I
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CONSCIENCIA
um grande
remédio
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setembro/outubro 2004 diga lá nº 39
A CORPORAL,
A preocupação com a saúde é hoje
uma constante na vida de todos
nós. Mas, freqüentemente, por não
conhecermos bem o nosso corpo,
acabamos causando prejuízos
às vezes irreversíveis. Para evitar
esses problemas, os médicos
recomendam: conhecer o próprio
corpo é o primeiro passo para
uma vida mais saudável.
PATRÍCIA COSTA
diga
diga lá
lá nº 39 setembro/outubro 2004
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ILUSTRAÇÕES GUTO LINS
Não adianta negar: todos se preocupam
com o seu corpo, uns mais, outros menos. De um
lado, somos bombardeados com imagens de corpos
saudáveis e perfeitos, que nos levam a buscar esse
ideal, mesmo que o preço a pagar seja seguir dietas
malucas e praticar exercícios em excesso.
De outro lado, vivemos uma vida agitada,
sob permanente estresse, sofrendo com a
falta de tempo, comendo fast-food, e tudo isso
acaba contribuindo para o desequilíbrio da
nossa saúde.
A explicação dos especialistas para esses
desequilíbrios está no fato de não nos conhecermos
bem e, por isso, acabamos cometendo erros que
prejudicam nosso corpo. No trabalho, por exemplo,
basta uma cadeira torta para desalinhar a coluna,
causando desconforto e dor. Passar muitas
horas em pé provoca problemas circulatórios.
Fumo e café em excesso alteram a qualidade do
sono. Doenças como obesidade, hipertensão e
diabetes estão surgindo cada vez mais cedo
e com maior freqüência. Isso sem falar do estresse,
presente em 10 entre 10 diagnósticos dos males da
vida moderna.
Uma pesquisa inédita divulgada em julho pelo
Ministério da Saúde mostra que quase metade
dos brasileiros se encontra acima do seu peso
ideal. Feita em 14 capitais além do Distrito
Federal, a pesquisa calculou o IMC - Índice
de Massa Corporal (que corresponde ao peso
dividido pela altura elevada ao quadrado) dos
entrevistados, e concluiu que 40,3% das pessoas
com mais de 18 anos estão acima do peso
considerado normal – faixa que vai de 18,5
a 24,9 –, sendo que 10,9% são obesas e 29,4%
estão com sobrepeso.
O Rio de Janeiro é o campeão no número de
pessoas com sobrepeso e obesidade: 48,1%.
Em segundo lugar vem Porto Alegre (45,1%),
depois Curitiba (43%) e São Paulo (42,8%).
E mesmo quem opta por uma vida mais
saudável, praticando atividades físicas,
muitas vezes não sabe se está fazendo a
coisa direito.
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setembro/outubro 2004 diga lá nº 39
EPIDEMIA
de dores
musculares
Os consultórios de ortopedistas, reumatologistas e
fisioterapeutas que antigamente cuidavam
predominantemente de idosos hoje vêm recebendo
um número crescente de pessoas mais jovens.
Um estudo feito recentemente pela Fundação
Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, detectou um
aumento de lesões no aparelho músculo-esquelético
provocadas pela prática inadequada de exercícios.
Isso porque cresceu a procura por tratamentos para
tendinites, bursites, artrites e miosites em clínicas
fisioterápicas. Segundo a autora do estudo, a
fisioterapeuta Christianne Dardenne, cada pessoa
possui características corporais específicas e é
preciso que ela seja bem orientada na prática de
exercícios: “Alguns possuem pernas mais curvas,
como se estivessem montando a cavalo, outros têm a
angulação do joelho desviada para fora, e para cada
uma dessas características é recomendada uma
atividade diferente.”
“Muitas das lesões de pessoas mais jovens hoje
são provocadas por excessos cometidos nas
academias”, confirma o reumatologista e fisiatra
Antônio d’Almeida, do Centro de Reumatologia e
Ortopedia Botafogo, no Rio de Janeiro. Ele garante
que se as pessoas conhecessem e, principalmente,
respeitassem os limites do seu corpo, muitos desses
problemas poderiam ser evitados: “O corpo tem seus
mecanismos de defesa. Se está desidratado, você
sente sede. Se algum músculo ou articulação está
sendo forçado, aparece a dor ou um desconforto. Mas
a maioria das pessoas acaba convivendo com esse
desconforto, o que vai causando danos maiores à
área afetada.”
Apesar de os cuidados com a saúde fazerem parte
do cotidiano de muitas pessoas, o médico não
acredita que isso reflita uma maior consciência
corporal: “Elas estão no meio do caminho, ou seja,
estão preocupadas com a saúde, querem melhorar
seu corpo, mas não sabem como devem fazer isso, o
que é mais perigoso. A diferença entre remédio e
veneno está na dose. É assim também na ginástica:
as pessoas exageram na dose dos exercícios e
acabam provocando lesões.”
Além disso, o estilo de vida de muitos contribui para o
agravamento desses problemas. São pessoas que
dormem em colchões ruins, usam sapatos com saltos
muito altos ou com formato inadequado, sentam de
forma incorreta para comer, trabalhar ou ver tevê, enfim,
vivem cometendo erros cotidianos.
Muitas empresas já despertaram para a
importância de oferecer um local de trabalho
saudável. Como médico do trabalho, o Dr. Antônio já
elaborou diversos projetos de ergonomia – estudo
que analisa a relação do homem com o seu trabalho,
equipamentos e o meio ambiente: “Essas adaptações
no mobiliário melhoraram muito a qualidade de vida
dos trabalhadores e reduziram o número de faltas ao
trabalho. Todos saíram ganhando.” Outras empresas
já oferecem a ginástica laboral, prática de
movimentos e atividades físicas realizados pelos
funcionários com o objetivo de prevenir e minimizar
os efeitos adversos da atividade profissional. Mas,
infelizmente, a maioria ainda não tem acesso a esses
benefícios.
No caso dos profissionais do esporte, as lesões
fazem parte da rotina de trabalho (ver boxe).
FOTO: WASHINGTON ALVES-COB-DIVULGAÇÃO
A frase da supervisora da Seleção Brasileira de ginástica artística, Eliane Martins, ilustra como o mundo
esportivo encara a dor muscular. Daiane dos Santos, até então nossa maior esperança de medalha de ouro
individual nas Olimpíadas de Atenas, sofreu uma cirurgia no joelho direito em junho para retirar um
pedaço de cartilagem que provocava muitas dores e estava atrapalhando seu desempenho. Mesmo após a
operação, ela continua competindo com dores, pois tanto ela quanto outros desportistas encaram a dor
como algo que faz parte da sua rotina de atleta.
Outro ídolo brasileiro que tem enfrentado problemas físicos é o tenista Gustavo Küerten. No seu caso,
as dores afetam a virilha e o quadril, e já o levaram a desistir de algumas partidas decisivas, mesmo
depois de uma cirurgia. Em janeiro, exames diagnosticaram uma lesão no lado direito do quadril que,
por vezes, chegou a provocar tendinite nos músculos da coxa. Por isso, o atleta teve de descansar e
fazer um intenso tratamento fisioterapêutico a fim de se recuperar para as Olimpíadas. Mas foi
eliminado logo no primeiro jogo, por não estar em plena forma. Não foi à toa que ele declarou:
“Meu sonho é acordar um dia sem dor.”
E quem não se lembra da rótula do joelho do jogador de futebol Ronaldo saltando para fora em
pleno jogo? A cena que chocou o mundo aconteceu no dia 12 de abril de 2000. O Fenômeno operou
o joelho direito pela primeira vez em 1996 para retirar uma calcificação, mas continuou jogando com dores controladas com analgésicos. Em novembro de 1999, durante outro jogo, ele
rompeu o tendão da rótula e foi novamente operado. Meses de intensa reabilitação o trouxeram
prematuramente de volta aos campos naquele dia de abril, quando novamente foi parar numa
mesa de operação, com a patela do joelho rompida. Muitos especialistas acharam que ali era o
fim de sua carreira, mas Ronaldo não desistiu e manteve uma recuperação, dessa vez lenta e
gradual, que culminou com sua participação na Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2002,
quando marcou dois gols na vitória do Brasil contra a Alemanha. O Fenômeno estava de volta.
diga lá nº 39 setembro/outubro 2004
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VANDERLEI CORDEIRO DE LIMA GANHA A MEDALHA DE BRONZE NA MARATONA EM ATENAS.
Uma DOR normal
A dor é, geralmente, sinal de alguma disfunção ou
algum processo inflamatório e precisa ser
investigada e tratada por um especialista.
Dependendo do caso, a atividade física deve ser
interrompida até que o problema seja sanado.
Na maioria das vezes, o atleta pode se recuperar,
se fizer um bom tratamento de reabilitação e
souber respeitar os limites impostos pelo seu
organismo. “Acontece que, quase sempre,
o atleta não tem limites”, afirma a fisioterapeuta e
instrutora de Pilates do Espaço Consciência,
no Rio, Beatriz Costa Martins. “Ser atleta é lidar
com a superação da dor. Mas é claro que forçar
demais o corpo vai trazer prejuízo; por isso
a carreira do atleta é tão curta.”
Crianças
DOENTES
O Dr. Antônio d’Almeida alerta para outro fato
preocupante: vem crescendo o número de crianças
com problemas posturais: “É um crime a quantidade
de material escolar que elas são obrigadas a carregar.
E a lei que estabelece limite de peso, no Rio e em
outros estados, não ajuda. Relacionar o peso da
criança com o da mochila é uma tarefa complicada,
seria preciso instalar uma balança na porta das
escolas para verificar se o peso da mochila está
adequado ao peso da criança.” Além disso, a vida que
os pais levam hoje faz com que seus filhos fiquem
cada vez mais dentro de casa, vendo tevê, jogando
De olho na
POSTURA
das crianças
O fisiatra Antônio d’Almeida dá algumas dicas fáceis para que os pais
possam fazer avaliações periódicas de como anda a postura de seus
filhos. A avaliação deve ser feita com crianças entre 6 e 10 anos.
• Examinar as solas dos sapatos ou dos tênis da criança, principalmente no calcanhar. Se estiverem gastas por igual, tudo bem; mas, se
um lado estiver mais gasto, é sinal de que a criança está pisando torto.
• Verificar como a roupa fica no corpo da criança depois que ela a
vestiu; quando existem alterações posturais, o short fica meio de lado,
ou a camiseta fica fora do prumo – sinais claros de postura incorreta.
• Encostar a criança numa parede, sem sapatos e sem camisa. Colocar
uma mão esticada em cada ombro da criança e depois pedir para ela
sair. Se as mãos ficarem em alturas diferentes, isso pode indicar uma
escoliose.
• Com a criança encostada na parede, olhar de lado e ver se, na altura
do umbigo, há uma curva acentuada atrás. Isso significa a presença de
lordose. Nessa idade, a coluna deve ser muito reta, quase sem nenhuma curva.
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no computador, sem se exercitar. O resultado são
desvios na coluna que poderiam ser facilmente
evitados caso as crianças passassem por uma
avaliação postural.
A fisioterapeuta Carmen Jardim, do Centro de
Terapias Integradas, no Rio de Janeiro, concorda:
“Como os ossos das crianças ainda têm um grande
percentual de líquido em relação aos sais minerais,
elas têm uma plasticidade que favorece o
aparecimento de deformidades como a escoliose, a
cifose e a lordose.” No entanto, essa mesma
plasticidade pode ajudar a corrigir esses problemas,
mas é preciso que haja atenção por parte de pais e
professores: “Seria maravilhoso se fossem
implantados nas escolas públicas e particulares
programas que possibilitassem, por meio do exame
físico das crianças, detectar o mais precocemente
possível as deformidades posturais de forma a que,
com um trabalho de reeducação da postura e do
movimento e mudanças de hábitos viciosos,
pudéssemos prevenir a possível estruturação dessas
deformidades.”
Nos Estados Unidos já existe um programa como
esse, chamado Back School, em que as crianças
passam por uma avaliação postural e são ensinadas
a se sentar e a andar corretamente, sendo levadas a
conhecer como usam seu corpo no espaço. Mas,
enquanto essa novidade não chega por aqui, cabe
aos pais ficarem atentos à postura de seus filhos
(ver boxe).
A vez das
TERAPIAS
ALTERNATIVAS
Os especialistas concordam que conhecer o próprio
corpo e suas limitações não é fácil, e, portanto,
qualquer iniciativa para estimular isso deve ser
apoiada. Não é à toa que cada vez mais médicos
estão optando por adotar métodos complementares
de tratamento para ajudar seus pacientes a
conhecerem melhor suas estruturas corporais. Foi-se
o tempo em que um tratamento para dores
musculares se resumia a fisioterapia tradicional,
medicação e repouso.
A RPG - Reeducação Postural Global é a
modalidade de tratamento complementar que mais
cresce hoje em dia. Criada em 1980 pelo
fisioterapeuta e físico nuclear francês Philipe
Souchard, a RPG considera o corpo como uma
máquina cujas engrenagens precisam estar em
perfeito funcionamento. Se uma peça está com
problemas, o conjunto todo se desequilibra. A dor ou
tensão muscular provoca uma reação no conjunto
corporal, que se reajusta para compensar o
incômodo. Quando ela passa, a postura errada já
estará instalada e será preciso corrigi-la. É aí que
entra a RPG. “É um tratamento de longo prazo que,
além de curar dores e corrigir posturas, leva o
paciente a aprender sobre seu corpo, entender como
funciona o seu andar, qual é a melhor posição para
dormir, o melhor calçado para caminhar etc. É preciso
se conhecer para se manter saudável”, explica o
Dr. Antônio d’Almeida. Sua eficácia está tão
comprovada que muitos planos de saúde privados
já aceitam a RPG como tratamento clínico.
A mesma coisa acontece com a acupuntura,
técnica de tratamento milenar originária da medicina
oriental, cujo objetivo é a manutenção da saúde com
o estímulo de pontos específicos do corpo. Apesar de
ter sido introduzida no Brasil há mais de 100 anos
pelos primeiros imigrantes japoneses, só
recentemente a acupuntura deixou de ser
considerada um método alternativo e passou a ser
complementar em tratamentos alopatas. Seus
benefícios foram reconhecidos pela Organização
Mundial de Saúde, que a recomenda para inúmeros
tratamentos por não ter efeitos colaterais. No Brasil,
foi reconhecida como especialidade médica pelo
Conselho Federal de Medicina em 1995. O Estado do
Rio de Janeiro foi o primeiro no Brasil a implementar,
em 1992, um Programa de Acupuntura e Terapias Afins
(shiatsu, tui-na, seitai, quiroprática, shantala). Usando
agulhas descartáveis ou individuais, é possível tratar
desde dores musculares localizadas até problemas
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como a obesidade e a insônia. Hoje, vários estados e
municípios já oferecem programas semelhantes.
Segundo a Sociedade Médica Brasileira de
Acupuntura, existem atualmente cerca de 5 mil
médicos que praticam essa técnica no país.
A explosão do
PILATES
Apesar de ainda ser inacessível para a maioria das
pessoas – cada aula custa, em média, de R$ 25 a
R$ 40 –, o Pilates tem ganhado força entre os
praticantes de atividades físicas, principalmente
aqueles que têm algum desvio postural ou já
sofreram lesões musculares. O método foi criado pelo
alemão Joseph Pilates no início do século passado.
Por ter nascido com raquitismo e outros problemas de
saúde, o terapeuta resolveu pesquisar técnicas de
ginástica para desenvolver seu corpo. O método
criado mistura técnicas orientais – que destacam o
alongamento, a concentração e o autoconhecimento
– com técnicas ocidentais que enfatizam o
fortalecimento dos músculos. Ele também criou os
aparelhos onde os exercícios são executados. Morto
em 1967 com quase 90 anos, Joseph Pilates deixou
discípulos que deram prosseguimento ao seu
trabalho, mas somente na década de 1990 o seu
método ficou mais conhecido.
A instrutora de Pilates Beatriz Costa Martins
acredita que a técnica veio para ficar: “As pessoas
hoje estão mais informadas e buscam atividades que
não provoquem lesões nem sejam muito repetitivas.
E, como as aulas são individuais ou com poucas
pessoas, o instrutor tem a oportunidade de orientar
melhor o aluno.” Para ela, o Pilates ajuda no processo
de autoconhecimento, além de propiciar benefícios
diretos – melhora o condicionamento físico, a
flexibilidade e a capacidade respiratória – e indiretos –
aumenta a qualidade do sono, do funcionamento dos
órgãos internos e da auto-estima, principalmente para
os idosos: “Quase todos dizem que ficam mais bemdispostos, com mais pique, mais vivos e alegres.”
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setembro/outubro 2004 diga lá nº 39
Outras técnicas orientais como a ioga, o tai-chichuan e o shiatsu também caíram no gosto das
massas. A ioga é uma técnica oriental antiga que se
concentra na respiração, enquanto o corpo vai
assumindo uma série de posições que aumentam o
nível de oxigênio, aprimorando a flexibilidade e a
circulação. O tai-chi-chuan, originalmente destinado
à autodefesa, também tem como foco a respiração.
A execução dos movimentos – mais de 100 – exige
concentração e disciplina e ajuda a tonificar o corpo
e a aliviar o estresse.
Já o shiatsu é uma massagem oriental aplicada
com a pressão dos dedos e da palma da mão sobre
os canais de energia do corpo – os chamados
meridianos – e os pontos que têm ligação direta com
os órgãos internos. A intenção é “dissolver” as
tensões e fazer com que a energia circule pelo corpo,
proporcionando relaxamento, uma sensação de bemestar e o equilíbrio das funções orgânicas.
IDOSOS em
movimento
Segundo dados do IBGE, existem hoje no Brasil mais
de 14 milhões de pessoas com mais de 60 anos. E a
previsão é que, em 2020, esse número chegue a
25 milhões. A melhoria da qualidade de vida dos
idosos é uma das causas desse crescimento.
Com a idade, a musculatura tende a encurtar, o
que faz das atividades mais banais um sacrifício para
o idoso. “Muitos já não conseguem fazer movimentos
simples como coçar as costas, ou se erguer na ponta
dos pés, ou até mesmo calçar os sapatos. Alguns
idosos não conseguem nem ficar de pé, por conta da
fragilidade da sua estrutura. Mesmo casos como
esses são tratáveis com terapia de reabilitação. Os
pacientes recuperam os movimentos, a autonomia, e
até o nível de osteoporose cai. As pessoas precisam
entender que a velhice faz parte da vida, mas que
cabe a cada um decidir como vai envelhecer, com ou
sem saúde”, diz o fisiatra Antônio d’Almeida.
Já para a fisioterapeuta Carmen Jardim, que
também trabalha com grupos de idosos na UnAti Universidade da Terceira Idade, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, é preciso implantar mais
centros de convivência e de tratamento voltados para
eles: “A RPG, a dança, a ioga, todas essas técnicas
previnem e tratam as afecções mais comuns do idoso,
como as osteoartroses, osteoporoses, fraqueza
muscular, bloqueios articulares, falta de equilíbrio,
habilidade, agilidade ou coordenação.” Segundo ela,
esses problemas podem levar à imobilidade,
causando depressão e tirando a autonomia.
Fundamental em todas as fases da vida, a
alimentação também merece especial atenção na
velhice: “É preciso controlar o peso do idoso, pois o
excesso de peso sobrecarrega estruturas que, com a
idade, apresentam graus de degeneração. A ingestão
freqüente de líquidos ajuda a nutrir os tecidos e a
hidratar o organismo.”
Todos os especialistas concordam que é preciso
estimular o autoconhecimento, pois só assim será
possível prevenir males posturais e orgânicos. “Nunca
se falou tanto de saúde e de problemas posturais nos
meios de comunicação como agora. Além disso, o
sistema público de saúde, ao oferecer técnicas como
a acupuntura e a RPG, ajudam a popularizá-las”,
afirma Beatriz Martins. Para ela, a falta de
conhecimento do próprio corpo é um fator cultural, e é
preciso mudar essa mentalidade. Falar sobre o tema,
propor discussões, oferecer os serviços na rede de
saúde são medidas que contribuem para que as
pessoas se conheçam melhor e aprendam a respeitar
os seus limites.
O que é
FISIOTERAPIA
• Universidade de São Paulo (SP) –
www.usp.br
Apesar de ainda ser oferecido por poucas universidades públicas, cresce a procura pelo curso de fisioterapia, uma vez que o mercado de
trabalho para esses profissionais está em expansão no país.
Segundo dados do Ministério da Educação, existem hoje 334 instituições
de ensino superior, públicas e privadas, que oferecem o curso, 201 no Sudeste.
A maioria dos que ingressam no curso (70%) é de mulheres.
Especialistas alertam para a profusão de cursos de faculdades particulares,
que estão saturando o mercado nas grandes capitais como Rio e São Paulo.
“Entretanto, o mercado externo, como os Estados Unidos, oferece
espaço para profissionais brasileiros. Por isso, o fisioterapeuta deve
fazer cursos de especialização e estar sempre se atualizando”, explica Celso Carvalho, coordenador do curso de fisioterapia da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo.
Para exercer a profissão, é preciso fazer o curso por um período de
quatro a cinco anos, com uma carga horária de pelo menos 4.500 horas
de aulas teóricas e práticas em período integral. O fisioterapeuta é um
profissional de saúde que pode atuar nas áreas de ortopedia, neurologia, traumatologia, pediatria, pneumologia, cardiologia, urologia, fisioterapia respiratória, estética, esportiva e até mesmo em pesquisa
científica e na fabricação de aparelhos ortopédicos.
Essas são algumas universidades que oferecem cursos de fisioterapia:
• Universidade de São Paulo
(Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto) – www.fmrp.usp.br
• Universidade Estadual de Londrina (PR) – www.uel.br
• Universidade Federal de Minas
Gerais – www.ufmg.br
• Universidade Federal
de Pernambuco – www.ufpe.br
• UFSCar - Universidade Federal de
São Carlos (SP) – www.ufscar.br
• Faculdade de Medicina da UFRJ –
www.medicina.ufrj.br
• Faculdade Estadual de Educação
Física e Fisioterapia de Jacarezinho
(PR) – www.faefija.br
• Universidade de Santo Amaro (SP)
– Tel.: 0800-171796 – www.unisa.br
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um grande remédio