Cristiano Coelho
O uso dos dados das pesquisas
econômicas do IBGE para pesquisa e
planejamento estratégico: uma análise das
indústrias dos setores químico e
farmoquímico/farmacêutico de Goiás
1
2
Edson Roberto Vieira
Emerson Wruck
Resumo: O objetivo desse trabalho é evidenciar como as informações
3
sobreviveram 78% das empresas ativas no país em 2007,
das Pesquisas Econômicas do IBGE podem ser importantes ferramentas
porcentagem que foi de 68% para empresas sem pessoal
para auxiliar as empresas na avaliação e tomada de decisão sobre
ocupado e de 89% para empresas com até nove
produção e investimento, contribuindo efetivamente para que as
funcionários.
empresas possam se situar perante seus pares em nível local, regional e,
até mesmo, nacional. Para tanto, foram escolhidos dois setores de
Evidentemente, a taxa de sucesso de uma empresa
atividade, o químico e o farmoquímico/farmacêutico, para os quais foram
está
realizadas diversas análises tendo como base as informações da
relacionadas à viabilidade econômica do negócio . Um
Pesquisa Industrial Anual (PIA) e da Produção Industrial Mensal –
estudo realizado com 1.961 empresas de São Paulo, entre
Produção Física (PIM-PF). Os resultados das análises deixam patentes
as diversas possibilidades de utilização dos dados das Pesquisas
diretamente
ligada
a
análises
prospectivas
2
1999 e 2003, mostrou que a sobrevivência das empresas
setor
investigadas no período se relacionou principalmente com
farmacoquímico/farmacêutico, foi evidenciado que o crescimento do valor
as práticas gerenciais adotadas por elas. Estas práticas,
da transformação industrial no mesmo foi menor que o crescimento
por sua vez, se correlacionam diretamente com o tamanho
Econômicas
do
IBGE.
Especificamente
no
tocante
ao
industrial geral de 2007 para 2008, o que pode indicar, por exemplo, a
necessidade de que sejam investidos maiores percentuais da receita em
da empresa, sendo que as maiores são as que adotam
pesquisa e desenvolvimento (P & D), de modo a aumentar o valor
práticas gerenciais com mais frequência e, não por acaso,
agregado
são aquelas que tem maior taxa de sobrevivência . Tais
dos
produtos
produzidos
pela
indústria
farmacoquímica/farmacêutica goiana.
Palavras-chave:
Pesquisas
3
práticas envolvem o estabelecimento e cumprimento de
Econômicas
do
IBGE;
Setor
farmacoquímico/farmacêutico; Planejamento Empresarial.
objetivos e metas, a busca e análise de informações e a
antecipação de acontecimentos.
Ao estabelecer objetivos e metas, não é incomum a
realização de estudos de viabilidade econômica para a
Introdução
Em tempos de demandas cambiantes inerentes a
implantação de uma empresa ou de uma nova unidade
mercados cada vez mais competitivos, a busca de
local da empresa já estabelecida no mercado. De fato,
qualquer diferencial estratégico é condição de relevância
várias empresas de consultoria vendem serviços dessa
ímpar, não apenas para aumentar o market share, mas,
natureza a empresas que queiram se estabelecer, se
sobretudo,para garantir a permanência das empresas no
restabelecer em outras regiões ou mesmo expandir suas
mercado no longo prazo.
atividades. Os serviços disponíveis variam da pura análise
Não se trata de retórica acadêmica ou de falácias.
1
demográfica, que envolve aspectos sociais que focam na
Segundo informações do IBGE , considerando o período
mão de obra disponível nas regiões-alvo da empresa
de 2007 para 2008,
contratante, até os estudos de geomarketing.
1
Supervisor estadual de pesquisas econômicas do IBGE e professor
efetivo da PUC-GO.
2
Supervisor estadual de pesquisas econômicas do IBGE e professor
efetivo da UFG.
3
Supervisor estadual de pesquisas econômicas do IBGE e professor
efetivo da UEG.
Um serviço mais completo inclui ainda a avaliação de
possibilidades de incentivos fiscais, qualificação da mão
de obra, parcerias, etc.
24
Na verdade, nosso objetivo não é confrontar qual a
Para direcionar esta questão e mostrar como esses
melhor forma de pesquisa ou modelo; o que se quer é
dados podem contribuir para avaliação e planejamento
evidenciar que pesquisar antes de se realizar qualquer
estratégico
ação neste sentido é fundamental. Porém, os dados de
apresentaremos uma breve análise da evolução do setor
prospecção são obtidos em um momento específico do
industrial de Goiás em relação ao Centro-Oeste e ao
tempo, sendo que as mudanças sociais e econômicas são
Brasil, enfatizando as variações de receitas e despesas
bastante dinâmicas. Mais ainda, as mudanças que
dos setores químico e farmacoquímico de Goiás entre
ocorrem em uma dada região se relacionam também
2007 e 2008, conforme a Pesquisa Industrial Anual .
àquelas ocorridas em outras regiões. É neste ponto que os
Serão ainda apresentados alguns dados referentes à
dados coletados pelo IBGE podem ser de extrema
Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física Regional
utilidade, pois, além do Censo Demográfico e da
para o período de março de 2009 a março de 2011 para
contagem populacional, as pesquisas do IBGE fornecem
os setores de fabricação de produtos químicos e de
acompanhamento
produtos farmacoquímicos/farmacêuticos.
contínuo
da
estrutura
do
setor
especificamente
das
indústrias,
4,5
6
produtivo, como receitas, gastos, despesas, salários
(como as pesquisas anuais de indústrias, serviços,
Metodologia
comércio e indústria da construção); de receitas e
despesas da administração pública federal, estadual e
municipal; de índices de preços, vendas no comércio
varejista e produção industrial, coletados mensalmente;
além de pesquisas de orçamento familiares e de
estruturas domiciliares, saneamento básico, inovação
tecnológica, dentre outras. Em conjunto, essas pesquisas
fornecem o retrato mais amplo e, ao mesmo tempo,
pormenorizado, da nossa realidade, permitindo entender
as variações sociais e econômicas ocorridas em nosso
país ao longo dos anos.
Para se ter uma idéia da dimensão das informações
disponibilizadas pelo IBGE, basta ter em mente que uma
breve pesquisa em buscadores na internet com o termo
IBGE (excluindo-se o próprio site do IBGE) retorna mais
de 1.500.000 páginas, o que mostra que estes dados têm
sido amplamente utilizados e indica que isto pode ter
papel decisivo ao fornecer diferenciais competitivos às
empresas. Isto posto, gostaríamos de salientar dois
pontos: 1) Como os dados obtidos pelo IBGE podem ser
utilizados para essas análises? 2) após o estabelecimento
da empresa, como o empresário pode acompanhar a
Inicialmente, foram utilizados os dados gerais do setor
industrial de Goiás, comparando-os com os da região
Centro-Oeste e com os do Brasil para o ano de 2008. Esta
análise objetivou situar o contexto industrial de Goiás em
relação
à
sua
região
e
ao
conjunto
do
país.
Posteriormente, foram analisados os dados referentes às
variações de unidades locais, receita, pessoal, salários,
custos e valor da transformação industrial (VTI) para todo
o setor industrial, para a indústria de transformação e para
os
ramos
de
atividade
químico
e
farmoquímico/farmacêutico.
Em seguida, foi avaliado qual o percentual que Goiás
representou em relação ao Centro-Oeste para essas
mesmas variáveis.
Os dados derivaram das publicações da Pesquisa
Industrial Anual do IBGE nos anos de 2007 e 2008. Por
fim, foram analisados os índices mensais da Pesquisa
Industrial Mensal - Produção Física Regional para o setor
químico referentes ao período de março de 2009 a março
de 2011, de forma a mostrar as mudanças ocorridas no
setor em Goiás e compará-las com outras unidades da
federação.
evolução de sua empresa em relação a outras do mesmo
ramo, seja na sua região, seja em outros locais? Que
dados podem ser utilizados? Onde eles estão?
25
A Indústria Goiana
valores estão abaixo da média em comparação (Brasil ou
Em 2008, a indústria goiana concentrava 5.411 unidades
locais industriais, englobando indústrias extrativas e
indústrias de transformação. Este número correspondia a
cerca de 3% do total de unidades do Brasil e 51,8% do
total do Centro-Oeste. Os dados são apresentados na
Tabela 1, que mostra também os valores de Pessoal
Ocupado (PO) em 31 de dezembro (2,49% e 51,3%, em
comparação
ao
Brasil
e
ao
Centro-Oeste,
respectivamente), salários (1,69% e 50,99%), custos e
despesas gerais (2,64% e 52,09%) e custos industriais
(2,73% e 49,96%), receita líquida de vendas industriais
(2,4% e 51,35%), consumo de matérias-primas (2,88% e
50,09%) e Valor da Transformação Industrial (1,89% e
Centro-Oeste). A mesma análise pode ser realizada
comparando-se, por exemplo, as porcentagens de PO e
salários, as receitas, os custos, as despesas e o VTI
(Valor de Transformação Industrial).
Vejamos inicialmente o número de pessoas ocupadas em
31/12 e, após, os salários e retiradas no ano no estado de
Goiás, em comparação com o Centro-Oeste. Como a base
é a porcentagem de ULs (51,8%), podemos ver que este
total de ULs engloba 51,34% do pessoal ocupado no
Centro-Oeste. Em relação ao Brasil, as 2,97% das ULs
localizadas em Goiás ocupam apenas 2,49% do pessoal
industrial do Brasil. No mesmo sentido, os salários e
retiradas dessas ULs caem quase 0,5 ponto percentual
em relação ao Centro-Oeste e quase 1,0 ponto em relação
51,51%).
Tanto em relação ao Brasil quanto em relação ao CentroOeste, podemos relacionar as diferentes medidas à
porcentagem de ULs alocadas no estado, o que pode
prover uma medida de força da produtividade dessas ULs.
Para isso tomamos a porcentagem de ULs como base
para identificar as variáveis que tem porcentagens maiores
ou menores que a porcentagem de ULs. Quando a
porcentagem de uma determinada medida é maior que a
porcentagem de ULs, há um superdimensionamento da
variável em questão, quando comparada com o Brasil ou
com o Centro-Oeste, conforme o caso. Quando esta
medida é menor que a porcentagem de ULs, podemos
inferir que há um subdimensionamento, visto que seus
ao Brasil. Estes dados indicam que tanto a média de PO
quanto de salários estão abaixo das respectivas médias
do Centro-Oeste e do Brasil.
Medidas com porcentagens abaixo da porcentagem de
ULs
são
observadas
para
as
demais
variáveis,
principalmente em relação ao Brasil. Nos casos de custos
industriais
menores
(CUSTOS
IND),
podemos
ter
indicações de uma produção mais racional que a média
nacional. Contudo, pelo fato da porcentagem de receita
também ser menor que a porcentagem de custos e
despesas (DESP), podemos inferir que os gastos não
industriais, no geral, estão altos em relação aos gastos no
Brasil, ou mesmo que o valor agregado à produção
industrial de Goiás foi baixo.
Tabela 1 – Dados Gerais da Indústria Goiana em Relação ao Brasil e ao Centro-Oeste - 2008
Variáveis
Número de unidades locais (UL)
Pessoal ocupado em 31.12 (PO)
Salários, retiradas e outras remunerações
(SAL)
Custos e despesas (DESP)
Receita líquida de vendas industrial (REC IND)
Custos das operações industriais (CUSTOS
IND)
Consumo de matérias-primas, materiais
auxiliares e componentes (MAT)
Valor da transformação industrial (VTI)
Totais
%GO_BR_2008 %GO_CO_2008
5411
2,97
51,80
182129
2,49
51,34
2498995
1,69
50,99
40881287
2,64
52,09
38567606
2,40
51,35
25409408
2,73
49,96
23066582
2,88
50,09
13496815
1,89
51,51
Fonte: IBGE (2010). Pesquisa Industrial Anual.
26
Com relação à receita líquida de vendas industriais (REC
comparação com os respectivos setores no Brasil. Isto é,
IND),
baixa
podemos, através destes dados, saber não apenas se os
porcentagem, tanto em relação ao Brasil quanto em
setores analisados têm crescido juntamente ao setor
relação ao Centro-Oeste, pode embutir vários aspectos,
industrial, mas se sua taxa de crescimento é maior ou
como, por exemplo, preços de produtos relativamente
menor; podemos ainda ver se o crescimento do setor em
baixos. Mas o dado mais contundente é que o VTI de
Goiás está abaixo, acompanha ou é maior que o
Goiás em 2008 foi proporcionalmente ainda menor,
crescimento em outras unidades da federação.
quando comparado com os dados do Brasil, de forma que
Com esses dados em mãos, as variações observadas no
as ULs que representam 2,97% das ULs no Brasil, tiveram
estado (crescimento ou retração) podem ser analisadas à
Valor de Transformação Industrial (VTI) correspondente a
luz das variações gerais da indústria de transformação
1,89% em relação ao país, o que significa que o VTI de
localmente
Goiás foi 37% menor que a média nacional. Em resumo,
respectivos setores podem ser avaliadas quanto às
os dados apresentados na Tabela 1 mostram que em
variações em nível nacional. Mensalmente, índices de
2008, apesar de Goiás ter tido relativamente baixos custos
receitas, salários e produção proveem indicadores dessas
e despesas, sua receita líquida foi ainda mais baixa, em
variações em comparações a curto-prazo (mês-mês
comparação às indústrias brasileiras.
anterior), médio-prazo (mês-mesmo mês ano anterior; 12
Quanto à relação entre os dados de PO e salários,
últimos meses-12 meses anteriores) ou longo-prazo
observamos que os 51,34% do pessoal ocupado em Goiás
(variação com relação ao mês/ano-base no qual se iniciou
em relação ao Centro-Oeste são responsáveis por 50,99%
a série - janeiro de 2002 no caso da Pesquisa Industrial
dos salários da região, o que indica uma média salarial na
Mensal – Produção Física). E, certamente, de posse de
indústria abaixo da do Centro-Oeste. Quando comparada
dados
com o Brasil, a queda nas médias salariais é ainda maior,
apresentados,
visto que 2,49% do PO alocado nas indústrias em Goiás
localizar em relação às demais indústrias do ramo e
representam apenas 1,69% dos salários pagos na
avaliar sua estrutura, como suas receitas, seus gastos e,
indústria
diferenças
se necessário, rever suas próprias práticas gerenciais.
representam também relação com o tipo de indústria em
Quanto a isto, é importante ressaltar que o IBGE não
cada região. Contudo, é importante observarmos um dado
disponibiliza informações individuais das empresas, nem
como este, visto que pode repercutir diretamente sobre a
tampouco faz divulgações de dados que permitam essa
captação e fixação de mão de obra, notadamente aquela
identificação. Devido a isto, em alguns casos a divulgação
com maior qualificação.
desagregada para um determinado setor produtivo é
podemos
enfatizar
brasileira.
ainda
Certamente,
que
essas
sua
indicadas,
próprios
e
uma
enquanto
dados
as
gerais,
determinada
variações
como
indústria
nos
os
aqui
pode
se
apresentada apenas para unidades da federação, ou
Os setores químico, farmacoquímico e farmacêutico
de Goiás nos últimos anos – análise estrutural
mesmo em nível nacional. Contudo, isto não impede um
Além dos dados referentes ao setor industrial como um
entre os dados da empresa e os dados regionais ou
todo, o IBGE fornece acompanhamento anual e mensal da
nacionais ainda é possível, como ilustraremos abaixo.
indústria extrativa e dos diversos setores da indústria de
Para realizar os exames, vamos inicialmente fazer uma
transformação, como fabricação de produtos químicos e
comparação entre as indústrias de Goiás entre 2007 e
fabricação de produtos farmacoquímicos/farmacêuticos.
2008. Foi vista acima a participação das indústrias de
Ao longo dos anos, podemos observar como a estrutura
Goiás em relação ao Centro-Oeste e ao Brasil. Abaixo, a
destes setores se configura quanto a sua participação em
Figura
relação às indústrias de transformação em Goiás, além de
porcentagens
acompanhamento para o setor, visto que a comparação
1 apresenta como variaram
de
Unidades
em
Goiás
Locais
as
(ULs),
27
Pessoal Ocupado (PO), Salários, Receita Industrial,
Em
Custos
são
apresentou aumento de 68% nos custos industriais, quase
apresentadas para o setor industrial como um todo, para
três vezes maior que a média das indústrias de Goiás, que
as indústrias de transformação, para o setor de fabricação
foi de 25%, enquanto o setor farmacoquímico/farmacêutico
de produtos químicos e, por último, fabricação de
teve aumento de 19% nos custos.
Industriais
e
VTI.
Estas
variações
farmacoquímicos e farmacêuticos .
contrapartida,
neste
período
o
setor
químico
Juntamente a outras medidas, estes dados tiveram
Com relação às ULs, percebe-se
se que seu número
implicações para as diferenças no aumento do VTI no
aumentou em torno de 4% tanto para a indústria em geral
período em que as indústrias de transformação de Goiás
quanto para as indústrias de transformação. Por outro
tiveram um aumento no VTI de 20%
20
em 2008, em
lado, no mesmo período, houve, no estado, diminuição no
comparação com 2007. Os aumentos nos VTIs dos
total de ULs de indústrias do setor químico e do setor
setores químicos e farmacoquímicos/farmacêuticos foram
farmacoquímico/farmacêutico.
oquímico/farmacêutico. Esta diminuição foi mais
de 3% e 13%, menores que o crescimento percentual
acentuada para o setor farmacoquímico/farmacêutico, que
médio das indústrias de transformação de Goiás. Estas
teve uma redução de 13% nas ULs. Estes dados indicam
diferenças se relacionam diretamente ao baixo aumento
que, enquanto o setor industrial de Goiás se expandiu no
nas
período, os setores de fabricação de produtos
produ
químicos e
farmacoquímico/farmacêutico e ao aumento muito acima
de fabricação de produtos farmacoquímicos/farmacêuticos
da média nos custos industriais para o setor químico.
receitas
industriais
para
o
setor
sofreram retração em relação ao número de ULs.
Para os demais dados analisados, verifica-se
verifica
que todos
os setores apresentaram aumento na comparação entre
2007 e 2008, conforme será visto a seguir. O crescimento
de
PO
e
Salários
das
farmacoquímicas/farmacêuticas
indústrias
foi
químicas
menor
que
e
Figura 1 – Variações em Unidades Locais (ULs),
(ULs Pessoal
Ocupado (PO), Salários, Receitas Industriais, Custos
Industriais e VTI em Goiás para o setor industrial, para
as indústrias de transformação e para fabricação de
produtos químicos e farmacoquímicos/farmacêuticos de
2007 a 2008.
o
crescimento das indústrias em geral e das indústrias
indús
de
transformação em Goiás. Enquanto para a indústria em
geral e as indústrias de transformação o PO e os salários
1
pagos tiveram aumento de 10% e 26%, respectivamente,
os crescimentos do PO foram de 6% (químico) e 5%
(farmacoquímico/ farmacêutico), e os de salários foram de
19% e 14% para os mesmos setores.
De 2007 para 2008, houve um crescimento médio de
19% na receita industrial das indústrias de transformação
de Goiás. Com
relação às
indústrias
rias
químicas
farmacoquímicas/farmacêuticas,podemos
tendências
diferentes.
Enquanto
o
e
observar
setor
Fonte: IBGE. Pesquisa Industrial Anual (2007) e (2008).
Os dados acima permitem comparar as variações nas
variáveis
investigadas
estigadas
para
os
setores
químico
e
químico
farmacoquímico/farmacêutico com o setor industrial em
apresentou 29% de crescimento na receita industrial, o
Goiás, de forma que é possível analisar se o crescimento
setor farmacoquímico/farmacêutico teve aumento médio
(ou diminuição) foi maior que o das indústrias do estado
na receita de 14%, ligeiramente abaixo
o dos dados da
como um todo. Outra análise possível é a avaliação das
d
indústria geral e metade do crescimento do setor químico.
variações no estado em comparação com as empresas
dos
respectivos
setores
no
Centro
Centro-Oeste.
4
Esta medida corresponde à variação do total gasto com salário e
não representa diretamente aumento ou reposição salarial.
28
A Figura 2 apresenta as variações das mesmas variáveis
variação entre estes anos para as variáveis ULs, PO e
avaliadas acima para a indústria geral, para indústria de
salários, mas uma ligeira queda nas receitas industriais,
transformação
e
acompanhada de um aumento nos custos industriais, em
farmacoquímico/farmacêutico de Goiás de 2007 para 2008
relação ao Centro-Oeste,
Oeste, o que levou Goiás a diminuir sua
em relação ao Centro-Oeste.
Oeste. Análises como estas
participação percentual de VTI de 2007 para 2008, em
permitem verificar se as variações são localizadas ou
relação ao Centro-Oeste.
Oeste. Apesar da Figura 2 apresentar
estão acompanhando as variações regionais.
também as porcentagens que Goiás concentra das
Os dados gerais permitem verificar que, nos dois anos
indústrias
ndústrias em geral e das indústrias de transformação, nos
analisados neste trabalho, a indústria de transformação
concentraremos
em Goiás concentrou um pouco mais que 50% das ULs,
farmacoquímico/farmacêutico em Goiás com relação às
salários, PO, receitas, custos e VTI do Centro-Oeste.
Centro
Além
suas participações no Centro-Oeste.
Centro
e
dos
os
setores
químico
nos
setores
químicos
disso, a indústria de transformação apresenta pouca
Figura 2 – Porcentagem de UL, PO, Salários, Receitas industriais, Custos Industriais e VTI de Goiás em
comparação ao Centro-Oeste,
Oeste, em 2007 e 2008.
Fonte: IBGE. Pesquisa Industrial Anual 2007 e 2008.
29
e
Considerando-se o setor de fabricação de produtos
A produção física do setor químico de 2009 a 2011
químicos, que concentrava mais de 60% das ULs do
Os dados referentes à estrutura geral das indústrias
Centro-Oeste em Goiás no ano de 2007, observa-se uma
conforme disponibilizados na publicação da Pesquisa
diminuição nesta porcentagem para 2008. Já a produção
Industrial Anual têm uma grande amplitude e permitem um
de farmacoquímicos/farmacêuticos praticamente manteve
entendimento mais geral dos setores investigados. Além
sua porcentagem de participação no Centro-Oeste nos
desses dados, mensalmente temos indicadores sobre a
dois anos analisados, passando de 76% em 2007 para
produção industrial no Brasil e regionalizada para 13
78% em 2008. Visto que em Goiás a porcentagem de ULs
unidades da federação e região nordeste, divulgados pela
diminuiu para estes dois setores, conforme apresentado
PIM-PF (Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física),
na Figura 2, vemos duas situações diferentes. De um lado,
que permitem acompanhar a produção de cada setor em
o número de ULs do setor químico do estado se retraiu
relação ao mês anterior, ao mesmo mês do ano anterior,
tanto em termos absolutos, quanto ao ser comparado com
ao longo de 12 meses em relação aos 12 meses
sua participação no Centro-Oeste. De outro, o número de
imediatamente anteriores e no ano corrente.
ULs do setor farmacoquímico/farmacêutico, apesar de ter
O indicador que compara o mês de referência com o
diminuído, aumentou sua representatividade regional.
mesmo mês do ano anterior pode, por exemplo, ser
Embora tenha diminuído sua participação percentual de
acompanhado ao longo de um período, de forma que
ULs, o setor químico apresentou um aumento no
temos como a produção variou em vários meses em
percentual de PO de dezembro de 2007 para dezembro de
relação aos respectivos meses do ano anterior. Para
2008. Contudo, apesar do crescimento do PO relativo ao
exemplificar, a Figura 3 apresenta a comparação da
Centro-Oeste, o percentual dos salários pagos por estas
produção de produtos químicos para os estados do
indústrias em Goiás diminuiu no período. Mesmo com a
Amazona, Ceará, Pernambuco, Bahia e Goiás ao longo
diminuição no percentual de ULs, as indústrias de Goiás
de um período de 25 meses, iniciando em março de 2009
mantiveram a mesma participação na receita e um ligeiro
até março de 2011. A disponibilização dos dados destes
aumento
anos,
estados não implica que apenas eles apresentam
comparados ao desempenho do setor no Centro-Oeste. A
indústrias do setor em questão, mas sim que nestes
interpretação destes dados em conjunto deve ser feita
estados o número de unidades impede a identificação dos
com cuidado, pois pode indicar a concentração em um
dados de uma ou mais empresas, resguardando o sigilo
determinado ramo do setor químico ou maior nível de
das informações. A medida base é 100, que indica que a
produtividade das ULs. Porém, a queda percentual nos
produção do mês em análise foi igual à produção no
salários associada ao aumento na porcentagem de PO
mesmo mês do ano anterior. Valores acima de 100
pode ter efeitos a longo-prazo sobre a fixação de mão de
implicam em uma maior produção, ao passo que valores
obra.
abaixo dessa medida indicam que a produção do mês em
Os dados para o setor farmacoquímico/farmacêutico
questão foi menor que no mesmo mês do ano anterior.
apresentam variações diferentes do setor químico. Além
Analisando os dados, pode-se observar que a produção
da ligeira expansão no número de ULs relativo ao Centro-
no mês de março de 2009 ficou abaixo de 100 para todos
Oeste, conforme apresentado acima, observamos uma
os estados citados, o que representa uma produção menor
diminuição no PO, nos salários, receita e custos industriais
que a observada no mesmo mês de 2008.
no período. Estes dados fizeram com que este setor,
Quanto
responsável por quase 100% da transformação industrial
crescimentos significativamente maiores em comparação
do Centro-Oeste em 2007, passasse a representar menos
aos respectivos meses do ano anterior do que os
de 80% em 2008.
observados para as unidades da federação com dados
nos
custos
industriais
nos
dois
a
Goiás,
a
produção
mensal
apresenta
30
disponíveis apresentadas acima. Ao longo do tempo, a
e outubro de 2009, e fevereiro de 2011. É importante
produção comparada com os respectivos meses dos anos
observar que os dados de fevereiro de 2011 refletem a
anteriores foi maior, em alguns casos mais que o dobro,
tendência de diminuição na produção em referência ao
como no período que compõe os meses de novembro de
mesmo mês do ano anterior iniciada no mês de novembro
2009 a maio de 2010. Produção inferior ao mês
de 2010, mas encerrada em março, mês no qual Goiás foi
correspondente
ndente do ano anterior, de acordo com esta
a única Unidade da Federação dentre as analisadas acima
medida, ocorreu apenas nos meses de março, abril, maio
que apresentou produção maior que a do mesmo mês do
ano anterior.
Figura 3 – Índice de Produção Física na comparação do mês de referência com o mesmo mês do ano anterior
para as indústrias de fabricação de produtos químicos
químicos nos estados do Amazonas, Ceará, Pernambuco, Bahia e
Goiás para o período de março de 2009 a março de 2011.
Fonte – IBGE PIM-PF Regional, publicações mensais - abril de 2009 a abril de 2011
Considerações Finais
Os resultados deste trabalho mostram como podemos
Assim, o presente trabalho fornece dados importantes
analisar
setor específico por diversos âmbitos
para serem considerados pelas indústrias e, mais
diferentes por meio da utilização de informações que
especificamente, pelas
as empresas dos ramos químicos e
fazem já parte do calendário normal de divulgação de
farmacoquímicos/farmacêuticos. Eles revelam que o nível
pesquisas no país. É claro que, em alguns casos, as
a
de produção das ULs de Goiás é comparável ao do
mudanças ocorridas em uma empresa são decorrentes de
Centro-Oeste,
Oeste, mas está abaixo do nacional. Ressaltam
fatores externos a ela, como aspectos econômicos ou
que
sociais no país, e que, muitas vezes é importante que as
diretamente no Valorr de Transformação Industrial.
empresas avaliem estes aspectos ao implantar suas
Em relação mais especificamente ao setor químico, a
unidades, acompanhando-as
as regularmente após
apó esta fase,
diminuição de ULs de 2007 para 2008 não representou
pois,
redução na produção em relação ao Centro-Oeste.
Centro
Mais
um
as mudanças nesses aspectos são dinâmicas,
acompanhá-las
las é fundamental para o estabelecimento de
os
altos
custos
e
despesas
têm
repercutido
ainda, Goiás tem mantido produção crescente, quando
estratégias.
31
comparada com os respectivos meses dos anos anteriores
que permite ao IBGE fornecer o retrato mais completo do
e principalmente quando comparada a outras Unidades da
Brasil. Esses dados são construídos com a participação
Federação.
setor
efetiva da própria sociedade, a partir de sua população e
farmacoquímico/farmacêutico manteve seu percentual de
das empresas dos diferentes setores. O fornecimento de
ULs, mas diminuiu o Pessoal Ocupado e Salários. Além
informações precisas e constantes ao órgão é, assim,
disso, a diminuição no percentual da receita industrial em
ponto fundamental para que os informantes possam obter
relação ao Centro-Oeste foi maior que dos custos
os melhores benefícios.
Por
outro
lado,
o
industriais. Devemos observar ainda que, no estado, o
crescimento do VTI nestes dois setores de 2007 para 2008
Referências Bibliográficas
foi menor que o crescimento industrial geral, o que pode
indicar, por exemplo, a necessidade de que sejam
1
investidos maiores percentuais da receita em pesquisa e
Demografia das Empresas 2008. Rio de Janeiro: IBGE.
desenvolvimento (P & D), de modo a aumentar o valor
Obtido
agregado
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/demogr
dos
produtos
produzidos
pela
indústria
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
em
28/04/2011
no
site
farmacoquímica/farmacêutica goiana.
afiaempresa/2008/demoempresa2008.pdf.
A brevidade das análises aqui apresentadas objetiva levar
2
o setor produtivo a atentar para esses pontos. Certamente,
empresas. Observatório SEBRAE 1º semestre 2005. 2005,
há muito mais a considerar, pois a produção é afetada por
p.
SEBRAE. Boletim estatístico de micro e pequenas
1
-
80.
Obtido
em
11/05/2011
no
site
diversos fatores. Ao se pensar em diferencial competitivo a
http://www.biblioteca.sebrae.com.br/.
empresa pode considerar, por exemplo, alternativas de
3
fornecimento de matérias primas, utilização de métodos
M.; Bedê, M. A.. A sobrevivência de empresas nascentes
para racionalização da produção, análises logísticas,
no Estado de São Paulo: um estudo sobre capital humano,
qualificação de pessoal, etc. Cada empresa tem acesso a
capital
seus
próprios
relatórios
e pode utilizar
os
dados
Mizumoto, F. M.; Artes, R.; Lazzarini, S. G.; Hashimoto,
social
e
práticas
gerenciais.
Revista
de
Administração da USP, 2010, 45, 4, 343-355.
disponíveis no IBGE e em outros órgãos, conforme suas
4
necessidades.
Industrial Anual – 2008. Pesquisa industrial, Rio de
A
grande
vantagem
de
ter
dados
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa
se
Janeiro, 27, 1: 1-186. Obtido em 06/04/2011 no site
estamos crescendo tanto quanto poderíamos, ou se
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria
estamos nos retraindo mais do que deveríamos.
/pia/empresas/2007/piaempresa2007.pdf.
Às vezes empresários pensam que o retorno de pesquisas
5
como estas é muito baixo ou que favorece apenas o
Industrial Anual – 2007. Pesquisa industrial, 26, 1: 1-198.
Governo. Não há como discordar que esses dados devem
Obtido
favorecer o Governo, mas como forma de subsidiar ações
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria
em prol dos diversos setores da sociedade. Mas, como
/pia/empresas/2008/piaempresa2008.pdf.
mostramos acima, não é apenas ele que pode se
6
beneficiar dessas informações. Pelo contrário, há diversos
Indicadores IBGE: Pesquisa Industrial Mensal – Produção
dados disponíveis, não apenas nas pesquisas aqui
Física – Regional. 2011 (abril), p. 1. Obtido em 27/04/2011
apresentadas, mas nas diferentes pesquisas sociais e
no
econômicas, como indicamos ao início deste trabalho, o
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/industr
comparativos
é
exatamente
poder
compreender
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa
Instituto
em
Brasileiro
06/04/2011
de
Geografia
no
e
site
Estatística).
site
ia/pimpfregional/pim-pf-regional_201103caderno.pdf.
32
Download

O uso dos dados das pesquisas econômicas do IBGE para