As cinco perguntas do comprador esperto
Coisa boa é comprar! Não estou falando de
comprar remédio nem talão de faixa azul,
é claro. Mas como é bom comprar aquela
calça nova, um CD do seu cantor predileto, um livro interessante, e tantas outras
coisas. Haveria algo errado em todo esse
prazer de comprar? Seria puro consumismo? Afinal de contas, que mal pode haver
em sentir prazer no ato de comprar?
Mal nenhum, muito pelo contrário. Comprar, como tudo na vida,
pode e deve ser divertido e prazeroso. Mas para que seja assim, você
deve tomar alguns cuidados básicos, evitando meter os pés pelas
mãos. Tem gente que faz bobagem na hora da compra, e daí a alegria
acaba rapidinho. Para evitar que suas experiências de compras sejam
traumáticas, faça sempre as “Cinco Perguntas do Comprador Esperto”:
Eu quero? Eu mereço? Eu preciso? Eu posso? Eu devo?
1 - Eu quero?
Você bate o olho na vitrine e surge uma arrebatadora paixão! Você
fita o objeto da sua cobiça e solta um profundo suspiro. Mas você
não é uma pessoa volúvel, não deve entregar seu coração à primeira
beldade que passa diante dos seus olhos. Pare imediatamente e faça
uma lista mental de três outras coisas “irresistíveis” que você poderia
comprar com a mesma grana. Se não vier nada na sua cabeça, ou se a
sua atenção continuar focada na preciosidade bem ali na sua frente, a
resposta está clara: sim, você quer!
2 - Eu mereço?
Todo mundo sempre merece tudo, é verdade. Mas que tal fazer joguinhos com você mesmo? Ao invés de sair comprando uma coisa
qualquer logo no primeiro impulso, coloque primeiramente uma
meta para ser alcançada. Só depois de atingi-la você deverá comprar
seu autopresente, que virá como um prêmio pela façanha. Por exemplo: deixe para comprar aquela bomba de chocolate somente quando
perder 1kg. Se você não perder peso, também não vai perder dinheiro
comprando doce, que só faz engordar!
3 - Eu preciso?
Como diz a propaganda do cartão de crédito: “Precisar, não precisa.” E
muitas vezes não precisa mesmo. Aquela blusinha preta maravilhosa,
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será que você não tem uma (ou mais) bem parecida no guarda-roupas?
Sapato azul escuro, mesmo estando baratinho de dar dó, você ainda
não tem mesmo? E a deliciosa sopa de pacotinho na promoção leve
3 pague 2, não tem de monte no armário da cozinha? Se não tiver,
compre! Mas lembre-se: 90% do que se compra e não se usa em trinta
dias acaba indo para o lixo.
4 - Eu posso?
Você trabalha para poder ter as coisas, certo? Se você já ganhou o dinheiro que vai gastar na compra, pode gastar sem dó. Só não está valendo gastar o que ainda não ganhou, tática vulgarmente conhecida
como “fazer dívida”. Gastando por antecipação, você acaba pagando
juros abusivos. Um fogão de R$500,00 comprado à vista com desconto
de 10% sai por R$450,00. Comprado no crediário em 12 vezes sem
entrada com juros de 4% ao mês, vai custar R$640,00 ou R$190,00 mais
caro do que à vista.
5 - Eu devo?
Você é quem sabe. Mas quem compra, gasta, quem gasta, não poupa, e quem não poupa, não investe. Cada R$1,00 que você deixa de
gastar hoje e aplica num investimento conservador como a Caderneta
de Poupança, vai se transformar em gorduchos R$6,00 daqui a trinta
anos em valor da época, devido ao mecanismo de juros compostos.
Para que torrar R$1,00 agora e perder R$6,00 amanhã? Trinta anos é
bastante tempo mas, como diria o filósofo, na vida tudo passa, até o
tempo passa!
*Texto adaptado.
Prof. Marcos Silvestre
Prof. Marcos Silvestre é Economista com MBA em Finanças e
Controladoria pela Universidade de São Paulo. Desde 1996
atua como educador e planejador financeiro especializado.
Fundador da SOBREDinheiro® Sociedade Brasileira de Estudos
sobre Dinheiro, é articulista e autor de guias utilitários.
Apresenta a coluna diária e o programa semanal Na Ponta do
Lápis na BandNews FM Rede Nacional. Diretor da SILVESTRE
Educacional, realiza seu trabalho com a missão de levar
soluções simples e práticas para os desafios financeiros das
famílias brasileiras e seus negócios.