ARTIGO CIENTÍFICO
CULTURA DO EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO (CEI)
LOCUS
ISSN -1981-6790 - versão impressa
CIENTÍFICO
ISSN -1981-6804 - versão digital
PlaNInt!: Uma ferramenta Web inteligente de auxílio à
escrita de planos de negócios em português
PlaNInt!: Intelligent Web toll to writing support of business plans
Caio Cezar Pimentel Ferraz Júnior*1, , Eduardo Pinto Vilas Boas1, Marcelo Adriano Amancio2, Eliane Raymundo2,
Sandra Maria Aluísio2, Valéria Feltrim3, José Dornelas1
1
Empreende - Avenida Angélica 1761, cj 43. 01227-200 São Paulo-SP – Brasil
Núcleo Interinstitucional de Lingüística Computacional - Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação – USP - Avenida
Trabalhador São-carlense, 400 - Centro.
Caixa Postal: 668 – 13560-970 - São Carlos – SP – Brasil
2
3
Departamento de Informática - Universidade Estadual de Maringá
Avenida Colombo, 5790 – Zona 07 - 87020-900 – Maringá – PR
e-mail: [email protected]*
*Autor de contato / corresponding author
Artigo submetido em 28 de fevereiro de 2007, revisado em 15 de maio de 2007, aceito em 04 de junho de 2007.
RESUMO
O plano de negócios é um documento que foca o planejamento das atividades de uma empresa, principalmente
em fase inicial de constituição. Por isso, é extremamente útil
e tem sido bastante difundido junto aos interessados na criação de um negócio próprio. Geralmente, os empresários
iniciam um negócio próprio sem planejamento ou com planejamento precário, pois não entendem como fazê-lo ou
não despendem de tempo suficiente para estruturar seus
planos de negócios. Fica evidente, então, a necessidade de
se apresentar soluções tecnológicas que auxiliem estes empresários no desenvolvimento de planejamentos melhor estruturados, o que não vem ocorrendo de forma efetiva, apesar dos avanços ocorridos nos últimos anos na área de empreendedorismo. Este artigo apresenta um sistema inteligente de auxílio à elaboração e escrita de planos de negócios baseado na Web, no qual são empregados métodos implementados em ferramentas de auxílio à escrita científica,
que foram desenvolvidas ao longo de vários anos no Núcleo
Interinstitucional de Lingüística Computacional na USP de
São Carlos/SP. São métodos da área de Inteligência Artificial
estendidos para o domínio de empreendedorismo, mais especificamente, para planos de negócios. O sistema será incorporado ao portal www.planodenegocios.com.br, apoiando usuários de maneira interativa, em várias etapas da elaboração de um plano.
ABSTRACT
The business plan is a document for planning the activities of a company mostly in its start-up phase. It is extremely useful and it has been widely known by who is involved in starting-up a new business. It is common an entrepreneur create his own business without or with a poor
planning, since he doesn’t know how to do it or doesn’t
have enough time to do it. It is clear that there is a necessity of technological innovations for helping entrepreneurs
develop well structured business plans, what hasn’t been
happening in last years, even though the huge advance of
research and development in the area of entrepreneurship.
This paper presents an intelligent web based system for
helping to elaborate and write business plans. The system
uses methods implemented in tools for helping scientific
writing which have been developed for many years at The
Interinstitutional Center for Research and Development in
Computational Linguistics, USP/São Carlos. These methods are based in artificial intelligence and now applied to
entrepreneurship and business plans area. The system will
be included at portal www.planodenegocios.com.br, helping users in an interactive way, guiding them in the many
steps of a business plan elaboration.
KEYWORDS:
PALAVRAS-CHAVE:
•
•
•
48
Planos de Negócios,
Ferramentas inteligentes,
Suporte à escrita
•
•
•
Business plan
Intelligent tools
Writing support
Ferraz Júnior, C. et al., Locus Científico vol. 1, n. 3 (2007) pp. 48-57
1. INTRODUÇÃO
O plano de negócios pode ser considerado a principal
ferramenta de gestão dos empreendedores. Por se tratar de
um documento que foca o planejamento das atividades de
uma empresa, principalmente em sua fase inicial, é extremamente útil e tem sido bastante difundido junto aos interessados na criação de um negócio próprio [Dornelas, 2005].
Além disso, vem ao encontro da necessidade evidente de se
aumentar as possibilidades de sucesso das iniciativas de criação de empresas no Brasil e também no exterior. Segundo
pesquisas mundiais [GEM, 2001; 2004], o Brasil é apontado
como um dos países com maior iniciativa empreendedora
no mundo. Do ponto de vista brasileiro, estatísticas apresentadas em pesquisas efetuadas pelo Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que
menos de 40% das empresas criadas no país chegam ao final do primeiro ano de vida (Sebrae, 2003). A principal causa apontada é a falta de planejamento. Nesses casos, os
empresários, candidatos a empreendedores de sucesso, iniciam um negócio próprio, na maioria dos casos, sem planejamento ou com planejamento precário, pois não despendem de tempo suficiente para estruturar seus próprios planos de negócios, que geralmente demandam em média dois
meses de desenvolvimento.
Diante desse cenário, é evidente a necessidade de se
apresentar soluções tecnológicas que auxiliem os empresários no desenvolvimento de planos bem estruturados, o que
não vem ocorrendo de forma efetiva, apesar dos avanços
ocorridos nos últimos anos na área de empreendedorismo.
Entre esses avanços, podem ser citados o suporte aos empreendedores brasileiros no desenvolvimento de planos de
negócios promovido nos últimos anos por ações por parte
do Sebrae, o crescimento do ensino de empreendedorismo
nas universidades e ensino médio, as publicações que têm
focado o assunto, bem como a criação de sites na Internet
especializados em empreendedorismo.
Um site em particular, o www.planodenegocios.com.br,
pode ser considerado uma das principais referências nacionais no assunto. Contém inúmeras funcionalidades disponíveis aos empreendedores e estudantes, tais como artigos,
material de suporte, apresentações, links para outros sites,
cursos online, dinâmicas de criatividade, exemplos de plano
de negócios, jogos de empreendedorismo, testes de perfil
empreendedor, entre outras. O acesso ao site tem crescido
substancialmente, desde sua criação em 1999. Atualmente,
o site possui cerca de 50.000 pessoas cadastradas que utilizam seus recursos e pagam por este uso, o que mostra o
sucesso do site junto ao seu público-alvo. Uma média de
2.000 a 5.000 pessoas acessam o site diariamente, com picos eventuais de 7.000 pessoas/dia. Ao se cadastrar no site
Plano de Negócios, o usuário responde a um questionário
com indagações sobre seu principal interesse. Mais de 70%
das pessoas buscam exemplos de como desenvolver um plano de negócios ou ferramentas de software que auxiliem
nesta tarefa.
Outro tipo de suporte à criação de planos de negócios
são os softwares. No mercado americano, por exemplo, existem diversos produtos destinados ao desenvolvimento de
plano de negócios, com vendas acima de 1 milhão de cópias, como é o caso do Business Plan Pro
(www.paloaltosoftware.com), líder nos EUA. No Brasil, existe um produto desenvolvido há alguns anos e utilizado por
estudantes, o Make Money (www.doctorsys.com.br) e, mais
recentemente, um outro produto desenvolvido pelo Sebrae
(SPPlan). No entanto, estes produtos apresentam apenas
estruturas de plano de negócios e templates com a seqüência de passos que se deve seguir até a obtenção do plano de
negócios.
O processo de construção de um plano de negócios não
deve limitar-se a seguir passos pré-estabelecidos e preencher templates, devendo ser encarado como um processo
de aprendizado e interação do empreendedor com a oportunidade. Para Timmons, Zacharakis e Spinelli [2004, p.4],
“ao articular no plano de negócios a natureza da oportunidade e a forma pela qual o empreendedor irá explorá-la, o
mesmo terá que responder muitas questões que enfrentará,
de fato, quando lançar-se no negócio”. Nesse sentido, mesmo seguindo os passos sugeridos nos softwares convencionais de elaboração de planos de negócios, o usuário não
consegue obter um plano de negócios adequado, devido à
sua falta de experiência no desenvolvimento desse tipo de
documento, e, principalmente, por não saber estruturar e
escrever de forma adequada a sua idéia, estratégia, mercado-alvo, ou seja, seu conceito de negócio.
De fato, os candidatos a empreendedor e alunos, em
muitos casos, carecem de habilidade de escrita, isto é, possuem problemas na escrita de um texto que apresente mecanismos de coesão entre as suas partes culminando com
um todo coerente para a tarefa e público alvo em questão
[Koch, 1998; Koch e Travaglia, 2002], o que inviabiliza a
obtenção de um bom plano de negócios. Isso ocorre, pois
há diferenças entre conhecer bem o mercado, a proposta de
negócio, etc. e transmiti-la de forma vendável, com clareza
e objetividade aos diferentes públicos do plano de negócios. Siegel, Ford e Bornstein [1987, p.1] reforçam essa tese
afirmando que os “empreendedores normalmente são melhores executores do que escritores de propostas”, e que
“muitos empreendedores têm dificuldades em articular os
conceitos do negócio” em um documento. Dornelas [2005,
p.95] ressalta, ainda, que “a maioria dos planos de negócios resume-se a textos editados sobre um modelo predeterminado, que não convencem ao próprio empreendedor”,
falhando, portanto, como ferramenta de venda da idéia e
conceito de negócio proposto.
Este artigo tem como objetivo apresentar uma ferramenta inteligente de auxílio à escrita e elaboração de plano
de negócios, baseada na Web, chamada PlaNInt!. PlaNInt!,
que ainda está em fase de desenvolvimento, possui várias
inovações: i) é um software para plano de negócios dedicado à língua portuguesa; ii) incorpora no software o conhe-
Ferraz Júnior, C. et al., Locus Científico vol. 1, n. 3 (2007) pp. 48-57
49
cimento - know how - da empresa Empreende, importante
consultoria brasileira especializada no assunto e que gerencia o Portal Plano de Negócios; iii) emprega PLN (Processamento de Língua Natural) em software para planos de negócios; iv) transfere tecnologia e conhecimento acumulado
em muitos anos no Núcleo Interinstitucional de Lingüística
Computacional (NILC: http://www.nilc.icmc.usp.br/) para
textos científicos, para o domínio de planos de negócios; e
v) conduz o autor à escrita de um plano de negócios completo, flexível e bem escrito, evitando que o mesmo cometa
erros comuns como números fora da realidade e constatações sem parâmetros objetivos e desprovidas de fonte.
Este documento está organizado da seguinte maneira:
na Seção 2, apresentamos um breve resumo das ferramentas de auxílio à escrita desenvolvidas no NILC que utilizam a
mesma metodologia de desenvolvimento de PlaNInt!; na
Seção 3 descrevemos os recursos e métodos utilizados para
a implementação do auxílio à escrita do Sumário Executivo
(SE) de um plano de negócios – a seção do ambiente que
está em construção e que já apresenta os primeiros resultados; na Seção 4 apresentamos um caso de uso da escrita de
um SE usando PlaNInt!; e finalmente, a Seção 5 conclui o
artigo e apresenta os trabalhos futuros.
2. FERRAMENTAS DE AUXÍLIO À ESCRITA
Em 1991, iniciou-se um projeto para a criação de um
ambiente computacional com ferramentas de auxílio à escrita, específicas para a elaboração de artigos científicos, que
culminou com a implementação do sistema AMADEUS (AMiable Article DEvelopment for User Support) com suas ferramentas de Referência, Suporte e de Crítica [Caldeira et al.,
1992; De Oliveira et al., 1992; Aluisio e Oliveira, 1995; Aluisio e Oliveira, 1996; Aluisio e Gantenbein, 1997a; Aluisio e
Gantenbein, 1997b; Aluisio et al., 2001]. Com a criação do
NILC, em 1993, ao longo dos anos foram acrescentadas novas
ferramentas ao AMADEUS e sistemas correlatos foram derivados.
A estratégia central do sistema AMADEUS é o reuso de
expressões lingüísticas, extraídas de textos reais e bem escritos, categorizadas de acordo com as metas retóricas dos
diferentes componentes textuais de um dado tipo de texto.
O objetivo inicial de fornecer tais expressões contextualizadas era o de melhorar a produção escrita de textos científicos em inglês, de autores que não possuíam o Inglês como
língua nativa, diminuindo com isso a interferência negativa
da língua materna. Essa interferência pode se dar em vários
níveis: 1) No nível léxico pelo mau uso de falsos cognatos e
palavras homófonas; falta ou mau uso de expressões idiomáticas e outras colocações empregadas em textos científicos; 2) No nível sintático, com o uso de construções gramaticais da língua materna; tradução palavra por palavra; orações muito longas ou complexas; e 3) No nível textual, pelo
uso de estruturas retóricas ou estratégias de escrita da língua materna; mau uso de relações lógicas entre orações e
falta de referências. Além de diminuir essa interferência, o
50
uso das expressões contextualizadas ajuda o usuário a se
familiarizar com construções sintáticas e semântico-sintáticas incomuns na língua nativa, a reusar os marcadores de
discurso [Paizan, 2001], verbos e tempos verbais, e a inserção de material bem escrito no texto a ser redigido, para
tornar mais fluente1 o novo texto.
Ao longo dos últimos anos novos sistemas foram desenvolvidos no NILC, introduzindo inovações como um sistema de auxílio à escrita em português de teses e dissertações na área de computação, o SciPo2 - Scientific Portuguese [Feltrim et al., 2004; Feltrim et al., 2005]. Este último sistema foi construído nos moldes da ferramenta de Crítica do
AMADEUS, com reconhecimento automático da estrutura
de resumos escritos por estudantes para posterior avaliação
desta pelo sistema. Também foi desenvolvida um ferramenta para o domínio da Farmácia que possui a mesma interface (look-and-feel) do SciPo, a funcionalidade da ferramenta
de Suporte do AMADEUS e trata de artigos científicos em
inglês [Schuster et al., 2005; Aluísio et al., 2005]. O SciPoFarmácia3 foi utilizado e avaliado em dois cursos de Escrita
Técnica em nível de pós-graduação da Faculdade de Farmácia da USP, em um curso de pós-graduação do IFSC da USP
São Carlos e em um curso de Difusão, modalidade Educação continuada do ICMC-USP São Carlos.
A título de ilustração do funcionamento de algumas das
estratégias de auxílio à escrita, mostramos nas Figuras 1 e 2
telas do sistema SciPo, indicando como são fornecidas informações sobre a estrutura contida em um resumo de um
texto científico, e como aparecem as recomendações na interação com um usuário.
Figura 1: Tela do Sistema SciPo, indicando os componentes e sub-componentes
de um resumo para teses e dissertações em computação. O usuário pode
selecionar componentes, obter exemplos específicos de cada um – a partir da
base de casos, e receber ajuda com a explicação sobre o que se espera de cada
componente e sub-componente. Na janela menor aparecem escolhas feitas por
um usuário.
1
2
3
Entendemos fluência como o resultado da aplicação efetiva de várias fontes
de conhecimento , como o conhecimento léxico , sintático, e retórico (organizacional).
http://www.nilc.icmc.usp.br/~scipo/
http://www.nilc.icmc.usp.br/scipo-farmacia/
Ferraz Júnior, C. et al., Locus Científico vol. 1, n. 3 (2007) pp. 48-57
Figura 2: As escolhas de componentes de um usuário – mostradas na janela
menor – são comentadas na janela da esquerda. Tais recomendações são
fornecidas pelo sistema a partir de conhecimento sobre o domínio específico,
embutido na ferramenta. As críticas são apontadas em vermelho e as sugestões
em verde.
3. RECURSOS E MÉTODOS UTILIZADOS POR PLANINT!
A criação de uma ferramenta de auxílio à escrita de cada
seção de um texto, seja ele uma tese, como mostra a Figura
1, ou um SE de um plano de negócios, envolve várias etapas. Segundo a metodologia utilizada no AMADEUS, para o
domínio de planos de negócios, seriam necessárias as etapas mostradas no Quadro 1.
2.
3.
4.
5.
Tabela 1. Distribuição do corpus entre diferentes áreas de negócios.
Área
Internet
Manufatura
Serviços
Comércio
Quadro 1: Passos para a criação dos recursos utilizados na PlaNInt!
1.
dos pela empresa Empreende, que não só conta com especialistas na elaboração de tais planos, como possui um grande conjunto de planos de negócios, coligidos ao longo de
vários anos de atuação, já que essa é a especialidade da
empresa. Dessa forma, assumimos que os SEs do corpus
constituem bons exemplos de escrita para esse gênero.
Os SEs coletados são parte de planos de negócios para
diferentes áreas. Assim, o corpus foi dividido em quatro áreas
de negócios, a saber: Internet, Manufatura, Serviços, e Comércio. A Tabela 1 mostra o número de SEs separados por
área de negócio, juntamente com dados sobre o tamanho,
em palavras, dos SEs em cada área. Pela figura é possível
notar que o maior número de SEs disponíveis no corpus são
das áreas de Serviços e Manufatura, respectivamente. Vale
destacar também que a média de palavras nos SEs não varia
muito entre as diferentes áreas, embora apresentem, dentro de uma mesma área, um alto desvio padrão, indicando
que tamanho de um SE pode variar significativamente.
Compilação e organização de um corpus para a área de planos de
negócios de diferentes setores;
Estabelecimento de estruturas esquemáticas para cada seção do plano
de negócios;
Análise do corpus feita por especialistas em lingüística, realizando a
classificação das sentenças em componentes das estruturas
esquemáticas de cada seção de um plano de negócios, de acordo
com as estruturas estabelecidas no item 2;
Análise do corpus para anotação das estratégias retóricas, que refinam
os componentes das estruturas esquemáticas, e das expressões
lingüísticas padrões, isto é, aquelas que poderão ser reusadas na escrita
de novos planos pelos usuários da ferramenta.
Implementação computacional do protótipo por analistas de sistema,
que acoplam os recursos lingüísticos elencados nos itens 2, 3 e 4 na
ferramenta computacional. Desta forma, a nova ferramenta utilizará
uma base de textos analisados para mostrar aos usuários exemplos
selecionados de planos de negócios reais.
Segundo Dornelas [2005], o Sumário Executivo (SE) é a
principal seção do Plano de Negócios e deve expressar uma
síntese do que será apresentado na seqüência, preparando
e atraindo o leitor para uma posição de maior atenção e
interesse sobre o documento. Dirigida a um público-alvo
específico e abarcando as informações–chave do Plano de
Negócios de forma sintética, clara e concisa, tem como objetivo enfatizar e explicitar as intenções do empreendedor.
Como piloto para a criação da ferramenta PlaNInt!, escolhemos a seção SE para iniciar a coleta e análise do corpus. O corpus possui 73 Sumários Executivos (SEs) forneci-
Número
de SEs
Soma
Número de Palavras
Média
Desvio Padrão
21
10289
489,95
4
41
7
1980
18638
3181
495,00
306,11
454,59
190,20
454,43
211,25
234,31
Embora seja consenso entre os especialistas do corpus
que a estrutura esquemática do SE varia de acordo com o
tipo de negócio e objetivo a ser alcançado, é possível estabelecer uma estrutura básica que sirva aos propósitos de
vários empreendimentos (Indústria, Comércio e Empresas
em Operação). Tal estrutura básica, composta de nove seções, foi baseada em Dornelas [2005] e elaborada por um
processo bastante utilizado em trabalhos de PLN [Feltrim
et al., 2004; Feltrim et al., 2005; Teufel, 1999]: via manual
de anotação, com fases de treinamento da anotação, avaliação da anotação realizada por um grupo de pessoas, e
anotação real do corpus.
Um manual de anotação dos elementos da estrutura
esquemática foi previamente preparado para apoiar a anotação de 5 SEs (fase de treinamento). Esta fase foi realizada por um grupo de especialistas da área de negócios da
empresa Empreende, por pesquisadores especialistas em
escrita científica do NILC (com experiência em anotação
retórica de corpus) e por uma lingüista e um aluno da área
de computação que trabalham no projeto PlanInt!. Após
discussão dos pontos divergentes da anotação dos SEs, a
estrutura esquemática foi aprimorada. A anotação final do
corpus, com base na nova estrutura e no manual revisado,
foi realizada por um especialista da Empreende, sendo tal
anotação revisada pela lingüista do projeto.
Ressalta-se que essa estrutura não é fixa, podendo apresentar variações. As nove seções previstas na estrutura bá-
Ferraz Júnior, C. et al., Locus Científico vol. 1, n. 3 (2007) pp. 48-57
51
sica são apresentadas na Tabela 2, com exemplos ilustrativos de cada uma das seções.
Tabela 3. Número de componentes por SE.
Tabela 2 Estrutura esquemática básica de um SE e descrição da cada seção.
Siglas das
seções
CNO
MC
MMPV
•
•
O mercado de cartões de crédito vem crescendo exponencialmente na última década, tendo apresentado crescimento de 1348% em volume de transações e 303% no número
de cartões emitidos.
Marketing, Market-share, Projeção e Vendas
•
A NewBusiness Media busca, através de sua estratégia de
marketing, crescer nos 2 primeiros anos no estado de São
Paulo e nos próximos 3 anos, em toda a região Sudeste do
país.
No futuro produtos como Cartão Salário e Cartão Private
Label deverão ser utilizados para expandir o portfólio da
empresa.
Os diferenciais do cartão serão, a facilidade de acesso e a
ausência de custo fixo para sua utilização (anuidade).
Equipe (Time Gerencial)
•
A equipe de gestão é composta por profissionais com grande experiência técnica e administrativa em empresas dos
segmentos de tecnologia e telecomunicações e em agências de publicidade, possuindo excelente formação e relacionamento com pessoas, estando motivados para tornar a
NewBusiness Media uma empresa de sucesso.
Estrutura e Operações
•
A NewBusiness Media possui uma estrutura enxuta, dinâmica e competente, sendo composta pelo CEO suportado
por 4 diretorias – vendas e marketing, parcerias e relacionamentos, engenharia e tecnologia, administrativo e financeiro.
Índices e Projeções Financeiras
IPF
•
ONAR
O projeto traz um payback em 21 meses e uma taxa interna de retorno de 140% ao ano, com um valuation de R$
3,7 milhões para o negócio.
Oferta/Necessidade de Aporte de Recursos
A necessidade de aporte será de R$ 1,4 milhões, e a estrutura
de funding se dará com capital próprio do acionista fundador e
da captação de recursos via Angel Investors e Family&Friends
A Tabela 3 apresenta os dados sobre a ocorrência dos
componentes previstos na estrutura esquemática da Tabela
2 nos SEs. Poucos SEs estão nos extremos, isto é, apenas
um dos 73 SEs apresenta um único componente, assim como
apenas 2 SEs apresentam os 9 componentes previstos na
estrutura esquemática. Na sua maioria (82,2%), os SEs analisados apresentam de 5 a 8 componentes. Vale ressaltar
que várias sentenças em um mesmo SE podem caracterizar
um mesmo componente e que tais componentes podem
ocorrer de forma repetitiva e intercalada na estrutura do SE.
52
1,37
3
1
1,37
4
A NewBusiness Café foi inspirada nos modelos internacionais de negócio como as redes americanas Starbuck’s Coffee e The Coffee Bean.
Vantagem Competitiva do Negócio
EO
1
2
2
7
2,74
9,59
5
11
15,07
7
12
16,44
6
8
Mercados e Competidores
•
EQU
%
Conceito do Negócio e a Oportunidade
•
VC
Número de SEs
Descrição das siglas e exemplo de uma sentença
Descrição do Produto/Serviços
PS
Número de
componentes
1
9
Soma
24
13
2
73
32,88
17,81
2,74
100%
A freqüência de cada componente da estrutura esquemática nos SEs analisados é mostrada na Tabela 4. Nota-se
que o componente de maior ocorrência é o CNO (Conceito
do Negócio e a Oportunidade), presente em 94% dos SEs,
seguido pelos componentes MC (Mercados e Competidores
– 89%) e MMPV (Marketing, Market-share, Projeção e Vendas – 84%), respectivamente. Podemos considerar estes componentes como essenciais a um plano. O componente de
menor ocorrência é o VC (Vantagem Competitiva do Negócio), presente em 23% dos SEs. Essa distribuição dos componentes evidencia os aspectos considerados mais importantes pelos escritores no momento da estruturação de um
SE, bem como os componentes considerados opcionais dentro da estrutura esquemática proposta.
Tabela 4. Distribuição dos componentes do corpus.
Etiqueta
CNO
MC
MMPV
IPF
EQU
EO
Ocorrência
%
69
94,00
62
84,00
65
52
47
44
89,00
71,00
64,00
60,00
ONAR
43
58,00
VC
17
23,00
PS
42
57,00
Em textos científicos, é relativamente comum que uma
única sentença tenha características de diferentes componentes. Nos SEs de planos de negócios não é diferente. A Tabela
5 mostra que foi observada a ocorrência de 2 ou mais componentes combinados em uma mesma sentença, indicando
que uma sentença pode apresentar atributos (tais como marcas lexicais) que caracterizam mais de um componente. Vale
ressaltar que esse tipo de ocorrência pode ser atribuído tanto
à escrita de sentenças longas (que tendem a agrupar componentes), a falta de clareza da escrita e, ainda, a ambigüidades
presentes no processo de anotação (seja pela definição pouco específica das etiquetas, seja pela falta de treinamento do
anotador). De qualquer maneira, nota-se na Tabela 5 que a
maior parte das 1265 sentenças caracteriza um único componente. Nessa figura, a Freqüência Total demonstra a porcentagem da ocorrência da etiqueta/conjunto de etiquetas
sobre o total de sentenças anotadas, enquanto a Freqüência
Ferraz Júnior, C. et al., Locus Científico vol. 1, n. 3 (2007) pp. 48-57
Local mostra a porcentagem da ocorrência de cada etiqueta/
conjunto de etiquetas sobre total de sentenças anotadas dentro de um grupo representando um determinado componente. Embora tenhamos anotado esta variedade, na base de textos da ferramenta computacional somente o componente
mais importante irá permanecer. Por exemplo, as sentenças
anotadas com mais de uma etiqueta dentro do grupo relativo ao componente CNO, na ferramenta computacional apresentarão apenas a etiqueta CNO, por esta ser considerada a
característica mais forte de tais sentenças.
Tabela 5: Freqüência de componentes agrupados no corpus.
Freq Total %
16,05
0,63
0,08
0,16
2,13
0,55
0,08
1,34
0,24
0,87
22,13
6,88
0,24
0,32
0,08
0,40
0,08
0,08
0,47
8,54
6,72
0,08
0,08
0,47
7,35
8,38
0,08
0,32
8,77
18,66
0,40
0,16
0,40
0,16
0,16
19,92
16,36
0,40
0,16
0,08
0,24
0,47
17,71
5,06
0,71
5,77
5,93
0,16
0,63
1,42
8,14
1,42
0,08
0,16
1,66
100%
Freq Local %
72,50
2,86
0,36
0,71
9,64
2,50
0,36
6,05
1,07
3,93
280
80,56
2,78
3,70
0,93
4,63
0,93
0,93
5,56
108
91,40
1,08
1,08
6,45
93
95,50
0,90
3,60
111
93,65
1,98
0,79
1,98
0,79
0,79
252
92,41
2,23
0,89
0,45
1,34
2,68
224
87,67
12,33
73
72,82
1,94
7,77
17,48
103
85,71
4,76
9,52
21
1265
Ocorrências
203
8
1
2
27
7
1
17
3
11
87
3
4
1
5
1
1
6
85
1
1
6
106
1
4
236
5
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Etiquetas
CNO
CNO/EO
CNO/EO/MMPV
CNO/EQU
CNO/MC
CNO/MMPV
CNO/MMPV/VC
CNO/PS
CNO/PS/VC
CNO/VC
Subtotal CNO
EO
EO/CNO
EO/EQU
EO/IPF
EO/MMPV
EO/ONAR
EO/PS
EO/VC
Subtotal EO
EQU
EQU/EO
EQU/IPF
EQU/VC
Subtotal EQU
IPF
IPF/MMPV
IPF/ONAR
Subtotal IPF
MC
MC/CNO
MC/IPF
MC/MMPV
MC/PS
MC/VC
Subtotal MC
MMPV
MMPV/EO
MMPV/IPF
MMPV/MC
MMPV/PS
MMPV/VC
Subtotal MMPV
ONAR
ONAR/IPF
Subtotal ONAR
PS
PS/CNO
PS/MMPV
PS/VC
Subtotal PS
VC
VC/EO
VC/PS
Subtotal VC
TOTAL
4. USANDO PLANINT! – A ESCRITA DE UM SUMÁRIO
EXECUTIVO COM A FERRAMENTA
O Sistema Web de auxílio à escrita e elaboração de plano de negócios, quando totalmente implementado, deverá
possibilitar ao usuário conhecer estruturas e exemplos de
plano de negócios, assim como guiá-lo, passo a passo, na
obtenção de seu plano de negócios, sempre com suporte
inteligente proporcionado pela ferramenta de escrita a ser
desenvolvida. A intenção é que o usuário possa interagir
com o sistema e, assim, escolher a melhor estrutura e conteúdo para escrever seu plano de negócios. O sistema também prevê o acesso a uma base de dados computacional
com estruturas de linguagem, termos, frases, exemplos de
planos de negócios, setores etc. Além disso, deverá prever
um sistema de correção ou validação de termos utilizados
para verificar a consistência da escrita com o propósito do
plano de negócios que se quer desenvolver. Neste contexto,
será uma ferramenta nos mesmos moldes da ferramenta de
Crítica do AMADEUS, mencionada na Seção 2, com a funcionalidade de reconhecimento automático da estrutura das
partes mais críticas do plano seguindo as abordagens utilizadas na área por Teufel [1999] para o inglês e por Feltrim et
al [2004], Feltrim et al [2005] para o português.
A vantagem de o sistema ser baseado na Internet é a de
o usuário poder desenvolver seu plano de negócios on-line
e gravar versões intermediárias no banco de dados do sistema, podendo acessá-las via Internet de qualquer computador.
Para um usuário que deseja redigir e estruturar o Sumário Executivo de seu Plano de Negócios com o auxílio da
ferramenta é necessário acessar a página inicial do PlaNInt!,
disponível em http://www.nilc.icmc.usp.br/planint/., e clicar
na opção “Sumário Executivo”, conforme indica a Figura 3.
Figura 3: Página inicial da ferramenta PlaNInt!
Selecionada a opção “Sumário Executivo”, uma nova
página referente à seleção da estrutura será carregada no
navegador do usuário. Nessa etapa, o autor deverá planejar
a estratégia de elaboração do texto, selecionando no menu
Ferraz Júnior, C. et al., Locus Científico vol. 1, n. 3 (2007) pp. 48-57
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localizado à esquerda da tela os componentes que estarão
presentes em seu documento.
A Figura 4 ilustra a tela de seleção da estrutura esquemática de um Sumário Executivo, com sete estratégias retóricas: Identificar e avaliar a oportunidade; Indicar experiências e habilidades profissionais; Apresentar dados e tendências do mercado; Apresentar estratégia do composto de
marketing; Apresentar estratégia e projeção de vendas; Apresentar estratégia de crescimento; e Apresentar a viabilidade
do negócio, respectivamente pertencentes aos componentes: O Conceito de Negócio e a Oportunidade, Equipe, Mercado e Competidores, Marketing e Vendas (3 vezes), e Plano
Financeiro.
Exemplo”, logo acima de cada caixa de texto. Ao selecionar
essa opção, surgirá no navegador uma nova tela com exemplos de escrita anotados a partir do corpus. Esses exemplos
podem ser copiados para a caixa de texto, clicando-se no
símbolo “[>]”, que segue após cada exemplo.
A Figura 6 ilustra um recorte da página de redação, com
caixas de texto para algumas estratégias retóricas selecionadas, e a Figura 7 mostra a caixa de diálogo aberta com
exemplos da estratégia retórica selecionada:
Figura 6: Recorte da página de redação.
Figura 4: Tela de seleção da estrutura do Sumário Executivo.
Caso o usuário tenha dúvidas quanto a quais componentes escolher, a ferramenta de escrita disponibiliza um
mecanismo de ajuda que pode ser acessado selecionandose com o mouse o ponto de interrogação ao lado de cada
componente principal da estrutura. Esse mecanismo de ajuda apresenta o conceito e conteúdo de cada componente da
estrutura, conforme ilustra a Figura 5.
Figura 5: Mecanismo de ajuda (Help) da ferramenta de escrita para o
componente “ O Conceito do Negócio e a Oportunidade”.
Após a seleção dos componentes e estratégias retóricas
desejadas, a redação do Sumário Executivo pode ser iniciada, selecionando-se a opção “Iniciar Redação”, localizada na
parte inferior direita da tela. Em seguida, uma nova página
será carregada no navegador do usuário, contendo caixas
de texto para cada estratégia retórica selecionada na etapa
anterior.
Cada caixa de texto estará identificada com o referido
componente e estratégia retórica a ser preenchida. Para iniciar a escrita, o autor pode consultar exemplos de estratégias retóricas cadastrados na ferramenta, clicando em “Ver
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Figura 7: Exemplos de escrita que podem ser copiados para a caixa de texto.
Depois de copiado para a caixa de texto, o usuário pode
alterar e adaptar o exemplo escolhido conforme seu desejo,
garantindo, assim, um texto bem estruturado, elaborado e
adaptado ao seu negócio e mercado. A vantagem de se aproveitar os exemplos fornecidos pela ferramenta existe uma
vez que os mesmos representam modelos reais adaptados e
corrigidos por especialistas em planos de negócios, respaldando, portanto, sua qualidade técnica. Além disso, os exemplos contidos na ferramenta evitam que o empreendedor
caia em armadilhas comuns da escrita de planos de negócios, como otimismo excessivo, falta de objetividade e escassez de dados reais para constatações como tamanho do
mercado, previsão de vendas, etc. Nesse sentido, os modelos apresentados conduzem o autor ao estudo do mercado,
do modelo de negócio proposto e o leva a maior objetividade no estabelecimento de metas e projeções.
A Figura 8 apresenta a cópia legítima do exemplo fornecido pela ferramenta, sem alterações. A Figura 9 apresenta o
mesmo exemplo já adaptado às necessidades do usuário.
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Figura 8: Transcrição de exemplos fornecidos pela ferramenta para a estratégia
retórica “Apresentar dados e tendências do mercado”, no componente “Mercado
e Competidores”.
Figura 9: Modelo de adaptação dos exemplos fornecidos pela ferramenta para
o mercado de construção civil.
O processo de escrita para os demais componentes segue as mesmas regras, permitindo ao usuário escolher exemplos de boa redação e adaptá-los conforme seu desejo e necessidade. Procedendo dessa maneira, não só empreende-
dores iniciantes, mas qualquer usuário poderá fazer uso da
ferramenta, aprimorando o conhecimento da oportunidade
e do negócio e construindo um documento com qualidade
na escrita.
Até o momento, os resultados obtidos no projeto compreendem as funções de escolha da estrutura esquemática e
estratégia de escrita para Sumários Executivos, consulta a
exemplos de diversos setores para cada estratégia retórica,
adaptação dos exemplos selecionados para seu próprio SE e
conversão do material escrito para os formatos HTML e Word
(editor de texto da Microsoft).
Os próximos passos do projeto consistem em estabelecer a função de critica e sugestão de estrutura ao Sumário
Executivo, ou seja, um instrumento que propiciará uma espécie de “alerta” que indica a ausência de estratégias fundamentais e sugere a inclusão ou exclusão das mesmas, visando explicitar com sucesso o desejo de seu autor.
No Quadro 2, um modelo completo de Sumário Executivo construído a partir da ferramenta PlaNInt! é apresentado. Os dados fornecidos são meramente ilustrativos, de modo
que o intuito principal é demonstrar o resultado da elaboração de um texto informativo e de acordo com as normas de
uma boa redação.
Quadro 2: Sumário Executivo construído a partir da ferramenta PlaNInt!
O Conceito do Negócio e a Oportunidade
O NB Laboratório de Ensaios Ltda. surgiu da oportunidade de atuar no mercado de construção através da prestação de serviços de controle tecnológico de obras.
Equipe
A equipe de gestão é composta por profissionais com grande experiência em empresas de construção, possuindo excelente formação acadêmica e bom relacionamento
com pessoas do setor.
Mercado e Competidores
O setor de obras de construção civil vem se destacando pelo seu crescimento, sendo considerado uma das grandes tendências de investimento no país, devido aos
diversos programas de incentivo e financiamento oriundos do governo para essa área.
Em paralelo, a intensificação da fiscalização das obras que até a década de 1990 representavam menos de 50% dos casos, a partir de 2000 passou a representar
cerca de 80%, totalizando um mercado aproximado de R$ 2 bilhões/ano.
Marketing e Vendas
Os fundamentos de marketing foram considerados: Produto (ensaios tecnológicos de argamassa, cimento, concreto e solo); Preço (adotado a partir da mídia de
mercado, considerando-se tratar de um serviço de compra comparada); Praça (a distribuição do serviço se dará na região noroeste do estado de São Paulo, por
meio da venda direta às construtoras e órgãos públicos fiscalizadores); e Promoção (a comunicação será feita por meio de revistas e eventos especializados, além
de visitas técnicas junto aos órgãos de fiscalização de obras).
Inicialmente, será realizado um levantamento detalhado das principais construtoras e órgãos fiscalizadores da região e a partir disso será coordenada a atuação
da força de vendas. As estimativas indicam a possibilidade de se alcançar cerca de 1.500 contratos de ensaios de materiais da construção civil no primeiro ano,
crescendo para 3.000 ensaios a partir do quinto ano de operação.
O NB Laboratório de Ensaios dará foco no estado de SP nos 2 primeiros anos, prevendo expansão para o sul de Minas Gerais e norte do Paraná ao final do 3º ano.
Plano Financeiro
A análise de viabilidade mostra que o projeto é bem sensível ao preço, o que significa que o poder de negociação com os clientes será fundamental para garantir
a rentabilidade do negócio. O Valor Presente Líquido (VPL) do negócio é estimado em R$850.000, com Taxa Interna de Retorno (TIR) de 41% ao ano. A
expectativa é de que o negócio alcance o pay-back em 33 meses, recuperando o investimento inicial de R$195.000.
5. CONCLUSÃO
Neste artigo, apresentamos a ferramenta PlaNInt!, destinada inicialmente para o mercado brasileiro, mas com perspectiva de evolução para versões desse produto em outras
línguas como o Inglês, podendo em um segundo momento
gerar versões do produto para outros mercados internacionais, além do americano.
A ferramenta atualmente contém na sua base de textos
um conjunto de SEs anotados segundo uma estrutura es-
quemática e estratégias retóricas construídas também no
âmbito deste projeto. Para terminar o suporte à construção
de SEs faltam ainda serem programadas críticas às estruturas propostas pelos usuários para a escrita de seus SEs. As
próximas etapas utilizarão o mesmo método usado na seção SE para construir seus recursos lingüísticos, isto é, uma
base de textos de cada seção, anotada segundo as suas estruturas esquemáticas e as estratégias, além da anotação dos
trechos reusáveis das seções.
Ferraz Júnior, C. et al., Locus Científico vol. 1, n. 3 (2007) pp. 48-57
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Quando totalmente implementada, ela: 1) Fornecerá
estrutura adequada para um plano de negócios, com exemplos reais e contextualizados, coligidos ao longo dos anos
pela empresa e estendidos no presente projeto. 2) Apresentará informações específicas para cada item da estrutura, a
partir de uma base de conhecimento que será continuamente
estendida com a interação e feedback dos usuários. 3) Fornecerá checklist para os autores verificarem adequação da
estrutura escolhida, com explicações para cada item da estrutura. 4) Analisará estruturas propostas pelo usuário, apresentando críticas com base no conhecimento embutido no
sistema inteligente. 5) Analisará a estrutura dos planos de
negócios propostos pelo usuário, reconhecendo automaticamente seus componentes principais/críticos com a ajuda
de algoritmos de aprendizado de máquina e apresentando
críticas baseadas no conhecimento de partes padrões dos
planos, seqüências esperadas e mais adequadas das partes
e dependências entre as partes - mesmo conhecimento que
será usado para o item 4). Trata-se, portanto, de um projeto
de transferência de tecnologia da Universidade para uma
empresa, que já é especializada no domínio da aplicação. O
projeto tem duração de 2 anos, sendo prevista para outubro de 2008 a finalização e disponibilização da ferramenta
de suporte à escrita PlanInt!.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq/RHAE pelo suporte financeiro ao projeto.
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