IRENE SCÓTOLO DE OLIVEIRA
ERGONOMIA DA ATIVIDADE
Preocupação central: A adaptação do trabalho ao homem.
Ergonomia:
Objetivo: adequar o trabalho ao homem, possibilitandolhe condições de bem-estar com o trabalho e
com o meio.
Definição: processo construtivo e participativo que exige
conhecimento das tarefas/atividades
desenvolvidas e das dificuldades enfrentadas
para se atingir o desempenho.
ERGONOMIA
 Grã-Bretanha (anos 50) – adaptar a máquina ao
homem.
 França (anos 50)- adaptar o trabalho ao homem
 ERGONOMIA FRANCESA –
Aborda a atividade do trabalho como elemento
central em situações de trabalho.
Introdução
 Ergonomia da Atividade – vertente da Ergonomia.
 Discute o ensino como trabalho.
Yves Clot
gênero profissional ou gênero da atividade =
modo de agir de um determinado coletivo profissional,
que estabelece usos e costumes e um fazer linguageiro
entre os pares.
ERGONOMIA DA ATIVIDADE
Metodologia de investigação que busca entender a
atividade de trabalho no momento em que o mesmo se
realiza, procurando observar a distância que há entre o
trabalho prescrito pela empresa (tarefa dada, ou seja, a
ser cumprida) e o trabalho realizado (o resultado da
adaptação da tarefa prescrita), com o objetivo de
conhecer o trabalho para poder transformá-lo.
Perguntas de pesquisa
 Como o professor de Língua Portuguesa interpreta,
avalia o seu trabalho, o seu fazer docente em suas
atividades, especialmente na atividade de leitura?
 Quais as implicações e dilemas enfrentados, tanto na
sala de aula quanto fora dela?
Base para a pesquisa
- representação dos docentes sobre o trabalho prescrito e o
trabalho real, tendo por referência o agir linguageiro,
seguido das figuras de ação.
- Aportes teóricos:
- Clínica da Atividade, conceito de Yves Clot.
- Interacionismo Sociodiscursivo, proposto por
Bronckart.
Objetivos
 Investigar como a Ergonomia da Atividade pode
contribuir para a reflexão do agir dos professores, no
que diz respeito, sobretudo, ao trabalho prescrito e ao
trabalho real.
 Identificar semelhantes e/ ou diferenças no discurso
dos docentes em relação ao seu agir – representação de
seu trabalho
Aspectos considerados
 Trabalho realizado com a leitura – aluno com
dificuldade de leitura em suportes que não os
tecnológicos.
 Docentes – responsabilizados pela incapacidade de
seus alunos.
 Recai sobre o trabalho docente a incapacidade leitora
de seus alunos.
 Angústia quanto à realização do trabalho.
 Incompetência e ineficiência.
Metodologia
 Por
meio
dos
questionários
respondidos,
por
perguntas abertas, tentamos identificar os tipos de
discursos reproduzidos pelos professores.
 Pesquisas – Exames para aferir a competência dos e
 estudantes
formação básica ineficiente
Questões relacionadas:
 Crise nas carreiras do magistério = licenciaturas
 Professor = desprestígio social
 Professor = “cumpridor” das regras prescritas pelo
Estado, pela Instituição, pelos pais.
Vertente francesa – dois conceitos
1 - Trabalho prescrito/tarefa = aquilo que deve ser
cumprido
Conjunto de normas que estabelecem a conduta do
trabalhador em uma determinada situação:
Decretos
Normas
Portarias
Regulamentos
2 – Trabalho real/ atividade
Conjunto de ações realizadas ou estratégias
desenvolvidas pelo trabalhador para adaptação à
situação de trabalho.
processos mentais aos quais o trabalhador recorre
para realizar suas ações.
formas de agir,
Intenções,
linguagem utilizada
Abordagem ergonômica
 Objetiva compreender como o professor utiliza e
retrabalha os meios à sua disposição (normas,
infraestrutura de sala de aula, recursos midiáticos etc.),
assim como a sua adaptação à realidade de seus alunos
a partir do que lhe é prescrito, para atingir os objetivos
de sua atividade de ensino.
A atividade do professor
 A atividade do professor é socialmente situada.
 É um trabalho constituído de relações entre diversos
sujeitos sociais (instituição, pais, alunos, professores) e
atravessado pelas prescrições, pelos coletivos –
diferentes disciplinas - , pelas regras do ofício – os
modos de fazer - e pelas ferramentas - instrumentos).
 O que deve ser feito x o que é feito efetivamente
 Vivências construídas ao longo de suas práticas
Gêneros da atividade
Vivências estão apoiadas numa cultura profissional
coletiva.
Gêneros da atividade/ gêneros profissionais
conjunto de formas de realizar determinada atividade,
de maneiras de fazer de um determinado grupo, que
compreende e avalia a situação de determinada
maneira.
Gêneros da atividade
1. Gênero do discurso – Bakhtin (enunciados dispõem de uma
forma padrão e relativamente constante de estruturação).
2. Gênero da atividade – Yves Clot ( o gênero compreende
um estoque de enunciados convencionados em
determinado grupo (os gêneros do discurso) e os gestos e
ações materiais (gêneros de técnicas).
3. Professores – o modo de ensinar leitura ou de interpretar
texto é um gênero da atividade.
É a parte subentendida da atividade que os profissionais
reconhecem, aprovam ou criticam = agir linguageiro
(Bronckart)
YVES CLOT – CLÍNICA DA ATIVIDADE
Consiste em interpretar como se dá a adaptação do
professor ao que lhe é prescrito, às condições da sala de
aula, à sua condição intelectual, bem como à condição
social e intelectual de seus alunos.
Compreender os efeitos de sentido que circulam em
uma atividade de trabalho.
É POR MEIO DO DISCURSO QUE O
TRABALHADOR EVIDENCIA AS REALIDADES DO
TRABALHO, A RELAÇÃO ENTRE AS PRESCRIÇÕES E
AS REALIZAÇÕES.
INTERACIONISMO SOCIO-DISCURSIVO
 Considera as ações humanas em suas dimensões
sociais e discursivas constitutivas. (Bronckart, 2012).
 As produções de linguagem de um indivíduo dialogam
de certa forma com as dimensões sociais e históricas
dos grupos precedentes.
 O agir linguageiro dos professores se repete em razão
de um já dito, bem como do estabelecido nas
representações que fazem acerca do trabalho do
professor.
Mundos representados (Habermas)
À medida que o sujeito se comunica com o outro por
meio da linguagem, veicula representações coletivas do
meio .
Mundo objetivo: conhecimentos acumulados
Mundo social: convenções de determinado grupo
Mundo subjetivo: características de cada um dos
indivíduos.
O mundo social regula as formas de estruturação do
mundo objetivo e do subjetivo.
Agir linguageiro - Bronckart
Qualquer forma de intervenção orientada de um ou
vários seres humanos no mundo; uma produção
verbal que veicula uma mensagem com o objetivo de
produzir um efeito sobre um destinatário.
2. Atividade = uma leitura do agir (coletivo)
3. Ação = uma leitura do agir (individual)
1.
Análise – Q1
1.
2.
3.
.
Como metodologia para o ensino da leitura são utilizados textos
relacionados a temas da atualidade. Os textos são lidos aos alunos e,
após está etapa, é feita uma reflexão sobre o texto lido.
Textos do livro didático são lidos sempre em classe, em voz alta, pelos
alunos. Já os livros de leitura paradidáticos são indicados de acordo
com a faixa etária e sempre com alguns comentários
antecipadamente, para eles terem uma noção do assunto da obra
O professor desenvolve a sua tarefa de acordo com procedimentos já
estabelecidos para o ensino da leitura. (já-ditos)
Há a adequação a um estilo profissional (gênero de atividade).
A agência é praticamente nula.
Análise - Q2
1.
2.
3.
Aquilo que é prescrito pelas normas são apenas regras que precisam
ser seguidas e respeitas, para nunca se tirar o foco do ensino.
Procuro abordar o conteúdo planejado pelas instituições onde
trabalho, porém não fico preso só a essas estratégias de trabalho.
Procuro diversificar minha metodologia de ensino.
Para o ensino da leitura uso o espaço físico da quadra da escola.
Gosto de levá-los (alunos) a um ambiente descontraído para o
exercício da leitura.O computador e a sala de vídeo uso para outros
fins, como por exemplo, fazer o jornal da escola.
O professor tem conhecimento das prescrições, mas não há
identificação do sujeito.
Embora tenha conhecimento das regras comuns ao seu grupo, o
professor se apresenta como opositor a elas.
Há implicação do professor na ação = figura da experiência.
Análise – Q3
1.Com relação ao ensino de leitura, minha formação acadêmica deixou um
pouco a desejar. Não houve muito enfoque no ensino da leitura para os
meus futuros alunos. Quando trabalho leitura em sala, a maioria das
minhas técnicas foram os colegas de trabalho que me passaram.
Professor se posiciona como ator. Há predominância da ação-experiência,
mas com base em um já-dito, com base nas experiências do outro.
2. A lousa, mal cuidada interfere no meu trabalho, já que a utilizo para
passar o conteúdo e explicá-lo.
A falta de recurso influencia negativamente no agir do professor.
Análise- Q3
3. Sempre procuro dar o melhor de mim. Onde leciono, as regras são boas
e justas. O ruim são as apostilas mal elaboradas. E os livros didáticos
estão em falta, o que muitas vezes prejudica a aula e os alunos.
O professor posiciona-se em relação às normas prescritas e critica a
falta de material.
Embora motivado, o professor se posiciona apenas como agente e não
como um ator capaz de intervir nesse agir.
Embora haja a prescrição, o trabalho real se sobressai.
Análise – Q4
1.Incentivo meus alunos a lerem relacionando a literatura ao contexto
social da época em que foi publicada e busco relações com o dia-a-dia.
O professor busca introduzir um procedimento para o ensino da
leitura, não fazendo uso apenas dos procedimentos ligados ao gênero
atividade. Predominância da
figura da ação-ocorrência = há
implicação do docente. Age como ator.
2.O trabalho prescrito é bem direcionado, embora haja muito trabalho
desnecessário.. Há pontos que eu decido serem mais ou menos
importantes. Relatórios de aproveitamento podem ser equivocados
A implicação do professor no trabalho é clara. Insere-se no plano
motivacional e demonstra certa oposição às normas.
Resultados parciais
 Há maior implicação em relação ao trabalho real.
 Quanto ao agir, prevalece a figura da ação-ocorrência.
 Os docentes possuem um gênero de atividade/ estilo profissional já
herdado ou, ainda, compartilhado.
 O fazer-docente é historicamente reproduzido.
 Há um descompasso dos docentes em relação às mudanças
tecnológicas.
 A maioria dos docentes cumpre a tarefa prescrita como uma ação
necessária que não contribui para o trabalho realizado.
 Na representação de seu trabalho, os docentes
colocam-se ora como agentes, ora como atores, quando
deveriam ser vistos sempre como sujeitos do
conhecimento e do agir.
FIGURAS DE AÇÃO
Figura de
ação
Posição em
relação ao
agir
Tipo de
discurso
Pronomes
Verbos
açãoocorrência
Implicação/
envolvimento
Discurso
interativo
Eu
Presente/
futuro
Menor
implicação
Discurso
interativo
Eu, você,
a gente
Presente
genérico
Não
implicação/
agentividade
nula
Discurso
teórico
a gente
presente
ator
Açãoexperiência
agente
AçãoCanônica
Se desenvolve
pelas normas
prescritas
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Irene Scótolo de Oliveira