Plano de Aula: Os estudos sobre gêmeos
DESENVOLVIMENTO HUMANO I
Título
Os estudos sobre gêmeos
Número de Aulas por Semana
Número de Semana de Aula
5
Tema
Os estudos sobre gêmeos
Objetivos
Permitir ao aluno a compreensão da discussão do inato e adquirido através dos estudos sobre gêmeos
Estrutura do Conteúdo
Hereditariedade e Ambiente
Os estudos de gêmeos
A discussão sobre a influência da hereditariedade versus ambiente, também chamada de discussão do inatismo versus empirismo remonta à filosofia e tem sido também importante no estudo do desenvolvimento humano.
Para os psicólogos do desenvolvimento esta discussão reflete a pergunta sobre quais os padrões do desenvolvimento que seriam herdados e quais os que seriam aprendidos com a experiência. A tendência hoje em dia é considerar essas duas fontes de influência como complementares, não como aspectos opostos e excludentes.
Os psicólogos do desenvolvimento se interessam em compreender os padrões ou inclinações inatas e ao mesmo tempo as possibilidades de mudança em função do ambiente, da experiência. A área que estuda as influências da herança genética sobre o comportamento humano chama-se genética do comportamento.
A genética do comportamento utiliza métodos de pesquisa em que compara gêmeos idênticos e gêmeos fraternos (os estudos de gêmeos) e também compara crianças adotadas e filhos biológicos. Esta área de estudos tem apontado que os fatores genéticos explicam bem mais do que as diferenças físicas tais como: altura, peso, etc. Fatores genéticos provavelmente respondem por diferenças em níveis de inteligência e capacidade de leitura, por exemplo. Fatores ligados à depressão, dependência química, ansiedade também têm fontes de explicação em aspectos herdados, geneticamente determinados. Sem contar o temperamento que é fortemente influenciado pela herança genética.
Há alguns exemplos que mostram muito bem como os fatores ambientais e a herança genética estão entrelaçados. Podemos supor uma criança que herdou de seus pais um nível de inteligência alto. Possivelmente essa criança vai também viver em um ambiente que estimule o seu desenvolvimento intelectual. Os pais devem, provavelmente, ser pessoas que dão valor à leitura, aos estudos, que estimulam atividades culturais e incentivam o conhecimento. Neste caso, ao mesmo tempo há o fator genético de herança e o fator ambiental evidente que diz respeito ao modo como a família encara e estimula a atividade intelectual.
Como são feitos os estudos de gêmeos? O primeiro ponto que se deve lembrar é que quando os gêmeos são idênticos, eles possuem o mesmo padrão genético porque foram gerados a partir do mesmo óvulo fertilizado. Os gêmeos fraternos foram gerados a partir de óvulos que foram fecundados separadamente por isso não têm exatamente o mesmo material genético.
Um aspecto também muito interessante que tem sido estudado é o caso de gêmeos idênticos que foram criados separados um do outro. Esses estudos permitem discutir as relações entre aspectos genéticos e ambientais quando se compara esses gêmeos em termos de características individuais e do seu processo de desenvolvimento ao longo da vida.
Outra estratégia que tem sido usada pelos pesquisadores na área do desenvolvimento humano é estudar crianças adotadas. Procura-se comparar as
semelhanças das crianças com seus pais biológicos e entre elas e seus pais adotivos. Essas comparações permitem discutir as semelhanças relacionadas aos aspectos biológicos e as semelhanças relacionadas aos aspectos ambientais, de convivência.
Estácio
de Sá
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Ao longo dos anos têm sido realizados muitos estudos de gêmeos. Podemos ilustrar alguns desses estudos com pesquisas sobre QI e pesquisas sobre semelhanças das crianças com seus pais biológicos e entre elas e seus pais adotivos. Essas comparações permitem discutir as semelhanças relacionadas aos aspectos biológicos e as semelhanças relacionadas aos aspectos ambientais, de convivência.
Ao longo dos anos têm sido realizados muitos estudos de gêmeos. Podemos ilustrar alguns desses estudos com pesquisas sobre QI e pesquisas sobre características de personalidade.
Estudos realizados por Wilson (1983) mostraram que durante o primeiro ano de vida, gêmeos idênticos não eram mais similares que os gêmeos fraternos nas avaliações de desenvolvimento mental. Entretanto, quando tinham um ano e meio as diferenças já eram percebidas, no sentido de que os gêmeos idênticos apresentavam desempenhos mais parecidos do que os gêmeos fraternos. Estes estudos mostraram que os gêmeos idênticos eram muito parecidos em seu desempenho intelectual durante uma fase da vida, que compreendia dos 3 aos 15 anos. Os gêmeos fraternos já não eram tão parecidos em termos do desempenho intelectual.
Um projeto de pesquisa chamado Texas Adoption Project (Loehlin e colaboradores, 1994) investigou crianças adotadas e comparou as medidas de QI das crianças com as de suas mães e pais adotivos e biológicos. Estes estudos mostraram que QI da criança era predito pelo QI dos pais biológicos e não dos pais adotivos, com quem eles tinham passado a sua infância. Assim, os estudos de QI com gêmeos e com crianças adotadas têm mostrado um componente biológico importante naquilo que os pesquisadores medem e chamam de QI.
Mas deve-se lembrar que o QI não é exclusivamente determinado por fatores genéticos. Pode-se afirmar que metade da variação nos escores de QI se deve a fatores genéticos e a outra metade se deve a fatores ambientais. Os genes estabelecem um certo padrão esperado de QI, dentro de uma amplitude de variação. De modo simplificado, a idéia é a seguinte: existem limites inferiores e superiores para o QI (de acordo com a herança genética), mas o lugar aonde este QI vai se situar no intervalo dessas fronteiras, será determinado por fatores ambientais. Weinberg (1989) afirma que a variação nos escores de QI é de 20 a 25 pontos, ou seja, considerando uma certa herança genética, o QI poderá variar entre 20 e 25 pontos dependendo das características do ambiente em que a criança vive.
Quando se discute a influência genética em características de personalidade algumas dimensões aparecem com freqüência nesses estudos. Por exemplo, a característica introversão/extroversão que significa o quanto a pessoa é mais tímida ou se sente menos confortável junto a outras pessoas ou o quanto a pessoa é mais expansiva, tem mais facilidade para atividades que envolvem trocas sociais. Neste aspecto, a hereditariedade também mostra efeito moderado.
Outro aspecto estudado é a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro, de ser sensível ás necessidades do outro. Os estudos sobre empatia acompanham gêmeos idênticos e fraternos desde o início da infância e têm mostrado que os gêmeos são mais parecidos em seu nível de empatia do que gêmeos fraternos ou irmãos não gêmeos. Nesse sentido, argumenta-se que a empatia tenha um componente razoavelmente importante relacionado à genética.
Voltando ao ponto discutido anteriormente, o ambiente que as pessoas compartilham é um importante fator na formação da personalidade. O ambiente familiar é muito importante e sabe-se que os pais tendem a tratar os seus filhos de um modo semelhante, com os mesmo valores religiosos, morais. Essas são chamadas de influências ambientais compartilhadas e são tão importantes ou mais importantes que os genes na explicação de semelhanças entre irmãos. Vários autores destacam, entretanto, as chamadas influências ambientais não compartilhadas – experiências que acabam por distinguir umas pessoas das outras. Por exemplo, os pais não tratam seus filhos de modo idêntico, há diferenças esperadas em várias dimensões: gênero, posição de nascimento, semelhanças e diferenças com os pais, etc. Deve-se lembrar que viver em um mesmo ambiente não significa compartilhar exatamente a mesma história, as mesmas situações e vivências.
Para finalizar a discussão sobre a genética e o comportamento pode-se tratar das influências sobre doenças mentais e características de comportamento. Muitos pesquisadores têm se perguntado sobre a base hereditária da doença mental. O assunto é muito amplo e merece uma discussão detalhada, vamos nos ater aqui ao exemplo da esquizofrenia.
A esquizofrenia é uma doença mental que se caracteriza, entre outros aspectos, por alterações na expressão emocional, no pensamento, na percepção e no comportamento. Pesquisas com gêmeos esquizofrênicos apontam para uma relação significativa com aspectos hereditários. A incidência de esquizofrenia em gêmeos idênticos é significativamente maior do que em gêmeos fraternos, o que aponta um componente genético importante. Por outro lado, os estudos sobre base genética da esquizofrenia também investigam a incidência de esquizofrenia em pais e filho biológicos e os estudos apontam que crianças que têm um dos pais biológicos com esquizofrenia têm mais chance de se tornarem esquizofrênicas. Não se trata de um determinismo, mas de um aumento na incidência desta doença mental entre membros de uma mesma família.
Para finalizar, deve-se mencionar que as pessoas herdam predisposições para desenvolver certas doenças mentais, mas o ambiente é um fator decisivo para que tais doenças se manifestem ou não. Mesmo quando a história familiar sugere uma predisposição genética, é necessário que a pessoa passe por um conjunto de experiências para que a doença mental seja desencadeada.
Estácio
de Sá
Aplicação Prática Teórica
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Teórica: Debate sobre o texto: BUSSAB, Vera Silvia Raad . Fatores hereditários e ambientais no desenvolvimento : a adoção de uma perspectiva interacionista .
doenças se manifestem ou não. Mesmo quando a história familiar sugere uma predisposição genética, é necessário que a pessoa passe por um conjunto de experiências para que a doença mental seja desencadeada.
Aplicação Prática Teórica
Teórica: Debate sobre o texto: BUSSAB, Vera Silvia Raad . Fatores hereditários e ambientais no desenvolvimento : a adoção de uma perspectiva interacionista .
Psicol. Reflex. Crit. [online]. 2000, vol.13, n.2, pp. 233-243. ISSN 0102-7972. doi: 10.1590/S0102 -79722000000200004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_abstract&pid=S0102 -79722000000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Prática: Procurar em jornal e/ou revistas casos de gêmeos para discussão em grupo.
Estácio de Sá
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