A Arte de Viver
Parece-me importante registar, antes do relato desta viagem
a um retiro de meditação, que a escriba que vos oferece
estas palavras vive do lado do mundo onde os prazeres do
espírito se misturam com outros prazeres e o hedonismo se
encontra ao virar da esquina. Ou seja, fumo, bebo e como
carne em quantidades apreciáveis, mais do que seria de
esperar de alguém que decide experimentar o ascetismo como
forma de vida. Para além de um brevíssimo curso de
introdução à meditação, que visava preparar-me para esta
odisseia espiritual, a minha mente trabalhava ao ritmo que
melhor lhe aprouvesse, que é como quem diz, quase sempre em
modo supersónico.
Instada pelos meus amigos a pensar nas razões que me
levariam a semelhante demanda, coloco-me a questão: o que
me leva a tirar 11 dias da minha vida, rumar ao Algarve
profundo e enfiar-me numa casa com pessoas que não conheço
e meditar durante 8 horas por dia? Ainda hoje, não tenho
resposta. Na verdade, não sei se existirá uma razão cabal e
ordenada que justifique tal fito. Mas fui, sobrevivi e
voltei para contar.
O e-mail que me chegou com as indicações do caminho a
seguir dizia que a chegada deveria ser feita até às 17
horas do dia 13 de Outubro. Assim fiz. Pouco faltava para a
hora do chá quando estaciono o carro em frente ao Monte
Mariposa, em Santa Catarina, um centro escondido algures
entre Olhão e Tavira. O parque automóvel indicava que seria
das últimas a chegar. Senti um nervoso miudinho a instalarse. Não fazia ideia ao que ia e, muito menos, fazia ideia
de como estas palavras se tornariam tão reais nos dias que
me esperavam. Tirei a mala do carro, endireitei as costas,
respirei fundo e avancei. Lá dentro, fazia-se o check in.
Formulários, dados, preenchimento de campos em branco,
informação. Tudo normal. Tudo simpático. Tudo a correr bem.
Até ao momento em que me pedem o telemóvel e me explicam
que não poderíamos ter acesso a ele durante todo o tempo do
curso. Não era novidade. Já o sabia antes, só não o tinha
ainda vivido. Inacreditavelmente, senti-me vulnerável sem o
meu Iphone. Como se aquela pequena peça de design e
tecnologia me safasse dos males do mundo e, naquele caso,
me impedisse de viver o brutal desconforto que se apoderava
de mim. Mais uma vez, respirei fundo e segui em frente. «O
teu quarto é o C3», explicaram-me, e parti em busca da
minha cama, do colchão que me foi destinado, esperando com
muita força que as minhas companheiras de quarto me
aliviassem da sensação estranha na barriga.
Talvez seja tempo de explicar de que curso de meditação
falo. Chama-se Vipassana (diz-se Vipaxna e significa “ver
as coisas como elas realmente são”)e é uma das mais antigas
técnicas de meditação da Índia. Caracteriza-se como um
processo de auto-purificação através da auto-observação.
Inicia-se observando a respiração natural com o objectivo
de concentrar a mente. Com a plena atenção aguçada, seguese a observação da natureza mutável do corpo e da mente e,
supostamente, experimentam-se as verdades universais da
impermanência, do sofrimento e da ausência de ego. Para que
este caminho de purificação mental aconteça, é necessário
cumprir rigorosamente os cinco preceitos:
1. Abstermo-nos
2. Abstermo-nos
3. Abstermo-nos
4. Abstermo-nos
5. Abstermo-nos
de
de
de
de
de
matar qualquer ser
roubar
toda a actividade sexual
mentir
todo o tipo de intoxicantes
Tudo isto, observando e cumprindo o Nobre Silêncio, ou
seja, nem um pio e, se possível, evitar contacto visual com
as restantes alunas durante dez dias. Há ainda a completa
segregação entre homens e mulheres – dormitórios, sala de
refeições e locais de repouso eram separados – e o ioga ou
qualquer outro tipo de exercício físico também não é
aconselhado. A alimentação é estritamente vegetariana e não
é ainda permitido material de leitura, escrita ou música,
nem gravadores ou máquinas fotográficas.
Dúvidas tivessem os leitores que este retiro é do mais
espartano que há, suponho que as terei debelado agora. O
curso de meditação Vipassana não é para meninos. Mas se
acham que os preceitos são duros, reparem no programa das
festas:
04h – Despertar
4h30/6h30 – Meditação na sala de meditação ou no quarto
6h30/08h – Pequeno-almoço
08h/09h – Meditação de grupo na sala de meditação
09h/11h – Meditação na sala de meditação ou no quarto,
segundo instruções do professor
11h/12h – Almoço
12h/13h – Descanso e entrevistas com o professor
13h/14h30 – Meditação na sala de meditação ou no quarto
14h30/15h30 – Meditação em grupo na sala de meditação
15h30/17h – Meditação na sala de meditação ou no quarto,
segundo instruções do professor
17h/18h – Lanche
18h/19h - Meditação em grupo na sala de meditação
19h/20h15 – Discurso do professor na sala de meditação
20h15/21h - Meditação em grupo na sala de meditação
21h/21h30 – Tempo para perguntas
22h – Recolher e apagar as luzes
Dá para perceber o
pela quantidade de
Se ainda não estão
cenário, continuem
quão rigorosos foram estes dias apenas
vezes que escrevi a palavra «meditação».
cansados só de se imaginarem neste
a acompanhar-me no relato.
Encontrei o meu quarto. C3 indicava o dormitório amarelo
(ou de porta amarela) e o número da cama. Era uma decoração
simples, como, de resto, o era a dos outros espaços do
centro, e bastante funcional. Pousei a mala e fui
inspeccionar o espaço à volta. A localização do Monte
Mariposa parece ter sido esculpida pela Natureza de modo a
encaixar o betão e a acomodar o silêncio e a paz. À volta,
sobreiros e oliveiras escondiam-nos do mundo e envolviamnos na mais profunda quietude. Suponho que quem pensou
neste centro tenha previsto tudo. Há um jardim zen que
divide os espaços de homens e mulheres e as paredes da
Mariposa são forradas as janelas que deixam entrar a luz do
dia e, espera-se, a iluminação da mente.
Mas à hora da chegada o barulho da chegada de outros não
deixava usufruir desta calma. Ficaria para mais tarde,
quando o silêncio imperasse. Voltei para dentro e observei
as minhas colegas de curso, que se instalavam amiúde e
trocavam as últimas palavras. Confesso o meu preconceito:
achei que iria estar rodeada de novos hippies, malta que
vive em comunidades, que escolheu formas de vida
alternativas, rastafaris, embaixadores do tofu e defensores
da macrobiótica e de uma estética visual própria. Também as
havia. Mas em número muito menor que mulheres mais comuns,
que poderiam ser a minha vizinha do lado ou a senhora que
me entrega o café e o croquete todos os dias. Havia ainda
um número de colegas estrangeiras apreciável. Espanholas,
polacas, inglesas, suíças, alemãs. Apesar de estes cursos
serem ministrados um pouco por todo o mundo, foi-me
explicado no final que Portugal goza da fama internacional
de ser o local onde o ambiente é mais propício a esta
prática, por razões que vão desde os professores que
organizam os retiros, Eric e Xana, ao ar limpo e puro que
se respira e à qualidade da comida que nos é oferecida. Eu
assino por baixo. Parece que em termos de Vipassana não
precisamos de duodécimos nem de FMI.
Entre as 17 e as 20 andei por ali. A ver por um lado, a
ouvir por outro, a arrepender-me amiúde e a ser tomada por
um estado de nervos geral que só acalmou horas mais tarde.
Serviram-nos a primeira refeição, ainda em modo falador e
em conjunto com os homens, até que o sino tocou pela
primeira vez, um som que seria esperado e temido com a
mesma força por todas as horas e dias que se seguiram.
Entrámos na sala de meditação (único local onde homens e
mulheres se juntavam, ainda que com entradas e saídas por
portas diferentes) onde nos foram lidos e relembrados os
preceitos, deveres, expectativas e prémio final: a
purificação da mente. Eric e Xana, são os professores
associados do Sr. Goenka, o birmanês responsável pelo
conteúdo deste curso, figura omnipresente neste retiro cuja
voz e pronúncia inglesa se assemelhava mais a uma
personagem de uma sitcom americana que a de um guia
espiritual ou facilitador de uma técnica meditativa.
Já me tinha questionado como seriam as aulas. Fiquei a
saber nesse momento. Depois de nos serem atribuídos os
lugares na sala de meditação, que deveríamos manter durante
todo o curso, o professor carregou no botão de play e todos
ouvimos uma gravação com a explicação da técnica, passo a
passo, e demais considerações teóricas sobre a doutrina
budista, gentilmente trazidas pelo Sr.Goenka. Todos os
dias, uma nova etapa. Todos os dias, uma nova gravação. E a
persistência processual deste pormenor, que oferecia a voz
da sabedoria tantas vezes por dia, tornou a estranheza do
trabalho da mente via áudio em mais uma idiossincrasia do
retiro Vipassana. A verdade é que aprendi tudo o que quis
aprender, mesmo que a presença física do mestre não se
verificasse.
Dormi a primeira noite com a certeza de que duras penas aí
viriam. Mais uma vez, não fazia ideia de quão acertados
eram os meus pensamentos.
Na manhã seguinte, o sino tocou, como habitualmente, às 4
horas. Tinha receio de não conseguir acordar, de ter
demasiada fome e não conseguir meditar, de me irritar com
as minhas colegas por não ser uma pessoa que goste
particularmente de se levantar cedo, expressão muito avant
la lettre, neste caso. Nada disso se verificou. Aliás, as
duas primeiras horas de meditação do dia, 4h30/6h30, eram
as mais profícuas. Mente calma e serena, silêncio
sepulcral. Foram estas as horas de maior aprofundamento da
técnica e melhores resultados.
As horas de refeição eram uma bênção. Não só porque a fome
já apertava, mas também porque a comida que nos ofereciam
era maravilhosa. Notava-se o cuidado em variar os menus e
em ter sempre os ingredientes e nutrientes necessários ao
esforço físico e mental que ali vivíamos. Além de me encher
a barriga, comer era, nos piores momentos que ali vivi, o
único consolo a uma tarefa que se revelou muito mais árdua
do que a sua premissa inicial poderia indiciar. Trabalhar a
concentração e o foco, aquietar a mente e torná-la mais
afiada, rapidamente se tornou num duelo entre mim e o meu
ego, entre a minha necessidade de intelectualizar o que me
rodeava e os imperativos categóricos de uma técnica que se
revelou mágica. Comer era mais que alimentar o corpo. Era
permitir uns momentos de indulgência e de mimo à minha
mente em trabalhos forçados. No final de cada refeição,
cada uma de nós levantava o seu prato e lavava-o, num
alguidar, passava-o por água noutro, secava e arrumava.
Este gesto, tão simples, também ganhou outra dimensão.
Senti-o como um exercício de humildade. As mãos em água
fria a apaziguar uma mente fervente e em devir.
Porquê? Porque quando nos sentamos e meditamos por tantas
horas, quando conseguimos controlar a nossa cabeça para a
quietude física e mental, para a concentração na
respiração, numa primeira fase, e depois para as sensações
do corpo, coisas acontecem. Acontece o olhar para dentro de
nós e a noção plena de que estamos completamente sozinhos,
apesar de a sala estar cheia com 80 pessoas. Oito horas
diárias de olhar interior são 480 possíveis minutos de
insights que podem levar a tantos caminhos e verdades
quantas as pessoas presentes. Se juntarmos a isto o
silêncio, a carga horária pesada, cansaço e as dores do
corpo, e toda a bagagem emocional que cada pessoa carrega
consigo, é fácil perceber que os retiros Vipassana são
potencialmente catárticos, independentemente do que isso
significa para cada um de nós.
Eu, que aprendi finalmente a viajar com um trolley e não
com carga em excesso de peso, passei por este retiro com
alguma leveza. Mais do que muitas das minhas colegas, que
fizeram autênticas viagens inter-galácticas. Tomei nota
disso pelo terceiro dia, quando os seus olhares e gestos se
tornaram subitamente mais lentos. Muito mais lentos. Nessa
altura, receei pelos efeitos benéficos do retiro. Que raio
de ajuntamento era aquele que tornavam as pessoas em
zombies? Aquela coisa irritava-me. A passada demorada das
colegas, o olhar perdido no infinito faziam-me pensar que
elas sabem coisas, descobriram o sentido da vida numa folha
de oliveira. E eu não. Estava com o ego a bater máximos
olímpicos. Além disso, doía-me tudo. Não ia preparada para
a dureza física do evento. Já não sentia os joelhos, as
costas, os pés, o cócix. Basicamente, só a minha cabeça
estava operacional, mas também ela dava sinais de claudicar
ante um ego cada mais vez insuflado de certezas absolutas e
moralismos de trazer por casa. Estranhava tudo e analisava
o que via com a lupa de uma luminária intelectual da tanga.
Ou seja, o inverso do que era suposta fazer. Ao quarto dia,
o efeito Vipassana ainda não vivia em mim.
Suponho que não vivesse porque cedo comecei a cometer
enormes faux pas. Para começar, a tal interdição ao
material de escrita era para todos menos para mim. E se
assim pensei, melhor o fiz. O meu Moleskine foi fiel
companheiro e depositário do fio de pensamento. Enchi
páginas e páginas de ruminações e considerações, umas mais
avulsas que outras, que me permitiu traçar um caminho e uma
estratégia a seguir. A dor física e confusão mental eram
tantas que o Monte Mariposa passou a ser o Monte dos
Vendavais e urgia uma estratégia clara. Escrevi sempre e ao
quinto dia, falei. No início não foi o verbo, mas a meio o
dito imperou. Conscientemente. Não porque precisasse de
falar mas porque precisava de sair da norma, de prevaricar,
de ter um vislumbre de vida real na irrealidade dos meus
dias que se tornaram, subitamente, muito mais
interessantes. Fugia para escrever, aproveitava cada
intervalo para concatenar pensamentos e palavras, elaborar
frases e gramática a metro para parar ao mais leve som de
gente nas redondezas. O sussurro veio depois graças à
cumplicidade de uma das minhas parceiras de quarto. E a
partir do momento em que assumimos que mais esse preceito
estava obliterado, foi como se o mundo tomasse novamente o
seu lugar. Eu era uma prevaricadora, e era assim que ia
ser.
A verdade é que o passar dos dias molda-nos os hábitos.
Rapidamente me habituei aos horários, às duas refeições por
dia – depois do intervalo das 17 horas, onde havia apenas
fruta, o estômago não cheirava mais comida – e meditar hora
e meia seguida parecia o mais normal dos actos. No dia em
que consegui estar um dia inteiro de olhos fechados e sem
me mexer em todos os momentos meditativos, senti-me como o
primeiro homem na Lua. Eu, que nasci sem o gene da
disciplina, com um passado de distúrbios do pânico e picos
de ansiedade, tinha conseguido aquietar a mente de uma
forma tal que mal sentia o batimento cardíaco de tão baixo
que estava. As dores tinham desaparecido e os desconfortos
que o corpo sempre gera tinham sido reconhecidos, primeiro,
e ignorados, depois. E quando uma mosca me pousou na cara,
aguentei, firme e hirta como uma barra de ferro. E paro
aqui para que isto não pareça um panegírico
descontextualizado. O meu ponto é apenas este: se eu
consigo, toda a gente que queira consegue.
Esse foi o meu breakeven Vipassana. A partir daí, foi tudo
lucro. Continuei a trespassar as duas leis do retiro
(escrever e falar), a sentir falta de casa, a achar que
tudo aquilo era demasiado duro, mas o que trago comigo
depois de dez dias duríssimos não aprendi em 36 anos de
vida: auto-disciplina, confiança no processo, controle da
mente. Sinto-me um pequeno Ícaro a quem foram dadas novas
asas.
Nem toda a gente viveu a coisa da mesma forma, obviamente.
Algumas pessoas desistiram e uma outra saiu de forma
forçada. Ao nono dia não aguentou e talvez tudo o que se
tenha esforçado a vida toda para esconder tenha vindo à
superfície que o rigor dos dias de retiro sempre propiciam.
Já me perguntaram se aconselho estes dias. Sim e não. Sim,
se estiverem num sítio mental que seja bom, livre e pronto
a trabalhar. Não, se a depressão, os fármacos ou uma
tristeza profunda vos assola. Aliás, os formulários de
admissão são muito claros nesse particular. Se alguém
sofrer de uma condição desse cariz não pode participar.
Mas se, por alguma razão, mesmo estando bem, os efeitos
esperados forem outros, mais emocionais e intensos, então
estão no sítio certo. Mesmo sem falar, o ambiente e o ar
que se respira é de profunda bondade e entreajuda. Aliás,
importa dizer que estes dez dias não são cobrados. Os
cursos de Vipassana vivem, pelo mundo todo, inteiramente
das doações dos seus alunos, sejam oferendas monetárias ou
em voluntariado nos cursos vindouros. Quem inventou a
expressão «não há almoços grátis» não conhecia o Sr.
Goenka. Aqui, existem não apenas almoços grátis, como a
possibilidade de uma qualidade de vida mental muito
apreciável. E isso, de facto, não tem preço.
Bhavatu sabba mangalam – Que todos sejam felizes.
Caixa
Breve explicação da técnica
Esta técnica de meditação Vipassana divide-se em três
fases:
Anapana – poderá ser praticada em dias em que estamos
agitados, inquietos. Começamos com o observar da
respiração, notando o ar a entrar e sair pelas narinas. O
foco deve estar localizado na área abaixo das narinas e
acima do lábio superior, na chamada «zona do bigode». Basta
apenas prestar atenção a cada golfada de ar que entra e
sai. O momento de meditação pode conter apenas esta
primeira fase da técnica ou então pode iniciar-se com ela e
depois mudar para Vipassana.
Vipassana – nesta fase, deveremos observar todas as
sensações do corpo (comichões, dormências, dores, tudo o
que tenha uma raiz física, seja mais forte ou mais
ligeiro), começando pela cabeça e descendo até aos pés.
Sugere-se que paremos a cada sensação sentida, permanecendo
aí uns momentos até continuar o périplo pelo resto do
corpo. O objectivo é notar a impermanência das sensações,
um dos pilares teóricos desta técnica.
Metta – no final do momento de meditação, independentemente
da sua duração, relaxe. Deixe que os pensamentos voltem
gradualmente à mente. E nesse momento, aproveite uns
minutos para sentir ideias e pensamentos de bondade e bemestar para todos os seres vivos.
Caixa
Vipassana nas prisões
O primeiro curso de dez dias ministrado em prisões data de
meados da década de 70, na Índia. Objectivo: aguentar as
condições adversas nas prisões indianas. O documentário
«Doing Time, Doing Vipassana», de 1997, conta a história
dos esforços de Kiren Bedi, inspector prisional, em levar
esta técnica meditativa aos mais duros criminosos nas
prisões. O documentário chamou a atenção mundial e inúmeras
prisões adoptaram o método, não apenas para os condenados
mas também para o staff prisional. A utilidade da medida
não se coloca tanto aos prisioneiros de longa duração que
não vislumbram uma vida de liberdade, antes aplica-se com
mais propriedade nas prisões de segurança mínima e cárceres
com data de libertação prevista. A estes aliás, a prática
de Vipassana faz todo o sentido. Ao conseguirem, «ver a
realidade como ela é» (significado de Vipassana), acalmando
as suas mentes e encontrando uma cura e purificação
interiores, a esperança é como que paliativa ao permitir
que cada um dos prisioneiros encontre um novo caminho e
quebre o ciclo de detenções.
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A Arte de Viver Parece-me importante registar, antes do