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Análise temporal do perfil epidemiológico dos casos de meningites
confirmados nos municípios da 14a Coordenadoria Regional de Saúde/RS
Franncklyn Mathias Schäfer1, Bibiana Verlindo de Araujo 1
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Curso de Farmácia, Departamento de Ciências da Saúde, Universidade Regional Integrada Campus de Santo Ângelo
Resumo
Introdução
A meningite é uma inflamação que acomete as meninges, membranas que
envolvem o cérebro e a medula espinhal, tendo distintas etiologias. Está incluída entre
as doenças de notificação compulsória, de acordo com a Portaria GM no5 de 21 de
fevereiro de 2006 do Ministério da Saúde, constituindo um grande problema de saúde
pública, devido a sua capacidade de produzir surtos, em alguns situações associados a
elevada mortalidade (Vieira, 2001; Peres et al., 2006, Moraes & Barata, 2005). Devido
a essas características, estudos de avaliação do impacto dessa doença na população são
de grande importância para futuras ações preventivas nos grupos mais vulneráveis.
Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo investigar as etiologias, a
procedência dos pacientes, a idade, os desfechos e a letalidade dos casos confirmados de
meningites nos vinte e dois municípios, localizados na região noroeste do estado, que
14º Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) abrange, no período de janeiro de 2001 à
dezembro de 2008.
Metodologia
Para essa análise, primeiramente foi realizado o levantamento dos dados de
notificação de meningite na região sob investigação disponíveis no SINAN- Sistema de
Informação de Agravos de Notificação. A seguir, as características de cada caso
confirmado foram analisadas junto aos dados das fichas de notificação arquivadas na
sede da 14ª CRS, localizada em Santa Rosa-RS, tabulados e analisados estatisticamente
com teste qui-quadrado com o auxilio do software Excel® e Sigma-Stat® (v. 3.5.1). Para
acesso aos prontuários dos pacientes o presente trabalho foi submetido ao Comitê de
Ética em Pesquisa da URI e aprovado sob o registro  120-04/PPH/08.
Resultados e Discussão
Ao todo foram avaliados 254 de meningite confirmados. A etiologia de maior
predominância foi a viral (64,6 %) seguida da bacteriana (25,2%), outras etiologias
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tiveram baixa freqüência (10,2%), com apenas um caso de etiologia não-especificada
(0,39%). A maioria dos pacientes eram de origem urbana (65,7%). Devido a grande
variabilidade dentro das idades dos pacientes acometidos por meningite na região, a
média de idade de 18,69 ± 20,49 anos não é muito representativa e, dessa forma, optouse por determinar a mediana que foi de 10 anos. A análise temporal dos desfechos,
mostrado na Figura 1, indica que a letalidade variou de 2,5% a 19,1%.
Figura 1. Variação de freqüência dos desfechos de meningite confirmados no período de 20012008 nos 22 municípios atendidos pela 14ª Coordenadoria Regional de Saúde do RS.
O gráfico indica que a doença está controlada na região, sendo esse controle
representado por uma redução significativa no número de óbitos após 2005 e a
manutenção de baixos níveis de letalidade da doença, se considerarmos que a população
exposta compreende um universo de 226.999 habitantes (IBGe, 2006).
No geral, observa-se que a população mais suscetível a doença é a infantil,
conforme observado no valor da mediana da idade dos pacientes (M=10), sendo a faixa
etária mais atingida a de 5-9 anos que representa 24,0% dos casos. Dados da literatura,
corroboram os achados nessa população, onde observa-se um crescimento nas taxas de
incidência de meningites virais, possivelmente subnotificadas no passado por limitações
no diagnóstico, as quais acometem preferencialmente crianças que apresentam menor
imunidade após o período neonatal (Peres et al., 2006; Brasil, 2007).
Conclusão
Com esse estudo, puderam ser descritas algumas das características peculiares
dos casos de meningite confirmados nos município abrangidos pela 14ª CRS/RS, e
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observou-se que não houve diferença do perfil dos casos em relação a outros estudos
regionais publicados. Devido à escassez de estudos referente a esse agravo na região, há
uma grande relevância nos dados levantados, pois o monitoramento das meningites é
útil para adoção de medidas de controle de prevenção, bem como realização de
diagnóstico rápido e tratamento precoce.
Referências
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Estimativa de População dos
municípios 2006. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/
estimativa2006/POP_2006_DOU.pdf. Acessado em 05 jun. 2009
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância
epidemiológica. vol. II. Brasília: Ministério da Saúde, 2007.
VIEIRA, J.F.S. Incidência de meningite em pacientes de 0-12 anos no Instituto de
Medicina Tropical de Manaus. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, vol.59, n.2 A I, 2001,
pp. 227-229.
PERES et al., Meningites Virais. Boletim Epidemiológico Paulista, vol. 3, n. 3, 2006.
Disponível
em:
http://www.cve.saude.sp.gov.br/agencia/bepa30_menviral.htm
Acessado em 05 jun. 2009
MORAES, J. C & BARATA, R.B. A doença meningocócica em São Paulo, Brasil, no
século XX: características epidemiológicas. Caderno de Saúde Pública, v. 21, n. 5,
2005, pp.1458-1471.
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