RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: UMA PRÁTICA DE
INTERESSE DA SOCIEDADE E DAS EMPRESAS
SILVA, E.C. (IC)¹
1. Administrador de Empresas, São Paulo – SP. E-mail: [email protected]
RESUMO: O presente estudo tem como tema a prática de Responsabilidade Social Empresarial
(RSE), destacando, a percepção do consumidor. Elaborado através da Revisão da literatura e de
duas pesquisas descritivas quantitativas, realizada com empresas e consumidores. Foi possível
constatar divergências no entendimento acerca do conceito. Em ambas as pesquisas as variáveis de
estudo foram selecionadas de modo a confrontar a forma como as empresas praticam a RSE e como
o consumidor entende tais práticas. As amostras das pesquisas foram relativamente pequenas,
devido as dificuldades encontradas no desenvolvimento deste estudo. Entre os resultados obtidos,
destacam-se 2 elementos chaves: o entendimento do consumidor acerca da Responsabilidade Social
e como as empresas estão lidando com essa questão. Por fim, perceberam-se falhas no modo como
as empresas tratam as questões acerca deste trabalho, uma vez que, todas as empresas
entrevistadas confundiram RSE com Filantropia Empresarial.
INTRODUÇÃO: A globalização mudou o estilo de vida das pessoas. São milhares de ferramentas
tecnológicas acessíveis a todos públicos. Essas ferramentas auxiliam o descobrimento e a cura de
doenças, análise de mercados financeiros, fabricação de produtos; de modo geral, ajudam o país a
se desenvolver. Diante de tanta tecnologia acessível, quem acaba ganhando destaque são os
problemas sociais. Apesar do grande avanço tecnológico dos últimos anos, as necessidades sociais
básicas nos países continuam não sendo atendidas. A Responsabilidade Social Empresarial (RSE)
evoluiu muito nos últimos anos, o conceito passou a fazer parte dos meios acadêmicos e
empresariais. Cada vez mais, consumidores se preocupam com a situação econômica do país,
procurando entender as atitudes das empresas e do governo, cobrando ações que visam a melhoria
de todos. Frente a tantas mudanças no comportamento das pessoas, as empresas começam a
investir mais nas questões sociais. Por se tratar de um conceito novo, existem poucas informações a
respeito das empresas que praticam ações sociais, o que dificulta o consumidor diferenciar uma
empresa socialmente responsável de uma “comum”. O objetivo deste estudo é compreender se o que
as empresas praticam de RSE, corresponde com o que o consumidor conhece e verificar se falta
comunicação entre empresa e consumidor na divulgação de informações sobre o assunto.
MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho envolveu dois tipos de pesquisa, descritiva e exploratória. A
pesquisa exploratória foi utilizada na fase conceitual, com levantamentos bibliográficos para a
estruturação da fundamentação teórica conforme (ACEVEDO E NOHARA 2004). Na segunda parte
do estudo, foram utilizadas pesquisas descritivas quantitativas, o objetivo principal era a comprovação
das hipóteses levantadas. O estudo foi realizado com empresas e consumidores. Foi enviado um
questionário via correio eletrônico, com 10 questões para um total de trinta empresas de diferentes
segmentos, sendo quinze classificadas como socialmente responsáveis e as outras quinze não
classificadas, o tempo médio de resposta do questionário foi de 59 dias. A pesquisa que envolveu os
consumidores foi realizada na região central de São Paulo. Nessa foi possível entrevistar 133
consumidores no período de 01 de outubro de 2012 a 26 de outubro de 2012, dos quais 110 foram
aproveitados para a pesquisa. A entrevista ocorreu no centro da cidade de São Paulo, nos locais
onde, o fluxo de pessoas era intenso, facilitando o acesso aos entrevistados. Desse modo, foram
escolhidas as seguintes avenidas: Avenida Senador Queirós, situada no bairro da Santa Efigênia,
Avenida Rangel Pestana, situada no bairro do Brás e Avenida Paulista, na localidade do bairro da
Aclimação. Também, foi escolhida a Rua Senador Feijó e a Praça Dr. João Mendes, ambas situadas
no bairro Sé. O questionário foi aplicado em frente lojas movimentadas. Ao abordar o consumidor era
perguntado se aceitaria ser entrevistado e que no final da entrevista ele receberia um brinde. O brinde
distribuído era um chocolate bombom da marca Nestlé. Para que a pesquisa tivesse um desempenho
significante, antes de se iniciar a coleta de dados, todas as questões foram revisadas e os locais de
entrevistas foram selecionados levando em consideração a movimentação diária.
RESULTADOS EMPRESAS: 78% das empresas que responderam o questionário, praticam a
Responsabilidade Social e 22% não praticam. 86% das empresas Implantaram a Responsabilidade
Social há mais de 12 meses e, 14% há menos de 12 meses. 71% das empresas não tem a gestão da
Responsabilidade Social alinhada ao planejamento estratégico, e somente 29% o tem. 57% das
empresas pesquisadas não tem um departamento exclusivo para a RSE e 43% tem. 86% das
empresas não tem um orçamento exclusivo e apenas 14% das empresas tem um orçamento
exclusivo para a Responsabilidade Social. 57% das empresas resumiram sucintamente o programa
de RSE desenvolvido pela empresa. No resumo, verificou-se que, muitas vezes, as empresas
acabam confundindo as práticas da RSE com ações sociais (filantropia) promovidas pela corporação.
14% resumiram como RSE a doação de cestas básicas, 14% a doação de móveis para as casas
André Luiz, 29% a doação de recursos financeiros e 43% não resumiram. 86% das empresas
investem no programa devido as exigências mercadológicas. 14% investem para se consolidarem no
mercado. 42,68% das empresas esperam o retorno na diferenciação do produto, 28,57% querem o
respeito do consumidor e os outros 28,57% querem o respeito da sociedade. De modo geral, as
empresas investem para serem vistas com outros olhos, querem que os stakeholders, enxerguem
como empresas exemplares. 29% empresas publicam o balanço social. Publicam o balanço social
porque querem mostrar quais são suas ações para com a sociedade. 71% das empresas pretendem
publicar um balanço social porque querem ser diferenciadas no mercado. 14% das empresas
capacitam seus funcionários, com cursos de profissionalização e 86% das empresas se abstiveram
da resposta.
RESULTADOS CONSUMIDORES: 71,82% dos entrevistados sabem o que é Responsabilidade
Social, confirmando que, esse fenômeno está presente no cotidiano das pessoas e veio para ficar.
Entretanto, pouco mais de um quarto do total entrevistados, ou seja, 28,18% não sabem o que é
Responsabilidade Social. 67,27% dos entrevistados já participaram de algum projeto ou campanha de
Responsabilidade Social e 32,73% dos entrevistados afirmaram nunca terem participado de algum
projeto dessa natureza. 93,64% dos entrevistados já colaboraram com ações sociais, sendo: 29,09%
com doações financeiras, 23,64% com doações de roupas, 40,91% com outros tipos de doações e
6,36% dos entrevistados informaram nunca terem colaborado com ações sociais. 80,91% dos
entrevistados entendem a Responsabilidade como obrigação de todos, 10% entendem como
obrigação das empresas, 6,36% entendem como obrigação do governo e 2,73% entendem que a
Responsabilidade Social não é obrigação de ninguém. 43,64% dos entrevistados entendem que, as
empresas se apresentam como socialmente responsáveis, porque se preocupam com a sociedade,
30% dos entrevistado não sabem porque as empresas se apresentam dessa forma e 26,36% dos
entrevistados entendem que, as empresas se apresentam para se promoverem. 69,09% não
consegue diferenciar uma empresa socialmente responsável de uma empresa comum e 30,91% dos
entrevistados consegue diferenciar. 81% dos entrevistados não tem uma definição clara do que é
Responsabilidade Social. 19% dos entrevistados informaram terem uma definição clara, porém ao
especificarem seu entendimento, foi constatado que todos confundem Responsabilidade Social com
Filantropia Empresarial, pois 10% definiu como responsabilidade Social, a doação de recursos
financeiros, 6% doação de roupas e 3% a doação de utensílios domésticos. 86,36% incentivam seus
familiares e amigos a praticarem ações sociais e 13,64% dos entrevistados não incentivam seus
familiares a praticarem ações sociais. 39,09% dos entrevistados não souberam informar uma
empresa que pratica a Responsabilidade Social. Dos que informaram as empresas que praticam a
Responsabilidade Social, 10,91% citaram a Nestlé S.A.; Native S.A e Avon Industrial Ltda., foram
citados 4,55% cada; 7,27% citaram a Vale S.A.; Petróleo Brasileiro (Petrobras), Banco Itaú S.A. e
Banco Bradesco S.A. cada um deles foram citados 6,36%; Natura Cosméticos S.A. e Microsoft
Corporation foram citados 5,45% cada; Faculdade Comunitária Anhanguera Educacional e a Porto
Seguro Cia. De Seguros Gerais foram citados por 1,82% dos entrevistados. 45,45% dos
entrevistados que sabem definir a RSE, tem Mestrado e afins; 18,20% tem ensino médio completo;
13,65% tem ensino superior completo; 13,65% tem Pós Graduação / MBA e 9,10% tem ensino
superior completo. Isso mostra que, as pessoas que conseguem definir a RSE, tiveram acesso ao
ensino superior. 36,36% dos entrevistados que não consegue definir o que é Responsabilidade Social
tem ensino médio completo; 23,86% tem ensino superior incompleto; 13,64% tem ensino médio
incompleto; 10,23% tem ensino fundamental completo; ensino superior completo e Pós Graduação /
MBA tem 5,69% cada; 4,55% dos entrevistados tem ensino fundamental completo. 91,17% dos
entrevistados que sabem diferenciar uma empresa socialmente responsável, tiveram acesso ao
ensino superior; os entrevistados com ensino fundamental completo, ensino fundamental incompleto
e ensino médio completo, representam 8,82%. 46,05% dos entrevistados que não conseguem
diferenciar uma empresa socialmente responsável tem ensino médio completo; 19,74% tem ensino
superior incompleto; 15,79% tem ensino médio incompleto; 10,52% tem ensino fundamental
completo; ensino fundamental incompleto e ensino superior completo têm 3,95% cada.
CONCLUSÕES: A maioria dos consumidores entendem responsabilidade social, toda é qualquer
prática de ação social, seja doações de recursos financeiros, doações roupas e outros. A maioria das
empresas definiram como responsabilidade a doação de recursos sociais. Ambos tem essa visão
errônea, pois confundem filantropia empresarial com RSE. Apenas 29% das empresas publicam o
balanço social, tal fato dificulta os consumidores conhecerem, como as empresas investem recursos
para a melhoria social e, também dificulta conhecer como as empresas praticam a responsabilidade
social. A maioria dos entrevistados não consegue diferenciar uma empresa socialmente responsável
de uma comum. Para a amostra de 110 elementos foi constatado que existe um novo perfil de
consumo. A responsabilidade social é fenômeno que, irá revolucionar a maneira de administrar as
empresas, sendo uma alternativa muito importante e eficaz para a resolução dos problemas sociais,
que o Estado não consegue resolver. Por ser um assunto muito novo e, em determinados momentos
confuso, verifica-se a falta de interesse por parte das empresas entrevistadas, para a publicação de
balanços sociais ou até mesmo promover ações de cunho social. Ao publicar o balanço social a
empresa será vista de outra maneira pelos consumidores, visto que, têm poucas formas de conhecer
as ações sociais. Este estudo mostrou que para os 110 consumidores analisados o conhecimento
acerca da RSE está engatinhando e as ferramentas que facilitam o acesso às informações como
jornais, revistas e principalmente a internet estão acessíveis, porém não estão sendo exploradas
como deveriam. É necessário que o consumidor exija mais comprometimento das empresas e solicite
produtos de origem certificada, entretanto, não podem se limitarem somente a isso, já que, boa parte
das empresas, estão erroneamente deixando os consumidores “a ver navios”, com relação as suas
práticas de Responsabilidade Social.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ACEVEDO, C. R.; NOHARA, J. J. Monografia do Curso de Administração: Guia completo de
Conteúdo e forma. São Paulo: Atlas, 2004
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