Egito Antigo e o Imperialismo britânico no século XIX:
as descobertas do antiquarista Giovanni Belzonni
Natascha de Andrade Eggers
PET História - MEC/SESU
Orientadora: Renata Senna Garraffoni
INTRODUÇÃO: O fascínio de outras sociedades pelo
Egito Antigo levou diversos viajantes europeus, durante
o século XIX, a constituírem coleções de artefatos e
peças antigas egípcias para serem expostas em
museus nacionais, se valendo da cultura de civilizações
antigas, para criarem sua própria história. Considerando
esse contexto, o objetivo da presente pesquisa é
compreender a relação entre o Império Britânico e o
Antigo Egito, enfatizando como os primeiros utilizaram a
imagem da civilização egípcia para a construção de
uma identidade e memória nacional.
MÉTODO: A fonte utilizada para esta pesquisa foi o diário
de viagem do italiano Giovanni Belzoni, que viajou pelo
Egito entre os anos de 1816 e 1819. Busquei
compreender como Belzoni, constrói o discurso em seu
diário e suas implicações político-ideológicas, uma vez
que Belzoni constituiu grande coleção de peças egípcias
do Museu Britânico. Para isso, a metodologia escolhida
foi analisar a bibliografia de base teórica e a fonte,
focando em alguns temas: os usos do passado, a
relação entre Nacionalismo e Arqueologia, Imperialismo
e questão do Oriente como o outro.
MAYES, S. The great Belzoni: the circus strongman who
discovered Egypt’s treasures. London: I. B. Tauris, 2006
VERCOUTTER, J. Em busca do Egito esquecido. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2002. Pg. 54.
SAID, E. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente.
São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
RESULTADOS: Analisando o diário, percebe-se como Belzoni
contribui, com suas descobertas, para a construção de uma
identidade nacional britânica que se basearia nas coleções dos
museus para construir seu passado. Após o contato dos europeus
com os egípcios, o olhar e o discurso do viajante destacam que o
Oriente se torna o oposto do Ocidente; sendo um local que possibilita
a comparação da cultura europeia com outras diferentes culturas e a
afirmação da suposta superioridade da primeira. Como resultado
dessa dominação, ocorre a pilhagem da cultura material e, também,
de riquezas das sociedades orientais, como no caso das peças
egípcias antigas, que acabavam sendo vistas como propriedade dos
invasores europeus.
CONCLUSÕES: As interpretações modernas feitas acerca do mundo
antigo foram essenciais para a construção de discursos de poder na
Europa. A partir disso, pode-se concluir que Belzoni justifica em seu
discurso, a presença europeia no Egito, em especial a inglesa, tanto
em relação à forma como se refere aos nativos, como povos sem
civilização que precisariam da tutela europeia; quanto em relação às
peças egípcias antigas que, no discurso de Belzoni, deveriam ser
levadas para a Inglaterra como único meio de serem valorizadas.
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