Em artigo, Ciro diz que PSB deve disputar um lugar entre principais partidos do
país
André Abrahão Está na hora do PSB pensar
grande Por Ciro Gomes Este ano
vamos disputar eleições gerais em
outubro, que escolherão Presidente
da República, governadores dos
estados, deputados federais,
deputados estaduais e dois terços
do Senado. É uma oportunidade de
ouro para mudar para melhor o
país e colocar gente decente e
honesta na Presidência, nos
governos estaduais e nos
legislativos estaduais e federal. É o
grande momento também para o
PSB pensar grande e disputar um
lugar entre os quatro principais
partidos do país. Pretensão?
Fantasia? Não. Mas certamente vai requerer ousadia. Como um adolescente que está se
tornando adulto, é a hora de decidir se quer ser gente grande ou continuar pequeno,
dependente de outros partidos, que, por mais aliados que sejam, não são o PSB. Está na
hora de decidir se vamos alimentar a estrutura e a estratégia dos nossos aliados, ou se
vamos exercer a opção que a democracia nos apresenta de concorrer com candidatos em
todas as instâncias de poder no primeiro turno da eleição. Decidir se nos mostramos ao
Brasil como uma força nova, coesa, com discurso afinado e gente decente disposta a
melhorar o Brasil, ou se seremos apenas mais um dos partidos que se acotovelam em
alianças pautadas pela mera distribuição de cargos e favores. A tese que defendo é que
time que não joga não forma torcida. Mesmo que tome de goleada. Está aí o exemplo no
futebol. Equipes hoje grandes tiveram inícios medonhos. Times hoje consagrados
tiveram fases terríveis, como Corinthians e Botafogo, que levaram 21 anos sem títulos,
mas vendo a torcida crescer apaixonadamente. Já pensaram se o Corinthians em vez de
insistir tivesse resolvido virar o time B do Palmeiras? Já fui candidato a Presidente duas
vezes. E quero ser pela terceira vez, mesmo sabendo que enfrentaremos uma disputa
difícil pela frente. Mas acredito que uma candidatura própria do PSB tem um papel
importante a cumprir, que é forçar os demais candidatos a discutirem o futuro do Brasil,
com projetos claros, viáveis e inovadores. Não acho que seja correto com o povo
brasileiro reduzir o debate eleitoral a uma disputa entre a turma do Lula - na qual me
incluo - e a turma do FHC. Os problemas do Brasil são muito maiores e mais profundos
do que um simples duelo entre PT e PSDB. Se eles não quiserem debater o Brasil, o
PSB o fará, apresentando um projeto de desenvolvimento para o pais. Acredito nos que
insistem e isso me aproxima muito do Presidente Lula, um exemplo vivo e atual de que
a persistência no final vence. Além disso, estou convencido que a candidatura própria
do partido à Presidência da República será muito benéfica à estratégia de levar o PSB a
ser grande. Se conseguirmos 15% que seja dos votos, significam cerca de 20 milhões de
eleitores acreditando na mensagem do PSB. Se tivermos a ousadia de fazer uma
campanha casada em todos os níveis poderemos eleger importantes bancadas nas
assembleias estaduais, na Câmara e no Senado. Já imaginaram, então, se a nossa
mensagem empolgar? E se algum dos favoritos escorregar e cair? Podemos chegar até
mais longe. E estamos preparados para isso. Para quem acha isso impossível, basta
comparar o que era o PSDB quando elegeu Fernando Henrique Cardoso, em 1994, o
que era o PT quando elegeu Lula em 2002 e o que é o PSB hoje. Vocês podem não
acreditar, mas a experiência administrativa do PSB hoje é maior ou equivalente do que
era a do PSDB em 1994 e do que a do PT em 2002. Hoje, o PSB tem quatro
governadores de estado, 333 prefeitos - sendo dois de capitais importantes como Belo
Horizonte e Curitiba, e dois ministros de Estado. O PT, em 2002, tinha quatro
governadores, 187 prefeitos e nenhum ministro. O PSDB em 1994 tinha apenas um
governador de estado, que por coincidência era eu, e 998 prefeitos. Apenas para
encerrar um falso dilema que tem ocupado as páginas de jornal, discordo plenamente
que minha eventual candidatura acabe prejudicando a estratégia da candidatura oficial.
Ao contrário, basta ler as pesquisas de opinião para ver que quando meu nome é retirado
a vida do candidato do PSDB se torna mais tranquila. Na minha opinião, mesmo que o
Presidente Lula apoie abertamente essa grande brasileira que é a Dilma Rousseff,
ninguém, nem mesmo ele do alto de sua justa popularidade, pode substituir o poder de
escolha, que pertence ao povo brasileiro. E para que nosso povo possa escolher bem, é
preciso que haja opções. Até porque, assim, o eleitor poderá até descobrir que existe
alguém mais parecido com o próprio Lula do que a candidata que o Lula diz que é. Ou a
história de vida da Marina não é parecida com a dele? Ou a minha persistência de ser
candidato não é parecida com a dele? Ou as minhas gestões na Prefeitura de Fortaleza e
no Governo do Ceará não trouxeram para meus conterrâneos o mesmo acesso à
felicidade que hoje o Governo Lula traz ao povo brasileiro? E se assim for, mais uma
vez a democracia terá mostrado seu grande poder de surpreender. Como nos jogos de
futebol, em que apenas os times que insistiram em jogar aprenderam a ganhar e se
tornarem grandes vencedores. O próprio Lula sabe o que é isso. Afinal, é corintiano.
Afinal, virou presidente porque nunca deixou que seu time, o PT, abrisse mão da
disputa. Eu, o PSB e o mundo temos muito a aprender com o exemplo de Lula.
Deputado Federal Ciro Gomes (PSB-CE)
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