Relatório final do V seminário dos Programas de Pós-­‐Graduação em Letras e Linguística: Políticas e Agendas no Campo de Estudos da Linguagem -­‐ área de Estudos Literários Na área de Estudos Literários, o diálogo sobre as políticas e agendas desenvolveu-­‐se a partir de quatro temas considerados fundamentais no sentido de contemplar, valorizando-­‐a, sua diversidade. Foram eles: “O futuro da Teoria Literária”, “Olhares sobre a História da Literatura”, “Interdisciplinaridades: conquistas e limites”, e “Contribuições das literaturas estrangeiras para os Estudos Literários”. No campo da Teoria Literária, tanto a diversidade dos métodos quanto a necessidade de pensá-­‐los criticamente, discutindo-­‐os, foram objeto de destaque. Em decorrência disso, expressou-­‐se claramente a necessidade de articulação crítica entre o futuro epistemológico da Teoria Literária e seu futuro institucional. No campo da História da Literatura, afirmou-­‐se tanto a tarefa de revisão dos métodos históricos tradicionais quanto a necessidade de invenção de novas estratégias metodológicas capazes de forjar novos olhares, no sentido de continuar incentivando uma relação crítica fecunda com os objetos literários do passado. No campo da reflexão interdisciplinar, enfatizou-­‐se a riqueza da questão, bem como a necessidade de pensar estratégias específicas e/ou pragmáticas no sentido de incentivar e justificar a fecundidade de suas conquistas. Entre outras estratégias, destacam-­‐se a preservação de fronteiras relativamente delimitadas entre as áreas como forma de reivindicar uma competência literária interdisciplinar baseada em certa concepção clara de seus objetos específicos, e a promoção de uma discussão em torno do reconhecimento institucional da interdisciplinaridade – em especial da política de pontuação de artigos publicados em periódicos bem avaliados de outras áreas. No campo da reflexão acerca das contribuições das literaturas estrangeiras para os Estudos Literários, enfim, duas direções principais foram esboçadas: por um lado, a reafirmação da proximidade entre o ensino de literaturas estrangeiras e o esforço de reflexão acerca da pluralidade que tais literaturas exigem ou possibilitam, ao trazerem para os Estudos Literários questões imprescindíveis de ordem teórica e crítica – questões sem as quais não se alcança pensar qualquer identidade -­‐, tais que: teorias da tradução, pensamento da alteridade, trato crítico da diversidade cultural, entre outras. Por outro lado, a ênfase na necessidade de flexibilizar as grades curriculares dos atuais Departamentos de Línguas Estrangeiras, no sentido de tornar mais efetivos os diálogos entre literaturas, bem como entre as literaturas e os demais setores dos Estudos Literários, cumprindo mais eficientemente, deste modo, a tarefa teórica, crítica e pedagógica na área das literaturas estrangeiras no Brasil. Como área de especialização acadêmica, os Estudos Literários se caracterizam pela diversidade das disciplinas que comportam, bem como pela pluralidade de orientações que tais disciplinas compreendem. Constituem, por isso, espaço de múltiplos cruzamentos disciplinares, convergentes, no entanto, no trato crítico-­‐analítico do mesmo objeto – a literatura -­‐, tomada tanto como manifestação estética afeiçoada à tradição humanística quanto como linguagem apta para acolher, dando-­‐lhes forma, as novas experiências socioculturais que o dinamismo da vida contemporânea não cessa de produzir. Seus especialistas, assim, afeitos a controvérsias sobre teorias e métodos, afinal inerentes à área, compartilham, contudo, a convicção de que nenhum sistema educacional moderno pode prescindir da literatura como componente curricular. No Brasil, no entanto, a despeito da alta qualificação dos especialistas da área, sua efetiva contribuição no processo educacional vem sendo obstada pela virtual eliminação da literatura nos currículos escolares, em especial no ensino médio. Ora, se, por um lado, tal estado de coisas não decorre de políticas e agendas da própria área, por outro, seus integrantes não pretendem revertê-­‐lo pela mera reivindicação corporativa de mais espaço para a literatura nos currículos escolares. Em vez disso, como a própria formação literária os torna críticos quanto a resultados de remendos setoriais, antes propõem uma ampla reconcepção do sistema educacional, de modo a se alcançar equilíbrio entre suas dimensões técnico-­‐científicas e humanísticas. Julgam que só assim poderá a literatura – e não só ela, mas também outros ramos das humanidades -­‐ cumprir com plenitude o seu papel no plano da educação nacional. Uma vez estabelecido esse princípio geral, cabe ainda pôr em destaque os seguintes elementos: 1 – A área forma professores, agentes principais, como é óbvio, do processo educacional. 2 – Nesse processo, é preciso reconhecer a centralidade do ensino integrado de línguas e literaturas: línguas, no plural, no sentido de promover o melhor conhecimento do português inclusive pela quebra do monolinguismo, mediante a difusão do domínio de línguas estrangeiras no cotidiano nacional; e literaturas, no sentido de suscitar a formação de leitores críticos, habilitados, a partir do trato com o texto literário, a ler com proficiência textos em geral, no sentido mais amplo a que se presta a palavra. 3 – A área forma ainda profissionais claramente reclamados pela sociedade brasileira, tais como tradutores, intérpretes e profissionais da edição. 
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