88
Copa 2014 e
Olimpíadas 2016:
Desafios e Perspectivas
CREA-RJ reúne autoridades públicas e especialistas
para discutir fiscalização e planejamento dos
megaeventos esportivos, além do legado das
obras para o Rio de Janeiro e o Brasil
Junho/Julho
de 2011
ISSN 1517-8021
Com criatividade,
responsabilidade técnica e respeito ao meio ambiente,
esses profissionais vêm ajudando o Brasil a se tornar
uma nação cada vez mais desenvolvida e justa.
4 Dia do Engenheiro Agrimensor
JuLho 10 Dia do Engenheiro de Minas
12 Dia do Engenheiro Florestal
13 Dia do Engenheiro Sanitarista
20 Dia Pan-Americano do Engenheiro
Junho
editorial
Megaeventos:
que legado queremos?
Tornar as cidades mais habitáveis deveria, em
síntese, ser o maior legado dos megaeventos esportivos. No Brasil, os enormes investimentos previstos
para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de
2016 terão valido a pena se resultarem em um espaço urbano com mais qualidade socioambiental.
No entanto, a chance histórica que o país tem
de melhorar a sua infraestrutura urbana pode cair
por terra se o planejamento continuar recebendo
atenção secundária.
O reconhecido know-how tecnológico nacional em obras de envergadura poderia estar sendo
aproveitado com mais inteligência. O aconselhável
seria gastar mais tempo no planejamento das obras
e executá-las de modo rápido, como acontece na
maioria dos países europeus. Mas, ao que parece,
estamos adotando o caminho inverso.
Agora, em nome da urgência, muitas das obras
para a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 – excluídas
das exigências da Lei das Licitações (8.666) – podem ter a sua qualidade comprometida pela falta
de projeto executivo. Como se sabe, apenas o projeto básico não basta para prever todos os eventos
de uma obra, o que resulta em aditivos contratuais
que elevam drasticamente o seu custo total.
Com a aprovação em junho da Medida Provisória 527, que prevê o Regime Diferenciado de Contratação de obras para os megaeventos esportivos
que ocorrerão no país, abre-se a possibilidade de
empresas serem contratadas sem cumprirem as
etapas essenciais que asseguram a qualidade de
qualquer serviço ou empreendimento. A polêmica
MP, que também prevê o sigilo sobre os valores das
obras até que a contratação seja efetivada, revela
que o improviso de última hora está se sobrepondo
ao indispensável planejamento estratégico.
A matéria de capa desta edição retrata os debates
ocorridos no Seminário “Copa do Mundo 2014: Projetos, Rumos e Perspectivas”, realizado numa parceria
CONFEA/CREA-RJ, em 7 de junho. Com a presença
de centenas de profissionais, autoridades públicas e
especialistas, o evento ofereceu um amplo painel de
informações sobre o andamento e a fiscalização dos
projetos de infraestrutura em áreas como instalações
esportivas, rede hoteleira, transportes e aeroportos,
especialmente no Rio de Janeiro.
O CREA-RJ vem demonstrando que não ficará
alheio a esse processo. Estamos buscando garantir
acesso amplo a informações sobre projetos, cronogramas e contratos estabelecidos para a Copa de
2014 e as Olimpíadas de 2016. E, acima de tudo, acreditamos que as ações e os empreendimentos relativos aos megaeventos esportivos não podem ser definidos e executados sem amplo debate e consulta
a fóruns vinculados à expertise tecnológica brasileira
e à sociedade em geral, sob pena de continuarmos
descobrindo, pelos jornais, rádios e TVs, o alto preço
que nenhum de nós concorda em pagar.
Agostinho Guerreiro
Presidente do CREA-RJ
(www.agostinhoguerreiro.blogspot.com)
sumário
Revista do Crea-RJ . Nº 88
Junho/Julho de 2011
28
COPA 2014: PROJETOS E PERSPECTIVAS
Saiba como anda a fiscalização das obras e o que ficará de herança para o
Rio e o país após o fim da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas 2016
capa
7
INSTITUCIONAL
10
institucional
12
INSTITUCIONAL
34
PONTO DE VISTA
PRÊMIO OSCAR NIEMEYER
NOVO PROGREDIR
SEMINÁRIO DE INSPETORES
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Alerj foi o palco da homenagem do
CREA-RJ a jovens talentos da área
Interiorização amplia a rede de capacitação e aperfeiçoamento do Conselho
Evento estreita laços entre os profissionais de todas as regiões do estado
Uma proposta para melhorar
serviço por meio do lean thinking
Presidente
Engenheiro Agrônomo
Agostinho Guerreiro
Diretoria
1º Vice-Presidente
Engenheiro Eletricista e Técnico em Eletrotécnica
Clayton Guimarães do Vabo
38
2º Vice-Presidente
Engenheiro Civil e de Segurança do Trabalho
Sergio Niskier
CULTURA E MEMÓRIA
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
A polêmica decisão de demolir o
prédio da Brahma, na Praça Onze,
divide opiniões
1º Diretor-Administrativo
Eng. Metalúrgico e de Segurança do Trabalho
Rockfeller Maciel Peçanha
2ª Diretora-Administrativa
Meteorologista
Francisca Maria Alves Pinheiro
3º Diretor-Administrativo
Técnico em Eletrotécnica
Sirney Braga
1º Diretor-Financeiro
Engenheiro Eletricista
Antonio Claudio Santa Rosa Miranda
2º Diretor-Financeiro
40
Técnico em Eletrônica, Eng. Eletricista – Ênfase em
Computação e de Segurança do Trabalho
Ricardo do Nascimento Alves
3º Diretor-Financeiro
ENTREVISTA
VALORIZANDO AS ENTIDADES
Entrevista com o novo coordenador
do Colégio de Entidades Nacionais
(CDEN), Ricardo Nascimento
Eng. Eletricista, de Segurança do Trabalho e
Técnico em Eletrotécnica
José Amaro Barcelos Lima
Comissão Editorial - CE
Coordenador
Eng. Eletricista-Industrial Eletrotécnica e
de Operação Eletricidade
Alcebíades Fonseca
Coordenador-Adjunto
Eng. Agrônomo
Luiz Rodrigues Freire
42
Membros
Eng. Mecânico
Oduvaldo Siqueira Arnaud
Eng. Eletricista e Técnico em Eletrotécnica
INSTITUCIONAL
Clayton Guimarães do Vabo
Meteorologista
PROJETO CREA-Jr
Aproximação com estudantes da área
tecnológica é o maior objetivo do
projeto nacional
Francisca Alves Pinheiro
Suplentes
Eng. Metalúrgico e de Segurança do Trabalho
Rockfeller Maciel Peçanha;
Engª Elétrica Lusia Maria De Oliveira;
Técnico em Eletrônica e Engenheiro Eletricista
INOVAÇÃO
PATENTES VERDES: REGISTRO DE TECNOLOGIAS DE BAIXA
EMISSÃO DE CARBONO SERÁ ACELERADO
ECONOMIA E MERCADO
PESQUISA INÉDITA DO SENGE-RJ E DO DIEESE, COM APOIO DO CREA-RJ,
REVELA FORÇA DO SETOR EXTRATIVISTA E DO EMPREGO FEMININO
CAMPO
Agrotóxicos: SAIBA SE EXISTE CONTROLE NO SEU USO
E COMO OS CONSUMIDORES PODEM SE PROTEgER
MUNDO TÉCNICO
CURSOS TÉCNICOS SÃO DIFERENCIAIS NO DINÂMICO
MERCADO DE TRABALHO DO RIO DE JANEIRO
Ricardo do Nascimento Alves;
14
Arquiteto e UrbanistaPaulo Oscar Saad;
Técnico em Agropecuária
Adriano Martins Carneiro Lopes
Assessoria de
Marketing e Comunicação
18
Assessor Chefe Alex Campos
Assessora Maria Dolores Bahia
Editor Coryntho Baldez (MT. 25.489)
Reportagem Viviane Maia
Colaboradores Joceli Frias, Vera Monteiro
24
Estagiária: Christiane Sales
Reportagem Monte Castelo: Dânae Mazzini,
e Uallace Lima
26
Joana Algebaile,
Maíra Amorim e Natália Soares
Projeto gráfico Paula Barrenne
Diagramação Trama Criações de Arte
Ilustração Claudio Duarte
Impressão Gráfica Esdeva
Tiragem 140 mil exemplares
Publicidade: (21) 3232-4600
Rua Buenos Aires, 40 – Centro – RJ
www.crea-rj.org.br
O Progredir é um programa de capacitação
e aperfeiçoamento de profissionais
e estudantes integrantes do
Sistema Confea/Crea.
Participe das nossas palestras, seminários,
conferências, cursos e workshops.
Agora, também nos municípios do Interior
e da Região Metropolitana.
Descontos para profissionais em dia
com o CREA-RJ, entidades de
classe e estudantes.
Saiba mais:
http://app.crea-rj.org.br/creaEventos
[email protected]
(21) 2179-2087
institucional
7
André Cyriaco
O Presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, recebeu do Presidente da Alerj a incumbência de dirigir a sessão solene, realizada no Salão Nobre
Emoção e criatividade
marcam entrega do Prêmio Oscar Niemeyer
0
André Cyriaco
instituições de ensino participantes.
O grande homenageado da noite, o arquiteto Oscar Niemeyer, com
103 anos de idade, foi representado
por seu bisneto, Ricardo Niemeyer.
Ao receber das mãos do presidente
do CREA-RJ, engenheiro agrônomo
Agostinho Guerreiro, o primeiro troféu, Ricardo falou do desejo do bisavô de ser um estímulo para os novos
profissionais. “A sua vontade é que
esse Prêmio sirva de incentivo e colabore na criação de obras inovadoras.
O talento e a criatividade têm que auxiliar a técnica”, disse.
Agostinho Guerreiro exibe troféu Oscar Niemeyer
oferecido pelo CREA-RJ a jovens talentos
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
A
solenidade de entrega dos troféus e certificados do Prêmio
Oscar Niemeyer de Trabalhos Científicos e Tecnológicos, concedido pelo
CREA-RJ e realizado no dia 17 de junho,
100 lotou com mais de 700 pessoas
o Salão Nobre e as galerias do Palácio
95
Tiradentes,
sede da Assembléia Legislativa
do
Estado
do Rio de Janeiro
75
(Alerj). Ao todo, 101 autores de 81
trabalhos de conclusão de curso foram premiados. Também receberam
25
menção honrosa os professores que
compuseram
as bancas avaliadoras
5
e os orientadores dos projetos das 20
8
institucional
André Cyriaco
A cerimônia de entrega do Prêmio Oscar Niemeyer recebeu apoio de vários setores da soceidade e lotou a Assembleia Legislativa com mais
de 700 pessoas, entre estudantes, professores, parentes e convidados
INOVAÇÃO E PARCERIA
Niemeyer foi lembrado no evento
como grande inovador. Ao longo de
sua carreira buscou criar projetos criativos e soluções novas que surpreendiam os demais profissionais da área.
Agostinho Guerreiro, que presidiu a
solenidade, lembrou que as inovações
do arquiteto criavam novos desafios
que foram superados com a ajuda de
profissionais de outras carreiras.
Ele ressaltou a importância de
seguir o exemplo de Niemeyer tam-
bém no intercâmbio de informações
com outros profissionais. As parcerias nos seus projetos sempre foram
lembradas e reconhecidas pelo arquiteto. “Ele sempre nos falou sobre
o valor das parcerias, porque a sua
criatividade também criou desafios
que foram superados com o auxilio
de engenheiros e técnicos”, acrescentou.
O presidente da Alerj, deputado
Paulo Melo, além de parabenizar o
CREA-RJ, também fez questão de
homenagear o arquiteto em seu discurso no inicio da cerimônia. O Prêmio, segundo ele, é uma homenagem
à inteligência humana. “O patrono
dessa premiação é uma figura de profunda capacidade intelectual, amante
da vida e sócio da criatividade”, declarou
Ao homenagear Oscar Niemeyer, o Prêmio, instituído pelo
CREA-RJ em dezembro de 2010, foi
uma forma de estimular a criação de
projetos novos e criativos. A escolha
Fotos André Cyriaco
Na sequência de fotos, grupos de jovens talentos premiados ao final de seus cursos técnicos, universitários, mestrados ou doutorados. Ao todo, 101 autores
institucional
Presidente da Alerj elogiou iniciativa do CREA-RJ
dos trabalhos foi feita pelas próprias
instituições de ensino.
INCENTIVO À QUALIDADE
CURRÍCULO EM ALTA
Outro objetivo almejado pelos
novos profissionais é a valorização do
currículo. Muitos deles, que estão entrando agora no mercado de trabalho,
afirmaram que esperam que o Prêmio
seja um diferencial na carreira deles.
O arquiteto Maurício Victor Beniacar, formado pelo Instituto Metodista
Bennett, disse que antes mesmo da
solenidade já havia agregado o reconhecimento no currículo.
A importância do Prêmio para a
carreira foi reforçada com a declaração de incentivo aos jovens premiados
feita pelo secretário municipal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro,
Franklin Coelho, que integrou a mesa
de abertura do evento. Ele se colocou
à disposição dos premiados para estudar a possibilidade de colocar os projetos em prática. Essa, disse ele, seria
uma forma de contribuir com melhorias para o município.
Também compuseram a mesa de
abertura da solenidade o presidente
da Alerj, deputado Paulo Melo; a representante do Presidente Marcos
Tulio, do Confea, conselheira Maria
Luiza Poci; e o general de brigada e
Comandante do IME, Rodrigo Ratton. Em nota lida pelo presidente da
Assembléia, o governador Sergio Cabral elogiou a iniciativa do CREA-RJ
e parabenizou todos os premiados. A
íntegra dos trabalhos pode ser encontrada no site (www.crea-rj.org.br) do
Conselho. (Christiane Sales)
•
Troféu em curvas
André Cyriaco
Uma das instituições que participou da premiação foi o Instituto Militar de Engenharia (IME). De acordo
com o major Antônio Eduardo Carrilho, integrante da banca avaliadora
de engenharia eletrônica, o IME já faz
uma premiação dos melhores trabalhos de conclusão de curso. O Prêmio
serviu para confirmar e incentivar o
trabalho desenvolvido pelo Instituto. Segundo ele, a tendência é que a
qualidade dos trabalhos melhore nos
próximos anos. “Certamente, vamos
colocar trabalhos cada vez melhores
para valorizar ainda mais o Instituto”,
anuncia.
Outra instituição participante foi
a Universidade Gama Filho (UGF).
O professor Sergio Luiz Fernandez
contou que o Prêmio teve boa receptividade e que os espaços da universidade foram utilizados para divulgar
o evento e o recebimento do troféu.
“O Prêmio é um enorme incentivo às
tecnologias e as pesquisas. Precisamos
incentivar os jovens a investir na capacidade intelectual deles”, avalia.
Um desses jovens que teve o trabalho reconhecido e premiado no
evento foi o engenheiro mecânico
formado pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio),
Allan de Albuquerque. Segundo ele, a
premiação é um incentivo para continuar investindo na pesquisa. Hoje, ele
está fazendo mestrado, continuando
os estudos feitos no projeto de conclusão de graduação.
O design do troféu, criado por Aline
Martins, da Assessoria de Comunicação e
Marketing do CREA-RJ, também foi uma
homenagem ao gênio da arquitetura,
Oscar Niemeyer. A estrutura lembra o
formato de uma de suas famosas obras, o
Museu de Arte Contemporânea (MAC), e
foi aprovada pelo “Mestre”.
receberam a homenagem na 1ª edição do Prêmio Oscar Niemeyer. A escolha foi feita pelas próprias instituições de ensino do estado do Rio de Janeiro
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
André Cyriaco
9
10
institucional
Progredir
qualificação profissional
Interiorização do programa pretende ampliar ainda mais
rede de capacitação e aperfeiçoamento do CREA-RJ
O
aumento ou a diminuição da
demanda por profissionais no
mercado de trabalho é ditado pelo estágio em que a economia se encontra.
O rápido avanço das transformações
tecnológicas e científicas, bem como
as atuais formas organizacionais do
trabalho, exigem empresas e profissionais cada vez mais atualizados e
preparados para enfrentar essa nova
realidade.
No caso brasileiro, no entanto, o
crescimento econômico esbarra muitas vezes em mão de obra desatualiza-
da e sem os pré-requisitos necessários
para atender ao que exige a atual retomada do mercado de trabalho. Em
sintonia com esse novo panorama, o
CREA-RJ desenvolve o Progredir, um
programa permanente de aperfeiçoamento e atualização para os profissionais registrados no Conselho e estudantes da área tecnológica.
CURSOS EM TODO O ESTADO
Realizado em conjunto com empresas, entidades de classe e instituições de ensino, o Progredir oferece
cursos, palestras técnicas, seminários,
workshops e eventos diversos, beneficiando o público não só da Região
Metropolitana Fluminense, mas também os interessados nas atividades
que moram em outras regiões do
estado.
De acordo com Marisa Neves,
gestora do Progredir, atualmente,
o CREA-RJ tem buscado atender a
uma antiga reivindicação dos profissionais do interior do Rio de Janeiro. “O Conselho vem ampliando e
intensificando o processo de interio-
institucional
11
O Progredir na 6ª Brasil Offshore
rização do Programa Progredir por
meio de cursos presenciais e à distância, que estão sendo oferecidos para
diversos Municípios do Estado. Com
os cursos à distância, o número de
profissionais qualificados será muito
maior”, afirma.
Uma grande vantagem da programação do Progredir é que parte
dela, seminários e palestras, é gratuita
e a outra parte, cursos e mini-cursos,
apresenta descontos aos profissionais
registrados no CREA-RJ e descontos
ainda maiores àqueles profissionais
também associados a entidades de
classe e para estudantes cadastrados
no Crea Júnior.
Um exemplo de sucesso é o
ciclo de palestras gratuitas “Aperfeiçoamento do Cadastramento da
Anotação de Responsabilidade Técnica – ART”, realizado em diversas
localidades da região metropolitana
e do interior. Os cerca de 20 cursos já
promovidos entre maio e julho qualificaram mais de 500 profissionais sobre o tema. Confira programação em
www.crea-rj.org.br. (Viviane Maia)
•
Uma importante ação que o Progredir vem realizando com regularidade é a promoção de palestras e workshops em eventos, feiras e exposições
dos quais o CREA-RJ participa com
estandes. Uma experiência recente foi
durante a 6ª Brasil Offshore, realizada
de 14 a 17 de junho, no Centro de Convenções de Macaé.
Durante a feira, que é o terceiro
maior evento mundial da área da indústria de petróleo e gás, o Progredir
promoveu doze palestras técnicas
para mais de 350 pessoas, durante os
quatro dias do evento. “As temáticas
eram de tamanho interesse para os
participantes, que nos vimos obrigados a montar uma turma extra”,
comemora Marisa Neves, gestora do
Progredir.
Para o 1º diretor-administrativo
do CREA-RJ, engenheiro metalúrgico
Rockfeller Peçanha, a grande quantidade de estudantes e profissionais
participando das palestras superou as
expectativas. Ele considera que a presença maciça de interessados se deu
devido aos temas relevantes abordados, à percepção dos profissionais sobre a importância da atualização curricular e, principalmente, à confiança
na qualidade dos eventos organizados
pelo Progredir.
“Considero muito importante a
existência do Progredir. Os conteúdos
apresentados realmente qualificam o
participante. Tanto que, além de ter
participado como palestrante, também assisti a palestras, como a do professor Newton Richa, sobre a importância da inserção da Saúde na Gestão
do Negócio, e a do engenheiro mecânico Vincenzo Marozzi, sobre aços e
ligas especiais”, ressalta Rockfeller.
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
Luciana Soares
12
Renata Idalgo
institucional
O Presidente Agostinho Guerreiro junto aos Inspetores da Coordenação Leste Metropolitana, no encontro realizado no dia 30 de junho
Valorizando
o interior
Seminário de Inspetores estreita laços entre profissionais de
todas as regiões do estado, que terão acesso a novos cursos
e a uma melhor estrutura de fiscalização
O
Seminário de Inspetores
2011, organizado pelo CREA-RJ e realizado no Hotel Guanabara, estreitou ainda mais os canais de
comunicação do Conselho com as
inspetorias. Participaram do evento
cerca de 70 Inspetores de cada uma
das seis Regionais, em reuniões sucessivas durante cinco dias.Uma
das principais deliberações aprovadas no evento foi a valorização
das Regionais por meio das Inspetorias e dos Inspetores. Além
dos contatos já existentes com
a Gerência das Regionais, ficou
definido um calendário anual de
encontros entre Inspetores, a Direção e o Presidente do CREA-RJ.
Outro mecanismo de valorização
é através da nova estrutura da fiscalização, do programa Crea-Jr e
dos cursos do Progredir. Também
foi apresentado aos inspetores o
balanço da gestão de 2009 a 2011,
com enorme quantidade de realizações e considerado muito positivo. No interior, por exemplo, pra-
institucional
ticamente todos os equipamentos
de informática foram trocados por
outros mais modernos. E numerosas sedes foram substituídas por
novas instalações incomparavelmente melhores.
No Seminário, que aconteceu
em cinco dias – 29 e 30 de junho e
1, 5 e 6 de julho – foi decidida uma
agenda de reuniões periódicas de
inspetores com o CREA-RJ visando
a discussão de questões específicas
e de interesse comum dos profissionais de todo o estado.
13
UMA REFERÊNCIA PARA O PROFISSIONAL
Fernando Mostardeiro, inspetor da
Barra da Tijuca, ressaltou a importância
do evento como meio de construir uma
unidade em meio a condições peculiares e adversas. “Claro que sabemos que
não vamos resolver todos os problemas
instantaneamente, mas em um prazo
de cerca de dois anos é possível valorizar a atuação do Conselho e das entidades de classe, tornando-os referências
na defesa dos interesses dos profissionais e da sociedade”, sublinhou.
O coordenador da região leste-metropolitana, Luis Carlos Jordão,
elogiou a iniciativa do CREA-RJ. Segundo ele, eventos desse tipo facilitam o acesso dos inspetores à direção
do Conselho. “Acho que é uma oportunidade dos inspetores se aproximarem da direção, se posicionarem
e trocarem informações com outras
regiões. Como o Sistema é amplo, é
necessário ouvir distintas opiniões.
Isso é democracia”, concluiu.
NOVOS INCENTIVOS
Tendo em vista a valorização
das regionais, o CREA-RJ resolveu ampliar o Progredir. Praticamente todos os cursos oferecidos
na sede do Conselho serão realizados também nas demais inspetorias. Outra medida de incentivo
aos profissionais é que os associados às entidades do Sistema receberão desconto adicional na taxa
de inscrição dos cursos oferecidos.
Já com relação à fiscalização,
a nova estrutura formada passou
a contar com supervisores em
cada uma das regionais, além da
gerência, da coordenação interna
e da externa. Essa nova estrutura
vai permitir agilizar o trabalho do
Conselho, pois agora existirá um
supervisor para atender, em média, a dez fiscais.
petorias porque é através de suas
ações que podemos sentir a evolução do nosso trabalho”, explicou.
Depois de conseguirem maior
acesso aos dirigentes do Conselho,
os inspetores vêm buscando também um diálogo com as autoridades públicas. Segundo o inspetor
de Paracambi, Luigy Tiellet da Sil-
va, a atual gestão facilitou o acesso
ao poder público local.
“Podemos constatar que, na
gestão atual, tivemos possibilidade de dialogar com o prefeito e secretarias para o encaminhamento
de assuntos de interesse dos profissionais e do Conselho”, contou.
(Christiane Sales)
•
Renata Idalgo
O presidente do CREA-RJ,
engenheiro agrônomo Agostinho
Guerreiro, esteve presente em todos os dias do evento. Ele chamou
a atenção para a contribuição da
nova estrutura da fiscalização na
ampliação do diálogo com as inspetorias. “A fiscalização tem um
vinculo muito forte com as ins-
Inspetores na 1a fila, da esq./dir: Osvaldo Norberto (Araruama), Anderson Dominguez (Araruama) e
Raimundo Neves – Dokinha (Cabo Frio). Na 2a fila: Danilo Maltez (Macaé) e Flávio Rangel (Rio das Ostras)
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
DIÁLOGO COM AUTORIDADES
14
inovação
Patentes
verdes
Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI)
estuda implantação de
projeto para acelerar o
registro de patentes de
tecnologias de baixa
emissão de carbono
inovação
André Cyriaco
M
Rockefeller Peçanha: “Essas patentes devem ser consideradas de interesse público”
meio ambiente”, diz Patrícia Reis,
engenheira química e gerente do
projeto Patentes Verdes.
“Brasil apresentou dez
novas classificações
de tecnologias verdes
que foram aceitas por
todos” – Rockfeller
Peçanha
UM CAMINHO MUNDIAL
O projeto brasileiro de patentes
verdes é inspirado em outras nações
onde esse tratamento privilegiado
já acontece, como nos Estados Unidos, que têm um programa-piloto
em vigência desde 2009. Nos Estados Unidos, em menos de um ano
de projeto, mais de 1.600 patentes
solicitaram a classificação “verde”
e mais de cem tiveram a patente
concedida em tempo menor do que
o regular – o país tem mais de um
milhão de pedidos aguardando para
serem examinados. Na Austrália,
China, Japão, Coreia do Sul e Reino
Unido também há projetos semelhantes sendo aplicados.
“Verificamos como os Programas de Patentes Verdes ocorreram
em outros escritórios no mundo e
observamos dois tipos de aplicação:
como instrumento de identificação
das tecnologias verdes e como um
exame acelerado para essas tecnologias. Seguindo o exemplo do escritório americano USPTO (United
States Patent and Trademark Office),
o INPI está se preparando para realizar um Programa Piloto com início
em junho de 2012”, explica Patrícia Reis. O INPI quer unir as duas
aplicações, acelerando o processo de
exame e identificando também as
tecnologias verdes estratégicas para
o país. Porém, a possibilidade de
executar as duas tarefas ainda está
sendo estudada pelo Instituto. “O
projeto Patentes Verdes faz parte do
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
udanças climáticas, aquecimento global e preservação
ambiental são temas muito discutidos no mudo todo. No Brasil, o
Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (INPI) decidiu colaborar
com a causa acelerando o processamento das patentes relativas a tecnologias de baixa emissão de carbono
– as chamadas “patentes verdes”. O
projeto, em fase de elaboração, está
previsto para ter o piloto lançado
em junho do ano que vem. “O INPI
acha que tem como contribuir para
melhorar o clima. Priorizando as patentes verdes, o desenvolvimento de
tecnologia nessa área será incentivado. Além disso, as mudanças climáticas e as energias renováveis estão no
Plano Plurianual do governo, então
estaremos também contribuindo
com a política governamental de se
dar tratamento privilegiado a essas
questões”, afirma Júlio César Castelo
Branco Moreira, diretor de patentes
do INPI.
Em 29 de dezembro de 2009,
o Brasil passou a ter uma Política
Nacional sobre Mudança do Clima
(PNMC), fato que estimulou o INPI
a seguir linhas de ação voltadas para
mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Além do projeto das patentes verdes, o órgão formou um
Comitê de Sustentabilidade e aderiu
ao A3P, cujo objetivo principal é minimizar os impactos gerados sobre o
meio ambiente durante a jornada de
trabalho. “O INPI está encampando
uma estratégia para consolidar uma
nova cultura institucional com critérios socioambientais e de sustentabilidade, e engajando-se em uma
premissa básica de minimizar os impactos das práticas administrativas
e operacionais do instituto sobre o
15
16
inovação
André Cyriaco
mento de royalties na transferência
de tecnologia. “No caso do Brasil,
seria interessante que as patentes
verdes fossem consideradas como
patentes de interesse público. Assim,
o governo brasileiro poderá requerer
a licença compulsória, evitando que
paguemos de 20 e 40% de royalties,
mas sim de 1,5 a 3%, por exemplo”,
diz o pesquisador.
AS TECNOLOGIAS LIMPAS
Júlio César: “Estamos privilegiando a questão ambiental”
portfólio de projetos prioritários e
encontra-se em fase de mapeamento
e monitoração das tecnologias passíveis de enquadramento, bem como
verificação de adequação à legislação
vigente e estabelecimento de fluxos
processuais, entre outras providências”, diz Patrícia.
BRASIL EM DESTAQUE
Em setembro de 2010, representantes do INPI participaram da
Assembleia dos Estados-Membros da
Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), em Genebra,
na Suíça, durante a qual o Instituto
assinou um acordo de cooperação
com o Escritório Coreano de Propriedade Intelectual (KIPO). O texto
prevê a troca de experiência entre
Brasil e Coreia do Sul, a discussão de
temas relativos à classificação das patentes verdes e o controle de qualidade nas concessões de direitos.
Antes disso, entre maio de 2009
e agosto de 2010, o Brasil já tinha
participado de reuniões na sede da
OMPI, em Genebra, para definir a
questão das patentes verdes, seguindo uma orientação da Organização
das Nações Unidas (ONU), que
queria nortear as discussões sobre
as tecnologias que afetam positivamente o clima.
“Durante esse período foram discutidas quais as classificações internacionais de patentes, ou seja, quais
as áreas tecnológicas que realmente
afetavam a geração de CO2 ou a mitigação do CO2. Dentre as diversas
sugestões, destacamos que o Brasil
apresentou dez classificações que nenhum outro país sugeriu e que foram
aceitas por todos”, afirma o pesquisador do INPI e diretor do CREA-RJ,
engenheiro metalúrgico Rockfeller
Peçanha, exemplificando com a recirculação dos gases de combustão
na regulagem e controle da combustão para o aquecimento de fornos de
coque com gases combustíveis.
Na opinião de Rockfeller, o projeto Patentes Verdes enfrenta também uma questão política: a do paga-
O país está avançando cada vez
mais na criação de tecnologias limpas
e verdes. Um exemplo é o polietileno
verde, produzido a partir do etanol
da cana de açúcar pela petroquímica
Braskem. A tecnologia, relacionada à
fabricação de plásticos, é a primeira
deste tipo 100% renovável certificada
no mundo. A linha de produção do
novo insumo está instalada em Triunfo (RS) e tem capacidade para produzir anualmente 200 mil toneladas de
eteno, que serão transformados em
volume equivalente de polietileno de
alta densidade (PEAD) e polietileno
de baixa densidade linear (PEBDL).
Outros exemplos com a mesma
preocupação ambiental são uma técnica de aproveitamento de resíduo
de rochas ornamentais usada na
construção civil, que acaba com o
problema ambiental causado pelo pó
fino, desenvolvida por um pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia; um papel sintético feito à base
de resíduos plásticos, desenvolvido
pela indústria paulista Vitonel; e um
fogão a lenha que também gera energia elétrica, fabricado pela Energer.
Segundo estudo do INPI, foram
depositados no mundo 2.351 pedidos
de patentes sobre energia solar, feitos
por 41 países, inclusive o Brasil, no
primeiro semestre de 2010. Em rela-
inovação
ção à energia eólica, havia 2.557 solicitações de 51 nações no mesmo período. “O quadro é bastante promissor
para o Brasil no que diz respeito ao
desenvolvimento dessas tecnologias,
por isso o INPI quer ajudar a montar
toda a cadeia produtiva da área, amadurecê-la e utilizá-la para o bem-estar
social”, defende o diretor de patentes
do Instituto.
Ele acredita também que a iniciativa do INPI de priorizar as patentes verdes pode fomentar os investimentos na área. “Acredito que
vamos incentivar as pessoas a inovar
e a gerar mais tecnologia que possa
poluir menos e evitar mudanças climáticas”, diz.
Já a gerente do projeto concorda
que o desenvolvimento das tecnologias ditas verdes no país está tendo resultado positivo: “Um levantamento
feito nos bancos de patentes nos informa a evolução histórica. Percebemos nitidamente onde necessitamos
de crescimento imediato, como no
armazenamento de H2 e uso do lixo
para produção energética, e onde já
adquirimos expertise suficiente para
nos tornarmos autônomos tecnologicamente, como nas áreas hidroelétrica, de bioenergia, entre outras”,
sinaliza Patrícia Reis.
O INPI já oferece tratamento
prioritário aos requerentes maiores
de 60 anos de idade, às vítimas de
contrafação de produtos e aos projetos que buscam financiamento do
governo. Mesmo com as patentes
verdes acrescentadas à lista, Julio
César garante que não haverá risco
de as demais solicitações atrasarem.
“Acelerar um processo não significa atrasar o outro. Nosso objetivo é
17
conceder patentes com tempo hábil
e qualidade”, afirma, acrescentando
que o Instituto prevê o aumento do
quadro de pessoal. A previsão é aumentar de 270 para 700 o número
de funcionários trabalhando na avaliação de patentes nos próximos três
anos, oferecendo vagas para diferentes formações, incluindo arquitetos e
engenheiros.“Vamos disponibilizar
vagas para diferentes áreas do conhecimento humano”, afirma Júlio,
ressaltando que o CREA-RJ tem
importância
fundamental na disseminação da
cultura da
propriedade intelectual. (Maíra
Amorim)
•
de efeito estufa e a minimizar os impactos das mudanças climáticas no Brasil.
Segundo reportagem do jornal O Globo
(10/06/2011), o governador Sérgio Cabral deve estender as exigências a todas
as secretarias nos próximos meses.
No caso de obras e serviços de engenharia, o texto estipula que deverão
constar do edital técnicas de construção
e implantação de sistemas que promovam a racionalização do uso da água,
como aproveitamento de água da chuva
e torneiras inteligentes (que se desligam
automaticamente caso funcionem por
mais de um minuto). As iniciativas verdes
que deverão ser obedecidas nas concorrências estão listadas no “Guia de compras e construções sustentáveis”. Entre
elas, está a exigência do selo do Programa Nacional de Conservação de Ener-
gia Elétrica (Procel) na compra de uma
geladeira, por exemplo. O uso de papel
reciclado nas dependências da Secretaria
também é listado como prioritário, assim
como a utilização de asfalto-borracha,
que é feito de pneus usados, em serviços
de recapeamento de vias.
“É claro que a resolução desagradará alguns fornecedores. Nem todos oferecem esses serviços sustentáveis. Mas,
com o tempo, haverá barateamento de
custos, com mais empresas atuando nesse nicho. Não vamos comprar briga com
todo mundo, mas queremos começar a
mudar os costumes”, disse Minc, destacando a importância da discussão em
torno do tema economia verde, assunto
central da Rio+20, evento que a ONU realizará no Rio em 2012 para celebrar os 20
anos da Rio 92.
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
Licitações no Rio terão critérios ambientais
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), da ONU, a construção civil é responsável por cerca de 40% do consumo
de energia no mundo, 30% dos resíduos
gerados e até 30% das emissões de
gases do efeito estufa. Tendo em vista
esses dados preocupantes, o secretário
estadual do Ambiente, Carlos Minc, assinou, no dia 10 de junho, uma resolução estabelecendo critérios ambientais
que deverão nortear todos os editais de
compras, obras e serviços de sua pasta
e do Instituto Estadual do Ambiente
(Inea). A resolução estabelece que a origem dos insumos, forma de produção,
embalagem, distribuição, destino e utilização de produtos recicláveis sejam levados em consideração, com o objetivo
de ajudar a reduzir as emissões de gases
18
economia e mercado
O mercado
da engenharia
no Rio
Pesquisa inédita do Senge-RJ e do
Dieese, com o apoio do CREA-RJ,
revela concentração de vagas no
setor extrativista e crescimento
do emprego feminino
economia e mercado
PETRÓLEO EM DESTAQUE
O presidente do Senge-RJ, Olímpio Alves dos Santos, afirmou que o
sindicato tem a constante preocupação de avaliar as questões relativas ao
mercado de trabalho e as faixas sala-
riais, mas, “além disso, o objetivo da
pesquisa foi analisar se há realmente uma escassez de engenheiros no
mercado de trabalho”. Segundo ele,
há uma concentração de vagas na região Sudeste, mas essa escassez acaba
sendo mais espacial do que uma falta
real de profissionais.
No estado do Rio de Janeiro, a
pesquisa indicou que há oito engenheiros para cada mil trabalhadores,
enquanto no Brasil a proporção é de
cinco para cada mil trabalhadores.
“Esse crescimento é baseado na in-
“Estudo mostrou
que 90,2% dos
profissionais do
estado estão em
organizações
empresariais, sendo
35% em empresas
públicas”
dústria extrativista, ou seja, petróleo,
e por causa das grandes obras motivadas pelo ciclo de desenvolvimento que
o estado atravessa”, observa Olímpio.
Se em 2004 o setor extrativista empregava 6% dos engenheiros do estado,
em 2009 esse índice subiu para 25%.
As especialidades da engenharia de
maior participação no mercado são civil, mecânica e eletricista. A engenharia de produção merece destaque por
vir ampliando sua participação.
Para o presidente do CREA-RJ,
Agostinho Guerreiro, o problema
da escassez é real, não pela falta de
distribuição e, sim, pelo crescimento
socioeconômico e desenvolvimento
do PIB, que demandam profissionais que não estão disponíveis. “O
número de engenheiros que estamos
formando não é suficiente. A China
forma mais de 300 mil engenheiros
por ano, a Índia cerca de 100 mil/ano
e o Brasil forma em torno de 30 mil/
ano”, ressalta Agostinho.
GRANDES EMPRESAS
O diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, considera que
uma semelhança entre os mercados
nacional e o estadual é a importância
da engenharia para uma perspectiva
de desenvolvimento consistente que
vem sendo fomentada no país, mas
“uma especificidade do mercado fluminense é a forte influência das empresas estatais, que têm muitos postos
de trabalho e oferecem remuneração
mais alta”. No entanto, Clemente
destaca que “o ponto em comum é a
carência de profissionais, já que muitos engenheiros abandonaram a profissão nos tempos de recessão”, avalia.
A pesquisa mostra que 35,3%
dos profissionais do Rio de Janeiro
recebem mais de 20 salários mínimos
mensais. Já no Brasil, esse índice é de
18,5%. Um fator que explica esse fato
é a presença de grandes empresas de
caráter privado e estatal no estado.
A maioria dos vínculos (47%) se encontra em estabelecimentos com mil
ou mais vínculos ativos. Além disso,
90,2% dos profissionais estão em organizações empresariais, sendo 35%
em empresas estatais.
Para Olímpio, o fato de pelo menos 8% dos profissionais do estado
receberem salários abaixo do piso
definido por lei se explica, principalmente, pelo não cumprimento
da legislação pelo setor público. “De
uma maneira geral, as prefeituras e
órgãos estaduais não cumprem a lei
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
U
m mercado de trabalho em
expansão, mais jovem, com
maior participação feminina, remuneração elevada e com base no setor
extrativista. Essas são algumas das
principais características reveladas
pela pesquisa “O MercadoFormal de
Trabalho de Engenharia no Estado
do Rio de Janeiro”, realizada pelo
Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) e o
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese), com o apoio do CREA-RJ.
O estudo teve como objetivo caracterizar o profissional do estado do Rio
de Janeiro, a partir de dados obtidos
na Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), entre os
anos de 2004 e 2009.
A técnica do Dieese, Jéssica Naime, explica que os dados utilizados
são disponibilizados pelo Ministério
do Trabalho e Emprego (MTE), com
base nas informações dos registros
administrativos de declaração obrigatória por parte dos empregadores.
“Os dados foram cruzados segundo
as categorias disponibilizadas pela
base, que podem ser classificados
segundo grandes grupos de informações: atributos pessoais do profissional empregado; características dos
estabelecimentos empregadores; e
características do vínculo empregatício estabelecido com o empregador.
Posteriormente foi feita uma análise
desses dados para apontar mudanças
e tendências no emprego na engenharia”, explica a pesquisadora.
19
20
economia e mercado
André Cyriaco
Isso é lamentável. Seria muito importante que esses órgãos tivessem
um corpo técnico, como já existiu
no passado, que desenvolvesse uma
inteligência capaz de planejar, ter
visão de futuro e criar melhores
condições para a sociedade, além
de produtos e serviços com mais
qualidade e menos caros”, avalia
Agostinho.
JOVEM E FEMININA
Jéssica Naime: “Cruzamos dados do Ministério do Trabalho para fazer a nossa análise”
do salário mínimo profissional. Isso
ocorre também em algumas empresas pouco qualificadas. Nesses casos,
o sindicato tenta a negociação com
empregadores que pode até acarretar em uma ação judicial, se não
houver acordo entre as partes”.
O diretor do Senge-RJ Agamenon de Oliveira afirma que o sindicato tem se engajado constantemente na luta por salários mais justos.
“Atualmente, temos muitas terceirizações, que não são benéficas para
os trabalhadores. É uma relação
injusta. O engenheiro e os outros
profissionais da cadeia produtiva do
petróleo, por exemplo, precisam ter
vínculos mais perenes”, diz.
FALTA PLANEJAMENTO
As empresas estatais, como a Petrobras, Furnas e Eletrobras, são os
grandes empregadores no Estado.
Mas a grande participação dos engenheiros fluminenses nas estatais não
se repete na administração direta.
Os profissionais atuantes nas esferas
municipais, estadual e federal não
somam 10% dos que estão inseridos no mercado de trabalho formal.
Para o presidente do Senge-RJ, esta
pequena participação revela o quanto o Estado é desorganizado. “Isso
resulta na falta de políticas públicas
sérias em áreas importantes como
habitação, saneamento e contenção
de encostas, por exemplo”, opina
Olímpio.
A ideia é corroborada pelo
presidente do CREA-RJ: “Hoje as
maiores deficiências que percebemos nos poderes públicos estão relacionadas à falta de planejamento,
sobretudo de médio e longo prazo.
Reconhecidamente uma profissão masculina, a engenharia tem tido
uma maior participação feminina. No
Rio de Janeiro, em 2004, as vagas no
mercado formal de trabalho ocupadas
por mulheres representavam 14,6%.
Em 2009, essa participação evoluiu
para 17,8%. No Brasil, o crescimento
foi um pouco menor: 1,8%. “O aumento da participação feminina no
mercado da engenharia é uma resposta natural às mudanças da sociedade.
As profissionais vão continuar ocupando mais espaço e, rapidamente,
haverá uma equiparação entre os gêneros no que diz respeito à composição do mercado de trabalho do setor”,
afirma Olímpio.
Segundo Jéssica, o estudo reforça a ideia de que há um processo de
feminilização do mercado de trabalho da engenharia. “A participação
do emprego feminino tem aumentado paulatinamente, e ele se dá com
maior preponderância nas faixas etárias mais jovens. Isso significa que há
um aumento da formação de mulheres em engenharia”, frisa. No Rio de
Janeiro, 68,6% das engenheiras estão
na faixa etária até 39 anos.
O resultado da pesquisa revela
também um processo de rejuvenescimento do mercado. Se em 2004 a
maior parte dos vínculos concentrava-se na faixa de 40 a 49 anos (34,3%),
em 2009 a maior concentração é na
economia e mercado
O PERFIL DESEJADO
Quando analisado o futuro do
mercado de engenharia, todos são
unânimes em definir que ele depende especialmente do crescimento do
país, embora o perfil do profissional
esteja relacionado às características
da economia.“O Brasil tem a perspectiva de crescer entre 3,5% e 5,5%
ao ano. O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas [Ipea] tem realizado estudos para indicar o quantitativo de engenheiros necessários para
garantir o crescimento nos próximos
20 anos. Hoje, temos uma economia
voltada para obras de infraestrutura e
extrativismo. Isso demanda um perfil de profissional. Outras prioridades
demandarão outro perfil”, analisa
o presidente do Senge-RJ. Jéssica
complementa afirmando que, como
diversos investimentos previstos para
o Brasil têm fase de maturação mais
longa – caso do pré-sal – há uma sensação de que essa expansão do emprego da categoria possa perdurar.
Olímpio considera que é importante também incentivar a reinserção
do profissional no mercado. “Para
isso, o Senge-RJ vai oferecer cursos de
requalificação para que os engenheiros que abandonaram a profissão na
época da recessão fiquem aptos a voltar a trabalhar em igualdade de condições com os profissionais que se mantiveram e os que ingressaram depois”,
informa. Agamenon concorda: “O esforço de reinserção dos profissionais
antigos é necessário e benéfico. Esses
profissionais devem voltar à profissão
para preencher lacunas importantes”.
O presidente do CREA-RJ sugere um esforço conjunto de escolas
e empresas para oferecimento de
cursos de atualização para os engenheiros. O Sistema Confea/Crea está
sugerindo ao Ministério da Educação
(MEC), a exemplo de outros países,
um mestrado de um ano direciona-
do aos profissionais que se afastaram
da profissão. “Deve-se observar a demanda do mercado e estimular a velocidade de formação, aumentando o
número de vagas e evitando a evasão.
Acredito que se o país continuar a
crescer a essa taxa de 5% vamos precisar de esforço muito grande para
não ter déficit de engenheiro nos
próximos cinco, dez anos”, avalia.
Para conhecer melhor os profissionais do estado, o Senge-RJ e o
Dieese estão realizando uma nova
pesquisa, que aplicará um questionário a uma amostra de 2 mil engenheiros para traçar uma visão mais
completa do cenário. “Enquanto
esse primeiro estudo levou em conta
os profissionais que trabalham com
carteira assinada, nesse momento,
queremos abranger todo o universo
do mercado de trabalho estadual. O
cadastro do CREA-RJ tem em torno
de 89 mil engenheiros. E, no mercado formal, há cerca de 33 mil profissionais. Essa diferença também precisa ser analisada”, conclui Olímpio.
(Joana Algebaile)
•
André Cyriaco
Olímpio Alves: “Haverá em pouco tempo equiparação entre os gêneros no mercado de trabalho”
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
faixa de 30 a 39 anos: 32%. Essa faixa
tem maior representatividade entre os
profissionais que permanecem em um
mesmo vínculo de trabalho por até cinco anos (65,8%). “O rejuvenescimento
reflete uma situação anterior, quando
muitos profissionais abandonaram a
engenharia pela falta de emprego gerada pelo momento de recessão que o
país vivia. Houve um hiato entre 1985
e 2002, que vem sendo dissipado”, afirma o presidente do Senge-RJ.
Ao analisar o tempo de emprego dos profissionais informados na
RAIS 2009, nota-se que, no estado, na
faixa superior a 10 anos de vínculo estão 24,5% dos engenheiros. Um dos
fatores que justifica esses números é
que os empregos nas estatais tendem
a ser mais estáveis. Apesar do aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, nota-se que esse é
um processo novo, uma vez que o
percentual de mulheres que ocupa
um mesmo posto de trabalho há dez
anos ou mais é baixo – 16,9%.
21
22
economia e mercado
CREA-RJ
combate
exercício
profissional
irregular de
estrangeiros
Ação tem apoio do Ministério
Público, da Superintendência
Regional do Trabalho e da
Polícia Federal
E
ntre os dias 25 e 29 de julho
aconteceu a Semana Nacional
de Fiscalização de Profissionais Estrangeiros, uma iniciativa do Sistema
Confea/Crea que abrangeu todos os
estados do país. Essa decisão foi tomada no Colégio de Presidentes que
reúne 27 Creas e é coordenado pelo
presidente do CREA-RJ, Agostinho
Guerreiro. O objetivo é fiscalizar empresas que empregam engenheiros
estrangeiros a fim de orientá-las sobre
a regularização dos profissionais e, se
for o caso, notificar aqueles que estejam atuando de maneira irregular. A
equipe de fiscalização do CREA-RJ já
visitou diversas empresas para fazer
um levantamento de dados e passar
informações sobre a necessidade do
reconhecimento do diploma e do registro do profissional vindo de outro
país junto ao Conselho.
“A ideia de realizar a semana
surgiu durante uma reunião do colegiado de presidentes dos conselhos
estaduais e houve a orientação para
que todos fizessem um trabalho específico. Já realizávamos aqui no Rio de
Janeiro ações para coibir a atuação irregular de profissionais estrangeiros.
Agora, participamos de um esforço
conjunto que conta com o apoio do
Ministério Público, da Polícia Federal e da Superintendência Regional
economia e mercado
nais. A crise econômica em diversos
países é uma delas. Mas, na maioria
das vezes, a atração do profissional é
feita por meio de projetos que vêm de
outros países. São poucos os profissionais que vêm de forma isolada. Temos
que incentivar o uso de mão de obra
nacional para não haver prejuízo para
os profissionais brasileiros”, afirma o
presidente do CREA-RJ, Agostinho
Guerreiro.
Agostinho ressalta que há a necessidade de transferência de tecnologia, mas que isso não pode servir de
desculpa para uma invasão. “A engenharia brasileira é uma das maiores
e melhores do mundo. Pode haver
segmentos que necessitem de transferência de tecnologia. Nesses casos, a
quantidade de profissionais que vem
para o Brasil é pequena e não gera
competição. Esse intercâmbio pode
ser necessário”, analisa.
A coordenadora de Fiscalização
Externa do Crea-RJ, Solange Teixeira,
informa que todos os estados sofrem
com a atuação irregular de estrangeiros, mas o Rio de Janeiro é um dos
mais afetados, principalmente pela
fase positiva de investimentos e grandes empreendimentos. “Temos que
resguardar os profissionais brasileiros,
fazendo com que a legislação seja respeitada e ele tenha mais oportunidades
no mercado de trabalho. Esse trabalho
de conscientização dos empregadores
é contínuo. Já observamos resultados e
temos expectativa positiva de cada vez
mais minimizar o problema”, completa Solange. (Joana Algebaile)
•
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
do Trabalho”, explica o coordenador
de Fiscalização Interna do CREA-RJ,
Celso Sant’Anna.
Com essa atitude, o Sistema
Confea/Crea quer fazer valer a primazia dos profissionais brasileiros
frente aos estrangeiros no mercado
de trabalho nacional. Outra finalidade é garantir que a Lei 5.194/1966 e
a Portaria 132/2002, do Ministério
do Trabalho e Emprego, que regularizam o exercício e o registro profissional, sejam respeitadas.
As áreas que mais abrigam profissionais estrangeiros são as de petróleo,
estrutura naval, telecomunicações,
elétrica e siderurgia. Entre as nacionalidades atuantes no Brasil, a maioria é chinesa e coreana. “Há diversos
motivos para a vinda desses profissio-
23
24
campo
Agrotóxicos:
há controle no seu uso?
T
ema recorrente e cuja abrangência remete a debates nem
sempre permeados pela racionalidade e isenção na sua abordagem.
Enquanto seus defensores mostram
dados de produtividade agrosilvopastoril elevadas que só estariam
sendo sustentadas com seu emprego,
contingente expressivo da sociedade
contesta tais afirmativas e questiona
a verdadeira sustentabilidade que se
pretende para o planeta.
Uma atividade que movimentou
mundialmente, em 2008, perto de
50 bilhões de dólares, em oligopólio
que se concentra cada vez mais, demonstra força econômica não desprezível. As seis maiores empresas
– Bayer, Syngenta, Basf, Monsanto,
Dow e DuPont – faturaram 68%
desse mercado. Se forem incluídas,
nesse conjunto, outras sete – MAI,
Nufarm, Sumitomo, Arysta, Cheminova, FMC e United Phosphorus –
chega-se à concentração de 90% do
valor total naquele ano. São empresas estruturadas para convencer, com
argumentos aceitos pelas consciências adormecidas, que sua atividade é
essencial para a humanidade vencer
o desafio de erradicação da fome no
mundo. Caso isto fosse verdade, não
existiriam os vergonhosos bolsões de
miséria, em inúmeras partes do mundo, que impactam a opinião pública
com imagens desabonadoras da natureza humana.
Mas, alegam, no Brasil, a situação está controlada: existe a mais detalhada e cuidadosa legislação sobre
agrotóxicos, com seu uso efetuado
através da receita agronômica, emitida por profissionais legalmente habilitados. Além disso, há o controle sobre as embalagens dos produtos e o
programa nacional de recolhimento
das mesmas causa inveja a qualquer
outra nação. Existem programas de
educação ambiental e de treinamento de agricultores para o uso seguro
de agrotóxicos. Será que tais argumentos se sustentam, quando confrontados com a realidade?
Em artigo publicado no Jornal
Diário do Aço da Região Metropolitana do Vale do Aço, MG, em 10
de julho de 2011. (www.diariodoaco.
com.br), destaca-se que “o Sindicato
Nacional da Indústria de Produtos
para a Defesa Agrícola informou
que os cultivos brasileiros receberam
mais de um bilhão de litros de pesti-
cidas em 2010. Este crime ambiental
e sanitário, não obstante, é tido como
apenas um número que contribui
para o “êxito” da economia nacional
e do setor produtivo primário. Os
patrocinadores deste infortúnio raras
vezes comentam sobre os riscos de
exposição direta dos trabalhadores
rurais aos venenos lançados sobre as
plantações ou a incidência de câncer
e outras doenças nos consumidores
destes produtos, cujos sintomas não
brotam de imediato e dificultam o reconhecimento da empresa causadora
dos danos humanos”.
A receita agronômica é um instrumento importante, mas, infelizmente, insuficiente: ela deve ser resultante de uma avaliação criteriosa
do problema fitossanitário, surgindo
como alternativa após ser constatada
24
21
18
15
12
9
6
3
0
água
detergente
bicarbonato
vinagre
25
água sanitária
Soluções Sanitizantes
Ingestão Diária Aceitável de Parationa-Metílica para um adulto de 70kg, 21ppm x 10-2 / dia.
Ingestão Diária Aceitável de Parationa-Metílica para uma criança de 10kg, 3ppm x 10-2 / dia.
sil ou que nunca tiveram registro no
país. Dentre os agrotóxicos banidos
encontrados estão os seguintes ingredientes ativos: heptacloro, clortiofós,
dieldrina, mirex, parationa-etílica,
monocrotofós e azinfós-metílico. A
presença desses agrotóxicos nos alimentos sugere a ocorrência de contrabando ou persistência ambiental.
Mas, se há resíduos, não bastaria
a higienização do alimento para superar o problema? Em princípio, somente os resíduos nas superfícies poderiam ser removidos já que existem
produtos sistêmicos, que circulam
dentro do vegetal e, nos casos em que
o produtor rural não obedecer a carência em sua aplicação, não há como
superar o problema. Entretanto, para
maior desalento do consumidor, pesquisa realizada por Tatiana Martins
Rocha (Ufrrj), Édira Castello Branco de Andrade Gonçalves (Unirio) e
Mauro Velho de Castro Faria (Uerj)
[Alim. Nutr., Araraquara, v. 21, n. 4,
p. 659-665, out./dez. 2010] indicou a
insuficiência da higienização para remoção de parationa metílica acrescida
em amostras de maçã. Ainda que esse
fosforado não seja recomendado para
maçã, o gráfico a seguir mostra a extensão do problema, muito mais grave com crianças do que com adultos.
Como, então, os consumidores
poderão se proteger? A melhor opção é o consumo dos alimentos certificados como orgânicos, pois não
há o emprego de agrotóxicos na sua
produção. Por ser, ainda, de oferta
restrita, o preço dos mesmos pode
desestimular seu consumo ou, perversamente, restringir o acesso às pessoas
mais pobres.
No Estado do Rio de Janeiro
permanece desativada a Comissão
Estadual de Controle de Agrotóxicos e Afins – Cecab, órgão criado nos anos 80 para, pelo menos,
amenizar os efeitos danosos do
emprego de venenos na agricultura. Cabe ao Governo do Estado,
através de suas Secretarias de Saúde, Meio Ambiente e Agricultura,
responder aos anseios da sociedade. É assunto que será tratado
em próximo artigo sobre o tema,
incluindo medidas possíveis de
serem adotadas, no âmbito de restrição e controle no uso de agrotóxicos, não só no meio rural como,
também, no ambiente urbano e
doméstico.
•
Engenheiro Agrônomo Luiz Freire
Conselheiro do CREA-RJ e professor
do Instituto de Agronomia da UFRRJ
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
a inviabilidade técnica no controle da
praga. Contudo, nem sempre é feito
o acompanhamento da aplicação do
agrotóxico, o que fragiliza totalmente a recomendação do profissional. E
como controlar o comércio irregular
e clandestino?
Em 2001, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária - Anvisa criou o
Programa de Análise de Resíduos de
Agrotóxicos em Alimentos (PARA),
em parceria com as Vigilâncias Sanitárias de todo o País. É feita coleta dos
alimentos nos supermercados e se verifica se os alimentos comercializados
possuem qualidade de acordo com as
autorizações de uso dos agrotóxicos e
os limites de resíduos de agrotóxicos
estabelecidos pela Anvisa. A consulta
ao site www.anvisa.gov.br traz as informações sobre os resultados obtidos.
A divulgação dos mesmos pelos
meios de comunicação tem provocado reações desalentadoras nos consumidores. Somente para citar alguns
dados, no Estado do Rio de Janeiro,
das 133 amostras analisadas em 2009,
40 delas mostraram resultados insatisfatórios (ingrediente ativo acima
do limite máximo de resíduo permitido e/ou uso de agrotóxico não
autorizado para a cultura). Os principais produtos nessa condição foram
alface, couve, pepino, pimentão, mamão e morango (acima de 50% das
amostras). No outro extremo, sem
qualquer irregularidade, estiveram
banana, batata, cebola, feijão, manga
e tomate. É interessante notar que,
dos produtos sem irregularidade, somente tomate e banana são produtos
cultivados expressivamente no Rio
de Janeiro.
Outra constatação, no âmbito
nacional, é que 32 amostras (3,9%)
do total de amostras contendo ingredientes ativos não autorizados apresentaram substâncias banidas do Bra-
Resíduo de Parationa-Metílica (ppm) em 60g
de amostras de maçã (x 10-2)
campo
26
mundo técnico
Futuro
promissor
Cursos Técnicos são diferenciais
no mercado de trabalho
mundo técnico
s cursos técnicos oferecem
formação mais completa do
que o Ensino Médio convencional,
mesclando aulas práticas e teóricas
visando preparar melhor o jovem
para ingressar na vida profissional.
As oportunidades de negócios
no Estado do Rio de Janeiro estão
por toda parte. Cálculos da Federação das Indústrias do Estado do Rio
de Janeiro (Firjan) estimam que os
investimentos previstos para os próximos cinco anos são da ordem de
R$155 bilhões.
“Cálculos da Federação das Indústrias do
Estado do Rio de Janeiro (Firjan) estimam
que os investimentos previstos para os
próximos cinco anos são da ordem de
R$155 bilhões”
No setor de petróleo, o norte fluminense vai receber R$ 83
bilhões em investimentos e R$17
bilhões serão investidos pela Petrobras até 2012. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) vai receber R$ 12 bilhões.
Soma-se a isso a duplicação da Reduc, Wisco, Termium, CSA, CSN I
e II, Votorantim, Gerdau, Cosigua
e outras, que farão do Rio de Janeiro o maior produtor de aço do país.
A Gerdau anunciou um investimento de R$ 2,4 bilhões na expansão da
produção de aço e laminados em
sua usina. Com isso, a capacidade
de produção crescerá 50%, com
previsão de geração de 550 empregos diretos e 3 mil indiretos.
movimentação de contêineres próxima de R$ 3 milhões.
A Usiminas vai investir R$ 92 milhões num terreno de 850 mil m2 em
Itaguaí-RJ, que abrigará um porto
para exportar o minério de ferro
e uma pelotizadora. Na mesma região, estão sendo feitos o porto da
Petrobras, para escoar o petróleo do
pré-sal (em parceria com a CSN e
a Gerdau); o Superporto do Sudeste, da LLX; o porto da Marinha,
para a construção de submarinos e
outros. Na indústria de transformação, cita-se a construção da quinta
fábrica da Michelin, em Itatiaia,
da Nestlé, em Três Rios, a fábrica
de motos da Kasinski, no Sul do
estado, a ampliação da Peugeot e
da GE-CELMA. Somem-se a esses
investimentos os Jogos Militares, o
Rock in Rio, o Rio+20, a Copa do
Mundo de 2014, as Olimpíadas de
2016, as obras do Porto Maravilha
e a revitalização da área portuária.
NOVOS PORTOS
SEMANA DA INDÚSTRIA
Não se pode esquecer a construção de um novo porto, em São
Gonçalo, e do Arco Metropolitano
do Rio de Janeiro. A CSN, o Grupo
Libra e a Multiterminais estão ampliando a capacidade da Sepetiba
Tecon, Tecon 1 e Tecon II e Tecar,
que darão ao Rio de Janeiro uma
Todos os investimentos apontam para um futuro promissor
para aqueles que estão investindo
na área técnica, pois o mercado de
trabalho está com inúmeras possibilidades de crescimento.
É evidente e clara a contribuição da ETERJ–Escola Técnica do
COMPERJ
Rio de Janeiro para as empresas
quando preparamos e formamos
profissionais qualificados e aptos
para ingressarem no mercado de
trabalho. A ETERJ acredita na
educação como plataforma para a
melhoria do Brasil, pois entende
que é a única maneira de transformar o nosso País.
A ETERJ realiza há nove
anos a Semana da Indústria com
empresas e organizações como:
Abraman, Ambev, Atel, Ciee,
CREA-RJ, Dancor, Eletromar,
Fcc, Mudes, Furnas, Gerdau, Light, Gestão de Talentos, Itquality,
Metrô, Michelin, Sintec, Thyssenkrupp-CSA, Uezo, Vale, Sew e
Weg. Partimos da premissa que a
Educação Profissional Técnica de
Nível Médio de qualidade prepara
profissionais capazes de se adaptarem rapidamente à evolução
tecnológica das empresas, criando
condições de conquistarem melhores empregos e, consequentemente, ascensão socioeconômica
para os jovens e adultos da Região
– Zona Oeste e Costa Verde. Com
isso, a ETERJ reforça seu compromisso com o sucesso de seus alunos e com o desenvolvimento sustentável das Organizações.
•
Fonte: Boletim da ETERJ (nº11).
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
O
27
28
capa
Múltiplos olhares para o
futuro do Rio
Seminário do CREA-RJ sobre os preparativos para a Copa do
Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 debateu a importância
do planejamento e o andamento e a fiscalização das obras.
O maior desafio continua sendo preparar a infraestrutura
capa
O
que ficará de herança para
o Rio e o país após o fim da
Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos
Olímpicos, em 2016? A preocupação
com o legado foi a tônica do seminário “Copa do Mundo 2014: Projetos,
Rumos e Perspectivas”, realizado
pelo CREA-RJ, em parceria com o
CONFEA, em 7 de junho, no Clube
de Engenharia, centro do Rio. Reunidos na ocasião, representantes dos
três níveis de governo, membros do
Ministério Público e dos tribunais
de contas e profissionais do Sistema
Confea/Crea discutiram o andamento das obras necessárias à realização dos megaeventos. A transparência no processo de execução
dos empreendimentos e a polêmica
sobre o aumento do orçamento para
a reforma do Maracanã também foram destaques do debate.
Na abertura, o presidente do
CREA-RJ, Agostinho Guerreiro,
fez um alerta em relação à aprovação da Medida Provisória 527, que
estabeleceu o Regime Diferenciado
de Contratações Públicas (RDC)
para licitações destinadas a obras
e serviços relacionados à Copa das
Confederações, em 2013, à Copa do
Mundo e aos Jogos Olímpicos. “No
afã de acelerarmos os processos de
preparação, precisamos refletir o
quanto estamos pagando pelo mau
tratamento da nossa inteligência
e expertise na área tecnológica. A
maioria dos países europeus gasta
muito tempo planejando e depois
faz rápido as obras. Nós regredimos, pois estamos planejando rápido e pouco e, depois, executando.
Não é raro, por exemplo, vermos
obras sem projeto executivo, ou
com ele sendo elaborado durante a
obra. É preciso que o nosso planejamento volte a ser inteligente, de
médio e longo prazo”, lembra. O
presidente do CREA-RJ reforçou
ainda a necessidade de investimentos na melhoria do transporte de
massa na Região Metropolitana,
29
pois este seria, segundo ele, o principal legado para o Rio de Janeiro.
O presidente do Confea, Marcos Túlio, considera que um dos
maiores desafios nos preparativos
dos dois megaeventos esportivos
será dar celeridade ao processo sem
comprometer o resultado. “Temos
grandes passos a dar. Precisamos
ter o melhor projeto e o melhor processo licitatório, pois um bom empreendimento depende de um bom
projeto. O modo como as coisas
estão sendo feitas nos causa preocupação. Do ponto de vista técnico,
precisamos que toda a comunidade
se debruce sobre o processo”, alerta.
Marcos Túlio aproveitou a ocasião
para também criticar a MP 527,
aprovada no dia 15 de junho. “Somos contrários à medida provisória,
que prevê a contratação de projetos
e obras por pregão eletrônico, pois
ela pode servir para a contratação de
serviços comuns, mas a execução de
um projeto depende de uma análi-
Mesa de abertura: César Ferraz Mastrângelo, representante do Governo do Estado; Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia;
Marcos Túlio, presidente do Confea; Agostinho Guerreiro, presidente do CREA-RJ; Ruy Cezar, secretário Especial da Copa 2014 e Rio 2016; e
Ricardo Gomyde, representante do ministro dos Esportes
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
André Cyriaco
30
capa
André Cyriaco
Mesa de debate: Ícaro Moreno, presidente da Emop; Olimpio dos Santos, presidente do Senge; Álvaro Cabrini, presidente do Crea-PR; Helena
Rego, coordenadora de Arquitetura e Urbanismo da SMU; e Carlos Zaeyen, gerente de Contrato do Consórcio Maracanã Rio 2014
se. Queremos o melhor resultado,
e a pressa nem sempre nos trará a
melhor solução”, critica.
AS CIFRAS DOS EVENTOS
O secretário Especial da Copa
2014 e Rio 2016, Ruy Cezar Miranda Reis, explicou que o planejamento do governo para sediar as duas
André Cyriaco
Ruy Cezar explicou planejamento para eventos
competições começou em 2002,
quando foi feito um diagnóstico
das razões de a cidade ter perdido
o protagonismo em grandes eventos. “Com a vitória para receber o
Pan-Americano de 2007, colocou-se então um plano de desenvolvimento, que serviu como base para
a candidatura dos Jogos de 2016”,
afirmou. “Quando se apresenta
uma candidatura, definem-se conceitos básicos para verificar quanto custará, mas tudo isso muda ao
longo do tempo. Acabaram de incluir mais dois esportes olímpicos,
o rugby e o golfe”, diz. Ruy Cezar
lembrou ainda que estão em andamento os projetos dos Bus Rapid
Transit (BRTs) e o Morar Carioca,
que vai requalificar 624 favelas cariocas, além do Quinta-Maracanã,
que vai ligar o estádio ao parque de
São Cristovão e criar uma enorme
área de lazer no entorno.
Os grandes eventos esportivos irrigarão a economia com R$
183 bilhões, sendo R$ 47 bilhões
de impacto direto, além de atrair
cerca de 600 mil turistas, entre
estrangeiros e brasileiros. Esses
números foram anunciados por
Ricardo Gomyde, assessor especial do Ministério do Esporte.
“Estamos fazendo um enorme
investimento, que vai mudar a
infraestrutura do país. Temos três
ciclos de planejamento: projetos
de infraestrutura, projetos de suporte e serviços e ações específicas. O primeiro ciclo tem R$ 24
bilhões em investimentos, sendo
R$ 11,9 bi em 50 projetos de mobilidade urbana. Só no Rio, os investimentos são da ordem de R$ 3,5
bilhões. Além do legado econômico e da mobilidade urbana, existe
o impacto cultural, como foi visto
na África do Sul e na Alemanha,
capa
que transformaram sua imagem
para o mundo”, afirma.
MARACANÃ EM DESTAQUE
A reforma do Maracanã foi
um tema extensamente debatido
durante a mesa redonda. O presidente da Empresa de Obras Públicas (Emop), Ícaro Moreno Júnior,
apresentou as mudanças radicais
que estão em andamento no estádio, incluindo a construção de uma
cobertura, feita de uma estrutura
tensionada, que deverá cobrir a
maior parte do estádio, protegendo
os espectadores da chuva. Toda a
obra, por exigência da Fifa, terá que
receber o certificado sustentável
Leed, que prevê reaproveitamento
dos materiais de construção, uso de
madeira certificada e economia no
consumo de energia e água. Inicialmente, o projeto do Maracanã tinha
um orçamento de R$ 600 milhões.
Desde o anúncio do Brasil como
país-sede do Mundial, esse custo já
saltou para R$ 1 bilhão e, agora, foi
revisado para R$ 932 milhões.
“O aumento do custo da obra
aconteceu porque ela foi licitada
ainda com o projeto básico, mas que
previa um acréscimo de até 50% no
orçamento para o projeto executivo.
A Fifa está nos trazendo inovação e
tecnologia, e estamos trabalhando
em uma velocidade anormal. Mesmo assim, só de análises a respeito
da mudança da cobertura do Maracanã foram gastos cinco meses,
e contamos com a colaboração de
especialistas do mundo inteiro. Foi
visto, então, que o custo-benefício
era válido, pensando no quanto custaria manter a estrutura de concreto antiga, que estava apresentando
problemas”, esclarece.
31
Para acompanhar os trabalhos
que serão realizados até 2014, a
Câmara dos Deputados criou uma
comissão que vai analisar os investimentos feitos no Rio e o legado
para o estado. O deputado federal
Alessandro Molon (PT) afirmou
que a principal preocupação da comissão, formada por parlamentares
de diferentes partidos, é saber como
os eventos vão servir para melhorar
a qualidade de vida da população.
“Não basta que os eventos sejam
bem-sucedidos, o que importa é
o que vai ficar. O Pan 2007 é um
exemplo. Não houve problemas,
mas os investimentos feitos não deixaram nenhuma mudança efetiva”,
lembra.
INVESTIMENTOS EM INFRAESTRUTURA
Aeroportos, rede hoteleira e
transportes – os principais garga-
Mesa de debate: Felipe Saboya, do Instituto Ethos; Marco Scovino, diretor da Secretaria de controle externo do Tribunal de Contas do Município;
Carlos Pereira, secretário geral de controle externo do TCM; Carmen Lúcia, presidente da Seaerj na ocasião; Celso Evaristo, conselheiro do Sarj; Cláudio
Martinelli Murta, subsecretário de auditoria e controle de obras e serviços de engenharia do TCE; Pedro Rubin, promotor de Justiça do consumidor do
Ministério Público e Licínio Machado, da Rede Mega Eventos
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
André Cyriaco
32
capa
los na infraestrutura – estão recebendo melhorias para conseguir
atender às demandas que srão geradas em 2014 e 2016. O Aeroporto Internacional Tom Jobim – o
Galeão – já está com parte de suas
obras concluídas e em processo
de licitação para a conclusão das
intervenções no terminal 1, que
prevê a construção de um edifício-garagem a partir do segundo
semestre deste ano. De acordo
com o superintendente regional
do Rio da Infraero, Lucínio Baptista da Silva, a capacidade atual
do Galeão é de 21 milhões de passageiros/ano. Com a reforma do
terminal 1 e a ampliação do terminal 2, a capacidade irá aumen-
tar para 44 milhões – capacidade
esta que será alcançada em 2015.
“As obras já estarão concluídas em
2013. Vale lembrar que este ano
receberemos os Jogos Mundiais
Militares, que contam com seis
mil atletas, ou seja, é um evento
do tamanho do Pan-Americano e
não vamos ter problemas. Hoje,
estamos com uma demanda de 11
milhões de passageiros, e ela será
de 18,7 milhões em 2014. Teremos
toda a capacidade para atendê-la”,
garante.
Já o Santos Dumont, segundo Lucínio Silva, tem sua capacidade limitada em 12 milhões de
passageiros e, por conta de sua
localização, não poderá ser am-
pliado, embora estejam previstas
reformas das torres de controle e
do pátio avaliadas em R$ 53 milhões. Apesar da limitação, Silva
lembrou que a demanda atual é de
7,8 milhões de passageiros (dados
de 2010).
REDE HOTELEIRA
Na área de serviços, o atual
bom momento da hotelaria carioca atrai investimentos. Somados
aos incentivos fiscais que a prefeitura oferece para quem apostar no
setor, não haverá problemas para
atender à demanda das competições, de acordo com Michel Chertouth, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de
Fiscalização conjunta: novidade em relação ao Pan
Representantes dos tribunais de
contas municipal, estadual e da União
falaram a respeito dos controles que
estão sendo realizados nas contas para
todas as intervenções necessárias até a
Copa do Mundo. Carlos Eduardo Queiroz, da 9ª Secretaria de Controle Externo do TCU, contou que, em janeiro do
ano passado, foram elaboradas resoluções para definir como será feita esta
fiscalização. Compete ao TCU verificar
o custeio e a execução de obras nos
aeroportos e portos. Já as obras dos
estados e municípios estão sob controle dos tribunais de contas de suas
respectivas esferas. “A União também
poderia participar do financiamento,
e assim foi feito, via Caixa Econômica
Federal (CEF) e BNDES, para reformas e
construção de estádios, além da Transcarioca, no Rio. Até o momento, não há
nada financiado pela Caixa, mas o BNDES tem uma previsão de financiamento de R$ 400 milhões para estádios que
nós temos que fiscalizar e acompanhar,
não as obras, mas a regularidade da
concessão dos financiamentos”, explica Queiroz.
Cláudio Martinelli Murta, subsecretário de auditoria e controle de
obras e serviços de engenharia do Tribunal de Contas do Estado, ressaltou
“No Pan, se as
metas tivessem
sido cumpridas,
hoje estaríamos
com a Baía de
Guanabara
despoluída”.
Marco Scovino
que o legado do Pan foi muito fraco,
daí a importância da atuação conjunta.
“O TCE está atuando no controle, principalmente, da reforma do Maracanã.
Analisamos também os editais, o que
é uma oportunidade de atuarmos pre-
ventivamente”, diz. Murta lembrou ainda que um investimento da ordem de
R$ 1 bilhão deve levar em conta o que
ficará para a cidade. “Dadas as nossas
carências, a questão do legado é fundamental”, observa.
No nível municipal, o Tribunal de
Contas está responsável por fiscalizar as
intervenções no entorno do Maracanã e
a construção da Transcarioca, que ligará
a Penha à Barra da Tijuca. O secretário
de controle externo do Tribunal de Contas do Município (TCM), Marco Antônio
Scovino, ressaltou que a colaboração
entre os três níveis de poder não acontecia do mesmo modo na época do Pan-Americano. “Estou otimista em relação
à Copa do Mundo. Antes, não existia o
convívio entre as três esferas, e sim uma
procura em querer mostrar qual era a
culpa do outro. No fim, aconteceu o que
todos viram. Se as metas tivessem sido
cumpridas, hoje estaríamos com a Baía
de Guanabara despoluída, além das
novas linhas do metrô funcionando”,
recorda. Scovino também destacou a
importância da preocupação com a efetividade das obras.
capa
33
André Cyriaco
Subsecretário Municipal de Transporte, Carlos Maiolino: “Os BRTs são a melhor opção”
O DESAFIO DO TRANSPORTE
O grande desafio, no entanto,
é a melhoria da mobilidade urbana no Rio de Janeiro. E a aposta
dos governos estadual e municipal, apoiados pelo federal, é a
construção do sistema de ônibus
articulado conhecido como Bus
Rapid Transit (BRT). O subsecre-
tário municipal de Transportes,
Carlos Eduardo Gonçalves Maiolino, afirmou que a intenção do
projeto é trazer para o transporte
de massa parte da demanda que
hoje é atendida pelo transporte
particular. Os BRTs, segundo ele,
foram a melhor opção encontrada
para desafogar o trânsito, com implantação mais rápida e de menor
custo. “Em 36 anos, nunca houve
investimentos nesta área como
está acontecendo agora. A Transcarioca, a Transoeste e a Transbrasil vão interligar a cidade e fazer a conexão com as estações de
trem e metrô”, diz.
Já o presidente do CREA-RJ,
Agostinho Guerreiro, foi um dos
•
Em nome da transparência
A sociedade civil também deve
ficar atenta ao processo. Felipe Saboya,
do Instituto Ethos, falou a respeito do
projeto “Jogos limpos dentro e fora
do estádio”, que tem como objetivo
combater a corrupção, promovendo
a transparência e a integridade dos
gastos públicos. Já o promotor Pedro
Rubin, do Ministério Público Estadual do Rio, afirmou que o órgão está
preocupado em verificar como será o
“dia seguinte” à realização da Copa do
Mundo, principalmente em relação
ao uso do Maracanã e à segurança do
torcedor quando o estádio voltar a ser
utilizado em competições nacionais e
estaduais. Finalizando o debate, Licínio
Machado, da Rede Mega Eventos, ponderou que é preciso ampliar o envolvimento da população em discussões
desse tipo. “Estamos sendo ouvidos
depois de o projeto começar, mas o
ideal seria termos sido consultados antes”, critica.
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RH). “O Comitê Olímpico Internacional precisa de 40 mil quartos. O Rio tem 29 mil atualmente,
com 85% de seus hotéis concentrados na Zona Sul e no Centro.
O número estimado de acomodações para os Jogos Olímpicos
é de 50 mil quartos: uma parte
delas será atendida pela vila dos
atletas e pelos navios que ficarão
ancorados na época das Olimpíadas. Estamos vivendo um momento muito importante, pois a atual
taxa de ocupação tem crescido e
atrai fortes investimentos. Com a
escassez de terrenos na Zona Sul,
a rede hoteleira vai se desenvolver
na direção da Barra e do Recreio,
além das oportunidades dadas
pelo projeto de revitalização da
Zona Portuária. Outros bairros
que receberão novos empreendimentos são Ilha, Deodoro e Alto
da Boa Vista”, enumera.
que lembrou que nenhuma grande
metrópole no mundo resolveu o
problema de transporte de massa
sem investir na opção sobre trilhos. Foram lembrados também o
abandono da Supervia e a precarização do Metrô. O BRT foi considerado uma alternativa ultrapassada para uma metrópole como o
Rio de Janeiro.
Para Delmo Pinho, subsecretário estadual de Transportes, os
eventos trazem a oportunidade
de financiar a transformação da
mobilidade urbana do estado. Segundo dados apresentados por ele,
a frota de automóveis cresceu 10%
ao ano nos últimos quatro anos, e
o Brasil contava com cerca de 65
milhões de automóveis em 2010.
“Existe a perspectiva de se chegar
a 120 milhões de carros em 2020,
daí a urgência de se mudar a atual
estrutura, pois esta situação é insustentável”, afirma.
A meta do governo é chegar a
um milhão de passageiros por dia
no sistema de transporte por ônibus, chegando a um milhão por
dia de usuários do metrô, com o
incremento das linhas 3 (Niterói-São Gonçalo) e 4 (até a Barra).
“A situação em 2016 será muito
melhor do que a que encontramos
hoje”, prevê. (Natália Soares)
34
ponto de vista
Em busca da
qualidade
N
o Brasil, a pesquisa anual de serviços do IBGE (2009) revelou que,
em 2008, o setor de serviços respondeu
por 65,3% do PIB nacional. Ainda de
acordo com o referido Instituto, o segmento de ‘transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio’ obteve a
maior parcela da receita operacional líquida foi de R$165,6bilhões, equivalente
a 28,5% do faturamento do setor.
No Estado do Rio de Janeiro, entre os setores de serviço de transporte,
destaca-se o modal ferroviário de passageiros, administrado por duas empresas
concessionárias. Cada uma transporta
diariamente mais de 500 mil passageiros
por dia útil – valor expressivo se comparado ao sistema rodoviário, composto
por quarenta e oito empresas que transportam 2,7 milhões de passageiros por
dia (FETRANSPOR, 2009).
A Engenharia de Produção é uma
área das ciências da engenharia dedicada ao desenvolvimento projeto, operações e melhorias dos sistemas que
criam e entregam os produtos (bens ou
serviços) primários da empresa. Reconhecendo a crescente participação do
setor terciário (serviços) no dinamismo
econômico do Rio de Janeiro, observa-se que o diagnóstico de fatores-críticos
associados à qualidade em serviços,
representa uma das mais promissoras
possibilidades de atuação e intervenção
desses profissionais.
O presente artigo apresenta um
estudo de caráter técnico-científico,
desenvolvido no âmbito do curso de
graduação em Engenharia de Produção do CEFET/RJ Unidade Nova
Iguaçu, referente à análise e propostas
de melhoria das operações de serviços
de uma empresa de transporte ferroviário urbano, com atuação na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro e municípios conexos.
Especificamente, estão sumarizados
os principais resultados de uma pesquisa
relacionada ao mapeamento da percepção dos clientes quanto à satisfação com
o processo de ‘programação operacional
para manutenção de infra-estrutura e
obras’, desenvolvido pela área de Planejamento Operacional da referida empresa. Adicionalmente, são propostas possíveis melhorias na qualidade em serviços
para clientes internos, através da aplicação das ferramentas do lean thinking
(pensamento enxuto) nas lacunas identificadas através do estudo.
Aspectos teóricos
a. Operações de serviços
Segundo Martins & Laugeni (2005),
é muito difícil propor uma caracterização definitiva, clara e indiscutível, sobre
o termo serviço. Kotler & Armstrong
(2007) apontam quatro características
principais dos serviços: inseparabilidade,
variabilidade, intangibilidade e perecibi-
lidade. A Figura 1 sumariza dessas características identificadas pelos referidos
autores.
Intangibilidade
Os serviços não podem ser
vistos, tocados, provados,
ouvidos ou cheirados antes
da compra
Inseparabilidade
Os serviços não podem ser
separados de seus
provedores
Serviços
Variabilidade
A qualidade dos serviços
depende de quem os executa
e de quando, onde e como
são executados
Perecibilidade
Os serviços não podem ser
armazenados para venda ou
uso posterior
Figura 1 – Síntese das Principais Características
dos Serviços (Fonte: Kotler & Armstrong, 2007)
Em termos de tipologia, analisando as definições de Slack et alli (2002),
o transporte ferroviário de passageiros
pode ser classificado como serviço de
massa, devido às características de contato limitado com o cliente (no caso de
vale transporte eletrônico, o contato
da equipe de front-office com o cliente
pode até ser inexistente), baixa personalização (por exemplo, quanto aos trens
a personalização se limita ao tamanho
de composição por viagem, sendo que
todos os clientes daquela viagem têm
o mesmo serviço), autonomia reduzida
(linha de frente tem padrões de atendimento e grande dependência de supervisão), foco na infra-estrutura (manutenção dos trens, da via permanente e dos
sistemas elétricos), orientação para a
retaguarda (devido ao contato limitado
da linha de frente com o cliente e a com-
ponto de vista
b. Lean thinking
O termo lean thinking, caracterizou o STP – Sistema Toyota de Produção (WOMACK et alli, 1992). Segundo
o Lean Institute Brasil (2009), o Lean
é uma estratégia de negócios para aumentar a satisfação dos clientes através
da melhor utilização dos recursos. A
gestão lean procura, consistentemente,
fornecer valor aos clientes com os custos mais baixos (propósito) através da
identificação de melhoria dos fluxos de
valor primários e de suporte (processos)
por meio do envolvimento das pessoas
qualificadas, motivadas e com iniciativa
(pessoas).
Para Arruda & De Luna (2006), o
lean thinking consiste em um conjunto
de ferramentas que busca tornar a empresa mais competitiva, por meio da eliminação de atividades que não agregam
valor aos seus processos produtivos, de
negócios e de apoio. Com isso, obtém-se
maior eficácia, a empresa otimiza custos
e melhora a qualidade dos serviços prestados aos seus clientes.
À luz do STP, perda ou desperdício
é tudo aquilo que não agrega valor ao
processo produtivo e deve ser eliminado. Shingo (1996) classifica em sete os
desperdícios existentes que não agregam valor ao produto e que devem ser
identificados e eliminados: superprodução; espera; transporte; processamento;
movimentação; produtos defeituosos, e;
estoques. Assim, um dos grandes objetivos que o lean thinking visa a alcançar
é a redução de perdas (Womack et alli,
1992) e para que isso seja possível devem
ser utilizadas ferramentas específicas.
Giannini (2007) propõe uma relação entre as sete perdas e as ferramentas
do lean thinking, conforme Quadro 1.
Metodologia
Eleutério & Souza (2002), afirmam
que um dos aspectos mais relevantes a
serem considerados para a qualidade
em serviços, mas muitas vezes relegado, refere-se à qualidade que deve estar
presente nos serviços prestados internamente aos próprios funcionários das
empresas, ou seja, na relação cliente-fornecedor interno.
É importante explicitar que, uma
vez que o presente estudo analisa somente uma área da empresa de trens
urbanos, o universo está restrito aos
funcionários que são clientes dessa
área. Nesse sentido, o universo de pesquisa foi constituído por 48 funcionários, provenientes de 13 áreas distintas da empresa estudada, e que estão
envolvidos, diretamente, no processo
de programação de acesso a malha
QUADRO 1 – Relação entre as sete perdas e as ferramentas do lean thinking
(Fonte: adaptado de Giannini, 2007)
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
plexidade da infra-estrutura) e orientação para o resultado.
Importante destacar ainda que,
em uma organização, estão presentes
os clientes externos e os clientes internos. Juran (1992) define cliente interno,
como aquele que na relação cliente-fornecedor interno recebe serviços de
outros departamentos internos. Para
Nogueira (2008), clientes internos são
pessoas na organização a quem são repassados os trabalhos concluídos (output) para desempenharem a próxima
função na direção de servir os clientes
intermediários e finais.
Dentre as técnicas para avaliação
da qualidade em serviços, adota-se na
presente pesquisa o Modelo para análise de lacunas de percepção quanto à
prestação do serviço de Costa & Costa
(2003). Esse modelo, com base na adaptação do Modelo de Lacunas (Modelo
de Gaps) apresentado em Parasunaman
et alli (1985), permite obter informações
referentes à percepção de importância
e desempenho para os envolvidos no
processo, necessárias para subsidiar a
proposta do estudo.
35
Sanificação
Planejamento
Operacional
Fornecedor do Serviço
Subestações
ferroviária, com obtenção de 73% de
respostas.
Os questionários, baseados em perguntas fechadas e escala Likert, foram
adequados ao modelo Oliveira (2008)
– que correlaciona as dimensões importância (Ic) vs. desempenho (Dc), segundo a percepção dos respondentes
– e após validação com pesquisadores
sênior e ajustes feitos pós pré-testagem
em amostra aleatória do universo investigado, foram impressos e entregues
individualmente para os funcionários
envolvidos no processo estudado.
O questionário também foi distribuído para os fornecedores do serviço (área
de Planejamento Operacional), visando
à comparação de sua percepção com a
dos clientes internos para fins de identificação de possíveis Gaps de percepção.
subtração importância menos desempenho ( Ic – Dc ) para cada questão do instrumento de coleta de dados e ordenar
pelas maiores diferenças (gaps).
A análise das lacunas da percepção
nos níveis médios de importância e de
desempenho na visão dos clientes e fornecedores permite que se faça uma reflexão sobre as causas associadas à ocorrência dos gaps.
O caso analisado
A área de Planejamento Operacional é responsável pela circulação dos
trens, visando a compatibilizar a demanda de clientes finais com a disponibilidade operacional de recursos (frota de
trens, maquinistas e sistemas de sinalização). Para que o transporte de passageiros aconteça com conforto e segurança,
é fundamental que seja realizada a manutenção adequada da infra-estrutura
e, para que esse procedimento ocorra
sem interferir na circulação de trens comerciais, a área realiza a programação
operacional para manutenção de infra-estrutura e obras.
Para o referido processo existe um
fluxo de informação envolvendo outras
áreas, conforme ilustra a Figura 2.
Levando-se em consideração às especificidades operacionais da área estudada, desenvolveu-se um Modelo Técnico que associa ferramentas lean thinking
com a análise de lacunas de percepção
(de importância e de desempenho)
quanto à prestação do serviço. Considerando-se o nível médio de importância,
como Ic e o nível médio de desempenho como Dc (ambos na percepção do
cliente), é necessário verificar o saldo da
Resultados
Para realizar a análise, primeiramente, é necessário calcular a diferença (gap)
entre as médias das percepções das áreas
clientes e dos fornecedores em relação
ao desempenho e a importância de cada
uma das questões elaboradas associadas
aos critérios escolhidos. Após calculado
o gap, é necessário definir um procedimento que evidencie uma ordem para
priorizar a atuação. No Modelo Técnico
é utilizado o estudo elaborado por Freitas et alli (2008), definido como Análise
dos Quartis, em que se utiliza a medida
de tendência central denominada Quartil para classificar a prioridade de cada
item em regiões de atuação.
A Tabela 1 ilustra os valores desses
gaps, bem como a classificação de prioridades, segundo o critério dos quartis.
Da análise da Tabela 1, destaca-se
que a questão referente ao cancelamento das programações é a mais crítica,
tanto para clientes quanto para fornecedores. Por outro lado o tempo de processamento da programação semanal apresenta-se como uma das questões menos
críticas para os grupos.
Assim, como exemplos de propostas
de soluções baseadas em ferramentas do
Telecomunicações
Sinalização
Rede aérea
Comercial
Projetos
Via Permanente
Áreas Internas Clientes
ponto de vista
Áreas Clientes Solicitantes
36
Via Permanente
Tração
Circulação
Subestações
Sanificação
Rede aérea
Segurança Empresarial
Comercial
Manutenção Mecânica
Telecomunicações
Sinalização
Projetos
Fig. 2 – Fluxo do processo de Programação Operacional para manutenção de infra-estrutura e obras
lean thinking para os gaps evidenciados
como críticos na Tabela 1, apresenta-se:
2.3/2.4 – Cancelamentos de programações: utilizar o controle visual do processo para reduzir a perda por defeitos
referentes a cancelamentos que poderiam ser evitados. Assim, sugere-se plotar o mapa de linhas em uma superfície
metálica e atribuir cores a imãs representando as áreas de modo que os trechos fossem sinalizados e o conflito de
programações pudesse ser evidenciado.
Dessa forma, visa-se a reduzir a perda
por defeitos, como cancelamentos que
poderiam ser evitados e sobreposições
de programações.
4.1/4.2 – Caráter técnico das negociações: determinar padrões claros para
os cancelamentos, de modo que seja
evidenciado o critério utilizado para a
escolha de uma programação em detrimento de outra, no caso de conflitos.
3.1/3.2 – Tempo de processamento:
programação extra: utilização de operadores polivalentes na equipe do Planejamento Operacional e autocontrole,
visando a reduzir a perda por espera.
Conclusões
A pesquisa evidenciou que é possível a aplicação das ferramentas do lean
thinking para a redução das perdas identificadas no processo de uma empresa de
serviços. No entanto, existem limitações
para a adoção de algumas ferramentas
pelo fato de estarem previstas para o sistema de manufatura, sendo necessárias
adaptações.
ponto de vista
A análise da percepção do cliente
deve ser complementar ao estudo do
processo que deve ser realizado, pois podem ser identificadas perdas no processo que não são visíveis aos clientes. Por
exemplo, as perdas por falhas na programação (defeitos), que são corrigidas
por meio de revisão antes da entrega da
programação impressa.
No Modelo Técnico proposto essa
priorização é aplicada na lacuna entre
a percepção do nível médio de importância e de desempenho para o cliente,
onde esses dados podem ser obtidos
através dos resultados de um questionário estruturado. Assim, é possível uma
avaliação quantitativa da qualidade do
serviço prestado ao cliente.
Por fim, observa-se que a avaliação quantitativa da percepção de de-
sempenho e importância do serviço
para o cliente pode ser contributiva no
auxílio à tomada de decisão do gestor
no que tange a qualidade em serviços.
A análise deve considerar a relação
entre importância e desempenho e
se recomenda ter como premissa só
melhorar o desempenho dos itens que
tiverem alguma importância na percepção dos clientes.
Júlia Dias – Engenheira de Produção
(CEFET/RJ Unidade Nova Iguaçu). Engenheira de Planejamento e Controle Operacional da Supervia.
Fernando Araújo – Chefe do Departamento de Engenharia de Produção do
CEFET/RJ Unidade Nova Iguaçu e Vice-Presidente da Sociedade Fluminense de
Engenharia de Produção (SFEP).
37
Referências
ARRUDA, I. M. & DE LUNA, V. M. S. Lean Service:
a abordagem do Lean System aplicada no setor de
serviços. Anais do XXVIII Encontro Nacional de
Engenharia de Produção. Fortaleza: ABEPRO, 2006.
COSTA, R. C. F.; COSTA, H. G. Identificação de lacunas nos graus de importância associados a critérios
de percepção da qualidade em instituição de ensino
superior. Anais do XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Ouro Preto – MG: ABEPRO, 2003.
ELEUTÉRIO S. A. V. & SOUZA M. C. A. F. Qualidade
na prestação de serviços: uma avaliação com clientes
internos. Cadernos de Pesquisa em Administração,
São Paulo, v. 09, n° 3, julho/setembro 2002.
FETRANSPOR. Dados técnicos do setor. Disponível
em http://www.fetranspor.com.br. Acessado em 05 de
Novembro de 2009.
GIANNINI, R. Aplicação de ferramentas do pensamento enxuto na redução de perdas em operações
de serviços. Dissertação (Mestrado em Engenharia
de Produção). São Paulo: Poli/ USP, 2007.
IBGE. Pesquisa Anual de Serviços – 2008. Disponí-
3,74
Cancelamentos de
prgramações
3,15
Caráter técnico
das negociações
3,15
Tempo de processamento
– programação extra
vel em: www.ibge.gov.br. Acessado em 05/11/2009.
JURAN, J. M. A qualidade desde o projeto: os novos
passos para o planejamento da qualidade em produ-
CRÍTICA
tos e serviços. São Paulo: Pioneira, 1992.
KOTLER, P & ARMSTRONG, G. Princípios de Marketing. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MARTINS, P. G. & LAUGENI F. P. Administração da
Produção. São Paulo: Saraiva, 2005.
NOGUEIRA, J. F. (org.). Gestão estratégica de serviços: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2008.
OLIVEIRA, L. D. Percepções sobre o mestrado profissional e seu impacto no desempenho dos egressos.
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção).
Niterói: UFF, 2008.
PARASUNAMAN, A., ZEITHAML, V. A.; BERRY, L. A
conceptual model of service quality and its implications for future research. Journal of Marketing, v.49,
SHINGO, S. O Sistema Toyota de Produção - Do
Ponto de Vista da Engenharia de Produção. Porto
Alegre, Bookman, 1996.
SLACK, N.; CHAMBERS, S. & JOHNSTON, R. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2002.
WOMACK, J.; JONES D. & ROSS, D. A Máquina Que
Mudou o Mundo. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
Tabela 1 – Lacunas entre importância e desempenho na percepção das áreas clientes
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
n. 4, pp 41-50, fall, 1985.
38
cultura e memória
Beth Santos
Demolição
polêmica
Patrimônio histórico da cidade, antiga fábrica da Brahma
foi implodida para abrir caminho para as Olimpíadas e a
ampliação do Sambódromo
cultura e memória
P
alco de muitas histórias que
misturam ex-escravos, produção de cerveja e samba, o antigo
prédio da fábrica da Brahma na
Praça Onze foi demolido no último dia 5 de junho, como parte do
projeto de ampliação do sambódromo, e levantou uma polêmica
importante sobre danos ao patrimônio histórico em nome dos
avanços para a Olimpíada de 2016.
Financiada pela Ambev, a intervenção vai resgatar o projeto
original do arquiteto Oscar Niemeyer, que previa um equilíbrio
entre os dois lados da Marquês
de Sapucaí. Além disso, a reforma
atende ao compromisso da cidade
com os Jogos Olímpicos de 2016 e
prevê adaptações para a realização
das provas de tiro com arco e chegada da Maratona. Mas para que o
projeto fosse viabilizado, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio
de Janeiro revogou, em março deste ano, através de um projeto de
lei do deputado André Corrêa, o
tombamento do prédio da fábrica
da cervejaria, que estava em vigor
desde outubro de 2002.
processos foram muito pouco discutidos”, defende.
Para o deputado André Corrêa, a revogação do tombamento
foi fundamental em vários aspectos. “Entre eles, viabilizar o compromisso que a Prefeitura do Rio
assumiu dentro dos cadernos de
obrigações para sediar os Jogos
Olímpicos, já que no Sambódromo será realizada a modalidade
de tiro com arco. Além disso, o
espaço vai ganhar mais vinte mil
lugares sem gasto adicional do poder público, uma vez que a ampliação vai ser custeada pela Ambev”,
justificou Corrêa.
Contudo, para Cláudio Lima,
é preciso ter muito cuidado para
não se privilegiar eventos importantes em prejuízo do patrimônio
histórico. “Existe na cidade um
caminho muito perigoso de se fazer tudo para viabilizar a Copa e
as Olimpíadas. Mas é preciso ter
certo equilíbrio e muito cuidado
nessas decisões para que o patrimônio da cidade seja preservado”,
completou. (Dânae Mazzini)
•
39
A origem da
Praça Onze
Em entrevista ao Jornal O Globo, o historiador Milton Teixeira
disse que “a demolição da fábrica
lança luz sobre um curioso capítulo da memória da Praça Onze e
do Estácio, onde foram morar centenas de escravos libertados pela
Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.
Muitos acabaram empregados na
cervejaria aberta pelo judeu alemão Joseph Villiger, em setembro
daquele mesmo ano, com nome
de Manufactura de Cerveja Brahma
Villiger & Companhia. A fábrica era
de tijolos vermelhos. É curioso ver
como ela juntou dois povos – o alemão e o africano – e a cerveja com
os futuros criadores do samba. Foi a
partir dali que a Praça Onze começou a surgir do modo como todos a
conhecem”, explicou.
A fábrica demolida não é mais
a construção original. Ampliado em
1894, o antigo galpão foi demolido
nos anos 40 para a construção dos
prédios que foram implodidos.
FALTOU DEBATE
CREA-RJ fez visita técnica ao local
Se, de um lado, a implosão de
quatro prédios e da chaminé da antiga cervejaria provocou controvérsias
devido às raízes históricas do prédio,
de outro, ela será a responsável pelo
resgate da simetria entre os dois lados da Marquês de Sapucaí, prevista
no projeto original do arquiteto Oscar
Niemeyer.
O presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, fez uma visita técnica,
no dia primeiro de junho, ao terreno
onde será construída a expansão do
Sambódromo. O local, que pertencia
à fábrica da cervejaria Brahma, dará
lugar a mais um bloco com três módulos de arquibancadas na passarela
do samba e a ao prédio comercial Rec-Sapucaí, de 19 andares.
Ao comentar a concretização do
projeto original de Niemeyer, Agostinho Guerreiro frisou que a inauguração do Sambódromo, já naquela
época, foi uma demonstração de inteligência, combinada com a cultura e o
carnaval, que agora se completa.
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
O professor do curso de Arquitetura da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, Cláudio
Lima, considerou absurda a demolição do prédio sem uma prévia
discussão sobre os reais benefícios
do projeto que será executado,
especialmente por ter tido como
consequência o destombamento
de um prédio histórico da Praça
Onze. “Eu sou partidário do amplo e democrático debate para que
não sejam tomadas decisões afobadas. O destombamento é previsto quando ocasiona um benefício
coletivo, mas eu acho que esses
40
entrevista
“Queremos
valorizar a
ação e a
história das
entidades
de classe”
Ricardo Nascimento
A descentralização da gestão e o resgate da memória histórica das entidades estão
entre as prioridades do plano de trabalho do novo coordenador do Colégio de
Entidades Nacionais (CDEN), Ricardo Nascimento, eleito para o cargo no Encontro de
Lideranças do Sistema Confea/Crea, realizado entre 21 a 25 de fevereiro, em Brasília.
Engenheiro Eletricista e Técnico em Eletrônica, Ricardo Nascimento revela, nesta
entrevista à Revista do CREA-RJ, que já promoveu uma inédita reunião para integrar
as ações dos quatro Comitês que formam o CDEN. Ele também explica como funciona
e qual o papel do Colégio das Entidades e fala sobre a atual presença de lideranças do
Rio de Janeiro em importantes instâncias nacionais do Sistema Confea/Crea.
REVISTA – Como funciona e qual a
estrutura do Colégio de Entidades
Nacionais (CDEN)?
RICARDO NASCIMENTO – O Colégio
de Entidades Nacionais possui quatro comitês. O Comitê de Desenvolvimento Nacional articula o programa de desenvolvimento para o Brasil
e atua em pontos afins das metas do
CDEN. Já o Comitê de Legislação
Profissional propõe o permanente
aperfeiçoamento da revisão da legislação profissional, do Salário Mínimo
Profissional, das atribuições profissionais e dos assuntos afins e sua
aplicação e implantação. Outro importante Comitê é o de Organização
e Comunicação, que trata do funcionamento e do Regimento do CDEN,
dos serviços para as entidades, da circulação da informação, participa do
Conselho de Comunicação e Marketing do Confea, da SOEAA, entre outras instâncias e eventos. Por fim, o
Comitê de Educação e Ética trata da
campanha permanente para a efetiva
divulgação e aplicação do Código de
Ética, estimulando as entidades a assumir a divulgação e a aplicação do
Código de Ética Profissional, do Salário Mínimo Profissional, entre outras
normas e leis.
entrevista
RICARDO NASCIMENTO – Se temos
um colegiado importante, que reúne entidades de grande representatividade, por que não conseguíamos nos reunir? Era um desespero
ver as coisas acontecendo e não
poder fazer nada. O meu plano de
trabalho inclui a valorização dos
Comitês do CDEN. Mas, como
fazer isso? Valorizar significa, no
nosso caso, descentralizar, dar
autonomia aos coordenadores de
comitês para que cada um possa
atuar nas suas respectivas áreas,
coordenando os seus grupos. A primeira reunião dos coordenadores
dos comitês foi uma conquista que
considero da maior relevância para
o CDEN, pois os Comitês foram
formados em 1995 e, desde então,
nunca houve um encontro para
uma atuação em conjunto.
REVISTA – Também já aconteceu
uma reunião dos Comitês no Rio de
Janeiro?
RICARDO NASCIMENTO – Recentemente, e este é um exemplo interessante, também fizemos uma reunião
dos comitês no Rio de Janeiro pela
primeira vez. A discussão aconteceu
em torno de uma pauta específica, o
Salário Mínimo Profissional. O papel
das entidades do estado Rio de Janeiro foi fundamental para fornecer subsídios que serão levados ao plenário
do Confea para deliberação do nosso
pleito. O caminho é difícil, mas, no
momento, tenho um grande apoio
de todos para desenvolver o planejamento e as propostas apresentadas
para a valorização das Entidades Nacionais.
REVISTA – O Confea já aprovou uma
linha de crédito para o projeto Memória das Entidades. Qual a importância desse projeto para o registro
histórico das entidades?
RICARDO NASCIMENTO – O nosso objetivo é valorizar não apenas
as ações, mas também a memória
das entidades de classe O Projeto
Memórias das Entidades foi apresentado por esta coordenação, “ad
referendum” das Entidades, em
reunião com o presidente do Confea, Marcos Túlio. E consegui pleno
apoio para dar continuidade a ele.
O projeto já recebeu uma verba específica do Confea de R$ 1,7 milhão
para o CDEN. A importância dele
é que cada entidade vai poder usar
R$ 50.000,00 para elaborar o seu
livro de memória. Como se sabe,
algumas entidades tem existência
bem anterior à criação do Sistema
Confea/Crea, tendo sido protagonistas na elaboração e aprovação do
Decreto nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933. O apoio do Confea à
edição da historia de cada Entidade
de Classe é muito importante. O
produto final dessa nossa coleção
vai ter um imenso valor histórico
para o Sistema, pois guardará para
sempre o registro das atuação da
cada Entidade.
REVISTA – O Rio de Janeiro elegeu dirigentes estaduais para importantes colegiados nacionais do
Sistema Confea/Crea. Como você
avalia isso?
RICARDO NASCIMENTO – O Rio de
Janeiro é o segundo maior colégio eleitoral do Sistema Confea/
Crea. A atuação das entidades e as
conquistas que o CREA-RJ obteve, como Gespública, o Programa
Equidade de Gênero, demonstram
a organização política do nosso Estado. Com a eleição do presidente
do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, para coordenar o Colégio de
Presidentes do Sistema Confea/
Crea, criaram-se condições favoráveis à minha candidatura e eleição
para o CDEN. Isso porque as coordenações do Colégio de Presidentes e do Colégio de Entidades são
órgãos consultivos do Confea que
devem agir em harmonia e interagir entre si para a aprovação de
propostas. Um exemplo é a criação
do Colégio de Entidades Regionais (CDER) em todos os Estados,
uma proposta encaminhada pelo
CDEN e aprovada pelo Colégio de
Presidentes.
REVISTA – Como se dará a institucionalização desse novo colegiado
regional?
RICARDO NASCIMENTO – Essa proposta deverá ser aprovada pela Plenária de cada Conselho Regional.
Especificamente no Rio de janeiro,
a Plenária de junho aprovou a criação do CDER–RJ – Colégio de Entidades Regionais do Rio de Janeiro. Essa é uma iniciativa que teve o
apoio do presidente do CREA-RJ,
Agostinho Guerreiro, e será fundamental para congregar as entidades de classe regionais em torno
de projetos de desenvolvimento
para o Rio de Janeiro. O nosso
colegiado tem muito a contribuir,
uma vez que é composto por mais
de 20 entidades representativas de
categorias profissionais em todo o
Estado. O atual momento que vive
o Rio é bastante propício para a
construção de propostas para os
desafios econômicos e tecnológicos
que teremos nos próximos anos.
•
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
REVISTA – No exercício do seu mandato como coordenador do CDEN,
quais serão as suas prioridades?
41
42
institucional
Uma nova equipe para o
Sistema
Projeto que busca a aproximação com estudantes
da área tecnológica começa a ganhar a adesão de
Conselhos de todo o país
institucional
SEMENTE DO PROJETO
O Crea-Jr surgiu como uma iniciativa individual e inovadora do
Crea de Minas Gerais, em 2001. A
ideia era desenvolver um modelo
de gestão participativo e democrático, visando à preparação de novas
lideranças para assumir postos de
comando não só dentro do próprio
Sistema Profissional, mas também
na sociedade.
De acordo com Osíris Barboza,
coordenador do Projeto Crea-Jr do
Confea, o Sistema Confea/Crea é o
único Conselho de Profissionais que
permite a participação das Instituições de Ensino, embora a participação dos estudantes nunca tenha se
dado de fato. Após a experiência mineira, o Conselho Federal instalou o
Grupo de Trabalho Crea-Jr, que tem
como meta a implantação do Projeto
nos 27 Regionais.
Osíris lembra que o resultado do
GT foi uma minuta de Normativo,
que se encontra em processo de adequação para ser votado pelo Plenário
do Confea, e que valerá para todos
os Regionais. Contudo, para ele, essa
padronização ou uniformização não é
o foco principal.
“Temos que respeitar a diversidade e a pluralidade cultural do
país, compreendendo o tamanho
e a dinâmica da economia de cada
estado, o que impacta diretamente
nas ações planejadas. Nosso objetivo principal é a implantação do
Crea-Jr nos 27 Regionais. Porém,
mais importante do que isso é a efetividade. Precisamos de estudantes
da área tecnológica que incidam na
sociedade de forma positiva e que
divulguem o nome do Sistema Confea/Crea”, explica.
PROJETO EM ANDAMENTO
O processo de organização do
Crea-Jr em estados que ainda não
possuam o projeto consiste de palestras nas instituições de ensino e
reuniões com entidades estudantis,
associativas e sindicais, para a sensibilização e mobilização dos estudantes.
Além disso, a implantação depende de uma Decisão Plenária de
cada Regional. “Tenho ido às reuniões do Colégio de Presidentes a fim
de tornar esse projeto uma rotina
administrativa e de interesse do planejamento estratégico de cada Crea”,
explica Osíris.
Segundo ele, mais que a promoção de atividades, como visitas
técnicas, cursos, encaminhamentos para estágios, palestras sobre
assuntos diversos e ações de solidariedade e voluntariado, o objetivo do Crea-Jr é poder oferecer
à sociedade bons profissionais,
comprometidos com a ética, com
a cidadania e com a dignidade humana. (Viviane Maia)
•
Conselho incentiva
empreendedorismo e qualificação
No CREA-RJ, o projeto existe desde 2007, com o nome de Crea Estudante, e vem desenvolvendo atividades de
integração dos alunos com o Sistema
Confea/Crea, estimulando suas potencialidades e o empreendedorismo, bem
como incentivando a parceria universidade/empresa, como instrumento de
ativação do mercado de trabalho.
Os estudantes têm também direito a uma carteira que comprava sua
participação no projeto e o direito a
obter descontos nos eventos de capacitação e qualificação profissional do
Progredir.
Com a sistematização do projeto
pelo Confea, o CREA-RJ aprovou em
plenária o Crea-Jr, no início de julho,
em sua nova formatação. Uma série
de procedimentos internos de apoio
para sua organização e estruturação,
que já estava em curso, passou por
um fortalecimento. Mais informações
no site www.crea-rj.org.br.
Revista
Revista do
do Crea-RJ
Crea-RJ •• Janeiro/Março
Junho/Julho dede2011
2011
T
odo estudante da área tecnológica sabe que, para se tornar um
profissional legalmente habilitado a
exercer sua função no mercado de
trabalho, precisa estar registrado no
Sistema Confea/Creas.
Entretanto, a maioria desconhece que os Conselhos Profissionais
são autarquias federais criadas para
regulamentar e fiscalizar o exercício
profissional e que têm a missão de
proteger a sociedade contra a execução de atividades técnicas por leigos
e, ao mesmo tempo, garantir mercado de trabalho para os profissionais
legalmente habilitados.
Com o propósito de promover a
integração entre os Conselhos e os
estudantes dos cursos tecnológicos
de nível médio e superior, foi criado
o programa Crea Júnior no Sistema
Confea/Crea. Para a coordenadora
do Crea-JR no CREA-RJ, Marisa
Neves, o objetivo do programa é
maior do que apenas aproximar os
estudantes. “Além da aproximação
dos estudantes, a ideia é incentivar
os futuros profissionais à prática
do exercício profissional responsável. E também a participarem de
discussões pertinentes à formação
profissional e à conscientização de
seu papel ético e responsável junto à
sociedade”, afirma.
43
44
fiscalização
Risco
subterrâneo
CREA-RJ assina termo de referência com Prefeitura do Rio
para monitorar bueiros da cidade
A
atual administração do CREA-RJ já vinha denunciando a
gravidade das explosões de bueiros
desde que tomou posse, em 2009,
através de rádios, jornais e tevês. Até
artigos assinados pelo presidente do
Conselho, Agostinho Guerreiro, foram publicados em jornais de grande
circulação. A Comissão de Análise e
Prevenção de Acidentes (Capa) também buscou atuar preventivamente.
O CREA-RJ fez, mais uma vez,
uma estreita parceria com o Ministério Público Estadual. Mas, para defender as profissões da área tecnológica e a sociedade, é preciso discutir
e participar de soluções. Agora, em
mais uma iniciativa para solucionar
o grave problema de explosões seqüenciais de bueiros na cidade do Rio
de Janeiro, o CREA-RJ e a Prefeitura
do Rio assinaram, no dia 19 de julho,
um termo de referência com especificações técnicas para a contratação
de empresa para serviço de monitoramento independente da rede subterrânea da cidade. Os serviços serão
pagos pela Prefeitura.
A contratação, em caráter emergencial, terá duração de seis meses.
Esta iniciativa faz parte do acordo de
cooperação técnica firmado entre Prefeitura do Rio, Governo do Estado do
Rio, Ministério Público e CREA-RJ.
A reunião que fechou o acordo
teve a participação do secretário mu-
fiscalização
10 MIL MONITORAMENTOS
De acordo com as especificações
técnicas, a empresa será responsável
pela realização de 500 monitoramentos diários de Caixas de Inspeção
(CI) e 50 monitoramentos diários de
Câmaras Transformadoras (CT). Por
mês, deverão ser realizados 10.000
monitoramentos de CI e 1.000 monitoramentos de CT.
O monitoramento de risco deverá ser feito com detectores de gás (explosímetros), com leitura direta, para
verificar a presença de gases inflamáveis e explosivos. Nos casos onde for
comprovada a presença de gás na fai-
xa de explosividade, a empresa deverá
informar imediatamente o Centro de
Operações da Prefeitura do Rio, as
empresas concessionárias e respectivas agências reguladoras, o CREA-RJ
e o Ministério Público.
VISTORIAS NO CENTRO
O CREA-RJ fez, no dia 8 de julho,
uma vistoria para detectar a presença
de gás na rede subterrânea no centro
da cidade. Com o apoio da Light, o
Conselho constatou que cinco bueiros têm 100% de explosividade. “Isso
significa que qualquer centelha seria
suficiente para explodir esses bueiros,
explicou Luiz Cosenza, que também
coordena a Comissão de Análise e
Prevenção de Acidentes do Conselho.
No total, os técnicos do CREA-RJ e da Light vistoriaram 17 bueiros.
Além dos cinco em situação de maior
risco, constatou-se que em sete deles a
chance de explosão oscila entre 60% e
80%. Em apenas cinco bueiros não foi
Vistoria do Conselho junto com técnicos da
Light constatou presença de gás em bueiros
do centro do Rio de Janeiro
detectada a presença de gás – medida
por um aparelho chamado explosímetro. As inspeções se concentraram na
Rua da Assembléia, nas proximidades
do local em que, no dia quatro de julho,
quatro bueiros explodiram ao mesmo
tempo. Os resultados servirão de base
para um relatório que será enviado ao
Ministério Público Estadual.
Conselho recebe presidente da CEG
No dia 14 de julho, o presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro,
recebeu o presidente da CEG, arquiteto Bruno Armbrust e membros da
diretoria da empresa para discutir soluções para as explosões que vêm
ocorrendo nas redes subterrâneas do Rio de Janeiro.
Para Agostinho Guerreiro, a visita de representantes da Companhia mostrou a credibilidade que o CREA-RJ vem ganhando nos últimos anos. Segundo ele, a CEG é uma empresa muito importante para
a vida do cidadão, mas, de alguma forma, estava sendo necessária a
explicação complementar sobre a origem de tantos problemas que estavam acontecendo na rede subterrânea.
Bruno Armbrust destacou a importância do Conselho no encaminhamento de soluções para melhorar o funcionamento da rede subterrânea. “Até porque o subsolo do Rio é dinâmico, distintas concessionárias em áreas como comunicação, água, saneamento, gás, energia,
compartilham esse subsolo”, afirmou. Ele ressaltou que a CEG é a única
concessionária que tem todo o seu subsolo digitalizado e mapeado.
“Estamos buscando fazer um sistema em que todas as concessionárias
vão trabalhar dentro de um mapeamento único”, afirmou.
Agostinho Guerreiro e Bruno Armbrust
•
Christiane Sales
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
nicipal de Conservação e Serviços
Públicos, Carlos Roberto Osorio, do
procurador do município, Ricardo
Limongi, do presidente do CREA-RJ,
Agostinho Guerreiro, e do coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Elétrica do Conselho, Luiz
Antônio Cosenza.
45
46
institucional
CAU:
saiba como funcionará o Conselho
de Arquitetura e Urbanismo
O
CAU, Conselho de Arquitetura
e Urbanismo, criado em 30 de
dezembro de 2010, data em que foi
sancionada a Lei 12378 que o regulamenta, dará, no dia 26 de outubro
deste ano, o primeiro passo para sua
efetiva estruturação: a eleição dos conselheiros que irão compor os Plenários
do CAU Nacional e dos Regionais.
Diferentemente do processo eleitoral do Sistema Confea/Crea, a eleição do CAU não elegerá o presidente
de forma direta – ele será escolhido
por seus pares, que por sua vez serão
eleitos pelo voto direto dos profissionais. É um sistema semelhante ao
da Câmara de Deputados, onde os
parlamentares eleitos escolhem, em
Plenário, a Mesa que vai administrar
aquela Casa de Leis por um determi-
nado período. Assim, os arquitetos e
urbanistas elegerão duas chapas de
conselheiros para representá-los, uma
no Conselho Nacional e outra em seu
Conselho Regional. Posteriormente,
estes conselheiros, eleitos de forma
direta, escolherão as Mesas de Coordenação do CAU Nacional e dos Regionais.
com o seu representante do que quando o fazia através da entidade de classe”, acredita.
Realizado pela internet, o pleito
ocorrerá entre 0h e 20 h do dia 26 de
outubro, através do site do CAU. Todos os arquitetos e urbanistas, ativos
ou inativos, registrados no CREA-RJ
receberão pelo correio, no endereço
cadastrado, uma senha para votação.
Para garantir a legitimidade e a segurança do processo, o profissional deverá alterá-la, no site, por uma nova
senha de sua escolha e só depois proceder a votação. Lembrando: o voto é
obrigatório!
Até o fechamento desta edição,
estava prevista para o dia 19 de julho a
publicação do Edital Eleitoral no Diário Oficial da União. (Viviane Maia)
IDENTIFICAÇÃO DIRETA
Para o coordenador-adjunto da
Câmara Especializada de Arquitetura
do CREA-RJ, Celso Evaristo, a eleição fortalece a representatividade do
Conselheiro eleito para a composição
do Plenário – instância máxima do
Conselho. “Elegendo seu Conselheiro
diretamente, o arquiteto e urbanista
terá uma identificação muito maior
•
O que muda com o CAU?
Cada Estado brasileiro vai ter seu
CAU. Os CAUs, como os Creas, são autarquias federais, dotadas de personalidade
jurídica no campo do direito público, criadas para defender a sociedade do exercício ilegal e incorreto dos profissionais de
arquitetura e urbanismo.
Todo arquiteto e urbanista que quiser exercer a profissão deverá se registrar
no CAU de seu Estado. Não é possível fazer
opção de se registrar no CREA e exercer a
profissão de arquiteto pois as suas atribui-
ções estão definidas pela Lei do CAU.
Com a implantação do CAU, as atribuições e os campos de atuação profissional dos arquitetos e urbanistas não
mudam. O que está escrito nos artigos
2º e 3º da Lei 12378 é uma transcrição do
Anexo da Resolução 1.010/2001, do CONFEA, que resultou em um longo trabalho
para definir as ações de cada profissional
no Sistema Confea/Crea. Entretanto, os
arquitetos e urbanistas, agora, têm suas
atribuições gerais definidas em lei, o que
assegura suas atividades profissionais.
Outra questão relevante diz respeito
às associações profissionais de arquitetos
e engenheiros. Elas continuam existindo,
mas a representação nos Conselhos será
diferente. Atualmente, se um arquiteto e
urbanista exerce a função de conselheiro
do CREA, representando uma associação
profissional, ele perde o mandato e terá
que ser votado pelo conjunto dos arquitetos de sua cidade e de seu Estado para
conseguir a vaga de conselheiro no CAU.
institucional
47
Qualidade e excelência
CREA-RJ recebe certificado do Programa Nacional de Gestão Pública e
Desburocratização (GesPública) do Ministério do Planejamento
André Cyriaco
O
Da esq. p/ dir: Luiz Fernando Bergamini, coordenador executivo do GesPública no Rio; César
Viana, gerente da Rede Nacional de Gestão Pública, com o Certificado de Gestão Nível 2, o
primeiro do Sistema Confea/Crea, entregue ao CREA-RJ; e o presidente Agostinho Guerreiro
O presidente do Conselho, Agostinho Guerreiro, agradeceu a presença de Bergamini, que classificou como
“um dos nossos maiores incentivadores. Foi um grande parceiro na conquista desse certificado”, disse.
Segundo Agostinho Guerreiro, a
Carta de Serviços reafirma a função
do Conselho na sociedade. “O CREA
é uma autarquia federal que está a
serviço do público. É por isso que estamos estabelecendo um documento
que será uma referência para informar aos cidadãos os serviços prestados pelo Conselho e quais os padrões
e os prazos de atendimento”, disse.
O certificado é válido até 2012 e a
Carta de Serviços está disponível no
site do CREA-RJ: www.crea-rj.org.br.
A equipe do Comitê Gestor
do GesPública do CREA-RJ é formada por Márcia Tavares (coordenadora), Ricardo Rios, José Luiz
Garcia (consultor), Glaucia Yunes e
Ricardo Rovo.
Na solenidade realizada no Museu
de Belas Artes, também houve o lançamento do Colégio de Entidades Regionais (CDER-RJ) e o pré-lançamento do
Catálogo Empresarial e Profissional
do CREA-RJ – detalhes na próxima
edição. (Christiane Sales)
•
Transparência e Participação
A Carta de Serviços irá permitir ao CREA-RJ um processo de transformação sustentado em princípios fundamentais: participação e comprometimento, informação
e transparência, aprendizagem e participação do cidadão. Esses princípios têm como
premissas o foco no cidadão e a indução do controle social.
O Gespública é um programa criado em 2005 pelo Ministério do Planejamento
para orientar os órgãos públicos a buscar uma gestão de excelência. O CREA-RJ aderiu
formalmente ao Programa GesPública em outubro de 2010.
Revista do Crea-RJ • Junho/Julho de 2011
CREA-RJ avança mais um nível
na busca da excelência da gestão. O Certificado de Gestão Nível 2
do Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GesPública) do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, o primeiro do
Sistema Confea/Crea, foi entregue ao
presidente do CREA-RJ, Agostinho
Guerreiro, pelo representante da ministra Miriam Belchior, engenheiro
César Viana – gerente da Rede Nacional de Gestão Pública – em uma
solenidade no Museu Nacional de
Belas Artes, no dia 25 de julho. Na
ocasião, foi lançada a “Carta de Serviços CREA-RJ – Compromisso com a
Sociedade”, que faz parte do processo
de certificação junto ao GesPública. O
chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico
do Rio de Janeiro, Julio Sérgio Mirilli
de Souza, representou o secretário Júlio Bueno na solenidade.
Também participou do evento
o coordenador executivo do Núcleo
GesPública no Rio de Janeiro, engenheiro Luiz Fernando Bergamini. Ele
definiu a Carta de Serviços do CREA-RJ como “eficaz e bonita”. E ainda
lembrou a contribuição do Conselho
no avanço da posição do estado no
ranking nacional. “O CREA-RJ está
entre os melhores do Brasil, para não
dizer que é o melhor. Esse é o caminho da excelência”, elogiou.
A Carta de Serviços é uma das
exigências do Programa na busca
pela desburocratização dos órgãos
públicos. Ela oferece aos cidadãos a
relação dos serviços prestados pelo
CREA-RJ, as formas de acessá-los
e os compromissos do Conselho no
atendimento.
48
notas
Apagões no Engenhão: CREA-RJ faz vistoria e constata que no-break do
estádio estava desativado por falta de manutenção
Devido aos recentes apagões no estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, a Comissão de Análise e Previsão
de Acidentes (Capa) fez uma reunião
com a empresa responsável pela manutenção elétrica do estádio, Engeprime, e com a Light.
A reunião, no dia 31 de maio, teve como
objetivo esclarecer as causas e buscar
formas de prevenção de outros eventos dessa natureza. O vice-presidente
do CREA-RJ, Clayton Vabo, participou
da reunião. Segundo ele, tudo indica
que não houve falha da Engeprime.
Vabo afirmou que, de acordo com a
vistoria que o CREA-RJ fez, o estádio
não tem no-break, equipamento que
mantém o sistema de iluminação em
casos de falta de energia externa. “O
equipamento existente lá está desativado devido à falta de investimento na
manutenção dele”, disse Vabo.
Segundo ele, a Capa vai fiscalizar o Botafogo, clube responsável pela admi-
nistração do estádio. “O Botafogo participa da operação elétrica do sistema
e até o momento não temos nenhuma
informação que haja um responsável
técnico para isso. Vamos fazer uma fiscalização para verificar essas informa-
ções e exigir as devidas adequações à
legislação”, concluiu.
Os dois apagões aconteceram durante jogos da Taça Rio e da Taça Libertadores. No mês passado o CREA-RJ fez
vistoria na parte elétrica do estádio.
Sistema Confea/Crea presta solidariedade ao Haiti
O Sistema Confea/Crea assinou Carta Compromisso de auxílio ao fortalecimento do Colégio de Engenheiros e
Arquitetos do Haiti. A Carta foi assinada
durante o I Seminário Internacional de
Refundação Solidária do Haiti, realizado
nos dias 29 a 31 de março, em Foz do
Iguaçu. O seminário também debateu a
necessidade de consolidar o Plano Nacional de Prevenção a Catástrofes.
Além do presidente do Confea,
Marcos Túlio de Melo, os presidentes
do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, e do
Crea-PR, Álvaro Cabrini, prestigiaram o
evento. Na ocasião Agostinho lembrou
que o CREA-RJ teve um funcionário
acompanhando a missão no Haiti. Jean
Charles Catalan foi escolhido pelo domínio da língua francesa e por dispor de
passagens e estadias sem ônus para o
Conselho.
A ministra de Planejamento e Habitação da Costa Rica e presidente da
União Panamericana de Associações de
Engenheiros (UPADI), Irene Campos, falou que o auxilio ao Haiti deve conside-
Seminário Internacional reuniu a presidente da União Panamericana de Associações de
Engenheiros (UPADI), Irene Campos, o presidente do Confea, Marcos Túlio, o anfitrião Álvaro
Cabrini, além de numerosos presidentes e lideranças
rar as reais necessidades e preferências
dos haitianos. “A intenção não é impor
um modelo e sim discutir a melhor solução”, analisou.
Para o vice-presidente do Colégio de
Engenheiros e Arquitetos do Haiti, Gerard Emile Brun, o apoio será fundamental para que os profissionais se unam no
País. “O Colégio está formalmente embasado, mas desativado há mais de 20
anos. Precisamos do apoio para nos organizar e relançarmos a instituição, que
terá função primordial na reconstrução
do país”, afirmou.
Em janeiro de 2010 o Haiti sofreu
um terremoto de magnitude sete, que
deixou, pelo menos, 200 mil pessoas
mortas e 300 mil feridas. Desde então o
país tem recebido auxilio do Brasil para
a reconstrução.
notas
CREA-RJ faz vistoria no Maracanã
O CREA-RJ, em conjunto com entidades de classe, fez
uma vistoria técnica no Maracanã no dia três de junho. Apesar da reforma do estádio estar com o cronograma atrasado, os profissionais que participaram da vistoria saíram de
lá otimistas com o cumprimento do prazo estipulado pela
Fifa. As obras no estádio começaram em 2010 e o prazo para
concluí-las é dezembro de 2012.
Mais de 900 profissionais trabalham na obra se revezando em dois turnos. A reforma, que chega a ter um custo de
R$ 1 bilhão, prevê a construção de novas arquibancadas (superior e inferior), 110 camarotes, 10.500 vagas de estacionamento e 231 banheiros.
Para o diretor do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas,
Celso Evaristo, o ritmo da obra é surpreendente. “É inacreditável que, com esse volume de obras, a gente consiga realmente entregar o estádio pronto em 2012. Mas certamente
o cronograma deve ser atendido”, disse.
O presidente do CREA-RJ, Agostinho Guerreiro, mostrou
o otimismo do grupo após a vistoria. “Apesar das deficiências com relação ao planejamento da obra, nós acreditamos
na capacidade da engenharia brasileira. Estamos apostando em ver o Maracanã como um dos maiores e mais bonitos
estádios do mundo. Mas vamos acompanhar e exigir total
transparência dos custos e do processo”, afirmou.
CREA-RJ promove Feira da Roça
O CREA-RJ, em parceria com a prefeitura de Queimados,
promoveu uma pequena Feira da Roça para comemorar o
dia do Meio Ambiente, em 5 de Junho. Produtos agrícolas
como ovos, mandiocas e frutas estavam nas duas barracas
montadas na esquina do prédio do Conselho. A Feira busca
estimular o consumo de alimentos naturais sem agrotóxicos e é realizada todas as quintas-feiras, em Queimados.
Agostinho Guerreiro, engenheiro agrônomo e presidente do Conselho, disse que a opção adotada por alguns agricultores de não produzir alimentos transgênicos valoriza
a produção. “Não há uma definição absolutamente clara e
completa sobre os efeitos dos produtos transgênicos. Apesar da maior produtividade, a não utilização de sementes
transgênicas valoriza o produto”, explicou.
O secretário de Desenvolvimento Rural e Agricultura
de Queimados, Carlos Roberto de Moraes, mostrou bastante contentamento com a parceria com o CREA-RJ. Ele
afirmou, ainda, estar aberto à realização de outros eventos
com o Conselho.
49
50
notas
Conselho prestigia a 40° edição do Calphad
O CREA-RJ esteve presente na 40°
edição do Calphad, seminário da área
de termodinâmica computacional. O
evento, apoiado pela Associação Brasileira de Metalurgia (ABM), foi realizado no Hotel Intercontinental do Rio
de Janeiro. Esta é a primeira vez que
o evento acontece na América Latina. Nos seis dias de seminário foram
abordados temas como modelamento termodinâmico e transformação
de fases. A próxima edição será na
Califórnia.
O Calphad existe há 40 anos. Segundo
o organizador do evento, André Luis Vasconcelos, o seminário busca desenvolver
técnica para fazer previsões sobre o comportamento de materiais. “Essas previsões
são bastante próximas da realidade. O Calphad tem sido uma ponte entre a ciência
aplicada aos materiais e o empirismo usado na metalurgia”, explicou.
O diretor do CREA-RJ, Rockefeller Maciel Peçanha, representou o Conselho no
evento. Ele ressaltou a importância de
investimento na qualificação do profissional de metalurgia. “Essa parceria do
CREA-RJ com a ABM é de extrema importância, porque está qualificando e atualizando os nossos engenheiros e técnicos.
A partir do ano que vem, o Rio vai ser o
maior produtor de aço do Brasil e, por isso,
precisamos investir no profissional”, disse.
Projeto quer transparência nas obras dos megaeventos esportivos
O comitê nacional do projeto Jogos
Limpos Dentro e Fora dos Estádios se
reuniu na sede do CREA-RJ para montar
um plano de trabalho visando à transparência nos investimentos das obras
dos próximos campeonatos esportivos
que serão realizados no Rio de Janeiro.
O projeto é uma iniciativa do Instituto
Ethos, que conta com a participação do
CREA-RJ, do Confea e de organizações
da sociedade civil.
Além de buscar meios para garantir
transparência, integridade e controle social nas obras, a reunião também buscou
ampliar o comitê. Segundo o coordenador nacional de mobilização do Instituto Ethos, Felipe Saboya, essa ampliação
será feita a partir do conhecimento de
profissionais das instituições integrantes
do comitê e de novas adesões.
O presidente do CREA-RJ, Agostinho
Guerreiro, que participou da reunião,
ressaltou a importância do comitê e colocou o Conselho à disposição para dar
as contribuições necessárias. “O comitê
tem uma pretensão extremamente válida, que é a transparência e o acompanhamento das questões que estão em
torno da Copa do Mundo. É um trabalho
sério com o qual o Conselho está bastante comprometido”, disse.
Conselhos em defesa da qualidade da saúde pública
O CREA-RJ, em conjunto com conselhos da área de saúde, assinou um
Protocolo de Intenções para melhorar
a fiscalização de instalações de equipamentos hospitalares no estado do
Rio de Janeiro. Foram realizadas oito
reuniões para discutir o tema antes da
assinatura do documento.
Agostinho ressaltou que o documento será de extrema importância
para o estado. “Nós temos muitos
problemas de manutenção na área
hospitalar e não temos uma fiscalização sistemática. Com a oitava reunião,
vamos dar um grande passo para a
melhoria. É uma contribuição significativa que o Conselho está dando ao
setor”, enfatizou.
A arquiteta do Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de
Saúde do Rio de Janeiro, Marguerita
Abdalla, afirmou que o documento é
uma conquista. “Vamos conseguir o
que queremos por meio da fiscalização
das condições das instalações e das
edificações na área da saúde”, disse.
Além do presidente do CREA-RJ,
Agostinho Guerreiro, a oitava reunião
contou com a participação de representantes dos Conselhos Regionais
de Enfermagem (Coren), Educação
Física (Cref ), Biologia (Crbio), Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito), Medicina (Cremerj), Serviço Social (Cress), Farmácia (CRF), Medicina
Veterinária (CRMV), Nutrição (CRN),
Odontologia (CRO), Psicologia (CRP),
Química (CRQ), Técnicos em Radiologia (CTRT), Fonoaudiologia (Crefone)
e Subsecretaria de Vigilância e Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses (Subvisa).
O Confea aprovou novos procedimentos para a ART. Não existe mais
ART em papel. É obrigatória a ART Online. No caso do CREA-RJ, o
profissional conta agora com um dos Sistemas Corporativos mais
modernos de todo o Sistema Confea/Crea.
Atenção: utilize o navegador Mozilla Firefox e atualize
o Adobe Reader para a versão 9.0 ou superior.
Acesse o Portal
www.crea-rj.org.br e escolha,
no menu, a opção ART e Acervo.
Imprima o boleto e efetue o
pagamento
Clique em ART Online e entre com
seu registro e senha.
Caso não possua uma senha, siga as
instruções na tela.
A ART estará disponível para
impressão, sem a palavra
“RASCUNHO”, apenas após
confirmação do pagamento pela
rede bancária. O número da nova
ART está no boleto de pagamento.
No menu superior, clique em ART e
Cadastrar ART.
Preencha corretamente todos os
campos do documento. Durante o
cadastramento das informações na
ART, cada campo Buscar deverá ser
clicado obrigatoriamente para
carregar as informações. Ao acabar,
clique em Enviar.
Após a confirmação de pagamento
imprima as 3 vias. A 1ª via deverá
retornar à impressora para que no
VERSO sejam listadas as
informações de porte-pago. Ela
deverá ser assinada e enviada para
a sede do CREA-RJ, através dos
Correios, para que faça parte do
seu Acervo Técnico.
Se algum campo não tiver sido preenchido, você será informado imediatamente e poderá RETORNAR para preenchê-lo.
É importante lembrar que após a confirmação, não poderá ser feita nenhuma alteração nos dados preenchidos no formulário.
Outros serviços do Portal CREA-RJ
Emissão de Certidões de
Registro e de Acervo Técnico
Acompanhamento
de Processos
Formulários
Consulta à Legislação
Notícias, WebRadio e WebTV
Emissão de guias de
anuidade e outros débitos
Catálogo Profissional
e Empresarial
Consulta pública ao
cadastro de profissionais
e empresas
Publicações (downloads)
Se mesmo assim houver problemas, envie e-mail para: [email protected]
Engenheiros e arquitetos, realizem
um grande projeto para a sua saúde:
Planos de saúde*
até 40% mais baratos
e benefícios exclusivos.
,11
89
,77
93 120 140 214
,25
,93
,28
Planos
Personal QC
Personal QP
Alfa
Beta
Delta
Até 18 anos
De 19 a 23 anos
De 24 a 28 anos
De 29 a 33 anos
De 34 a 38 anos
De 39 a 43 anos
De 44 a 48 anos
De 49 a 53 anos
De 54 a 58 anos
A partir de 59 anos
80,11
101,79
127,22
133,86
142,00
162,40
196,56
226,03
314,85
480,56
89,77
114,06
142,55
149,99
159,11
181,96
220,23
253,26
352,80
538,47
93,25
122,64
145,48
161,27
171,08
195,65
236,79
272,33
379,35
578,99
120,93
153,64
189,12
201,69
214,34
245,13
296,66
337,60
475,24
725,69
140,28
178,34
222,75
234,36
248,62
284,31
344,12
395,73
550,89
841,38
,15
Ômega
214,15
275,10
336,51
361,78
383,77
438,87
531,17
610,83
850,89
1.298,03
Valores mensais em reais (R$), per capita. Base maio 2010. Pedido de adesão sujeito à análise técnica, de acordo com as normas da Agência Nacional de Saúde - ANS.
Algumas unidades que fazem parte da rede de atendimento:
PLANO PERSONAL
(QC E QP)
PLANO ALFA
• CardioBarra
• Casa de Saúde N.Sra do Carmo
• Clínica Primeira Idade
• Hosp. Ordem Terceira da
Penitência.
Toda a rede do Plano Personal
e mais:
• Casa de Saúde Sta. Therezinha
• Centro Pediátrico da Lagoa
• Clínica São Bernardo
• Hosp. São Lucas
PLANO BETA
Toda a rede do Plano Alfa e
mais:
• Casa de Saúde Sta. Lúcia
• Hosp. Israelita Albert Sabin
PLANO DELTA
Toda a rede do Plano Beta
e mais:
• Casa de Saúde São José
• Hosp. Barra D’OR
• Hosp. Pasteur
• Hosp. Quinta D’OR
• Hosp. Rio Mar
PLANO ÔMEGA
Toda a rede de Plano Delta
e mais:
• Clínica Perinatal Laranjeiras
• Clínica São Vicente
• Hosp. Pró-Cardíaco
Ligue agora e aproveite essa oportunidade:
(21)
2158-0580
Contrato coletivo de assistência à saúde por adesão, celebrado entre Qualicorp Administradora de Benefícios Ltda e a Cooperativa de Trabalho Médico do Rio de Janeiro Ltda (Unimed
Rio), em convênio com o CREA-RJ. Este anúncio contém informações resumidas. Ressalta-se que o benefício referido origina-se de um contrato coletivo. A adesão está condicionada
ao cumprimento integral das condições especícas do contrato e de sua política de comercialização. Os preços e a rede médica credenciada estão sujeitos a alterações, por parte da
operadora, respeitadas as disposições contratuais e legais (Lei 9656/98). Condições contratuais disponíveis para análise, podendo ser solicitadas pelo telefone 21 2158-0580.
ANS-nº393321
ANS
AN
S-nº39
º3933
3321
21
80
*Comparado com planos
pla
individuais.
ividuais
Planos a partir de
Download

Revista do CREA-RJ