COLÉGIO DE APLICAÇÃO DOM HÉLDER CÂMARA
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES II
DISCIPLINA: PORTUGUÊS
ALUNO(A): ________________________________________________________________
SÉRIE: 8° ANO
DATA PARA ENTREGA: ____/____/2012
TEXTO I:
Revelação
O amor era mesmo grande. E por isso ficara guardado durante meses e meses. Não tivera coragem de abrir o segredo com nenhum dos amigos. Imaginava a gozação, a brincadeira,
a farra. Seria insuportável ficar na classe, assistir às aulas, se algum deles soubesse do seu tão
bem guardado amor.
— Não é um amorzinho qualquer, não, desses que começam e acabam numa mesma festa, numa única noite.
Era para valer. Para demorar. Para sempre, talvez. Uma paixão que começara demorada
e por partes. Primeiro fora pela voz dela. Macia como veludo novo. Gostava de ouvi-la falar e,
quanto mais perto dele ela falava, mais se apaixonava. As palavras, os números e as ideias saíam como vindos do fundo do coração. Depois, os olhos. Não eram verdes nem azuis, como os
das atrizes de tevê e manequins de revistas. Eram apenas pretos. Belamente pretos. Pareciam
querer ver o mundo inteiro, de todo mundo, por seu par de olhos. Parecia descobrir telepaticamente em que as pessoas da classe pensavam. Uma vez quase o desarmara, quando sugeriu,
de repente, flagrando-o no mundo da lua: “pensando no seu grande amor?”. Ele se atrapalhara, sem resposta, e ela permanecera inteira, dona da brincadeira, deliciando-se com o sem-jeito dele. Depois da voz e dos olhos, descobriu os cabelos. E sonhou com eles tantas e quantas
vezes seu sono atribulado permitiu. Sonhava com os cabelos dela roçando de leve suas faces.
Em seguida, veio o sorriso. Depois as mãos, os dedos finos e as unhas de esmalte escuro. Fi nalmente apaixonou-se pelo corpo todo, por ela inteira. E aí a coisa ficou brava. Enquanto
eram os olhos, os cabelos, o sorriso, as mãos, dava para esconder, guardar num pedacinho de
vida qualquer, numa pagina de caderno ou livro. Mas quando ela inteira tomou conta do seu
coração novo, desacostumado a essas emoções mais fortes, ficou mais difícil de aguentar. E
foi um tal de ficar mal-humorado, de rejeitar conversas longas, de fugir das farras do grupo,
de se atrapalhar com as aulas, notas e exercícios.
- É hoje ou nunca mais. No fim da aula ela vai saber do meu amor Dê no que dê, ela vai
saber.
Tinha, é verdade, um grande problema: a diferença de idade entre os dois. E ele era um
molecão e ela uma mulher. Bem... as mulheres são mesmo assim, se desenvolvem e amadurecem mais depressa do que os homens. Sempre ouvira isso e teria esse detalhe a seu favor.
Claro, imaginando que seu grande, bonito e romântico amor fosse correspondido.
— Isso não importa.
Tinha até procurado, e encontrado, algumas poesias de poetas famosos e não famosos
que tratavam do assunto, amores descompassados de idade. E vivia dizendo que o amor não
tem idade. Disse isso mesmo numa acalorada redação de Português em que narrou o amor de
um jovem por uma mulher madura, texto terminado pelo clichê: “O amor não tem idade”. Estava cheia de erros de ortografia e pontuação. A professora, insensível, classificara o trabalho
do apaixonado escritor de “razoável” e inundara-o de riscos, cruzes e sinais indecifráveis.
— Ela não entenderia. Só quem vive um grande amor assim poderia escrever esquecido
das regras gramaticais.
E inventou outro clichê: ”O amor não conhece regras gramaticais”.
(Edson Gabriel Garcia)
VOCABULÁRIO:
a- Telepaticamente : por comunicação direta entre mentes sem utilização dos sentidos;
b- Flagrar: apanhar em flagrante; surpreender alguém no momento exato em que pratica
determinado ato;
c- Atribulado: angustiado; atormentado; aflito;
d- Descompassado: discordante; desacertado;
e- Acalorado: animado; veemente;
f- Clichê: lugar-comum; chavão; idéia muito repetida, gasta.
1. Veja como Marina Colasanti, em seu livro ‘’E por falar em amor’’, explica o que é paixão.
“Paixão. Pode anteceder o amor, o que, aliás, frequentemente acontece. (...) Mas também
pode não anteceder nada além de seu próprio esvaziamento. O que nos deixa angustiados,
na paixão, é justamente não sabermos se ela nos dará direito a um amanhã amoroso ou não.
A paixão não escolhe o seu objeto, e na realidade não o vê; atraída, despenca sobre o objeto,
inventando para ele uma série de qualidades — que ele muitas vezes não tem — e ignorando
por completo os eventuais defeitos. Tomados de paixão, vemos o outro como simplesmente
perfeito. O desejo é irrefreável. (...) A paixão avança rapidamente. Não à toa ela é definida
como um raio, e dizemo-nos ‘fulminados de paixão’.”
(Marina Colasanti £ por falar em amor.)
Segundo essa definição, o garoto do texto estaria vivendo uma paixão? Justifique sua resposta.
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2. Para definir a grandeza do amor da personagem, o narrador procura palavras que melhor
evidenciem esse sentimento fulminante de quem vê o ser amado como uma demonstração da
verdadeira perfeição. Para isso, recorre a comparações.
Localize as comparações de que se utiliza o autor para falar:
a) Da voz da amada; ___________________________________________________________
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b) Da forma coma falava; _______________________________________________________
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c) Dos olhos:__________________________________________________________________
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3. Explique e exemplifique a voz do verbo.
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4. Na voz verbal há o sujeito agente e o sujeito paciente. Discorra sobre esta afirmativa.
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5. Diferencie aposto de vocativo, especificando-os através de exemplos.
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TEXTO II:
Por que tudo isso?
Oito em ponto. A aula começa com Geografia.
Fernando está meio nervoso.
Toda vez que dona Lucinda dá trabalho em grupo é aquela loucura.
Ele tem a redação, mas não o cartaz. O seu grupo combinou um encontro no pátio da escola.
Ele foi, mas o grupo não estava. No dia seguinte, Fernando perguntou o que tinha acontecido
e os colegas responderam que ele se enganou no horário. Marcaram a segunda vez na casa
do Fernando e a Vó Bisa até ajudou a preparar sanduíches e refrescos para o lanche. Mas ninguém apareceu. De novo combinaram um encontro na casa de Lia, terça-feira, às quatro horas. Quando Fernando chegou o trabalho estava pronto. Disseram que ele deveria ter chegado
às duas.
Ele tentou argumentar e discutir, mas não deu pé. Chamaram-no de bebezão, porque era
o mais novo da classe, e ainda provocaram:
— Vai chorar? Vai?
Não, ele não chorou. Voltou pra casa triste e murchinho sem entender muito o porquê
de tudo aquilo.
Não contou nem pra Vó Bisa o que estava acontecendo na escola e foi fazer a redação.
Agora era ver no que dava.
Todos os grupos foram sendo chamados para apresentar seu cartaz e dona Lucinda ia
chegando, corrigindo ou censurando. E dando a nota.
Agora é a vez do seu grupo e Fernando torce as mãos.
- Dona Lucinda, disse Lia, este é o nosso trabalho. Todos participaram, menos Fernando, que chegou tarde em todas as reuniões.
Foi um soco na boca do estômago. Ele não podia entender. Por que faziam aquilo?
Toda vez era a mesma coisa. Nenhum grupo o aceitava e sempre davam um jeito de colocá-lo
pra escanteio. Quando conseguia participar de alguma reunião suas idéias não eram aceitas e
seus recortes e desenhos jamais cabiam nos cartazes. Sempre sobravam.
-Você devia estar mais atento e ser responsável. Agora fica sem nota e vai trazer amanhã
sem falta um cartaz sobre o assunto. E vai fazer sozinho!
Que raiva! Que raiva! Que raiva!
Na saída, Lia e os outros fingiram que Nando não existia e só comentavam a nota do cartaz que fez sucesso.
Nando não voltou de ônibus para casa. Veio caminhando devagar, distraído, chutando pedrinhas, pensando em tudo, pensando em nada, decidindo como fazer seu cartaz e, ao mesmo
tempo, jurando que não ia fazer, só de raiva.
(...)
Vó Bisa estava cochilando na cadeira de balanço e não viu Nando chegar.
Ele tirou seu prato do forno e comeu uma garfada sem vontade. A mãe fazia o jantar e,
no dia seguinte, Nando esquentava as sobras para si. Vó Bisa não almoçava, só comia uma
maçã. A mãe dizia que ela comia como passarinho. Pouco e devagar. Enquanto comia sem
sentir o gosto de nada, Nando chorou. Queria ter amigos e não conseguia. Acho que era por
causa do óculos fundo de garrafa, ou porque era bebezão mesmo. Não sabia. Tentava agradar
e ser leal com todos, mas tudo o que fazia dava errado. A Marina gorducha tinha sucesso, a
Lia nariguda tinha namorado, o Cabeça, um gozador, e ninguém se ofendia, o Tavão era um
estourado e tinha mil amigos, Rodriguinho colava o tempo todo e ninguém se incomodava. O
Pescoço, a Luciana...
Que defeito tão grave era aquele que o afastava de todos? Só podia ser os óculos mesmo.
(Leila Rentroia lannone)
VOCABULÁRIO:
Argumentar: questionar.
Colocar para escanteio: ignorar, deixar de lado.
Leal:sincero, franco, honesto.
Estourado: amalucado, briguento.
6. A oração do segundo parágrafo e a segunda oração do quarto parágrafo os sujeitos são:
a) Agente – Agente.
b) Agente – paciente.
c) Paciente – Agente.
d) Paciente – paciente.
e) Agente – composto.
7.
Na fala da personagem Lia, no décimo segundo parágrafo há um termo que é
classificado como vocativo. Este termo é:
“...este é o nosso trabalho.”
“Dona Lucinda.”
“... disse Lia.”
“... este é.”
“... nosso trabalho.”
8. O novo empregado, Jorge, conseguiu fazer um bom trabalho. O termo destacado
sintaticamente é:
a) Vocativo.
b) Complemento nominal.
c) Sujeito simples.
d) Aposto.
e) Adjunto adnominal.
9.
(ESPM-SP) “Continental 2001 Grand Prix II: nossa homenagem ao bom gosto da
mulher brasileira.”
As expressões destacadas são, respectivamente:
a) Sujeito, complemento nominal.
b) Complemento nominal, sujeito.
c) Adjunto adnominal, objeto direto.
d) Complemento nominal, adjunto adnominal.
e) Complemento nominal, complemento nominal.
10. (UCSAL-BA) Transpondo (passando) para a voz ativa a frase: " O aluno foi ajudado pelo
coordenador", obtêm-se a frase:
a) O aluno ajudou o coordenador.
b) O coordenador e o aluno se ajudaram.
c) O coordenador ajudou o aluno.
d) O aluno estava sendo ajudado pelo coordenador
e) O coordenador foi ajudado pelo aluno.
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Prova Inglês9