-obra por meio de uma fábrica-escola de beneficiamento, construída no Campo Experimental da Embrapa, em Pacajus (CE), com financiamento do Banco Mundial. Esse modelo apresenta índices que alcançam até 85% de amêndoas inteiras, contra 55% do índice alcançado no corte mecanizado das indústrias tradicionais. EMATER/PIAUÍ AGROINDÚSTRIA ALTERNATIVAS PARA APROVEITAMENTO Antônio José Carvalho, do Sindicaju, cita outras formas de aproveitamento do caju: - O restolho da madeira, decorrente dos tratos culturais, é fonte de energia primária em padarias, cerâmicas, caldeiras, etc. - O LCC (Líquido da Casca da Castanha) é usado como base de tintas, lonas de freios e composição de aglomerado de madeira. Pesquisadores estudam outras aplicações desse líquido, com isolamento de moléculas especiais para formações de aditivos, para substituição do óleo mineral usado em transformadores elétricos pelo LCC. O produto não deve ser confundido com o óleo da amêndoa. Este é um óleo precioso e de igual qualidade ao azeite de oliva, porém não existe aplicação como tal. Atualmente, o óleo de castanha de caju é usado em larga escala nas indústrias de tintas e automotiva e está em estudo por pesquisadores da Universidade de Brasília para ser inserido na composição de protetores solares. FONTES INTERESSANTES PARA O CAJU: http://www.emater.pi.gov.br/index.php www.cnpat.embrapa.br 29 FITORREGULADORES EM AÇÃO Uso de hormônios vegetais sintéticos pode mudar características, acelerar ou retardar o crescimento de frutas nas mais variadas etapas de desenvolvimento Daniela Mattiaso “Os fitorreguladores são substâncias sintéticas que, aplicadas externamente nas plantas, provocam efeitos fisiológicos semelhantes aos hormônios naturais. Por serem substâncias bastante instáveis nas condições ambientais, são feitas fórmulas sintéticas com ação hormonal”, explicam os pesquisadores Idemir Citadin, Dr. em Engenharia Agronômica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Manoel Teixeira de Castro Neto, professor adjunto e PhD em Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Essas substâncias agem em pequenas quantidades e têm o poder de desencadear respostas fisiológicas, como mudar, acelerar ou retardar o crescimento e desenvolvimento de uma planta. Entre os fitorreguladores mais utilizados estão o etileno, conhecido como hormônio da maturação e senescência (indução da floração); a giberelina, conhecida como hormônio do crescimento, e produ- Ramos da mangueira compactando a panícula MANOEL TEIXEIRA DE CASTRO/UFRB Efeito do PBZ, inibidor de crescimento, na floração tos com ação de auxina, como o ácido indolácetico e indolbutírico, que são promotores de raízes em materiais lenhosos (veja box na página 32). Os hormônios vegetais sintéticos podem ser aplicados via pulverização, irrigação, imersão ou mesmo na forma sólida, em concentrações previamente testadas e definidas em pesquisa, e nas fases e tecidos vegetais também pré-estabelecidos. Segundo os pesquisadores, “a princípio, qualquer fruteira pode receber aplicação de qualquer regulador de crescimento, mas é preciso que se tenha em mente a função e modo de ação deste fitorregulador”. Para eles, outra questão importante a ser avaliada é a real necessidade de aplicação. ”Os fitorreguladores trazem alguns riscos à saúde e ao meio ambiente e precisam ser tratados como se fossem remédios.”Como são produtos que agem rapidamente, é necessário ter cuidado para não usar uma fórmula ou dosagem errada”, explica Castro 30 TECNOLOGIA QUANDO VALE A PENA USAR UM FITORREGULADOR? “Sempre que o fruticultor tiver necessidade de alcançar bons preços na entressafra, ou melhorar a qualidade do fruto quanto a sua aparência e tamanho,” afirma o pesquisador Castro Neto. “Quando seu emprego resulta em melhoria na qualidade do produto e também em estabilidade produtiva, sem causar danos às pessoas e ao meio ambiente, com aumento de renda para o produtor, vale a pena”, acrescenta Citadin. Segundo eles, a aplicação dos fitorreguladores, apesar de aumentar custos de produção, melhora produtividade e qualidade das frutas, características bem remuneradas pelo mercado. “Os custos com o produto a ser aplicado vari- Fitohormônios podem ajudar no aumento do percentual de enraizamento de porta-enxertos, segundo pesquisador Idemir Citadin ARQUIVO PESSOAL Neto. Citadin ressalta que “o processo deve seguir todos os protocolos internacionais para testes de produtos, que devem estar devidamente registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), respeitando-se as legislações nacional e estadual para o registro de agrotóxicos.” Ele explica a razão: “Embora usados em concentrações e doses muito mais baixas que outros agroquímicos, como inseticidas, herbicidas e fungicidas, podem permanecer resíduos nas plantas, inclusive nas partes comestíveis. Os riscos de efeitos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente são pequenos, mas existem.” A fabricação e o uso de fitorreguladores devem seguir legislação pertinente, que prevê teste de resíduos e intervalo de segurança durante o período que vai desde a aplicação do agrotóxico até a colheita. Assim como outros agroquímicos, os hormônios sintéticos também se enquadram em tabelas de toxicidade. “Conforme o potencial de risco, são incluídos em classes toxicológicas que vão de I a IV, de maior a menor toxicidade, respectivamente”, explica Citadin. Entre os benefícios que os reguladores podem proporcionar à produção de frutas estão a antecipação ou o retardo do florescimento; o aumento da frutificação efetiva; diminuição do porte da planta, facilitando a colheita; aumento do tamanho da fruta; melhora da aparência em relação ao formato da fruta; promoção do desfolhamento da planta, diminuindo custos com mão-de-obra; e aumento da conservação pós-colheita. Para os viveiristas, os fitohormônios podem ajudar no aumento do percentual de enraizamento de porta-enxertos, o que segundo o pesquisador Idemir Citadin, é muito vantajoso, já que a rapidez na formação, no número e comprimento de raízes é fundamental para que a muda absorva mais água e nutrientes, ficando melhor nutrida e com mais qualidade. am muito, existem casos que ultrapassam R$ 1.500,00 por hectare. No caso da indução floral do abacaxi, por exemplo, o custo é de cerca de R$ 400,00 por hectare, representando cerca de 4% do custo de produção por hectare. O produtor só deve adotar a tecnologia, se esta reverter em aumento na renda, ou para minimizar perdas por eventuais adversidades, como a antecipação ou o retardo da colheita, que poderá fugir de períodos de chuva, por exemplo”, ressaltam eles. Atualmente, muitos produtores já usam fitorreguladores, principalmente na produção de abacaxi, manga, banana, uva e maçã. “O melhor exemplo é a cultura do abacaxi. Sem a aplicação do etileno, a produção fica mais tardia e desuniforme. A cultura da banana é outro caso: , aplica-se regulador de crescimento para que fique toda amarelinha”, explica Castro Neto. Há nove anos, o produtor Francisco Cleanto de Castro cultiva abacaxi Pérola, usando fitorregulador. São 45 hectares de área plantada, que produzem cerca de 30 toneladas de frutos médios por hectare. A fazenda fica em Itapororoca, na Paraíba. Segundo o produtor, o uso de substâncias artificiais para induzir a floração é muito mais vantajoso do que o natural. “É possível uniformizar a plantação e fazer a colheita em um período só. Economicamente é muito melhor, pois a colheita é feita em apenas uma semana, o que gasta menos tempo e diminui a mão-de-obra. Depois, comercializa-se toda a produção de uma vez só, num curto espaço de tempo, aumentando o poder de barganha, além de disponibilizar o terreno para outras finalidades. A fruta também fica com um porte físico ideal, uniforme e com qualidade, sendo mais valorizada pelo mercado”, explica ele. Outra vantagem, de acordo com o produtor, é que por meio do fitorregulador é possível determinar que as frutas fiquem prontas para os melhores períodos de comercialização. “O que é muito bom, já que o preço do abacaxi flutua muito“, afirma ele. 31 TECNOLOGIA “Hoje em dia temos bons técnicos para orientar produtores quanto ao uso de reguladores de crescimento. Mas o mais importante é o interessado ter conhecimento do que o produto realmente pode causar na cultura,” observa o pesquisador Castro Neto. Ele sugere aos interessados para buscar informações com professores ou pesquisadores em Fisiologia Vegetal ou Ecofisilogia em universidades e centros da Embrapa. Outra dica importante para quem quer começar é seguir as recomendações técnicas de um engenheiro agrônomo, que conheça bem os estágios fenológicos da cultura (fases da cultura com repouso, crescimento vegetativo, pré-florescimento, floração, frutificação, etc), que deve orientar as fases para aplicação. “Os cuidados devem ser obedecidos, rigorosamente, sempre respeitando dosagens, concentrações e Manoel Teixeira de Castro Neto, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) ARQUIVO PESSOAL PASSOS PARA QUEM QUER COMEÇAR intervalos de segurança. Os reguladores de crescimentos são tóxicos como qualquer fungicida, inseticida ou herbicida, portanto, é preciso cautela com a aplicação. O uso do equipamento de proteção individual (EPI) pelo aplicador é indispensável. É necessário ficar atento também ao prazo de carência”, alertam os pesquisadores. Como agem alguns fitorreguladores ETILENO - A substância promove indução de floração em algumas frutas. O uso de produtos como etrel (Etefon) e carbureto de cálcio em plantações de abacaxis induz a produção de etileno, que age induzindo a diferenciação floral. A substância é mais conhecida como hormônio do amadurecimento, pois está associado aos mecanismos que induzem o fruto a amadurecer. Em alguns casos, como nas bananas, quando chegam ao local de distribuição, introduzem etileno em câmaras fechadas com a fruta para uniformizar a maturação, que acontece cerca de três dias depois. No caso da maçã, para armazenar a fruta por longo período, o recurso é aplicado para inibir o amadurecimento. Para isso, emprega-se substâncias inibidoras de síntese de etileno como o AVG (amino-etoxi-vinil-glicina) nas maçãs ainda no pomar. Ou, na maioria dos casos, usa-se substâncias absorvedoras do etileno produzido dentro das câmaras, cuja atmosfera interior passa por um filtro com permanganato de potássio para absorver o etileno produzido. O carvão ativado também tem eficiência. AUXINAS - As auxinas, ou produtos com ação de auxina, promovem divisão celular. Em cultura de tecidos, são empregadas juntamente com as citocininas, em proporções diferenciadas para indução de calos e formação de brotos. Para alongar estes brotos, acrescenta-se ao meio de cultivo, uma giberelina. Para enraizamento, os brotos são colocados novamente em meio de cultivo contendo auxina (sem giberelina ou citocinina). Produtos com ação auxinas ou auxinas sinté32 ticas, como o ácido Naftalelo Acético, também são empregados para o raleio químico. Substâncias de ação auxínica empregadas no final do ciclo, próximo ao início da maturação dos frutos, agem prolongando a vida útil, inibindo a produção de etileno e, conseqüentemente, a maturação. Os raleantes químicos, à base de auxina, são amplamente empregados para reduzir custos com mão-de-obra, quando existe exigência de raleio. Algumas já são utilizadas comercialmente e outras estão em teste. CITOCININAS - As citocininas também são empregadas para prolongar a vida de frutos. Alguns experimentos demonstram que o ácido giberélico em citrus (tangerinas) pode retardar a maturação em até um mês. O fato é comercialmente importante, para prolongar a oferta de frutos, evitando sazonalidades e queda de preços. No caso de caquis e de kiwis, substâncias de ação citocinínica promovem aumento do tamanho dos frutos. ÁCIDO GIBERÉLICO - No caso das uvas sem sementes, o emprego do ácido giberélico tornou-se obrigatório. A produção desse hormônio ocorria na semente; sua função é aumentar o tamanho da baga. Sem a aplicação, a baga não se desenvolve e fica pequena. Os únicos casos de hormônio dependentes são as uvas sem sementes e o cultivo “in vitro” (cultura de tecidos), cujas plantas são totalmente heterotróficas, isto é, não são capazes de sintetizar o próprio alimento. Fonte: Pesquisador Idemir Citadin, Dr. em Engenharia Agronômica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) MEIO AMBIENTE Os polinizadores são essenciais na formação dos frutos e precisam de habitat para permanecer na propriedade agrícola, que deve ter paisagem diversificada para sua procriação e manutenção ANTÓNIO SCARPINETTI/UNICAMP Marlene Simarelli Numa fração de segundos, eles tocam as flores, uma a uma, e deixam no caminho uma nova fruta. Podem ser beija-flores e outras pequenas aves, abelhas, mamangavas, morcegos, besouros, mariposas e outros insetos. Eles são os polinizadores, cuja presença é essencial para a reprodução das fruteiras, de maneira geral, que não se beneficiam da ação do vento, como o arroz, o trigo e o milho. Mas a falta de habitat na propriedade agrícola os expulsa para outras áreas e reduz a produção. “A polinização é essencial para as plantas produzirem frutos e tem uma importância econômica enorme. Boa parte da produção agrícola depende de polinização por animais”, explica o biólogo Bráulio Ferreira de Souza Dias, do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O processo de fecundação das plantas ocorre de duas Bráulio Ferreira de Souza Dias, polinizadores têm grande importância econômica para frutas maneiras distintas. A primeira, através das plantas denominadas autocompatíveis, feita a partir do pólen da mesma planta. A outra, com maior ocorrência, depende do pólen vindo de outras plantas, cujo transporte é feito por animais. Bráulio Dias observa que não há uma receita única para todas as fruteiras e não existe um polinizador universal. “A abelha Europa, a apis melifera, é a que mais se aproxima dele, mas mesmo assim não atua em todas as plantas”. Ele exemplifica: “o maracujá, com suas flores grandes, somente as abelhas mamangavas conseguem polinizar. A Europa apenas visita a flor do maracujá – é uma espécie de ladrão de pólen, mas não poliniza a flor. A presença de abelhas Europa no maracujá é negativa. Já, a flor do caju oferece pouca atração para o polinizador – o mais interessante para esta fruteira são algumas abelhas solitárias, que precisam também de uma fonte de óleo para abastecer seu ninho. Se houver somente a plantação de caju, não haverá polinização, portanto o cajueiro precisa de uma consorciação, por exemplo, com a acerola. Ambas, são exemplos da situação complexa da polinização.” Segundo Dias, falta ainda muita informação para o produtor em relação aos insetos importantes para a polinização das culturas. “A família das anonáceas (graviola, araticum, atemóia, pinha, fruta do conde) precisa da presença de besouros. O agricultor desavisado vê besouros na planta, pensa que é praga e aplica inseticida, matandoos, por falta de informação.” O déficit da polinização pode acarretar frutos 33 pequenos, frutos defeituosos ou, até mesmo, causar ausência total de frutos. Estudos mostram também que a baixa fecundação pode afetar a qualidade e o sabor. Dias relata que “freqüentemente agricultores detectam problemas de produção de frutos e imaginam que as causas estão relacionadas à falta de água, de fertilização etc, mas raramente se perguntam se não é falta de polinização. Quando o morango não é polinizado fica com a ponta do fruto dura, por exemplo”. Na falta de polinizadores, o serviço de extensão agrícola recomenda a polinização manual, principalmente, em regiões desmatadas. Segundo o biólogo, este processo “funciona, mas é caro. Com elevação de custos de mão-de-obra no Brasil, cada vez vai ficar mais caro”. Ele avalia que, além da produção, a oferta de polinizadores em abundância é importante, pois reduz custos de mão-de-obra. MANGA E MARACUJÁ O estudo sobre o tema no Brasil começou há 50 anos com a cultura do café, sendo retomado nos anos 70, em Santa Catarina, com pesquisas em maçãs e nos anos 80, com o melão, no Nordeste. O grande avanço aconteceu a partir dos anos 70, com a criação dos cursos de pós-graduação sobre polinizadores nos institutos de Biologia. Recentemente, as escolas de Agronomia introduziram o tema, mas ainda de maneira tímida. Há dois anos, o Ministério do Meio Ambiente, por meio do Probio, investiu em projetos pilotos sobre o comportamento de polinizadores, em parceria com universidades e órgãos de pesquisa em diferentes regiões e culturas, entre elas cupuaçu, açaí, murici, mangaba, acerola, manga, maracujá, goiaba, umbu, maracujá, araticum, tomate em estufas e em campo. O aumento do número de polinizadores reflete na produção das mangueiras, assim como na do maracujá. Essas são as conclusões do projeto com ambas as fruteiras, coordenado pela pesquisadora Lúcia Kiill, da Embrapa Semi-Árido,parte da iniciativa de Polinizadores do Probio que contou com a participação de colaboradores, como a Universidade do Estado da Bahia (Uneb). O projeto analisou os polinizadores presentes em mangueiras Tommy Atkins e Haden e em três espécies de maracujá (amarelo, doce e o maracujá-do-mato, nativo da caatinga). Desenvolvida no pólo frutícola Petrolina (PE)/Juazeiro(BA), a pesquisa foi conduzida, no caso da mangueira, em três fazendas empresariais (de 50 a 120 hectares), voltadas para a exportação da 34 CUPUAÇU: ALDENORA LIMA QUEIROZ MANGA E MARACUJA: LÚCIA KIILL/EMBRAPA SEMI ÁRIDO MEIO AMBIENTE Abundância de polinizadores elimina polinização manual e influi na produção fruta in natura. Destes, cinco hectares eram de mangas em cultivo orgânico. Para o maracujá, os estudos ocorreram em áreas de agricultores familiares (6 a 10 hectares) dos projetos de Irrigação Senador Nilo Coelho e Maniçoba, com produção destinada ao mercado local, e em áreas experimentais da Embrapa Semi-Árido. Para o maracujá, a produção de frutos em condições naturais indicou que há limitação de seus polinizadores, as mamangavas. Lúcia Kiill afirma que “houve necessidade de se incrementar o número de visitantes e a freqüência de visita para o sucesso da cultura sem a utilização de técnicas manuais de polinização”. Já no cultivo de mangas, a pesquiadora destaca: “abelhas melíleras tiveram um comportamento ativo nas estações seca e chuvosa, mas as moscas estiveram presentes apenas em uma delas”. Ela acrescenta que “as plantas invasoras de cultivo servem como recurso alimentar alternativo para os polinizadores, favorecendo a permanência deles. Porém a aplicação de agroquímicos interferiu no comportamento reduzindo a diversidade e freqüência de visitas”. PESQUISA COM CUPUAÇU A cultura do cupuaçu é de grande importância para a região Amazônica e está presente em praticamente todos os sistemas agroflorestais, bem como o açaí. O projeto para estudos com a planta foi implementado na região de Manaus e seu entorno, em pomares de pequenos agricultores e em uma área experimental do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). De acordo com o coordenador do projeto e pesquisador do Inpa, Rogério MEIO AMBIENTE Gribel, apesar de ser nativo, o cupuaçu não ocorre espontaneamente na região da Amazônia central. “Os experimentos mostraram que árvores saudáveis, em boas condições nutricionais, produziam número de frutos abaixo do potencial. Atribuímos este comportamento à deficiência de polinização, pois quando polinizadas manualmente, estas árvores aumentam muito sua produção”, explica. O cupuaçu é polinizado por pequenas abelhas nativas, sem ferrão. “Sem elas, a produção da cultura é zero, pois nesta planta há necessidade de polinização cruzada (ou seja, o pólen deve ser levado da flor de uma árvore para a flor de outra) para formação de frutos. Polinização entre flores da mesma árvore não resulta em fecundação e não há produção”, ressalta Gribel. A pesquisa mostrou que as pequenas abelhas, normalmente, são desprezadas pelo agricultor, pois ele ainda não está informado sobre a importância delas e não as relaciona com a fecundação das flores e à formação de frutos do cupuaçu e de outras fruteiras tropicais. ”Estas pequenas abelhas, que ocorrem mesmo em áreas de vegetação secundária e onde já houve interferência do homem, são agentes de grande importância econômica”, observa. Para o pesquisador, os produtores estão mais cientes da polinização feita por abelhas criadas em cativeiro, como a européia (Apis melífera) e as jandaíras (gênero Melípona), mas ambas não polinizam o cupuaçu. Gribel afirma ter encontrado algumas áreas com deficiência destes agentes fecundadores em função do uso de inseticidas em demasia, embora haja flora nativa relativamente preservada em torno das fazendas e dos pomares. Segundo artigo assinado pelos pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, Giorgio C. Venturieri, Silvane T. Rodrigues e Charles A. B. Pereira, “o açaizeiro, por ser uma planta que oferta razoável quantidade de pólen e néctar e, por possuir seu pico de floração no período de menor oferta de recursos florais por outras espécies botânicas, constitui-se também como uma importante espécie apícola para a região Amazônica”. Para sanar a deficiência dos polinizadores da cultura do cupuaçu, instituições estão desenvolvendo tecnologia de manejo das colônias de abelhas nativas a exemplo do que já existe para as melíferas. O Inpa possui um meliponário com 50 colônias para cruzamento. Os interessados podem obter informações na Coordenação de Extensão pelo telefone (92) 3643-3135. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) está desenvolvendo programa de longo prazo em parceria com a FAO (Food and Agriculture Organization), o Ministério da Agricultura, universidades e órgãos estaduais, para estabelecer uma rede de experimentação e polinização na agricultura com culturas de importância nacional e regional. Segundo Bráulio Dias, “estudos mostram que o produtor pode ter ganhos de 20%a 50% de produtividade com oferta adequada de polinizadores na laranja, maçã, uva e melão”. Para conhecer os projetos pilotos, visite o site www.mma.gov.br/ probio e acesse subprojetos apoiados. Para não limitar os polinizadores Eles precisam ter condições favoráveis de se manter no ambiente a fim de visitar as fruteiras e demandam, também, um local para seus ninhos. Muitas abelhas nativas brasileiras fazem ninho em árvores ocas. Há abelhas que precisam de areia, de barranco; outras que fazem ninhos nas raízes de plantas epífitas (aquelas que se apóiam em outras para viver, como as orquídeas). Já os besouros, na fase larval, vivem no solo se alimentando de raízes de gramíneas. Em culturas com épocas de floração bem definidas, como a maçã, é preciso manter fontes de alimentos para que sobrevivam e completem seu ciclo de vida ao longo do ano. O fruticultor pode tomar cuidados simples como: - Manter remanescentes de florestas, áreas de cerrado, de campo, áreas gramadas, com solo exposto e plantas complementares (como o exemplo do caju e da acerola) - Não atear fogo - Reduzir e até eliminar agrotóxicos, substituindo-os por controle biológico e outros manejos, pois polinizadores são muito sensíveis a eles. (Estudos comprovam que no cultivo orgânico há maior diversidade) - Ao usar agroquímicos, optar pelos menos tóxicos aos polinizadores, particularmente, abelhas nativas e melíferas. - Ter muita atenção para não coincidir horário de abertura das flores e visitação dos polinizadores com horário da aplicação. - Evitar aplicação no período da manhã, quando ocorre maior visitação. Aplicações devem ser feitas, de preferência, no final da tarde. - Manejar plantas invasoras da cultura para que sirvam de fonte alimentar e de abrigo aos inimigos naturais. - Suplementar a visitação dos polinizadores colocando colméias, no caso do plantio de mangas, ou substrato para a construção de ninhos, em maracujá. - Identificar os ninhos (que ocorrem em ambientes específicos como cupinzeiros, troncos de palmeiras, troncos ocos) e não destruí-los - Facilitar a introdução de ninhos nos plantios para aumentar a taxa de polinização. 35 OPINIÃO AENDA RESÍDUOS NEM TANTO PERIGOSOS Tulio Teixeira de Oliveira Diretor Executivo da Aenda (Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos) A Anvisa divulgou recentemente o resultado anual do último levantamento em todo o país do Para (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos) e a imprensa destacou com alarde que tomates, morangos e alfaces estavam contaminados com teores acima de 40%. No espaço desse artigo queremos tranqüilizar agricultores e consumidores, em duas abordagens: 1ª Abordagem – Dados Desvirtuados As irregularidades apontadas são oriundas de duas situações: uma é a detecção de resíduos acima do LMR (Limite Máximo de Resíduo) e outra é o uso de agrotóxico sem a devida recomendação no rótulo/bula para determinada cultura agrícola. • A maior parte dos altos índices encontrados no levantamento da Anvisa está relacionada com o uso irregular de agrotóxico não indicado para uma determinada lavoura. Ora, a praga não espera pelo registro e o agricultor precisa salvar seu patrimônio e recorre a produtos eficazes contra o inseto, o fungo ou a erva daninha em questão, mesmo que em seus rótulos apareçam outras culturas e não aquela que está cultivando. Não se pode rotular de contaminação esse uso, pois não há risco explicitado de ultrapassagem do LMR. Os rótulos/bulas não indicam todas as culturas, porque o sistema brasileiro é irracional, nesse particular, e exige estudo de resíduos em cada cultura e não 36 em grupos de culturas, como recomenda a FAO. E um estudo de resíduo custa cerca de R$ 60 mil, para cada uma das muitas pragas em uma cultura. • Uma pequena parte da irregularidade é originada do uso, pelo agricultor, de dosagem acima da recomendada ou por aplicação mais perto da colheita que o definido no Intervalo de Segurança, também informado no rótulo/ bula. Os levantamentos de anos anteriores indicavam contaminação bem baixa de resíduos acima do LMR. Esse ano a Anvisa não divulgou a tabela completa e o público não pode aferir a real participação do abuso na aplicação. As autoridades preferiram somar as duas irregularidades, o que no nosso entender é o mesmo que somar abacaxi com banana. Só dá salada! Essa divulgação da forma que aconteceu não foi uma atitude responsável. 2ª Abordagem – As Margens de Segurança Mesmo esses usos indevidos, que ocasionam resíduos acima do LMR estabelecidos, não são tão perigosos como à primeira vista pode parecer ao público. É disso que trataremos agora. Os cientistas já prevendo esses erros humanos na hora de aplicar os pesticidas consideraram grandes margens de segurança no estabelecimento de um Limite Máximo de Resíduo. Começa em qualquer teste toxicológico. Como não podem usar uma infinidade de animais de experimentação para reduzir a incerteza estatística, eles aumentam a dose maior testada. São, portanto, administradas doses fora da realidade do uso do pesticida. Aí surge o primeiro e grande fator de segurança. Um incrível acervo de estudos toxicológicos, farmacocinéticos e de metabolismo em toda a vida dos animais de experimentação serve para fixar qual a dose que não apresenta qualquer efeito adverso no animal mais sensível (se os efeitos em ratos forem maiores que em cães, os dados dos ratos é que serão utilizados). Percebam que, aqui, foi introduzido mais um fator de segurança. Nesses estudos os resultados diferem de animal para animal, entre os da mesma espécie. Logo é bem possível que isso vá ocorrer nos humanos. Os cientistas, então, introduziram um fator de segurança da grandeza de 10 vezes. Não esqueça que os fatores vão se acumulando. Na dúvida se os resultados em cobaias serão os mesmos nos humanos, foi agregado mais um fator de grandeza 10, em razão da comparação dos perfis farmacológicos entre espécies. Desta maneira surge a fórmula NOAEL / 10 x 10 = Ingestão Diária Aceitável (ADI) para humanos. Observe que esses fatores de segurança não foram somados, mas multiplicados...por segurança. O LMR acima comentado é a concentração máxima permitida de um resíduo de pesticida aceito em cada tipo de alimento. O LMR é obtido com testes reais em campo, seguido de análise do alimento colhido com casca e nó, como se diz prosaicamente. No entanto é sabido que desse alimento só é aproveitado 70% em média. Por segurança, os cientistas não dão esse desconto na fixação do LMR. Além disso, é realizada uma curva de resíduo correspondente a aplicações do produto em diversos estágios do ciclo da planta para definição do Intervalo de Segurança em um determinado ponto antes da colheita; pois bem, para o LMR é levado em conta o maior resíduo detectado nessa curva e não aquele do ponto definido como Intervalo de Segurança. É mais um sobre-fator de segurança. No Brasil, adiciona-se um outro componente de segurança, qual seja a dose dobrada em testes de campo, fato que alarga e muito a faixa de segurança. Completada essa operação, compara-se o valor de resíduos obtido da soma das ingestões diárias versus a ADI, obtida nos testes toxicológicos acima relatados. Se o valor de resíduos for menor ou igual a ADI, tudo bem; se for maior, sinal vermelho. Talvez o correto fosse amarelo, porque na verdade trata-se de uma superestimação. É preciso ressaltar que (a) apenas uma parte da safra colhida é tratada com pesticida; (b) a maior parte da cultura tratada contém resíduo abaixo do LMR; (c) os resíduos geralmente são reduzidos no armazenamento, na preparação dos alimentos ou no processamento industrial (inclusos aí: lavagem, secagem, fermentação, refinamento, cocção, etc.). Releia o artigo, caro leitor, por favor, e agora some quantos fatores de segurança foram agregados. Com toda essa vasta barreira de segurança, os cientistas dormem tranqüilos. Pode dormir você também! Ver nota relacionada em “Campo de Notícias” na página 10. AGENDA 15 a 18 • FRUTAL 2008 - 15ª SEMANA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA, FLORICULTURA E AGROINDÚSTRIA (Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindústria) Centro de Convenções (Fortaleza/CE) Info: Inst. Frutal (85) 3246-8126 • [email protected] • www.frutal.org.br set 08 ago 08 11a 20 • FENAIVA - 22ª FEIRA DE NEGÓCIOS DO VALE DO ACARAÚ (Sebrae/CE) Centro de Convenções de Sobral (Sobral/SP) Info: Organização do Evento (88) 3611-8300 [email protected] • www.ce.sebrae.com.br 23 a 26 • FENAGRI 2008 – FEIRA NACIONAL DA AGRICULTURA IRRIGADA (Prefeitura Municipal de Petrolina e Valexport) Porta do Rio (Petrolina/PE) Info: (87) 3862.9261 • [email protected] www.fenagri2008.com.br 10 a 15 • XVII REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA (Embrapa e UFRRJ) Hotel Glória (Rio de Janeiro/RJ) Info: Organização do Evento (21) 2179-4577 [email protected] • www.rbmcsa.com.br/index.php 10 a 12 • EXPOTRAN 2008 - FEIRA INTERNACIONAL DE TRANSPORTE INTERMODAL E LOGÍSTICO (Ferrari Feiras e Eventos) Centro de Eventos Expoara (Arapongas/PR) Info: Organização do Evento (41) 3233-7643 [email protected] • www.ferrarieventos.com.br/expotran 14 a 18 • FOOD EXPO Hong Kong Convention & Exhibition Centre (Hong Kong/China) Info: Mr. Ng Hei Man, Ms. Wengel Fung, Mr. Chris Lo (852) 2240-4907 / (852) 2240-4056 / (852) 2240-4584 [email protected] ou [email protected] ou [email protected] • http://hkfoodexpo.com 23 a 26 • WORLD FOOD 2008 Expocentr (Moscow/Russia) Info: Ibraf (11) 3223-8766 • [email protected] www.worldfood-moscow.com • www.brazilianfruit.org.br 24 a 26 • IFE AMERICAS (Montgomery Exhibitions Limited) Miami Beach Convention Center (Miami/USA) Info: Organização do Evento +(44)-(207)-8863000/8863013 [email protected] • www.ifefreshproduce.co.uk www.americasfoodandbeverage.com 20 a 22 • EXPOPRAG 2008 – 7ª FEIRA INTERNACIONAL DE PRODUTOS E SERVIÇOS PARA CONTROLE DE PRAGAS (Associação Paulista dos Controladores de Pragas - APRAG) International Trade Mart (São Paulo/SP) Info: Organização do Evento (11) 3876-4015 • [email protected] www.aprag.org.br 09 a 11 • 7ª EDIÇÃO - TECNOBEBIDA LATIN AMÉRICA 2008 (Nielsen Business Media Ltda) Transamérica Expo Center (São Paulo/SP) Info: (11) 4613-2019 • [email protected] ou [email protected] • www.tecnobebida.com.br 01 e 02 •COOLOGISTICS 2008 (Navigate Conferences) City Conference Centre (Londres/Inglaterra) Info: Mike Elsom 44 (0)20 7369-1656 • [email protected] www.navigateconferences.com 15 a 18 • POLAGRA FOOD 2008 (Polagra Food) Pavilhão de Exposições de Poznan (Poznan/Polonia) Info: Ewa Bartkowiak +48 61 869 21 39 [email protected] • www.polagra-food.pl/en set 08 jul 08 25 A 28 • 3ª FRUTAL AMAZÔNIA E VIII FLOR PARÁ (Instituto Frutal e Governo do Pará) Hangar do Centro de Convenções e Feiras da Amazônia (Belém/PA) Info: Organização do Evento (85) 3246-8126 • [email protected] www.frutal.org.br internacionais jul 08 23 a 26 • FISPAL FOOD SERVICE 2008 - 24ª FEIRA INTERNACIONAL DE PRODUTOS E SERVIÇOS PARA ALIMENTAÇÃO FORA DO LAR Expo Center Norte (São Paulo/SP) Info: (11) 3234-7725/4003-3004 • [email protected] www.fispal.com 15 a 18 • NOVA EQUIPOTEL 2008 (Grupo Equipotel) Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi (São Paulo/SP) Info: Organização do Evento (11) 5574-5166 / (21) 2235-5486 [email protected] • www.novaequipotel.com.br 30/09 a 02/10 • EXPOPORTOS 2008 – 5ª FEIRA DE LOGÍSTICA, TRANSPORTE E COMÉRCIO EXTERIOR (Rota Service Ltda) Pavilhão de Exposições de Carapina (Serra/ES) Info: Organização do Evento (27) 3319-8110 [email protected] • www.rotaeventos.com.br ago 08 11 a 13 • 15ª HORTITEC - EXPOSIÇÃO TÉCNICA DE HORTICULTURA, CULTIVO PROTEGIDO E CULTURAS INTENSIVAS (RBB Promoções & Eventos) Recinto de Exposições de Holambra (Holambra/SP) Info: RBB Promoções e Eventos (19) 3802-4196 [email protected] • www.hortitec.com.br 08 a 09 • WORLD FRUIT AND VEGETABLE SHOW ExCeL London (Londres/Inglaterra) Info: Green World Exhibitions 0044 1429 864466 [email protected] • www.wfvexpo.com out 08 jun 08 04 a 06 • EXPOFRUIT 2008 - FEIRA INTERNACIONAL DA FRUTICULTURA IRRIGADA (COEX - Comissão Executiva de Fitossanidade) Sede da UFERSA (Mossoró/RN) Info: João Manoel e Laura (84) 3312-6939 [email protected] • www.expofruit.com.br set 08 nacionais 19 a 23 • SIAL - PARIS (Promosalons Brasil) Paris Nord Villepinte Exhibition (Paris/França) Info: Organização do Evento (11) 3168-1868 [email protected] • www.sial.fr • www.promosalons.com 24 a 27 • PMA – FRESH SUMIT Orange County Convention Center (Florida/USA) Info: Ibraf (11) 3223-8766 • [email protected] www.pma.com/freshsummit • www.brazilianfruit.org.br 37 novos MERCADOS Ações nos Emirados Árabes, na Coréia do Sul e em Cingapura buscam ampliar mercado para as frutas brasileiras e seus derivados Luciana Pacheco / Fotos Ibraf Novas fronteiras estão se abrindo para as frutas brasileiras e seus derivados. Oriente Médio, Coréia do Sul e Cingapura são importantes mercados, que estão sendo desbravados pelos empresários brasileiros, interessados em diversificar seus clientes e países de destino. Atualmente, mais de 70% das exportações brasileiras de frutas têm como destino a União Européia, causando grande dependência deste bloco, que vem aumentando cada vez mais as exigências para importar frutas do Brasil. Para conhecer esses mercados ainda pouco explorados pelo setor de frutas, o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), realiza missões de prospecção desde 2003, tendo iniciado ações de promoção em 2005 com a participação na feira Saudi Food, na Arábia Saudita. Este ano, a participação de empresas brasileiras nos eventos internacionais Food and Hotel 38 Ásia (FHA), em Cingapura, e na Gulfood, em Dubai, nos Emirados Árabes, possibilitou a geração de US$ 4,4 milhões em negócios e previsão de futuros negócios na ordem de US$ 34 milhões. O gerente de Projetos da Apex-Brasil, Marcos Soares, ressalta que “a abertura de novos mercados de exportação para os produtos brasileiros é um dos objetivos gerais da atuação da Agência. No caso da promoção de exportação de frutas, este também é um objetivo específico do projeto, de forma a reduzir a concentração das exportações de frutas para Europa e Estados Unidos”. Soares acrescenta que “no caso do Oriente Médio, as empresas brasileiras envolvidas já participam de ações desde 2005, com resultados comerciais muito promissores, a despeito das dificuldades de logística, sobretudo em razão da longa distância e das características dos produtos, que são perecíveis. A participação de empresas do projeto na Ásia é mais recente e os resultados ini- EVENTOS ciais deverão ser avaliados para a definição de uma estratégia de ação diferenciada para a região”. ORIENTE MÉDIO Impulsionada pelo petróleo, a economia de alguns países vem crescendo a taxas maiores que a mundial, gerando maior consumo de produtos e crescente demanda de alimentos, inclusive de frutas e seus derivados. Dubai, localizado nos Emirados Árabes, é o 3º maior porto de re-exportação do mundo – 72% das importações são re-exportadas para 160 países. Abu Dhabi investirá US$ 11 bilhões em turismo até 2015. O Qatar possui a 3ª maior reserva de gás natural e a maior renda per capita do mundo: US$ 50 mil. A Arábia Saudita tem a maior economia do Golfo com 70% de sua população abaixo dos 30 anos, com imensa capacidade de consumo de novos produtos. “Estes são alguns dos fatores que impulsionaram a intensificação de ações de promoção nesta região, como a participação em feiras de negócios, como a Gulfood”, explica Valeska de Oliveira, gerente executiva do Ibraf. A feira obteve um crescimento de 250% no volume de negócios comparado com primeira participação em 2007 - US$ 400 mil –, assim como ações de degustação em redes de varejo em Dubai, que estão sendo negociadas. CORÉIA DO SUL A Coréia do Sul se apresenta como uma das mais promissoras economias mundiais, com projeções de crescimento, em médio prazo, em torno de 15% ao ano e tem a finalidade de se tornar uma líder mundial e ingressar no G10, proporcionando a países fornecedores de produtos, como o Brasil, um atrativo mercado. Além das mudanças no padrão de consumo, influenciadas por aumentos salariais, sociais, culturais e de estilo de vida, que elevam o consumo de alimentos de alta qualidade e características de produto fresco, a Coréia também vem se mostrando aberta para diminuir suas barreiras e facilitar o acesso ao seu mercado. Visando conhecer este mercado, o Ibraf, em parceria com a Apex-Brasil, realizou uma prospecção neste país, em janeiro deste ano, com o objetivo de analisar oportunidades de acesso ao 39 EVENTOS mercado sul-coreano, bem como apresentar o mercado brasileiro de frutas e seus derivados. Foram realizadas visitas a grandes indústrias sul-coreanas de bebidas, importadoras de sucos de frutas e de concentrados, além de lojas de varejos no país, em embaixada e multinacionais, como a Yakult. De acordo com o Ibraf há demanda para frutas frescas, como abacaxi, banana, laranja e uva de mesa, e para produtos processados, como sucos prontos e concentrados. Entretanto, Rogério Demarchi, diretor agroindustrial do Ibraf, responsável pela prospecção, alerta que “o imposto de importação para produtos processados está entre 30% e 54%, porém a Coréia tem firmado acordos comerciais com alguns países com grande redução de impostos, como o Chile, por exemplo, que o Imposto de Importação está em 17,1% para alguns tipos de sucos concentrados”. Moacyr Saraiva Fernandes, presidente do Ibraf, explica que “para as frutas frescas também há uma forte taxação, além de ser possível a exportação somente de abacaxi, banana e coco”. Fernandes ressalta que “necessitamos de acordos para acessarmos este mercado, pois não podemos competir com alíquotas de 50%”. A Gulfood teve um crescimento de 250% no volume de negócios comparado com a primeira participação em 2007, que foi de US$ 400 mil CINGAPURA Cingapura é conhecida como maior entreposto comercial do Sudeste Asiático, atuando como distribuidor para outros países da região – 40% das frutas importadas são re-exportadas para países vizinhos, – inclusive Japão e Austrália. Como o país não tem uma produção comercial de frutas, há um grande potencial de ampliação da exportação de frutas brasileiras, principalmente para maçã, uva, melão e citrus, sendo laranja para Cingapura e tangerina para os países vizinhos. As frutas são bastante demandadas pela população local, que consome cerca 82 kg/ano. “Acreditamos no potencial deste mercado e por isso participamos pela terceira vez na FHA, levando empresas brasileiras para apresentar seus produtos”, afirma Valeska Oliveira. O volume de negócios realizados durante esta feira foi de US$ 3 milhões, bem superior à participação anterior, que rendeu US$ 450 mil. 40 Empresas brasileiras presentes na FHA realizaram negócios de US$ 3 milhões, este ano, contra US$ 450 mil na edição anterior ARTIGO TÉCNICO DIVERSIFICAÇÃO DE VARIEDADES EM FIGOS Pesquisa aponta novas técnicas de enxertia para acelerar produção de mudas da figueira, abrindo espaço para introdução de novas variedades e solução de problemas decorrentes do monocultivo do ‘Roxo de Valinhos’ Fotos e Texto: Rafael Pio* e Edvan Alves Chagas** A figueira (Ficus carica L.) é uma frutífera pertencente à família Moraceae, originária da região arábica mediterrânea, Mesopotâmia, Armênia e Pérsia, havendo relatos de cultivos até mesmo a 639 a.C. Na atualidade, constitui-se uma das mais importantes frutíferas de clima temperado cultivadas, devido a sua larga adaptação climática, rusticidade e aproveitamento de seus frutos e subprodutos (aproveitamento das folhas na fabricação de bebidas fermentadas, ramos como propágulos e a extração da ficcina, enzima proteolítica com propriedade hidrolisante da proteína usada para amaciar carnes). Há registros de seu cultivo, no Brasil, desde as regiões temperadas do Rio Grande do Sul até mesmo nas regiões semi-áridas nordestinas. Turquia, Egito, Argélia, Irã e Marrocos são considerados os maiores produtores e consumidores mundiais de figo. Já, o Brasil é considerado o maior produtor do Hemisfério Sul, situando-se como o 14º maior produtor mundial de figos, em área (3.020 ha), detendo a sétima maior produção (26.476 t) e a quinta maior produtividade mundial Pesquisador Rafael Pio, da Unioeste (PR), durante simpósio sobre figo, em Tavira, Portugal (8,76 t.ha-1). Esse fato faz com que o País seja o maior exportador de figos frescos do Hemisfério Sul, locando sua produção na entressafra dos maiores produtores e consumidores de figos. 41 ARTIGO TÉCNICO São Paulo é o único Estado brasileiro exportador e o maior produtor de figos voltados para a produção de fruta fresca. Tecnologias e pesquisas foram intensificadas, potencializando o Estado como o maior detentor mundial da produtividade de figos (24,82 t.ha-1), maior que a Macedônia, Líbia e Israel, países que detêm as maiores tecnologias na ficicultura. Porém, analisando a área de cultivo no Estado, nota-se que houve acentuado decréscimo nos últimos anos, com redução da área cultivada em aproximadamente 21% nos últimos 12 anos, passando de 487 hectares em 1994 Enraizamento de toletes 90 dias Enraizamento de toletes, preparo para 386 hectares, em 2006. O decrésciapós a estaquia do nó para transplantio mo decorre dos sérios problemas fitossanitários associados à elevada exploração imobiliária ocorrida no principal pólo ficícula de São Paulo, a região do Circuito das Frutas em relação ao ataque de nematóides. Já, as espécida região metropolitana de Campinas. es F. cocculifolia, F. pumila e F. racemosa são consideradas tolerantes a nematóides. Essas duas últimas espécies são encontradas facilmente no Brasil; F. PROBLEMAS FITOSSANITÁRIOS Nas regiões produtoras brasileiras, o ‘Roxo de pumila, conhecida como falsa-hera, é uma planta Valinhos’ é o único cultivar utilizado comercialmen- comum nos muros das residências, conhecida pote, caracterizado pelo seu elevado vigor, rusticida- pularmente como “agarra-agarra”; já, F. racemosa de e produtividade. Na década de 60, o Instituto se encontra na coleção de Moraceae do Jardim Agronômico (IAC) detinha cerca de 25 cultivares de Botânico, no Rio de Janeiro. F. carica, oriundos do Programa de Melhoramento Genético liderado pelo Pesquisador Orlando Rigitano, da antiga Seção de Fruticultura Temperada (hoje, Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Frutas). Porém esses cultivares foram se perdendo frente ao baixo interesse pelos ficicultores em diversificar o ‘Roxo de Valinhos’. Novo método de enraizamento de toletes pode aumentar em cinco vezes o rendimento de mudas a partir de estacas Esse cultivar possui sérios problemas, no que tange aos aspectos fitossanitários. Um deles é o ataque por nematóides, principalmente Meloidogyne incognita, denominado nematóide das galhas; e o Heterodera fici, denominado nematóide dos cistos, que são responsáveis pela diminuição significativa da produção das plantas, chegando a limitar o cultivo da figueira em áreas infestadas. Outros problemas enfrentados pelo ‘Roxo de Valinhos’ são a ferrugem da figueira (Cerotelium fici) e a seca-damangueira(Ceratocystis fimbriata Ell. & Halst.). Quanto à resistência varietal, outras espécies, como o F. glomerata, possuem imunidade satisfatória 42 NOVAS TÉCNICAS DE ENXERTIA A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) iniciaram um programa de medidas de ações, frente aos problemas considerados emergenciais, para a ficicultura nacional. Como medida de ação em curto prazo, estão sendo desenvolvidos ensaios relacionados ao domínio de técnicas de enxertia da figueira ‘Roxo de Valinhos’ e ainda técnicas alternativas para o aumento do rendimento de mudas oriundas de estacas. Quanto ao enraizamento de toletes (colmo-semente, onde cada nó do ramo origina uma muda), não há registro na literatura da multiplicação de frutíferas por esse método, que consiste em colocar estacas caulinares totalmente submersas na posição horizontal, em leito de enraizamento, igualmente adotado no cultivo de mandioca e cana-de-açúcar. Como em cada nó da porção mediana do caule da figueira são encontradas gemas vegetativas, em estado de dormência e o enraizamento da porção caulinar ocorre em toda a extensão da estaca, e não somente na base, esse método poderá aumentar o número de mudas em cinco vezes. Isto porque em estacas medianas, a distância entre nós é de quatro centímetros. Enquanto em uma única estaca de 20 ARTIGO TÉCNICO ção da técnica de propagação da figueira por tolete, quanto ao aumento de rendimento de mudas em três vezes. Com o intuito de desenvolver um protocolo de enxertia de mesa em figueira, foram desenvolvidos dois experimentos com diferentes técnicas de enxertias por borbulhas (borbulhia) e por garfos (garfagem). No primeiro experimento, estacas lenhosas de 20 cm de comprimento, da porção mediana dos ramos, coletadas em junho, julho, agosto e setembro, foram enxertadas por borbulhia tipo placa e “T” normal. No segundo experimento, os propágulos foEnxertia de figo para mesa, por Enxertia de figo para mesa, por ram coletados em julho e as estacas foram garfagem, após 90 dias borbulhia, após 150 dias enxertadas pelo método da garfagem, imergindo-se metade das estacas em solução de 2000 mg L-1 de AIB por 10 seguncm pelo método convencional da estaquia, em lei- dos e a outra metade permaneceu ausente de tratato de enraizamento, consegue-se uma única muda, mento. Os enxertos foram protegidos com sacos pláspelo enraizamento de toletes poderá se conseguir ticos transparentes (18 x 3 cm), mantidos por diferencinco mudas. tes tempos: 0, 15, 30, 45 e 60 dias. Posteriormente, O sucesso dessa metodologia de propagação po- as estacas dos dois experimentos foram enterradas a derá auxiliar na rápida multiplicação de estacas de 2/3 de seu comprimento em leito de areia, sob telado novos cultivares de figueira introduzidos de outros (sombrite com 50% de luminosidade). Com os resulpaíses. Em programas de melhoramento genético tados dos experimentos, comprovou-se a validação para introdução e avaliação de novos cultivares, ge- da técnica de enxertia de mesa em figueira. Para o ralmente a quantidade de propágulos vegetativos tipo borbulhia, deve-se realizar enxertias em agosto cedidos é em número reduzido, o que onera os pelo método “T” normal e para a enxertia por trabalhos de seleção varietal, frente ao longo perí- garfagem, deve-se tratar as estacas com AIB e proteodo demandado na multiplicação dos cultivares. O ger os garfos por 60 dias. A enxertia por garfagem sucesso da multiplicação de propágulos caulinares sobressaiu em relação à enxertia por borbulhia. de figueira pelo método de toletes, visando o auEm um segundo passo do programa, novos culmento no rendimento de mudas, irá auxiliar os pro- tivares de figueira serão introduzidos, neste ano, gramas de introdução e avaliação agronômica de pelo Professor e Pesquisador Rafael Pio, em connovos cultivares no Brasil, para diversificar o cultivo junto com o Pesquisador Rui de Souza, do Instituto do único cultivar em escala comercial, o ‘Roxo de Nacional de Investigação Agrária de Portugal. Os Valinhos’, e minimizar os sérios problemas novos cultivares serão utilizados como portafitossanitários atuais da cultura. enxertos e testados em campo e em ambiente conEstacas caulinares da porção mediana de figuei- trolado, para estudo da performance quanto à ra ‘Roxo de Valinhos’ foram coletadas na poda fenologia, aspectos produtivos e tolerância a hibernal (feita em julho), padronizadas com 20 cm nematóides. Esses novos materiais serão dispode comprimento, diâmetro de 12 mm e cinco nós. nibilizados aos produtores, a médio prazo, após Em metade das estacas, realizou-se um ferimento finalização dos ensaios de competição, adaptação entre os nós (cortes quadrados com dimensões de e definição do manejo cultural. um centímetro). As estacas foram tratadas com diferentes concentrações de AIB (0, 1000, 2000 e * Rafael Pio 3000 mg L-1). As estacas foram enterradas na posi- Engenheiro Agrônomo, ção horizontal, a cinco centímetros de profundida- D.Sc., professor adjunto da Universidade Estadual do Oeste de, permanecendo totalmente imersas, em leito de do Paraná-Unioeste, Marechal Cândido Rondon (PR). areia umedecido, sob telado (sombrite com 50% e-mail: [email protected] de luminosidade). No preparo das estacas, deve-se ** Edvan Alves Chagas causar ferimento entre os nós e aplicar a concen- Engenheiro agrônomo, tração de 2000 mg L-1 de AIB. Com os resultados D.Sc., pesquisador científico do Instituto Agronômico (IAC), do presente experimento, comprovou-se a valida- Jundiaí-(SP) 43 artigos técnicos podem ser enviados para [email protected] ○ ○ ○ ○ ○ RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS PARA PRODUÇÃO DE MANGA ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A nova publicação lançada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) é um guia completo sobre a produção de manga no Estado do Espírito Santo. O livro foi lançado com o objetivo de divulgar o conhecimento para o cultivo da fruta e contribuir para a geração de renda por meio da diversificação da pequena propriedade rural, com novas tecnologias, assistência técnica e formas de comercialização. Entre os temas de destaque estão aspectos da produção, seleção de áreas, variedades, plantio, manejo, solos, nutrição, adubação, irrigação, controle de pragas e doenças, além de técnicas de colheita e custo da produção. O texto foi organizado pelos pesquisadores do Incaper. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Autores (fotos e textos): Aureliano Nogueira da Costa, Adelaide de F.S. da Costa, Luiz Carlos S. Caetano e José Aires Ventura Preço: R$ 5,00 Onde encontrar: pelo telefone (27) 3137-9847, pelo e-mail [email protected] ou por carta para Incaper: Rua Afonso Sarlo, 160 - Bento Ferreira - Vitória, ES - CEP 29052-010 ○ ○ ○ ○ ○ Organizadores: Sarita Leonel e Aloísio Costa Sampaio Editora: Fundação Editora da Unesp Preço: 28,00 Onde Encontrar: www.editoraunesp.com.br ou telefone (11) 3242-7171 ○ ○ ○ O potencial do maracujá-doce e suas diferentes utilizações no mercado são tratados no lançamento da Editora Unesp, Maracujá-doce – Aspectos técnicos e econômicos. Do maracujá-doce quase tudo se aproveita: das folhas e ramos do maracujá-doce, espécie nativa do Brasil, extrai-se a passiflorina, utilizada na indústria farmacêutica; as suas flores coloridas e atrativas são usadas para fins ornamentais; e os frutos são destinados exclusivamente ao mercado de frutas frescas, no qual têm os melhores preços. Organizado por Sarita Leonel e Aloísio Costa Sampaio, o livro contém informações que abrangem diversos aspectos relacionados à cultura do maracujá, desde a caracterização botânica, técnicas de plantio e identificação de pragas e doenças, passando pelo uso fitoterápico até um panorama econômico do mercado nacional e internacional. ○ ○ MARACUJÁ-DOCE ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS ○ CAMPO E CULTURA RECOMENDAÇÕES BÁSICAS PARA APLICAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS AGROPECUÁRIAS E FABRICAÇÃO NA AGRICULTURA FAMILIAR O livro Recomendações Básicas para Aplicação das Boas Práticas Agropecuárias e Fabricação na Agricultura Familiar destaca os processos que garantem a qualidade e a segurança dos alimentos produzidos e processados. Organizado pelo pesquisador Fenelon do Nascimento Neto, da Embrapa Agroindústria de Alimentos, o livro é dirigido a técnicos ligados à agroindústria familiar e está disponível para download gratuito no site do Ministério do Desenvolvimento Agrário (http://smap.mda.gov. br/documentos/Documento.aspx?IDDoc=7). Exigências legais, recomendações técnicas de boas práticas agropecuárias e de fabricação (BPA e BPF), rotulagem, transporte e armazenamento são alguns dos tópicos abordados. O livro também traz recomendações para o processamento mínimo de vegetais e a pós-colheita de frutas e hortaliças, áreas sensíveis e agregadoras de valor à produção familiar. 44 Organizador: Fenelon do Nascimento Neto (Embrapa Agroindústria de Alimentos) Onde encontrar: http://smap.mda.gov.br/documentos documento.aspx?IDDoc=7 - [email protected] fone (21) 2410-9500 - Av. das Américas, 29.501 - Guaratiba - Rio de Janeiro (RJ) - CEP 23020-470 Preço: Gratuito CLASSIFICADOS 45 FRUTA NA MESA Daniela Mattiaso Cítrica, doce e levemente azeda. Assim é a laranja, uma das frutas mais consumidas, cultivadas e estudadas no mundo, com cultivo em mais de 60 países. A planta tem como origem provável o continente Asiático - Índia, China e países vizinhos de clima subtropical úmido. A mais antiga descrição do citros aparece na literatura chinesa por volta do ano 2000 a.C. e foi trazida ao Brasil por portugueses no século 16. No País, a citricultura tornou-se significativa, principalmente para São Paulo, Sergipe, Bahia e Minas Gerais. Em 1928, houve a criação do primeiro pólo de pesquisas em citros do País, o Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Citros Sylvio Moreira, vinculado ao Instituto Agronômico (IAC), inicialmente chamado Serviço de Citricultura e depois, Estação Experimental de Limeira. Dali nasceram todas as variedades copa e porta-enxerto da atual citricultura brasileira, e também, pesquisas pioneiras sobre nutrição de citros, adensamento de plantio e novas variedades. Na década de 60, foi organizado o banco de matrizes sadias, que fornece material de propagação para o País e para o Exterior. No final da década de 70, a instituição do Dia do Citricultor iniciou a consolidação do maior evento dedicado à difusão da tecnologia ao citricultor: a Semana da Citricultura. Aspectos nutricionais - a laranja é bastante conhecida por suas qualidades nutricionais. “Ela é fonte de vitamina C, tem antioxidantes, que auxiliam contra os radicais livres e melhoram a qualidade de vida. Contém cálcio, potássio e fósforo. Se ingerida junto com as refeições, auxilia na absorção do ferro e na formação dos dentes. Protege contra doenças cardiovasculares e ajuda na diminuição dos níveis de colesterol”, conta Silvia Honorato da Silva, nutricionista da Divisão de Alimentação do Sesi-São Paulo e do Programa Alimente-se Bem. Para o aproveitamento integral da fruta Sílvia dá algumas dicas:a casca branca deve ser deixada de molho em água durante dois dias, sob refrigeração. A água precisa ser trocada para que a casca perca o sabor amargo. Esta parte da fruta é indicada para fazer geléia. Já, a casca amarela-esverdeada, rica em potássio, tem que ficar de molho por um dia e depois ser aferventada. Pode ser utilizada picada em saladas ou no arroz e também processada para molho de carne. “Fonte de fibras, a casca melhora as funções digestivas e o trato intestinal”, afirma ela. 46 RECEITAS DO PRODUTOR JOAQUIM TRINDADE DOCE DE CASCA DE LARANJA Ingredientes: casca de 8 laranjas, 1 litro de água e 1 xícara de açúcar. Calda: 3 xícaras de açúcar e 2 xícaras de água. Modo de Preparo: Lave bem as cascas e corte-as em tiras finas. Depois coloque-as na panela com um litro de água e deixe cozinhar por 15 minutos, aproximadamente. Depois de cozidas, lave-as novamente e deixe descansar. Para a calda, coloque as três xícaras de açúcar junto com água na panela e deixe ferver. Quando engrossar, vá colocando as cascas e deixe tudo junto por alguns instantes. É necessário esfriar antes de colocar na geladeira. Depois é só servir. BOLO DE LARANJA Massa: 1 laranja com casca sem sementes, 4 ovos, 2 xícaras de chá de açúcar, 1/2 xícara de óleo, 2 xícaras de chá de farinha de trigo, 1 colher de sopa de fermento em pó, 1/2 colher de chá de canela em pó. Cobertura: 2 xícaras de chá de suco de laranja e 4 colheres de sopa de açúcar. Modo de preparo: Bata os quatro primeiros ingredientes para a massa e depois misture com os quatro últimos. Leve para assar em forno previamente aquecido. Quando o bolo estiver pronto, pegue os ingredientes para a calda, misture-os e despeje por cima. Há mais de 20 anos, o fruticultor Joaquim Trindade produz laranjas nos municípios de Boquim e Umbaúba, no Estado de Sergipe. Entre as variedades cultivadas em suas duas propriedades estão a Pêra, a Natal e a Valência. Ao todo são 100 hectares de área cultivada. Segundo o produtor, o clima na região, situada no litoral Sul de Sergipe, próximo ao Estado da Bahia, é muito favorável por causa da boa luminosidade e das temperaturas médias, sem grandes oscilações. “Os solos de tabuleiro, planos e férteis, também contribuem para a cultura”, afirma ele. De tudo o que produz, cerca de 25 toneladas por ano, 30% são destinados à indústria de sucos e o restante comercializado para consumo da fruta fresca.