A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA
FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA
RELACIONADOS AO SETOR DE TRANSPORTES URBANOS
Paulo Alysson B. F. de Souza1 e Sérgio Marques Júnior1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte1
Campus Universitário – Lagoa Nova
59078-970 – Natal – RN
[email protected]
Resumo. A forte percepção mundial acerca da necessidade urgente de proteção e recuperação dos
recursos naturais, acaba por estimular a implantação de Educação Ambiental em entidades e
empresas. O objetivo deste trabalho é acrescentar, na formação de profissionais de engenharia, a
Educação Ambiental como instrumento de conscientização sobre os problemas do meio ambiente,
possibilitando assim, a implantação de estratégias mais adequadas e o desenvolvimento de atitudes
que possam prevenir os principais impactos ambientais decorrentes da matriz energética utilizada
no setor de transportes urbanos. A Educação Ambiental pode contribuir decisivamente para a
formação de uma consciência sustentável, a partir da divulgação de projetos específicos voltados
para reeducar as pessoas e sensibilizá-las para novas posturas pessoais, tornando-as
multiplicadoras dessas novas práticas no trabalho, em casa e na comunidade. A abordagem
adotada considera o meio ambiente em sua totalidade, levando em conta os aspectos éticos,
políticos, econômicos, sociais, culturais, científico-tecnológicos e ecológicos, buscando promover o
exercício atuante, participativo e responsável da cidadania, em prol da manutenção e melhoria da
qualidade ambiental. A conscientização da sociedade relativamente às questões ambientais gerou a
necessidade de introduzirmos a Educação Ambiental na formação intelectual das pessoas
Palavras-chave: Educação Ambiental, Profissionais de Engenharia, Transporte Urbano
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1.
INTRODUÇÃO
A relação homem/natureza que se estabelece na sociedade, deveria se basear em valores e conceitos como o de
desenvolvimento sustentável – Höeffel et al [1] “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a
possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias".
O desenvolvimento de atividades que utilizam, de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, busca a
formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente promovendo o bem-estar das
populações envolvidas.
Segundo Lemos [2], As ações do homem causam impactos e agressões que muitas vezes suplantam a
capacidade de suporte deste meio natural e às vezes são irreversíveis.
A conscientização da sociedade relativamente às questões ambientais gerou a necessidade de introduzirmos a
Educação Ambiental na formação intelectual das pessoas. De fato, a forte percepção mundial acerca da necessidade
urgente de proteção e recuperação dos recursos naturais, disseminada principalmente pelos meios de comunicação,
acaba por estimular a implantação de Educação Ambiental em entidades e empresas.
Deve-se organizar e conduzir atividades no sentido de uma responsabilidade sócio-ambiental que busca
minimizar impactos ambientais e sócio-culturais negativos e potencializar os impactos positivos, de forma a contribuir
com que os recursos que hoje utilizamos se mantenham suficientes e disponíveis para o uso das gerações futuras.
O autor Padua at al [3] destaca que é fundamental entender o meio natural como um sistema que obedece a
determinadas leis suscetíveis a qualquer ação externa, que pode provocar graves alterações. Quanto mais frágil for o
sistema, menor é a sua capacidade para assimilar ou absorver as ações externas, ou seja, maior será o impacto
ambiental.
Diversas informações relativas ao meio ambiente são divulgadas e discutida, a fim de que o conhecimento de
todas elas despertem uma consciência ambiental, estabelecendo assim, um incentivo à promoção do desenvolvimento
sustentável.
Paralelamente a formação intelectual tradicional, deve-se trabalhar a preservação consciente e a interação dos
profissionais de engenharia com o meio ambiente.
2.
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Educação Ambiental consiste num processo complexo e multidisciplinar. Muitos aspectos devem ser levados
em conta a fim de que ele seja um empreendimento bem-sucedido para todos os envolvidos: consumidores,
administradores e fornecedores. Idéia defendida por Stapp at al [4].
A Educação Ambiental pode proporcionar:
– Buscar interagir o homem ao seu meio ambiente;
– Procurar a melhoria da qualidade de vida;
– Conscientizar as pessoas da importância da sua relação com o meio ambiente;
– O apoio às iniciativas ecológicas.
A abordagem adotada considera o meio ambiente em sua totalidade, levando em conta os aspectos éticos,
políticos, econômicos, sociais, culturais, científico-tecnológicos e ecológicos, buscando promover o exercício atuante,
participativo e responsável da cidadania, em prol da manutenção e melhoria da qualidade ambiental.
A Educação Ambiental é um processo permanente, através do qual os indivíduos e a comunidade adquirem
consciência em relação ao meio ambiente. A partir da aquisição de conhecimentos, valores, habilidades e experiências
ligadas ao meio ambiente, a população se torna apta a agir individualmente ou coletivamente, no sentido de resolver os
problemas ambientais presentes e futuros. Concebido em bases interdisciplinares, um programa de Educação Ambiental
deve contemplar diversas estratégias e projetos específicos para reeducar profissionais, a fim de sensibilizá-los para
novas posturas pessoais, tornando-os multiplicadores dessas novas práticas no trabalho, em casa e na comunidade.
Todo indivíduo tem a capacidade de desempenhar papéis importantes na melhoria do planeta. Aos educadores
cabe a responsabilidade de despertar no aprendiz o senso de auto-estima e confiança indispensáveis para que acredite o
suficiente em seus potenciais e passe a exercer plenamente sua cidadania.
Se analisarmos as definições de Educação Ambiental, torna-se claro que a expectativa é bem mais ampla do
que meramente informar ou transmitir conhecimentos. Segundo a Carta de Belgrado (1975) a Educação Ambiental deve
desenvolver um cidadão consciente do ambiente total, preocupado com os problemas associados a esse ambiente e que
tenha conhecimento, atitudes, motivações, envolvimento e habilidades para trabalhar individual e coletivamente para
resolver problemas atuais e prevenir os futuros. Anos depois, os objetivos da Educação Ambiental foram assim
definidos: (1) desenvolver consciência e sensibilidade entre indivíduos e grupos sobre problemas locais e globais; (2)
aumentar conhecimentos que possibilitem uma maior compreensão sobre o ambiente e seus problemas associados; (3)
promover meios de mudanças de atitudes e valores que encorajem sentimentos de preocupação com o ambiente e
motivem ações que o melhorem e o protejam; (4) desenvolver capacidades que possam ajudar indivíduos e grupos a
identificarem e resolverem problemas ambientais; e (5) promover a participação, que essencialmente significa
envolvimento ativo em todos os níveis da proteção ambiental.
A Educação Ambiental torna-se um caminho para um ensino novo onde o intuitivo é somado ao racional, onde
a criatividade é estimulada para aumentar a auto-estima. Somente quando as pessoas despertam para o seu valor
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individual, podem passar a acreditar em seu potencial transformador. Valores como respeito, solidariedade, empatia e
muitos outros, passam a fazer parte desse novo pensar. Amplia-se o valor à vida, não só humana, mas de todos os seres.
Por isso que a Educação Ambiental de maneira ideal, deve incluir quatro componentes básicos, segundo a
Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo [5]: (1) fundamentos ecológicos, que ajudem na compreensão, no
conhecimento e na prevenção das conseqüências de ações que impactam o meio ambiente e a busca de soluções, assim
como formas didáticas de transmitir esses princípios; (2) consciência ecológica, que permita aos professores preparar
materiais didáticos ou adotar currículos que ajudem ao aprendiz a compreender como as características culturais do ser
humano afetam o ambiente e sua perspectiva ecológica - como os papéis desempenhados por diferentes indivíduos e
seus valores influenciam as decisões, o que leva a importância de formar cidadãos responsáveis na solução de
problemas ambientais; (3) investigação e avaliação, que ajudem a analisar os problemas ambientais e possíveis
soluções, além de meios de se incorporar valores condizentes com os novos conhecimentos; e (4) capacitação em ações
ambientais que incluam não somente a adoção de posicionamentos que estejam em equilíbrio com a melhoria da
qualidade de vida e do meio ambiente, mas que visem meios para que esses princípios possam ser transmitidos.
A Política Nacional do Meio Ambiente, definida por meio da Lei nº 6.983/81, situa a Educação Ambiental
como um dos princípios que garantem "a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida,
visando assegurar no país condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à
proteção da dignidade da vida humana". A partir de 1988, Educação Ambiental tomou maior impulso, uma vez que a
Constituição Federal, dedicando o Capítulo VI ao Meio Ambiente, em seu art.225, Inciso VI, determina que "cabe ao
Poder Público promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente".
A existência de Leis que determinam o cumprimento da Educação Ambiental em estabelecimentos de ensino
não atendem à formação de pessoas que se encontram voltadas exclusivamente à atividade profissional. É necessário
atingir esses profissionais e conscientiza-los para o risco ambiental da sua própria atividade.
Os aspectos e impactos ambientais relacionados ao próprio setor de transporte, por exemplo, têm origem
bastante antiga . Na grande maioria da vezes, tais ofensas ambientais se iniciaram a partir de fatos e tendências isoladas
que, só ao longo do tempo, foram se revelando como impactos significativos.
Inicialmente, a relação com o meio ambiente não passava de uma relação de sobrevivência, na qual o Homem
extraia da natureza o seu próprio sustento. Tratava-se de uma relação que dizia respeito de como viver num mundo cuja
natureza era externa e mais poderosa do que os homens, e que os afetava mais do que era afetada por eles. Conhecer o
meio ambiente consistia numa maneira de se auto-defender dos fenômenos da natureza. Porém, a interação entre os
homens e o ambiente ultrapassou a questão da simples sobrevivência. A natureza mostrou-se também fonte de alegria,
beleza, identidade e status pessoal, de inspiração para a música, arte, religião e significado, enfim, valores internos e,
perenes pelos quais se quer lutar
Com a urbanização e evolução da civilização humana, a percepção da ambiente mudou drasticamente. Passou a
existir o interesse de se explorar o meio ambiente a partir de uma outra visão. Não se tratava mais de retirar da natureza
somente o seu próprio sustento; agora, o intuito era criar e produzir utilizando-se de recursos naturais. Com a expansão
dessa nova filosofia exploratória, o Homem passou a priorizar descobertas que traziam suporte e estrutura ao
desenvolvimento.
O motivo pelo qual pretende-se inserir a Educação Ambiental para profissionais de engenharia do setor de
transporte público, tem raízes em problemas decorrentes desta nova postura em relação a natureza. O desenvolvimento
desordenados dessa atividade, a exemplo de tantas outras, trouxe sérias conseqüência ambientais ao longo da história.
A poluição ambiental, que dentre outros tipos inclui a poluição atmosférica, tem origem em duas causas
principais, a quem se atribui o estado decadente do nosso planeta. A primeira é a necessidade que o Homem sempre
sentiu de evoluir com a mecanização. Como nenhum outro ser vivo, o Homem consegue transformar as matérias-primas
que dispõe, de forma a torna-las úteis para si, seja como ferramentas ou máquinas. A segunda reside no contínuo
aumento da população, constituindo assim, um desenvolvimento em cadeia. O crescimento da população, como também
o desenvolvimento da infraestrutura urbana, implica em um aumento do efeito poluidor nas grandes cidades, dado que
esse crescimento intensifica o tráfego rodoviário, quer no interior das cidades, quer nas suas vias de acesso. Essas
causas são antigas e contemporâneas, ao mesmo tempo, pois ainda nos dias atuais são responsáveis pelos índices
crescentes de poluição.
Por outro lado, o problema da poluição atmosférica nos centros urbanos pode ser atribuído a tecnologia adotada
desde o início do processo de mecanização. Muitas alternativas energéticas foram cogitadas durante a história, mas
somente uma prevaleceu: àquela a base de carbono.
Quando o mundo começou a falar em desenvolvimento sustentável, ficou evidente a necessidade de evoluirmos
sem nos auto-destruirmos. A preservação do meio ambiente deixou de ser um mero discurso ecológico; representa a
sobrevivência do ecossistema nos quais estamos inseridos.
O ar, a água e o solo são recursos indispensáveis à vida na Terra, pois através de ciclos naturais, os seus
constituintes são consumidos e reciclados. A atmosfera tem assim uma certa capacidade depuradora que, em condições
naturais, garante a eliminação dos materiais nela descarregados pelos seres vivos. O desequilíbrio deste sistema natural
conduz à acumulação na atmosfera de substâncias nocivas à vida, fazendo nascer a necessidade de uma ação de
prevenção ou controle ambiental.
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A partir da combustão de energéticos fósseis, o setor de transportes públicos se caracteriza como o maior
poluidor atmosférico, superando inclusive outros segmentos altamente poluentes, como a indústria petroquímica e da
construção civil.
A necessidade imposta pelos elevados índices de poluição atmosférica passou a justificar a criação de fontes
alternativas para os transporte urbanos. Muitas descobertas são relevantes pelos benefício ambientais gerados,
reduzindo drasticamente a emissão de poluentes para atmosfera.
A Educação Ambiental pode favorecer substancialmente na tomadas de decisão relacionadas ao setor de
transporte, a partir da conscientização ambiental de profissionais atuantes no setor, e estimular ainda a utilização de
novas tecnologias que permitam amenizar os impactos ambientais decorrentes de todo esse processo.
3.
A IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Introduzir um programa de Educação Ambiental consiste num processo metódico, e requer acompanhamento
detalhado. Para alcançarmos resultados satisfatórios, dividimos o processo em fases que possibilitam um melhor
acompanhamento das atividades e o cumprimento correto de todas elas. Todas as etapas devem ser acompanhadas de
uma maneira sistêmica, para que sejamos fiéis ao que foi planejado. As fases integrantes do processo, segundo Czapski
[6] são: Sensibilização, Mobilização, Informação e Ação.
Para atingir as finalidades da Educação Ambiental, precisamos estar sempre conscientes de que este é um
trabalho educacional e que, portanto, devemos cumprir todas as fases do processo. Todas as fases ocorrem
sucessivamente, mas devem estar sempre articuladas no decorrer do processo. Nenhuma das fases pode ser
desenvolvida isoladamente ou de modo linear; é preciso enfatizar que todas são inter-relacionadas, que a Educação
Ambiental não pode se resumir à uma delas somente e que todas devem ocorrer sob o nosso planejamento, controle e
avaliação permanentes.
A primeira fase do processo é a de Sensibilização, que é quando desencadeamos o processo de Educação
Ambiental no âmbito da população alvo. É necessário que os nossos procedimentos contenham impacto emocional,
chamem bastante a atenção, despertem preocupações, alertem para comportamentos errôneos e requisitem o
envolvimento e a participação das pessoas, ressaltando uma situação, ou conjunto de situações, que compõem uma
problemática ambiental. O envolvimento de pessoas, instituições e comunidades, deve associar a situação ou situações
problemáticas aos valores mais elevados e sutis da existência humana.
Isto significa relacionar as causas e conseqüências da situação problemática em tela à condições importantes
como sobrevivência , respeito à vida, harmonia, fraternidade, solidariedade, cooperação, construção, responsabilidade
individual e coletiva, preocupação com as gerações futuras.
Muitos projetos de Educação Ambiental começam e permanecem apenas na fase de Mobilização. Nesta
segunda fase é preciso ir além do alerta, do chamamento e do levantamento de problemas. Segundo várias teorias, o ser
humano é basicamente construtivo e criativo. Sensibilizado, poderá construir, criar, individual ou coletivamente,
condições melhores de vida para si mesmo e para seus semelhantes.
Na fase da mobilização visamos orientar pessoas, instituições e comunidades para que disponibilizem seus
esforços no sentido de cooperar, transformar e construir situações mais desejáveis de vida, para si e para seus
semelhantes, atuando no seu ambiente, de modo mais adequado, visando o presente e o futuro. Mobilizar significa
colocar em movimento, "agitar", apresentar alternativas de resolução de um determinado problema, que exige ação
individual e coletiva, envolvimento e participação de todos no seu enfrentamento e execução de propostas de solução.
Quando buscamos mobilizar as pessoas para uma causa em prol do bem comum, temos de estar muito certos e
conscientes do que fazemos, seja do ponto de vista pessoal, seja da instituição que representamos. Temos de ser
essencialmente éticos em nossa atuação. Temos de ter a certeza da correção de nossas propostas. Todos os projetos que
conseguem sensibilizar o público - alvo para uma causa valiosa e nobre, têm grande parte do seu sucesso assegurado.
Precisamos ouvir, abrir espaços para o diálogo, pois os próprias envolvidas podem, com o nosso apoio, encontrar
soluções excelentes para suas necessidades, com autonomia e democraticamente. O ideal é que a mobilização se
transforme em compartilhamento de responsabilidades e desenvolvimento de processos comunitários de auto-gestão.
A fase da Informação é indispensável para atribuirmos consistência técnica ao nosso trabalho em Educação
Ambiental. Para tanto, necessitamos contar com equipes multidisciplinares de técnicos, de acordo com a natureza do
tema tratado; seja qual for a situação, ela deverá ser abordada com o devida conhecimento técnico do assunto, por
especialistas, adequando-se a linguagem ao nível da população envolvida. Porém, esta abordagem deverá compor um
corpo de informações que possam ser relacionadas à realidade em que se está atuando, ou seja, devem ser
contextualizadas, associadas ao que o público já sabe ou já faz.
Não podemos nos perder em explicações técnicas que sejam de interesse somente de estudiosos. A Educação
Ambiental, para não se tornar um trabalho inócuo, deverá se sustentar sempre em informações teóricas e práticas
completas e atualizadas, que dêem segurança e credibilidade às propostas apresentadas. Para tanto, é indispensável
contar com consultoria técnica e atualizada.
A Ação é a última e mais importante de todas as fases, pois é a execução prática dos projetos ambientais que
desejamos concretizar. Através do processo educacional atuaremos junto a pessoas, instituições ou comunidades, com a
indispensável participação das mesmas. Esta Ação significa um conjunto formado por organização, ação Sistemática e
continuidade de propostas, descentralização e incentivo à auto-gestão de grupos e comunidades.
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Para tanto, é necessário planejarmos todo o processo, dividindo responsabilidades, adotando procedimentos de
cooperação e parceria, garantindo infra-estrutura de apoio e acompanhando sistematicamente o desenvolvimento de
ações concretas e palpáveis.
Um procedimento muito importante em Educação Ambiental é a criação de sistemas de rede, ou seja, o
estabelecimento de ações simultâneas intersetoriais, que ocorrem por capilaridade e envolvem todos os indivíduos e
instituições. As tarefas são distribuídas e todos atuam cooperativamente: a partir de "starts" centralizados, as ações são
descentralizadas, diversificadas, acompanhadas e avaliadas sistematicamente pelos envolvidos.
Todos os projetos de Educação Ambiental que não garantirem caráter descentralizado, sistemático e
continuidade estão fadados ao fracasso. Como, em geral, as equipes que planejam e executam são compostas por poucas
pessoas e temporárias, o caráter sistemático e a continuidade só podem ser assegurados quando se utilizam os sistemas
de rede. Os mais adequados e adaptáveis entre esses sistemas são os que adotam a formação de re-editores e
multiplicadores, pertencentes à população alvo onde se irá atuar. Equipes que vêm de fora devem se integrar à
comunidade local e criar equipes locais, formadas por indivíduos e grupos representativos que exerçam as mas diversas
ocupações, mais que sejam respeitados e aceitos, competentes, bem relacionados e estimados. Tais equipes, bem
preparadas e acompanhadas, poderão assegurar a execução, continuidade e o sucesso do projeto, porque atuarão no
sentido de construir os comportamentos desejáveis na prática cotidiana da vida das populações.
É indispensável o acompanhamento sistemático às equipes de multiplicadores e de re-editores, assegurando
retorno às dificuldades encontradas e o re-planejamento periódico do trabalho, visando a criação de processos de autogestão e sustentabilidade nas comunidades.
A Ref. [4] afirma que a Educação Ambiental torna-se chave na medida em que cada um desperte para o seu
potencial de contribuir para um mundo mais ético e para sua responsabilidade de se engajar em processos que visem um
bem maior que priorize o respeito à vida.
Portanto, a implantação de uma programa de Educação Ambiental voltado à profissionais de engenharia,
contribuirá decisivamente para a desenvolvimento sustentável no setor, e ainda, para a melhoria da qualidade de vida
dos próprios profissionais e usuários de transporte urbanos.
Agradecimentos
Aos colegas de Mestrado, Thelma Polillo, Esmeraldo Macêdo e Sayonara Rocha pela valorosa contribuição.
Agradeço ainda à Agência Nacional do Petróleo – ANP pelo incentivo a pesquisa, e ao Dr. Sérgio Marques Júnior pela
co-autoria deste trabalho.
4.
REFERÊNCIAS
[1]
Höeffel, J. L., Viana, R. & Padua, S. A Consciência Ambiental e os 5Es: (Ecologia, Educação, Economia,
Ética e Espiritualidade). In: Educação. Rio de Janeiro, 1998.
[2]
Lemos, A. I. G. Impactos sócio-ambientais. São Paulo, 1996.
[3]
Padua, S. & Jacobson, S. A Comprehensive approach to an environmental education program in Brazil. The
Journal of Environmental Education. Curitiba, 1993.
[4]
Stapp, W., Wals, A. Stankorb, S. Environmental Education for Empowerment: Action Research and
Community Problem Solving. Iowa: Kenda//Hunt Publishing Company. Washington, 1996.
[5]
Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo. Meio Ambiente e Cidadania: reflexões e experiências. São Paulo,
1998.
[6]
Czapski, S. A Implantação da Educação Ambiental no Brasil. Brasília, 1998.
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