Curso de Especialização em Saúde do
Idoso
Brasília- 2004
FISIOLOGIA E CLÍNICA DO
ENVELHECIMENTO
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Profa. Maria Alice V Toledo
UnB
1
ESTRUTURA E
FUNÇÃO
As mudanças ocorridas com o
ENVELHECIMENTO
X
DOENÇA CARDÍACA
 Aumentam de freqüência e severidade
com a idade
 Indivíduos com ausência de doença
cardiovascular demonstrável.
É difícil excluir pacientes sem
doença coronariana oculta
(prevalência de doença documentada
na autópsia > prevalência de doença
clínica)
Elveback L, Lie JT, 1984
2
Alterações estruturais
Redução no número, força e velocidade
de contração das células miocárdicas;
Diminuição
miocárdica
na
complacência
- das ligações proteicas
- da água corporal total
-fatores ambientais (dieta e
tabagismo)
 no metabolismo basal e consumo de
oxigênio
 conexões
periféricas
neurais
centrais
e
3
4
MUDANÇAS DECORRIDAS DO
ENVELHECIMENTO
evidências clínicas
 Ecocardio:
- volume diastólico e sistólicos
finais (manutenção da fração de ejeção)
Fleg J.L; O´Connor F e cols; 1995.
Leve hipertrofia do VE
Gerstenblith G, Frederiksen J, Yin FCP e cols; 1977.
Cateterismo cardíaco: capacidade de
dilatação coronariana inalterada
Czernin J, Muller P, Chan S e cols; 1993.
 Vasodilatação dependente do
endotélio
Celermajer DS; Sorensen KE, Spiegelhalter, DJ e cols;
1994.
5
Alterações cardíacas
no envelhecimento - I
Alterações estruturais




 proteínas do miocárdio
 gordura subepicárdica
 tecido conjuntivo (endo e epicárdico)
 nº e  tamanho dos miócitos
Hipertrofia miocárdica




 nº total de células
 na contratilidade
 da complacência cardíaca
 da pós-carga
Complacência ventricular  reduzida
 Mesmo na ausência de hipertrofia
 Leva  menor distensibilidade diastólica   da PAD
 Por: a) deterioração de fibras elásticas
b) formação de colágeno no interstício
c) alterações do metabolismo do cálcio
6
Alterações cardíacas
no envelhecimento - II
Alterações valvares
 espessamento e degeneração valvar
 Freqüentes calcificações e degeneração mucóide
(mitral e aórtica)
  endocardite infecciosa na ausência de
cardiopatia aparente
 Geralmente sem manifestações clínicas
Alterações valvares + redução de complacência

atraso no enchimento ventricular
7
Alterações cardíacas
no envelhecimento - III
Automatismo e condutibilidade
  n° de células do nó sinusal
  da freqüência cardíaca máxima (alterações de
força e velocidade de contração;  do período
refratário e  redução da resposta beta-adrenérgica
 Nó AV:  do estímulo cardíaco  aumento do
intervalo PR
Contratilidade  reduzida
- degeneração mitocondrial?
-  atividade da ATPase?
Excitabilidade
 Potencial de ação prolongado em animais   no
tempo de contração e relaxamento do miócito
Circulação coronariana
  fluxo coronariano :
-  no diâmetro total das coronárias
-  da pós-carga
8
9
Alterações vasculares
no envelhecimento I
Células musculares lisas dos vasos
 Espessamento paredes pequenas artérias e arteríolas
  força de contração máxima em reposta a estimulação
adrenérgica
Células endoteliais
  resposta vasodilatadora ao óxido nítrico
 Vasodilatação nitratos  preservada
  receptores específicos à endotelina  redução da
resposta vasoconstrictora
Capilares
 Sem alterações significativas
10
Alterações vasculares
no envelhecimento II
Grandes artérias
 Endurecimento da parede arterial:
-  da pós-carga do VE e VD
-  relação oferta / demanda de O2 para
o miocárdio
-  PAS
Veias
  complacência
  força e velocidade de contração das células
musculares lisas
  resposta venosa a atividade simpática mediada
pelos receptores 2 e 2
11
Alterações vasculares
no envelhecimento III
Incompetência das válvulas venosas

 do retorno venoso

 da pressão hidrostática

Edema periférico
12
Alterações do Sistema Nervoso
Autônomo no envelhecimento -I
Redução da eficácia da modulação adrenérgica sobre o coração e vasos -
nível pós-sináptico
Dessensibilização dos receptores  adrenérgicos miocárdicos
 efeito vasodilatador dos agonistas adrenérgicos sobre aorta e outros vasos
 resposta inotrópica miocárdica às
catecolaminas
 capacidade de resposta dos
baroreceptores às mudanças na posição
corporal
13
Alterações do Sistema Nervoso
Autônomo no envelhecimento -II
 resposta
baroreceptora
 autoregulação
cerebral
 RV
Hipotensão ortostática
14
Função cardíaca em jovens na presença
do  bloqueio parece similar à do idoso

um dos principais fatores que contribuem
para as alterações cardíacas parece ser a 
resposta simpática

 da força de ejeção pelo mecanismo de
Frank-Starling
15
Efeito do bloqueio beta-adrenérgico
Jovens x Idosos
Lakatta EG - Clin Geriatr Med - 2000; 16(3): 419-44
jovem
idoso
16
Declínio na taxa de performance
máxima 
diminuição
da
performance cardiovascular ?
 diminuição
na
capacidade
do
aumento do DC durante o exercício
(diminuição da FC max no exercício)
Seals DR, Hagberg JM, Hurley BF, 1984.
Fatores não cardíacos, relacionados
à
diminuição
nos
parâmetros
músculo-esqueléticos
17
Maior  na pós-carga

 vasodilatação arterial por alteração
na capacidade de vasodilatação
induzida pelo simpático
Yin FCP, Weisfeldt ML, Milnor WR, 1981
18
DOENÇAS CARDÍACAS NO IDOSO
Aspectos Gerais
 Aumento da prevalência
Doença vs Envelhecimento Fisiológico
Apresentação Atípica  retardo
diagnóstico (ex: Infarto do Miocárdio)
 Presença de co-morbidades
no
Principais Doenças
 DOENÇA ATEROSCLERÓTICA
- CORONARIANA
INFARTO DO MIOCÁRDIO
HIPERTENSÃO ARTERIAL
ICC
19
20
DOENÇA ATEROSCLERÓTICA
Manifesta-se principalmente em
artérias de médio calibre:
- coronária, carótida, basilar,
vertebral, renais e femorais 
doença coronariana, AVC, IRC
insuficiência periférica
- pode afetar grandes artérias,
como a aorta e as ilíacas 
dilatação aneurismática
21
DOENÇA CORONARIANA CRÔNICA
Prevalência
- aumento dramático com a
idade: + de 50% das mortes
(>65
anos)

doença
coronariana
- 75% de mortes por doença
isquêmica ocorre acima de 65
anos.
National Institute of Health ,1991
22
DOENÇA CORONARIANA
Achados Clínicos
 dispnéia mais comum que angina
 confusão mental
Diagnóstico:
Exame físico inespecífico
Teste de esforço é útil:
 limitações:
-alterações no segmento ST em
repouso
- Uso de digital
- Valor preditivo neg é baixo em
população de alta prevalência
Outros: - Cintilografia miocárdica com
talium
23
- Ecocardiograma
DOENÇA CORONARIANA
Tratamento
Objetivos (semelhantes aos do jovem):
 Alívio de sintomas
Proteção do miocárdio isquêmico
Prevenção do Infarto do Miocárdio
Melhora da função do VE
24
DOENÇA CORONARIANA
Tratamento
Identificação e tratamento de
fatores de risco, com especial atenção:
anemia
distúrbio tireoideano
HAS, ICC
falta de adesão ao tratamento
tabagismo
25
DOENÇA CORONARIANA
Tratamento
Angioplastia:
taxa de sucesso e complicações em
indivíduos com 65-80 anos semelhantes
aos pacientes mais jovens.
 taxa de sucesso e complicações > em
indivíduos
acima
de
80
anos
(comorbidades,
complicações
cerebrovasculares)
(Thompson & Holmes,
Rutherford, 1996)
1993;
1994;
Laster
26
&
INFARTO DO MIOCÁRDIO
Manejo

tratamento intra-hospitalar:
 da mortalidade (1,6% por ano)
 re-infarto
 complicações (ICC)
Apresentação clínica atípica:
ausência de onda Q
grau aumentado de disfunção VE
Principais causas de morte:
dissociação eletromecânica
fibrilação ventricular
27
HIPERTENSÃO ARTERIAL
NO IDOSO
50% dos idosos apresentam elevação
da pressão arterial, especialmente
sistólica
Nos idosos a pressão arterial sistólica é
o melhor preditor de eventos
cardiovasculares que a diastólica
A pressão de pulso elevada também é
marcador de risco cardiovascular
A HA primária é a forma mais comum
Pseudo-hipertensão
Todos os idosos devem ser avaliados
para hipotensão ortostática
28
Pressão Arterial Sistólica
em função da idade e ingesta de NaCl
29
Lakatta EG - Clin Geriatr Med - 01-Aug-2000; 16(3): 419-44
Principais Estudos em Idosos
Hipertensos
Extraído de Wanjgarten, M. & Serro-Azul, J.B. – Hipertensão em Idosos, pg 221 In: Amodeo,
C.; Lima, G. E. & Vazquezensão arterial, Sarvier, 1997.
30
HIPERTENSÃO ARTERIAL
Tratamento
Objetivo da terapia anti-hipertensiva
semelhante ao dos jovens (<140/90
mmHg)
 na PAS de 15 a 20 mmHg é benéfica
na redução da morbi-mortalidade
cardiovascular (WHO-ISH, 1999)
Modificações do estilo de vida - sal,
redução de peso, atividade física
Considerar os outros fatores de risco
na escolha da terapêutica
31
Insuficiência Cardíaca
no idoso - I
Causa mais freqüente de internação
Mortalidade 50% em 5 anos
Susceptibilidade
aumentada
diminuição
da
reserva
(diminuição
da
contratilidade)
por
sistólica
e
diastólica (redução da complacência
ventricular)
Principais causas: HA, cardiopatia
isquêmica e valvulopatias
32
PREVALÊNCIA DE
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
10
1976-80
1988-91
8
6
4
2
0
35
45
55
65
75
IDADE
National Center for Healths Statistics, 1992
33
Insuficiência Cardíaca
no idoso - II
Situações de risco
Infecção
Fibrilação
atrial
Hipertireoidismo
ICC
no idoso
Embolia
pulmonar
Iatrogenia
Anemia
34
Insuficiência Cardíaca
no idoso
Avaliação clínica
 A função sistólica normal em cerca de 40% dos
idosos com insuficiência cardíaca  Diferenciar
insuficiência sistólica de diastólica
(ecocardiograma).
 IC sistólica:
-Causa mais freqüente:doença isquêmica.
- Ecocardiograma: cavidade geralmente
dilatada, paredes finas e FE
 IC diastólica:
- Causa mais freqüente: HA.
- Ecocardiograma: cavidade normal,
paredes espessas, FE normal ou alta e  do
índice de enchimento diastólico
35
Insuficiência Cardíaca
no idoso
Evolução
Chronic heart failure in the very elderly: clinical status, survival,
and prognostic factors in 188 patients more than 70 years old.
Cicoira M - Am Heart J -2001; 142(1): 174-80
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Insuficiência Cardíaca
no idoso
Evolução
Chronic heart failure in the very elderly: clinical status, survival,
and prognostic factors in 188 patients more than 70 years old.
Cicoira M - Am Heart J -2001; 142(1): 174-80
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Insuficiência Cardíaca
no idoso
Tratamento
 Metas:
- reduzir a ativação do eixo neuro-
hormonal
-melhorar parâmetros
hemodinâmicos
Diuréticos de alça e inibidores de
enzima de conversão  primeira
escolha
38
Insuficiência Cardíaca
no idoso
Tratamento
Digitálicos:
 Melhoram pacientes com
disfunção sistólica
 Janela terapêutica estreita
 Maior propensão à intoxicação:
-menor resposta inotrópica
positiva
- maior sensibilidade do
miocárdio
-depleção de K e Mg
-comprometimento de
função renal ou hepática
Nitratos - angina estável e IC
refratária
39
BIBLIOGRAFIA
1- Aronow WS. Effects of aging on the Heart.in: Textbook of Geriatric
Medicine and Gerontology ed by Brocklehurst,Tallis, Fillit. Churchhill
Livingstone, New York, 1999.
2- Celermajer DS, Sorensen KE, Spiegelhalter, DJ e cols: Aging is
associated with endothelial dysfunction in healthy men years before the
age-related decline in women. J AM Coll Cardiol 24: 471; 1994.
3- Cicoira M. Chronic heart failure in the very elderly: clinical status,
survival, and prognostic factors in 188 patients more than 70 years old. Am
Heart J; 142(1): 174-80, 2001.
4- Czernin J, Muller P, Chan S e cols: Influence of age and
hemodynamics on myocardial blood flow and flow reserve. Circulation
88:62, 1993.
5- Fleg JL, O´Connor F, Gerstenblith G, et al: Impact of age on the
cardiovascular response to dynamic upright exercise in health men and
women. J Appl. Physiol 78: 890, 1995.
6- Folkow B, Svanborg A. Physiology of Cardiovascular Aging.
Physiological Reviews 73(4):725-764;1993.
7- Gerstenblith G, Frederiksen J, Yin FCP e cols: Echocardiographic
assessment of a normal adult aging population. Circulation 56: 273; 1977.
8- Lakatta EG, Gerstenblith G, Weisfeldt M L. The Aging Heart:
Structure, Function, and Disease. In Braunwald; Heart Disease. A Textbook
of Cardiovascular Medicine, WB Saunders Company, Philadelphia, 5th
ed:1687-1703, 1997.
9- Lakatta EG -Heart Failure in the elderly. Cardiovascular aging in health.
Clin Geriatr Med ; 16(3): 419-44, 2000.
10-Ostfeld AM, Havlik RJ,Guralnik. Epidemiology and treatment of
hypertension in older persons. In Laragh and Brenner; Hypertension,
40
Raven Press, New York: 145- 157, 1995.
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