Apresentação A corrupção existe em todos os níveis: de furar fila a desviar dinheiro público. Todos os atos de corrupção causam enormes prejuízos à sociedade. A campanha “O que você tem a ver com a corrupção” é uma ação nacional e permanente de combate a essas práticas. Idealizada pelo Ministério Público de Santa Catarina em 2004 e expandida pelo país por iniciativa do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG) e Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), a ação é coordenada no Estado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A Fafire é uma parceira da ação e contribuiu com a realização da pesquisa apresentada a seguir. Objetivos da pesquisa Compreender o que os cidadãos da Região Metropolitana do Recife pensam a respeito da corrupção e como a prática está presente nas suas vidas. Promover debate na sociedade sobre o tema, gerando reflexões sobre as práticas de corrupção. Metodologia Amostra 700 entrevistas População residentes na Região Metropolitana do Recife (RMR) com 16 anos ou mais de idade. Método pesquisa quantitativa com a amostra não aleatória por quota por meio de entrevistas individuais e pessoais distribuídas entre 10 municípios da RMR, com quotas proporcionais ao número de moradores de cada município, conforme IBGE. Áreas pesquisada Período Intervalo de Confiança Camaragibe, Olinda, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Recife. de 05 a 12 de março de 2012. 95% n é o tamanho da amostra, Z é o valor crítico da distribuição normal (intervalo de confiança), p é a proporção que determinada resposta terá na população, (1 – p) é o percentual de outras respostas e E a margem de erro. Organização do questionário Perfil Socioeconômico Gênero, idade, renda familiar mensal e escolaridade. Atos de corrupção cotidianos Percepção sobre atos de corrupção que permeiam as atividades do dia a dia do entrevistado: comprar produtos piratas, filar em provas, furar fila. Atos de corrupção da relação do indivíduo com o Estado ou representantes Atitudes como não solicitar nota fiscal, pagamento de propinas, sonegação de impostos. Ato de corrupção envolvendo a Política Nacional Atitude como compra de votos com dinheiro público. Perfil Socioeconômico Equilíbrio entre gêneros na amostra. Predominância na faixa de renda familiar mensal entre R$ 623,00 e R$ 1.244,00, com 45% dos respondentes. Perfil Socioeconômico O grupo de idade com maior participação na pesquisa é o de pessoas entre 26 e 35 anos (27%), seguido pelo grupo com idades entre 16 e 25 anos (26%). Em relação à escolaridade, o percentual de participantes que possui ensino médio ou superior incompleto é predominante (51%). Atos de corrupção cotidianos Baixar músicas e livros de sites da internet é uma atitude: Comprar produtos piratas, como CD's e DVD's, é uma atitude: Baixar músicas e livros da internet é uma atitude correta ou aceitável para 83% dos entrevistados. Em relação a comprar Cds e DVDs piratas, 53% acreditam ser uma atitude correta ou aceitável. Atos de corrupção cotidianos Filar as respostas do colega na hora da prova, é uma atitude: Aproveitar um momento de descuido e furar a fila, é uma atitude: Para 73,61% dos entrevistados filar em uma prova à uma atitude grave ou muito grave. Furar fila é uma atitude grave ou muito grave para 92% dos entrevistados. Atos de corrupção Relação do indivíduo com o Estado ou representantes Deixar de solicitar a nota fiscal para obter um desconto na compra de um produto, é uma atitude: Pagar uma propina ao policial para não receber a multa de trânsito, é uma atitude: Embora 80,75% dos entrevistados acreditem que não pedir a nota fiscal para obter desconto em uma compra é uma atitude grave ou muito grave, 19,24% acreditam que essa é uma atitude aceitável ou correta. Já pagar propina a um policial para não receber multa é uma atitude grave ou muito grave para 93% das pessoas entrevistadas. Atos de corrupção Relação do indivíduo com o Estado ou representantes Pagar um dinheiro extra a um funcionário público para conseguir agilizar a liberação de algum documento, é uma atitude: Usar informações falsas para tentar pagar menos imposto de renda, é uma atitude: 94,46% tem a percepção que agilizar a liberação de documentos através do pagamento de um extra a funcionários público é uma atitude grave ou muito grave. 97,67% acredita que o uso de informações falsas para pagar imposto de renda é grave ou muito grave. Atos de corrupção envolvendo a política nacional Comprar votos na época da eleição utilizando verba pública, é uma atitude: 99,12% dos entrevistados acha que a compra de votos com verba pública é grave ou muito grave. Panorama de Respostas Questão % Grave + Muito Grave Baixar músicas e livros de sites da internet 16,33 Comprar produtos piratas, como CD's e DVD's 46,94 Filar as respostas do colega na hora da prova 73,61 Aproveitar um momento de descuido e furar a fila 92,13 Deixar de solicitar a nota fiscal para obter um desconto na compra de um produto 80,75 Pagar uma propina ao policial para não receber a multa de trânsito 93,01 Pagar um dinheiro extra a um funcionário público para agilizar a liberação de documento 94,46 Usar informações falsas para pagar menos imposto de renda 97,67 Comprar votos utilizando verba pública 99,12 Nível de corrupção população da Região Metropolitana do Recife Você pratica algum ato de corrupção? 72,3% dos entrevistados afirma nunca praticar atos de corrupção. Dos entrevistados, 27,69% afirmam praticar atos de corrupção, sendo que 19,39%, raramente. Análise dos Perfis: Gênero As mulheres (74,25%) afirmam praticar menos atos de corrupção que os homens (70,45%). Análise dos Perfis: Masculino Para os homens, o ato de corrupção mais grave é a compra de votos na eleição (78,13%), e o mais aceitável é baixar músicas e livros da internet (57,95%) Análise dos Perfis: Feminino Para as mulheres, a compra de votos na eleição também é o ato mais grave (74,85%), assim como o mais aceitável é baixar músicas e livros da internet (52,45%) Análise dos Perfis: Renda Você pratica algum ato de corrupção? Os entrevistados com maior renda familiar afirmam não praticar atos de corrupção (100%), enquanto entre os indivíduos com menor renda, apenas 65,47% afirmam nunca praticar atos de corrupção. Análise dos Perfis: Renda Nessa faixa de renda, destaca-se o elevado percentual dos que consideram correto comprar produtos piratas (42,03%). Análise dos Perfis: Renda Nessa faixa de renda, a opção tida como correta pela maior parte dos entrevistados é baixar músicas e livros da internet (26,95%). Análise dos Perfis: Renda Aqui, a opção apontada como correta pela maior parte dos entrevistados também é baixar músicas e livros da internet (29,19%). Análise dos Perfis: Renda • Percebe-se uma queda na percepção de que a compra de produtos piratas seja correta (6,25%), embora 37,5% ainda acreditem que é uma atitude aceitável. Análise dos Perfis: Renda Acima de R$ 6.221,00 Os indivíduos com essa renda não apontam nenhuma das ações como corretas, e a compra de produtos piratas e baixar música da internet são as opções aceitáveis para 16,67% Análise dos Perfis: Faixa Etária Os mais velhos representam o menor percentual dos que afirmam nunca praticar a corrupção (63,43%), enquanto os entrevistados na faixa entre 26 e 35 anos são os que afirmam em maior percentual nunca praticar corrupção (76,19%). Análise dos Perfis: Faixa Etária Análise dos Perfis: Faixa Etária Análise dos Perfis: Faixa Etária Análise dos Perfis: Faixa Etária Análise dos Perfis: Faixa Etária Análise dos Perfis: Escolaridade • É possível observar a relação direta existente entre corrupção e escolaridade: quanto maior a escolaridade dos entrevistados, maior o percentual dos que afirmam nunca praticar corrupção. Análise dos Perfis: Escolaridade Análise dos Perfis: Escolaridade Análise dos Perfis: Escolaridade Análise dos Perfis: Escolaridade Análise dos Perfis: Escolaridade Observações gerais - Os entrevistados se mostram menos tolerantes com a corrupção oriunda da política nacional que com os atos de corrupção que permeiam o seu cotidiano, onde são os próprios agentes. - A atitude mais aceitável para o público é baixar músicas e livros de sites da internet (55,25%), seguida pela compra de produtos piratas, uma atitude aceitável para 45,92% dos entrevistados. - O ato de corrupção apontado como o mais grave é a compra de votos na eleição utilizando verbas públicas, com 99,12% dos entrevistados apontando como grave ou muito grave. - Em relação ao gênero, as mulheres (74,25%) afirmam praticar menos atos de corrupção que os homens (70,45%). Observações gerais - Está nas pessoas com renda familiar até R$ 622,00 o maior índice dos que acreditam ser correto comprar produtos piratas (42,03%). - A percepção sobre os atos de corrupção é similar entre as faixas etárias. Destaca-se, no entanto, que o percentual dos que afirmam nunca praticar corrupção é menor entre os mais velhos em comparação com os mais novos. - A escolaridade aparece como um fator relevante na percepção sobre os atos de corrupção: quanto mais alta a escolaridade, maior o percentual dos que afirmam nunca praticar corrupção. Observações gerais - Dos entrevistados, 72,3% afirma nunca praticar corrupção. Considera-se alto o percentual dos que praticam, ainda que raramente (19,37). - Enquanto 72,3% afirmam que nunca praticam atos de corrupção, 53,06% acham correta ou aceitável a compra de produtos pirata e 18,22% acreditam que é aceitável deixar de solicitar a nota fiscal para obter descontos em compras. Uma observação possível é que conceito sobre corrupção é “flexibilizado” quando há vantagens pessoais para o cidadão, ou quando é uma atitude praticada comumente na sociedade.