Os tratamentos do diabetes em alguns pacientes são
mais negativos do que positivos
03/07/2014
Os tratamentos de pessoas com diabetes tipo 2 frequentemente são mais negativos do
que positivos, afirma hoje uma nova pesquisa.
Para muitas pessoas, as vantagens de tomar medicamentos para tratar o diabetes são tão
pequenas que são superadas pelos danos e riscos menores que acompanham o
tratamento.
Não só isso, mas também os benefícios do tratamento diminuem com a idade e cerca
dos 75 anos os danos da maior parte dos tratamentos provavelmente superam qualquer
benefício potencial.
Em um estudo realizado por uma equipe do University College London em colaboração
com a Universidade de Michigan e o Hospital Veterans Affairs da Ann Arbor, em
Michigan, Estados Unidos, chegou-se à conclusão de que as vantagens de tomar
medicamentos dependem menos da concentração sanguínea de glicose que da idade e
dos efeitos secundários do tratamento.
A pesquisa, publicada na JAMA Internal Medicine, utilizou um estudo de 20 anos sobre
o diabetes tipo 2 que incluiu 5102 pessoas no Reino Unido para modelar as vantagens
ou desvantagens reais para a qualidade de vida relacionadas com o tratamento dirigido a
reduzir a glicose sanguínea.
O professor John Yudkin, professor emérito de medicina no University College London,
coautor do último artigo, disse que em muitos casos o tratamento com insulina poderia
não melhorar a esperança de qualidade de vida do paciente.
«Se as pessoas considerarem que o tratamento com insulina reduz sua qualidade de vida
em algo mais de cerca de 3% a 4%, isto superará qualquer vantagem potencial obtida
pelo tratamento em quase todas as pessoas com diabetes tipo 2 de cerca de 50 anos»,
disse.
A equipe de investigadores analisou o quão eficazes eram os tratamentos do diabetes
para prevenir as complicações associadas ao diabetes, como a nefropatia, a retinopatia e
a cardiopatia. Também compararam a redução do risco de tais complicações com o
incremento do risco de efeitos secundários e a carga que representa tomar pastilhas ou
receber injeções.
«Em última instância, o objetivo de um tratamento não é reduzir a glicemia em si, mas
evitar as complicações incapacitantes ou mortais», explica o professor Yudkin.
«Se o risco destas complicações for adequadamente baixo e a morbidade do tratamento
for correspondentemente alta, o tratamento envolve mais danos do que benefícios. O
equilíbrio entre estes dois aspectos nunca pode se definir por um simples número como
a concentração de glicose no sangue».
Ele disse que uma pessoa com diabetes tipo 2 que começa tratamento com 45 anos de
idade e reduz 1% suas concentrações de hemoglobina A1c pode ganhar até 10 meses de
vida saudáveis. Contudo, com 75 anos as pessoas podem ganhar um mínimo de três
semanas de vida saudável.
Embora o estudo seja aplicável à maioria dos pacientes com diabetes tipo 2 com
concentrações de hemoglobina A1c abaixo de 8,5%, as vantagens do tratamento
possivelmente serão maiores nos pacientes com concentrações de glicose sanguínea
muito elevadas.
O autor principal Sandeep Vijan, professor de medicina interna na Escola de Medicina
da Universidade de Michigan, disse: «Nas pessoas com diabetes tipo 2, o controle das
concentrações de glicose no sangue é decisivo para evitar as complicações relacionadas
com o diabetes, tais como nefropatia, retinopatia e cardiopatia, mas a pergunta é o quão
baixas devem ser as concentrações.
«Se alguém está tendo glicemias baixas, aumentando de peso ou resulta que as injeções
frequentes de insulina alteram sua vida cotidiana - tudo para benefícios mínimos na
saúde - os fármacos estão sendo mais negativos que positivos. A prescrição de
medicamentos não só tem o propósito de reduzir os riscos das complicações, mas
também de ajudar os pacientes a viver bem e a ter uma qualidade de vida alta em geral».
Fonte: doctors.net.uk
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