TERÇA-FEIRA, 19 DE NOVEMBRO DE 2013 | N.º 87
Nova era
ECONOMIA DIGITAL
Os gastos mundiais com tecnologias de informação (TI) deverão atingir 3,8 biliões de dólares americanos em 2014, representando um crescimento de 3,6
por cento face a 2013. Mas não
são estas previsões da Gartner o
que mais interessa aos fornecedores de TI. São antes as oportunidades abertas por um mundo
cada vez mais digital. Este facto
levou mesmo os analistas da
Gartner a anunciar que estamos
no início de uma nova era, que
apelidaram de economia industrial digital. Isto significa que
qualquer orçamento será um orçamento de TI, que cada organização (pública ou privada) será
uma organização de tecnologia,
ou que cada pessoa será um consumidor de tecnologia. A economia industrial digital está a ser
construída com base nos alicerces
constituídos pela confluência e
integração de cinco pilares de que
já falámos várias vezes neste caderno: computação em nuvem,
colaboração social, computação
móvel, informação (sobretudo na
óptica da análise, com o big data)
e a Internet das coisas (que combina o mundo físico com o virtual).
Na opinião de Peter Sondergaard, da Gartner, a digitalização
expõe todas as vertentes de uma
organização aos pilares referidos
atrás. É através deles que chega
aos clientes e aos cidadãos em geral, que gere as instalações físicas, que gera receitas, ou que disponibiliza serviços. As empresas
que já estão a seguir este caminho
terão um posicionamento privilegiado para liderarem a nova era
da economia industrial digital.
Impacto económico
Em 2009 existiam 2,5 mil milhões de equipamentos conectados à Internet com endereços IP
individualizados. A maior parte
desses equipamentos eram móveis, incluindo telefones móveis e
computadores portáteis. Em 2020
esses equipamentos conectados
serão 30 mil milhões e incluirão
outros tipos de produtos, segundo
a Gartner. Este facto dá origem a
uma nova economia, levando a
Gartner a prever que o valor económico total da Internet das coisas será de 1,9 biliões de dólares
americanos em 2020, beneficiando um conjunto alargado de indústrias, como o sector da saúde,
o retalho e os transportes. PAG. 24
Existe um princípio na ciência da computação que diz que “o lixo que entra é o lixo que sai” ou, por outras palavras, a qualidade da informação que é obtida está directamente relacionada
com a qualidade dos dados a partir dos quais é produzida.
Qualidade de sistemas de informação
GESTÃO DE DADOS
É frequente lermos textos sobre
o tema “qualidade do software”,
que é uma área da engenharia de
software com o objectivo de definir e estabelecer um conjunto de
normas e processos relativos ao
desenvolvimento de software, para que o produto final satisfaça as
expectativas do cliente e cumpra
os requisitos previamente estabelecidos. Já o tema da “qualidade
de dados” tende a ser menos abordado. Mas não deixa de ser tão ou
mais importante.
Uma empresa pode ter um software de gestão perfeitamente adequado às suas necessidades, mas se
a qualidade dos dados for sofrível,
certamente que daí advirão grandes constrangimentos para a sua
actividade, entre os quais se destaca a ineficiências e os respectivos
custos associados, além do decréscimo do volume de negócio. Existe
um princípio na ciência da computação que diz que “o lixo que entra
é o lixo que sai” ou, por outras palavras, a qualidade da informação
que é obtida está directamente relacionada com a qualidade dos dados
a partir dos quais é produzida.
A qualidade de dados pode ser
avaliada segundo diversos critérios
Organização e gestão das entregas
LOGÍSTICA
A logística, enquanto organização e gestão de meios aplicada a
entregas, centra-se na gestão do
fluxo de produtos enviados para
o cliente. Muitas vezes é o próprio produtor que assegura directamente este transporte. Porém,
são os distribuidores que ultimamente têm vindo a assegurar essa
missão. Se antes as empresas se
adaptavam ao que a tecnologia
lhes proporcionava, actualmente
a te-cnologia está a um nível que
inverteu o processo. Ou seja,
adapta-se facilmente às necessidades das empresas, melhorando
o rácio entre o custo e o benefício.
Antes de uma empresa pensar
em implementar uma logística
aplicada às entregas, existem vá-
Para o pleno sucesso da logística de entrega, a informação entre os diferentes envolvidos
apresenta-se como um factor essencial.
rios aspectos que convém considerar, nomeadamente a existência de um armazém central para
os seus produtos, ou alternativa-
mente centros de distribuição. Terá
de considerar igualmente se vende
directamente aos clientes, ou se recorre a intermediários que se ocu-
ou parâmetros. Cada instituição
deverá seleccionar os parâmetros
que entenda como os mais importantes e adequados e incorporá-los
no seu processo de análise da qualidade dos dados. Alguns desses critérios são facilmente mensuráveis,
enquanto outros são um pouco subjectivos, sendo que muitos deles
estão relacionados.
PAG. 22
pam da distribuição, ou ainda se
as localizações lhe pertencem ou
se são geridas por outrem.
A tendência actual aponta para
que os distribuidores se ocupem
do armazenamento intermédio,
tomando assim o lugar que era
preenchido pelos produtores. Isto
verifica-se, não por uma questão
de protagonismo, mas simplesmente porque assim se aumenta a
qualidade do serviço, na medida
em que se reduz o tempo atribuído ao ciclo das encomendas, traduzindo-se numa maior rapidez
em termos de resposta. Neste
sentido, antes de dar o passo derradeiro rumo à logística de entregas, convém que a empresa em
questão preencha um conjunto de
requisitos para que tudo se passe
pelo melhor.
PAG. 23
22|TECNOLOGIA & GESTÃO
JORNAL DE ANGOLA • Terça-feira, 19 de Novembro de 2013
Qualidade de dados em sistemas de informação
GESTÃO
Um dos principais critérios para
a qualidade dos dados é a validade
e integridade dos mesmos. Ou seja, os dados estão ou não correc-
tos? Um dos problemas mais frequentes tem a ver com o cadastro
de entidades de um modo geral,
quer se trate de instituições, empresas, ou entidades singulares. É
frequente a mesma entidade ter
mais do que um registo, um em
que consta o nome completo e outro em que parte do nome está
abreviado. Tratando-se dos dados
de um cliente, iremos ter muito
provavelmente duas contas cor-
rentes para a mesma entidade. Facilmente se percebe que essa duplicidade irá gerar alguma confusão na gestão da relação com o
cliente em causa. Outro problema
que pode surgir relacionado com
este critério tem a ver com questões
ortográficas, o que leva a que o mesmo “objecto” possa estar escrito de
diferentes formas (por exemplo,
“Kuanza”, “Cuanza”, “Kwanza”).
Outro critério poderá ser a actualidade dos dados. Se uma empresa decide, por exemplo, enviar
uma newsletter (boletim informativo) em formato digital para todos
os seus clientes, será que o endereço de correio electrónico dos destinatários está actualizado?
Quando se cadastra um novo
cliente, o endereço de correio electrónico é de preenchimento obrigatório? Em caso negativo, é necessário perceber qual a percentagem ou número de clientes relativamente aos quais não temos esse
endereço, para se decidir como fazer chegar a informação a todos os
destinatários. Uma empresa que
tenha mais do que um software onde tenha cadastrados os seus clientes e fornecedores, situação bastante frequente, será que vai obter
a mesma informação dos diversos
sistemas? Em caso de discrepâncias, é possível perceber facilmente qual é software que tem os dados mais actuais e exactos?
A exactidão é um outro critério
onde se verificam facilmente mui-
No texto anterior apresentámos
alguns critérios segundo os quais
pode ser efectuada uma avaliação
da qualidade dos dados numa organização. Também referimos que
uma fraca qualidade dos dados
acarreta ineficiências e custos
acrescidos. Neste texto vamos ver
como se pode melhorar a qualidade de dados numa organização.
Uma abordagem possível e simplista passa por uma avaliação inicial da extensão do problema, analisando, por exemplo, os principais processos de negócio, comparando o número de documentos
gerados por esses processos num
determinado período com o número de correcções efectuadas nesse
mesmo período. Suponhamos que
temos uma empresa que emite 10
mil facturas por mês e que dessas
facturas são devolvidas em média
500 facturas, por conterem algum
tipo de erro relacionado com os dados que originaram a emissão (preço ou artigo incorrectos, dados de
identificação do cliente, etc.).
Neste exemplo estaríamos perante uma taxa de erro de cinco por
cento, o que significa que, assumindo que estamos a reportar-nos
a um processo de facturação automática, ou seja, que as facturas não
foram geradas uma a uma por utilizadores do sistema, teríamos 95
por cento dos dados correctos, re-
lativos apenas ao processo de facturação. Caso o processo não fosse automático, haveria que tentar
perceber qual a percentagem (dos
cinco por cento do exemplo) que
poderia ser atribuída a erro humano na introdução de dados ao emitir as facturas e qual a percentagem motivada por inconsistência
dos próprios dados.
Uma abordagem mais estruturada passa pela implementação de
um sistema de gestão de qualidade
dos dados. Um sistema desta natureza é particularmente importante
em organizações que manipulam
elevados volumes de informação e
que partilham parte da informação
com os seus parceiros de negócio.
Vamos analisar de seguida as possíveis etapas que devem ser realizadas na implementação de um
sistema desta natureza.
O “pontapé de saída” deverá
passar pelo comprometimento da
gestão de topo, de forma a repassar
esse comprometimento às restantes hierarquias e colaboradores em
geral. Para o efeito deve ser estabelecida a política de qualidade de
dados, a definição dos objectivos a
atingir aos diversos níveis e assegurar que serão disponibilizados
os recursos necessários.
A segunda etapa consistirá na
nomeação do responsável pela
gestão deste processo, o qual deve-
rá assumir o papel do “campeão da
qualidade de dados”. Este gestor
deverá ser alguém com elevados
conhecimentos em processos de
gestão de qualidade em geral e
qualidade de dados em particular,
devendo conseguir exercer a sua
autoridade (pela sua posição hierárquica), de modo a mobilizar os
responsáveis das diversas áreas
sem ter que recorrer constantemente à gestão de topo.
Seguidamente deverão ser lançados programas de sensibilização, de forma a comunicar a todos
os colaboradores em geral os objectivos que se pretendem alcançar
com a implementação deste sistema. É necessário que sejam definidos e comunicados, de forma clara e explícita, os objectivos e os
benefícios que este programa irá
trazer à organização. Tipicamente, alguns dos objectivos podem
passar por melhorias de eficiência
e de produtividade, aumento da
satisfação dos clientes, redução
de custos, aumento da confiança
nos processos internos.
Considerando que este é um sistema que irá abranger toda a organização, deverão ser concebidos
programas de formação orientados
para as diferentes categorias ou
funções dos colaboradores. A formação deverá abranger, não só os
conceitos da gestão da qualidade
de dados, mas também o impacto
que terá na prossecução dos objectivos estratégicos da organização,
nos processos que vão sofrer alterações e nas mudanças ao nível da
própria cultura organizacional.
A implementação deste projecto passa essencialmente pela
criação dos processos de qualidade de dados, os quais devem incluir e estar alinhados com todos
os objectivos estabelecidos pela
gestão para esse efeito. No caso
de organizações que procedem à
troca (electrónica) de dados com
entidades externas, deve ser definido um procedimento de publicação de dados, que deve regulamentar, entre outros aspectos, a
forma como a publicação dos dados é efectuada (de modo a garantir a sua exactidão e integridade), a forma de verificar os dados
antes da sua publicação, os mecanismos de rastreabilidade que serão disponibilizados e quais as limitações e restrições existentes.
A documentação é fundamental
em qualquer sistema de gestão da
qualidade e é aqui que frequentemente se verificam não conformidades em muitas organizações. A
documentação deverá incluir a
descrição dos objectivos a atingir
relativamente à qualidade de dados, o manual da qualidade de dados, a documentação sobre proce-
A qualidade de dados pode ser avaliada segundo diversos critérios ou parâmetros. Cada instituição deverá seleccionar os parâmetros que
entenda como os mais importantes e adequados e incorporá-los no seu processo de análise da qualidade dos dados.
EMÍLIO MARTINS
tas falhas, estando de alguma forma relacionado com o primeiro
critério apresentado atrás.
Por exemplo, é frequente verificarem-se imprecisões em termos das
moradas, com a mesma morada associada a bairros, comunas, ou municípios diferentes. Muitas vezes, a
mesma morada também é escrita de
formas diferentes. Isto torna difícil
efectuar algumas análises, tais como saber quais as entidades com as
quais uma instituição se relaciona,
cuja sede ou escritório estão localizados numa determinada geografia.
Os preços ou unidades de venda
dos produtos incorrectos são também erros frequentes que causam
prejuízos avultados nas grandes empresas cujas vendas são baseadas
em comércio electrónico, ou mesmo
na venda tradicional a retalho.
Um critério talvez um pouco subjectivo é a confiabilidade. Os utilizadores confiam na informação/relatórios produzidos pelos sistemas
de informação? É frequente os utilizadores fazerem uma verificação
dos valores de uma listagem ou relatório, cruzando essa informação
com um relatório diferente ou, por
exemplo, comparando a informação com documentos físicos?
Este critério é subjectivo, na
medida em que não pode ser aferido por uma análise efectuada aos
dados, tendo que ser realizados
questionários junto dos utilizadores para se perceber o seu grau de
confiança na informação.
dimentos e registos de acordo com
o que estiver especificado nos requisitos do sistema. Além disso
deverá incluir a documentação necessária ao estabelecimento de um
plano que possibilite a execução e
o controlo efectivos dos processos.
Devem ainda ser estabelecidos
procedimentos relativos ao controlo da documentação produzida,
ou seja, mecanismos que permitam gerir todo o ciclo de vida dos
documentos, identificando claramente os responsáveis pela criação, revisão, aprovação e distribuição dos documentos, respeitando o princípio de que a documentação deve estar disponível e acessível a quem dela necessita para a
execução e o cumprimento das
suas funções e responsabilidades.
Relativamente à implementação
e operação, tal como em qualquer
outro sistema, deve ser monitorizada para garantir que o sistema
está efectivamente a ser utilizado e
em conformidade com os requisitos e políticas que foram inicialmente definidos para a qualidade
dos dados. Algumas actividades
nesta fase podem passar pela verificação dos dados, revisão da recolha e processamento dos dados.
Devem ser executadas as acções
preventivas e correctivas relativamente às ocorrências que forem
sendo identificadas.
Melhorar a qualidade dos dados numa organização
TECNOLOGIA & GESTÃO|23
JORNAL DE ANGOLA • Terça-feira, 19 de Novembro de 2013
LOGÍSTICA
Organização e gestão das entregas
No que se refere ao transporte, a subcontratação poderá ser uma boa opção.
MIGUEL DUARTE
Uma das primeiras condiçõespara a logística de entregas é conhecer bem os clientes e traçar bem o
perfil dos mesmos, uma vez que
determinadas características dos
clientes podem ter impacto na forma como a logística de entregas irá
ser configurada. Entre as várias especificidades a considerar, podemos nomear algumas, tal como a
localização geográfica, o local de
destino do produto, o acesso aos
pontos de entrega, as restrições em
relação à data dessa entrega (incluindo o horário disponível para
que seja feita), o tamanho e volume da encomenda, a necessidade
de equipamento mecânico para
manuseamento do produto, as condições de venda, ou o serviço pósvenda e a respectiva assistência.
Outro ponderável a analisar
prende-se com as próprias características do produto, pois este aspecto vai influenciar igualmente a
forma como será armazenado e
distribuído. Neste sentido, temos
de ter em consideração factores como o peso, a forma, ou o volume do
produto. Do mesmo modo, importa conhecer a fragilidade desse
produto, as condições que o levam
a deteriorar-se, o perigo que representa em ser transportado (por
exemplo, os produtos tóxicos ou
corrosivos exigem um plano de entrega mais cuidado), ou o valor do
próprio produto.
Há que ter ainda em conta as características da própria empresa.
Ou seja, os atributos do fabricante
ou do distribuidor, nomeadamente
as suas políticas de nível de serviço
e de tempo de entrega, as vendas
territoriais, a localização (de armazéns, centros de distribuição e instalações fabris), as políticas financeiras, ou o desempenho da concorrência. Não menos importante
será definir a localização do armazém, tendo em conta o seu custo relativamente ao serviço prestado.
Por esta razão será conveniente
que o armazém esteja localizado
na proximidade da maior instalação produtiva, para que a comunicação e colaboração entre ambas
as instalações seja simplificada.
Também é importante que o centro de distribuição ou armazém esteja próximo dos clientes actuais.
Todavia o ideal será juntar a este
factor a possibilidade de haver
igualmente proximidade com potenciais clientes, sendo este desde
logo um trunfo mais a apresentar.
Esta localização deve ter em conta
os objectivos traçados, pois se a estratégia é assegurar a posição num
determinado mercado, deve estar
centralmente posicionado relativamente a esse mercado. Se a estratégia passar pela conquista de novos
mercados, então o melhor será
centralizar essa localização, tendo
em conta o mercado potencial que
se pretende atingir.
Existe ainda um outro factor
importante, que se prende com os
meios de transporte (rodoviário,
ferroviário, aéreo, ou marítimo).
Seja qual for o meio escolhido ou
privilegiado, há que ter a devida
noção das vantagens e desvantagens que cada um apresenta. Em
todo o caso, há factores que pesam nessa escolha, uns mais do
que os outros, pois há sempre a
relação custo/benefício que importa equacionar. Pela sua flexibilidade e velocidade, o transporte rodoviário é aquele que por
norma reúne os maiores consensos, pois os seus convenientes depressa fazem esquecer as condicionantes que apresenta.
Na mesma linha do transporte
apresenta-se a possibilidade da
subcontratação ou exploração directa das actividades de armazenagem e transporte. Ambas apresentam vantagens e desvantagens, mas
convém estudar a situação caso a
caso. Há variáveis que podem viabilizar ou não a escolha, como por
exemplo, o tratamento complexo
que o produto exige, a própria capacidade interna da organização
em assegurar o serviço, entre muitos outros factores. Note-se ainda
que, se existe algum problema
quanto a esta matéria, não será seguramente em termos de escolha.
A importância de implementar um
plano de logística de entregas eficiente prende-se com o facto de garantir um aumento da qualidade do
serviço, ao mesmo tempo que reduz
os tempos relativos ao ciclo das encomendas, proporcionando uma resposta mais rápida, o que poderá ser
bastante vantajoso face aos operadores concorrentes. Como vimos até
agora, a estratégia de implementação no seu todo deve ser devidamen-
te ponderada e muito bem pensada,
pois como lembra Leonardo da Vinci, “quem pensa pouco, erra muito”.
A logística de entrega ocupa-se
de uma maneira geral da gestão da
entrega dos produtos, que vai desde
a escolha do meio de transporte
mais adequado, até à confirmação
da entrega junto do cliente, com a
devida salvaguarda de que a mercadoria encomendada equivale plenamente à que é entregue. O processo de logística de entrega garante deste modo a total segurança e
satisfação dos envolvidos na expedição de um produto, na quantidade certa e na data acordada.
Para o pleno sucesso da logística
de entrega, a informação entre os
diferentes sectores apresenta-se como um factor essencial. Só assim
poderão evitar-se desfasamentos
entre as existências em armazém e
as encomendas a entregar, havendo
a priori a garantia de que a mercadoria pretendida é, com efeito, entregue. Claro que para se alcançar esta
simbiose a gestão das entradas e das
saídas deve estar devidamente afinada, de forma a não haver lugar a
desencontros em termos de informação. É pois importante que o sistema usado desempenhe o papel de
um autêntico adjuvante na dinâmica do serviço, garantindo a reposição eficaz dos produtos e evitando
situações de ruptura.
Assumindo que o produto se encontra em trânsito, o sistema
adoptado deve proporcionar informação em tempo real sobre o estado em que ele se encontra a um dado momento, fazendo o seu rastreamento (tracking) permanente.
Isto permite manter todos os envolvidos devidamente informados
sobre o estado da mercadoria, especialmente o cliente. Por outro
lado, este rastreamento pode ser
muito favorável se pensarmos na
necessidade de aplicar a logística
inversa, informando a empresa sobre a quantidade de eventuais produtos devolvidos (por apresentarem defeitos, por insatisfação do
cliente, ou por erro de processamento do pedido).
Sempre que o produto seja entregue com sucesso, consumindo
para tal o menor tempo e custo
possíveis, e estando alinhado com
as expectativas do cliente, a ponto
de preencher os seus requisitos de
satisfação, então o êxito da operação logística terá sido alcançado.
Neste sentido, a logística deve ser
vista enquanto factor estratégico,
na medida em que se for devidamente planeada origina uma dinâmica muito positiva em toda as
operações, com claros retornos a
todos os níveis.
Temos de concordar que a forma
como o mercado se comporta tem
vindo a sofrer algumas alterações,
muito por culpa da globalização.
Actualmente podemos ver de forma muito nítida uma enorme mudança no comportamento dos consumidores, e uma das consequências é a redução do ciclo de vida dos
produtos, assim como o enfraquecimento das marcas. Como reacção
a estas alterações, as empresas tiveram de obter e desenvolver novas
competências, no sentido de, por
um lado, manter os clientes em carteira e, por outro, conquistar novos
clientes e/ou mercados.
O resultado tem sido um enorme
aumento em termos de competitividade. Esta perdeu o seu carácter
eminentemente regional, ganhando
contornos globais. Quer isto dizer
que não falamos tanto numa escala
que se situa ao nível das empresas
isoladamente, mas antes ao nível
das cadeias produtivas. Por esta razão, a rapidez e a flexibilidade deixam de ser apenas um extra, passando a ser características obrigatórias por serem diferenciadoras.
A logística aplicada às entregas pressupõe que sejam tidos em conta vários aspectos, nomeadamente a existência de um armazém central,
ou centros de distribuição.
24|TECNOLOGIA & GESTÃO
Começou uma nova era de tecnologias
JORNAL DE ANGOLA • Terça-feira, 19 de Novembro de 2013
ECONOMIA DIGITAL
A capacidade de computação será barata e não daremos por ela,
uma vez que estará em todo o lado,
incluindo a roupa que vestimos. Só
para os sectores da tecnologia e das
telecomunicações, as receitas associadas à Internet das coisas deverão ser superiores a 309 mil milhões de dólares por ano em 2020,
segundo Peter Sondergaard.
Os equipamentos móveis inteligentes já conquistaram literalmente o nosso mundo tecnológico, mas
esse domínio irá acentuar-se muito
mais. Em 2017, os telefones móveis, os tablets e os PCs ultramóveis deverão representar mais de
80 por cento dos gastos em equipamentos móveis. Estes serão mesmo a plataforma de destino privilegiada para qualquer software.
Para os fornecedores tradicionais de TI, o mundo digital está a
desenvolver-se ainda mais rapidamente. No passado as empresas de
tecnologia conseguiam longos períodos de reinado. No entanto, actualmente os líderes de alguns
segmentos de mercado não conseguem que a sua posição de liderança vá além dos cinco anos, em
média. Aquilo que muitos fornecedores tradicionais de TI nos
vendiam no passado é frequente-
derão deixar de ser líderes na era
da economia industrial digital.
Big data e segurança
Na economia industrial digital qualquer orçamento será um orçamento de tecnologias de informação, qualquer organização (pública ou privada) será uma organização de tecnologia, e qualquer pessoa será um consumidor de tecnologia.
mente algo de que não precisamos
para o futuro digital. A sua estratégia em termos de canais de venda,
a sua força de vendas, ou o seu
ecossistema de parceiros é cons-
tantemente desafiado pela concorrência, por novos centros de compra, ou pela mudança dos clientes.
Na opinião de Peter Sondergaard,
a digitalização acelera a criação de
ambientes propícios ao surgimento de novas empresas (start-ups)
tecnológicas um pouco por todo o
mundo. Muitos dos fornecedores
que estão actualmente no topo po-
Com tantas “coisas” ligadas à Internet (Internet das coisas), a geração de dados será exponencialmente maior do que actualmente. As
pessoas e as suas actividades criam
dados. As máquinas inteligentes
consomem e produzem dados e os
equipamentos móveis serão a janela
para esses dados. Não admira, portanto, que Peter Sondergaard considere que o sucesso das empresas digitais dependa da sua capacidade
para tirar partido desses dados e adequar o negócio ao mercado.
Inevitavelmente, a enorme quantidade de dados e o seu valor irão provocar um aumento das preocupações
com a segurança, tanto por parte das
empresas, como dos particulares. A
digitalização irá criar novas infra-estruturas e novas vulnerabilidades.
Daí que Peter Sondergaard recomende a criação de verdadeiros
portfólios de fornecedores de segurança, já que cada um deles não
responderá a mais do que apenas
uma fracção dos problemas. Todos
precisaremos de implementar processos de segurança mais ágeis.
O mundo digital reinventa indústrias e quebra fronteiras
As empresas digitais utilizam
novas combinações tecnológicas
para gerarem receitas e valor. Só
assim conseguem responder ao
mundo digital, que restrutura indústrias, reinventa processos e
modelos de negócio, e cria novas
oportunidades. Os analistas da
Gartner analisaram o futuro do
mundo digital e chegaram à conclusão que a Internet das coisas se
tornará tão activa como os humanos e os sistemas que estão actualmente ligados à Internet.
A Internet das coisas (ou de todas
as coisas, como alguns já lhe chamam) irá reinventar as indústrias a
três níveis: processos de negócio,
modelos de negócio e momentos
de negócio. Na opinião de Hung
LeHong, da Gartner, a tecnologia
digital está a melhorar os nossos
produtos, serviços e processos,
bem como as experiências dos consumidores, ou a forma como realizamos o nossos trabalho. Na realidade fazemos aquilo que já fazíamos normalmente, mas a digitalização permite-nos fazer as coisas
melhor e desenvolver produtos
melhores. A digitalização também
está a provocar a emergência de novas formas de fazer negócio nos
vários sectores de actividade.
Para ilustrar esta ideia, Hung LeHong recorreu a empresas como a
Square, Bitcoin, ou Kickstarter para exemplificar a utilização do digital como forma de reformular o modo de funcionamento das instituições financeiras tradicionais. Referiu ainda o caso da Nike, sugerindo
que está a actuar na fronteira do
O sucesso no mundo digital dependerá muito da nossa capacidade e vontade em delegar decisões automatizadas aos equipamentos de
computação.
sector da saúde com a sua roupa e
dispositivos conectados.
O terceiro nível da reinvenção digital é criado pela necessidade de
responder à rapidez e agilidade sem
precedentes que marcam o mundo
dos negócios. A Gartner chama a isto “momentos de negócio”. Ou seja, oportunidades transitórias exploradas de forma dinâmica. Hung
LeHong recorreu novamente a um
exemplo prático para ilustrar esta
ideia. Referiu assim as grandes cadeias de hotéis (como a Starwood,
Hilton, ou Hyatt), que tiveram que
concorrer há algum tempo com a
primeira vaga de modelos de negócio digital trazida pelo comércio
electrónico, com sites como o Hotels.com. O novo modelo de negó-
cio digital criado por empresas como a AirBnB está novamente a obrigar a reajustes destas cadeias de hotéis, concorrendo desta vez com um
inventário de quartos em expansão,
não noutros hotéis, mas nas próprias casas dos seus clientes.
Todas as empresas serão empresas tecnológicas
A tecnologia permitirá que as
empresas optimizem os seus processos de negócio, criem novos
modelos de negócio, ou identifiquem e explorem os momentos de
negócio. Por esta razão, todas as
empresas irão transformar-se em
empresas tecnológicas. Neste contexto, a Gartner recomenda que as
empresas se mantenham atentas a
três tipos de tecnologias: Internet
das coisas, impressão 3D, e decisão/avaliação automatizada.
A Internet das coisas cria um
mundo em que cada objecto não trivial passa a ser inteligente e conectado em rede, segundo Nick Jones,
da Gartner. Estes objectos inteligentes podem avaliar e reportar informação sobre o seu ambiente e
estado. Alguns podem ser controlados e todos disponibilizam novos
tipos de valor aos clientes. Alguns
objectos inteligentes serão tão simples como sensores que avisam alguém sobre a necessidade de água
de uma planta. No extremo oposto
teremos objectos muito mais complexos, como automóveis.
No caso da impressão 3D, a Gartner acredita que irá revolucionar
sectores de actividade tão distintos
como a indústria da moda, o retalho, ou o sector militar. Nick Jones
sublinha que a impressão 3D permite optimizar os processos de negócio utilizando novas técnicas de
produção. De igual modo, permite
criar novos modelos de negócio
que privilegiam ciclos de produção
ágeis e curtos, facilitando assim a
resposta a determinados momentos
de negócio com produtos costumizados individualmente.
A decisão/avaliação automatizada decorre do facto da Internet das
coisas envolver milhões de objectos e sensores que geram dados em
tempo real. Se considerarmos que
dados são dinheiro, haverá que explorar os dados para identificar novos modelos de negócio e momentos de negócio (ou oportunidades
de negócio). Os dados serão também a base para a criação de novos
produtos e serviços, bem como a
fonte de informação para visualizar
e optimizar os processos de negócio, segundo Nick Jones.
Neste cenário não teremos tempo nem capacidade para tomarmos
todas as decisões. Os computadores, ou equipamentos com capacidades de computação, poderão tomar decisões sofisticadas com base
em dados e conhecimento, e comunicá-las na nossa língua nativa. O
sucesso no mundo digital dependerá muito da nossa capacidade e
vontade em delegar essas decisões
automatizadas aos equipamentos
de computação.
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Apresentação 1