UMA ANÁLISE ACERCA DAS CONCEPÇÕES DE TECNOLOGIA
APRESENTADAS POR PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E
SÉRIES INICIAIS
OLIVEIRA, Diene Eire de Mello Bortotti de
[email protected]
Eixo Temático: Didática: Comunicação e Tecnologia
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Convivemos com TIC cotidianamente, sem que elas tenham alterado profundamente as nossas
salas de aula. Existe ainda um descompasso entre as mudanças ocorridas nos vários âmbitos
da sociedade e da escola. Faz-se necessário compreender como os professores percebem a
Tecnologia. O presente estudo teve como objetivo de identificar a concepção de tecnologia
dos professores e qual a atitude inicial acerca das “tecnologias” como componente na sua
formação como pedagogos. O levantamento foi realizado no primeiro dia de aula,(segundo
semestre de 2010), antes da apresentação do programa, objetivos e conteúdos a serem
trabalhados, no sentido de diagnosticar os conceitos presentes. O grupo em questão era
composto por 34 alunos/professores do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de
Londrina (UEL). Para tal levantamento utilizou-se um único instrumento contendo duas
questões abertas. Os dados coletados demonstraram que a maioria dos alunos/professores
possui (50%), se apresentam na categoria 2 - ou seja, uma visão ainda “confusa” e discordante
da literatura acerca do conceito de tecnologia. As respostas enfatizaram a tecnologia apenas a
objetos e artefatos tecnológicos da comunicação, restringindo-se apenas aos computadores e
internet. A categoria 1 - que compõem respostas em conformidade com a literatura, sendo,
portanto uma visão mais ampla do conceito teve a adesão de 14 alunos/professores (41,2%).
A categoria 3 - que compõem respostas de difícil análise, pois não apresentaram conceitos,
mas juízo de valor acerca do objeto, foram apresentadas por apenas 3 alunos (8,8%) da
amostra.As análises indicam também a importância de considerar as necessidades formativas
dos professores, que apesar do pouco conhecimento sobre as TIC se apresentam abertos às
novas aprendizagens.
Palavras-chave: Tecnologia. Concepção. Professores
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Introdução
O impacto das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na sociedade atual é
visível em quase todos os aspectos da vida humana, que vão desde mudanças no mundo
trabalho, como em novas formas de interação e relação entre os homens.
A escola não escapa à tendência corrente de mudanças que sofrem todas as
organizações. Entretanto, no caso da escola, a incorporação de tecnologias se dá de maneira
menos rápida e menos intensa que em outros espaços, como o setor produtivo. A escola é
solicitada a formar o homem, o cidadão, o trabalhador e, necessariamente, novos desafios lhe
são colocados.
Desta forma, é possível afirmar que existe ainda um descompasso entre o vivido nas
várias instâncias da sociedade e o que ocorre na escola. O setor produtivo acata as novas
ferramentas tecnológicas, como sinônimos de crescimento, desenvolvimento e progresso,
enquanto na educação, as barreiras para utilização das TIC vão desde a instrumentalização
técnica dos profissionais, aos custos da implantação das tecnologias, bem como às questões
culturais.
Para Biancheti (2001), as TIC bem como os dados e informações que possibilitam o
seu armazenamento e veiculação, representam poderosos meios para a produção do
conhecimento,
desvelamento
da
realidade,
facultanto
ao
homem
nela
interferir
conscientemente. Se a quantidade e qualidade pudesse ser entremescladas, passaria a ser
possível pensar em uma sociedade em que a esfera pública e o interesse coletivo ganhem
primazia sobre os interesses privados, unilaterais de uma classe ou de um bloco de países.
Enquanto isso não se efetivar, a chamada sociedade do conhecimento não passará de um
simulacro ou de um eufemismo para mascarar a contradição de um lugar e de um tempo da
história.
Também para Cool e Moreneo (2010, p. 20) estamos na sociedade da informação:
Graças a interligação entre diferentes computadores digitais e à internet chegamos,
assim, Strictu sensu, à Sociedade da Informação, que poderíamos definir como um
novo estágio de desenvolvimento das sociedades humanas, caracterizado, do ponto
de vista das TIC, pela capacidade de seus membros para obter e compartilhar
qualquer quantidade de informação de maneira praticamente instantânea, a partir de
qualquer lugar e na forma preferida, e com um custo muito baixo.
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Na opinião de Ramal (2002), a cultura polifônica que começa a se instaurar em nosso
tempo, não apenas pode constituir um questionamento decisivo para a sala de aula
monológica, como também favorecer o papel da memória, abolindo pensamento linear,
substituindo a página sequencial pela navegação em múltiplas dimensões, animando uma
transgressão de fronteiras curriculares a partir das conexões entre os saberes, a Internet e, em
especial, o hipertexto contemporâneo, com seu mundo de cultura, vozes, sites e personagens.
Convivemos com TIC cotidianamente, sem que elas tenham alterado profundamente
as nossas salas de aula.
Para Sancho (2006), a principal dificuldade para transformar os contextos de ensino
com a incorporação das tecnologias diversificadas de informação e comunicação parece
encontrar-se no fato de que a tipologia de ensino dominante na escola é a centrada no
professor.
Ao mesmo tempo em que as tecnologias avançam para todos os aspectos da vida
humana, estamos vivendo um tempo de crise de paradigmas. O velho já não nos satisfaz,
porém não sabemos ainda lidar com o novo. Velho, não no sentido preconceituoso da palavra,
mas que corresponde a um modo de fazer ciência e educação que já não oferece respostas
eficientes no momento vivido.
Com base na problemática citada, alguns questionamentos são recorrentes: Qual a
concepção de tecnologia dos professores?Qual a atitude inicial acerca das “tecnologias” como
componente curricular na sua formação enquanto pedagogo?O presente estudo pretende
responder a tais indagações não de forma exaustiva, mas no sentido de problematizar e refletir
o que pensam esses professores a fim levantar subsídios que possam ser úteis na formulação
de programas de formação de professores para o uso das TIC.
Muitos autores apontam a necessidade de formação do professor para lidar com as
mídias como fator fundamental no processo de construção da aprendizagem no atual
momento histórico. Para Cool e Monereo (2010), o impacto das TIC na educação, é um
aspecto particular de um fenômeno muito mais amplo, relacionado com o papel das
tecnologias na sociedade atual.
Rivoltella (2007) ao discorrer sobre a escola italiana aponta similaridade com a
relaidade brasileira, ao apontar que s professores não estão preparados para lidar com as
diversas mídias. Os cursos de formação não abrem espaço para esta discussão e
conseqüentemente não preparam os profissionais para esta realidade. Ele aponta ainda, que
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muitos professores ainda acreditam que mídia-educação se resume apenas na utilização dos
aparelhos na sala de aula. É difícil convencê-los de que a mídia deve ser parte do processo,
deve estar articulada com o cotidiano dos alunos e que deve ser, inclusive, objeto de estudo.
De acordo com Rodriguez (2005), uma nova abordagem para a educação está a nos
desafiar no sentido da construção de novos ambientes de ensino e aprendizagem. No entanto,
estamos atônitos com a enxurrada de informações, mas presos aos modelos nos quais fomos
formados. Estamos convivendo com modos de vida e hábitos diferentes daqueles nos quais
fomos educados.
Para Pino (2000), a entrada das novas tecnologias na escola não elimina as questões de
fundo, as quais dizem respeito às diferentes concepções da natureza do conhecimento e dos
processos da sua aquisição. Trata-se de um velho problema epistemológico mal ou nunca
resolvido e que continua a operar por meio de práticas pedagógicas que traduzem certos
modos de ensino escolar. Diferentes concepções do conhecimento determinam diferentes
concepções da aprendizagem que, por sua vez, determinam formas diferentes de ensinar e
tipos diferentes de relação pedagógica.
Para a autora, apesar das mudanças ocorridas nas práticas pedagógicas em épocas mais
recentes, não seria exagerado afirmar que ainda prevalece em grande escala, no meio escolar,
a ideia de que o ensino é fundamentalmente um ato de transmissão de conhecimento.
Corroborando as ideias de Pino, vemos que o problema continua o mesmo: o de natureza
epistemológica, ou seja, continuamos a nos questionar sobre como se dá o conhecimento.
Assim não são as tecnologias sinônimo de problemas ou soluções; elas apenas clarificam os
problemas, diante dos quais poderíamos ficar inertes por uma infinidade de anos.
Método e Procedimentos
Com base no quadro acima, o presente estudo buscou compreender o que pensam
professores Educação Infantil e das Séries Iniciais acerca das tecnologias, quais são as
concepções presentes. O levantamento em questão buscou ainda verificar a visão dos mesmos
acerca da disciplina de Educação e Tecnologia no Curso de Pedagogia. A disciplina é parte
integrante do projeto pedagógico do curso de curso ofertado pela Universidade Estadual de
Londrina na primeira série com carga horária de 60 horas.
O levantamento foi realizado no primeiro dia de aula,(segundo semestre de 2010),
antes da apresentação do programa, objetivos e conteúdos a serem trabalhados, no sentido de
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diagnosticar a concepção dos mesmos. O grupo em questão era composto por 34
alunos/professores (todos do sexo feminino) do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual
de Londrina (UEL). Todas eram professoras da rede pública municipal de diversos
municípios da região de Londrina – Pr. O curso era ofertado por meio doPlano Nacional de
Formação de Professores da Educação Básica (Parfor). O Plano foi lançado em maio de 2009
com a pretensão formar 330 mil professores que já atuam na Educação Básica sem
licenciatura, por meio da articulação entre o Ministério da Educação, instituições de ensino
superior e secretarias estaduais e municipais de educação.
Para tal levantamento utilizou-se um único instrumento contendo duas questões
abertas: O que você entende por Tecnologia? Por que estudar e Educação e Tecnologia no
curso de Pedagogia? Os dados foram tabulados e analisados buscando agrupar respostas a
partir de três categorias: 1) respostas em conformidade com a literatura. 2) respostas
discordantes com a literatura. 3) respostas de difícil análise, que não apresentam clareza de
ideias.
Desenvolvimento
Os dados coletados apresentaram os seguintes resultados a partir das categorias
elencadas acima:
Tabela 1 – Respostas dos alunos/professores
CATEGORIAS
TIPOS DE RESPOSTAS
NÚMERO
Categoria 1 - respostas em
conformidade com a literatura.
“Tecnologias são aplicações dos
conhecimentos em problemas do
cotidiano.”
14
Categoria 2 - respostas
discordantes com a literatura
“Tecnologias são computadores e
internet.”
17
Categoria 3 - respostas de
difícil análise
“Tecnologias são boas para as nossas
vidas.”
03
Fonte: Dados organizados pela própria autora
Ao analisar os dados acima se pode afirmar que a maioria dos alunos/professores
possui (50%) uma visão ainda “confusa” e discordante da literatura acerca do conceito de
tecnologia. As respostas enfatizaram a tecnologia apenas a objetos e artefatos tecnológicos da
comunicação, restringindo-se apenas aos computadores e internet. A categoria 1 - que
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compõem respostas em conformidade com a literatura, sendo, portanto uma visão mais ampla
do conceito teve a adesão de 14 alunos/professores (41,2%). A categoria 3 - que compõem
respostas de difícil análise, pois não apresentam conceito, mas juízo de valor acerca do objeto
foram apresentadas por apenas 3 alunos (8,8%) da amostra.
De acordo Sancho (1998) as tecnologias não se restringem a máquinas e
equipamentos, e sugere classificações como: tecnologias instrumentais, (livro, quadro de giz,
caneta, etc.); as tecnologias organizadoras (gestão e controle da aprendizagem, disciplina,
etc.) e as tecnologias simbólicas que medeiam a comunicação (linguagem, representações
icônicas, o próprio conteúdo do currículo).
Desta forma, as tecnologias vão para além dos objetos e ferramentas construídos pelo
homem, pois implicam também no conhecimento desenvolvido, não sendo apenas objetos
físicos e materiais, mas implicam também em formas de organização e conhecimentos
produzidos pela humanidade com o intuito de organizar e resolver problemas do cotidiano.
Na atual sociedade convencionou-se denominar de tecnologias somente os objetos ou
ferramentas da comunicação, como computadores, aparelhos de celular, iphone, etc. De
acordo com as respostas dos professores, são tecnologias, apenas artefatos ou equipamentos
de comunicação e informação considerados entre eles, os mais “modernos”. Desta forma,
todas as outras tecnologias utilizadas no seu cotidiano, como automóveis, utensílios
domésticos e tantos outros não foram citados. O mesmo ocorreu com as tecnologias utilizadas
no seu fazer docente, como livros, quadro de giz, etc, que também não foram mencionados
pelos professores.
Importante, destacar que em nenhuma das respostas a Tv aparece como fazendo parte
das tecnologias. Boa parte das respostas, mesmo daqueles professores que apresentaram um
conceito amplo, no momento de responder “por que estudar as tecnologias no curso de
Pedagogia”, enfatizaram a necessidade de obter conhecimentos na área de informática.
Tal fenômeno pode ser analisado de diversos ângulos. Entretanto, é possível afirmar
que a Tv e outros artefatos tecnológicos já fazem parte do cotidiano da família brasileira. Tal
fenômeno deve-se ao baixo custo do produto, bem como à melhoria da qualidade de vida da
população.
Entretanto, importante observar que o fato da Tv não ter sido apontado por nenhum
professor, pode também levar a outras considerações. 1) A Tv por ser conhecida e assistida
por todas as pessoas independente de seu poder aquisitivo, não necessita de nenhuma
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formação para seu uso enquanto meio didático, e nem mesmo como veículo de informação e
comunicação que mereça ser analisado, discutido e explorado pelos professores em sala de
aula. 2) A Tv não é considerada como “nova tecnologia” pelos professores, mas apenas os
computadores merecem ser estudados na disciplina de Educação e Tecnologia.
Importante analisar a atitude dos professores frente às TIC, retomando as ideais de
Adorno e Horkheimer (1985), ao apontarem que apesar de toda informação, a semiformação
passou a ser a forma dominante de formação de consciência. Dentro de tal perspectiva,
apontada pelos autores, tem-se a ideia de que tudo está explicado, classificado e que o
indivíduo passa a fazer a parte de tal “teia”, perdendo assim a possibilidade de reflexão crítica
acerca dos conteúdos veiculados.
Pode-se tomar como hipótese que s alunos/professores ao não considerarem a Tv
como parte dos estudos da disciplina de Educação e Tecnologias, demonstram que este é um
veículo conhecido e até ultrapassado em termos de tecnologias, pelo simples fato de que não
existe dificuldade no seu manuseio, basta apenas clicar um botão e a Tv funciona dentro de
certa lógica de programação. Caso inverso, ocorre com os computadores, que necessitam da
ação ativa do sujeito no objeto, (chamados de comandos) para que o artefato possa dar
respostas.
Aspecto importante também foi apontado por Barreto (2005), demonstrando que as
tecnologias da Informática são os mais presentes também nas teses e dissertações a partir de
2002. O estudo mostra que estudos acerca de TV e vídeo aparecem em um crescendo até
2000, apresentando queda significativa nos anos subsequentes. Em sua maioria, as teses e
dissertações tratam da TV Escola e de outros programas voltados para a utilização destes
equipamentos visando à formação de professores a distância.
Portanto, também as pesquisas, tem dado mais ênfase às questões relacionadas à
informática, deixando num segundo plano, as outras tecnologias de comunicação e
informação.
Importante salientar que apesar de todo avanço tecnológico nas mais diferentes áreas,
a educação escolarizada, principalmente nos municípios de pequeno porte ainda estão à
margem de tal processo. De acordo com o grupo estudado, apenas 20% das escolas possuíam
laboratório de informática. Dentre os professores ainda, observou-se que aproximadamente
40% não utilizavam computadores. Sendo que 12%, nunca haviam desenvolvido nenhuma
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atividade com o computador, como pesquisar, receber e enviar email, etc. Este grupo não
tinha domínio básico do computador.
Apesar destes dados, todos os alunos/professores apresentaram atitudes iniciais
positivas em relação à disciplina de Educação e Tecnologias. A partir das respostas obtidas
pode-se levantar como hipótese que apesar do uso restrito das TIC no cotidiano do trabalho
docente, eles consideram que tal aprendizado é necessário para sua atuação profissional.
Assim, apesar da emergência do chamado novo paradigma, as mudanças no seio da
escola tardam a se efetivar, as práticas sofrem poucas ou quase nenhuma inovação. Cunha
(2008 p.467) aponta:
Alterar as práticas tradicionais da sala de aula não é uma tarefa simples, pois estas
estão alicerçadas numa consistente trajetória cultural. São mais de dois séculos de
presença do pensamento positivista a influenciar as experiências com a educação
escolarizada e o as representações sociais que fazemos da escola e da sala de aula. A
utopia republicana, ao garantir a democratização da educação fundamental,
favoreceu o fortalecimento quase universal das funções da escola e dos papéis dos
professores e alunos. Essas funções são experienciadas pelos futuros professores
com forte inserção temporal, pois todos apreendem essas representações por longos
anos de formação.
Moraes (2004, p.238) afirma:
É um momento da humanidade na qual convivem dois mundos diferentes,
representados por quadros epistêmicos diversos, com suas teorias e seus modelos
diversificados e até rivais. É uma nova visão de mundo que tenta emergir e se firmar
neste novo cenário, mesmo sabendo que existe outra tradicional e reducionista que
não consegue morrer ou que ainda não consegue fazer que seus princípios, suas
teorias e noções-mestras desapareçam e que traduz um arcabouço teórico fundado
em valores e tênues limites predatórios que lutam para não desaparecer.
Assim como Moraes, Pretto (2005) trata sobre fenômeno das tecnologias e como elas
implicam um novo modo de pensar a educação, exigindo novas formas de pensar a escola e o
conhecimento por meio de teorias que possam dar conta dos processos de ensinar e aprender
no universo digital.
A discussão em torno da qualidade da escola passa necessariamente por uma
adequação curricular que pressupõe o mundo vivido. E, nesse contexto, crianças e jovens têmse apropriado das tecnologias principalmente da Internet para realização das tarefas cotidianas
e, principalmente, como instrumento de lazer. No entanto, apesar de programas
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governamentais, como Proinfo1 (Programa Nacional de Tecnologia Educacional),
Proformação2 (Programa de formação de professores em exercício) e DVD Escola3, as
tecnologias ainda não adentraram na escola de forma a alterar o estado em que se encontra a
educação brasileira.
Iniciativas como as da Secretaria de Educação do estado do Paraná, com o portal diaa-dia educação e o projeto das Tvs Laranja (também conhecida como Tv Pen Drive), são
importantes. No entanto, perdem-se ao não ir direto ao foco: a formação do professor.
Estamos presenciando professores que ganharam o pen drive, mas nunca tiveram atividade
com tal ferramenta, visto que não foram formados para tal realidade. As políticas
governamentais empenham grande esforço na aquisição de equipamentos e prédios, que são
de extrema relevância, mas pecam por não proporcionarem ao docente capacitação mínima
para o uso responsável e eficiente da tecnologia. Em nenhuma empresa ou instituição se
investe em equipamento de alto custo sem se investir primeiramente no manipulador, pois
compreende-se que o sucesso da atividade depende não da alta tecnologia do equipamento
mas da competência técnica de quem a manipulará. No entanto, em se tratando de educação,
os programas congregam apenas um pequeno grupo de professores que acabam por não se
transformarem em multiplicadores desses conhecimentos, em seus espaços de trabalho por
inúmeras razões que não tratarei neste texto.
Desta forma, não faltam críticas à escola, como lugar ultrapassado, distante do mundo
real, protegido em parte por uma redoma de vidro que tem a função de blindagem não
permitindo que as inovações alterem seu ritmo, suas metodologias, e, o mais importante faça
com que os alunos aprendam os conteúdos escolares de forma a se emanciparem como
pessoas.
1
O proinfo iniciou em 1997 e tem como objetivo capacitar professores para o uso de tecnologias da informática
no processo de ensino. Instalou em cada estado da federação um Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) que
são unidades descentralizadas no intuito de dar suporte e capacitação a professores. O projeto beneficia escolas
públicas com mais de 150 alunos.
http://portal.mec.gov.br/seed/
2
O proformação é um programa de formação de professores em exercício que não possuem habilitação mínima
(em nível médio)que atuam nas séries iniciais do ensino fundamental e na educação infantil. Ocorre na
modalidade de Educação a distância.
http://portal.mec.gov.br/seed/
3
O Projeto DVD Escola integra um conjunto de políticas e ações do Ministério da Educação cujo foco é garantir
a universalização, o elevado padrão de qualidade e a eqüidade da educação básica no Brasil, através da
democratização dos Programas da Tv Escola, com 150 horas de programação. Ao todo serão atendidas 50 mil
escolas. Guia de programas: http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/grades/guia_dvd_escola.pdf
7654
Sancho (2006) diz que a escola tem de enfrentar demandas diferentes e, às vezes
contraditórias, já que de um lado organismos internacionais advertem sobre a importância de
educar alunos para a Sociedade do Conhecimento, para que possam pensar de forma crítica e
autônoma e saibam resolver problemas, comunicar-se com facilidade, reconhecer e respeitar
os demais, trabalhar em colaboração e utilizar intensivamente as TIC. No entanto, uma
proposta educacional eficiente requer para isso uma escola equipada, com currículos
atualizados e principalmente professores com formação adequada para a realidade que
estamos vivenciando.
Considerações Finais
Como indicam os inúmeros os diversos estudos que tratam do tema formação de
professores e uso das TIC, em seus mais diferentes matizes, não há como negar a prevalência
do mundo digital e força motriz dessas tecnologias no modo de viver do homem. Portanto, a
escola é o local por excelência para que estudos, aplicações e reflexões aconteçam. É papel do
estado investir em políticas públicas para a implantação das TIC, bem como formar o
professor para que ele possa compreender, analisar, aplicar e até produzir materiais/programas
e produtos que possam ser utilizados no seu fazer pedagógico.
Entretanto, os programas e cursos de formação devem levar em conta o que pensam e
quais são as atitudes dos professores diante deste paradigma. Tais programas também devem
levar em conta, que não bastam simples aplicações técnicas das TIC, mas que possam dar
subsídios para a melhoria da aprendizagem dos alunos nos conteúdos específicos, mas que ao
mesmo tempo possam contribuir para a formação de um cidadão crítica e reflexivo, capaz de
fazer a leitura do mundo vivido. O pressuposto aqui assumido é que não podemos formar
alunos e professores como simples consumidores das TIC, mas que possam desenvolver
capacidade de análise e crítica das mesmas. Portanto, as TIC não podem se restringir ao
simples manuseio de computadores e aplicação de softwares.
As análises indicam também a importância de considerar as necessidades formativas
dos professores, que apesar do pouco conhecimento sobre as TIC se apresentam abertos às
novas aprendizagens.
7655
REFERÊNCIAS
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anual
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RIVOLTELLA, Píer Cesare. Falta cultura digital na escola. Entrevista publicada em
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uma análise acerca das concepções de tecnologia apresentadas