Revista de Educação
Vol. XII, Nº. 14, Ano 2009
ESTATÍSTICAS E RETROSPECTOS DA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL
Augusto Sousa da Silva Filho
Faculdade Anhanguera de Belo Horizonte
RESUMO
[email protected]
A educação a distância caminha lado a lado com as novas tecnologias
de comunicação e informação. Com o surgimento da rede mundial de
computadores a educação a distância encontrou o ambiente ideal para
o seu crescimento. Desta forma, existe a necessidade de discussões
sobre a forma de utilização da educação a distância pelas instituições
de ensino, no sentido de coibir as instituições meramente mercantilistas
e primar-se pela qualidade no ensino da educação a distância. O Brasil
já percebeu que a educação a distância pode ser um importante
parceiro para alcançar brasileiros nas regiões mais distantes e lhe
proporcionar uma educação de qualidade. Este artigo mostra um
retrospecto da educação a distância no Brasil, além de estatísticas de
crescimento da educação a distância no Brasil nos últimos anos.
Palavras-Chave: educação a distância; tecnologias de comunicação;
estatísticas descritivas; censo escolar.
ABSTRACT
Distance education goes hand in hand with the new technologies of
communication and information. With the emergence of the World
Wide Web distance education found the ideal environment for their
growth. Thus, there is a need for discussions on how to use distance
education institutions in order to curb the purely mercantilist
institutions and distinguish itself by the quality of teaching in distance
education. Brazil has already realized that distance education can be an
important partner in Brazil to reach more distant regions and provide a
quality education. This article shows a flashback of distance education
in Brazil, and growth statistics of distance education in Brazil in recent
years.
Keywords: distance education; communication technologies; descriptive
statistics.
Anhanguera Educacional Ltda.
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
[email protected]
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Informe Técnico
Recebido em: 19/2/2010
Avaliado em: 13/3/2011
Publicação: 18 de agosto de 2011
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Estatísticas e retrospectos da Educação a distância no Brasil
1.
INTRODUÇÃO
Cada vez mais o telefone celular, a internet, o e-mails, o MSN, Skype, as redes sociais, e
outras ferramentas de comunicação fazem parte da vida dos jovens. O que para eles é
visto com extrema naturalidade.
É natural que a educação formal já se veja diante da prerrogativa da necessidade
da utilização dessa tecnologia no processo de aprendizagem e diante destas novas
tecnologias a educação a distância tem apresentado um grande salto.
O seu crescimento tem mostrado direções no sentido de contribuir para a
formação de profissionais que estejam aptos para a nova realidade do mercado de
trabalho. As universidades já se deram conta desta realidade e promovem cursos de
graduação à distância e pós-graduação proporcionando acesso à educação superior para
alunos em diversas partes do Brasil.
Historicamente, toda essa evolução da tecnologia de comunicação, tem suas
origens no povo chinês, pois foram os primeiros a fazerem a impressão de um livro, mas
foi Johannes Gensfleisch, conhecido como Johannes Gutenberg, no ano de 1397 o criador
do processo de impressão com tipos móveis, ou seja, a tipografia.
A sua invenção proporcionou o surgimento do jornal, em 1609, um instrumento
de circulação de informação que ao longo dos séculos ganhou difusão e diversificação.
Em 1837, Samuel Morse inventou o telégrafo, contribuindo para o avanço da
tecnologia, pois sua descoberta impulsionou a criação do telefone, por Alexander
Granhan Bell. O sistema de telefonia é contemporaneamente fundamental ao
funcionamento do mundo digital.
“Inventor é um homem que olha para o mundo em torno de si e não fica satisfeito com
as coisas como elas são. Ele quer melhorar tudo o que vê e aperfeiçoar o mundo. É
perseguido por uma idéia, possuído pelo espírito da invenção e não descansa enquanto
não materializa seus projetos”. Alexander Graham Bell.
Em 1839 os franceses Louis Daguerre e Joseph Nièce dão surgimento a fotografia.
Santaella comenta:
Foi a fotografia que tornou pela primeira vez evidente, colocando na face dos nossos
olhos, a irremediável separação entre signo e objeto. Fez ruir a ilusão da representação,
dissolvendo a miragem de uma relação idílica entre o signo que representa e o objeto
representado. Depois da fotografia, nossa consciência de linguagem se tornou maliciosa.
(SANTAELLA, 1992, p.96).
Em 1895, os irmãos Lumiére dão início ao cinema, apresentando a primeira
sessão de projeção em Paris. A partir da criação da fotografia e do cinema passou a ser
possível utilizar tais técnicas nas instituições escolares permitindo desta forma, a
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interpretação da realidade, abordagens temáticas, assim como diversas interligações que
se fazem possíveis via análise, debate e interação mediatizada.
Em 1840, o italiano Guglielmo Marconi, dá inicio a era do rádio. A sua invenção
ganhou em popularidade, pois o poder de penetração do rádio era e ainda contínua sendo
muito grande e somando a isso ao fato de que os ouvintes não necessitavam ser
alfabetizados para que compreendessem o que era veiculado, o que não pode ser dito da
imprensa que quando de sua invenção era um meio de comunicação restrito a uma
minoria alfabetizada.
O maior salto qualitativo tecnológico nas comunicações pode ser caracterizado
pelo surgimento da televisão, agregando sons e imagens (rádio e cinema). No entanto a
televisão só começou a sua era definitiva como instrumento de comunicação em massa a
partir da década de 40, com a sua produção em larga escala.
Com antenas de transmissão e sinais via satélite, a televisão pode ser considerada
o maior meio de comunicação em massa do século XX.
Todas as descobertas descritas anteriormente são de fundamental importância e
as suas descobertas abriram caminho para a revolução tecnológica atual, caracterizada
pelo advento do computador pessoal.
O período histórico em que vivemos é marcado por uma crescente capacidade de
comunicação entre as pessoas de todo o planeta, graças ao avanço da informática e a
criação da rede mundial de computadores.
Esta nova revolução nas comunicações influencia de forma significativa os
métodos educacionais de ensino, tornado-os abertos a novas discussões e novas
abordagens de ensino.
2.
TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO
A cada dia todos os professores e alunos se vêem cercados por novas tecnologias de
comunicação e informação. É necessário que o professor se mantenha informado e
atualizado com as novas tecnologias que o cercam.
Para Santos:
Estamos num momento especial na história da Educação, num ínterim entre o giz e o
computador. Essa transição gera expectativas, impõe novas posturas para se organizar e
gerenciar uma escola, uma sala de aula, pessoas. É importante re-situar as funções do
professor, de seu trabalho no tempo, aproveitando suas experiências, frutos de uma
história, e que indicam a necessidade de se adotar novas posturas para que as mudanças
emergentes do mundo sejam acompanhadas. A adoção de novas posturas pertence a
todos que estão comprometidos com a ação educativa.
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Estatísticas e retrospectos da Educação a distância no Brasil
A utilização das novas tecnologias de educação em sala de aula deve ser
encarada pelo professor como uma forma de auxílio em suas explanações. O professor do
século XXI deve ser capaz de utilizar as novas tecnologias como um parceiro e
transformar as suas aulas em focos de conhecimento baseados nas velhas formas de
educar e nas novas tecnologias.
Como as novas tecnologias aplicadas à educação caminham a passos mais largos
do que podemos acompanhar é sempre bom estarmos apoiados nas experiências de
colegas, de modo que possamos nos preparar para utilizar as ferramentas da melhor
forma possível. O conhecimento mínimo de internet, msn, e-mails, sistemas operacionais,
editores de texto e planilhas eletrônicas é de fundamental importância para o professor do
século XXI.
Os tutoriais de apoio são sempre bem vindos e fazem parte da bibliografia básica
de muitas disciplinas ministradas.
Neste novo cenário, o professor deve sempre recorrer à ajuda de colegas e alunos
e principalmente ter em mente que essa parceria não é sinal de fraqueza, pois o professor
sempre terá o respeito da turma à medida que demonstre conhecimentos profundos em
sua área de atuação.
3.
HISTORICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Pinheiro (2002) nos coloca como marco inicial da educação a distância as cartas escritas no
início da era cristã para disseminar a boa nova do senhor, evoluindo para a invenção da
imprensa por Guttenberg, talvez o grande marco inicial para a disseminação da palavra
escrita, já que antes, todos os livros eram copiados manualmente demandando tempo e
dinheiro.
Ainda segundo Pinheiro (2002), as mensagens escritas, constituíram-se na
primeira estratégia de estabelecer comunicação personalizada quando a distância não
permitia o encontro dos interlocutores. No início do século XX até a Segunda guerra
mundial, várias experiências foram adotadas, ocasião em que as metodologias aplicadas
ao ensino por correspondência se desenvolveram melhor, e que posteriormente, foram
fortemente influenciadas pela introdução de novos meios de comunicação de massa,
como o rádio, que deu origem a projetos importantes, principalmente no meio rural.
Almeida comenta:
Na Segunda Guerra Mundial, soldados americanos já estudavam a distância. “Foi no
pós-guerra, com a necessidade de formar profissionais rapidamente para que dessem
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conta de reconstruir os países da Europa, principalmente, que a educação a distância
teve um grande impulso”.
Em meados dos anos 60 teve início na França e Inglaterra ações no campo da
educação secundária e superior relacionadas a educação a distância, com destaque para a
University of London. A University of London tem mais de 40 mil alunos em 180 países.
Os seus alunos já foram agraciados com cinco prêmios Nobel. O mais ilustre, o expresidente da África do Sul, Nelson Mandella, fez o curso de Direito por correspondência
diretamente da prisão.
No quadro a seguir é apresentado a evolução histórica da EAD, segundo Moore
(1996).
Quadro 1. Gerações da Educação a Distância.
Geração
Início
Características
1 a.
Até 1970
Estudo por correspondência, no qual o principal meio de comunicação eram
materiais impressos, geralmente um guia de estudo, com tarefas ou outros
exercícios enviados pelo correio.
a
2.
1970
Surgem as primeiras universidades abertas, com design e implementação
sistematizadas de cursos a distância, utilizando além do material impresso,
transmissões por televisão aberta, rádio e fitas de áudio e vídeo, com interação
por telefone, satélite e TV a cabo.
3 a.
1990
Esta geração é baseada em redes de conferência por computador e estações de
trabalho multimídia.
Logo, através da rede mundial de computadores a educação a distância
encontrou espaço para o seu maior crescimento. A internet é sem dúvida o maior veículo
de informação, e através desta info-via a educação a distância encontra o cenário ideal
para o seu crescimento.
3.1. Limites da Educação a Distância
Segundo o site da PUC/VIRTUAL-MG, o Ensino a Distância, especialmente através do
ensino virtual, que utiliza essencialmente a Internet como meio de comunicação entre
professor/aluno e aluno/aluno, guarda uma característica de extrema flexibilidade, uma
vez que a relação pedagógica não se dá de forma síncrona, nem em relação ao tempo, nem
ao espaço.
O aluno tem o poder de estabelecer seus próprios horários de estudo e o ritmo
que desejar aplicar ao seu aprendizado. No entanto, esses limites não podem ser
absolutamente individualizados, pelo menos quando a aprendizagem está apoiada em
processos interativos. Professores, grupos de alunos e tutores devem ter alguns
parâmetros de dedicação àquele curso específico. Assim, dentro dos limites prefixados de
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início e final de curso, datas de entrega de atividades, o aluno pode ir conduzindo seus
estudos de acordo com sua disponibilidade de horário. Há ainda o fator geográfico, ou
seja, no ensino virtual, o aluno pode fazer o curso em casa, no trabalho na praia ou em
outra cidade ou país, desde que tenha acesso a Internet. Ainda existem outras formas de
ensino a distância, no entanto, apresentam menor flexibilidade, como aquelas que
utilizam a videoconferência ou a televisão, que exigem o deslocamento do aluno em uma
determinada hora, para um determinado local. Mesmo essas, no entanto, permitem que o
aluno, através de vídeos gravados, assista à aula perdida ou a revejam para melhor
compreensão ou fixação.
Em comparação a educação presencial a educação a distância tem mostrado
avanços significativos. O governo do Brasil tem mostrando um certo grau de
amadurecimento criando a Universidade Aberta do Brasil, que funciona na prática como
uma instituição que visa o apoio às iniciativas das universidades públicas na formação de
professores e como ponto entre as empresas privadas e as universidades com vista na
formação profissional.
Segundo Moran, “Ainda existe o preconceito, no entanto, hoje há muito mais
compreensão de que a educação a distância é fundamental para o país”. Temos mais de
200 instituições de ensino superior atuando de alguma forma em educação a distância. O
grande crescimento dos últimos anos é um indicador sólido de que a educação a distância
é mais aceita do que antes.
Com isso, o Brasil passou da fase importadora de modelos, para a consolidação
de modelos adaptados à nossa realidade. Os cursos por tele-aulas tornam a EAD menos
“distante” dos presenciais, porque ampliam e multiplicam a aula ao vivo e isso diminui a
sensação de individualismo e solidão que muitos alunos sentem em cursos só baseados
em conteúdos impressos ou na WEB.
Ainda segundo Moran, há cursos baseados em colaboração, em participação real
e grupal na aprendizagem. O foco em projetos colaborativos também se desenvolve com
rapidez e traz um dinamismo novo para a EAD. Outros se apóiam em cases, em análise de
situações concretas, o que lhes confere uma ligação grande com o mercado e com uma
pedagogia participativa”.
3.2. A Universidade Aberta do Brasil
A universidade aberta do Brasil foi criada pelo ministério da educação em 2005, para
articulação e integração de um sistema nacional de educação superior a distância, visando
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sistematizar as ações, programas e projetos pertencentes às políticas públicas voltadas
para a ampliação da oferta de ensino superior de qualidade e gratuito no Brasil.
Universidade Aberta do Brasil (UAB) é a denominação genérica para a rede
nacional voltada para pesquisa e para a educação superior, formadas pelo conjunto de
instituições públicas de ensino superior e centros federais de educação tecnológica,
articulados e integrados com a rede de pólos de apoio presencial para educação a
distância.
Figura 1. O que é universidade Aberta?
Segundo o site da Universidade Federal do Rio Grande, os pólos de apoio
presencial são criados e mantidos pelos municípios e estados Cada pólo pode receber
cursos a distância de diferentes instituições, permitindo atender a todo o território
nacional, com a interiorização do ensino superior. O atendimento do aluno nas etapas
presenciais ocorrerá nos pólos, onde funcionarão salas de aula, bibliotecas e laboratórios.
Segundo o site da Universidade Aberta do Brasil, a Educação a Distância (EAD) é
a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de
ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e
comunicação, envolvendo estudantes e professores no desenvolvimento de atividades
educativas em lugares ou tempos diversos.
No Brasil, as bases legais para a modalidade de educação a distância foram
estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 20 de Dezembro de
1996. Em 3 de abril de 2001, o Conselho Nacional de Educação estabeleceu as normas para
a pós-graduação lato e stricto sensu.
Níveis Educacionais
Segundo o site da Universidade Aberta do Brasil, a oferta de cursos de graduação e
educação profissional em nível tecnológico exige da instituição interessada credenciar-se
junto ao Ministério da Educação, solicitando, para isto, a autorização de funcionamento
para cada curso que pretenda oferecer.
O processo é analisado na Secretaria de Educação Superior (SESu), por uma
Comissão de Especialistas na área do curso em questão e por especialistas em educação a
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distância. O parecer dessa comissão será encaminhado ao Conselho Nacional de
Educação. O trâmite, portanto, é o mesmo aplicável aos cursos presenciais. A qualidade
do projeto da instituição será o foco principal da análise.
Figura 2. Níveis Educacionais, segundo o Ministério da Educação.
Educação Básica
O programa da Universidade Aberta Brasil não tem como objetivo oferecer cursos a
distância do nível básico. Mas para efeito de legislação entenda como acontece o processo
de oferta de cursos à distância para este nível educacional.
As instituições credenciadas para a oferta de educação à distância poderão
solicitar autorização junto aos órgãos normativos dos respectivos sistemas de ensino para
oferecer os ensinos fundamental e médio à distância, exclusivamente para:
•
A complementação de aprendizagem ou
•
Em situações emergenciais.
Graduação
Segundo a Universidade Aberta do Brasil, a base da educação superior oferece cursos de
graduação, seqüenciais e de extensão. Dentre as diferenças entre eles cita-se a titulação
que pode determinar continuidade da carreira acadêmica (pós-graduação) e a modalidade
da formação profissional. A Secretaria de Educação Superior é a secretaria responsável
pelos cursos Lato Sensu conhecidos pelas especializações, residência médica e MBA. A
Capes é a entidade responsável por receber, protocolar e avaliar as propostas de cursos de
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mestrado e/ou de doutorado apresentadas pelas instituições interessadas em obter o
reconhecimento, pelo MEC/CNE, de cursos de pós-graduação Stricto Sensu.
Pós-Graduação
A possibilidade de cursos de mestrado, doutorado e especialização a distância foi
credenciada em 3 de abril de 2001.
Ficou determinado que os cursos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e
doutorado) a distância serão oferecidos exclusivamente por instituições credenciadas para
tal fim pela União e obedecem às exigências de autorização, reconhecimento e renovação
de reconhecimento estabelecidos no referido Decreto.
Os cursos de pós-graduação lato sensu oferecidos a distância deverão incluir,
necessariamente, provas presenciais e defesa presencial de monografia ou trabalho de
conclusão de curso.
4.
EXIGÊNCIAS DA EAD
Para Pontes, o uso da educação a distância em cursos do ensino fundamental, médio ou
superior no Brasil já tem uma longa história, iniciando com o ensino por correspondência,
passando mais recentemente por cursos de extensão e pós-graduação, já utilizando as
tecnologias de comunicação mais recentes.
No ensino regular isso só ocorre com o uso da internet, especialmente no ensino
superior. No entanto, ainda há uma pergunta trazida à discussão, e que tem respostas
diversas: a educação a distância é igualmente aplicável em todos os níveis de ensino?
A educação a distância obtém os melhores resultados quando é aplicado em
adultos.
Isso é divido a condição que a diferencia do ensino presencial: “a distância inerente
ao método de ensino”. Com a falta de contato físico regular entre professor e aluno, existe
uma série de capacidades e atitudes que não se pode exigir, por exemplo, de uma criança
do ensino fundamental: disciplina, autonomia, iniciativa, responsabilidade quanto ao
cumprimento de tarefas e prazos, capacidade de compreensão e expressão escrita
indispensável à comunicação mediada por computador, entre várias outras.
É importante distinguir o uso das tecnologias na escola, o computador, materiais
de estudo, jogos conectados ou em discos (CD, DVD), da educação à distância, em sentido
estrito. Programas de informatização das escolas – como a implantação de laboratórios,
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computadores na sala de aula e outros aspectos de infra-estrutura digital, assim como a
projetada distribuição de laptops para crianças do ensino público – não se enquadram
exatamente na modalidade de ensino a distância.
Para Pontes, tanto na modernização digital da escola como na implantação de
sistemas de educação à distância, não se trata apenas de tecnologia. Um dos equívocos
que se tem cometido com freqüência é, primeiro implantar a infra-estrutura tecnológica
para depois definir o que fazer com ela.
Para que um projeto pedagógico funcione com qualidade exigível é necessário
que a implantação de um programa institucional de educação a distância leve em conta
uma série de aspectos e exigências.
Como a característica mais marcante na educação a distância é a separação física
entre o professor e os alunos é necessário o planejamento para cursos a distância,
baseadas no planejamento sistemático, desenvolvimento e adaptações com vista na
necessidades identificadas nos alunos e no requerimentos do conteúdo.
5.
ESTATÍSTICA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.
De acordo com o censo realizado em 2007 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, 97 instituições ofereceram, em 2007, cursos de graduação a
distância. São 19 instituições de ensino superior a mais em relação às registradas no ano
de 2006. É possível observar que o número de cursos de graduação a distância aumentou
de maneira significativa nos últimos anos. Comparado ao ano de 2006, foram criados 59
novos cursos a distância, representando um aumento de 16,9% no período. O número de
vagas oferecidas em 2007 chegou a quase o dobro das oferecidas em 2006, com um
aumento de 89,4%, ou seja, uma oferta de 727.520 vagas a mais.
O crescimento no número de vagas da educação a distância deu prosseguimento
a um aumento que se observa desde 2003. Nesse período registrou-se uma variação de
6.314% no número de vagas ofertadas. Contudo, até o momento do censo 2007, o número
de inscritos e o número de ingressos não acompanhou o mesmo ritmo de crescimento.
Enquanto em 2006 foram registrados 0,53 candidatos para cada vaga, no ano posterior,
essa relação foi de 0,35.
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Tabela 2. Evolução do Número de IES, Cursos, Vagas e Inscritos na EAD no Brasil –2002-2007.
Ano
IES
%Δ
Cursos
%Δ
Vagas
%Δ
Inscritos
%Δ
2002
25
-
46
-
24.389
-
29.702
-
2003
38
52,0
52
13,0
24.025
-1,5
21.873
-26,4
2004
47
23,7
107
105,8
113.079
370,7
50.706
131,8
2005
73
55,3
189
76,6
423.411
274,4
233.626
360,7
2006
77
5,5
349
84,7
813.550
92,1
430.229
84,2
2007
97
26,0
408
16,9
1.541.070
89,4
537.959
25,0
Segundo os resultados deste censo, com relação ao ano de 2006, o total de
ingressantes apresentou um aumento de 42,4% em 2007. O total de matrículas teve um
crescimento estável nos últimos anos e, em 2007, chegou ao número de 369.766 matrículas.
Esse número de matrículas a distância representa 7% do total das matrículas dos cursos
de graduação, incluindo os presenciais. No ano de 2006, esse percentual esteve em torno
dos 4,2%. A quantidade de concluintes em educação a distância apresentou um aumento
de 15,5% em relação ao ano de 2006, com 5.992 concluintes a mais.
Tabela 3. Evolução do Número de Ingressos, Matrículas e Concluintes na EAD – Brasil –2002-2007.
Ano
Ingressos
%Δ
Matriculas
%Δ
Concluintes
%Δ
2002
20.685
-
40.714
-
1.712
-
2003
14.233
-31,2
49.911
22,6
4.005
133,9
2004
25.006
75,7
59.611
19,4
6.746
68,4
2005
127.014
407,9
114.642
92,3
12.626
87,2
2006
212.465
67,3
207.206
80,7
25.804
104,4
2007
302.525
42,4
369.766
78,5
29.812
15,5
Figura 3. Resultado das principais variáveis – Censo de Educação Superior – MEC – 2007.
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Estatísticas e retrospectos da Educação a distância no Brasil
Por meio da análise do gráfico da Figura 3 é possível perceber que desde 2002 até
2007 o número de cursos a distância (categoria administrativa) oferecidos por instituições
privadas vem crescendo de forma constante. Muito embora as instituições federais
apareçam bem baixo do total de cursos oferecidos por instituições privadas observa-se um
crescimento deste segmento nas instituições federais. As instituições Estaduais e
Municipais apresentam tímidos crescimentos, o que caracteriza a existência de espaço
para um maior incentivo e planejamento por parte deste segmento, o que resultará em um
maior crescimento do EAD.
Figura 4. Resultado das principais variáveis – Censo de Educação Superior – MEC – 2007.
O gráfico da Figura 4 mostra o número de cursos de graduação presencial e
graduação a distância por segmento administrativo, segundo o censo realizado pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. E através da
análise do gráfico observa-se que as instituições privadas prevalecem com o maior
número relacionado a criação de cursos presenciais e a distância. As instituições
Estaduais, Municipais e Federais mostraram que não houve crescimento do número de
cursos de graduação presencial e a distância de forma digna de nota. É necessário que
haja um melhor planejamento por parte do governo no sentido de criar-se estas
necessidades nas instituições federais, estaduais e municipais de ensino.
5.1. Censo de 2008
Muito embora os valores apresentados a seguir seja apenas uma versão preliminar do
último Censo da Educação Superior realizada no Brasil, já é possível observarmos um
crescimento acentuado na Educação a distância se comparado com o último Censo
Educacional realizado em 2007.
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De acordo com os novos dados, 115 instituições ofereceram, em 2008, cursos de
graduação a distância. São 18 IES a mais em relação às registradas no ano de 2007. É
possível observar que o número de cursos de graduação a distância aumentou de maneira
significativa nos últimos anos.
Comparado ao ano de 2007, foram criados 239 novos cursos a distância,
representando um aumento de 58,6% no período. O número de vagas oferecidas em 2008
registrou um aumento de 10,3%, ou seja, uma oferta de 158.419 vagas a mais. O
crescimento no número de vagas da educação a distância deu prosseguimento a um
aumento que se observa desde 2003.
Nesse período registrou-se uma variação de mais de 70 vezes o número de vagas
ofertadas. Outro aspecto que se destaca é a razão entre inscritos e vagas, enquanto em
2007 foram registrados 0,35 candidatos para cada vaga, no ano seguinte, essa relação foi
de 0,41.
Ainda em relação ao ano de 2007, o total de ingressantes apresentou um aumento
de 42,2% em 2008. O total de matrículas apresentou um crescimento alto nos últimos anos
e, em 2008, chegou ao número de 727.961 matrículas, quase dobrando o número de
matrículas em relação ao ano anterior. Esse número de matrículas em cursos a distância
representa 14,3% do total das matrículas dos cursos de graduação, incluindo os
presenciais. No ano de 2007, esse percentual esteve em torno dos 7%. A quantidade de
concluintes em educação a distância também apresentou um forte aumento de 135% em
relação ao ano de 2007.
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil vive um momento importante em sua história educacional. O país se deu conta
que os diversos meios de comunicação e tecnologia são de fundamental importância para
que haja uma educação de melhor qualidade e que atendam cada vez mais a brasileiros
outrora esquecidos na imensidão deste país.
A educação a distância vive o seu momento de maior crescimento e com o apoio
das novas tecnologias a sua utilização é cada vez mais difundida nas instituições de
ensino particulares, federais e municipais.
De acordo com o último censo educacional realizado, cerca de 97 instituições
ofereceram cursos de graduação a distância. Desta forma é possível observar que o
número de cursos de graduação a distância aumentou de maneira significativa nos
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Estatísticas e retrospectos da Educação a distância no Brasil
últimos anos. Comparado ao ano de 2006, foram criados 59 novos cursos a distância,
representando um aumento de 16,9% no período.
Neste cenário de crescimento na educação a distância e aplicações de novas
tecnologias em sala de aula, o professor ainda tem o seu papel de educador em destaque,
desde que saiba usar as novas tecnologias como suporte.
REFERÊNCIAS
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Augusto Sousa da Silva Filho
Estatístico, especialista em didática e Metodologia
do Ensino Superior pela AESA (Anhanguera), pósgraduando em Gestão da Qualidade Integrada ao
Meio Ambiente pela PUC-MG e mestrando em
Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de
Minas Gerais. Atua como professor da Faculdade
Anhanguera de Belo Horizonte – (Unidade
Antônio Carlos) e da Faculdade de Minas –
Faminas, além de ser pesquisador nas áreas de
séries temporais e matemática computacional.
Revista de Educação • Vol. XII, Nº. 14, Ano 2009 • p. 165-179
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