Trabalho apresentado com parte da avaliação na disciplina:
“Introdução ao estudo da Medicina II” (MED-7002),
em Junho de 2005.
Seminários de integração sobre os aspectos morfofuncionais, de clínica médica e
de saúde pública.
Curso de graduação em Medicina,
Centro de Ciências da Saúde,
Universidade Federal de Santa Catarina
Apresentação em ppt disponível em:
http://www.ccb.ufsc.br/~cristina/sm_2005_1_med7002.htm
2
Termorregulação:
O Corpo e a Variação de
Temperatura
Ana Lúcia Roncaglia Seco1, Bárbara Saviato1, Cláudia Ariene de
Moraes1, Fernanda Tiemy Loureiro Nakagawa1, Marcelo Pitombeira de
Lacerda1, Marcus Viníccius Ferreira Gonçalves Romano1, Natacha
Harumi Sakai1 Jorge Dias de Matos2
1
Alunos de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina. 2Professor Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil
10 de Junho de 2005
3
SUMÁRIO
Introdução à termorregulação:
1 INTRODUÇÃO
Termorregulação e Temperatura Central
Endotermia e Ectotermia
Sistema Nervoso e Regulação de Temperatura
Respostas do Corpo aos Estímulos Térmicos
O Corpo em temperatura normal:
2 EUTERMIA
Definição de Eutermia
Variação Circadiana da Temperatura Corporal
Variação da Temperatura no Ciclo Menstrual
Recém-nascido e a Temperatura Corporal
O Corpo em temperatura adversa sem alterar o ponto de controle:
3 HIPOTERMIA
Definição de Hipotermia
A Resposta do Corpo ao Decréscimo na Temperatura
3
3
4
5
7
8
8
9
11
12
13
13
14
4 HIPERTERMIA
19
Definição de Hipertermia
Perda de Calor
Perda do Calor Durante o Exercício
Prevenção das Lesões Causadas pelo Calor
19
19
21
24
O Corpo com alteração no ponto de controle:
5 FEBRE
25
Definição de Febre
Mecanismo de formação da febre
Antipiréticos endógenos
6 ANAPIREXIA
Definição de Anapirexia
Um modelo neuroquímico para a anapirexia
Conclusão
Integração dos Temas dos Seminários
Termorregulação e Aquecimento Global
A Importância da Termorregulação
Referências Bibliográficas
25
26
31
33
33
34
35
35
42
43
44
4
Introdução
Termorregulação e Temperatura Central.
Termorregulação é a capacidade de organismos endotérmicos manterem sua
temperatura central relativamente estável à variação climática ambiental, possibilitando
o funcionamento corporal-metabólico e propiciando condições para a vida nas mais
diversas condições ambientais.
A
temperatura
aproximadamente)
é
central
conseqüência
(37o,
da
temperatura periférica, que se refere à pele
e sua capacidade de perda de calor e
isolamento térmico, do metabolismo e da
perda
de
calor,
por
exemplo,
pela
evaporação de água no trato respiratório
(perspiração insensível). A temperatura
central varia aproximadamente 0,6oC para
uma variação ambiental entre 13oC e 54oC.
A temperatura periférica tem uma variabilidade maior e em diversas situações seu
valor varia como em um processo de conservação da temperatura central. Pequenas
variações térmicas ambientes são relevantes apenas para a temperatura periférica (da
pele, por exemplo), o que ilustra esse processo.
O valor de temperatura central é comumente obtido pela aferição da temperatura
retal (termômetro deve permanecer por 4 minutos para valor correto); temperaturas
axilar e oral não são tão precisas e estão sujeitas a fatores que podem alterar o valor.
A temperatura central decresce com a idade, como conseqüência da diminuição
do metabolismo e da perda do estrato córneo (stratum corneum) da pele; é maior no
início do dia; aumenta com o metabolismo e a ingestão de alimentos (efeito termogênico
dos alimentos).
O ponto de controle térmico é a temperatura definida pelo hipotálamo como
adequada – um valor acima determina hipertermia; abaixo, hipotermia. Quando o valor
5
do ponto de controle está alterado para cima, tem-se a febre; quando para baixo,
anapirexia.
Endotermia e Ectotermia
O homem, assim como os mamíferos em geral e as aves, é um animal
endotérmico (do grego, homos, semelhante), o que se refere à capacidade interna de
regular a temperatura. Outros animais - peixes, anfíbios, répteis e invertebrados – são
ectotérmicos; sua temperatura central é derivada direta da temperatura externa, tem por
estratégia térmica a regulação da sua temperatura através do comportamento.
Os animais endotérmicos regulam sua temperatura corporal com base na
produção metabólica de calor, esses animais possuem alta taxa metabólica e, portanto,
alta capacidade de gerar calor, regulando sua temperatura corporal por mecanismos
autonômicos
e
comportamentais
e
mantendo-a
dentro
de
limites
estreitos,
independentemente das variações térmicas do ambiente. Os animais ectotérmicos
utilizam fontes de calor que estão fora do organismo, no ambiente, para a
termorregulação, portanto o comportamento é o mecanismo termorregulador primário de
que dispõem e a temperatura ambiente praticamente coincide com a temperatura
corporal de preferência.
Há diferenças na condutância térmica de animais endotérmicos e ectotérmicos;
os animais endotérmicos sofrem uma perda minimizada do calor produzido devido à
baixa condutância térmica e pelo rico isolamento desenvolvido por esses animais pêlos, penas, camada de gordura. Os animais ectotérmicos possuem uma alta
condutância térmica, ou seja, o calor produzido pelo metabolismo é perdido facilmente
para o ambiente. Por outro lado, a alta condutância térmica permite que ectotérmicos
absorvam calor do ambiente também com muita facilidade.
A termorregulação, tanto de animais endotérmicos quanto de animais
ectotérmicos, visa evitar efeitos danosos causados pela temperatura. A exposição a
temperaturas adversas pode levar à morte por um conjunto de fatores, como a
desnaturação de proteínas; inativação de enzimas; suprimento insuficiente de oxigênio;
efeitos em diferentes reações metabólicas; alteração na estrutura das membranas.
6
Sistema Nervoso e Regulação de Temperatura
A regulação de temperatura central depende da atuação dos termoceptores
cutâneos e centrais e do papel do hipotálamo por definir o ponto de controle térmico (set
point ou ponto de ajuste).
As respostas fisiológicas a partir de uma alteração na temperatura ambiente se
originam a partir do controle térmico do corpo, e este se origina da porção termoceptora
do sistema sensorial somático. A sensação somática é responsável por quatro tipos de
estímulos – tato, temperatura, dor e postura corporal – interpretados no SNC para
respostas coerentes.
O estímulo térmico pode ser não-doloroso ou doloroso. Quando o estímulo
térmico é potencialmente danoso ao corpo, estimula os nociceptores, o que gera a
interpretação de um estímulo doloroso. Estímulos menos intensos e potencialmente
inofensivos são percebidos pelos termoceptores – são os estímulos que constantemente
são percebidos, exceto em situações nocivas, como dito acima.
Eis um gráfico de disparos de termoceptores
de calor e de frio. Nota-se que os receptores
de calor começam a disparar com 30oC, ainda
que em freqüência muito inferior àquela dos
de frio; ultrapassam-nas próximo à faixa
normal de temperatura corporal e então se
elevam imensamente, enquanto a freqüência
de disparo dos frios quase inexiste aos 42oC.
Contudo, a partir dos 45oC, os termoceptores de calor tem sua freqüência
bruscamente diminuída, de modo que ela é próxima a zero antes dos 50oC. Isso ocorre
porque temperaturas acima de 45oC são potencialmente nocivas aos tecidos, e sua
leitura é a partir de nociceptores.
As fibras às quais estão associados os termoceptores são dos tipos A
(levemente mielinizadas) e C (não-mielinizadas e geralmente finas). Os axônios de
neurônios de segunda ordem decussam e ascendem no trato espinotalâmico
contralateral – logo, uma hemisecção de medula causa perda de sensibilidade de
temperatura (assim como de dor) do lado oposto ao do corte.
7
Em conjunto, existe o controle da temperatura interna pelos neurônios
termoceptores centrais, que monitoram a temperatura do sangue e aferem para os
núcleos
hipotalâmicos
anteriores.
Tanto
os
receptores
profundos
quanto
os
termoceptores periféricos estão envolvidos principalmente com a prevenção da
hipotermia, o que decorre de seu padrão de disparo. Existem ainda neurônios
termoceptores no hipotálamo, fato este que explica respostas termorregulatórias pelo
aquecimento ou resfriamento local.
A regulação da temperatura do corpo é regulada principalmente por mecanismos
nervosos de feedback negativo, a partir dos estímulos termoceptores e de centros
termorreguladores localizados no hipotálamo.
Há núcleos hipotalâmicos principais na termorregulação: os núcleos pré-óptico e
hipotalâmico anterior e posterior. Os dois primeiros compõem o centro de perda de
calor, importante na hipertermia. O último compõe o centro de produção e conservação
de calor.
Esta delimitação é, sobretudo, didática; o núcleo pré-óptico, por exemplo, detém
neurônios para calor (maior número) e para o frio. Contudo, uma lesão no centro de
perda de calor predispõe hipertermia, por impedir a sudorese e a vasodilatação
periférica, a estimulação elétrica desse centro causa vasodilatação e inibe calafrios.
Lesão no centro de produção e conservação de calor predispõe hipotermia, a
estimulação causa calafrios.
A integração dos estímulos periféricos e centrais, assim como das diferentes
regiões hipotalâmicas possibilita um controle de conservação e perda de calor,
contribuindo para a manutenção da temperatura corporal. Essa integração possibilita um
grande intervalo de variação de temperatura ambiente com pouco efeito na temperatura
central, o que é e foi, com certeza, selecionado evolutivamente e permite ao homem
habitar quase todas as partes do planeta, por mais diversas que sejam suas condições
climáticas.
Em adição a este sistema, existe o controle comportamental da temperatura,
operando a partir da sensação psíquica de calor (oriunda do centro termorregulatório) ou
frio (oriunda dos termoceptores cutâneos e dos receptores profundos), possibilitando ao
indivíduo o estabelecimento do conforto térmico utilizando roupas mais quentes, por
8
exemplo. Sua importância é comparável ao controle subconsciente porque possibilita
que o indivíduo tome ações para o controle térmico. Comprovar esta importância é
simples: quando o dia está frio, você, sentindo frio, veste uma roupa apropriada?
Respostas do Corpo aos Estímulos Térmicos
A partir da percepção de diminuição e aumento de temperatura ambiente, o corpo
procura a manutenção térmica por três processos diferentes – perda, conservação e
produção de calor.
A perda está relacionada à reposta em hipertermia, envolvendo a perspiração
insensível, referente à evaporação de água do trato respiratório e do estrato córneo da
pele, e a perspiração sensível, referente à transpiração (que, de fato, nem sempre é
sentido).
A conservação e produção de calor estão relacionadas à hipotermia, envolvendo
a hipoderme, a queratinização da pele e o aumento metabólico em resposta ao frio. O
fluxo sanguíneo cutâneo também desempenha um importante papel; a exposição ao frio
causa vasoconstrição de extremidades - mãos, pés, lábios, orelhas. Exposição ao calor,
causa vasodilatação nessas regiões desviando o sangue quente para a superfície da
pele, aumentando, assim, a perda de calor para o ambiente.
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Eutermia
Definição de Eutermia
A eutermia é o estado térmico no qual a temperatura corporal é mantida dentro
da faixa normal. É a condição em que os valores do set point e temperatura corporal
coincidem, mostrando a eficiência do mecanismo termorregulador.
Em temperaturas acima desse nível, a perda de calor deve ser maior do que sua
produção, de modo que a temperatura corporal retorna ao set point. Em temperaturas
abaixo desse nível, a produção de calor é maior do que a sua perda; a temperatura do
corpo aumenta e novamente se aproxima do set point.
Todos os mecanismos de controle da temperatura procuram, continuamente,
trazer e manter a temperatura corporal para o ponto de ajuste. O ponto crítico de ajuste
da temperatura no hipotálamo, acima do qual começa a sudorese e abaixo do qual
surgem os calafrios, é determinado, em grande parte, pelo grau de atividade dos
receptores térmicos na área hipotalâmica anterior – área pré-óptica do hipotálamo. Há
também sinais térmicos provenientes das áreas periféricas do corpo que contribuem
ligeiramente para a termorregulação, como: pele, medula espinhal e vísceras.
Nessa situação de eutermia, não há ativação de mecanismos compensatórios de
perda ou de ganho de calor e o conforto térmico percebido é “ótimo”. Nos endotérmicos,
a eutermia é mantida mesmo que a temperatura ambiente sofra ampla variação, além
da zona termoneutra. Acima da temperatura superior crítica e abaixo da inferior crítica,
as quais determinam a zona termoneutra de cada espécie em uma dada condição, o
organismo necessita aumentar gasto energético para manter a temperatura corporal
sem variações. Para um homem adulto nu, essa faixa de neutralidade encontra-se entre
28 e 30°C.
Quando ocorrem falhas dos mecanismos termorreguladores, de perda ou de
ganho de calor, a eutermia não é mantida, e a temperatura corporal pode, elevar-se
acima do valor do set point termorregulador, gerando quadros de hipertermia, ou
reduzir-se abaixo do valor do set point, e assim gerar a hipotermia.
Mesmo existindo variação da temperatura corporal ao longo do ciclo de 24h,
pessoas normais, através de eficientes mecanismos do corpo, mostram uma faixa de
10
temperaturas normais, na qual são pequenas as variações observadas. Em geral, a
temperatura central média de um ser humano adulto situa-se ao redor de 37°C, e varia
de 0,5°C para mais ou para menos. O valor medido na boca é cerca de 0,6°C menor
que aquele medido no reto, e o tempo de aferição deve ser maior. Na axila, a
temperatura normal é cerca de 1oC menor que a do reto e a aferição e ainda maior.
No entanto, esta faixa
de temperaturas pode variar
quando
se
pratica
atividades físicas intensas
ou quando se está exposto
a temperaturas ambientais
severas;
a figura ao lado
ilustra
situações
de
variações da temperatura
corporal.
Variação Circadiana da Temperatura Corporal
A variação diária da temperatura corporal é um fato conhecido há muito tempo.
Em seres humanos, o ciclo circadiano é caracterizado por elevações no período diurno e
quedas durante a noite. Sob condições naturais de iluminação e interação social, com
despertar às 7h da manhã e adormecer às 11h da noite, no período noturno, a
temperatura nos tecidos profundos do corpo é em torno de 36,5°C. Três horas após o
despertar, esse valor começa a se elevar, atingindo um pico de 37,5°C por volta das 8h
da noite, quando começa a cair até voltar aos 36,5°C. Esse é um padrão geral e pode
apresentar variações dependendo do indivíduo e da população considerada.
Normalmente, os ciclos de atividade e repouso seguem o mesmo padrão dos
ciclos de temperatura corporal, ou seja, os maiores valores de temperatura coincidem
com o período de atividade (para pessoas que dormem à noite e trabalham de dia).
Assim, animais de hábitos diurnos, como o ser humano e o macaco, têm picos de
temperatura corporal durante o dia. Em contrapartida, animais de hábitos noturnos,
como o rato e o hamster, têm picos de temperatura à noite. O ritmo circadiano está
11
associado a oscilações acentuadas no metabolismo, na condutância térmica e na perda
de calor, refletindo a modulação dos efetores termorreguladores autonômicos. É
importante ressaltar que não existe adaptação circadiana ao cotidiano, mas sim uma
seleção natural a partir dos hábitos mais adequados à sobrevivência de certa espécie.
Acredita-se que os núcleos supraquiasmáticos do hipotálamo sejam o sítio
anatômico do principal oscilador circadiano das diversas funções do organismo, entre
elas, a variação da temperatura corporal. Os NSQ enviam projeções para várias regiões
hipotalâmicas, incluindo a área pré-óptica (APO) e núcleos reguladores da atividade
simpática, estando assim envolvidos na regulação das oscilações circadianas da
temperatura corporal. Vários estudos realizados em ratos demonstram que após lesão
dos núcleos supraquiasmáticos, o ritmo circadiano da temperatura é abolido ou
atenuado.
É importante frisar que lesão dos NSQ abole o ritmo circadiano, mas não altera o
valor médio da temperatura corporal, pois a região com papel chave no controle dessa
temperatura média é a APO. Sua lesão causa aumento da amplitude das oscilações
diárias.
O ritmo circadiano tem origem endógena, e os ciclos ambientais funcionam como
moduladores desses ritmos gerados pelo oscilador endógeno. Nesse sentido está a
participação da melatonina, produzida pela glândula pineal, interferindo com a atividade
do oscilador biológico.
A melatonina é um importante hormônio regulador de diversas funções, e que
apresenta picos de produção à noite. Em mamíferos, a tradução de sinal do órgão
fotorreceptor, a retina, para a glândula pineal, induzindo secreção de melatonina,
envolve conexões neurais. A participação do NSQ nessas conexões é fundamental. A
exposição de um animal à luz mantém inibida essa via, enquanto a interrupção do
estimulo luminoso produz ativação neuronial, com conseqüente liberação de melatonina.
12
Figura: Estruturas e circuitos
do sistema circadiano. Os
estímulos
luminosos
captados pela retina são
conduzidos pela via óptica e
o trato retino-hipotalâmico
até
o
núcleo
supraquiasmático,
controla
ritmos
e
que
sincroniza
circadianos
e
os
a
secreção de melatonina.
Estudos demonstram que a melatonina influencia o sistema termorregulador. Em
humanos, a administração exógena de melatonina, via oral, inibe o aumento cíclico da
temperatura corporal durante o dia. Receptores de melatonina, relacionados a
termorregulação, foram identificados em varias regiões do SNC, incluindo a APO, além
de sítios periféricos.
Variação da Temperatura no Ciclo Menstrual
Para as mulheres, soma-se a essa variação diária da temperatura mais 0,5°C,
relativo ao ciclo menstrual.
Durante o ciclo menstrual, depois da ovulação se registra uma alta na
temperatura corporal basal. Esta alta é produzida pela progesterona liberada pelo
ovário. Este hormônio determina um aumento na liberação de noradrenalina, que atua
no centro termorregulador do sistema nervoso central. A noradrenalina tem efeito no
aumento do metabolismo e assim contribui para a maior produção de calor. A alta de
temperatura oscila entre 0,2 a 0,6°C e se inicia geralmente dois dias após o pico de LH
e coincide com o aumento de progesterona no sangue.
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Recém-nascido e a Temperatura Corporal
Como a área da superfície corporal é grande em relação à massa, ocorre rápida
perda de calor pelo corpo. Como conseqüência, a temperatura do recém-nascido,
sobretudo a dos prematuros, cai facilmente.
Um dos problemas particulares do prematuro consiste na sua incapacidade de
manter a temperatura corporal normal. Sua temperatura tende a aproximar-se da
temperatura ambiente. Na temperatura normal de um ambiente, a temperatura do
lactente pode estabilizar-se em 32,2 ou, até mesmo, 26,7°C. Estudos estatísticos
mostram que a temperatura corporal mantida abaixo de 35,5°C está associada à
incidência particularmente alta de morte, o que explica o uso quase obrigatório da
incubadora no tratamento da prematuridade.
A temperatura normal, mesmo de um recém-nascido não-prematuro, cai,
freqüentemente, vários graus, durante as primeiras horas após o nascimento, mas
retorna ao normal em 7 a 10horas. Mesmo assim, os mecanismos termorreguladores do
corpo permanecem falhos durante os primeiros dias de vida, permitindo a ocorrência de
desvios acentuados da temperatura.
Figura: Queda da temperatura
corporal no recém-nascido logo
após o nascimento e instabilidade
da temperatura corporal durante
os primeiros dias de vida.
14
Hipotermia
Definição de Hipotermia
Hipotermia é o estado fisiológico no qual a temperatura central do corpo atinge
valores abaixo de 36oC, considerando o valor normal da temperatura central, a partir do
set point hipotalâmico.
Esse estado de perda de calor excedendo a geração estimula a manutenção da
temperatura central – que varia apenas 0,6oC enquanto a temperatura ambiente oscila
entre 13oC e 54oC – ainda que em detrimento da regulação da temperatura periférica,
por exemplo, cutânea.
A possibilidade de a pele trocar calor mais facilmente com o meio é vital para que
ela regule a temperatura do corpo e isole o meio interno de oscilações exteriores,
criando condições adequadas para os órgãos vitais e, logo, o funcionamento do corpo.
A capacidade de troca de calor está relacionada à transpiração – importante para
a hipertermia – a evaporação, que é parte da perspiração insensível e, logo, ocorre
mesmo na hipotermia; a radiação, principal forma de perda de calor do corpo em
condições normais de temperatura; e a convecção e condução.
O impedimento da troca de calor, a capacidade isolante da superfície corporal,
deve-se às propriedades da pele e dos tecidos subcutâneos da hipoderme, como a
camada de tecido adiposo (principalmente comum, amarelo ou unilocular) subcutâneo,
que contribui para a termogênese por acumular lipídios - substâncias muito energéticas e a gordura ser isolante térmico eficiente.
Em adultos, quase todo o tecido adiposo é unilocular – células com uma grande
gotícula de gordura em seu citoplasma. Ele forma o panículo adiposo, distribuído
uniformemente no recém-nascido, e seletivamente depositado com a idade, o que é
regulado pelos hormônios sexuais e corticais da glândula adrenal.
No feto e no recém-nascido, o tecido adiposo multilocular ou marrom tem
importância na produção de calor, tendo função auxiliar na termorregulação; está
comumente localizado no pescoço e na região abdominal. Tem importância maior em
animais hibernantes, onde outrora era chamada glândula hibernante. Esse tipo celular
possui várias gotículas de lipídios e muitas mitocôndrias, onde uma estimulação
15
simpática de noradrenalina estimula a -oxidação de ácidos graxos e a produção de
calor em vez de ATP, pela proteína desacopladora de membrana UCP-1.
O metabolismo entra na equação de perda-ganho de calor em posição essencial
para o equilíbrio térmico. Diz-se que o calor é um subproduto essencial do metabolismo,
e a consideração deste conceito na hipotermia permite a avaliação da importância da
termogênese para a homeostase e a vida.
Os três principais grupos de substâncias energéticas para a espécie humana são,
em ordem de importância: os carboidratos, os lipídios e as proteínas. Todos eles, seja
via glicólise, -oxidação ou degradação de aminoácidos, podem participar do Ciclo de
Krebs e da Cadeia Respiratória, gerando ATP e calor. Em média, 35% da energia dos
alimentos têm como produto a formação de calor.
A Resposta do Corpo ao Decréscimo na Temperatura
A exposição do corpo a baixas temperaturas ambientes é primeiramente
geradora de estímulo nos termoceptores periféricos. Como eles possuem adaptação
lenta – caráter compartilhado pelos de frio e de calor – haverá um padrão de resposta
mais intenso no início, mantendo-se menos freqüente após 3-5s. A resposta fásica e
breve é muito importante, pois está ligada à variação de temperatura, e seu caráter
intenso é essencial, uma vez que os termoceptores representam um dos poucos tipos
de receptores que disparam mesmo em condições ambientes.
As fibras A são o principal caminho dos estímulos da pele ao Sistema Nervoso
Central. No hipotálamo, a diminuição na temperatura da superfície causa resposta do
centro de produção e conservação de calor, a partir do estímulo termoceptor cutâneo considerando um nível de alteração térmico-fisiológica insuficiente para afetar de modo
significativo a atividade receptora central. A resposta do centro será em direção à
termogênese, e não necessariamente envolve calafrios, como no experimento de sua
estimulação elétrica.
A estratégia do corpo em resposta a um decréscimo na temperatura envolverá
dois componentes básicos: a conservação e a produção de calor.
A conservação de calor derivada de características do corpo como o acúmulo de
gordura e a relação massa-superfície. O acúmulo de gordura não é visto como artifício
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humano para evitar a perda de calor, uma vez que existem mecanismos mais eficientes
e saudáveis para isolamento térmico – como roupas de frio ou cobertores. O
funcionamento do isolamento é afastar o corpo da temperatura ambiente – é melhor que
o ar troque calor com um agasalho que diretamente com a pele.
A relação massa/superfície é conseqüência de o corpo perder calor pela
superfície (evaporação e transpiração), além do trato respiratório, e de produzir calor
pelos tecidos – a massa. Desse modo, quanto maior a massa em relação à área de
superfície, mais fácil a conservação térmica. Isso explica porque os alpinistas
geralmente têm seus dedos congelados quando ocorrem imprevistos (além de eles
estarem afastados do centro do corpo), ou porque se encolher no frio ou abraçar alguém
ajuda a conservar calor.
A conservação da temperatura central é
uma estratégia para manter o funcionamento
do corpo, dada a localização dos órgãos vitais.
Desse
modo,
caso
a
manutenção
da
temperatura corporal esteja difícil, até mesmo
ameaçando a manutenção térmica interna, o
corpo
prioriza
esta
em
detrimento
da
temperatura cutânea e das partes mais
periféricas.
A
representação
do
corpo
utilizando isotermas, em ambiente normal e
frio, ilustra este fato.
A figura também mostra como a temperatura central é encefálica e abdominal, e
não só abdominal como a denominação central poderia sugerir. Além disso, a pele e as
mãos e pés sempre estão algo próximo a um grau abaixo da temperatura central, o que
corrobora a necessidade de aferição retal/oral como térmicos valores mais precisos.
17
A conservação de calor também envolve a vasoconstrição cutânea, uma vez que
o sangue é uma fonte de calor das partes mais internas do corpo para as mais externas,
por convecção – o sangue ganha calor quando passa por órgãos de grande
metabolismo (e, logo, geração de calor) como o coração, o cérebro, o fígado e o baço, e
perde calor para a pele e os pulmões, estes perdem calor na evaporação de água no
trato respiratório (perspiração insensível).
A vasoconstrição é uma resposta dos vasos, a partir do estímulo hipotalâmico, de
diminuição do fluxo sangüíneo da periferia para o centro do corpo, impedindo que o
calor perdido por convecção nas regiões mais superficiais diminua a temperatura
central. Nos vasos da pele da mão, excepcionalmente, há resposta direta ao frio.
A vasoconstrição é generalizada; segurar uma pedra de gelo na mão não causa o
efeito constritor apenas localmente – e isso não se deve apenas ao sangue resfriado,
uma vez que mesmo havendo um manguito impedindo o fluxo sangüíneo da mão para
outras áreas ainda há constrição.
O frio possui efeito que diminui o transporte de oxigênio pelo eritrócito – a curva
de dissociação sofre desvio à esquerda. Esta situação associada ao menor transporte
pelo decréscimo no fluxo causa cianose. A partir de quando as condições térmicas (o
frio causa lesão tecidual) e de falta de oxigênio para o metabolismo celular começam a
se tornar uma real ameaça para os tecidos superficiais, inicia-se a vasodilatação
secundária, que vai contra a estratégia de confinar o frio às regiões periféricas, mas que
impede lesão tecidual. O rubor na face em pessoas expostas ao frio é exemplo dessa
situação.
O último - e menos importante na espécie humana - mecanismo de conservação
térmica é a piloereção, decorrente da atividade dos músculos eretores dos pêlos
inseridos nos folículos pilosos, conferindo aos pêlos posição vertical à pele.
A produção de calor é conseqüência da termogênese, que pode ser dividida em
três grupos (além das atividades físicas voluntárias): o efeito termogênico dos alimentos,
a termogênese com e sem calafrios.
O efeito termogênico dos alimentos refere-se ao aumento do metabolismo pelas
reações químicas associadas à digestão, e este efeito é notado, sobretudo para as
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proteínas. Contudo, não pode ser relacionado, assim como atividades físicas
voluntárias, como fator direto na termorregulação.
A termogênese sem calafrios é a produção de calor em resposta ao frio, a partir
da estimulação do Sistema Nervoso Simpático, liberando adrenalina e noradrenalina,
que aumentam a atividade metabólica, produzindo calor. Além disso, estimula a
atividade do tecido adiposo marrom (importante em recém-nascidos, como visto).
Em relação à termogênese sem calafrios, a regulação dos hormônios tireoidianos
– que estimulam o metabolismo – é feita, adicionalmente às ações de TRH, TSH e
iodeto, pelo estado nutricional (estar em jejum, por exemplo) e térmico - uma vez que
este é um produto do metabolismo. Pessoas que moram em lugares muito frios têm
aumento na produção de T3 e, em menor escala, de TRH e TSH. Em neonatos, a então
inédita
atividade
de
regulação
térmica
causa
um
aumento
de
TSH
e,
conseqüentemente, de T4.
A termogênese com calafrios é um processo associado ao aumento metabólico e
refere-se à produção de calor a partir de um aumento na atividade muscular. Integrando
as situações, pode-se considerar os calafrios como evento termogênico mais importante
na febre e em hipotermia severa, abordada a seguir.
No frio extremo, a capacidade termorregulatória é posta em xeque. Normalmente,
uma pessoa sofre parada ou fibrilação cardíaca após 20-30 minutos em água gelada, o
que pode levar a temperatura central a 25oC. Temperaturas centrais abaixo de 29,5oC
geralmente são suficientes para que o hipotálamo perca a capacidade de controle
térmico.
Ulcerações pelo frio, o congelamento de áreas superficiais, causa lesão celular
permanente. A resposta fisiológica vasodilatadora busca evitar essa condição, mas não
tendo tanta efetividade, em nossa espécie, na manutenção de temperaturas ambiente
muito baixas.
O Journal of American Medical Association (JAMA) publicou em Outubro de 1992
um protocolo de atendimento para pessoas com hipotermia severa (abaixo de 30oC),
associando-a a depressão do Sistema Nervoso, hipotensão arterial e débito cardíaco
baixo. Os pulsos periféricos serão de difícil aferição. Procedimentos de suporte básico
de vida são imprescindíveis, a ressuscitação cardiopulmonar deve ser realizada.
19
Contudo, a necessidade de suporte avançado de vida é marcante, principalmente nos
casos de hipotermia severa, em que há a necessidade de aquecimento ativo (soro EV
43oC, oxigênio 42-46oC ou tubo de reaquecimento esofágico) além do passivo
(cobertores, aquecedores).
20
Hipertermia
Definição de Hipertermia
Hipertermia é o estado fisiológico no qual a temperatura do corpo atinge valores
acima de 38oC, considerando o valor normal da temperatura central, a partir do set point
hipotalâmico.
Quando a produção e ganho de calor a partir do meio externo excedem a perda,
o corpo entra em hipertermia. A produção de calor oscila a partir dos diferentes estados
metabólicos do corpo. A perda de calor envolve a transferência de calor do centro de
calor para a superfície corporal, e desta para o ambiente.
Perda de Calor
A perda de calor ocorre de quatro formas distintas: radiação, condução,
convecção e evaporação.
Radiação é a perda de calor sob a forma de raios infravermelhos. Tanto os seres
vivos quanto os objetos, que não estão em temperatura zero absoluto, irradiam raios
infravermelhos. Há transferência de calor da superfície de um objeto para a superfície
de outro, sem contato físico. Em repouso (ambiente de 21º C), 60% da perda de calor
ocorre por meio da irradiação. Isso é possível porque a temperatura cutânea é maior
que a dos objetos circunjacentes. Sendo assim, o corpo também pode ganhar calor com
a irradiação, se a temperatura dos objetos é superior á temperatura da pele.
Condução é a transferência de calor do corpo para as moléculas de objetos mais
frio em contato com a superfície corporal. Um exemplo prático é a troca de calor com a
parte de metal da cadeira, quando tocada. O calor passa como uma forma da energia
do corpo mais quente para o mais frio.
Convecção é a transferência de calor para moléculas do ar ou da água que estão
em contato com o corpo. As moléculas de ar ou água são aquecidas e se distanciam da
fonte de calor, sendo substituídas por moléculas mais frias. Quando há vendo sobre a
pele a convecção é facilitada, aumentando a perda de calor. Assim como na perda de
calor por condução, para que ocorra convecção é necessário um gradiente de
temperatura entre o corpo e o ambiente.
21
Evaporação é a transferência de calor do corpo para a água sobre a superfície
cutânea. Quando a água ganha energia suficiente é convertida em vapor levando o
calor para longe do corpo.
A evaporação normalmente ocorre por três vias: a partir do trato respiratório; do
estrato córneo da pele; e da transpiração. As duas primeiras compõem a perspiração
insensível; a última, a perspiração sensível.
Perspiração Insensível refere-se à perda de calor que ocorre à independência da
temperatura da pele – o estrato córneo sempre perde água; o mesmo ocorre no trato
respiratório a cada vez que respiramos.
Perspiração Sensível refere-se à perda de calor pela transpiração, mecanismo
termorregulador que ocorre apenas quando a soma dos outros mecanismos não é
suficiente para a necessidade de perda de calor.
Transferência de Calor do Centro do Corpo para a Pele
Os vasos sanguíneos penetram nos tecidos subcutâneos isolantes e distribuemse profusamente sob a pele. As artérias que suprem a pele estão localizadas
profundamente na hipoderme, de onde originam ramos que seguem para a superfície
para formar dois plexos de vasos anastomosados. O plexo mais profundo situa-se na
junção da hipoderme com a derme e é conhecido como plexo cutâneo, o plexo mais
superficial situa-se logo abaixo das papilas dérmicas e é conhecido como plexo
subpapilar. Abaixo pode-se observar os plexos cutâneo e papilar.
É importante a existência de um plexo venoso contínuo irrigado pelo influxo de
sangue proveniente dos capilares cutâneos. Nas áreas mais expostas do corpo como
mãos, pés e orelhas, o sangue é suprido diretamente das arteríolas para as vênulas
(ausência de capilares). A velocidade do
fluxo sanguíneo no plexo venoso pode
variar, desde uma velocidade pouco acima
de zero, até 30% do débito cardíaco total.
A alta velocidade do fluxo permite que o
calor seja conduzido dos tecidos internos
para a pele com grande eficiência.
22
A pele, então, constitui um eficaz sistema “radiador”, e o fluxo de sangue para a
pele representa um mecanismo extremamente eficaz para a transferência de calor das
partes internas para a pele.
Perda do Calor Durante o Exercício
Durante o exercício, a temperatura corporal é regulada por meio de ajustes da
quantidade de calor perdida. O sangue é muito eficaz nessa função por possuir alta
capacidade de trocar calor. Quando o corpo tende a perder calor, o fluxo sanguíneo
cutâneo aumenta como um meio de promover a perda de calor para o meio ambiente.
Em contraste, quando o objetivo da regulação da temperatura é impedir a perda de
calor, o sangue é desviado da pele e direcionado para o interior do corpo a fim de evitar
a perda adicional de calor.
O corpo produz calor interno em decorrência dos processos metabólicos normais.
Em repouso ou durante o sono, a produção metabólica de calor é pequena. No entanto,
durante o exercício intenso, ela é grande. Como o corpo é no máximo 20-30% eficiente,
70-80% da energia gasta durante o exercício aparece como calor. No exercício intenso,
isso pode resultar numa grande carga de calor.
O hipotálamo estimula as glândulas sudoríparas, acarretando um aumento da
perda de calor pela evaporação. Além disso, o centro de controle vasomotor inibe o
tônus vasoconstritor normal da pele
promovendo vasodilatação (figura da
direita) e o aumento do fluxo sanguíneo
cutâneo
e,
conseqüentemente,
permitindo o aumento da perda de
calor. Quando a temperatura central
retorna ao normal, o estímulo que
promove tanto a sudorese quanto a
vasodilatação é removido.
23
Os eventos térmicos que ocorrem durante o exercício submáximo de carga
constante num ambiente com umidade e temperatura ambiente baixas envolvem o
aumento na produção de calor em virtude da contração muscular e é diretamente
proporcional à intensidade do exercício. O sangue venoso que drena o músculo distribui
o excesso de calor pelo centro do corpo. Se o aumento da temperatura central exceder
do ponto de ajuste, o centro de integração térmica elabora resposta para a hipertermia.
A resposta é acionar o sistema nervoso para iniciar a transpiração e aumentar o
fluxo sanguíneo cutâneo. Estas ações aumentam a perda de calor corporal e minimizam
o aumento da temperatura corporal. Nesse ponto, a temperatura interna atinge um novo
nível estável elevado. Essa nova temperatura central estável não representa uma
alteração da temperatura do ponto de ajuste, como ocorre na febre. Em vez disso, os
centros termorreguladores tentam fazer com que a temperatura central retorne ao nível
de repouso, mas são incapazes de fazê-lo em razão da produção sustentada de calor
associada ao exercício.
A evaporação, convecção e radiação têm importantes papéis na perda de calor,
durante um exercício de carga constante num ambiente moderado. A convecção e a
radiação apresentam-se constantes, pois o gradiente de temperatura entre a pele e o
ambiente também permanece constante; a evaporação possui papel mais importante
nesta situação.
Durante o exercício de carga
constante, o aumento da temperatura
central está diretamente relacionado
com a intensidade do exercício e
independe da temperatura ambiente
numa ampla faixa de condições (829ºC, com umidade relativa baixa).
Durante
o
exercício
de
intensidade constante, à medida que
a temperatura ambiente aumenta, a
taxa de perda de calor por convecção
24
e por radiação diminui em razão da diminuição do gradiente de temperatura entre a pele
e o ambiente. Essa diminuição da perda de calor por convecção e por radiação é
acompanhada por um aumento da perda de calor por evaporação e a temperatura
central permanece a mesma.
A produção de calor aumenta
proporcionalmente à intensidade do
exercício.
Há
um
aumento
da
produção de energia, da produção de
calor e da perda total de calor em
função do trabalho do exercício
físico. Já a perda de calor por
convecção não aumenta em função
do trabalho devido ao gradiente
relativamente constante entre a pele e o meio ambiente. Em contraste, existe um
aumento relativamente constante da perda de calor por evaporação, com os
incrementos da intensidade do exercício. Isso confirma que a evaporação é o principal
meio de perder calor durante o exercício.
Troca de calor em repouso e
durante
o
exercício
com
bicicleta
ergométrica em várias taxas de trabalho.
O
calor
produzido
durante
o
exercício, é então liberado sob a forma
de suor pelas glândulas sudoríparas.
As glândulas sudoríparas se distribuem pela pele de
grande parte do corpo e podem ser divididas em dois tipos,
as écrinas e as apócrinas. As que envolvem perda de calor
através do suor são as écrinas. Elas são mais comuns e
estão mais concentradas na palma das mãos e nas solas dos
pés. São glândulas tubulosas simples, com corpo enovelado
25
e situado na parte mais profunda da derme. Sua principal função é produzir secreção
aquosa com grandes quantidades de cloreto de sódio, íons potássio, uréia e ácido
lático. Sendo assim, durante uma atividade física é importante o indivíduo também repor
sais minerais além da água, já que eles são perdidos durantes a transpiração. Veja um
esquema da glândula sudorípara.
Prevenção das Lesões Causadas pelo Calor
A lesão pelo calor pode ocorrer quando as demandas do ambiente excedem as
capacidades dos mecanismos termorreguladores do corpo. A principal causa de lesão
pelo calor é a hipertermia (temperatura interna elevada) e pode acarretar o golpe pelo
calor e morte. Aumentos da temperatura de 2-3º C geralmente não acarretam qualquer
efeito pernicioso. No entanto, quando a temperatura interna sobe mais do que 40-41º C
pode ocorrer disfunção do sistema nervoso central. Os sintomas do estresse térmico
são náuseas, tontura, redução da taxa de transpiração e incapacidade geral de pensar
de maneira racional. Temperaturas superiores a 43-44º C podem causar lesão celular e
acarretar lesão cerebral permanente e, ás vezes, morte.
Para evitar o superaquecimento durante o exercício, uma área superficial
máxima deve ficar exposta à evaporação (isto é, com o mínimo de vestimentas).
Quando a remoção das vestimentas não é possível, são úteis para a prevenção da
lesão pelo calor a ingestão periódica de água e períodos de repouso. Quando um atleta
apresenta sintomas de lesão pelo calor, os dois tratamentos mais óbvios são a remoção
do indivíduo do ambiente quente (interrupção do exercício) e o fornecimento de água ou
de bebida eletrolicamente balanceada. A fricção do corpo com gelo ou a submersão em
água fria são meios ideais para reduzir rapidamente a temperatura corporal.
26
Febre
Definição de Febre
Febre é uma elevação da temperatura acima da amplitude normal de variação
diária, é reconhecida como uma resposta a um processo patológico e certamente é o
sintoma mais antigo utilizado como indicativo de um estado infeccioso. A febre é
ocasionada por um desvio para cima na marcação do termostato no centro hipotalâmico
causada por anormalidades no próprio cérebro ou por substâncias tóxicas que afetam
os centros de regulação térmica.
Embora a vasta maioria de pacientes com temperatura corporal elevada esteja
experimentando febre, existem alguns exemplos em que a temperatura elevada não é
febre, mas sim uma hipertermia. Esses exemplos incluem as síndromes de internação,
certas doenças metabólicas e os efeitos de agentes farmacológicos que interferem na
termorregulação.
Em outras palavras a febre é uma elevação regulada na temperatura corporal e
se expressa através da ativação dos mecanismos de ganho de calor e inibição dos
mecanismos de perda de calor enquanto que a hipertermia é uma conseqüência da
incapacidade dos mecanismos termorreguladores de dissipar o ganho passivo de uma
sobrecarga de calor e depende da temperatura ambiente.
Um grande número de estudos tem mostrado que a febre é extremamente
conservada ao longo da escola evolutiva, sendo observada desde invertebrados a
mamíferos. A preservação dessa resposta ao longo da evolução é um forte indício de
que ela possui um papel protetor e adaptativo.
A antiga civilização grega já acreditava que a febre era uma reação do organismo
hospedeiro contra um agente invasor, porém somente há alguns anos o papel da febre
no combate a infecções foi testado experimentalmente, sua importância foi, então,
enfatizada pelas seguintes observações, como: mamíferos, lagartos, peixes, e até
mesmo grilos, apresentam maior sobrevida frente à infecção quando febris; redução da
febre com agentes antipiréticos eleva a mortalidade em lagartos e coelhos infectados;
pacientes com pneumonia, peritonite bacteriana, sepse polimicrobiana e sepse por
27
infecção por Escherichia coli ou Pseudomonas seruginosa apresentam uma maior
sobrevida quando febris.
Essa característica benéfica da febre é decorrente do fato de que a elevação da
temperatura corporal em alguns graus Celsius aumenta a eficiência do sistema
imunológico em combater agentes invasores e induz condições desfavoráveis ao
crescimento da maioria dos microorganismos patogênicos.
As melhoras nos mecanismos de defesa são: aumento na mobilidade dos
leucócitos privilegiando a rapidez com que estes se deslocam para o local da infecção;
aumento do fator de inibição da migração dos leucócitos afim de fixá-los na região da
infecção elevando a população leucocitária local; potencialização da atividade
bactericida dos leucócitos por diminuição da estabilidade
lisossômica; estímulo à
transformação linfocitária acelerando e facilitando a produção de anticorpos;
potencialização dos efeitos do interferon; diminuição do nível sérico de ferro pelo
aumento da captação pelo fígado e baço e da diminuição da absorção intestinal
(prejuízo na reprodução ou na sobrevida de alguns agentes infecciosos, os quais
requerem ferro para sua reprodução, por isso não se aconselha reposição de ferro em
anêmicos com infecção); alguns microorganismos não resistem à determinadas
temperaturas.
Mecanismo de formação da febre
As febres experimentais, iniciadas nos meados do século XIX, tem sido
produzidas no homem utilizando-se uma variedade de agentes. Além dos agentes
infecciosos, foram reconhecidas diversas substâncias que causam febre, entre elas a
mais difundida e potente é o lipopolissacarídeo de bactéria gram-negativas, também
chamada endotoxina (LPS), as outras substâncias são: materiais derivados de agentes
microbianos (enterotoxinas bacterianas, por exemplo), polinucleotídeos sintéticos, certos
produtos de degradação de androgênios como a etiocolanolona, sangue incompatível e
produtos de sangue, foram utilizados também o muramil dipeptídeo –uma molécula
predominante na parede celular de bactérias gram-positivas e ácido poliinosínico
policitidílico.
28
Essas substâncias exógenas ao hospedeiro e que produziam febre neste
(agentes pirogênicos) foram denominadas pirogênios exógenos. Os pirogênios
exógenos não partilham estrutura físico-química ou biológica comum e são derivados de
fontes variadas de origem microbiana e não-microbiana.
Os pirogênios exógenos não afetam diretamente o hipotálamo, mas são
responsáveis pelo primeiro passo para a instalação da febre que é a ativação das
células do sistema imunológico com conseqüente formação dos diversos mediadores
endógenos chamados pirogênios endógenos. O pirogênio endógeno – polipeptídeo de
função imunorreguladora também chamado de citocinas - pode ser chamado de
pirogênio leucocítico, parece ser a única substância causadora da febre produzida pelo
hospedeiro, ao contrário do pirogênio exógeno, é ele o responsável pela recolocação do
termostato hipotalâmico para cima. Esses pirogênios endógenos são produzidos da
seguinte maneira: células fagocitárias do sistema imunológico (monócitos mais
significativamente que neutrófilos e eosinófilos; fagócitos mononucleares fixos tais como
células de Kupffer no fígado, macrófagos alveolares e células sinusoidais esplênicas)
entram em contato com os pirogênios exógenos e fagocitam-nos; estes fagócitos, agora
ativados, passam a produzir os pirogênios endógenos que consistem em uma série de
citocinas.
Considerando-se que a febre é um aumento regulado da temperatura corporal,
fica evidente que as citocinas produzidas na periferia precisam sinalizar as regiões do
sistema nervoso central envolvidas com a termorregulação. A principal região envolvida
na indução da febre pelo pirogênio endógeno é a Área Pré-Óptica (APO) do hipotálamo
anterior, isto foi comprovado por estudos nos quais observou-se que células
termossensíveis no hipotálamo anterior pré-óptico aumentam sua taxa de liberação
quando o pirogênio endógeno é injetado e aumenta a concentração de monoaminas e
prostaglandinas ao redor dessa região durante uma resposta febril.
Entretanto, as citocinas são moléculas hidrossolúveis e muito grandes para
passar pela barreira hematoencefálica. Existem quatro hipóteses de via de sinalização
pelas citocinas: citocinas circulantes sinalizam o sistema nervoso passando por
barreiras hematoencefálicas enfraquecidas dos órgãos vizinhos; citocinas circulantes
entram no sistema nervoso central por sistemas de transporte específico e saturável;
29
células da barreira hematoencefálica produzem mediadores induzidos pela citocina e;
sinais imunológicos da periferia para o sistema nervoso central através de aferências
vagais subdiafragmáticas que fazem sinapse no Núcleo do Trato Solitário de onde
projeções que trafegam pelo feixe noradrenérgico ventral atinge a APO.
Apesar das citocinas serem importantes mediadores da resposta febril, um
número crescente de estudos indica que elas não são os mediadores finais da febre o
que desfavorece a 1º e 2º hipóteses. Há evidências de que as citocinas geram febre
através da estimulação da síntese de prostaglandinas, principalmente a prostaglandina
E2 (PGE2), essas evidências são: as concentrações de PGE2 aumentam na APO
juntamente com o aparecimento da febre; PGE2 induz rapidamente um aumento na
temperatura corporal, quando injetada na APO, o que tem sido 1atribuído a uma
elevação no set point termorregulador; inibidores da principal enzima formadora de
PGE2
atenuam
a
febre
e
não
atenuam
quando
ocorre
injeção
de
PGE2
concomitantemente na APO; baixa concentração desses inibidores abole a febre
quando aplicados diretamente na APO; APO contém grande quantidade de receptores
para PGE2.
A produção de PGE2 ocorre nas células endoteliais do lúmen do capilar da
barreira hematoencefálica por estímulo de citocinas, principalmente interleucina 1 (IL1), interleucina 6 (IL-6) e o fator de necrose tumoral  (TNF-); há possibilidade de que
alguns
constituintes
de
agentes
invasores
induzam
a
formação
direta
de
prostaglandinas sem o intermédio das citocinas.
A PGE2 é uma molécula de origem lipídica, derivada do metabolismo do ácido
araquidônico, o qual é formado a partir da clivagem de fosfolipídios de membrana pela
ação da enzima fosfolipase A2. O ácido araquidônico é convertido a PGG2 e,
posteriormente, a PGH2 via ciclização e oxidação pelas ciclooxigenases (COX) e
subseqüente peroxidação pelas hidroperoxidases sendo essas duas atividades
enzimáticas coexistentes em uma única proteína, denominada PGH sintase. A PGH
formada é facilmente transformada em PGE2 pela ação da enzima PGE2 isomerase.
Na seqüência de reações que levam à formação da PGE2 é importante darmos
atenção especial à enzima COX, pois das enzimas envolvidas na biossíntese da PGE2 a
COX parece ser a um passo limitante para a produção desse mediador, já que
30
antiinflamatórios não-esteróides (ácido acetilsalicílico, por exemplo) que inibem a
atividade da COX, são amplamente na clínica como agentes antipiréticos. Duas
isoformas da COX são conhecidas: COX1 e COX2, porém, apenas COX2 apresentou
expressão aumentada frente a estím1ulos imunológicos como pirogênios exógenos e
citocinas, e também, aplicações sistêmicas de inibidores de COX2 abole ou atenua a
febre enquanto que inibidores para COX1 de nada influenciam na resposta febril. Com
isso, COX2, preferencialmente à COX1, desempenha um papel essencial na geração da
febre.
A importância da via COX-PGE2 na febre é enfatizada por estudos que sugerem
que a PGE2 é o mediador final dessa resposta agindo diretamente na APO. Através da
inibição dos neurônios sensíveis ao calor pela PGE2, ocorre uma redução na perda de
calor e uma elevação no ganho de calor promovendo o aumento da temperatura
corporal.
O mecanismo seria assim: Administração de pirogênios resulta através de
diversos passos e vias aferentes, numa elevada produção de PGE2 na APO, onde se
encontram os neurônios termossensíveis, a grande maioria dos quais são sensíveis ao
calor. A PGE2, então, interage com receptores de membrana do tipo EP3, ativando uma
proteína G inibitória que inibe adenilato ciclase, levando a uma redução na síntese
intracelular de AMPc.
Uma vez que o AMPc aumenta a termossensibilidade dos neurônios sensíveis ao
calor, a redução do conteúdo intracelular desse mensageiro causaria uma inibição da
termossensibilidade dessa classe de neurônios, uma resposta que está associada a
uma elevação no set point termorregulador. Paralelamente, ocorre uma diminuição na
produção de óxido nítrico que culmina com a inativação da via óxido nítrico-GMPc na
APO, a diminuição dos níveis de GMPc age da mesma forma que a redução de AMPc,
de modo que essas duas vias agem sinergicamente para causar febre.
A febre pode ser causada por infecções: respiratória, urinárias, entéricas,
exantemas, SNC, fígado e trato biliar, coração, sistêmicas, abscessos, infecções
localizadas; por doenças do colágeno ou tecido conectivo, doenças neoplásicas,
desidratação,
medicamentos,
imunização,
distúrbios
neurológicos,
doenças
31
hematológicas, hemorragias, por miscelânea (ausência de entes queridos) dentre
outros.
Com o aumento do ponto basal da termorregulação, o organismo passa a
diminuir a perda de calor por vasoconstrição periférica e abolição da sudorese, e
aumentar a produção de calor por tremores (contração muscular) e sensação de frio
induzindo o doente a se agasalhar, uma tendência à diminuição da superfície corporal
também é observada, já que o paciente febril tende a ficar encolhido.
Os sintomas subjetivos da febre incluem sensações de sentir-se frio ou quente,
dor de cabeça, mialgias, artralgias e mal-estar geral. Os sinais objetivos, além da
temperatura elevada, incluem freqüência respiratória e cardíaca elevadas e pressão de
pulso alargada.
A febre acelera todos os processos metabólicos exigindo assim mais calorias e
aumento do oxigênio, aminoácidos são consumidos ineficientemente para gerar energia
o que causa enfraquecimento e esgotamento muscular. Também, a febre é
acompanhada de aumento no cálcio urinário que reflete em enfraquecimento
progressivo dos ossos. O trabalho e a freqüência cardíaca aumentam, a sudorese
agrava a perda de sais e água e ainda, a febre pode precipitar convulsões em pacientes
epilépticos.
Em geral, existem apenas poucas condições clínicas nas quais a temperatura
moderadamente elevada é nociva. Elas estão em pacientes com doenças do SNC,
função cardiovascular diminuída, história prévia de convulsão febril e distúrbios mentais,
e em mulheres grávidas. Isto porque, temperatura elevada agrava o edema cerebral,
baixa o limiar de convulsão levando os pacientes com distúrbios mentais preexistentes à
descompensação; exigência de oxigênio, débito cardíaco e freqüência do pulso
aumentados associados à febre são particularmente perigosos para pacientes com um
miocárdio comprometido; há evidências recentes de que a febre na gestante é
teratogênica para o feto em desenvolvimento.
A temperatura é um indicador simples, objetivo e preciso de um estado fisiológico
e está muito menos sujeito a estímulos externos e psicogênicos do que os outros sinais
vitais como o pulso, a freqüência respiratória e a pressão arterial. Por estas razões, a
determinação da temperatura corporal ajuda a avaliar a gravidade de uma doença, sua
32
evolução e duração, e o efeito da terapêutica, ou mesmo para decidir se uma pessoa
tem uma doença orgânica.
Entretanto, faz-se necessário o estabelecimento de um limite clínico para o
aumento febril na temperatura corporal, sobretudo pelo agravamento das condições
provocadas pela febre, um exemplo é a sobrecarga para o organismo com substratos
metabólicos limitados; como em indivíduos recém-nascidos, idosos, subnutridos, e em
pacientes com câncer e patologias metabólicas; mediante aumento da taxa metabólica.
Esse limite indica a temperatura limiar que não representa ameaça ao indivíduo.
Antipiréticos endógenos
Um agente antipirético endógeno é aquele que reduz a magnitude ou a duração
da resposta febril, mas não afeta a temperatura em um estado de eutermia. Esse
mecanismo coexiste em nosso organismo em paralelo com mecanismos causadores de
febre.
Acredita-se que a febre seja resultado de um balanço das ações de pirogênios e
de antipiréticos endógenos. Os principais antipiréticos endógenos estudados hoje:
arginina vasopressina, os glicocórticoides e as melanocortina.
Arginina vasopressina (AVP): além de seu efeito clássico como antidiurético, a
AVP apresenta também papel termorregulador. A infusão salina (solução hipertônica) ou
hemorragias (potentes agentes para liberação de AVP) causam antipirese em ratos.
Estudos sugerem que a área septal ventral, no sistema nervoso central, é o
principal sitio de ação da AVP, pela presença local de receptores. Experimentalmente,
observou-se que a infusão de AVP nesta região atenua a resposta febril em ovelhas,
sendo que a administração de antagonistas aos receptores de AVP gera um aumento
na resposta febril.
Glicocorticóides: são esteróides produzidos pelo córtex da glândula adrenal com
diversas funções metabólicas, sendo secretados em resposta a uma grande
variabilidade de estímulos.
Em relação à febre, sabe-se que durante a febre induzida em ratos a quantidade
plasmática
de
corticosterona
encontra-se
aumentada.
Além
disso,
ratos
33
adrenalectomizados desenvolvem uma resposta febril com maior magnitude que o
normal, sendo esse efeito revertido com a administração de corticóides.
Grande parte dos estudos sugere que o efeito antipirético dos glicocorticóides é a
inibição da síntese de prostaglandinas e citocinas, porém em últimos estudos foi
demonstrado que eles também atuam inibindo a síntese e a liberação de CRH
(substância que estimula a resposta febril).
Melanocortinas: grupo de peptídeos homólogos (ACTH e hormônios estimulantes
de melanócitos  e ) que são produzidos na adeno-hipófise e em algumas regiões do
encéfalo.
Acredita-se que os efeitos antipiréticos das melanocortinas não são devido à
produção de glicocorticóides por estes, já que o ACTH causa antipirese mesmo em
coelhos adrenalectomizados e o -MSH inibe simultaneamente a liberação de
corticosterona e febre induzida em ratos. Estudos comprovam que a ação antipirética
das melanocortinas se dá via receptores MC3R/MC4R, presentes no sistema nervoso
central. Assim, um bloqueio desses receptores pode atenuar ou até mesmo cessar o
efeito antipirético das melanocortinas.
34
Anapirexia
Definição de Anapirexia
Anapirexia é a redução de temperatura como resposta a baixos níveis de
oxigênio (hipóxia), mecanismo observado em diversas espécies. A relação entre o
consumo de O2, formação de ATP pelo metabolismo, e geração de calor a partir deste
explica como a produção de calor depende de oxigênio; havendo um quadro de hipóxia,
uma diminuição no metabolismo gera indiretamente decréscimo na temperatura.
A partir da baixa oferta de oxigênio aos tecidos (hipóxia) ou baixa pO2 alveolar,
há dois mecanismos básicos de resposta do corpo: a hiperventilação, que busca
aumentar a oferta de oxigênio, e a anapirexia, que procura diminuir a utilização do
oxigênio na formação de calor a partir do metabolismo.
Ambos os mecanismos, quando a partir de menor oferta ambiental, envolvem o
núcleo magno da rafe, um dos grupos do Sistema Nervoso Central com maior
concentração de neurônios que utilizam a serotonina (5-HT), receptores 5-HT1A.
Vários fatores que causam diminuição da concentração de oxigênio circulante
podem gerar uma diminuição da temperatura corporal, como: hemorragias, isquemia,
depressão do SNC, anemia.
De fato vários estados patológicos, entre eles: parada cardíaca, anemias,
hemorragias, traumatismos cranianos, e durante alguns procedimentos cirúrgicos temse no oxigênio um fator limitante para a recuperação. Sendo assim, na falta desse, a
hipotermia é muito importante na reabilitação desses pacientes.
É importante ressaltar que a hipotermia forçada, diferentemente da anapirexia, é
acompanhada pela ativação de mecanismos de ganho de calor e inibição dos
mecanismos de perda, o que pode gerar estresse fisiológico e psicológico. Entende-se a
partir disso que a resposta anapirética age de forma a modificar o set point.
São várias as evidências que confirmam que a anapirexia por hipóxia não é
simplesmente um resultado de um aporte insuficiente de oxigênio para os tecidos
termogênicos, mas sim uma redução regulada da temperatura corporal. Foi
demonstrado que o limiar de temperatura ambiente para a ativação da termogênese
35
diminui em ratos expostos a hipóxia. No mesmo sentido, gatos hipóxicos apresentam
menor limiar para ofegação quando expostos ao calor.
Gráfico de um estudo
(DE
PAULA,
BRANCO
PM;
LGS
–
Outubro de 2004) que
mostra a variação da
temperatura
hipóxia.
As
representam
em
linhas
soluções
utilizadas na pesquisa.
Um modelo neuroquímico para a anapirexia
Se a geração de febre envolve a redução na síntese de AMP-c, GMP-c na área
pré-óptica, é evidente supor que na anapirexia ocorra um aumento na síntese destes.
Os mediadores para a anapirexia propostos até o momento são: opióides, adenosina e
dopamina. De fato os receptores opióides e de adenosina estão acoplados a adenilato
ciclase; já a dopamina age diretamente aumentando a síntese de AMP-c na área préóptica.
É interessante ressaltar que tanto a serotonina quanto o óxido nítrico
desempenham papeis fundamentais para a resposta anapiréxica, de modo que a
atuação destes na área pré-óptica causa um aumento na síntese de AMP-c e GMP-c.
Utilizando-se desta descoberta, talvez num futuro próximo será possível induzir uma
resposta anapirética através do uso combinado de agonista de receptores para
serotonina e grupos doadores de NO (óxido nítrico).
36
Conclusão
A importância da termorregulação relaciona-se com os temas dos outros
seminários, no que diz respeito à saúde, como forma a ser compreendida como
fundamento da manutenção de uma adequada qualidade de vida.
Integração dos Temas dos Seminários:
o Termorregulação e o Exercício Físico
Quase toda a energia liberada pelo metabolismo interno dos nutrientes acaba
sendo transformada em calor corporal, uma vez que a eficiência máxima para a
conversão da energia dos nutrientes em trabalho muscular, mesmo nas melhores
condições, é de apenas 20 a 25%; o restante da energia dos nutrientes é convertido em
calor durante a seqüência das reações químicas intracelulares. E ainda, a energia
gerada é usada para vencer a resistência viscosa ao movimento dos músculos e das
articulações, vencer o atrito do sangue que flui pelos vasos sanguíneos e outros efeitos
semelhantes – todos capazes de converter a energia contrátil muscular em calor.
Durante o exercício físico e até mesmo em condições ambientais normais, a
temperatura corporal sobe, com freqüência de 37o para 40o C.
O consumo de oxigênio pode aumentar por até 20 vezes no atleta bem-treinado.
A quantidade de calor liberada no organismo é quase exatamente proporcional ao
consumo de oxigênio. Entendendo-se, desta maneira, que uma enorme quantidade de
calor é injetada nos tecidos corporais internos quando estão sendo realizadas provas
atléticas de resistência.
Em dia muito quente e úmido, com este intenso fluxo de calor para o interior do
corpo, o mecanismo não consegue eliminar o calor, instalando-se no atleta uma
condição intolerável e, até mesmo, letal, denominada intermação (termoplegia),
complexo em que pode levar que a temperatura se eleva até 41o a 42oC, nível destrutivo
para as células teciduais, principalmente as cerebrais. Os sintomas são fraqueza
extrema, exaustão, cefaléia, vertigens, náuseas, sudorese profunda, confusão, marcha
cambaleante, colapso e inconsciência. Em altas temperaturas, o mecanismo regulador
37
da temperatura começa a falhar e a velocidade de todas as reações químicas
intracelulares são praticamente duplicadas, liberando assim ainda mais calor.
O tratamento da intermação consiste em reduzir a temperatura corporal o mais
rapidamente possível, removendo-se toda a roupa, manter borrifo de água fria sobre a
superfície do corpo, molhá-lo continuamente com esponja e soprar ar sobre o corpo com
um leque ou ainda, imersão total do corpo em água com massa de gelo moído.
As células começam a ser danificadas quando
a temperatura corporal se eleva a 41ºC. Se
chegar a 43ºC, é letal: a febre altera a estrutura
das proteínas do organismo e elas não
conseguem
mais
cumprir
suas
fisiológicas.
Mais
vulneráveis,
as
funções
células
nervosas são lesadas, e as pessoas perdem o
controle dos movimentos (como ocorreu com a atleta suíça Gabriela Andersen, na
maratona das Olimpíadas de 1984, em Los Angeles). “Pode ocorrer uma lesão cerebral,
com convulsão, perda de consciência, e a pessoa entra em coma. Em alguns casos,
dependendo da lesão, é irreversível”, diz o fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto, 51,
da Unifesp.
o Termorregulação e o Envelhecimento
Os idosos apresentam alterações no sistema de regulação da temperatura
corporal responsáveis não só pela ausência de febre, quando acometidos por doenças
infecciosas, como também os predispõe a um maior risco de apresentar hipotermia ou
hipertermia em situações de frio ou calor extremos.
A fisiopatologia do descontrole da temperatura no idoso pode ser resumida:
Hipotermia:

sensação de frio diminuída

capacidade de perceber as alterações da temperatura diminuída

resposta autonômica vasoconstritora ao frio anormal

resposta de calafrios diminuída
38
Hipertermia:

limiar central de temperatura elevado

sudorese diminuída ou ausente

capacidade de percepção do calor diminuída

resposta vasodilatadora ao calor diminuída

reserva cardiovascular diminuída
Os idosos podem apresentar infecções sem resposta febril, sendo a ausência
desta um sinal de mau prognóstico. Podem apresentar, com mais freqüência, confusão
mental, delírios e alucinações quando têm elevação de temperatura.
O envelhecimento natural da pele está associado a esta perda gradual do
controle da temperatura corporal. A epiderme tende tornar-se seca, flácida e fina, com
perda das cristas epidérmicas, do tamanho do queratinócito, da atividade do fibroblasto
e da proliferação celular. Geralmente, ocorre uma diminuição na densidade de folículos
pilosos e das glândulas sudoríparas, da secreção por glândula e do número de
melanócitos. A derme perde seu suporte estrutural na medida que a síntese de
colágeno diminui, tornando-a frágil e sem elasticidade, imprópria para alterações
mecânicas. O número de terminações nervosas e a atividade endócrina tende a diminuir
com o avanço da idade.
A pele e seus anexos, na embriologia, desenvolvem-se a partir de:

ectoderma cutâneo – epiderme;

mesoderma – derme;

crista neural. – melanócitos.
As glândulas sudoríparas desenvolvem-se a partir de
brotos da epiderme para o interior da derme.
As anomalias congênitas da pele correspondem a
distúrbios de queratinização como ictiose
(grupo de
distúrbios resultantes da queratinização excessiva) e da
pigmentação como albinismo, traço em que a pele, pêlos e
retina não possuem pigmento, devido à deficiência da
produção de melanina.
39
O hipotálamo surge pela proliferação de neuroblastos na zona intermediária das
paredes diencefálicas, ventralmente aos sulcos hipotalâmicos.
o Termorregulação e Estresse
Pode-se definir estresse (em referência a distresse) como um estímulo qualquer
que cria um desequilíbrio da homeostase, condição na qual o meio interno do corpo
permanece dentro de certos limites fisiológicos. Pode ter origem do meio externo, como
estímulos como calor, frio ou falta de oxigênio, ou interno, como alta pressão sangüínea,
tumores ou até mesmo pensamentos desagradáveis. O organismo, entretanto,
apresenta mecanismos de regulação que visam manter o equilíbrio do meio interno do
corpo, através do controle dos sistemas nervoso e endócrino. Sabe-se que a
termorregulação é influenciada pela ação conjunta da secreção de hormônios (controle
endócrino) como adrenalina e melatonina e também do funcionamento do hipotálamo
(controle nervoso).
o Termorregulação e Sangue
A constrição ou dilatação dos vasos sangüíneos influencia a quantidade de calor
a ser trocada com o meio ambiente. Por exemplo, o calor excessivo pode ser eliminado
através de um “desvio” do sangue aquecido às regiões superficiais, próximas à pele,
onde o calor é eliminado pela irradiação direta, através da pele ou da transpiração. O
modo com que os vasos sangüíneos se distribuem pelo corpo colabora com a
manutenção de diferentes faixas de temperatura encontradas. Deste modo, as
extremidades como mãos e pés são os primeiros locais de congelamento em caso de
uma temperatura muito baixa atuando como mecanismo de proteção para manutenção
da temperatura central, onde estão situados os órgãos mais importantes do organismo
(Sistema Nervoso Central e área cardíaca).
o Termorregulação e Equilíbrio Eletrolítico
Relacionam-se a partir da regulação da sudorese, do aumento ou diminuição da
perda de água em casos de hiperhidratação ou desidratação respectivamente,
mecanismo que visa manter as concentrações de água em níveis adequados para o
40
funcionamento normal de nosso metabolismo. A temperatura é abaixada quando o suor
evapora da pele, pois transfere certa energia do corpo para o meio ambiente, fazendo o
mecanismo da sudorese, papel de radiador para a máquina humana. A sudorese
depende de vários fatores, como:

Temperatura e umidade do local em que você se encontra. Para maiores
valores combinados destes dois fatores, há aumento da sudorese, cuja intensidade,
entretanto não determinará o maior ou menor gasto energético, mas sim o grau de
desidratação e capacidade de desempenho;

Intensidade do exercício físico. Quanto mais intenso, mais contração
muscular, e desta forma, uma geração de calor maior;

No melhor condicionamento físico, o corpo torna-se mais eficiente para
manter a temperatura adequada;

Genética;

Sexo – o homem transpira mais que a mulher. A testosterona, hormônio
masculino, mantém seu metabolismo mais elevado;

Traje – maior ou menor dificuldade de transferência de calor com o meio;

Obesidade – a camada de gordura ajuda a reter o calor no corpo, e deste
modo, há uma maior necessidade de perder este acúmulo de calor, através da
sudorese;

Idade – bebês com menos de um ano transpiram mais, porque o
mecanismo de regulação da temperatura corporal só começa a se equilibrar a partir dos
dois ou três anos; idosos com mais de 65 anos transpiram mais, pois têm redução de
massa muscular, com perda de 15 a 20% da água corporal;

Raça – os negros transpiram mais que brancos e asiáticos, porque, a pele
escura retém mais calor, e o organismo compensa com um número maior de glândulas
apócrinas.
O suor é um líquido produzido pelas glândulas sudoríparas, constituído por água
(99%) na qual se encontram dissolvidos sais minerais e outras substâncias. Quando
ocorre um aumento da temperatura da pele, as glândulas sudoríparas produzem suor,
que provoca um arrefecimento do organismo.
41
O corpo de um indivíduo adulto é dotado de mais de três milhões de glândulas
sudoríparas, que são capazes de produzir até 12 litros de suor por dia. O suor é inodoro,
só adquirindo seu cheiro característico quando se mistura com as bactérias da
superfície da pele e alteram sua constituição, ocorrência mais evidente nas glândulas
axilares e da zona genital, onde o acúmulo de suor é mais intenso. O mesmo pode se
passar nos pés, que na deficiência de aeração e higiene adequadas, criam um ambiente
perfeito para a proliferação bacteriana.As glândulas sudoríparas desenvolvem-se na
infância, em resposta ao meio ambiente. É comum que as pessoas que vivem em zonas
quentes desenvolvam um maior número de glândulas sudoríparas.
A hiperatividade das glândulas sudoríparas leva à perspiração excessiva
(hiperidrose), situação relativamente freqüente, com incidência entre 0,6 a 1% da
população. Não se trata de doença grave, mas causa embaraço social, transtorno de
relacionamento e psicológico no portador.
A hiperidrose pode ser primária ou secundária a uma doença como
hipertireoidismo, distúrbios psiquiátricos, menopausa ou obesidade.
Os fatores desencadeantes da hiperidrose são: aumento da temperatura
ambiente, exercício físico, febre, ansiedade e ingestão de comidas condimentadas.
Geralmente há melhora dos sintomas durante o sono. O suor pode ser quente ou frio,
mas a sudorese é constante. Pode afetar todo o corpo ou ser confinada à região palmar,
plantar, axilar, inframaria inguinal ou crânio-facial. Pode ser tratada com o uso de
antiperspirantes e adstringentes, talco ou amido de milho natural, uso intercalado de
sapatos com palmilhas absorventes, drogas antidepressivas, ansiolíticas e colinérgicas,
botox (toxina botulínica) e simpatectomia torácica por videotorascopia.
o Termorregulação e Nutrição
Os alimentos nos proporcionam a energia que necessitamos para crescer, para a
atividade física e para as funções corporais básicas, como respirar, pensar, controle da
temperatura, circulação sangüínea e digestão. Todos os processos ocorrem em um
organismo para manter seu funcionamento necessitam de uma temperatura adequada,
pois envolvem a participação de proteínas, enzimas, reações químicas e físicas que
possuem uma temperatura ótima para que ocorra em velocidade satisfatória. Os
42
homeotérmicos conseguem manter sua temperatura corporal constante em variações
significativas de temperatura ambiente, capazes de sobreviver em uma ampla variedade
de ambiente e apresentar grande atividade durante o inverno.
Apresentam, portanto, uma necessidade de ingestão de mais alimentos, pois a
manutenção da temperatura demanda grande quantidade de energia. O calor é
subproduto de todos os processos metabólicos (metabolismo de carboidratos, gorduras
e proteínas) e da transferência do exterior através de radiação, condução e convecção.
O organismo necessita de energia para manutenção do metabolismo mínimo
(metabolismo basal), mesmo em jejum e em repouso, sendo maior nos homeotérmicos
devido ao custo energético destes animais para gerar calor e manter a temperatura e,
principalmente nos pequenos mamíferos que nos grandes, porque a superfície de perda
de calor dos pequenos animais é relativamente maior que nos grandes animais.
Em média, 35% da energia dos alimentos são transformados em calor durante a
formação do ATP. A seguir, quantidade ainda maior de energia transformar-se em calor
quando é transferida do ATP para os sistemas funcionais da célula, de modo que,
mesmo nas melhores condições, apenas 27% de toda a energia proveniente dos
alimentos são, finalmente, utilizados pelos sistemas funcionais e quase que
completamente em calor, como por exemplo, no armazenamento de energia nas
ligações peptídicas, que é liberada sob forma de calor no corpo quando as proteínas
são degradadas.
A desnutrição prolongada pode diminuir o metabolismo por 20 a 30%,
presumivelmente devido à escassez de substâncias alimentares nas células. Nos
estágios finais de muitas condições mórbidas, a inanição que acompanha a doença
provoca acentuada redução pré-mortem do metabolismo, a ponto de a temperatura
corporal diminuir alguns graus pouco antes da morte.
o Termorregulação e Regulação do Peso Corporal
A termorregulação e a obesidade relacionam-se por mecanismo de regulação
situado em uma área cerebral em comum, o hipotálamo. O chamado centro da
saciedade localiza-se no hipotálamo ventro-medial e a destruição experimental deste
causa hiperfagia e obesidade, com excesso de secreção de insulina, alterações no
43
controle da temperatura corporal e no sistema nervoso autônomo. O obeso apresenta a
camada de tecido adiposo mais desenvolvida e, por este motivo, maior capacidade de
retenção do calor produzido pelo metabolismo.
Termorregulação e Aquecimento Global
O aquecimento global, causador das mudanças climáticas atuais e futuras, traz
uma série de situações às quais a população mundial é potencialmente vulnerável. As
mudanças climáticas influenciam:

A biodiversidade: adaptação de espécies a novos regimes climáticos,
migração e extinção. Conseqüências: perda dos serviços ecossistêmicos, do patrimônio
genético e dos conhecimentos tradicionais (prejuízos às indústrias farmacêutica e
química);

A agricultura: mudança do regime de chuva, modificações no solo, perda
de produtividade, prejuízos à segurança alimentar;

A ambiente: derretimento das calotas polares, com aumento dos níveis do
oceano (perda das regiões costeiras);

O regime hídrico: modificações pluviométricas (estresse hídrico ou
enchentes);

As condições da saúde: aumento e migração de vetores, aumento de
epidemias e doenças, redução da produtividade e aumento dos gastos com
medicamentos e cuidados à saúde. No caso de fenômenos de seca, a saúde é afetada
inicialmente pela condição de fome epidêmica, com conseqüente sistema imunológico
deprimido. A migração é estimulada e associada a problemas sócio-econômicos, o risco
de infecção é aumentado. Os problemas de saúde exercem pressão na infra-estrutura
de saúde pública, causando sobrecarga de serviços, degradando o atendimento. Há
aumento na incidência de doenças respiratórias, pelas alterações climáticas e
atmosféricas.
44
A Importância da Termorregulação
Termorregulação é uma característica inata imprescindível a todo e qualquer ser
humano e, principalmente, silenciosa em seu complexo e extenso trabalho diário para
que todos possam executar cada uma de suas atividades, de atividades cotidianas à
adaptação ao ambiente. É um componente importante do conceito de homeostase e um
importante mecanismo para a sobrevivência em no mundo em constante mudança em
que vivemos.
Em outra perspectiva, é um componente médico importante, pois influencia
virtualmente todos os parâmetros conhecidos por seu papel sobre a temperatura. E,
outra vez, silenciosa, raramente é reconhecida em sua tarefa. Conhecê-la e
compreendê-la é fator importante para uma visão completa e dinâmica da interação
humana com o meio, em relações patológicas ou não.
45
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Termorregulação: O corpo e a variação de temperatura