A INCIDENCIA DE DOR EM TRABALHADORAS DE SERVIÇOS GERAIS
Ribeiro, Carla Simone Pessota; Viera, Géssica Bordin; Braz, Melissa Braz
Projeto de Pesquisa;
Curso de Fisioterapia;
Centro Universitário Franciscano;
[email protected];
RESUMO
A dor é um dos sintomas que mais afetam pessoas na atualidade. Trabalhadores de
serviços gerais geralmente queixam-se de dores no corpo após um dia de trabalho. Deste
modo, a pesquisa buscou investigar a incidência de dores musculoesqueleticas em
trabalhadoras de serviços gerais. A população foi composta por 6 mulheres adultas, entre 40 a
64 anos, que trabalham em serviços gerais em uma escola do município de Santa Maria, RS.
Utilizaram-se como instrumentos para coleta de dados um questionário, um diagrama do corpo
e uma escala análoga visual de dor. Os dados foram coletados a partir de dez visitas à escola.
Concluiu-se que o ombro é a região de maior incidência de dores nas trabalhadoras de
serviços gerais. Observou-se também a importância de práticas que possam prevenir a
incidência de dores nas mesmas, como é o caso da ginástica laboral.
Palavras-chave: Dor musculoesqueleticas, trabalhadoras de serviços gerais.
INTRODUÇÃO
A dor é um dos sintomas que mais afetam pessoas na atualidade. Seus efeitos
oscilam entre leves, moderados, chegando a níveis intensos, o que compromete a
qualidade de vida das pessoas. Segundo Sousa (2002), a dor deve ser considerada
como o quinto sinal vital, assim como pressão arterial, frequência cardíaca, frequência
respiratória e temperatura. A dor pode ser definida como uma experiência subjetiva e
pessoal, que pode estar associada a danos reais ou potencias aos tecidos. Sua
percepção caracteriza-se por uma experiência multidimensional, que se diversifica na
qualidade e percepção sensorial, que é afetada por variáveis afetivo-motivacionais.
De acordo com Marchand e Siqueira (2007), grande parte dos trabalhadores
passam a maior parte do dia realizando tarefas que têm um grau de exigência variável.
As variações podem exigir pouco esforço físico, como as atividades burocráticas, ou
demasiado desgaste corporal, como os trabalhadores que desenvolvem atividades
braçais. Além disso, essas atividades profissionais podem favorecer a realização de
movimentos repetitivos, contínuos e, não raro, serem exercidas com posturas
completamente ou em parte inadequadas.
Trabalhadores de serviços gerais geralmente queixam-se de dores no corpo
após um dia de trabalho. Estudos sobre incidência de dores, especificamente, em
trabalhadores de serviços gerais são poucos, o que despertou o interesse em
pesquisar sobre o mesmo.
Deste
modo,
a
pesquisa
buscou
investigar
a
incidência
de
dores
musculoesqueleticas em trabalhadoras de serviços gerais.
METODOLOGIA
A pesquisa realizada foi do tipo descritiva com abordagem quantitativa.
A população foi composta por seis mulheres adultas, entre 40 a 64 anos, que
trabalham em serviços gerais em uma escola de ensino médio do município de Santa
Maria, RS.
Os critérios de inclusão para participação na pesquisa foram à autorização das
escolas e das mulheres que tiveram interesse em participar da pesquisa.
Como critérios de exclusão constam mulheres que se submeteram a
procedimento cirúrgico recentemente (em período de até quatro meses), mulheres que
não trabalham efetivamente como auxiliares de limpeza e mulheres com alguma
disfunção adquirida antes de suas atividades profissionais, como fraturas, doenças
degenerativas e seus comprometimentos.
Utilizaram-se como instrumentos para coleta de dados um questionário, que
tinha a função de auxiliar na coleta de informação sobre cada uma das participantes
da pesquisa, que continha perguntas como o tempo de profissão e a jornada de
trabalho, idade, uso de medicações, hábitos de vida como a prática de atividade física,
uso de álcool ou fumo, alimentação, tempo de sono diário, ingesta de água, entre
outros; um diagrama do corpo onde elas deveriam marcar o local exato da dor, se
caso houvesse; uma escala análoga visual de dor para quantificar a intensidade da
dor.
Os dados foram coletados a partir de visitas à escola, sendo que pelo período
disponível para a realização da pesquisa, foram possíveis dez avaliações.
Após o consentimento da escola, iniciou-se a coleta de dados. No primeiro dia
foram feitas as apresentações das acadêmicas que desenvolveram a pesquisa, bem
como foram selecionadas as trabalhadoras que participaram da pesquisa. Inicialmente
foi respondido o questionário, o qual possibilitou conhecer melhor as participantes. A
cada visita foi aplicado com cada uma das participantes um diagrama do corpo, onde
elas marcaram o local exato da dor, se esta existia, e uma escala análoga de dor,
onde elas podiam quantificar a intensidade da dor. Estes foram aplicados no início das
atividades das trabalhadoras bem como no final da jornada de trabalho.
RESULTADOS
Foram avaliadas seis trabalhadoras de serviços gerais. Em relação à análise
do questionário verificou-se que a média de idade era de 51,75 anos, o tempo de
serviço 18,37 anos, a jornada de trabalho de oito horas. Das mulheres entrevistadas
nenhuma era tabagista, 50% faziam uso de medicação (hipertensão e colesterol), 75%
já fizeram algum tipo de cirurgia, 25% delas apresentam doença hereditária na família
(hipertensão). Elas têm uma média de 7,5 horas de sono por noite, tomam menos de 2
litros de água por dia e consideram sua alimentação saudável. Das pesquisadas todas
sentem dor, que consideram piorar com o desempenho de suas atividades de
trabalho.
Em cada visita foi aplicado um diagrama do corpo e uma escala análoga da
dor com cada uma das seis pesquisadas, a aplicação foi feita no início e ao término
das atividades com cada uma das mulheres.
Pôde-se concluir que 16,66% das pesquisadas não apresentou nenhum tipo de
dor, nem antes, nem depois da jornada de trabalho, em pelo menos um dia de visita.
Em 16,66% dos casos houve incidência de dor somente após o término da jornada de
trabalho, em pelo menos uma das visitas. A intensidade da dor aumentou após o
término das atividades em 50% dos casos, em pelo menos uma das visitas. Em
apenas 16,66% dos casos a intensidade da dor diminuiu após o término das
atividades.
Além disso, pode-se concluir que o maior local de incidência de dores ao
término das atividades de trabalho foi o ombro em 66,66% dos casos.
DISCUSSÃO
De
acordo
com
Coury,
Moreira
e
Dias
(2009),
as
disfunções
musculoesqueléticas têm sido associadas com fatores de riscos individuais e
biomecânicos presentes no ambiente ocupacional. Essas disfunções desenvolvem-se
gradualmente e frequentemente permanecem sem tratamento. Embora muitos
sintomas sejam associados às disfunções musculoesqueléticas relacionadas ao
trabalho, um dos mais notáveis é a dor. Coury, Moreira e Dias (2009), verificaram que
as queixas de dores musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho nas regiões do
ombro e pescoço estão tornando-se tão freqüentes quanto às queixas lombares.
Acredita-se que a postura adotada durante a realização das atividades das
trabalhadoras, tenha colaborado para a grande incidência de dor na região dos
ombros.
De acordo com Brandão, Horta e Tomasi (2005), a jornada de trabalho está
associada à incidência de dores osteomusculares. Para Kreling, Cruz, Pimenta (2006),
a dor é conceituada como uma experiência sensorial e emocional desagradável e
descrita em termos de lesões teciduais reais ou potenciais. A dor é sempre subjetiva e
cada indivíduo aprende e utiliza este termo a partir de suas experiências.
De acordo com Neves (2006) estudos demonstram que as lesões por esforços
repetitivos apresentam uma diferença de prevalência significativa entre os gêneros,
estando às mulheres entre a maioria dos casos. O trabalho apresenta um impacto
diferente entre homens e mulheres, tanto na forma como se dá a inserção no mercado
de trabalho, como na maneira que vivenciam o ambiente laboral, ocasionando modos
e tipos de ocorrências de adoecimentos ligados ao trabalho.
CONCLUSÃO
Ao término deste estudo, concluiu-se que o ombro é a região de maior
incidência de dores nas trabalhadoras de serviços gerais. Isso pode estar ligado aos
movimentos repetidos, com os MMSS, realizados por elas em suas jornadas diárias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, A.G.; HORTA, B. L.; TOMASI, E. Sintomas de distúrbios osteomusculares
em bancários de Pelotas e região: prevalência e fatores associados. Revista
brasileira de epidemiologia, São Paulo, SP, set. 2005. Scielo Brasil, disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2005000300011>
Acesso em: 17 nov. 2010.
COURY, H.J.C.G; MOREIRA, R.F.C; DIAS, N.B. Efetividade do exercício físico em
ambiente ocupacional para controle da dor cervical, lombar e do ombro: uma revisão
sistemática. Revista brasileira de fisioterapia, São Carlos, SP, dez. 2009. Scielo
Brasil. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141335552009000600002&lang=pt > Acesso em 11 nov. 2010.
KRELLING, M.C.G.D.; CRUZ, D.A.L.M.; PIMENTA, C.A.M.C. Prevalência de dor
crônica em adultos. Revista brasileira de enfermagem, Brasília, ago. 2006. Scielo
Brasil. Disponível em :
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471672006000400007&lang=pt > Acesso em: 29 ago. 2010.
MARCHAND, E.A.A.; SIQUEIRA, H.C.H. Principais causas de dor em trabalhadores
de uma lavanderia hospitalar pública. Revista digital, Buenos Aires, jan. 2007.
Efdeportes.com. Disponível em:
<http://www.efdeportes.com/efd104/causas-de-dor-em-trabalhadores-de-umalavanderia-hospitalar.htm> Acesso em: 03 set. 2010.
NEVES, I.R. LER: trabalho, exclusão, dor, sofrimento e relação de gênero. Um estudo
com trabalhadoras atendidas num serviço público de saúde. Caderno de saúde
pública, Rio de Janeiro, 2006. Scielo Brasil. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/csp/v22n6/15.pdf > Acesso em: 11 nov. 2010.
SOUSA, F.A.E.F. Dor: o quinto sinal vital. Revista latino-americana de enfermagem,
Ribeirão Preto, jun. 2002. Scielo Brasil. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-11692002000300020&script=sci_arttext>
Acesso em: 04 set. 2010.
Download

a incidência de dor em trabalhadoras de serviços gerais