COLÉGIO ESTADUAL JOSÉ DOMINGUES DA COSTA – ENS.
FUND. E MÉDIO
PLANO DE AÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
CONGONHINHAS
2013
COLÉGIO ESTADUAL JOSÉ DOMINGUES DA COSTA – ENS. FUND. E
MÉDIO
PLANO DE AÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
1 - IDENTIFICAÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
Estabelecimento: Colégio Estadual José Domingues da Costa – Ensino
Fundamental e Médio
CIDADE: Congonhinhas
INTEGRANTES:
Pedagoga: Rosana Célia Santos Paiva
Agente Educacional: Anamary Queiroz Severino, Enilda Dal Santos e Zunete
da Silva Molonha.
Instâncias Colegiadas: Lucia Yara Camargo
Área de humanas: Adalcira Canedo da Silva, Kellen Cristina Ribeiro da
Rocha, Cleber Tadeu da Costa, Célia de Souza Alves, Marcia Almeida
Monteiro e Jeferson Parucci Felix.
Área de Exatas: Irene Maria Gonçalves.
Área de Biológicas: Sergio Aparecido Tozzo.
2- OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS

Inserir e fazer cumprir o plano de ação da equipe multidisciplinar na
documentação da escola tais como Proposta Pedagógica, Proposta
Curricular, Plano do Trabalho Docente, Regimento Escolar;

Possibilitar a implementação da lei 10.639/03 que torna a cultura
africana parte do currículo escolar;

Ter conhecimentos sobre as questões raciais que são vivenciadas na
sociedade e no contexto escolar;

Proporcionar momentos de discussão e reflexão sobre as questões
relacionadas à discriminação e preconceitos de quaisquer naturezas
seja social, racial, religioso etc...
 Redirecionar o olhar pedagógico, incluindo os afro-brasileiros na
condição decisórios para a construção da sociedade;
 Resgatar a cultura africana no ambiente escolar proporcionando a
valorização e a construção da Identidade histórica do negro;

Propor metas e ações que envolva toda a comunidade escolar em
momentos de mobilização e reflexão das discussões de questões que
envolvam a valorização das diversidades;
 Participar de curso de Formação Continuada;

Organizar oficinas com temas específicos;
 Realizar eventos culturais na semana de 18 a 22 de novembro sobre a
consciência negra envolvendo toda comunidade.
3 – JUSTIFICATIVA
Sabe-se que apesar da influência marcante da cultura européia por força
da colonização ibérica em nosso país, a cultura tida como dominante não
conseguiu, apagar as culturas indígenas e africanas, ao contrário, o
colonizador europeu deixou-se influenciar pela riqueza da pluralidade cultural
de índios e negros. Mas o modelo de organização implantado pelos
portugueses também se fez presente no campo da educação e da cultura.
Embora sejamos resultado de múltipla cultura, em virtude de nossa formação
histórico-social, tornando uma nação multirracial e pluriétnica, de notável
diversidade cultural, a escola brasileira ainda não aprendeu a conviver com
essa realidade e, por conseguinte, não sabe trabalhar com as crianças e jovens
dos estratos sociais mais pobres, constituídos, na sua grande maioria, de
negros e mestiços.
Diante desta constatação faz se necessário promover ações que
permitam que educadores e alunos façam uma releitura de mundo e uma
revisão de conceitos que através de estudos e reflexões de conta de romper
com o modelo vigente garantindo práticas educativas capaz de garantir a
cidadania e a igualdade racial é o que se propõem com este projeto.
4. AÇÕES A SEREM DESENVOLVIDAS
4.1 Diagnóstico Etnicoracial da escola
Faz-se necessário uma análise reflexiva dos sujeitos que compõem esta
instituição escolar, observando como ela é composta e como a questão racial e
a diversidade tem sido tratada, para observação e análise serão analisados os
dados disponíveis na escola como números de matricula, sucesso escolar,
análise do plano de trabalho docente e demais dado que permitam um
diagnóstico que orientara ações que promova a discussão e reflexão do papel
da escola frente as diversidades.
4.2 Necessidades formativas
Grupos de estudo com a equipe multidisciplinar e demais agente da
comunidade enfatizando o tema das Relações étnico-raciais no Brasil, as
diversidades, educação do campo, educação indígena e a legislação.
Cursos ofertados pela SEED sobre as questões das diversidades.
4.3 Análise dos Documentos Internos da Escola
Analisar o Projeto Político da escola observando como o mesmo contempla as
questões étnico-raciais e as diversidades e como isso se dá de fato na prática
pedagógica e se os planos de trabalho docente atende aos anseios de uma
educação para formação da dignidade e o respeito às diversidades seja social,
cultural de gênero ou raça.
4.4 Analise do Plano de Trabalho docente
História
- A do negro visto como escravo: não se pode naturalizar a situação do
negro como escravo. Os negros não eram escravos, foram escravizados. A
África não é uma terra de escravos. Os povos africanos eram portadores de
historia, de saberes, conhecimentos, na maioria das vezes transmitida pela
oralidade.
- A da África como um continente primitivo: a imagem de que o continente
africano é povoado por tribos primitivas em imensas florestas está presente
no imaginário da maioria das pessoas. Trata-se de imagem construída
pelos meios de comunicação e pelos próprios livros didáticos. Na África,
tivemos grandes reinos (como por exemplo o Egito Antigo). Muitos das
tecnologias utilizadas no Brasil, no cultivo da cana-de-açucar e na
mineração, foram trazidos pelos negros oriundos da África.
- A de que o negro foi escravizado porque era mais dócil, menos rebelde
que os Indígenas: esta idéia esta presente em muitos livros didáticos.
Omite-se que a historia dos africanos escravizados esta inserida num
contexto de acumulação de bens de capital, ocorrida entre os séculos XVI e
XIX, envolvendo África, Europa e Américas. No Brasil há uma historia de
organização e resistência, desde as vindas nos navios negreiros, as fugas
individuais e coletivas para os quilombos, a organização em irmandades, a
resistência da cultura nas manifestações religiosas dos batuques e terreiros,
até as formas de negociação para a conquista da liberdade.
- A da democracia racial: tendência que se forjou na sociedade brasileira,
mascarando o tratamento desigual destinado aos afrodescendentes.
- Dos povos escravizados trazidos para o Brasil pelo trafico negreiro e as
conseqüências da Diáspora Africana.
- Das resistências do povo negro (Quilombos, Revolta dos Males, Canudos,
Revolta da Chibata e todas as formas de negociação e conflito).
- Da promulgação da Lei de Terras e do fim do trafico negreiro (1850) e o
impacto das ideologias de branqueamento / embranquecimento sobre o
processo de imigração européia.
- Dos remanescentes de quilombos, sua cultura material e imaterial.
- Da Frente Negra Brasileira, no inicio dos anos 1930, criada em São Paulo.
- Do significado da data 20 de novembro, repensando o 13 de maio.
Língua Portuguesa
Realizar com os alunos estudos e pesquisas de países que falam a
língua portuguesa. Apurar diferenças do português falado e escrito ente eles.
Exemplos:
- na alimentação: vatapá, acarajé, caruru, canjica, etc;
- na musica: os instrumentos musicais maracá, cuíca, atabaque, reco-reco,
agogô, e
- na religião: umbanda e candomblé.
Após debates sobre textos propostos aos alunos, solicitar que produzam
textos sobre temas como:
- o racismo no Brasil;
- a presença do negro na mídia;
- políticas afirmativas, cotas;
- mercado de trabalho etc.
•
Analisar implicações da carga pejorativa atribuída ao termo negro e
outras expressões do vocabulário.
•
Realizar com os alunos de obras literárias de escritores negros
como Cruz e Souza, Lima Barreto, Machado de Assis, Solano
Trindade etc., destacando a contribuição do povo negro à cultura
nacional.
•
Ler e interpretar letras de musicas relacionadas à questão racial.
•
Propiciar acesso aos gêneros musicais do samba e rap.
•
Propor que os alunos produzam poesias relacionadas ao povo
afrodescendente e sua cultura. A partir dessa literatura, a criança
afrodescendente constrói uma imagem da realidade social que não a
inclui.
•
Na pintura, interpretar obras de Di Cavalcanti, Lazar Segall e
Candido Portinari que retratam a figura do negro.
Educação Física
•
Danças e suas manifestações corporais na cultura afro-brasileira.
•
Manifestações corporais expressas rio folclore brasileiro.
•
A capoeira, seus significados e sentidos no contexto histórico-social,
como elemento da cultura corporal. Por meio da capoeira, torna-se
possível resgatar a historicidade do negro, desde o momento em que
foi retirado do continente africano. São exemplos significativos as
suas danças de guerra, caça, festas, como a da puberdade e as
grandes caminhadas pelas florestas. Tais elementos representam
subsídios na construção de propostas para o trabalho pedagógico
nas escolas.
Ciências
•
Estudo das características biológicas (biótipo) dos diversos povos;
•
Contribuições dos povos africanos e de seus descendentes para os
avanços da Ciência e da Tecnologia.
Matemática
•
Análise dos dados do IBGE sobre a composição da população
brasileira e por cor, renda e escolaridade no país e no município.
•
Analise de pesquisas relacionadas ao negro e mercado de trabalho
no país.
•
Realização com os alunos de pesquisas de dados no município com
relação à população negra.
Arte
- Na pintura: interpretação das obras de Di Cavalcanti, Lazar Segall e
Candido Portinari que retratam a figura do negro.
- Histórico de musicas e instrumentos;
- Musicas dos cantores: Paulinho da Viola, Clara Nunes, Zeca Pagodinho;
- Letras de musicas relacionadas à questão racial;
- Propiciar acesso aos gêneros musicais do samba e rap;
- produção de parodias coletivas;
- Danças típicas: africanas, samba, capoeira, congadas;
- Confecção de instrumentos musicais para capoeira: berimbal, atabaque,
chocalho, reco-reco, agogô, pandeiro;
- Filmes: Kirikou e a Feiticeira, Besouro-Da capoeira nasce um herói.
Filosofia
Ética – valores, atitudes, violência;
Filmes – poesia, música
Estética – cultura, arte africana
Sociologia
O processo de socialização – valorização das diferenças
Trabalho – classes sociais – texto informativo para reflexão
Direitos – cidadania e dignidade humana.
4.5 Analise e orientações as possíveis situações de discriminação
étnico-racial
O analise e orientações das possíveis situações de discriminação étnicoraciais serão enfatizadas durante as atividades desenvolvidas pela equipe
multidisciplinares as quais estarão previstas no Projeto Político Pedagógico
(PPP) e no Plano de Trabalho Docente (PTD).
Somente o conhecimento da história da África e do negro poderá
contribuir para se desfazer os preconceitos e estereótipos ligados ao segmento
afro-brasileiro, além de contribuir para o resgate da auto-estima de milhares de
crianças e jovens que se vêem marginalizados por uma escola de padrões
eurocêntricos, que nega a pluralidade étnico-cultural de nossa formação.
Reconhecer exige que se questionem relações étnico-raciais baseadas
em preconceitos que desqualificam os negros e salientam estereótipos
depreciativos, palavras e atitudes que, velada ou explicitamente violentas,
expressam sentimentos de superioridade em relação aos negros, próprios de
uma sociedade hierárquica e desigual.
Reconhecer é também valorizar, divulgar e respeitar os processos
históricos de resistência negra desencadeados pelos africanos escravizados no
Brasil e por seus descendentes na contemporaneidade, desde as formas
individuais até as coletivas.
Reconhecer exige a valorização e respeito às pessoas negras, a sua
descendência africana, sua cultura e historia. Significa buscar, compreender
seus valores e lutas, ser sensível ao sofrimento causado por tantas formas de
desqualificação: apelidos depreciativos, brincadeiras, piadas de mau gosto
sugerindo incapacidade, ridicularizando seus traços físicos, a textura de seus
cabelos, fazendo pouco das religiões de raiz africana.
Com a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, tornou-se obrigatório
no currículo escolar da educação básica o “estudo da História da África e dos
africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na
formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas
áreas social, econômica e política pertinente à História do Brasil” a Lei
representa um avanço ao possibilitar a construção de um multiculturalismo
crítico na escola brasileira, ao tempo em que reconhece uma luta histórica do
movimento negro em nosso país, cuja bandeira de luta consistia em incluir no
currículo escolar o estudo da temática “história e cultura afro-brasileira”. Por
outro lado, não podemos esquecer que muito ainda precisa ser feito para que a
Lei não se torne letra-morta e venha contribuir, de fato, para uma educação
multicultural.
Isso implica criar condições para que os estudantes negros não sejam
rejeitados em virtude da cor da sua pele, menosprezados em virtude de seus
antepassados
terem
sido
explorados
como
escravos,
não
sejam
desencorajados de prosseguir estudos, de estudar questões que dizem
respeito à comunidade negra. Espera-se que a escola assuma realmente o seu
papel social de valorização e de difusão da cultura e da pluralidade de nossa
formação étnica.
5 - CRONOGRAMA
Princípios
Norteadores
Diagnóstico
(Problemas
levantados)
Planejamento da Período
Ação
(curto médio
e
longo
prazo).
1- Documentação Os Documentos Inserir
nos Durante
o
da Escola (PPP, mencionados
documentos esse ano letivo.
PPC, PTD, Reg., contemplam
tema e zelar para
Plano de Ação)
esse tema.
que se cumpram
os propósitos.
2- Profissionais da
Educação
(conhecimento das
Leis e Normas)
Levantamento de
dados, estudos
das leis, através
de
grupo
de
estudo.
3Comunidade Busca de temas
Escolar
para discussão e
(representa
a organização de
realidade cultural oficinas.
do aluno)
Fazer Grupos de Durante
Estudo sobre o ano letivo
tema.
Realizar
Durante
atividades
e ano letivo
palestras
para
esclarecer
o
tema, apresentar
o tema através
de oficinas com
pessoas
da
comunidade.
Organizar
a
semana
de
atividades
artística e cultural
de 17 a 22 de
novembro.
6 AVALIAÇÃO
Avaliação pela equipe das ações realizadas
Responsável
Equipe Pedagógica
e
Equipe
multidisciplinar.
o (Equipe
Multidisciplinar)
Rosana
Célia
Santos
Coordenadora
o Adalcira Canedo da
Silva,
Anamary
Queiroz Severino,
Célia de Souza
Alves, Cleber Tadeu
da Costa, Enilda Dal
Santos, Irene Maria
Gonçalves. Jeferson
Parucci Felix, Kellen
Cristina Ribeiro da
Rocha, Lucia Yara
Camargo,
Marcia
Almeida Monteiro,
Rosana
Célia
Santos
Paiva,
Sergio
Aparecido
Tozzo e Zunete da
Silva Molonha.
Todo o trabalho será realizado seguido de reflexão e discussão, sempre
analisando as transformações que os trabalhos trarão e os resultados
conquistados no dia a dia, realizando relatório e disponibilizando os dados para
a comunidade escolar para que todos acompanhem os frutos colhidos e as
ações que enriquecerão a cultura de nossos educadores e alunos.
A avaliação acontecera de maneira mediadora e processual, observando
a participação e envolvimento dos alunos e a equipe multidisciplinar durante o
desenvolvimento das atividades. Será considerada satisfatória se todas as
etapas das atividades propostas forem desenvolvidas, de modo a aperfeiçoar
os conhecimentos sobre a cultura afro brasileira a valorização da diversidade,
construindo
consciência
de
igualdade
e
percebermos
que
todos
cooperativamente podem construir um sociedade mais fraterna e justa.
7
REFERÊNCIAS:
ANDREI, Elena Maria, FERNANDES, Frederico Augusto Garcia (orgs.).
Cultura Afro-brasileira: Construindo Novas Histórias. Londrina, 2007
BRASIL. Secretaria de Estado da Educação. Educação Escolar Indígena.
Curitiba: SEED, 2006.
______. Secretaria de Estado da Educação. História e cultura afro-brasileira
e africana. Curitiba: SEED, 2005.
______. Secretaria de Estado da Educação. Educando para as relações
étnico-raciais. Curitiba: SEED, 2006.
BRAGA, Sandra. Sociologia das Organizações e Educação.
BRITO, Marta Ouchar. Literatura Infanto-Juvenil.
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações-Raciais e
para o Ensino de Historia e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
Lei 10.639 e Lei 11.645/08
Núcleo de Gênero e Diversidade Sexual. Caderno Temático de Sexualidade.
Curitiba, PR. Imprensa Oficial do Estado do Paraná, 2009, 216 p. (Coleção
Cadernos Temáticos da Diversidade)
Revista Mundo Jovem. Edição Abril, 2010.
ZANON, Marcos Afonso. Historia da África e Cultura Afro-Brasileira.
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