RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA À ALDEIA TEKOHÁ JEVY
Aos 5 dias do mês de junho de 2013 foi realizada visita técnica à
Aldeia Indígena Tekohá Jevy, localizada na vila Eletrosul, Fazenda Mate Laranjeira,
próximo ao aeroporto no Município de Guaíra – Paraná.
A visita foi realizada com a presença dos Exmos. Procuradores da
República, Dr. Lucas Bertinato Maron e Dr. Henrique Gentil Oliveira, do técnico da
Funai Diogo de Oliveira e técnicos do MPU: Temístocles Duarte e Luciana Portugal
Mariano, que subscreve este relatório.
A caminho da aldeia o Sr. Diogo contou que a propriedade é da Matte
Laranjeira e que nesta região há um grande sítio arqueológico com artefatos
indígenas datados de 400 anos. Informou ainda que existem planos da prefeitura
em realizar ali um complexo intermodal, com a ativação do aeroporto, a abertura de
um porto e de uma ferrovia. Tendo chegado à aldeia por volta das quatro horas da
tarde, o grupo avistou a comunidade na “Casa de Reza” aguardando pela sua
chegada.
Os Procuradores e demais acompanhantes foram acomodados em
cadeiras e assistiram a um ritual indígena de canto e dança.
Feitas as apresentações e explicada a razão da visita do MPF, o
cacique Anatálio Ortiz falou, em pé, no centro da “casa de reza”, sobre as
dificuldades que a aldeia vive. Agradeceu a presença do Ministério Público na aldeia
para verem de perto o sofrimento que atravessa a comunidade. Ressaltou que
diferentemente de antes quando os índios eram felizes na mata, hoje sofrem em
busca do mais básico. Procuram ter um espaço ainda que pequeno para manter sua
cultura. Conta que existe uma caixa dágua destampada, mas não vem caminhãopipa. Buscam água de uma mina na região superior. Por conta da má qualidade da
água e do veneno usado nas roças ao redor, as crianças tem diarreia e adoecem
com frequência.
A Copel colocou o poste de energia elétrica recentemente, mas ainda
não foi colocado o relógio no poste. As crianças sofrem para fazer as tarefas da
escola sem luz e as que estudam nas escolas municipais recebem transporte
apenas quando não chove, tendo assim muitas faltas escolares. O cacique reclama
que por conta das faltas os professores ameaçam os pais com a perda do auxílio do
bolsa-família. Uma escola na comunidade é essencial.
Não tem saneamento básico algum. O atendimento aos indígenas
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doentes dependem da disponibilidade do único carro que atende a todas as
comunidades. Quando não conseguem ambulância procuram o SESAI, ou vão ao
hospital de táxi.Quem fica internado, segundo ele, passa fome. São visitados por
um auxiliar de enfermagem, Sr. Paulo Camargo, às quartas-feiras. Estão sem
remédios na aldeia. Nem mesmo antitérmico para as crianças.
O cacique disse ainda que rumores os acusam de cortar árvores. As
árvores são, disse ele, para construção das casas. Não são para vender. São
cortadas no machado, à mão, diferentemente do que fazem os brancos ao seu
redor.
Plantam mandioca, batata, amendoim, arroz e criam galinha porcos e
patos. Recebem menos cestas básicas do que precisam, pois a prefeitura não
cadastra novas famílias há alguns anos. Além disso, não tem como buscá-las pois a
tribo não tem carro e a distância a pé até a cidade ultrapassa duas horas de
caminhada.
Contou que o gerente da fazenda ao lado passa por ali, olha e vai
embora. Que certa vez pediu a ele que se mudassem mais para a parte da
prefeitura e que nesta mesma época o prefeito pediu que eles se movessem mais
para perto da terra cultivada por sr. Alécio.
Quando perguntado se a população da aldeia vem aumentando, o
cacique disse que virá o sr. Raul e mais oito famílias para morarem na tribo com
eles e que em contrapartida outras famílias estão indo morar em Terra Roxa. A
quantidade assim fica quase sempre a mesma, explicou.
O cacique Anatálio levou o grupo para conhecer uma parte da aldeia
onde os visitantes puderam observar que há muitos pedaços de vasos de cerâmica
e urnas usadas antigamente. Os índios contaram que ao cavar a terra com a
enxada esses pedaços aparecem. Despediram-se, pedindo o cacique mais uma vez
ajuda na questão da demarcação das terras e no atendimento às necessidades
daquela aldeia.
Luciana Portugal Mariano
Quadro-Resumo:
1.
2.
Aldeia:
Cacique:
Tekohá Jevy
Anatálio Ortiz
2
3.
4.
População:
Área em Litígio:
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
Água:
Luz:
Educação:
Atendimento Polícia Civil:
Atendimento Polícia Militar:
Atendimento Polícia Fed.:
Atendimento Ambulância:
Atendimento Cons. Tutelar:
Principais Reivindicações:
230 moradores – 49 famílias
Sim, proprietários: Eugewerner Durks; Rubens da Silva e
outro. Foi determinada a reintegração, mas houve
recurso.
Não.
Recentemente instalada, falta o relógio.
Crianças tem aulas precariamente na escola da aldeia
Às vezes
Às vezes
Às vezes
Às vezes
Não
Água, escola, saneamento básico.
Anexo
Registros Fotográficos da Visita Técnica
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Aldeia Indígena Tekohá Jevy