JORNAL DA
associação
médica
Abril/Maio 2014 • Página 11
ECIAL
a dos pacientes fora do consultório
Arquivo pessoal
Pacientes com diabetes se alongam antes de dar
início à ‘Volta Monitorada’
Doença crônica x qualidade de vida
A evolução da medicina no último século aumentou muito a expectativa e a qualidade de vida
das pessoas. Por isto, na opinião do endocrinologista Rodrigo Nunes Lamounier, cada vez mais
é importante o médico entender as necessidades
e o contexto de vida do paciente, especialmente
aquele que tem uma doença crônica. “O avanço
na área médica transformou doenças agudas e
trágicas e condições crônicas, e o indivíduo tem
que aprender a conviver com elas”, frisa.
No seu dia a dia profissional, Lamounier
atende um grande número de indivíduos com
enfermidades crônicas e incuráveis, sendo que
a mais comum é o diabetes. Esta rotina o levou
a se especializar fora do Brasil e, no seu retorno,
passou a fazer parte do projeto ‘Volta Monitorada’, criado em 2009, que incentiva a prática
de esportes a diabéticos. “Nos Estados Unidos
tive a oportunidade de conhecer alguns dos
mais avançados centros de tratamento de diabetes no mundo, em que a visão da interdisciplinaridade era viva e real e não apenas uma
retórica. Para estabelecer um conceito multidisciplinar para Belo Horizonte em torno dessa
doença, precisávamos promover práticas saudáveis. Ou seja, de alguma maneira comunicar
com a sociedade que o diabetes pode também
ser sinônimo de saúde”, relata.
Para a manutenção das atividades, o projeto
‘Volta Monitorada’ conta com o patrocínio de
empresas privadas. O próprio endocrinologista
pediu o patrocínio deixando claro aos futuros
apoiadores que a verba seria usada em treinamento esportivo para que pessoas com diabetes
pudessem correr, superar limites e somar histórias particulares sobre sua luta com a doença.
De acordo com ele, houve ainda o desafio de
incluir no programa pessoas que têm o diabetes
do tipo 1, em que o risco de hiploglicemia é
uma ameaça e muitos médicos chegam até a
não indicar a prática de atividade física. “A contraindicação é equivocada e hoje oferecemos
uma tecnologia nova e ainda muito pouco difundida em nosso meio que é a monitoração
contínua de glicose, em que o corredor pode
acessar a sua glicose em tempo real e assim pode correr com mais segurança. Daí, inclusive, o
nome do projeto.”
Os treinos e as participações em corridas
começaram com poucos pacientes. Segundo
dados do programa, em 2009, eram nove corredores na Volta Internacional da Lagoa da
Pampulha. O evento se tornou o ápice para
aqueles que finalizaram o trajeto de 18 km. O
projeto vem crescendo ao longo desses anos e
os treinamentos são gratuitos e abertos ao público, todos os domingos na Praça JK, bairro
Sion, em Belo Horizonte.
Os atletas-pacientes já correram fora da capital mineira. “Já fomos à Maratona (42 km) de
Alexandre Guzanshe
A nutróloga
Maria Isabel
Correia, em
Reunião
Multidisciplinar,
falou sobre os
benefícios do
chocolate e sobre
como viver bem
São Paulo e à Meia Maratona (21 Km) do Rio de
Janeiro, assim como recebemos corredores com
diabetes de outros estados para virem correr aqui
conosco. Para eles é tudo gratuito, não pagam
nada, inclusive nas viagens em que temos equipe
de suporte, transporte, hospedagem, entre outras
coisas”, diz Rodrigo Nunes Lamounier, entusiasta
do projeto. “Em 2012, no Rio de Janeiro, levamos
25 corredores, 15 nunca tinham corrido uma
meia-maratona e 16 nunca tinham ido à cidade
maravilhosa. É muito lindo e emocionante!”
A professora e nutróloga Maria Isabel Correia
também se entusiasma com as várias possibilidades de promover a qualidade de vida de seus
pacientes. Ela afirma que ser médico vai além de
fazer diagnóstico. “Ser médico é saber escutar e
isto extrapola o domínio da doença. Aliás, muitas
vezes, a doença está na mente e, ainda que eu
não seja psiquiatra, o simples escutar já é muito
e ajuda o outro.” Correia é uma das profissionais
que colabora com as Reuniões Multidisciplinares
promovidas pela diretoria científica da Associação Médica de Minas (AMMG). Na edição de
novembro de 2013, a médica palestrou sobre
os benefícios do chocolate e disse ao público o
que acredita ser necessário para viver bem: “Estimulo os indivíduos a buscarem conhecimento
com profissionais que de fato possam apoiá-los
e não limitá-los. Dentro da minha experiência,
passo aos pacientes a seguinte máxima: proibir
deveria ser proibido, logo se alguém te impediu
de fazer algo, reavalie”.
Profissionais e estudantes de medicina que
tiverem interesse de indicar pacientes para o
Grupo de Dança Santa Teresa e ‘Volta Monitorada’, podem solicitar os contatos na assessoria
de imprensa da AMMG pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (31)
3247 1615 / 1630 ou 1639.
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