QUESTÃO DE TERNURA
Auctioned Virgin To Seduced Bride
Louise Allen
A inocente Laurel Vernon passou a viver um terrível pesadelo ao ser seqüestrada e
leiloada em um nos bordéis mais famosos de Londres. Apenas a lembrança do
investigador Patrick Jago lhe dá forças pára suportar tamanha provação. Apesar de tê-lo
conhecido por poucos dias, ele a fez se sentir protegida e apaixonada. Porém, quando
Laurel vê Patrick entre os clientes do prostíbulo, fica sem saber se ele viera salvá-la ou
apenas satisfazer desejos luxuriosos. Somente há uma certeza: Patrick irá arrrematá-la!
Digitalização e Revisão:
Projeto Revisoras
Hlq Históricos 114.2 – Questão de ternura – Louise Allen
Tradução Fabia Vitiello
HARLEQUIN
2012
PUBLICADO SOB ACORDO COM HARLEQUIN ENTERPRISES II B.V./S.à.r.l.
Todos os direitos reservados. Proibidos a reprodução, o armazenamento ou a
transmissão, no todo ou em parte.
Todos os personagens desta obra são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas vivas
ou mortas é mera coincidência.
Título original: PRACTICAL WIDOW TO PASSIONATE MISTRESS
Copyright © 2010 by Melanie Hilton
Originalmente publicado em 2010 por Mills & Boon Historical Romance
Título original: AUCTIONED VIRGIN TO SEDUCED BRIDE
Copyright © 2011 by Melanie Hilton
Originalmente publicado em 2011 por Harlequin Historical Undone
Projeto gráfico de capa:
Isabelle Paiva
Arte-final de capa:
Nucleo i designers associados
Editoração eletrônica: EDITORIARTE
Impressão: RR DONNELLEY
www.rrdonnelley.com.br
Distribuição para bancas de jornais e revistas de todo o Brasil:
FC Comercial Distribuidora S.A.
Editora HR Ltda.
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Contato:
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Hlq Históricos 114.2 – Questão de ternura – Louise Allen
Capítulo Um
Templo de Vênus, King’s Place, St James’s,
Londres, maio de 1814.
O RELÓGIO badalou, marcando a hora cheia. Onze horas. Laurel torceu as mãos
unidas, sentindo as unhas se enterrarem em suas palmas. Iria acontecer agora. Era
inevitável, mas ela não se renderia facilmente. Lutaria, e feriria qualquer homem nojento a
quem fosse vendida, embora soubesse que aquilo não fosse ajudar em nada. Desejou ter
unhas mais longas. Desejou ter uma faca. E rezou para não chorar.
Laurel se forçou a ficar ereta, não iria se encolher como se fosse uma coisinha
estúpida e medrosa. Estava aterrorizada, e admitia isso, mas não ia dar a eles a
satisfação de demonstrar. Suas mãos tremiam e seu coração estava disparado, mas ela
não era uma vítima sem vontade própria, ainda que sua concentração estivesse aos
pedaços e que sua imaginação construísse um cenário apavorante atrás do outro.
Ficou parada na antecâmara sombria, descalça em sua longa túnica de linho branco,
os cabelos soltos e espalhados pelos ombros. Patrick, pensou ela, enquanto as duas
jovens que a acompanhavam, maquiadas e vestidas em seda escarlate em contraste com
o branco virginal, levavam-na pelos braços.
Como era possível que o nome de um homem que conhecera havia apenas alguns
dias lhe desse forças? E ainda não conseguira tirá-lo da cabeça.
Patrick, repetia ela incansavelmente, enquanto atravessava uma porta e era levada
até uma explosão súbita de barulho e calor, e sentia o cheiro de álcool e fumaça, perfume
e comida.
Sua respiração estava entrecortada e seus joelhos tremiam, mas Laurel manteve a
cabeça erguida. Patrick. Ele fora um sonho impossível desde o momento em que Laurel o
vira pela primeira vez, no quarto da estalagem em Martinsdene. Tão alto, sério, um
investigador particular, que viera da Cornualha com a missão de encontrar duas mulheres
desaparecidas que haviam sido amigas dela um dia. Um homem que, sem perceber, a
enfraquecera fazendo com que fosse invadida por um desejo que não compreendia.
Laurel passara três dias tentando ajudá-lo em sua busca por Lina e Bella Shelley, mas ele
lhe dera a chave para o futuro com notícias sobre sua velha amiga, a irmã delas, Meg,
que o contratara.
Enquanto se forçava a manter o queixo erguido e tentava convencer as pernas
trêmulas a caminhar, ela se lembrou das ondas repletas de sentimentos que a
percorreram ao encarar os olhos dele, naquela terceira tarde, quando ele se preparava
para partir. Algo no olhar de Patrick falara ao âmago de seu ser, em uma linguagem da
qual Laurel não estivera consciente antes. E então, ela percebeu que algo nele a atraíra
desde o primeiro momento.
Patrick Jago era calmo, inteligente, e, por alguma alquimia incompreensível, fazia
com que ela se sentisse ao mesmo tempo protegida e vulnerável. Quando os olhos dele
se fixaram nos dela, aquele olhar lhe dissera que ele era um homem, ela era uma mulher,
e aquilo era tudo que precisavam saber. Ele vai me beijar agora, pensara Laurel quando
ele se aproximara. E nada acontecera. Talvez estivesse errada e ele não sentisse coisa
alguma por ela. Talvez ele fosse cavalheiro de mais para se aproveitar de uma jovem
inocente que compartilhava uma aventura com ele.
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E então Laurel tivera o bom-senso de partir, de fugir, não dele, mas de sua própria
fantasia tola de que ali estava o homem por quem esperara a vida inteira. Porque só
poderia tre sido isso... Uma fantasia.
Eu estaria mais segura se tivesse me jogado em cima dele pensou ela com
amargura, como fizera uma dúzia de vezes a cada hora dos últimos dois dias. Muito mais
segura que chegar como um cordeirinho inocente entre os lobos que caçavam nas
estalagens lotadas de Londres, os lobos que a haviam capturado enquanto ela tentava
descobrir onde trocar de carruagem.
Suas acompanhantes a conduziram até uma plataforma coberta de branco,
desamarraram seus pulsos e os prenderam em correntes, de forma que ela estava presa
entre duas colunas clássicas. O presente, em toda a sua realidade aterradora, voltou.
O barulho que martelava sua cabeça era como o rugir do mar. Laurel tentou lançar
um olhar de desprezo para o cenário de madeira e gesso do palco, para a idiotice
hipócrita de qualquer um que participasse daquela imitação pífia de um mercado de
escravos romano, mas era impossível. O cenário era só uma distração; a realidade seria o
estupro e o cativeiro.
Com relutância, seus olhos se concentraram na massa de homens que se
aglomeravam junto ao palco. Latindo, ela pensou. Eles estão latindo. E eu aposto que
cada um deles vê a si mesmo como um homem honrado. A maioria tem esposas, filhas.
Patrick. Oh, ela se sentia tão desesperada que estava tendo alucinações. Laurel
olhou fixamente para o vulto alto na terceira fila. Mas é Patrick. Ele é real. Ele me
encontrou. Ela quase relaxou em suas amarras, sentindo alívio genuíno, até que se
lembrou de que ele não fazia ideia de que ela viera para Londres. Ele não estava
procurando por ela; a única razão para ele estar ali era satisfazer a mesma luxúria brutal
que atraíra aqueles outros homens.
Aquilo era a única coisa que poderia quebrar o espírito dela. Eu pensei que você
fosse perfeito. Pensei que fosse o homem com quem eu sempre sonhei, e agora sei que
você é como todos os outros. Ela chegara a fantasiar sobre se entregar a ele, tentara
imaginar como seria perder a virgindade fazendo amor com Patrick. E ali estava ele, e os
joelhos de Laurel cederam, enquanto a desilusão e um terror cada vez maior a invadiam.
Ela o viu perceber que o reconhecera. Sua boca se curvou por um instante, mas o
sorriso não lhe chegou aos olhos. Instintivamente, Laurel soube o que ele iria fazer. Ele
iria dar um lance por ela.
PATRICK Jago lutava contra o choque e o horror.
Laurel Vernon? Aqui? Eu a deixei em Martinsdene. Estou tendo alucinações.
Mas não estava. Não havia como confundir aqueles olhos profundos, cor de violeta,
que o fitavam com inteligência e interesse quando ele lhe explicara o motivo de estar em
um remoto vilarejo em Suffolk. Agora, eles estavam arregalados, e cheios de um medo
desafiador.
Ele cerrou os punhos, em um esforço para se controlar. Não podia abrir caminho por
entre a multidão e exigir que ela fosse solta. Eles o espancariam até que perdesse os
sentidos, e ela seria vendida de qualquer modo. Laurel. Havia dias em que tentava ignorar
a atração que sentira por ela, e a suspeita de que ela sentira a mesma atração imensa
que ele, enquanto buscavam juntos por pistas sobre o destino das jovens que ele viajara
até Suffolk para procurar.
Eu teria ido buscá-la, ele disse a ela naquele instante, silenciosamente. E muito
tarde para isso agora. Tarde demais para se perguntar como ela teria chegado ali, a um
dos bordéis mais famosos de Londres.
Ela me viu. Ele notou quando ela o reconheceu, e a repulsa que se seguiu. Não!
Você não pode acreditar que eu... Mas ela acreditava. Laurel pensava que ele fosse igual
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a todos os outros que se espremiam em frente ao palco; o cheiro forte de seu suor e de
sua excitação flutuando pelo ar como um miasma.
Patrick sacudiu a cabeça, tentando afastar a mágoa instintiva. O que ela pensava
não importava, não agora. Ela não poderia saber que ele estava seguindo uma última
pista do paradeiro de Celina Shelley; um menino de rua pensara ter se lembrado dela,
pensara ter reconhecido a carruagem em que ela entrara.
O que importava agora era libertar Laurel. Seu primeiro pensamento foi causar um
incidente, provocar o caos, tirá-la dali. Patrick olhou em volta, examinando as
probabilidades, e reconheceu que as chances eram remotas, e o risco que Laurel correria
se ele falhasse seria enorme. Ele teria que agir com inteligência. No bolso interno de seu
colete, estavam as duzentas libras que sempre levava consigo, para o caso de uma
situação inesperada.
Só que aquela era uma situação além de seus sonhos ou pesadelos mais ousados.
Teria de ser suficiente.
Um homem subiu ao palco e a multidão foi gradualmente, ficando em silêncio, seus
olhares fixos na vítima vestida de branco e no leiloeiro.
— Meus senhores, cavalheiros, esta noite o Templo de Vênus lhes oferece esta
vestal inocente, esta recatada e refinada donzela. Os senhores conhecem a nossa
reputação, nada de trapaças aqui, apenas a garantia de uma mercadoria de qualidade e
intocada. Agora, quem vai começar com cinqüenta guinéus?
Patrick não olhou para Laurel enquanto os lances se sucediam, mas podia sentir os
olhos dela sobre si. Os lances aumentavam cada vez mais. Ele não levantou a mão para
não acirrar a disputa. Pouco a pouco, os homens desistiram, até sobrarem apenas dois.
— Duzentos!
— Duzentos e dez. — Um dos dois fez um gesto de derrota, e o outro, um homem
magro e taciturno, parecia arrependido do lance que acabara de dar.
— Duzentos e dez, e este anel de ouro. — Patrick tirou seu anel de sinete e o
ergueu.
Houve um grande silêncio.
— Senhor? — O leiloeiro olhou para o homem magro. Ele hesitou, e então sacudiu a
cabeça abruptamente, virando as costas.
Patrick abriu caminho por entre a multidão até chegar à frente do palco, e entregou o
dinheiro e o anel de seu bisavô ao leiloeiro. Ele se lembrou subitamente do retrato de
Joshua Jago, pendurado no corredor, em sua casa. Um velho patife, seu pai lhe dissera
uma vez. Mas um homem de honra.
Pela honra de uma donzela, Joshua, ele pensou, vendo sua herança de família
desaparecer no bolso do homem.
— O que estamos esperando? — perguntou ele, virando-se na direção do palco. Ele
se sentia enjoado vendo Laurel acorrentada ali, pendurada entre as colunas. A postura
dela não era encenação, o cansaço finalmente vencera a teimosia. Como diabos fora
parar em um lugar como aquele? A raiva que ele tentava controlar com todas as suas
forças começava a lhe ferver nas veias.
— Impaciente, não é, senhor? — disse o leiloeiro, endireitando-se. — Não posso
culpá-lo, com aquela frutinha madura ali. Eu também gostaria de dar uma mordida.
Mais uma palavra e eu o mato, pensou Patrick, fechando os olhos para não enxergar
a onda vermelha que lhe ofuscava a visão. Ele não era santo, nem celibatário, e
apreciava os prazeres da carne como qualquer homem. Mas a ideia dos desejos egoístas
que aterrorizavam e usavam as mulheres o deixava doente. Um homem que não se
preocupava em dar prazer à mulher com quem estava não era um homem, em sua
opinião.
Dois valentões do bordel se aproximaram de Laurel, e Patrick saltou para o palco e a
tomou nos braços enquanto eles desamarravam seus pulsos. Ela estava gelada, e nua
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sob a túnica fina, mas o calor do corpo dele pareceu revivê-la, e ela se mexeu finalmente.
— Vai ficar tudo bem — murmurou ele. — Eu vou cuidar de você. — Patrick nunca a
tocara antes, e a proximidade agora era como fogo, queimando apesar do temor que ele
sentia por ela, e a necessidade urgente de tirá-la dali.
Quando Laurel abriu os olhos e o viu, o coração dele se apertou como naquele
último dia em Martinsdene, sempre que olhava para ela. Patrick estava acostumado a
satisfazer seus desejos com mulheres igualmente experientes, e sua profissão lhe
permitia ter contato com muitas mulheres de gostos sofisticados, dispostas a compartilhálos com um aventureiro de passagem. Esposas desprezadas, viúvas espertas... Mas
nunca donzelas inocentes. Ele ainda não compreendia aquela atração, e ainda assim...
Eu vou cuidar de você, você é minha.
— Você — disse ela, em tom de repulsa. — Como você pôde? Patrick abaixou a
cabeça.
— Shhhh, Laurel. Eu vou tirar você daqui — sussurrou ele.
— Finja estar apavorada até chegarmos ao quarto; eles estão nos observando.
Ele sentiu o corpo dela ficar rígido em seus braços, mas ela murmurou:
— Sim. — Os olhos dela não expressavam nada além de uma desconfiança amarga,
mas ele não poderia tranquilizá-la ali.
Ele a carregou escadas acima, entre assobios e aplausos, tentando ignorar o
barulho, concentrando-se apenas em deixar o salão com Laurel ilesa: A porta foi aberta
com alguma cerimônia, e eles finalmente ficaram sozinhos.
Capítulo Dois
PATRICK a colocou no chão e se afastou; seus olhos estavam muito escuros. Ele
passou uma das mãos pelos cabelos e ela percebeu, pois todos os seus sentidos
estavam mais aguçados, que ele tremia, só um pouco. Desejo. Ele trouxera o cheiro de
fumaça, álcool e excitação para o quarto, e o coração assustado de Laurel se contraiu.
Um homem, um animal, como todos os outros.
Laurel engoliu em seco, tentando dominar a náusea, e explodiu.
— Seu desgraçado! Como pôde? Eu confiava em você, eu gostava de você. — Eu
queria você. Aquilo doía demais; tudo o que ela possuía para sustentá-la era a raiva. — E
você não passa do tipo de homem que faz esse tipo de coisa.
— Que salva você? — perguntou ele, a cor retomando aos poucos ao seu rosto.
— Você espera que eu acredite nisso? — Ela encontrou um xale de franjas jogado
ao pé da cama, e cobriu os ombros, tentando se proteger dos tremores, dos olhos dele
sobre sua quase nudez.
— Você não fazia ideia de que eu tinha vindo a Londres, e muito menos de que eu
fora capturada por aqueles... animais. Não tente me fazer acreditar que é um cavaleiro
errante. Que tola e inocente devo ser; nunca me ocorreu que você fosse o tipo de homem
que freqüenta lugares como este, muito menos o tipo que quer comprar uma virgem.
Ele fez menção de se aproximar dela, e Laurel recuou.
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— O que você está fazendo em Londres? — Patrick exigiu saber. Ele abaixou a mão
e deu um passo para trás, com um expressão sombria no rosto. Ele não havia se
defendido, mas como poderia?
— Você me disse que fora enviado a Martinsdene pela sra. Halgate, Meg Shelley,
para encontrar as irmãs dela.
— Eu sei disso, maldição. Nós passamos três dias no campo, naquele fim de
mundo, falando com todos os moradores do vilarejo que você achou que poderiam saber
de algo. — Fora tudo uma perda de tempo, ninguém sabia de nada, a menos que as
pessoas da região tivessem medo demais do reverendo Shelley para falar.
— E eu disse a você que tinha perdido meu emprego como dama de companhia,
porque lady Palgrave morreu e os filhos dela me colocaram na rua — insistiu ela. — O
que eu não disse a você é que eu que não tinha para onde ir agora, nenhum trabalho em
vista, e pensei que se fosse até Falmouth, Meg poderia me ajudar a encontrar um
emprego respeitável, como o dela, que é governanta de lorde Brandon.
— Ela é bem mais que isso, se é que posso julgar — disse Patrick, com uma risada
desprovida de humor. — Como você pode ser tão estúpida, para acabar aqui? Não tem
nenhum bom-senso? — Por que ele estava tão zangado com ela, aquele hipócrita? Ele se
aproximou da cama e puxou as cobertas. — Deite aqui, você está tremendo como vara
verde.
— Deitar aí? — Ela contornou a cabeceira da cama, afastando-se dele, apoiando-se
na cama para não cair, porque suas pernas ameaçavam ceder. O xâle escorregou de
seus ombros.
— Seu libertino! Eu preferiria ir para a cama com um porco. Cheguei aqui da mesma
forma que qualquer garota inocente do interior, tenho certeza. Precisei trocar de
carruagem para apanhar a que ia para Plymouth, e fui atacada e dominada. Eu nunca
havia estado em uma cidade antes. Não fazia ideia de que lugares como este existiam,
lugares onde homens capturam e estupram mulheres. Você faz parecer que foi tudo
minha culpa. Se não fosse por homens como você...
Patrick se aproximou dela, com determinação em cada passo.
— Afaste-se de mim! — ofegou ela. — Não importa como cheguei aqui; o que você
está fazendo aqui? Pensei que fosse um cavalheiro. — Ela soltou uma gargalhada
amarga, ao ouvir as próprias palavras. — Oh, como sou tola; são todos cavalheiros lá
fora, não são? Pensei que você fosse meu amigo, que havia algo entre nós...
— Você realmente acredita que eu vim aqui para comprar e desonrar uma virgem?
Não preciso comprar mulheres, pode acreditar. — Ele estava parado bem na frente dela
agora, e a raiva parecia atingi-la em ondas. — Sim, eu pensei que havia algo entre nós,
também. Eu não sei o que era... ou o que é. Sei que era desejo; não sei se era algo mais.
Eu teria voltado para ver você, acho. — Ele sacudiu a cabeça, como se estivesse
discutindo consigo mesmo. — Eu não sei — repetiu ele. Tudo o que sei é que agora você
não confia em mim.
— Confiar em você? — perguntou Laurel. Ele estava tão próximo que ela podia
sentir o cheiro dele sob o fedor que suas roupas haviam absorvido naquele salão
horroroso. Durante três dias, ela lutara contra o que deveria ser uma atração irracional;
agora, seu corpo traiçoeiro queria se aproximar do dele, e, suas mãos queriam tocá-lo. —
Claro que eu não confio! Você disse que eu fui estúpida, e que eu não tenho bom-senso.
Bem, eu seria mesmo estúpida em acreditar que você não quer me fazer nenhum mal.
— Eu vim até aqui porque acho que foi assim que Celina Shelley desapareceu, e
que foi aqui que ela terminou — disse Patrick. — Um menino na estalagem em que ela
teria se hospedado ao chegar de Suffolk, achou que se lembrava de uma mulher parecida
com ela, e o cocheiro da carruagem em que ela entrou, segundo ele, era um dos
valentões que trabalham aqui. O menino recebe gorjetas dos viajantes que querem
informações sobre lugares como este — completou ele.
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— Como ele pode se lembrar? Já faz meses que Lina desapareceu.
— Eu sei disso, droga. Ela provavelmente nem se parecia mais com a garota que a
irmã descreveu. Mas não posso ignorar nenhuma pista. — Patrick deu de ombros, com
uma expressão sombria. — Tenho sucesso no meu trabalho porque sou detalhista e
porque possuo um sexto sentido que não sei explicar.
Ele estendeu a mão para tocar no ombro de Laurel e ela estremeceu, ficando
passiva sob o toque dele por um momento, enquanto lutava para absorver o que ele
estava lhe contando. Confiança. Ele quer que eu confie nele.
Durante toda a vida, Laurel confiara nas pessoas, mesmo quando seus pais
morreram e ninguém a ajudara com as dívidas. Ela confiara nos herdeiros de lady
Palgrave, acreditando que a tratariam decentemente depois de três anos de bons
serviços, e que lhe dariam referências, mas eles simplesmente lhe viraram as costas.
Confiara na mulher agradável e sorridente que lhe oferecera uma carona em sua
carruagem até a estalagem de onde o transporte para Falmouth partiria. Patrick lhe
dissera que havia sido incrivelmente estúpida em confiar nas pessoas. Bem, começaria a
aprender com ele.
— Solte-me! — Ela se desvencilhou, e a túnica se rasgou nas mãos dele. — Eu não
acredito em você! — gritou para ele, as mãos agarrando freneticamente os pedaços de
pano que ainda cobriam seu corpo. — Você veio aqui, com seus desejos nojentos, e...
— Mas que droga, mulher. Mantive meus desejos nojentos sob controle durante três
dias, enquanto você desfilava por aquele vilarejo como uma gatinha inocente e indefesa,
com esses olhos cor de violeta, esses cabelos que eu queria soltar, e esse seu perfume
de abricó. Por que não me disse que queria ir para Falmouth? Por que foi tão teimosa,
estúpida e não me falou nada?
— O quê? Pedir a você que me levasse consigo? E que impressão você teria tido?
— O que ele quer dizer? Ele queria soltar meus cabelos? Se ele me queria, por que não
me disse nada, não demonstrou de alguma forma? Ou eu sou inexperiente demais para
ler os sinais?
— Que você precisava de ajuda? Que confiava em mim para lhe acompanhar? Eu
poderia ter levado uma carta para a sua amiga se você não quisesse a minha companhia.
— Não foi isso. Não foi assim. Eu não entendia como você fazia eu me sentir. Eu
não... Você não... — A voz de Laurel sumiu, quando percebeu o que dissera.
— Como eu a fazia se sentir? — repetiu Patrick. — E como diabos você acha que eu
me sinto? Você me acusa de ser um libertino pervertido e durante todo o tempo em que
estive com você, mantive meus desejos perfeitamente normais e naturais sob controle...
— Normais? — Ela ergueu a voz, esganiçada e sem dignidade. — Eu sou virgem!
Você não deveria ter desejo nenhum em relação a mim! — Eu sou virgem e o quero tanto
que tenho vergonha de mim mesma. — Você deveria se envergonhar, Patrick! — gritou
novamente, sabendo, enquanto falava, o quanto estava sendo injusta.
— Não seja ridícula — rosnou Patrick. — Eu sou um homem perfeitamente normal.
Claro que tenho desejos. Só que sou um cavalheiro e não tomo liberdades com donzelas.
— É mesmo? — Algum instinto chocante atraiu o olhar dela para as calças de seda
fina que ele usava, e a inconfundível e óbvia protuberância que traía o que ele realmente
queria. Pois eu não acho que você seja um cavalheiro.
— Nesse caso, sua ingrata — disse Patrick —, permita-me demonstrar o que venho
controlando de maneira tão cavalheiresca desde que a conheci.
Ele atirou o casaco para um lado, estendeu o braço e a puxou para si. Os farrapos
da túnica dela se espalharam por todos os lados quando ela os soltou, e seu corpo
inteiramente nu chocou-se com o calor do corpo dele. Parecia que a camisa, o colete e as
calças que ele usava nem sequer existiam.
Furiosa, Laurel soltou uma das mãos e o esbofeteou com força no rosto. Ele não fez
nenhum movimento para desviar do golpe, mas seus olhos, de um cinzento tempestuoso,
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escureceram no momento em que ele agarrou o pulso dela com uma das mãos e enterrou
a outra na massa sedosa dos cabelos dela, puxando-a para si e beijando-a.
Laurel nunca fora beijada na boca antes. Ele capturou os lábios dela com uma
facilidade insolente, e possuiu sua boca com a língua. O choque arrancou o ar dos
pulmões dela, e a força que lhe restava nos membros.
Patrick tinha um cheiro quente e furioso, um cheiro muito masculino de almíscar, e
sua boca possuía gosto de café, de conhaque, e de algo mais que deveria ser apenas ele.
Seus dentes mordiscaram o lábio inferior de Laurel e ela estremeceu, quando o puxão em
seus cabelos a fez arquear as costas para que ele pudesse deslizar os dentes pelos
tendões de sua garganta, emitindo um grunhido baixo e possessivo que vibrou contra a
pele dela.
A raiva que ela sentia aumentou, parecendo queimá-la, e quando ele voltou para sua
boca, sugando-lhe a língua, trans- formou-se em puro e ardente desejo. Oh, Deus, ele
sabe o que está fazendo, e é tão bom nisso... Chocada a ponto de esquecer a timidez, e
com todas as inibições liberadas pela raiva, Laurel pressionou seu corpo contra o corpo
rígido que a capturava, diretamente sobre a ereção de Patrick. Ele congelou.
— Laurel? — Ele ergueu a cabeça e olhou para ela, com uma expressão
questionadora. Ela teve a impressão de que não era sempre que uma mulher deixava
Patrick Jago confuso.
— Sim — sussurrou ela, com uma coragem quase irresponsável. Ela queria aquele
homem, precisava dele. Estava com medo, embora não dele. De si mesma, talvez. O
medo, em si, era excitante, como se eles estivessem para embarcar juntos em uma
aventura perigosa.
Patrick deslizou a mão pelo seio dela, e o mamilo enrijeceu com o contato de pele
com pele. Ele a puxou para si com a outra mão, sentindo o peso suave e acariciando o
bico rígido com o polegar.
— Sim — disse Laurel novamente. — Patrick... sim. — O toque das mãos dele
torturava os seios dela. Estavam pesados, inchados. O carinho dele era quase
insuportável e enviava ondas de desejo pelo corpo dela, desde seu estômago até o ponto
onde ela sentia um calor intenso e um desejo dolorido. — Isso é tão... estranho.
— Confie em mim — murmurou Patrick, enquanto a tortura a fazia gemer e se
contorcer. — Você pode confiar em mim? — Os olhos deles se encontraram, e ela viu o
calor que irradiava dos dele. Laurel assentiu.
Ele se afastou um pouco dela, e Laurel ergueu as mãos para os seios doloridos, em
um gesto fútil de timidez, querendo tocar, acariciar, despertar novamente aquelas
sensações, enquanto Patrick desfazia o laço da gravata e começava a desabotoar a
camisa.
— Ajude-me — disse ele, sua voz rouca com uma urgência que ela não acreditava
mais: que fosse raiva. Laurel ergueu as mãos para puxar as mangas da camisa dos
ombros dele. Queria agarrar-se a ele e buscar a proteção de seu corpo, mas também
queria tocá-lo. Deslizou as mãos pelo peito dele, imitando o que ele fizera, e os olhos dele
escureceram quando ela acariciou seus mamilos, prendendo o fôlego quando eles
enrijeceram. Há tanto para aprender...
Laurel nunca estivera tão próxima de um homem despido antes. Ela não esperava
músculos tão bem definidos. O que, perguntou-se ela, mordendo o lábio ao examinar a
força elegante do tórax dele, de seus, quadris estreitos e dos músculos sob sua pele, o
que ele faz para se manter em tão boa formal.
Usando seu casaco e calças discretos, ele parecia um cavalheiro, mas nada
impressionante. Sem dúvida aquela discrição fazia parte de sua fachada de investigador.
Mas agora, tendo-o junto de si e tomada por sua masculinidade, Laurel começava a
entender por que se sentira tão atraída por ele em Martinsdene. Seria só isso, o
reconhecimento básico de uma mulher da sexualidade e força de um homem? Laurel
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engoliu em seco. Só? Aquela não era a palavra para descrever como ele arrancava o
fôlego de seus pulmões.
As mãos dele pararam no fecho das calças, e os olhos dela as seguiram. Não havia
como disfarçar a ereção dele, o membro rígido contra as calças de seda fina.
Eu deveria fechar os olhos, pensou ela enquanto, fascinada, assistia Patrick
livrando-se de suas roupas. Ela conhecia anatomia, os fatos da vida; Laurel pensara que
sabia o que esperar, mas mesmo assim foi uma revelação ver o corpo dele. Feche os
olhos, disse a si mesma, mas descobriu que não podia evitar que eles seguissem a linha
de pelos desde o peito dele até onde envolvia o membro.
O membro muito ereto. Laurel engoliu em seco, sem saber se era apreensão ou
desejo. Ambos, pensou ela. Eu quero tocar nele, senti-lo. Quero beijá-lo, ali. Não deveria
querer isso, mas quero. Quero que seja Patrick.
Ela sabia que estava corando, sabia que estava tremendo, mas não havia dúvida em
sua mente de que era ali onde ela queria estar, com aquele homem.
— Venha aqui — disse Patrick, com um tom de diversão na voz. — Talvez seja
melhor não olhar.
Ele a puxou para perto de si, seu corpo quente e rígido contra a maciez dela. Os
pelos no peito dele lhe faziam cócegas nos seios, fazendo os mamilos já enrijecidos se
tomarem incrivelmente sensíveis. Ela sentiu o membro rígido contra seu estômago, o
calor, a ameaça... a promessa.
Patrick estava tão excitado. Tanto quanto eu, pensou ela, tremendo ao perceber que
podia se sentir assim.
— Oh, Deus. Você está me matando — murmurou Patrick.
Ele também havia percebido a excitação dela, disso Laurel tinha certeza. Ele não era
inocente, e o corpo dela estava tentando se moldar ao dele. Enquanto ela esfregava os
seios ousadamente contra o peito dele, não podia evitar se mover contra sua ereção
impressionante.
Tomou-a nos braços subitamente, virando-a, de forma que ela caiu de bruços na
cama.
Ele a seguiu, pressionando o corpo contra as coxas dela, envolvendo as pernas dela
com as suas. Ela o sentiu erguer a barra da túnica rasgada, arrancando-a, e o ar frio
atingiu a pele quente de suas costas. Algo lhe tocou as nádegas, e ela percebeu que era
o membro dele.
Ela arqueou o corpo, pressionando-o contra Patrick, e ele gemeu e caiu para a
frente, fazendo os quadris dela se encaixarem nos seus. O peso dele sobre seu corpo era
excitante. Ela pensara que seria assustador ficar presa sob o peso de um homem ao fazer
amor, mas não era. Pelo menos, não quando o homem era Patrick.
Ele lhe mordeu o ombro, uma mordiscada que causou uma onda de sensação no
corpo de Laurel, e ela arfou, mexendo-se sob ele, tentando abrir as pernas, querendo
poder virar-se e abraçá-lo, beijar sua boca, tentar acalmar o desejo que crescia dentro
dela, transformando seu corpo em algo urgente, úmido, tenso, com necessidades
impossíveis.
Afinal, oh, por favor... O joelho dele estava entre suas pernas, forçando-as a se
abrirem, e ela cedeu instantaneamente, tremendo sob ele. E então, ele ficou imóvel, o
corpo sobre o dela, pelo que pareceu uma eternidade.
— Patrick? — murmurou ela.
O que ele estava esperando? Ela teria feito algo de errado? À apreensão que se
afogara no frenesi e nas sensações descontroladas começou a voltar. Ele era grande e
pesado, e agora ela estava se lembrando de todas as conversas sussurradas sobre fazer
amor, todas as histórias que as meninas do vilarejo contavam. Ela queria realmente fazer
aquilo? Mas era Patrick...
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Hlq Históricos 114.2 – Questão de ternura – Louise Allen
Capítulo Três
— Patrick?
De repente ele ficou paralisado, tenso com o esforço de não entrar nela, de não a
possuir. A voz dela soara apavorada, claro. Meu Deus, o que ele pensava estar fazendo?
— Shhhh.
Patrick rolou para o lado, afastando-se dela. Depois se recompôs, tinha que se
levantar, cobri-la e deixar que dormisse até as primeiras horas da manhã, quando
poderiam partir. Sua virilha latejava com o desejo insatisfeito, sua cabeça doía como
conseqüência de seu medo por ela e toda aquela brutalidade causada pelo desejo. Ela
deveria sentir-se exausta, aterrorizada e confusa com o vigor dele ao tomá-la.
Quando Patrick finalmente se deitou, Laurel se mexeu, virando-se para ele de olhos
abertos.
— O que eu fiz de errado?
— Nada!
Ela inclinou a cabeça, como que em dúvida, dada a incerteza que a resposta rápida
dele despertara.
— Você não fez nada de errado, Laurel — disse Patrick com mais gentileza. — Eu
caí em mim, foi tudo.
— Pensei que você me quisesse... — Laurel se sentou de pernas cruzadas, seu
corpo pálido como a lua contra o profundo azul-escuro da colcha de seda.
— E eu queria, Laurel. Onde estão meus calções? Preciso encontrar um robe...
— Você ainda me quer. — Ela o encarava francamente e sem pudor, e a ereção
dele aumentava como se intimamente acariciada por aquele olhar.
— Em Martinsdene, eu sonhava com você. — Corando, Laurel desviou o olhar do
corpo dele. — Eu tentava imaginar como você seria.
— E agora sabe. Deve ter sido um choque desagradável, muito diferente do doce
idílio romântico dos sonhos das donzelas.
— O que sabe você sobre as donzelas? — perguntou ela, uma leve sugestão de
sorriso nos lábios macios que seus beijos haviam machucado. Ainda assim, não
encontrara seus olhos, encolhida como uma ninfa do mar em sua piscina de azul.
— Bem... não muito — admitiu Patrick. — Mantive-me afastado de mulheres
inocentes.
— Então, talvez, você não seja tão atento quanto pensa que é — acrescentou ela,
finalmente encarando-o. — Não foi um choque desagradável. Foi arrebatador,
impressionante, surpreendente, maravilhoso e assustador... Mas não desagradável. E
então... você parou.
— Eu me lembrei subitamente de que lidava com uma virgem. Tendo em vista a
maneira como eu a encontrei, foi extremamente negligente de minha parte me esquecer
disso.
— Ele mudou de posição, tentando aliviar o tormento de seu desejo e ela olhou para
baixo.
— Isso dói?
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— Não é confortável — admitiu ele. — Vai diminuir com o tempo, se eu não prestar
atenção.
— Ora, mas isso não é justo — murmurou ela, movendo-se tão rápido que ele foi
pego de surpresa. Em um instante ele estava se inclinando, mudando de posição para
sair da cama, no seguinte, tinha uma bela mulher abraçando-o pelo pescoço, jogando-se
contra ele, empurrando-o contra a pilha de travesseiros.
— Laurel, pare já com isto! — Apele macia do estômago dela pressionava sua
ereção. Os seios dela estavam esmagados contra seu peito. Ele podia ouvir a respiração
ofegante contra seu cabelo. Ela era desajeitada em sua inocência, esfregando-se contra
ele instintivamente, fazendo vibrar pelo corpo de Patrick o desejo que já o torturava. Com
um gemido, ele se rendeu à sua necessidade de alívio. Talvez, assim, conseguisse
mantê-la a salvo de seus próprios desejos...
— Oh, SIM — murmurou Laurel, esfregando o rosto no pescoço dele, farejando o
almíscar de excitação, sentindo o brilho do suor em seus músculos tensos. Meu Deus, era
tão emocionante estar com o corpo colado ao dele. O corpo dele dominava o dela, sua
carne dura pressionando a maciez de sua pele, o quadril de Patrick criando uma pressão
no monte entre suas coxas. O desejo que nunca sentira, mil vezes mais forte que o
sentimento que a assombrara nos sonhos ardentes que criava e recriava em seu leito.
A mulher deve estar de pernas abertas, ela se lembrou, e então, entendeu que ele
não iria possuí-la, estava apenas aliviando o próprio desejo. A sensação do corpo de
Patrick movendo-se junto à ela era quase forte demais. Ele estava duro e cheio de
urgência conforme jogava seu corpo contra o dela de novo e de novo, sua respiração
entrecortada. Laurel tentou manter-se imóvel e não se esfregar contra ele. Aquela ereção
tão rija deveria ser dolorosa, pensou ela, ao ouvir os gemidos abafados dele.
Maldita seja minha ignorância, será que posso ajudá-lo de alguma forma?, pensou
Laurel. Subitamente inspirada, abandonou os últimos resquícios de timidez, permitindo
que seu corpo acompanhasse o ritmo do corpo dele. Contorcendo-se, deslizou sua mão
livre abrindo espaço entre seus corpos colados e envolveu o membro entre os dedos
firmemente. A sensação era deliciosa, ele era suave como a seda e ao mesmo tempo
duro como ferro. Sua timidez desapareceu em uma onda de triunfo que era puramente
feminino. Naquele momento, Patrick pertencia a ela.
Ele estremeceu sentindo a intensidade do contato.
— Laurel, não! Oh, sim. Ah, sim... sim... agora...
Movendo-se vigorosamente uma, duas, três vezes contra a pressão que a mão dela
fazia, Patrick exultou, com um rosnado rouco e primitivo, e caiu sobre ela.
Laurel sentia o coração disparado dentro do peito de Patrick acelerando sua própria
respiração e, em sua barriga, o calor pegajoso e os tremores que ainda percorriam o
corpo dele quando finalmente obteve o alívio que ansiava. O corpo dela protestou
veementemente. Eu ainda quero você. Eu preciso de... de alguma coisa... Patrick, não
pare... Mas seu corpo acabou por abrandar enquanto Laurel se deixava ficar ali, abraçada
a ele. Quem poderia imaginar a explosão de sensações que aquele ato despertaria?
Laurel percebera que desejava Patrick Jago desde o primeiro momento em que pousara
seus olhos sobre ele, mas não fazia ideia de que deitar-se com ele desencadearia esta
tempestade de sensações e emoções tão complexas.
Sentia um pouco de vontade de chorar e estava ao mesmo tempo muito feliz e muito
confusa. Nutria certa ternura por ele e, ainda assim, estava impressionado com sua força
e seu controle. Ela o desejava, ele a fazia sentir-se petulante, ousada e, da mesma forma,
tímida.
— Laurel. — Ele se mexeu e depois se afastou, indo se sentar na beirada da cama,
de costas para ela e tão longe quanto lhe era possível. — Perdoe-me.
Ela também se sentou, piscando por causa das lágrimas que não derramara. O
instinto lhe dizia para se cobrir um pouco e ela puxou a coberta de cetim sobre seus
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Hlq Históricos 114.2 – Questão de ternura – Louise Allen
ombros, que parecia fria ao ocultar seus seios.
— Patrick, não peça perdão por nada. Você me salvou.
Ele balançou a cabeça e ela manteve as mãos enroladas firmemente na coberta,
lutando contra seu desejo de esticar o braço e acariciar o pescoço dele.
— Eu arruinei você.
— Não, você não fez isso! — respondeu ela. — Ninguém sabe o que se passou
entre nós.
— Não há justificativa para o que acabo de fazer. — A voz dele soou rouca. — Há
água atrás daquele biombo, creio. Você deve querer se lavar. Vou vestir um robe. —
Ainda sem encará-la, Patrick apanhou um volumoso robe de seda da cadeira e o vestiu.
Depois foi até um armário no canto e abriu suas portas.
Como o quarto está quieto, pensou Laurel. Cortinas pesadas, tapetes espessos.
Podemos estar em qualquer lugar.
Patrick entregou a ela uma peça delicada em seda ametista, e Laurel percebeu que
ele encontrara um robe que combinava com seus olhos. Teria sido intencional? Ele não
olhou para Laurel enquanto ela se vestia e se dirigia para trás do biombo.
Ela se lavou, desejando que suas mãos parassem de tremer, e ouviu os passos
abafados de Patrick andando pelo quarto.
— Desculpe-me, mas ainda não posso tirá-la daqui — disse ele. — O lugar não vai
estar mais calmo até o amanhecer, imagino. Posso ter pago bom dinheiro pela sua
virgindade, mas não acredito que os donos do lugar aceitariam passivamente se eu tentar
sair daqui com a nova e bela aquisição deles em meus braços. Eu poderia tentar me
divertir com a luta e quebrar alguns narizes, mas não posso arriscar que você se
machuque.
Bela. Ele a achava bonita. Laurel guardou essa informação para apreciá-la depois.
Conferiu o relógio, lh da manhã. Tinham pelo menos mais três horas de espera antes de
poderem aventurar-se fora do quarto, supôs ela.
— Bem, acho que vou me vestir.
— Patrick. — Laurel saiu de trás do biombo com o robe entreaberto.
— Hum? — Ele encontrou sua camisa e a sacudiu antes de vesti-la. Era uma
sensação estranhamente confortável, quase doméstica, simplesmente estar com Patrick
em um quarto, enquanto ele fazia algo tão prosaico quanto se vestir, apesar da tensão
que pairava no ambiente.
— VENHA PARA a cama. Abrace-me.
Patrick virou a cabeça para ver a pálida e delicada Laurel usando o robe que deveria
pertencer a uma profissional. Ela fazia a peça de roupa parecer quase inocente.
— Eu... Laurel, não acho que vá conseguir me controlar se tiver que deitar próximo a
você novamente. — Ele sorriu com amargura. Claro que ela precisava sentir-se segura
depois do que acabara de acontecer. Laurel estivera em seus pensamentos por dias, e
fazia pouco tempo que ele combatera seu desejo por ela o tempo todo, enquanto tentava
entender a estranha alegria que sentia por estar ao seu lado. Mas não era assim que
imaginara a primeira noite que passariam juntos.
— Não quero que você se controle, Patrick. — Laurel olhava diretamente para ele,
com seus olhos violeta bem abertos brilhando com o que ele temia serem lágrimas. Mas
havia algo mais ali.
— Aqui? Você quer fazer amor aqui?
— Patrick, não me importo com o lugar desde possa estar com você. — Ela sorriu,
um pouco desafiadora e um pouco assustada, mas muito feminina. — Foi tudo tão
inusitado e excitante. Foi maravilhoso. Quero ter a experiência completa.
— Você ficará arruinada — protestou ele. — Estou avisando.
— Já estou arruinada, Patrick. Eles me arruinaram no instante em que me
capturaram. E como pode ficar pior a reputação de uma garota que passa a noite com um
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Hlq Históricos 114.2 – Questão de ternura – Louise Allen
homem em um bordel?
Ele poderia explicar a ela, mas então se deu conta de que não queria fazer isso.
Aqui e agora, a. situação toda parecia muito simples. Eles desejavam um ao outro e ele
lidaria com as conseqüências pela manhã.
— Tem certeza? — Ele caminhou na direção dela, sentindo que seu corpo sabia o
que estava por vir, dando-se conta de que não se sentia embaraçado quando ela baixou
os olhos e comprovou o despertar de seu desejo.
— Sim — disse Laurel. — Eu tenho.
Será QUE me apaixonei por ele?, perguntou-se Laurel, enquanto Patrick a pegava
pela mão e a levava de volta para a cama. Seria o que sinto apenas luxúria, desejo e
gratidão por ele ter me salvado? Como eu poderia saber? Tudo isso é tão novo para mim,
eu estava tão assustada... E então ele apareceu e me salvou. Não entendo realmente o
que está acontecendo, só sei que eu o quero.
— Você é tão linda... — disse Patrick acariciando o rosto dela para, em seguida,
deitar-se ao seu lado. Ela guardou o reconhecimento de tudo o que sentia em seu
coração. — Quero você tanto, tanto... Demais. Acho que a deixei um pouco assustada.
— Foi excitante — murmurou Laurel. Patrick não parecia com pressa em beijá-la ou
acariciá-la. Talvez devessem conversar um pouco. Ela se ajeitou contra os travesseiros e
ele recostou-se ao seu lado, seu braço tocando o dela bem de leve. — Foi como uma
dança. — Patrick assentiu, a mão dele acariciando a dela e fazendo-a vibrar. — Foi como
se, por instinto, nós soubéssemos exatamente o que fazer...
— Fazer amor é sempre sobre usar os instintos, Laurel — disse ele. — Percebi,
instintivamente, que estávamos em sintonia quando nos conhecemos em Martinsdene.
Abri a porta do quarto na estalagem e lá estava você, e desde então acho que não
recuperei meu fôlego.
— Você não falou sobre o que sentia — comentou Laurel. — Nem fez nada.
— Estava trabalhando. E você era uma jovem mulher respeitável arriscando sua
reputação para ajudar suas amigas. Teria sido errado eu me aproveitar disso. — Uma
leve insinuação na voz dele a fez compreender que se ela não fosse uma donzela
inexperiente, as coisas poderiam ter sido diferentes entre ambos. Ele deve levar uma vida
interessante, pensou ela, olhando para ele com um brilho de curiosidade nos olhos.
— Gostaria de ter sido mais próxima das minhas amigas, de Bella, Meg e Lina,
sabe? — Laurel se virou para se aproximar de Patrick e poder apoiar a cabeça no ombro
dele. Os corpos deles se entendiam bem, ela pensou. Era reconfortante ter o calor e à
solidez de um homem em que se apoiar. Quanto tempo fazia desde que alguém a
abraçara? — Mas o pai delas, o reverendo Shelley, é um verdadeiro tirano. Ele não as
encorajava a fazerem nenhum tipo de amizade. Meg era a mais rebelde das três, e é por
isso que eu a conheço um pouco melhor. Era ela quem conseguia escapar de vez em
quando, passear um pouco, fazer algumas amigas, Fiquei tão feliz quando ela finalmente
conseguiu fugir com o tenente Halgate. Você tem mesmo certeza de que ele foi morto? —
Ela sentiu os músculos dele se retesando conforme assentia em silêncio e suspirava. —
Bem... Pelo menos,ela está de volta à Inglaterra. Lina, por outro lado... não consigo
sequer pensar que ela pode ter encontrado destino semelhante sem ninguém para ajudála. — Lina sempre foi a mais tímida das três irmãs. Como teria sobrevivido a tal horror e
brutalidade?
— E Arabella, a mais velha... — disse Patrick, e Laurel suspeitou no mesmo instante
que ele queria distraí-la de suas preocupações sobre o destino de Lina —, bem, pelo
menos você ouviu rumores sobre ela, não é? Eu não consegui descobrir nada.
— Só ouvi dizer que alguém a tinha visto chorando na floresta, um dia antes de
desaparecer. Apenas uma semana antes, quando a conheci, ela parecia completamente
diferente, estava tomada de felicidade, embora tentasse esconder isso. Imaginei que
fosse por causa de um homem, mas não poderia ser. Ninguém viu ou ouviu qualquer
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Hlq Históricos 114.2 – Questão de ternura – Louise Allen
coisa a esse respeito. E de qualquer forma... Isso não se parece com algo que Bella faria.
Ela sempre foi a mais calma das meninas, a boa filha, a que melhor suportava a tirania do
pai. — Ela suspirou, pensando em Meg e em suas duas irmãs perdidas e na própria,
surpreendente e precária, felicidade. — Você acha que algum dia conseguirá encontrálas?
— Eu não sei, querida — disse ele. — Mas não vou desistir.
— Você não pode fazer milagres — falou ela tocando no rosto dele.
— Talvez não. — Patrick olhou para ela. — Mas posso reconhecer um quando o
vejo. — E então ele se inclinou e a beijou.
Capítulo Quatro
— VOCÊ TEM um gosto tão bom — murmurou ele, ofegante. Ela respondeu ao beijo
e a língua dele invadiu cada canto da boca de Laurel. Aquilo era excitante e muito íntimo
e todo o desejo que eles sentiram um pelo outro aflorou novamente.
Laurel estava rapidamente aprendendo a reconhecer o gosto dele, as sensações
que o corpo de Patrick provocava nela. E aprendendo, também rapidamente, como reagir
a ele. Abriu mais sua boca e respondeu ao beijo dele, suas línguas enlaçadas explorando,
experimentando, provocando.
Os lençóis amarrotados sob Laurel deslizaram como seda conforme ela se movia,
inquieta e cheia de desejo. Suas mãos vagaram, tocando, experimentando, saboreando a
sensação completamente nova causada pela pele masculina sob seus dedos. Havia certa
maciez sobre cada um dos músculos bem trabalhados de Patrick e também pelos grossos
e encaracolados em alguns pontos. Os músculos claramente definidos dele se retesaram
quando Patrick se virou de lado e se apoiou no cotovelo, inclinando-se sobre ela, e Laurel
fechou os olhos, flutuando deliciosamente naquela sensação de confiança e euforia.
Ela se sentiu novamente constrangida; um pouco mais do que simplesmente
nervosa com a situação, na verdade. Fazer amor já era algo bem mais profundo do que
imaginara... E ela ainda era virgem. Laurel sabia que ia doer, mas teria que enfrentar isso.
A boca de Patrick encontrou a dela mais uma vez e ela acariciou o cabelo dele,
temendo que ele parasse de beijá-la ainda que por um segundo. Enquanto ele a beijava,
ela não precisava pensar em nada, apenas responder e sentir. Com a mão livre, ele
encontrou o seio dela, explorando sua forma, segurando seu mamilo entre os dedos,
puxando-o e apertando até que o prazer a obrigou a choramingar contra sua boca,
arqueando o corpo, querendo sentir o seu peso sobre ela novamente.
— Impaciente? — perguntou ele maliciosamente, erguendo a cabeça.
— Desesperada — ofegou ela. E era verdade, mesmo a sombra de covardia que a
assaltara há poucos instantes, se fora.
— Hum... Essas coisas não devem ser apressadas. — Patrick saiu da cama, e ela
se sentou com um suspiro de protesto.
— Claro que você não está com pressa — disse ela deixando que a frustração
indignada varresse os restos de seu pudor. — Você já... Você já...
— Cheguei ao êxtase. E isso que você quer dizer? — perguntou ele enquanto abria
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Hlq Históricos 114.2 – Questão de ternura – Louise Allen
gavetas e revirava baús.
— Ah... — respondeu ela corando e guardando aquelas palavras. — O que você tem
aí?
— Uma espécie de brinquedo, Laurel — respondeu Patrick voltando-se para ela com
um sorriso e um cordão de seda nas mãos. — Algo que vai ajudá-la a lidar com sua
impaciência.
Laurel olhou desconfiada para Patrick, enquanto ele caminhava em sua direção
enrolando o cordão em tomo de sua mão. Ele iria amarrá-la. Em seus pulsos, ela ainda
sentia a pressão das correntes que a mantiveram presa às colunas no salão onde havia
sido leiloada. Isso é diferente, ela lembrou a si mesma com firmeza. Este é Patrick.
— Você confia em mim, Laurel? — perguntou ele sentando-se ao lado dela.
— Ah... sim. Sim, eu confio — respondeu ela com uma incerteza que o fez rir. Ela
não o tinha visto rir antes. A risada tirou anos do rosto de Patrick. Por um instante, ele
pareceu um homem sem nenhuma preocupação no mundo. Ela sorriu de volta e
ofereceu-lhe as mãos. Confiança. — Confio sim.
Ele enrolou o cordão de seda macia em tomo de um pulso, passou o cordão pela
barra da cabeceira da cama e, em seguida, amarrou o outro.
— Pronto, olhe só. — Ele deslizou até os pés de Laurel, fazendo-a arquear-se para
tentar vê-lo. Derrotada pelo cordão que a continha, ela caiu para trás.
— Você tem cócegas?
— Não. Oh! Ah, meus dedos do pé, por que isto é tão bom?
Patrick chupou cada um de seus dedos, enquanto suas mãos hábeis iam
acariciando o peito do pé e os tornozelos, até que ela estava se contorcendo, dividida
entre risos e algo totalmente diferente. Ele mudou de posição e se posicionou de joelhos
entre suas pernas. Em seguida começou a lamber, lenta e cuidadosamente as pernas
dela, sua língua quente e úmida implacável, percorrendo cada centímetro de pele, suas
mãos separando as coxas dela, até que Laurel estivesse completamente exposta ao seu
olhar. Ela se agitou, tentando se libertar, mas não conseguiu. O que ele estava fazendo?
Certamente não poderia obter qualquer prazer com aquilo, poderia?
— Patrick! Liberte-me, quero tocar em você!
E depois ela entendeu. Ele queria tocá-la tanto quanto ela queria tocá-lo. Ele queria
mais do que simplesmente o prazer culminante do final do ato. Ele precisava do prazer
dela também. Fazer amor. Ela nunca tinha percebido por que aquele ato era chamado
assim, pensara que fosse apenas uma forma bonita de falar.
— Eu sei. Só que você tem que ser paciente. — Ela pôde perceber na voz de
Patrick, que ele sorria ao dizer isso.
— É uma tortura... — protestou ela, ofegando com o prazer inacreditável que sentia,
o prazer se acumulava e se agitava dentro de Laurel. Ela se contorceu tentando se
mexer, mas o cordão de seda a conteve e isso, por si só, era muito excitante. Estava
completamente impotente e ele podia fazer o que quisesse com ela. Mas então se
lembrou de que também tinha alguma espécie de poder. Ela o excitava e o levava a fazer
coisas.
As lambidas se transformaram em beijos e mordidinhas conforme ele subia pelas
coxas dela, e os dedos dele se embrenharam no emaranhado de pelos encaracolados
para que pudesse atingir sua carne quente e úmida.
— Oh...
Aquilo parecia vergonhosamente íntimo. Ela sabia que estava corando, podia sentilo olhando para ela. Será que ele sente prazer em me ver assim? Eu dou prazer a ele?
Patrick vai parar agora, pensou ela, vai me tomar e...
— Ahhh!
Um longo dedo deslizou entre suas partes mais íntimas, mais secretas. Ela sentiu
como estava molhada e corou mais profundamente, mesmo enquanto se contorcia de
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Hlq Históricos 114.2 – Questão de ternura – Louise Allen
prazer.
O dedo deslizou para dentro dela, depois outro o seguiu, e eles eram flexionados e
alongados e acariciavam seu canal apertado. Era quase dor, mas não completamente.
Era insuportável e ainda assim ela poderia suportar, de alguma forma. Ela queria mover
seus músculos e apertá-lo dentro dela, mas não se atreveu. Em um minuto, não será com
os dedos, ela pensou, sentindo o medo percorrê-la novamente.
Enquanto Laurel estava ali, tremendo de apreensão e, em parte, de prazer, Patrick
chegou mais perto dela e a beijou profundamente, intimamente. E ele fez isso de uma
forma que a fez arquear-se da cama, soluçando. E enquanto Patrick a explorava,
circulando o centro de seu prazer com a língua, ela só conseguia gemer o nome dele e
choramingar, sentindo as deliciosas ondas de desejo que arrebentavam contra ela e a
levavam à loucura, até que o mundo finalmente parou de girar e ele estava finalmente
deitado sobre ela, com seus lábios unidos aos dela.
Por quanto tempo estivera perdida em meio àquela explosão?, perguntou-se Laurel,
flutuando lentamente de volta à Terra, para perceber que Patrick estava afrouxando o
cordão de seda sem retirá-lo da barra da cabeceira da cama.
— Eu... eu atingi o êxtase? Foi isso o que aconteceu? — perguntou Laurel usando
aquela nova palavra pela primeira vez.
— Sim — respondeu Patrick deixando-se cair sobre os travesseiros ao lado dela,
parecendo um tanto convencido.
Laurel voltou a si gradualmente enquanto seu corpo era percorrido por ondas e mais
ondas de prazer. E então uma ideia travessa foi se formando em sua mente. Laurel se
virou e viu que Patrick descansava com as mãos entrelaçadas sob a cabeça. Ela se
inclinou sobre ele e, apoiando a mão em um de seus braços, beijou seu pulso. Depois,
com seu peso sobre ele, beijou seu outro pulso.
Patrick fechou os olhos e pareceu ronronar. Rápida como um raio, Laurel prendeu
primeiro o pulso direito dele, depois o esquerdo. Ele abriu os olhos com um rugido
indignado e ela se contorceu, pulando para fora da cama, meio apavorada com o que
tinha feito.
— Ei! Solte-me daqui!
— Você não confia em mim? — provocou Laurel.
Os olhos dele pareciam estranhamente fora de foco e ela se deu conta de que
Patrick estava achando aquilo extremamente excitante, não importando o que ele
dissesse. Uma, rápida olhada para a impressionante ereção que começava a se erguer
do emaranhado de pelos escuros do corpo dele, confirmou sua suspeita.
— Parece-me que ouço protesto demais, meu senhor — disse ela, percorrendo o
corpo dele com um dedo leve, antes de se afastar na direção da cômoda.
— Claro que eu... Ei! Solte-me imediatamente! — reclamou Patrick enquanto Laurel
vasculhava em uma gaveta.
— O que é isto? Oh! — disse Laurel jogando o objeto com entalhes complicados de
volta à gaveta com um gesto decidido. Por que alguém iria querer... Não, não pense
nisso.
Plumas. Ela pegou um punhado delas e pensou excitada em como Patrick ficaria
coberto delas. De volta à cama, ela as deixou cair uma após á outra sobre o corpo dele,
que se debatia e viu o efeito que produziam. Sim, aquela era uma resposta bastante
satisfatória. E se ela esfregava uma pluma de avestruz pelo peito dele, Patrick gemia e
seus mamilos enrijeciam. Posicionando-se de forma que ele conseguisse vê-la, Laurel
fechou os olhos e acariciou o próprio corpo com a pluma. Após alguns instantes, quando,
um pouco ofegante, abriu os olhos, viu que ele a encarava fixamente e que lambia os
lábios como se estivesse sedento. Seus olhos prometiam coisas que ela só poderia
adivinhar. Ele jogara aquele jogo antes, isso estava bem claro.
Laurel abandonou a pluma e, com as pernas trêmulas, voltou à cômoda para
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Hlq Históricos 114.2 – Questão de ternura – Louise Allen
procurar por mais brinquedos. Abriu outra gaveta.
Livros com fotos. Ela se inclinou e folheou um. Sua boca ficou seca. Oh, meu Deus.
Talvez não. Ainda não...
A gaveta ao lado estava cheia de tiras de couro enroladas.
— Oh, não. Absolutamente não! — disse Patrick quando ela puxou um longo
chicote, tão longo que arrastava no chão. Debatendo-se ainda mais, Patrick tentou, sem
sucesso, livrar-se do cordão de seda, quando Laurel experimentou estalar o chicote. O
barulho fez os dois se assustarem.
— Não — concordou Laurel com algum pesar, deixando o chicote de lado. Em
seguida, seus dedos encontraram um emaranhado de fitas macias que ela apanhou. Não
eram fitas, eram longas tiras de camurça ligadas a um cabo. Laurel observou o objeto
com interesse e voltou para a cama. Havia tanto para aprender sobre o próprio corpo e
sobre o dele... Mas ela estava começando a entender os princípios básicos. Acariciar,
provocar, excitar.
— Não se atreva — advertiu Patrick lutando com o cordão de seda. O corpo dele,
Laurel pensou, era magnífico. Vestido, ele era alto e magro e movia-se com elegância.
Ainda a fascinava como, nu, aquela magreza convertia-se em músculos sólidos e
trabalhados.
— Ah... Mas você não pode realmente fazer nada a respeito, pode? — perguntou
Laurel enquanto corria as tiras de camurça sobre os pés dele, suas pernas. Ela se
inclinou e soprou, fazendo as plumas voarem, eliminando a última proteção que ele tinha.
Laurel continuou arrastando as tiras, subindo e subindo, observando como os músculos
dele se contraíam, enquanto a ereção dele se avolumava, envolvida por pelos escuros.
— Você gosta disto — afirmou Laurel quando Patrick rosnou para ela. Então jogou
mais plumas sobre o estômago e a virilha dele. — Ah, sim, não tente negar... Talvez eu
deva pegar aquele chicote, no final das contas.
Patrick se moveu tão rápido que Laurel não teve chance de escapar. Ele a prendeu
com as pernas e a puxou contra seu corpo, prendendo as fitas de camurça e as plumas
entre eles. Depois, conseguiu libertar uma das mãos e, no momento seguinte, Laurel
estava sob ele.
— Sua malvada — disse ele sorrindo. Mas então o ar divertido abandonou seu rosto
e eles ficaram deitados em silêncio, olhando o outro nos olhos. — Você tem certeza? —
perguntou ele depois de um minuto torturante. — Laurel, minha querida. Você tem
certeza?
— Sim. — Nunca tive tanta certeza em minha vida, pensou ela. Notou a expressão
de ternura e posse nos olhos dele e de repente sentiu-se embaraçada. — Patrick?
— Não se preocupe — disse ele parecendo ter ouvido seu pensamento. Ele rolou
para o lado e começou a beijá-la lentamente, deixando-a tonta, enquanto deslizava a mão
até o monte entre as pernas dela. Laurel ofegou quando ele a tocou e sentiu que estava
quente e úmida e pronta para ele. — Vai ficar tudo bem, querida. Veja, seu corpo sabe o
que fazer.
Laurel passou os braços em tomo dos ombros dele, enterrando seu rosto no ângulo
de seu pescoço, o que fez Patrick rir e, fazendo um som baixo e rouco, cobriu o corpo
dela com o seu. Ela se abriu para ele, perguntando-se de que modo seu corpo sabia
como se moldar para recebê-lo, admirada em como ele estava sendo lento e cuidadoso
depois da urgência que sentira em fazerem amor.
Este era o momento que a apavorava, pensou Laurel, consciente de que ele se
empurrava contra ela. Mas aquele era Patrick e ele tinha toda razão, o corpo dela sabia o
que fazer. Sua mente ainda podia ser surpreendida, descobriu ela ofegando com a
pressão, a intimidade, o calor. Suas mãos deslizaram até a cintura dele, abraçando-o e
implorando, quando ele pareceu hesitar na entrada do corpo dela.
— Laurel?
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Ela não tinha certeza do que Patrick estava pedindo. Permissão? Ele franziu a testa
um pouco, sua mandíbula estava rígida de tensão. Mas ela murmurou:
— Sim. — Ela confiava nele.
Patrick a beijou profundamente enquanto a penetrava de uma vez só, preenchendoa totalmente, espantando o instante de dor com sua força.
Ele ficou imóvel mais uma vez e ela lutou para lidar com esse novo sentimento, com
a plenitude, com a consciência de que estavam juntos. Hesitante, descobriu músculos que
nunca usara e os contraiu.
— Laurel — disse Patrick novamente em uma voz que ela nunca ouvira, seus
quadris oscilando sob suas mãos quando ele começou a se mover dentro dela, tirando
seu fôlego, fazendo-a gemer baixinho com a intensidade de seu ritmo que não parava de
aumentar enquanto ele continuava investindo contra ela de novo e de novo, despertando
uma poderosa sensação que crescia e crescia.
— Venha comigo, Laurel. Venha comigo, minha doce Laurel.
A tensão acumulada finalmente se estilhaçou sob o comando de Patrick, e ouviu a
voz dele se misturando com a dela. De repente pareceu que ela voava, e era como se
não conseguisse mais respirar, para em seguida, aterrissar relaxada, sentindo-se
completa e segura nos braços dele em meio à escuridão.
Capítulo Cinco
Laurel ACORDOU com a sensação de frio e umidade. Quando abriu os olhos
encontrou Patrick esfregando seu corpo cuidadosamente com uma toalha de linho, seu
rosto grave, suas mãos suaves.
— Você acordou, — Ele colocou o pano de volta na bacia e ela viu que Patrick
estava enrolado no lençol. Parecia um antigo romano usando uma toga.
— Sim. — Em que estaria ele pensando por detrás daqueles doces olhos cor de
avelã? Estaria arrependido? Decepcionado com a falta de experiência dela? Ou será que
ele se lembrava dos dois fazendo amor como algo prazeroso? Laurel estava constrangida
demais para perguntar. — Que horas são?
— Três e quinze da manhã. Precisamos esperar um pouco mais... até as 4h, talvez.
Chamei com a sineta e alguém veio me atender. Demorou um pouco, mas o criado estava
totalmente acordado. Ainda há movimento no bordel. — Ele apontou para uma mesa
lateral. — Pedi vinho e algo para comermos. E também pedi alguma coisa para você
vestir.
— É mesmo? — Laurel se ajeitou contra os travesseiros. Eles não quiseram saber o
motivo?
— Dei a entender que queria o prazer de despi-la novamente — respondeu Patrick
fazendo uma careta e depois entregando a ela uma camisola dourada de seda e um par
de chinelos frágeis. — E eles trouxeram isto. Não é exatamente a roupa ideal para usar
quando se foge correndo pela rua, mas é melhor que usar trapos e estar de pés
descalços. E você ainda pode usar o xale que encontrou aqui mais cedo.
Patrick ocupou-se à mesa e voltou com vinho e um prato com uma coxa de frango e
pão com manteiga.
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— Quando foi a última vez que você comeu?
— Eu não sei — respondeu Laurel com tristeza enquanto se servia, inebriada com o
cheiro da comida. — Houve uma torta horrorosa em uma pousada onde a carruagem
fazia uma parada. Desde então, não tive muito apetite. Tentei me obrigar a comer algo
porque precisava manter minhas forças. — A verdade é que Laurel não conseguia
segurar muita coisa no estômago, mas não contaria isso a ele.
— Como o diabo você chegou aqui, afinal? Eu sei que queria ir a Falmouth para
encontrar trabalho e ver Meg, mas como exatamente você foi enganada e veio parar
aqui? — Patrick também se serviu e veio sentar-se aos pés da cama.
— Eu desci da carruagem na pousada Belle Sauvage e dei uma volta tentando
descobrir para onde deveria ir em seguida, quando uma mulher de aparência respeitável
se ofereceu para me levar até a próxima carruagem — disse Laurel com a boca cheia de
pão. — A próxima coisa de qual me dei conta, foi que eu estava dentro do que parecia ser
uma carruagem, com os olhos vendados. — Ela engoliu, lutando para controlar o pânico
que a lembrança despertava. — Em meu desespero, tenho certeza de que mordi alguém.
— Fez você muito bem — disse Patrick, erguendo-se para encher sua taça. —
Desculpe-me se gritei e disse que você era uma tola. Essas pessoas são ardilosas e
realmente muito cruéis, não foi mesmo sua culpa. Eles a trouxeram para cá, você me viu
no salão e pensou o pior.
— Eu pensei... — Minta, não permita que ele descubra que você duvidou dele,
sussurrou algo em seu íntimo. Mas aquele era Patrick: ela não poderia mentir para ele. —
Acreditei, só por um segundo, que você tinha vindo para me resgatar. E então percebi que
isso era impossível. Em seguida pensei que você fosse um deles, um dos homens que
desejava me comprar e... Eu sinto muito.
— Não se desculpe por isso. Eu entendo — disse ele, e seus olhares se cruzaram
acima das taças. — Você estava brava comigo. E eu estava furioso com você... E
também aliviado por vê-la, acho. Pensei que não tivesse dinheiro suficiente para comprála.
— Você é o tipo de homem que nunca desiste. Teria pensado em alguma coisa,
Patrick. — O vinho a aqueceu e a comida devolveu suas forças. Ela precisaria delas,
Laurel sabia disso. Todo o seu futuro estava em suspenso. Laurel pertencia a Patrick, ele
a comprara. Mas, ao mesmo tempo, ela não era escrava de ninguém e nem ele era o tipo
de homem que obriga uma mulher a permanecer ao seu lado, mesmo que ela tivesse
entregado sua virgindade a ele.
— O que exatamente que você faz? Não passa todo o tempo procurando mulheres
perdidas, não é? — Ela sorriu para ele. — Você foi incrivelmente discreto a seu próprio
respeito em Martinsdene.
— Tenho uma pequena propriedade perto de Falmouth — disse Patrick, olhando
para o fundo da taça de vinho como se pudesse ver a cena. — Ainda não dá muito lucro,
mas estou trabalhando para tornar o lugar mais rentável. Sou o filho mais novo, então não
tenho direito a nenhuma espécie de herança. Quero trabalhar para o governo, mas para
isso preciso de um patrono e preciso me tomar conhecido. Tenho agido como
investigador particular para pessoas de qualquer posição na área em que quero trabalhar.
E este caso está mais complicado que a maioria — acrescentou ele parecendo sombrio.
— Você vai resolvê-lo — disse ela. — Você foi envolvido no mistério das irmãs
Shelley tarde demais, isso é tudo. — Ele assentiu, em parte para concordar com ela,
notou Laurel, e em parte pensando em seu objetivo. — Você tem toda a sua carreira
planejada. É um estrategista, não é, Patrick Jago?
— Ah, sim, eu sou — concordou ele ainda olhando para o vinho. — Construir a
propriedade, comprar mais terras, contratar um administrador, impressionar alguns dos
patronos.
— Eu tenho tudo traçado... — acrescentou, como que zombando de si mesmo.
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E encontrar a mulher certa. As palavras não ditas pareciam pairar no ar entre eles. A
mulher certa para ele não sou eu, pensou Laurel sentindo seu coração se encolher. Ela
era uma órfã, filha de pais da pequena nobreza, que a deixaram sem dinheiro, conexões
ou qualquer tipo de influência. Ah, bem, aquilo parecia um conto de fadas, desde o início,
cheio de ogros e dragões e um cavaleiro salvador.
O relógio marcou 4h e ela ergueu os olhos, mergulhada em seus pensamentos.
— Hora de sairmos daqui — disse Patrick, levantando e alcançando suas roupas.
— Onde estamos, afinal? — Laurel se levantou também e debateu-se para colocar a
camisola fina. A camisola era quase transparente, mas com um grande xale por cima ela
ficaria bem.
— Em uma viela atrás dos elegantes salões da Almack’s Assembly. Bem no meio da
elegante vizinhança de St. James — respondeu Patrick, dando um simples nó em sua
gravata. — Muito conveniente caso os senhores que estão acompanhando suas
mulheres, filhas e irmãs aos eventos sociais refinados fiquem entediados com a dança
recatada e a limonada. — Ele vestiu o casaco e checou os bolsos. — Onze libras. É o
suficiente.
Laurel o seguiu até o salão principal, e depois Patrick encontrou as escadas de
serviço nos fundos. Havia alguns sons fracos vindos do andar de baixo como se alguma
empregada infeliz da cozinha tivesse acendido o fogo e enchido as chaleiras para o novo
dia.
— Como imaginei — murmurou ele, sua mão na maçaneta da porta dos fundos. —
Ela deixou a porta destrancada para buscar carvão. — Eles escaparam para a luz fria do
alvorecer sem nenhum incidente.
— Aonde estamos indo? — Laurel encolheu-se ao lado dele enquanto o motorista
sonolento da carruagem que Patrick solicitara deixava a praça St. James.
— De volta ao meu quarto na hospedaria. Vou pedir café da manhã e você esperará
por mim enquanto saco algum dinheiro do banco. Depois levaremos a correspondência
para Falmouth.
— Você me levará até Meg?
— Sim — concordou ele.
— Oh, obrigada.
— Não me agradeça, tenho uma motivação pouco nobre. Eu quero você junto de
mim.
— Por que você me desejaria ao seu lado? — perguntou ela, recuperando o fôlego.
— Porque você pertence a mim de todas as maneiras que importam — respondeu
ele, encarando-a firmemente. — Acredita nisso, não é?
— Sim! Mas você mal me conhece, Patrick.
PATRICK OLHOU para os olhos violeta ansiosos que o observavam das sombras e
identificou incerteza neles. Não, seu coração não estava enganado, ela sentia a mesma
coisa que ele.
— Não quer fazer de mim um homem honesto? — perguntou ele. — Você me
amarra à cabeceira da cama, você me provoca com plumas, faz comigo coisas
indescritíveis com objetos que eu não sei os nomes e depois não quer passar o resto da
vida comigo?
Laurel emitiu um som engasgado, algo entre uma risada e um soluço.
— Bobo. Os homens fazem esse tipo de coisa toda hora, acho eu.
— Eu não — afirmou Patrick. — Ao menos nunca quando a pessoa que está comigo
significa tanto para mim. Eu não me importaria em repetir a experiência com você.
Guardei algumas plumas no bolso. Pelo preço que esta noite me custou, acho que, no
mínimo, elas deveriam estar incluídas no pacote.
Ela riu.
— Ah, não me provoque! Como poderei um dia recompensá-lo?
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— Você não poderia, levaria meses. Anos. Uma vida inteira, na realidade. E aqui
estamos nós na pousada Belle Sauvage.
A luz estava brilhante e a calçada começava ficar movimentada. Patrick desceu da
carruagem, pagou o motorista e depois voltou para ajudá-la a sair.
— Venha aqui, Laurel. Você não conseguirá atravessar o jardim com esses chinelos.
Ela protestou um pouco, mas não lutou quando ele a ergueu nos braços e a
carregou pelo jardim enquanto ouvia os assobios dos meninos do estábulo.
— Desculpe-me — murmurou ela com o rosto junto ao seu peito e ele percebeu que
suas preocupações eram mais profundas e que o humor não as apagaria.
— A chave está no meu bolso — disse ele quando chegaram à porta. — Você
consegue encontrá-la?
— Coloque-me no chão — sugeriu Laurel enquanto mexia nos bolsos dele. — Ah,
não, achei, aqui está.
— Não a colocarei no chão enquanto não alcançarmos a cama — disse Patrick,
apoiando o ombro na porta para depois destrancá-la e caminhando pelo quarto. — Aqui
estamos. Não é tão confortável quanto a cama que estávamos usando, mas servirá.
Agora, você vai esperar aqui até eu voltar? — Ela olhou com dúvida, mordendo o lábio. —
Dê-me a sua palavra, Laurel. Não quero ter que levar você até o banco desta maneira,
mas farei isso a menos que tenha certeza de que estará aqui no meu retomo.
— Você não vai mais me querer quando chegarmos a Comwall, tenho certeza. Eu
sou muito ignorante, muito ingênua para você. — Isto é amor, não é? Amor e luxúria
misturados um ao outro em uma deliciosa e desoladora emoção.
Patrick ajoelhou-se ao lado da cama, fazendo com que ela se recostasse nos
travesseiros.
— Escute bem. Eu amo você, Laurel. Amo o jeito que você beija, amo o seu gosto,
amo a sua coragem e seu humor e senti-la em meus braços. Eu só a conheço há alguns
dias, mas em minutos percebi que esperei por você toda a minha vida.
— Oh, Patrick.
— Você vai discutir comigo? Dizer que não gosta de mim? Pode não me amar ainda,
mas não descansarei enquanto não tiver feito você feliz.
— Acredito em você. E eu o amo — disse ela simplesmente, invadida
repentinamente pela certeza de que estava segura, tomando as mãos dele nas suas
enquanto ele gesticulava e falava. — Pensei que isto poderia ser só prazer, mas está tudo
misturado. Faça amor comigo.
Patrick a encarou, o sorriso formando-se lentamente no rosto dele, até que a
felicidade dançasse em seus olhos.
— Eu amo você, Laurel Vemon. — Ele tirou o próprio casaco.
— Patrick? Eu achei que você precisava ir ao banco.
— O banco não vai a lugar nenhum. — Ele arrancou a gravata amarrotada e sentouse para jogar longe os sapatos e as meias. — Quero fazer amor com você em algum
lugar que não esteja contaminado por sedas, perfume, dinheiro e medo. Prefiro fazer
amor com você neste colchão encaroçado, com o mundo passando do lado de fora de
nossa porta. Sem cordas, sem plumas, sem artifícios. Só eu e você.
Oh, sim. — Aquilo não era um conto de fadas, aquele simples quarto de hospedaria
com o som de buzinas e cavaleiros barulhentos a poucos metros de distância, o baque de
passos percorrendo o corredor do outro lado da parede fina. Aquilo era a realidade.
Aquele era o começo do resto de sua vida.
Laurel tirou a camisola de seda e jogou-a do outro lado do quarto.
— Você terá que me comprar um vestido e uma anágua também — disse ela.
— Hummm? — Ele não estava escutando o que ela dizia. — Seu cabelo é tão
comprido... — Patrick esticou o braço e o tocou e ela sentiu um pequeno sussurro
escapar de seus lábios, como se sua mão tivesse encostado em seu seio. Seus mamilos
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enrijeceram e ela se curvou para receber o toque. Ele a acariciou sentindo o peso de seu
cabelo entre os dedos, erguendo-o e soltando-o, seu corpo tenso como se ele estivesse
concentrado naquela única sensação.
Ele a empurrou de volta para os travesseiros, jogando seu peso sobre ela, com uma
das mãos ainda acariciando seu cabelo desarrumado. A boca dele na dela era gentil, mas
possessiva. Ela o conhecia agora, o gosto e o toque, e sabia como responder à sua
língua curiosa com leves movimentos dela, mordiscando o lábio inferior dele. Durante
todo o tempo, ela se permitiu enredar-se mais e mais na realidade daquele homem. Havia
tanto para aprender a respeito dele, levaria a vida toda para descobrir tudo.
Tinha tanta sorte, pensou Laurel vagamente. Talvez sua amiga Meg também tivesse
esse tipo de sorte, se é que ela havia entendido as observações veladas de Patrick sobre
lorde Brandon. Mas nada faria Meg realmente feliz até que encontrasse suas irmãs.
Patrick mordiscou sua orelha e Laurel deslizou as mãos entre eles, sentindo os
músculos fortes do estômago dele se contraírem enquanto as mãos se dirigiam para o
cós das calças. Ela se retorceu debaixo dele enquanto o liberava das calças e ele se
arqueou para a frente porque assim ela poderia lamber e mordiscar seus mamilos.
Fascinada pela maneira como os mamilos enrijeciam exatamente como os dela, Laurel
adorou a áspera masculinidade dos pelos de seu peito enquanto corria os dedos sobre o
corpo de Patrick.
Eles oscilaram enquanto ele lutava para terminar de tirar as calças e, livre do seu
peso sobre ela, Laurel afastou-se até que pudesse tê-lo em suas mãos. Acariciou a pele
acetinada sobre o músculo rígido e quente. O instinto derrotou a timidez e ela mergulhou
sua cabeça e o levou à boca, espalmando as mãos em seu peito para segurá-lo e
maravilhando-se enquanto Patrick gemia e se recostava. Seus sentidos estavam tomados
dele, sob suas mãos ela podia sentir o pulso de Patrick disparado. Tanto poder, pensou
ela, um tanto confusa, experimentando correr a língua e os lábios pelo membro dele
enquanto Patrick tremia.
Então ele se ergueu e a alcançou, puxando-a para si, até que Laurel soltasse seus
quadris.
— Venha aqui — chamou ele com a voz rouca e ela levantou e se deixou afogar-se
nele, polegada por polegada enquanto ele a preenchia, a completava.
— Eu amo você, Patrick Jago — disse ela, prendendo-o dentro dela. — Leve-me
para casa.
— Oh, sim — arquejou ele, levando os dois às alturas, dirigindo-se ao seu centro
enquanto seus sentidos abriam-se para o calor, a luz, e o prazer que era inevitável. E
depois o mundo parou de girar no seu eixo e eles esgotaram as palavras ou a
necessidade de falar e ficaram em paz.
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Questão de Ternura