CENTRO BRASILEIRO DE ESTUDOS DA SAÚDE
CEBES
Curso sobre Desenvolvimento, Trabalho, Saúde e Meio
Ambiente
Anamaria Testa Tambellini
Ary Carvalho de Miranda
Brasília, julho de 2012
De 14 bilhões de anos atrás (Big Bang) à sociedade
industrial de hoje – relações de consumo produtivo.
Da dispersão dos hominídeos a partir da África, há
80.000 anos, aos dias de hoje, dois pontos de
inflexão:
1 -A formação das sociedades agrícolas (há 12000
anos) no crescente fértil;
....a filosofia/ciência dos gregos....
2 - A formação do capitalismo (séc. XVI – XIX)
OBS: crítica à visão teleológica da história
Até o séc. XIX o impacto sobre o meio ambiente das
atividades produtivas era localizado, mesmo que
significativo, por vezes, como na Ilha de Páscoa.
Com o capitalismo maduro inicia-se um padrão de
produção e consumo com efeitos ambientais e sobre
a saúde sem precedentes na história da humanidade
 3 componentes fundamentais:
Desenvolvimento econômico;
Crescimento da população;
Consumo de bens e energia.
Evolution of GDP, 1500 - 1992
DATE
WORLD GDP*
1500
1820
1870
1900
1913
1929
1950
1973
1992
100
290
470
823
1136
1540
2238
6693
11664
Source: Maddison 1995:19, 227, apud Mc Neill 2000
* GDP figures are given in index relative to A.D. 1500
Evolução do PIB (Em US$)
ANO
PIB
1500
240 bilhões
1950
5,37 trilhões
1990
28 trilhões
2011
69,6 trilhões
Fonte: FMI (2012)
Percentagem da população que vive com até US$ 1 ou US$ 2 por dia, no
mundo e por região
Fonte: ILO – World Employment Report 2004-2005
Pobreza e Indigência na América Latina e Caribe
Fonte: Elaborado com dados fornecidos pela CEPAL (2006). Apud (PAHO / WHO, 2007)
População
 Ano I – 500 milhões
 1800 – 1 bilhão
 2012 - > 7 bilhões (a partir de 2007 50% vivem nas
cidades)
 Em 4 milhões de anos – 80 bilhões de hominídeos
nasceram, num total de 2,16 trilhões de anos vividos,
sendo 28% após 1750 e 13% após 1950
 Séc. XX: 0,00025 de toda história (100 dos 4
milhões) com 1/5 de anos vividos pela humanidade
Expectativa de vida e mortalidade infantil, por região em 2004
União Européia
A. Latina e
Caribe
África Sub-saariana
Expectativa de
vida
ao nascer (anos)
79,4
72,2
46,2
Taxa de
mortalidade
infantil (por 1000)
4,1
26,5
100,5
Banco Mundial, 2006
Produção e Consumo de Energia
Até século XIX 70% energia mecânica proveniente
do sistema músculo esquelético, principalmente do
trabalho escravo.
Séc. XVIII – Carvão para aquecimento, fábricas e
transporte, porém com perda de mais de 90%.
Séc. XIX e XX – Energia fóssil, fazendo o século XX
consumir mais energia do que toda história
pregressa da humanidade.
Fuel Production, 1800 – 1990
Prodution (millions of metric tons)
Type of Fuel
1800
1900
1990
Biomass
1000
1400
1800
10
1000
5000
0
20
3000
Coal
Oil
Source: Elaborated from Smill1994:185-7, apud Mc Neill 2000
Note: These figures do not reflect yeild of these fuels: a ton of oil
gives 5-10 times as much energy as a ton of firewood, and perhaps
twice or as much as a ton of coal.
PADRÃO DE CONSUMO
• 20% da pop. do planeta consome 80% das matérias
primas e energia produzidas e são responsáveis por
80% da poluição da Terra.Todos no Hemisfério Norte
• Entre 1990 e 2000: aumento de 12 vezes a emissão de
CO²
• Atualmente China, com industrialização e
• Brasil, com desmatamento
 Taxa anual de consumo mundial de energia em 1999
foi de 17 bilhões de KW sendo:
35 % de petróleo;
25% de carvão;
25% de gás;
5% nuclear
 Consumo médio por pessoa:
7,5 KW nos países ricos
1 KW nos países pobres
McMichael, 2001
Distribuição das Luzes no Mundo
Carlos Machado de Freitas
ENSP/FIOCRUZ
Impactos sobre os modos de vida,
considerando:
Solo
Água
Cidades
Ar
Trabalho
Clima
Saúde
O SOLO
 30 % da superfície da Terra é solo e 1/10 é arável, o que
corresponde a 1,5 bilhão de hectares.
 Outro 1/10 é utilizável, principalmente se irrigado.
 Área degradada por salinização, erosão, quimicalização ou
perda de matéria orgânica : 560 milhões de hectares (1992).
 Nessas recentes décadas perdemos 30 vezes mais matéria
orgânica do solo que os últimos 10.000 anos
 Diferencial: África foi o único continente com declínio da
produção de alimentos per capita, após 1960. Erodiu 9 x
mais o solo do que europa.
O SOLO
Agricultura:
Séc. XIX – Adição de ac. sulfúrico a cristais de fosfato produziu
superfosfato concentrado - 1º fertilizante artificial;
Início séc. XX – Síntese da amônia extraída do ar = fertilizantes
1940 – 4 milhões de toneladas
1965 – 40 milhões de toneladas
1990 – 150 milhões de toneladas
Eutrofização de rios, mares e lagos – alteração do suprimento de
micronutrientes
O século XX, particularmente após a II guerra mundial, consolidou a
racionalidade econômica baseada no paradigma técnico-científico da
Revolução Verde, que se expandiu globalmente ao articular seis práticas
básicas:
as monoculturas,
o revolvimento intensivo dos solos,
o uso de fertilizantes sintéticos,
o controle químico de pragas e doenças,
a irrigação
a manipulação dos genomas de plantas e animais.
40% do milho e grãos produzidos são para alimentar gado – há 1,1
bilhão de desnutridos (FAO, out. 2009)
Meados séc. XX – AGROTÓXICOS
Os Agrotóxicos: Globalização e as Políticas Públicas
 Países do Norte: produtos de alta tecnologia e valor agregado – menor
impacto ambiental
Países do Sul: commodities (agrícolas, minerais, energéticas) – maior
impacto socioambiental
 Brasil: anos 1960-70 e final dos anos 1990-2012: Rearticulam-se:
Estado, agroindústria e latifúndios
Em 2003, 112 mil imóveis concentravam 215 milhões de hectares.
Em 2010, 130 mil imóveis concentravam 318 milhões de hectares.
1/5 das posses de imóveis rurais tem documentos legais
 Soja, algodão, carnes e ração, madeira, celulose, papel, açúcar, etanol,
ferro, alumínio, manganês, bauxita e petróleo
AGROTÓXICOS
 Entre 2003-2009 – vendas aumentaram 130%
 Brasil: 2010, maior consumidor mundial
 Monopólio: Singenta, Bayer, Basf, Dow, Dupont e Monsanto
 Créditos: Agronegócio – 90% dos recursos disponíveis do governo
Agricultura familiar – 10% destes recursos
• Agronegócio: R$ 90 bilhões de crédito, geram PIB de R$ 120 bilhões,
de total agrícola de R$ 160 bilhões
• Dívidas agrícolas de 2005 a 2008 geraram 15 leis e 115 atos do
conselho rural para sua renegociação
Fonte: Dossiê Agrotóxico – Abrasco (2012)
CENÁRIO BRASILEIRO DE CONSUMO ATUAL DE AGROTÓXICOS:
1000.000 de toneladas de agrotóxicos utilizados em 2009
8 bilhões de dólares comercializados
Soja 47%; Milho 11%; Cana 8%; Algodão 7% e Café 4%
Primeiro consumidor de agrotóxico em todo o mundo;
A taxa de crescimento de importação de princípios ativos foi 400%
e de produtos formulados 700%, a partir de 2008
PERSPECTIVA DE AUMENTO DE CONSUMO DEVIDO À:
Potencial de intensificação (utilizamos 4 Kg/princípio ativo/hectare
enquanto França e Japão utilizam 10 Kg/princípio ativo/hectare. Na
Holanda somente o cultivo da batata 15 Kg/princípio ativo/hectare)
Terceiro maior exportador de produtos agrícolas e um dos poucos onde
pode haver expansão
AGROTÓXICOS e SAÚDE
NO MUNDO:
3 milhões de casos de intoxicação notificados / ano
 Fator de correção: 50
Estimativa do número de casos de intoxicação /ano: 150 milhões
(WHO, 2001)
No BRASIL:
Em 2008 ocorreram 441 casos de óbitos devido à intoxicação (por
substâncias químicas em geral, plantas, animais peçonhentos, não
peçonhentos e origem desconhecida), sendo 150 por agrotóxicos, ou
seja, 34,05 % de todas as mortes por intoxicação
(SINITOX, 2010)
OS MITOS DO AGRONEGÓCIO
• MITO 1: O agronegócio é moderno e traz o progresso para
nós: gera emprego e renda, produz alimentos para acabar
com a fome no Brasil e potencializa a riqueza do país.
• MITO 2: É possível usar venenos com toda a segurança. Os
pequenos agricultores é que são o problema! Nem usam os
equipamentos de proteção. O efeito do veneno é só no dia
em que se pulveriza.
• MITO 3: O agronegócio se preocupa com o meio ambiente.
• MITO 4: O agronegócio promove o desenvolvimento local.
• MITO 5: Não há problemas com o uso de agrotóxicos,
porque “as autoridades estão cuidando da gente”.
PARA DESCONSTRUIR OS MITOS DO AGRONEGÓCIO
 Agricultura familiar, no Brasil:
• < 30 milhões de habitantes rurais (15,6% da pop.)
• Ocupa 24,3% da área total agropecuária
• Responsável por 74,4% das pessoas ocupadas, com taxa de ocupação
média de 15,3 pessoas por 100 hectares, enquanto o agronegócio
ocupa 1,7 pessoas por 100 hectares
• Produz: 87% da mandioca; 70% do feijão; 40% do milho;
38% do café; 59% dos suínos; 58% do leite, 50% das aves
• Abastece 70% do consumo agrícola
• Gera 38% do valor bruto da produção
INSEGURANÇA ALIMENTAR
35% dos domicílios particulares do país
enfrentam algum grau de insegurança
alimentar, sendo a população rural a que mais
sofre.
 43,45% dos domicílios rurais sofrem de
insegurança alimentar, sendo 40% de grau
leve, 39% de grau moderado e 21% de grau
grave
Fonte:IBGE, 2004.
O trabalho diário na cana de açúcar
12 ton. de cana cortadas
 Caminha 8.800 metros
 Carrega 12 ton. de cana em montes de 15 kg
 Percorre 800 trajetos
 Faz 800 flexões de pernas
 Despende 133.332 golpes de facão
 Flexiona o corpo 36.630 vezes
 Perda, em média, de 8 litros de água sob os efeitos
de sol forte, poeira e fuligem expelida pela cana
queimada
32% dos agrotóxicos pulverizados ficam retidos nas plantas;
49% vão para o solo;
19% vão pelo ar para outras áreas circunvizinhas da aplicação.
EMBRAPA
“CHUVA” DE AGROTÓXICOS EM LUCAS DO RIO VERDE, MT/2005
(Pignatti, W., 2006)
29089 hab. com Produção em 2005 por toneladas:
 soja: 697.800;
 milho: 588.000;
 arroz: 4.872;
 algodão: 18.271;
 sorgo: 30.000;
 tomate: 188;
 feijão:837.
Uso de 3.000 ton. de agrotóxicos:
 61% de herbicidas;
 18% de inseticidas;
 14% de fungicidas
 7% de outros tipos
Aplicações se dão por pulverizações aéreas ou por tratores.
Média de aplicação de 8,5 kg por hectare plantado ou de 102
kg por habitante/ano ou 682 kg/habitante rural/ano.
EFEITOS OBSERVADOS DOIS DIAS APÓS A APLICAÇÃO:
secagem ou a queima da maioria das plantas de 65
chácaras de hortaliças e legumes (localizadas em
vários pontos da periferia da cidade),
Secagem da maioria das folhas das plantas do
horto com 180 canteiros de diferentes espécies de
plantas medicinais (localizadas quase no centro da
cidade);
Queima de milhares de plantas ornamentais das
ruas e quintais da periferia e do centro da cidade.
O solo
Indústria:
 Séc. XX - Metalúrgica e química = contaminação. Acumulou
100 x mais metais do que qualquer outro período.
 Japão – 10% dos campos de arroz inviáveis por cádmio,
em 1980.
 Desde 1900 – sintetizados 10.000.000 de substâncias
químicas, com 150.000 colocados para uso comercial.
VI IFCS definiu como prioridades: nanotecnologias, metais
(Pb, Cd, Hg) e agrotóxicos
O solo
Brasil:
 Mais de 700 áreas contaminadas, sendo 95% com
população até 1 Km de raio, com:
 38,6% população de baixa renda;
 30% população de baixa e média renda;
 16% população de média renda.
CGVAM/SVS/MS 2007
Distribuição dos contaminantes segundo área com população
exposta à solo contaminado, Brasil 2007.
Contaminantes
Agrotóxicos
Derivados de petróleo
Resíduos industriais
Metais
Resíduos de serviços de saúde
Resíduos urbanos
Outros hidrocarbonetos
Resíduos de petróleo
Solventes em geral
Outros
Total
Fonte: Sissolo, CGVAM/SVS/MS 2007,
Freqüência
%
353
270
213
197
149
145
97
45
35
222
1736
20
16
12
11
9
8
6
3
2
13
100
A água
Final do séc. XIX – Europa e EUA
Doenças de veiculação hídrica = 10% de todas as mortes
Mortalidade infantil:
 Detroit e Washington – 180 por 1000 nascidos vivos;
 Birmingham e Liverpool – 160 por 1000 nascidos
vivos;
Febre tifóide:
 Chicago – 20.000 casos por ano.
Tratamento sanitário em 1880: esperança de vida aumentou
15 anos em menos de 4 décadas.
Hoje: EUA e Europa tem < de 1% de causa morte por
estas doenças, enquanto o mundo em desenvolvimento tem
1,1 BILHÃO DE PESSOAS SEM ACESSO
ADEQUADO À ÁGUA (ONU, 2007)
Para alcançar os objetivos do milenium (reduzir até
2015 à metade a proporção das pessoas que não têm
acesso adequado à água e saneamento) o custo
estimado é de 10 bilhões de dólares, que corresponde
a:
 Menos que o valor global com despesa militar em 5
dias;
Metade do que os países ricos gastam com água
mineral
PERCENTUAL DE MORADORES COM ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM RELAÇÃO À
POPULAÇÃO TOTAL, POR TIPO DE ABASTECIMENTO E SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO
BRASIL – 1992/1999
Percentual de moradores
Ano
População total
Tipo de abastecimento
Rede geral
Outro tipo
Urbana
1992
112 857 805
88,3
11,7
1993
115 105 401
89,0
11,0
1995
119 452 285
89,7
10,3
1996
121 646 048
90,6
9,4
1997
123 468 414
90,6
9,4
1998
125 170 300
91,5
8,5
1999
127 180 711
91,9
8,1
Rural
1992
32 016 944
12,3
87,7
1993
31 991 182
14,2
85,8
1995
31 884 982
16,7
83,3
1996
31 751 054
19,9
80,1
1997
31 694 188
19,6
80,4
1998
32 218 700
22,3
77,7
1999
32 089 369
24,9
75,1
Fonte: IBGE, 2000
O contingente populacional sem a cobertura desse
serviço, considerando-se apenas os municípios sem
rede coletora, era de aproximadamente 34,8 milhões
de pessoas, ou seja, em 2008, cerca de 18% da
população brasileira estava exposta ao risco de
contrair doenças em decorrência da inexistência de
rede coletora de esgoto.
IBGE, 2008
O Ar
Londres em 1952 – smog matou 4000 pessoas em 7 dias
Melhora na emissão de particulado devido à regulação da indústria:
 EUA – desde 1990, menos 42%
 Canadá – desde 1998, menos 46%
 Paris – desde 1970, menos 66%
Entrada em cena dos veículos automotores no séc. XX:
 1910 – 1 milhão;
 1930 – 50 milhões
 2000 - > de 800 milhões
A partir de 1992 morreram de 300.000 a 700.000 pessoas ano, por ar
contaminado (Banco Mundial)
Entre 1950 e 1997, morreram de 20 a 30 milhões de pessoas (OMS)
São Paulo – 20 a 25% atendimento de saúde, com 12% mortes por todas
as causas (Geo Brasil)
O Clima
1900
1995
CO2
295 ppm
360 ppm
METANO
700 ppb
1720 ppb
Aumento da temperatura da terra : 0,3 a 0,6 ºC, entre 1890 e 1990.
Variações que NÃO ocorreram nos últimos 600 anos e RARAMENTE
ocorreram nos últimos 10.000 anos.
Enchentes, secas, queimadas – vetores e doenças de veic. hídrica.
 Estimativa: séc. XXI aumento será de 2 – 3 graus
Celsius –será a mais rápida variação desde o advento da
agricultura (12000 anos atrás).
 Impacto sobre o nível do mar: crescimento de 40 cm
até 2100 (IPCC), com os seguintes efeitos:

Enchentes, que afetarão 100 milhões de pessoas;

Salinização dos aquíferos de água doce;

Danos a rodovias, sistemas sanitários e residências.
 2/3 da pop. mundial vivem até 140 Km do mar
Países que serão mais afetados:
Egito e Bangladesh – população que vive no delta
dos rios.
Paquistão, Indonésia, Tailândia e ilhas do Pacífico e
Índico – população da costa.
Gases de efeito estufa: CFCs
Antártica perdeu, ao final dos anos 1990, 1/3 da
camada O3 em relação à 1975 (NASA)
Nas últimas duas décadas, na média latitude norte, a
perda foi de 4% por década.
A Cidade Moderna
Ente criado pelo capitalismo, que organiza o espaço urbano, encurtado
pelo tempo (para agilizar a distribuição), como minimizador da perda de
valor no processo produtivo.
Até 1950 30% pop. Mundial vivia nas cidades
Em 2007, pela 1ª vez na história 50% pop. Urbana e rural
América Latina – aproximadamente 80% pop. Urbana
Brasil: Industrialização 1950 leva hoje a > de 80% pop. Urbana
Moradia: > 5 milhões de favelados; defict habitacional total de
6.600.000 unidades;
Violência: 1980 – 59 mortes/100 mil hab. por causas externas;
1997 – 72,5 mortes/100 mil hab. Por causas externas;
No período morreram 126.657 pessoas;
No Trânsito: morreram no mundo, em 2000, 1.260.000 pessoas e
o custo chega a 1% do PIB. No Brasil 35.000 mortes/ano.
O que não se afere: o medo e a inversão civilizatória
Carga de doença e o meio ambiente
Medida em DALY (DISABILITY ADJUSTED LIFE
YEARS)
24% da carga total de doenças;
23% de todas as mortes;
36% das doenças em crianças de 0-4 anos;
37% das mortes em crianças de 0-4 anos
A. PRÜSS-ÜSTÜN e C. CORVALÁN, 2006
WHO, 2006
ANNUAL BURDEN OF DESEASE FROM ENVIRONMENTAL FACTORS, IN
TERMS OF DISABILITY ADJUSTED LIFE YEARS (DALYS)
__________________________________________________________________________
BURDEN OF DESEASE
DISABILITY ADJUSTED LIFE YEARS
DIARRHOEA
(58 million; 94% of the diarrhoeal
burden of disease)
LOWER RESPIRATORY
INFECTIONS
(37
million; 41% of all cases globally)
UNINTENTIONAL
INJURIES other than road traffic injuries
(21
million; 44 % of all cases globally)
MALARIA
(19
million; 42% of all cases globally)
ROAD TRAFFIC INJURIES
(15
million; 40% of all cases globally)
CHRONIC OBSTRUCTIVE
PULMONARY DISEASE
(12
million; 42% of all cases globally)
PERINATAL CONDITIONS
(11 million; 11% of all cases globally)
__________________________________________________________________________
WHO, 2006
Globalização fertilizada na decomposição do mundo do
trabalho, projetava a partir da década de 1970:
- Superam-se fronteiras;
- Difusão livre do conhecimento;
- Nações pobres se desenvolverão;
- Socialização da riqueza.
Realidade atual:
- Fronteiras nacionais fortes;
- Monopolização da produção científica:
40% EUA; 40% Europa
- Monopolização tecnológica (patentes)
>70% EUA, Europa e Japão
(Fiori, 2005; Cordeiro 2006)
a) As médias incluem estimativas para países sobre os quais, para alguns anos, não se
têm informações.
b) Países indicados nas notas (c), (d) e (e).
c) Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda,
Noruega, Suécia, Suíça e Reino Unido.
d) Canadá e EUA.
e) Austrália, Japão e Nova Zelândia.
Fonte: Rodrigues, LM, 1998. APUD Visser (1991).
BRASIL: TAXA DE SINDICALIZAÇÃO EM 2001: 26% (IBGE, 2003)
Entre 1960 e 2000
• população mundial dobrou atingindo 6 bilhões
•
•
•
•
•
economia global cresceu mais de 6 vezes
demanda por alimentos aumentou 2,5 vezes
uso de água dobrou
extração de madeira triplicou
capacidade das hidroelétricas instaladas dobrou
Aproximadamente
60%
dos
serviços
dos
ecossistemas estão sendo degradados ou utilizados
de modo insustentável, com custos difíceis de estimar,
mas crescentes.
DESDE 1980 A PEGADA ECOLÓGICA ULTRAPASSA A BIOCAPACIDADE
DA TERRA
CONSUMO:
 EUA – 9,6 hectares por pessoa
Canadá – 7,2 hectares por pessoa
Europa – 4,5 hectares por pessoa
África – menos de 0,2 hectares por pessoa
LATOUCHE, 2009
As relações centro-periferia da economia globalizada
Fim da etapa colonialista e deslocamento do fordismo
 Países periféricos: produção de commodities, com baixo valor
agregado, sob processos produtivos com alta capacidade de
exploração da força de trabalho e destruição ambiental;
 Países centrais: produção de produtos com alto valor agregado
e tecnologias de ponta
 União européia: importa 4 vezes mais toneladas do que
exporta
 América Latina: exporta 6 vezes mais toneladas do que importa
• Ecossistemas tropicais têm alta produtividade:
recursos energéticos, água e biodiversidade.
• No entanto: menor resiliência em relação às
zonas temperadas, por fatores edafológicos e
hidrológicos.
• Predomina latossolo (argila com FeO; mais de 2
m profundidade; SiO² são removidas com o Ca,
Mg e K, levando ao enriquecimento de FeO² e
Alumínio; menor reserva de nutrientes e pH
ácido)
• Desmatados, ficam expostos e sujeitos a
lixiviação
• Monoculturas e desmatamento, na escala para
produção de mercadorias, não de alimentos:
• Destroem a complexidade e diversidade, que dão
estabilidade. Exigem mais fertilizantes e
agrotóxicos.
• Fragilizam a sucessão secundária, responsável por
regeneração do ecossistema (seleção e concorrência
por água, luz e nutrientes, que nesta fase aumenta a
biodiversidade)
AVANÇOS NO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
•
Economicamente viável
• Economicamente equitativo ARTICULAÇÕES de LÓGICAS
• Ecologicamente sustentável
•
•
•
•
•
Democracia política
Equidade social
Eficiência econômica
CONDIÇÕES FUNDAMENTAIS
Diversidade cultural
Proteção/conservação do meio ambiente
• Dimensões do desenvolvimento sustentável :Econômica,
ecológica/ambiental, social, cultural, ética, política, temporal/espacial
ESPAÇO BIODISPONÍVEL DO PLANETA
 51 bilhões de hectares, sendo
 12 bilhões de hectares bioprodutivos
Dividindo este total pelo total da população mundial : 1,8
HECTARES POR PESSOA
Necessidade de absorção de resíduos e detritos, dada a
escala da produção e consumo atuais: 2, 2 HECTARES POR
PESSOA
LATOUCHE, 2009
UMA QUESTÃO:
Com a produção, consumo e descarte dessa magnitude, mesmo
se não considerássemos a necessidade de superação das
enormes iniqüidades, não estaríamos diante de uma nova
contradição antagônica do capitalismo: a produção em escala,
a destruição e a finitude dos recursos naturais ?
Desafios para compreensão desse
fenômeno:
•
•
•
•
•
•
•
Homem como componente da natureza
Processo de trabalho/Condições de Trabalho
Teoria do valor
A divisão técnica e social do trabalho
O papel da ciência (mais-trabalho relativo)
Fetichismo da mercadoria
Alienação x consciência
Sobre Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável
Clube de Roma (1968), lança o estudo intitulado
Limites do Crescimento (1972), que aborda “as
grandes tendências de interesse global”:
 o ritmo acelerado da urbanização;
 o rápido crescimento demográfico;
 a desnutrição generalizada;
 o esgotamento dos recursos naturais não renováveis
 a deterioração ambiental.
• Clube de Roma:
Chegamos a um conjunto mínimo de exigências para
se ter o estado de equilíbrio global. São elas:
1 – A fonte de capital e a população devem ser
constantes em tamanho;
2 – Todas as taxas de aplicação de recursos e de
produção – nascimento, mortes, investimentos e
depreciação – devem ser mantidas dentro de um
mínimo e
3 – Os níveis de capital e de população e a sua
proporção devem ser fixados de acordo com os
valores da sociedade.
1972 – Primeira Conferência Mundial Sobre o Homem
e o Meio Ambiente, da ONU, em Estocolmo:
 Prosseguem os debates sobre o desenvolvimento
sustentável, com críticas ao crescimento econômico
e às tecnologias, sem considerar a questão social.
 Indução à criação de organismos relacionados aos
problemas ecológicos pelos Estados nacionais. No
Brasil, é criada a SEMA – Secretaria de Meio
Ambiente, vinculada ao Ministério de Interior.
1983 – A ONU cria a Comissão Mundial Sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento.
1987, publica o relatório Brundtland, denominado
Nosso Futuro Comum. Desenvolvimento sustentável
ganha destaque:
“a humanidade é capaz de tornar o desenvolvimento
sustentável e de garantir que ele atenda as
necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras atenderem também às
suas”
O relatório Brundland:
Critica à distribuição de renda desigual entre países
pobres e ricos;
 Superação dos problemas de saúde, educação,
acesso à água, ar puro, disponibilidade de alimentos
e participação democrática dos povos;
 Mudanças nas relações internacionais, com a
superação das desigualdades Norte-Sul;
Difusão de tecnologias ecologicamente viáveis;
“Não é que de um lado existam vilões e de outro
vítimas. Todos estariam em melhor condição se cada
um considerasse os efeitos de seus atos sobre os
demais”
A Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento – Rio 92 - e seu contexto
Acidente de Chernobyl, em 1986;
Convenção de Viena, para proteção da camada de ozônio, em 1985;
Convenção de Basiléia, sobre Controle do Movimento Transfronteiriço
de Resíduos Perigosos e seu Depósito, adotada em 1989;
Criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas –
IPCC -, em 1988;
Crise do fordismo, inciada no início dos anos 1970;
Começa o Neoliberalismo e a adoção do Consenso de Washington, em
1989
Produtos importantes da Rio 92
Maior visibilidade social à crise ecológica
(movimentos sociais e produção científica);
Agenda 21, com 40 capítulos agrupados nas
seguintes seções:
I. Dimensões Sociais e Econômicas;
II. Conservação e Gerenciamento dos Recursos para
o Desenvolvimento;
III. Fortalecimento do Papel dos Grupos Principais
IV. Meios de Implementação.
Agenda 21 – Destaca as relações entre a saúde e o
ambiente, na Seção I, Capítulo Sexto - Proteção e
promoção das condições da saúde humana, em cinco
eixos:
a) satisfação das necessidades da atenção primária
à saúde, principalmente em zonas rurais;
b) combate às doenças transmissíveis;
c) proteção aos grupos vulneráveis;
d) solução dos problemas relacionados à
salubridade urbana
e) redução dos riscos à saúde derivados da
contaminação e dos perigos ambientais.
Pós Rio 92
 Convenção de Roterdã sobre Produtos Químicos Perigosos (1998);
 Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes
(2004).
 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ONU, 2000), cujas metas,
até 2015, para todos os países:
1 – Redução da pobreza;
2 – Atingir o ensino básico universal;
3 – Igualdade entre sexos e a autonomia das mulheres;
4 – Reduzir a mortalidade na infância;
5 – Melhorar a saúde materna;
6 – Combater a HIV/AIDS, a malária e outras doenças;
7 – Garantir a sustentabilidade ambiental e
8 – Estabelecer uma parceria mundial para o
desenvolvimento.
Rio + 10 – Conferência de Joanesburgo
A avaliação da Assembleia geral: Nos últimos 10
anos a pobreza aumentou e a degradação do meio
ambiente piorou.
Conclusões: O que o mundo deseja não é um novo
debate filosófico, mas uma Conferência que aponte
para resultados concretos.
 Deliberações: definição de metas para erradicação
da pobreza; água e saneamento; saúde; produtos
químicos perigosos; pesca e biodiversidade
Rio + 20
 Pauta: Economia verde para a eliminação da miséria global e
governança para a sustentabilidade do planeta.
 Contexto dos últimos 10 anos (alguns componentes):
Reafirmação da lógica da globalização;
Crise sistêmica do capitalismo (EUA: 1 trihão U$ aos bancos);
Desemprego e/ou subemprego para 1 bilhão trabalhadores;
Desnutrição para 1 bilhão de pessoas;
Acesso inadequado à água para 1,1 bilhão de pessoas;
Três guerras pelos EUA e OTAN: Iraque, Afeganistão e
Líbano
Três depoimentos:
Secretário-geral da ONU para a Rio + 20, Sha Zukang
“Temos que reconhecer que a situação é urgente, até porque
muitas das decisões tomadas há 20 anos, na Rio 92, ainda não
foram implementadas. E, nessas duas últimas décadas, a
situação só piorou, tanto do ponto de vista da produção como
do ponto de vista do consumo. O atual padrão de produção e
de consumo não pode continuar. Se todos os países
emergentes, como Brasil, China e Índia, por exemplo,
decidirem copiar o estilo de vida dos países desenvolvidos
seria necessário cinco planetas Terra para atender a todos
esses aumentos de demanda.(...) Os recursos naturais estão
dando sinais de escassez, enquanto a população mundial não
para de crescer. E ainda precisamos erradicar a pobreza no
mundo” (O Globo, 6 de março de 2012).
Coordenadora da Comissão Mundial Sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (1987), Gro Harlem
Brundtland
“Todos os avisos apontam para o aquecimento global,
mas a maioria dos governos não realiza ações
concretas para ajudar a preservar o meio ambiente
para esta e as futuras gerações. (...) Estamos
cansados de discurso. O problema de não avançarmos
é a lentidão dos governos. Agora é hora de
implementar” (Abertura do Fórum Mundial de
Sustentabilidade. Manaus, março de 2012)
Secretário-geral da Rio 92, Maurice Strong
“Há uma série de temas prioritários. Um deles é todo o
sistema para medir responsabilidade, já que os governos
fizeram grandes promessas no passado, em Estocolmo (em
1972), em Joanesburgo (em 2002) e na cúpula de 1992 (no
Rio). Foram promessas maravilhosas. Se os países tivessem
feito todas as coisas que prometeram, não teríamos um
problema tão grande hoje. Responsabilidade significa que
deve haver um processo no qual os compromissos reais dos
governos são medidos em relação ao que estão realmente
fazendo, incluindo uma forma de se reportar isso. Os
governos devem ser auditados em sua performance com
padrões internacionais” (O Globo, 6 de maio de 2012)
O Significado da Rio + 20 ?
Esverdeamento do capitalismo e mercantilização da
natureza
Proposta do capitalismo para solução da crise
civilizatória criado pelo próprio capital
continuidade da agenda neoliberal de privatizações
de serviços públicos
liberalizar a natureza e seu acesso aos mercados
dividindo-os em componentes como o carbono, a
biodiversidade ou os serviços ambientais.
A Rio + 20 anunciada na Rio 92
Documento do World Bussiness Council for Sustainable
Development, divulgado na Rio 92, sob a denominação
“Mudando o Rumo: Uma Perspectiva Empresarial Global
Sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente”. Nele está o
conceito de “ecoeficiência”, rebatizado de “economia verde”.
A “ecoeficiência” significa gestão empresarial, para que as
empresas se tornem mais inovadoras e competitivas, com a
redução de custos via economia de materiais e energia, a
redução da responsabilidade civil, por impactos negativos ao
ambiente, e a melhoria da imagem pública da empresa pelo
marketing social.
Documento “Nossa Comunidade global”, da Comissão das
Nações Unidas Sobre Governança Global, em 1995:
São os pobres das nações em desenvolvimento que exercem
as maiores pressões sobre os ecossistemas;
 O crescimento demográfico é responsável pela segurança
ambiental, pelo perigo do grande contingente de populações
excluídas em relação aos recursos vitais do planeta.
Estão omissas as instituições de mercado, cuja ânsia de
produção e consumo são responsáveis pela maior dilapidação
de recursos naturais.
É a tutela dos países pobres pelos ricos, mantendo o uso de
recursos globais dentro de limites criteriosos e tornando
necessária a diminuição de consumo nas sociedades afluentes.
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