Diabetes Mellitus na
Infância e Adolescência
Dra. Gislaine Vissoky Cé e Dra. Marcia Puñales
Diabetes Mellitus na
Infância e Adolescência
Dra. Gislaine Vissoky Cé
Endocrinologista
Endocrinologista do Instituto da Criança com Diabetes
Mestrado em Ciências Médicas: Endocrinologia, HCPA, UFRGS
Especialista em Endocrinologia e Metabologia, SBEM
Conceito
 O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica
crônica que se caracteriza por hiperglicemia
secundária a defeitos na produção de insulina (DM tipo
1) eou ação da insulina (DM tipo 2).
 A insulina é um hormônio que é produzido pelas
células pancreáticas nas Ilhotas de Langerhans.
Célula β-pancreática
IDF Diabetes Atlas, 6ª Ed. 2013
SBD: 12.054.827 milhões
IDF Diabetes Atlas, 6ª Ed. 2013
Epidemiologia: Diabetes Tipo 1
International Diabetes Federation - Diabetes Atlas, 2013, 6h Ed
Brasil: 120.000 mil crianças e adolescentes com DM1
RS: 9.000 mil crianças e adolescentes
312 novos-casos/ano
2.761
Pacientes em atendimento
CRESCIMENTO
531%
Normal
Pré-Diabetes
Diabetes
GLICEMIA DE JEJUM
(mg/dL)
TESTE DE TOLERÂNCIA ORAL A
GLICOSE (2h) OU GLICEMIA
CASUAL (mg/dL)
70 - 99
< 140
100 - 125
140 - 199
≥ 126
≥ 200
TTOG 2h em crianças: 1,75g/kg até 75g
 Sinais e Sintomas: poliúria, polidipsia, polifagia e
emagrecimento.
 Hemoglobina glicada (A1c): ≥6,5%.
Adaptado de American Diabetes Association. Diabetes Care 37: S11-66, 2014
1.Diabete Mellitus Tipo 1 (DM1): 5 a 10%
2.Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2): ~90%
3 Diabetes Gestacional
4. Outros tipos específicos de diabetes
American Diabetes Association. Diabetes Care 37: S11-66, 2014
Como funciona corpo normalmente?
Quando comemos, os carboidratos,
proteínas e gorduras, presentes nos
alimentos, são transformados em
glicose.
A principal fonte de energia para as
células vem dos carboidratos sob a
forma de glicose.
A insulina tem a função de levar a
glicose para dentro das células para
que esta possa ser aproveitada!
Efeitos da Deficiência de Insulina
Diabetes Mellitus Tipo 1
 É a forma de diabetes que mais
afeta crianças e adolescentes
(>95%).
 Caracteriza-se por um defeito
na secreção ABSOLUTA de
insulina pela célula betapancreática.
 Os sinais e sintomas aparecem
de forma abrupta e rápida.
 O tratamento com insulina é
imprescindível.
Fisiopatogenia do Diabetes Tipo 1
Fatores genéticos
(Tendência)
Fatores Ambientais
+
Vírus (Caxumba, Rubéola),
Estresse intenso, Def. Vit D,
Desconhecidos/ Estudo
Ativação do Sistema de Defesa
(anticorpos)
Destruição das Células do Pâncreas
(Ilhotas de Langherhans)
Falta de Insulina e aparecimento do DIABETES
Diabetes Mellitus Tipo 2
 Responsável >90%
formas de diabetes.
de
todas
as
 Ocorre com mais frequência após 3540 anos de idade.
 Raro na infância e adolescência (23%).
 Caracteriza-se principalmente
defeito na ação da insulina.
por
 80% das pessoas com DM2
apresentam sobrepeso ou obesidade.
 Tratamento:
antidiabéticos
orais
Alguns casos requerem tratamento
com insulina.
Nove meses
de idade e.....
25 kg
Situações Agudas do Diabetes
 Hipoglicemia e hiperglicemia
 Dias de doença
 Cetoacidose diabética
Sinais e Sintomas: Hiperglicemia
 Aumento da quantidade de urina
(poliúria)
 Sede aumentada (polidipsia)
 Fome excessiva (polifagia)
 Emagrecimento
 Cansaço, desânimo
 Visão borrada
 Manejo: hidratação oral e dose extra
de insulina rápida ou ultrarrápida
Hipoglicemia
 Glicemia: ≤70 mg/dL
 Assintomática
 Sintomática palidez, tremores, sudorese,
taquicardia, palpitações, dor de cabeça,
irritabilidade, tontura, sonolência, fome
súbita, dificuldade de concentração,
alteração de comportamento, confusão
mental.
 Hipoglicemia Grave: Convulsão, perda de
consciência ou auxílio de terceiros.
Causas de Hipoglicemia
 Comer menos, atrasar ou omitir refeições.
 Praticar atividade física de forma exagerada e não
planejada.
 Aplicar dose maior de insulina que a prescrita.
 Outras causas: aplicação de insulina em local errado
(músculo), troca de insulinas (rápida no lugar da
lenta), vômitos (dias de doença) e consumo de
bebida alcoólica.
O que fazer se hipoglicemia?
Verificar a glicemia imediatamente
Se glicemia entre 50 – 70mg/dL
Antecipar a refeição ou lanche misto
(carboidratos+proteína+gordura.
Ex.:sanduíche com queijo e leite)
Obs.: Após um episódio de hipoglicemia, realizar testes
com maior frequência!
O que fazer se hipoglicemia?
Se glicemia menor ou igual a 50mg/dL
Administrar
líquido açucarado.
Aguardar 15 minutos
e realizar teste.
Se continuar menor
ou igual a 50mg/dL,
repetir o líquido açucarado.
Repetir este procedimento
até glicemia ficar
maior que 50mg/dL.
Se estiver maior
que 50mg/dL,
fazer um lanche
ou antecipar refeição.
Vômitos repetitivos,
perda de consciência
ou convulsões.
Açúcar ou mel entre a
gengiva e a bochecha ou
usar Glucagon
Procurar atendimento
Médico!
Quando consciente:
alimentar-se!
Dias de Doença
Virose, Infecção, Stress, Crise de dor
Produção de hormônios de stress
(Contra-reguladores)
Hiperglicemia e diminuição do efeito da ação
da insulina (Resistência insulínica)
O que pode acontecer nos
Dias de Doença?
 HIPERGLICEMIA (Glicemia elevada): devido ao stress,
aumento dos contra-reguladores e menor efeito da
ação da insulina. Se não tratada  CETOACIDOSE.
 HIPOGLICEMIA (Glicemia diminuída): devido a
náuseas e vômitos persistentes ou a diminuição da
ingesta de alimentos (amigdalite, gastroenterite).
Dias de Doença:
O que devo fazer?
 Líquidos
 Insulina
 Alimento
Dias de Doença:
Virose, Infecção, Stress, Crise de dor
Produção de hormônios de stress
(Contra-reguladores)
Hiperglicemia e diminuição do efeito da ação
da insulina (Resistência insulínica)
CETOACIDOSE DIABÉTICA
Fisiopatologia da Cetoacidose
FALTA DE INSULINA
HIPERGLICEMIA
e/ou
STRESS
HORMÔNIOS CONTRA-INSULÍNICOS
(GH, GLUCAGON, ADRENALINA, CORTISOL)
NAUSEA, VÔMITOS
DESIDRATAÇÃO, HÁLITO
CETÔNICO
 PRESSÃO ARTERIAL
SONOLÊNCIA, TORPOR,
COMA
UTI ou Emergência
FORMAÇÃO DE
CORPOS CETÔNICOS
(DEGRADAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS)
ACIDEMIA
Diabetes na Escola
 Os familiares devem informar à
escola que o filho tem diabetes.
 Os familiares devem fornecer
informações sobre o Diabetes
(orientar o professor).
 A escola deve permitir que o
aluno vá ao banheiro sempre
que necessário.
 A escola deve permitir que o
aluno realize o lanche,se sinais
e sintomas sugestivos de
hipoglicemia.
Atividade Física e Diabetes
 Tendo diabetes posso fazer
atividade física
Sim... se estiver compensado.
• A atividade física, na escola,
deve ser realizada normalmente.
• A integração da criança na
prática
esportiva
é
muito
importante, pois representa a
possibilidade de integração em
todas as atividades escolares.
IMPORTANTE SABER:
1. Atividade física pode favorecer
o aparecimento de hipoglicemia
durante, imediatamente após,
ou várias horas após o término
da atividade.
2. Se atividade física mais intensa
e/ou longa duração, deve-se
realizar ajustes na alimentação
e/ou na dose de insulina.
Diabetes Mellitus na
Infância e Adolescência
Dra. Marcia Puñales
Endocrinologista Pediátrica
Endocrinologista Pediátrica do Instituto da Criança com Diabetes e Hospital da Criança Conceição
Preceptora de Endocrinologia Pediátrica do Serviço de Endocrinologia do Grupo Hospitalar Conceição
Mestrado e Doutorado em Ciências Médicas: Endocrinologia, HCPA, UFRGS
Especialização em Endocrinologista Pediátrica, UEP, UFPR
Especialista em Endocrinologia e Metabologia, SBEM
Tratamento
Diabetes Mellitus Tipo 1
Educação em
Diabetes
Insulina
Alimentação
Auto
monitorização
Atividade física
Objetivo
Tratamento Intensivo
 Manter o bom controle glicêmico e metabólico,
 Diminuir as internações por complicações agudas
(hipoglicemia e cetoacidose),
 Prevenir ou postergar as complicações crônicas (micro
e macrovasculares),
 Diminuir a ocorrência de problemas psicossociais
(transtornos alimentares, depressão e desajuste social)
e,
 Estimular a adoção de hábitos de vida saudável e a
prática de atividade física.
Níveis plasmáticos
de insulina
Reposição de Insulina
Insulina endógena
Insulina em bolus
Insulina basal
Café da Manhã Almoço
Jantar
Horário do dia
McCall AL. In: Leahy JL, et al. Insulin therapy. New York, NY: Marcel Dekker; 2002. p. 193-222.
Bolli GB, et al.Diabetologia. 1999;42(10):1151-67.
Tratamento Intensivo:
Esquema Basal-Bolus
 Múltiplas doses de insulina ao dia (MDI):
 Basal:
Insulina de Ação intermediária: NPH (2 a 4xdia) ou
Análogo de Ação prolongada:
Glargina (Lantus®,1xdia) e Detemir (Levemir®,1 ou 2xdia)
 Bolus (Correção da Glicemia e Refeição):
Insulina de Ação rápida: Insulina Regular
Análogo de Ação ultrarrápida: Lispro (Humalog®), Asparte
(Novorapid®), Glulisina (Apidra®)
 Sistema de Infusão Contínua de Insulina (SICI) ou
Bomba de Infusão Contínua de Insulina.
Perfil de Ação:
Insulinas e Análogos de Insulina
Ultrarrápida (lispro, asparte, glulisina)
Intensidade
Regular
NPH
Glargina
Detemir
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Tempo
Adaptado de: Therapy for diabetes mellitus and relates disorders. 5th ed. ADA 2009: 234.
20
Glicemia média (mg/dl)= 28,7 X A1C – 46,7
Tschiedel B, Puñales M et al. Insulinas: Insulinizando o Paciente com
Diabetes, 2013
Complicações Crônicas do Diabetes
Diabetes Mellitus e Complicações Crônicas
Tempo de evolução do diabetes, tempo de mau controle, predisposição genética e
doenças associadas como dislipidemia, HAS e tabagismo
DCCT
Tratamento Intensivo x Convencional
Tratamento Intensivo:
 76% retinopatia
 60% neuropatia
 39% nefropatia
The Diabetes Control and Complications Trial Research Group (DCCT). NEJM 329;977-986, 1993
Tratamento: DM1
Educação em
Diabetes
Insulina
Alimentação
Auto
monitorização
Atividade física
Recomendações Nutricionais
 Alimentação saudável: qualidade, quantidade e
quando (3Qs).
 Fracionamento refeições.
 Plano alimentar: Contagem de Carboidratos
(ideal) ou Convencional.
 Valor calórico total adequado para adquirir, reduzir
ou manter o peso ideal (sexo, idade).




Carboidratos:
Proteínas:
Lipídios:
Fibras:
50 a 60%
10 a 20%
até 30% (<10% saturado)
20 a 35 gramas
American Diabetes Association. Diabetes Care 36: S11-66, 2013
Tratamento: DM1
Educação em
Diabetes
Insulina
Alimentação
Auto
monitorização
Atividade física
Aplicação de Insulinas e Análogos
 Seringas
 Canetas descartáveis
 Canetas reutilizáveis
 Sistema de infusão contínua de insulina (Bomba
de insulina)
 Injetores de insulina
Seringa com Agulha Acoplada (fixa)
Comprimento de
Agulhas
6mm
8mm
12,7mm
Graduação
½ em ½U
1 em 1U
2 em 2U
Capacidade
100U
50U 30U
100U 50U 30U
100U
Canetas Injetoras
Canetas Reutilizáveis
Canetas Descartáveis
Sistema de Infusão Contínua de Insulina
(SICI ou Bombas de Insulina)
1ª Bomba
Bombas atuais
Injetores de Insulina sem Agulha
Onde aplicar?
Derme
Subcutâneo
Músculo
Prega subcutânea?
DEPENDE DO COMPRIMENTO DA AGULHA
* Livreto preparo e aplicação de insulina BD Bom Dia
Os 8 Cuidados com Uso da Insulina
1. Higiene.
2. Conservação.
3. Transporte.
4. Validade.
5. Preparo.
6. Aplicação.
7. Comprimento de agulhas.
8. Descarte.
Monitorização
 Verificação da glicemia capilar (GC), necessária para
avaliar o controle glicêmico em diferentes horários,
permitindo ajustes no tratamento.
 ADA: 5-7 testes/dia (DM1).
American Diabetes Association. Diabetes Care 36: S11-66, 2013
Os 8 Cuidados na Monitorização
1. Observar conservação.
2. Não misturar lotes de tiras.
3. Observar o código.
4. Observar a calibração.
5. Aplicar gota de sangue suficiente.
6. Observar validade.
7. Lavar e secar bem as mãos.
8. Manter data e hora ajustados.
Cuidados: Monitorização
Hi
Lo
E-1
Resumo e Conclusões
 O tratamento do DM1 requer tratamento insulínico
intensivo, plano alimentar balanceado, prática de
atividade física regular e automonitorização.
 O acompanhamento com equipe interdisciplinar auxilia
no controle da doença e no suporte emocional do
paciente e seus familiares.
 A escola tem um papel importante na integração da
criança e adolescente em seu ambiente, além de
fornecer suporte emocional e técnico em situações
especiais, como durante prática de atividade física e
hipoglicemias.
Jantar Ilhas de Gastronomia
09/10/2014
16ª Corrida para Vencer o Diabetes
Maio/2015
2007
Tratamento com Insulina: Salva uma Vida!!!
Patient JL, December 15, 1922: INSULINA
February 15, 1923
Obrigada!!!
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