/ ESTIMATIVA DE RUÍDO ESTRUTURAL ATRAVÉS DE FÓRMULAS EMPÍRICAS: APLICAÇÃO EM NAVIOS E PLATAFORMAS OFFSHORE Víctor Manuel Palma Contreras Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Oceânica, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Oceânica. Orientadores: Severino Fonseca da Silva Neto Luiz Antônio Vaz Pinto Rio de Janeiro Setembro de 2013 ii ESTIMATIVA DE RUÍDO ESTRUTURAL ATRAVÉS DE FÓRMULAS EMPÍRICAS: APLICAÇÃO EM NAVIOS E PLATAFORMAS OFFSHORE Víctor Manuel Palma Contreras DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA. Examinada por: ______________________________________________ Prof. Severino Fonseca da Silva Neto, D. Sc. ______________________________________________ Prof. Luiz Antônio Vaz Pinto, D. Sc. ______________________________________________ Prof. Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto, Dr.Ing. ______________________________________________ Antonio Carlos Ramos Troyman, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL. SETEMBRO DE 2013 iii Contreras, Víctor Manuel Palma. Estimativa de Ruído Estrutural Através de Fórmulas Empíricas: Aplicação em Navios e Plataformas Offshore/ Víctor Manuel Palma Contreras. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2013. XIII, 98 p.: il.; 29,7 cm. Orientadores: Severino Fonseca da Silva Neto Luiz Antônio Vaz Pinto Dissertação (mestrado)–UFRJ/COPPE/ Programa de Engenharia Oceânica, 2013. Referências Bibliográficas: p.95-98. 1. Ruído Estrutural. 2. Ruído em Navios e Plataformas. 3. Análise Computacional. I. Silva Neto, Severino Fonseca da et al.II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Oceânica. III. Título. iv Dedicado a meus sobrinhos: Antonella, Anais, Nina, Isidora e Alén. v AGRADECIMENTOS Antes de mais nada, quero agradecer ao Brasil por me dar a oportunidade de estudar o mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o que seria impossível no meu país sem antes me endividar, pelo menos por cinco anos, também agradecer à agencia Nacional de Petróleo (ANP) pela ajuda econômica nestes dois anos e meio. Quero agradecer aos meus familiares, minha mãe e meu pai, pelo esforço para criarme, às minhas irmãs Montserrat, Millaray e, em especial, a Andrea por me dar a alegria de ser tio em um dos dias mais estranhos que tive no Brasil nestes dois anos e meio. Gostaria de agradecer também à minha tia Margarita pelo carinho que sempre me dedicou, e a tantas outras pessoas que compõem minha família e que sempre me apoiaram; Yaya, Lula, meu avô Manuel, Tati, Veno, Roberto, Vivi, Pati, entre outros, uma família tão grande e unida, que me faz sentir afortunado na vida. Também agradeço aos meus parentes queridos que não estão mais entre nós, em especial meus avós Carmen e Jorge que sempre estão no meu coração, e ao tio Hector que nos deixou muito cedo e de quem não consegui me despedir e felicitar por seu esforço nos últimos tempos. Quero agradecer também aos professores da banca pela ajuda, apoio e interesse em me ajudar no meu desenvolvimento profissional, ao Prof. Luiz Antônio Vaz Pinto pela ajuda na escolha do tema da tese, ao Eng. Antonio Carlos Ramos Troyman pela paciência na revisão do texto e na elaboração do programa AR3, ao Prof. Severino Fonseca da Silva Neto pela boa disposição com a documentação necessária, e ao Prof. Fernando Noronha Castro Pinto pela boa disposição com a data da defesa. Também ao Prof. Carlos Pereira Belchior pela ajuda quando cheguei ao Brasil, ao Professor Ulisses Monteiro pela ajuda na bibliografia da tese e ao engenheiro Juan Bueno pela paciência e ajuda no desenvolvimento do programa AR3. Agradeço também ao pessoal do LEDAV, em especial à Denise, pela boa disposição em ajudar no que foi necessário e à dona Carmen pelo carinho e excelentes cafés que só ela sabe fazer. Também quero agradecer a meus companheiros do LEDAV, sempre dispostos a prestar ajuda quando foi necessário. Agradeço a Elan Barreto pela ajuda nos primeiros e difíceis dias no Brasil quando ainda nem entendia o idioma e não tinha nem onde morar tranquilo. A meu amigo vi Vicente Magalhães pela ajuda nestes anos quando morava na Pereira da Silva, um exemplo de nobreza. Agradeço, também, a meus amigos tanto do Chile como de Peru, Colômbia, Alemanha, etc., pelo apoio e pelas boas vibrações de sempre. Finalmente, quero agradecer a essa mulher maravilhosa, Victoria Santos, pois sou afortunado de conhecer uma mulher tão lutadora e linda, muito obrigado pela ajuda e amor neste ano e meio que conheço você. A palavra fascinante não é suficiente para descrever sua pessoa. Estava me faltando a “ia” na vida. vii Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.) ESTIMATIVA DE RUÍDO ESTRUTURAL ATRAVÉS DE FÓRMULAS EMPÍRICAS: APLICAÇÃO EM NAVIOS E PLATAFORMAS OFFSHORE Víctor Manuel Palma Contreras Setembro / 2013 Orientadores: Severino Fonseca da Silva Neto Luiz Antônio Vaz Pinto Programa: Engenharia Oceânica O objetivo da tese é Avaliar o cálculo de ruído estrutural produzido pelas diversas maquinarias e sua propagação em estruturas complexas, neste caso, navios e plataformas Offshore. A metodologia está baseada em procedimentos semiempíricos de cálculo de ruído obtidos por Fischer et al . A metodologia vai ser incorporada como complemento de um programa desenvolvido no Laboratório de Ensaios Dinâmicos e Análise de Vibração (LEDAV) da COPPE/UFRJ para determinar ruído em navios e plataformas, denominado AR³ e codificado em plataforma Visual Basic 6.0. A vantagem da metodologia proposta é a economia de tempo no cálculo do ruído em comparação com outros métodos de previsão de ruído que demandam maior tempo e capacidade de memória dos computadores como o Método dos Elementos Finitos (MEF), o Método dos Elementos de Contorno (MEC) e a Análise Estatística de Energia (Statistical Energy Analysis - SEA) A metodologia vai considerar a análise de três modelos, sendo cada um destes analisados em diferentes condições de operação, podendo estar o navio em trânsito ou em manobras. No caso das plataformas, estas vão ser consideradas com a maior parte dos equipamentos em operação, exceto os equipamentos de emergência e de reserva. Os resultados obtidos da parcela de ruído estrutural vão ser adicionados ao cálculo geral do ruído, levando-se em conta a parcela de ruído aéreo (previamente calculado), o qual será finalmente comparado com medições realizadas em provas de mar e o método SEA. viii Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.) ESTIMATIVE FOR THE STRUCTURAL NOISE USING EMPIRICAL FORMULAS: APPLICATION TO SHIPS AND OFFSHORE PLATFORMS Víctor Manuel Palma Contreras September / 2013 Advisors: Severino Fonseca da Silva Neto Luiz Antônio Vaz Pinto Department: Ocean Engineering The main goal of this thesis is to develop a calculus methodology for the structureborne noise caused by the several machines present in complex geometry, in this case represented by ships and offshore platforms. The employed methodology is based on the semi-empirical procedures for noise calculations developed by Fischer et all [9], [10]. This calculus methodology will be incorporated in a computer program that was elaborated in the Dynamic Experiments and Vibration Analysis Laboratory (LEDAV) of COPPE/UFRJ for the determination of noise onboard ships and offshore platforms, called AR³, and that was coded in the Visual Basic 6.0 environment. The proposed methodology advantage is the noise calculation time savings compared to other prediction methods which requires computer larger time and memory capacity such as the Finite Elements Method (FEM), the Boundary Elements Method (BEM) and the Statistical Energy Analysis (SEA). The methodology will consider the analysis of three models, each one taking different operating condition, with the ship in transit or in maneuver. For the platform case, this will consider most of the equipments under operating conditions, except for the emergency and the reserve ones. The obtained results for the structureborne noise part will be added to the general noise calculation, taking into account the part referring to the airborne noise (previously calculated), which will finally be compared to sea trial measurements. ix SUMÁRIO Capítulo 1 - Introdução ............................................................................................................. 1 1.1 O Problema do Ruído em Navios e Suas Implicações ......................................................... 1 1.2 Revisões Bibliográficas ...................................................................................................... 3 1.3 Justificativa ......................................................................................................................... 8 1.4 Objetivo ............................................................................................................................ 10 Capítulo 2 - Métodos de Predição de Ruído ............................................................................. 11 2.1 Regiões de Baixa Frequência .......................................................................................... 13 2.2 Método de Helmholtz ...................................................................................................... 16 2.3 Análise por Elementos de Contorno (MEC) ..................................................................... 16 2.3.1 Método direto ............................................................................................................ 18 2.3.2 Método indireto ......................................................................................................... 18 2.4 Metodologia Integral de Rayleigh ................................................................................... 20 2.5 Análises dos Elementos Finitos (MEF) ............................................................................. 21 2.5.1 Método da Pressão .................................................................................................... 22 2.5.2 Método do Deslocamento ......................................................................................... 24 2.6 Análise Numérica Modal ................................................................................................... 24 2.7 Regiões de altas frequências: Análise Estatística de Energia (SEA). ................................. 25 2.8 Métodos Semi-Empíricos ................................................................................................. 29 Capítulo 3 - Metodologia Proposta para Predição de Ruído ...................................................... 31 3.1 Descrição do Ruído Aéreo ............................................................................................... 31 3.2 Ruído HVAC ..................................................................................................................... 33 3.2.1 Fontes Emissoras ........................................................................................................ 33 3.2.2 Meios de propagação ................................................................................................. 33 3.3 Ruído Estrutural................................................................................................................ 33 3.3.1 Metodologia de Cálculo do Ruído Estrutural. .......................................................... 35 3.3.2 Níveis de Ruído Estrutural da fonte. .......................................................................... 35 A.Motor tipo diesel.....................................................................................................36 B.Bombas……………………………………………..……………………………………………………………...37 C.Outras fontes...........................................................................................................38 3.3.4 Perdas na Propagação do Ruído Estrutural. ............................................................... 42 3.3.7 Fator de Perda (η):..................................................................................................... 47 3.3.9 Interação Estrutural Acústica. .................................................................................... 52 3.3.10 Conversão de Ruído Estrutural para Ruído Aéreo................................................... 52 x 3.3.11 Conversão de Ruído Aéreo para Ruído Estrutural ................................................... 54 3.4 Integrações dos Módulos no AR³ ...................................................................................... 56 Capítulo 4 - Análise dos Navios ............................................................................................... 58 4.1 Modelo Computacional ................................................................................................... 60 4.2 Considerações Gerais na Análise dos Modelos ................................................................. 64 4.3 Considerações Particulares ............................................................................................. 65 4.3.1 Unidade A: Navio AHTS ............................................................................................. 66 4.3.2 Unidade B: Plataforma FPSO ..................................................................................... 66 4.3.3 Unidade C: Navio de Perfuração Submarinha ............................................................ 67 4.4 Resultados e Comparações ............................................................................................... 67 4.4.1 Resultados Comparativos do Ruído nos Modelos .................................................... 68 Capítulo 5 –Análise dos Resultados ......................................................................................... 77 5.1 Análise do Modelo A ........................................................................................................ 77 5.2 Análise do Modelo B ........................................................................................................ 85 5.3 Análise do Modelo C ......................................................................................................... 90 5.4 Particularidades nos modelos. .......................................................................................... 91 Capítulo 6 Conclusões ............................................................................................................. 93 Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 95 xi LISTA DE FIGURAS Figura 1. Porcentagem de menção dos distintos critérios de conforto a bordo dos navios (Goujard, 2005). ............................................................................................................................ 1 Figura 2. Distribuição histórica das rotas dos navios mercantes: distribuições do Pacifico e Atlântico Norte. (United States Naval Oceanographic Office) ...................................................... 2 Figura 3 Diferença entre os nós em elementos finitos e elementos de contorno ..................... 17 Figura 4 (a) Superfície plana, (b) Superfície côncava com reflexões, (c) Superfície convexa com uma superfície não visível no ponto P. ....................................................................................... 21 Figura 5 Dois sistemas vibroacústicos conectados e com fluxo de energia ................................ 27 Figura 6. Método de analise de ruído no navio. ......................................................................... 31 Figura 7. Esquema de propagação de ruído em um navio ....................................................... 41 Figura 8. Esquema de um navio indicando uma fonte (motor principal) e um receptor. .......... 42 Figura 9. Esquema do plano cortante de ruído estrutural. ......................................................... 43 Figura 10 Plano vertical: Menor caminho entre a fonte e o receptor ........................................ 43 Figura 11. Projeção da Máquina no Volume ............................................................................. 44 Figura 12 Esquema para o cálculo da perda de ruído Estrutural no volume da fonte............... 45 Figura 13 Propagação ruído estrutural ....................................................................................... 46 Figura 14 Características de amortecimento da estrutura em frequência de banda de oitava. ..................................................................................................................................................... 49 Figura 15 Fator de amortecimento de estrutura mais um recobrimento. ................................. 49 Figura 16 Características estimativas do fator de perda da estrutura recoberta por ambas caras. ........................................................................................................................................... 50 Figura17 Plataforma FPSO........................................................................................................... 58 Figura 18 Navío AHTS (Anchor Handling Tug Supply) ................................................................. 59 Figura 19 Navio Sonda ou de perfuração. ................................................................................... 59 Figura 20 Entrada dos dados dos painéis e suas características no AR3 .................................... 60 Figura 21 Entrada de dados dos materiais no AR3 ..................................................................... 61 Figura 22 Modelo representando um navio no programa AR³ .................................................. 61 Figura 23 Dados das potencias sonoras em banda de oitava .................................................... 62 Figura 24 A figura representa os dados para o cálculo de ruído estrutural ............................... 62 Figura 25 Resultados em formato de tabela .............................................................................. 63 Figura 26 Resultados em forma de gráfico de barras (ruído aéreo (vermelho), ruído ............... 63 Figura 27 Resultados em forma de espectro de ruído com curvas NC ...................................... 64 Figura 28 Corredor 1: Ruído Aéreo ............................................................................................. 68 Figura 29 Tabela Corredor 1: Ruído Aéreo e estrutural .............................................................. 68 Figura 30 AR3 x Medições - Navio em Viagem - Convés Principal ............................................... 81 Figura 31 AR3 x Medições - Navio em Viagem - Convés A .......................................................... 81 Figura 32 AR3 x Medições - Navio em Viagem - Convés B........................................................... 82 Figura 33 AR3 x Medições - Navio em Viagem - Convés C ........................................................... 82 Figura 34 Ruído em 4MB Figura 35 Ruído corredor 1............................. 84 Figura 36 Ruído 2M Figura 37 Ruído 4ME ............................................................. 84 Figura 38 Ruído Client-604 .......................................................................................................... 85 Figura 39 Comparação gráfica na previsão de ruído estrutural pelos dois métodos (Semiempírico e SEA). ................................................................................................................. 89 Figura 40 Comparação gráfica do ruído Global entre AR³ e o programa hibrido. ...................... 90 xii Figura 41 Erro na transmissão do ruído estrutural ..................................................................... 91 Figura 42 Propagação ideal de energia vibracional sobre a estrutura para o mesmo compartimento ........................................................................................................................... 92 xiii LISTA DE TABELAS Tabela 1 Ajuste de banda de oitava para o ruído estrutural de um motor diesel. ................... 37 Tabela 2 Ajuste em banda de oitava para as constantes A e B de um motor diesel em função das RPM de trabalho. ................................................................................................. 38 Tabela 3 Ajuste em banda de oitava para ruído estrutural em bombas. ......................... 38 Tabela 4 Dados de entrada para o cálculo de ruído estrutural em outras fontes. .................... 39 Tabela 2 Eficiência de radiação, 10log(σrad) dB re watts-12 típica para materiais usados na indústria naval ............................................................................................................................. 54 Tabela 3: Modelo A: Predição x Valores Medidos ...................................................................... 69 Tabela 4 Resultados da análise de erro do modelo A, levando-se em conta os 40 compartimentos em condição de trânsito (dB(A)) ..................................................................... 79 Tabela 5 Resultados estatísticos do modelo A em condição de manobras com os propulsores laterais e o azimutal em operação (dB(A)) .................................................................................. 79 Tabela 6 Comparação entre o AR3 e o método SEA ................................................................... 86 Tabela 7 Comparação entre o AR3 e o método SEA (Continuação) ........................................... 87 Tabela 8 Comparação dos erros do AR3 e o método SEA. ......................................................... 87 Tabela 9 Comparação entre os resultados do AR3 e os resultados combinados do SEA com o modelo empírico alternativo ............................................................................... 87 Tabela 10 Comparação entre os resultados do AR3 e os resultados combinados do SEA com o modelo empírico alternativo ............................................................................... 88 Tabela 11 Análise estatística do nível de ruído global entre o AR³ e o Modelo Híbrido dB(A)........................................................................................................................................... 89 1 Capítulo 1 - Introdução 1.1 O Problema do Ruído em Navios e Suas Implicações A poluição sonora é um problema de bastante relevância na atualidade. Este tipo de efeito é mais facilmente percebido no meio ambiente aquático, onde é comum o encalhe de grandes mamíferos devido ao efeito dos ruídos introduzidos pela ação antropogênica nos oceanos (navios de grande porte, plataformas offshore, explorações submarinas, dentre outros). Além disso, o ruído gerado pelas máquinas causa às tripulações consequências como: alterações no sono, distúrbios psicológicos e perda auditiva. Tais consequências provocam prejudica ás empresas no momento de indenizar tripulantes e passageiros por perda auditiva ou estresse. Dos estudos de conforto a bordo de navios pode-se destacar a porcentagem de menções dos diferentes critérios que podem afetar a comodidade a bordo dos navios na figura 1. Criterios de Conforto em Navíos Porcentagem de Mensao de Criterio de Comforto em Navíos 39% 24% 17% 16% 4% Visão Temperatura Acústico Luz Ergonomia Figura 1. Porcentagem de menção dos distintos critérios de conforto a bordo dos navios (Goujard, 2005). Pode-se constatar que o desconforto acústico é o que mais menções têm. A bordo de um navio ou de uma plataforma, podem existir três tipos de fontes de ruído: aérea, estrutural e decorrente do sistema de aquecimento, ventilação e ar acondicionado (HVAC). Durante a construção do navio, a prevenção de ruídos e vibrações gerados neste é levada em conta através das recomendações das sociedades classificadoras. No entanto, com a evolução dos projetos e o aumento das velocidades e potências das embarcações, estão surgindo novos problemas, os quais 2 dificultam a previsão com exatidão do momento ou lugar onde podem ocorrer ruídos nocivos ou vibrações excessivas – os quais são transmitidos pela estrutura aos camarotes e às salas comuns e se transformam, nestes locais, em ruído aéreo novamente. O ruído gerado em navios é transmitido através do casco ao meio ambiente aquático em uma banda de baixa frequência (de 10 a 500 Hz), causando alteração na reprodução da fauna marinha, principalmente dos mamíferos e peixes, afetando a produtividade pesqueira em geral. Durante as décadas passadas o ruído causado pelos navios ao meio ambiente aquático aumentou em média 12 dB devido, principalmente, ao aumento da frota mercante navegando nos oceanos (“Anthropogenic and Natural Sources of Ambient Noise in the Ocean”, John A. Hildebrand, 2009). As rotas mais recorrentes no oceano podem ser vistas na Figura 2. Figura 2. Distribuição histórica das rotas dos navios mercantes: distribuições do Pacifico e Atlântico Norte. (United States Naval Oceanographic Office) Pelo mencionado anteriormente, a prevenção do ruído estrutural é de vital importância e o método SEA (Statistical Energy Analysis) ou os métodos semiempíricos de previsão de ruído, tais como o método utilizado pela SNAME (Society of Naval Architects and Marine Engineers), podem ser empregados com relativo sucesso, sendo este último o método que vai ser utilizado, neste trabalho, na determinação do ruído estrutural de um conjunto de navios e plataformas offshore. 3 1.2 Revisões Bibliográficas B. Goujard [1] faz a determinação do grau de desconforto acústico durante uma prova de mar, baseado em um questionário feito a os tripulantes e passageiros de um navio cruzeiro, o grau de desconforto acústico é comparado com outros parâmetros que determinam a comodidade em navios (como temperatura ou luminosidade), alem de isso através do questionário se trata de deduzir as condições principais que causam desconforto acústico no navio. A.C. Nilsson [2], em sua publicação “Noise Prediction and Prevention in Ships” (1978) apresenta formulações semiempíricas para predizer o ruído estrutural em navios, estabelecendo as fontes de ruído em navios: motores principais e auxiliares, propulsores, dutos de gases de descarga, bombas, etc. Também estabelece que a fonte de ruído que mais afeta as acomodações (com exceção dos compartimentos anexos aos espaços de máquinas) é a causada pelo ruído estrutural. O ruído estrutural é produzido pela força mecânica das máquinas conectadas à estrutura do navio. A energia das fontes é transmitida através da estrutura do navio por meio de ondas flexionais, longitudinais, transversais e torcionais. O fluxo de energia é atenuado à medida que a onda se afasta da fonte emissora em decorrência da perda através da estrutura, dos obstáculos e das descontinuidades. Para fazer uma predição dos níveis de ruído em um compartimento, os seguintes dados devem ser levados em conta: potência das fontes. propriedades de radiação da estrutura do compartimento ao receptor. propriedades de transmissão do ruído. Para determinar a potência das fontes são suficientes os níveis de velocidade ortogonais nas placas adjacentes às fundações das máquinas, e, no caso dos propulsores, os níveis de velocidade dos painéis do casco sobre estes. A propagação da energia emitida pelas máquinas ocorre através de ondas com formas flexionais transversais, longitudinais e torcionais. As ondas através das quais o ruído estrutural é transmitido são acopladas. Se todas essas formas de transmissão forem incluídas em um modelo de propagação, o resultado ficaria muito complexo. Em geral é estabelecida uma forma de propagação de onda dominante e determina-se o fluxo de energia na estrutura. A atenuação do fluxo de energia até o receptor deve-se principalmente à forma geométrica da estrutura do navio. Para analisar o ruído 4 estrutural pode-se recorrer principalmente ao método SEA conforme descrito e estudado a fundo por Mace [3]. De acordo com ele, o conceito de análise com SEA emprega o balanço energético entre os diferentes sistemas que compõem uma estrutura e transfere a energia vibracional-acústica entre eles, levando-se em conta a energia total da estrutura. Shande Li [4] estabelece um modelo baseado na análise através do método MEC, que tem a faculdade de permitir que apenas o contorno da estrutura do elemento que contém a fonte (estrutura da máquina) possa ser empregado, permitindo custos mais baixos no que se refere à geração da malha de painéis do préprocessamento. O MEC, no entanto, tem o inconveniente de levar à geração de um sistema linear com matrizes não simétricas muito densas, consumindo grande quantidade de memória durante os cálculos. Wei-Hui Wang et al. [5] utiliza um modelo misto MEC/MEF de um motor marítimo acoplado a uma fundação para predizer a radiação de ruído estrutural propagado ao meio ambiente marinho. São apresentados dois casos de estudo, uma esfera submersa e um modelo em escala de uma praça de máquinas, sujeita à excitação devida à máquina. O ruído estrutural é transmitido de uma fonte a outra através de um determinado número de pontos de contato. A.C. Nilsson [6] em “A Method for the Prediction of Noise and Velocity Levels in Ship Constructions” (1983) propõe modelos para a determinação da perda de transmissão do ruído estrutural em navios e faz comparações das previsões de ruído com medições feitas em provas de mar. Estabelece através de estudos de modelos baseados no método SEA, que as principais ondas que propagam o som estrutural no navio são do tipo longitudinal e flexional, sendo estas as que mais transmitem o fluxo de energia, causando níveis de ruído mais elevados nos conveses. Mirenberg et al. [7] apresentam um programa para gerar análises de gráficos de ruído em navios (Ship Sound Level Analyses and Mapping - SLAM), onde se utilizam as equações básicas da acústica. Neste compêndio é revisada a definição de potência sonora de um equipamento (Power Level - PWLa) e uma ferramenta nova desenvolvida pelo autor denominada A-Weighted Room Constant (Ra), uma constante numérica que classifica o compartimento segundo suas características. Quando são utilizadas juntas, essas ferramentas fornecem o campo de intensidade de potência 5 sonora no compartimento do equipamento a ser analisado, com o intuito de predizerse o campo de potência sonora nos espaços semi-reverberantes da praça de máquinas. Os cálculos de ruido são fornecidos pela SNAME. O estudo apresenta, ainda, um cálculo fundamental de ruído representando equipamentos como uma fonte pontual ou uma linha de ruído, o ponto pode representar uma fonte pequena (bomba, compressor, ou purificador), a linha de ruído pode representar graficamente uma instalação de ar acondicionado. Raymond Fischer [8] trata o problema da complexidade da caracterização dos sistemas de posicionamento dinâmico em uma análise de ruído e sua influência nos níveis de ruído quando estes estão operando. Em navios de apoio offshore esses sistemas podem causar desconfortos consideráveis nos tripulantes. O documento têm como objetivo principal o cálculo do ruído, métodos de caracterização acústica de bow thrusters e métodos de redução de ruído e vibrações gerados por estes equipamentos. Uma diretriz de projeto é disponibilizada para melhorar o desempenho acústico ambiental destes navios. Finalmente, exemplos de medição da habitabilidade e do ruído irradiado são fornecidos. A SNAME [9] publicou um trabalho intitulado “Design Guide for Shipboard Noise Control” (1983) que apresenta uma guia completa de predição de ruído gerado em navios, cujos cálculos são formulações semiempíricas que dependem, em grande parte, dos dados de entrada (potência de trabalho dos equipamentos, pesos, dimensões, etc.) e são apresentadas, separadamente para as três principais formas de propagação de ruído, determinações da potência sonora e das perdas de transmissão de cada caso. Estas três formas, ou módulos, que originam o ruído são: Módulo de Ruído Estrutural, Módulo de Ruído Aéreo e Módulo de Ar Condicionado e Ventilação.A publicação apresenta, ainda, a maior quantidade de fórmulas semiempíricas disponível para o objetivo da tese, mas tem um percalço no que diz respeito à falta de formulação na determinação do ruído gerado por sistemas bowthruster e azimutais, que são ,possivelmente, os maiores geradores de ruído em navios e que mais prejuízo causam para a tripulação durante os trabalhos de manobra, principalmente em AHTS (Anchor Handling Tug Supply). Outra publicação SNAME [10], livro complementar do anteriormente descrito, é o “Supplement to the Design Guide for Shipboard Airborne Noise Control” (2001) e contém artigos complementares à referência anterior no que se refere a novos 6 algoritmos para a determinação da potência sonora das máquinas do navio, perdas de transmissão, funções de transferência, assim como critérios acústicos mais atualizados. Esses dois últimos livros vão formar a base para o cálculo do ruído estrutural necessário para a determinação do nível de ruído em um compartimento, utilizada de forma complementar, levando em conta as devidas correções feitas no suplemento. Worley Parsons [11] utiliza as formulações [9] e [10] para caracterizar o comportamento acústico dos volumes de um navio FSRU (Floating Storage Regasification Units), apresentando resultados bastante aceitáveis. I. Grushetsky [12] analisa a complexidade na determinação do fator de perda (η) em painéis de navios, devido principalmente a suas particularidades geométricas, materiais de isolamento e equipamentos próximos, estabelecendo uma forma estatística para a determinação do fator. Fernando Hortelani (2006)[13] Apresenta uma metodologia para avaliar o ruído em plataformas Offshore e a influência deste na saúde dos tripulantes a bordo. O desenvolvimento computacional dos últimos anos tem permitido um refinamento dos cálculos necessários para a determinação do ruído em estruturas antes do início das construções. Porém, é necessário ter-se em mente que essas modelagens não são representações 100% fiéis da realidade, daí a necessidade de modelos semiempíricos. Exemplos de softwares para análises de estruturas complexas podem ser o ODEON (Odeon vem do latin Odeum e é o nome das construções romanas e gregas destinadas ás competições de canto) e o AS-Noise utilizado por Hortelani (programa com metodologia semi-empirico elaborado na COPPE-UFRJ em um ambiente Labview). O termo “semiempírico” vem da ideia de que, a partir de uma base de dados acústicos bem fundamentados, podem-se realizar predições de ruído em uma determinada estrutura, predições que vão depender muito dos dados de comportamento acústico dos materiais disponíveis para o cálculo. Quanto maior e detalhada a base de dados, melhor a predição de ruído. A isso devem ser acrescentados os dados de perda de ruído aéreo e estrutural baseados em análises de equação de onda e sua propagação em um meio gasoso (no caso o ar) ou em um meio físico (estruturas navais). 7 Bistafa (2006) [14] Analisa a acústica e o controle de ruído em ambientes abertos e fechados, apresenta uma base de dados de características de transmissão sonora e absorção sonora de diversos materiais utilizados, assim como também formulas para estimação de potencia sonora de diversas máquinas ,também apresenta uma introdução de normas brasileiras a respeito. John Carlton [15] descreve os fundamentos básicos dos propulsores, e estabelece que são quatro os principais mecanismos que dão forma ao espectro de ruído gerado pelo propulsor; O deslocamento da água a través das pás do propulsor, a diferença de pressão entre a cara de sucção e pressão na rotação do propulsor, a flutuação periódica das cavidades volumétricas da estela deixada pelo propulsor e o colapso das bolhas de ar devido a cavitação. Com isso apresenta uma formulação para a obtenção de ruído gerado por essas máquinas em navios John A. Hildebrand ( 2009) [16] faz um estudo do ruído gerado pelas diversas máquinas e explorações submarinhas do ser humano no oceano descrevendo o conceito de ruído antropogénico junto com mapas de distribuição de ruído em os mares do mundo e que afeitam a fauna marinha em seu comportamento e reprodução. F. P. Mechel (2008) [17] apresenta as diferentes formulações para descrever os fenômenos acústicos. Faz o analise do fator de perda η e as formulações que descrevem esta variável. A. C. NILSSON [18] faz uma analise da interação casco-propulsor no navio a través de formulações e avalia os resultados de seu analise com medições com hidrofones e acelerômetros instalados na popa com o objetivo de obter o espectro de ruído e vibração estabelecendo uma relação entre ambos. J. Buitten (1972) [19] Faz uma comparação entre o antes e o depois de instalar materiais isolantes visco elásticos em um cruzeiro. Neal A. Brown (1999) [20], estuda a natureza do ruído em propulsores de navios assim como submersíveis devido ao fenômeno de cavitação e meios de redução dos mesmos. J. S. Carlton and D. Vlasi´c [21] Consideram tópicos referidos a ruído e vibração a bordo dos navios, particularmente o estudo de fenômenos heterodinâmicos e outras fontes de excitação que são discutidos em relação a quantificação acústica e analises 8 da resposta do navio.Dentro da discussão as diferentes regulamentações de conforto a bordo são consideradas em relação a seu fundamento nas normas ISO e aplicação das mesmas na industria naval.Alguns tópicos apresentados fazem referência a influência do ruído externo do meio ambiente e sua influência no navio. Oliver Vérin et AL. [22] Apresenta uma metodologia de estudo de ruído em plataformas FPSO (Floating Production Storage and Offloading) onde são analisados diversas formas de abarcar o calculo de ruído estrutural e acústico, através de métodos numéricos assim como também métodos híbridos de predição . 1.3 Justificativa O uso de modelagem acústica analítica ou numérica para predição de ruído em estruturas complexas como navios e plataformas tem se mostrado pouco efetivo ao longo dos anos em quanto ao tempo requerido pela indústria naval no momento de querer fazer uma análise em um tempo economicamente viável para um projeto qualquer. Nesses casos, o modelo deve incorporar fontes de ruído como motores, bombas, hélices transversais e compressores, cada qual com espectros sonoros peculiares e com uma forca excitatoria variável. Por outro lado, os compartimentos ou volumes receptores devem considerar os diferentes materiais que compõem as superfícies (pisos, anteparas e tetos). A complexidade geométrica dos modelos inviabiliza, de certa forma, a obtenção de uma solução analítica em um tempo o suficientemente curto como os requeridos na indústria. Na opção por modelos numéricos, no MEC e MEF, o número de nós e elementos necessários para a discretização das superfícies tornam-se excessivamente grandes. Estes métodos numéricos são modelos matemáticos que representam fenômenos físicos, e, na grande maioria dos casos, apresentam resultados bem precisos. Mas, para se conseguir essa precisão, é necessário expressar a realidade nos mínimos detalhes. Devido à alta complexidade de um navio, com centenas de fontes emissoras de ruído, centenas de compartimentos (receptores) e um arranjo estrutural de grandes dimensões, presença de líquidos tanto internamente como externamente, somando a complexidade do arranjo estrutural, isolamentos, e a presença de tubulações, fios elétricos entre outros, tornam o método bastante dispendioso em termos de tempo de execução e memória computacional, complicando a análise de ruído.. 9 Uma análise complementar com MEC e FEM é o referente a o SEA ou analise estatístico da energia, este é utilizado para obter níveis meios de resposta no espaço e tempo em bandas de frequência, também pode analisar e comparar as trajetórias de transmissão de ruído e estudar o efeito de mudanças estruturais do projeto inicial do navio, o método requer o conhecimento de uma grande quantidade de parâmetros os quais requerem as características dinâmicas dos componentes pressentes no navio e o tipo de conexões.Entre as características podem se achar a densidade modal, o fator de perda e o fator de acoplamento. O método de predição de ruído selecionado neste trabalho apresenta vantagens de tempo quando comparado com os métodos MEC, MEF e SEA. , pesquisadores de entidades como a SNAME e a ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers), propuseram esta metodologia que permite estimar o ruído em suas parcelas aérea e estrutural. O método a ser utilizado na determinação do ruído em navios, vai ser o método recomendado pelas referências [9] e [10] o qual é um método hibrido baseado em formulações empíricas obtidas de navios já existentes, somado com uma formulação que simplifica o método SEA diminuindo a quantidade de elementos estruturais pressente no navio, e que apresenta seguem dados de outros estudos e jornais [11], certa precisão nos resultados diretamente relacionada com a qualidade dos dados de entrada. O meio mais usado no controle do ruído é a aplicação de materiais especiais nas descontinuidades estruturais a fim de se obter a perda de transmissão mais apropriada no nível de ruído de um compartimento a referência [12] fornece dados estatísticos para descrever algumas características necessárias para a determinação do fator de perda nos materiais que serão adicionadas na programação. 10 Os dados de entrada podem ser obtidos de várias fontes. A informação das fontes de ruído pode ser obtida com os fabricantes, e, quando isso não é possível, podem ser obtidos por extrapolação dos níveis de ruído de equipamentos semelhantes em bancos de dados existentes. As propriedades acústicas dos materiais que compõem os arranjos estruturais dos compartimentos podem ser obtidas de ensaios em laboratório ou de medições em campo, além das descritas pelas referências [9],[10] e [12]. 1.4 Objetivo O objetivo principal é avaliar a confiabilidade do método proposto no SNAME [9] [10] desenvolvido no AR³ abarcando duas abrangências, uma geral enfocada na comparação dos resultados globais obtidos através do método e logo sua comparação com medições a bordo.Outra é a determinação da confiabilidade da metodologia de cálculo de ruído estrutural através da comparação de esta parcela de ruído calculada seguem SNAME com o método SEA.O anterior vai permitir verificar a influência que tem o ruído estrutural no resultado global e a confiabilidade da metodologia semiempírica. Para atingir o objetivo anterior foi realizada uma otimização do programa de previsão de ruído AR3, desenvolvido no LEDAV/COPPE/UFRJ, e que até antes deste trabalho ficava limitado na análise de ruído aéreo emitido por uma fonte pontual. Esta otimização foi através da incorporação da parcela de ruído estrutural e seus respectivos algoritmos de calculo para determinar: o nível de ruído estrutural dependendo do tipo de máquina ou fonte, as perdas no interior do compartimento que contem a fonte, as perdas pelo menor caminho, perdas por interseções e finalmente a obtenção da função de transferência para obter o aporte do ruído estrutural em cada compartimento modelado no software. 11 Capítulo 2 - Métodos de Predição de Ruído O objetivo de um método de predição de ruído é caracterizar uma fonte (, motor principal, bomba, etc.) com certa potência sonora ou forca de excitação e identificar a propagação da onda gerada pela máquina até um ponto afastado da mesma, levando em conta o caminho de transmissão que pode ser através do ar, ou através de uma estrutura, até chegar ao receptor onde este nível de ruído é atenuado em relação ao nível inicial devido às perdas no caminho entre a fonte e o receptor. Uma forma simples de caracterizar uma fonte sonora é considerando-a como uma fonte pontual ou monopolo e estimar, de acordo com o tipo do equipamento, a potência sonora gerada [7]. O Problema de propagação do som pode ser descrito pelas funções de Green. É o resultado de uma formulação da equação de onda usando a função potencial, g(r/r0). Estas correspondem ao campo de som quantificado em relação ao tempo e ao espaço: (2.1) (2.2) O beneficio desta formulação é facilmente compreendido quando é aplicada em fontes e caminhos especiais de propagação de um ponto r0 a um ponto r. Por exemplo, de uma fonte pontual com fluxo volumétrico Q, pode-se escrever: (2.3) Onde 4πa2 representa a superfície da esfera que descreve a propagação do som. A função de Green em um espaço livre para a equação acima é descrita por: (2.4) Utilizando o problema da radiação acústica e a equação de Helmholtz estática com o termo da fonte como tem-se: (2.5) 12 A formulação de Green traz como resultado a integral de Helmholtz-Huygens dada por: (2.6) Com a integral anterior, a pressão sonora resultante de vários tipos de fontes distribuídos em um volume com qualquer tipo de reflexão nos contornos pode ser calculada. A superfície de integração pode representar uma superfície virtual onde o campo de som é expandido em formas elementares consistidas de monopolos ou dipolos. Se a radiação é expandida no domínio do tempo, assumindo-se uma excitação de impulso, a importância da equação de Green se torna mais clara. A radiação se torna um filtro transportando sinais até o receptor, expressa em função de uma convolução de funções de fonte como funções de Green, como segue: (2.7) Pela transformada de Fourier obtêm-se soluções adequadas no domínio das frequências. O objetivo principal da convolução pode, então, ser expresso em termos da velocidade volumétrica da fonte, Q, o que leva à formulação da impedância, dada por: (2.8) Para a função de transferência entre um ponto do campo de pressões de som e outro ponto receptor pode ser escolhida a caracterização da fonte baseada em um campo próximo de pressões como: (2.9) A função que vai descrever a fonte, função de Green, transformada em impedâncias ou função de transferência, vai depender do tipo de fonte considerada. Uma função de forças excitação em um dado equipamento pode ser determinada (por exemplo, adequando-se uma impedância que caracterize uma 13 máquina ou estrutura que emita um ruído), porém, a potência sonora pode ser determinada utilizando-se um dos métodos numéricos anteriores. As equações servem principalmente para a determinação dos efeitos que as modificações das estruturas e componentes de equipamentos podem ter na redução do ruído gerado por eles. A implementação de análises numéricas necessitam as seguintes técnicas: 1. Determinação e quantificação da força de excitação estrutural (Função de Green); uma força de excitação é geralmente considerada como uma soma de componentes senoidais utilizando-se a Análise de Fourier. 2. Determinação da distribuição das velocidades vibracionais na superfície do equipamento ou estrutura como resposta á força de excitação da fonte (função de transferência). 3. Determinação do campo do som, seguindo a geração do som a partir da resposta vibracional da estrutura ou equipamento. O ponto fundamental para se entender estes métodos em geral é que as respostas das estruturas e dos equipamentos podem ser descritas como seus modos normais de vibração. A resposta de uma máquina ou estrutura é sempre uma combinação de modos de vibração. Na análise de uma estrutura, o primeiro passo é dividir as faixas de frequências em bandas de oitava ou terça de oitava, as quais, por sua vez, formam regiões de altas e baixas frequências. A região de baixa frequência (até 250 Hz) fica caracterizada por uma escassez de modos em cada banda, enquanto a região de alta-frequência é definida como a região onde constantemente encontram-se três ou mais modos de vibração nas faixas analisadas. 2.1 Regiões de Baixa Frequência Na região de baixa frequência, a distribuição de velocidade nas superfícies é calculada para cada modo de vibração. Para tanto, uma análise numérica padrão, tais como o MEF, pode ser empregada. Para a análise, a estrutura é dividida em um número finito de elementos de casca. O equilíbrio do elemento e os requisitos de interconectividade são satisfeitos usando-se um sistema de equações diferenciais. 14 Se a resposta da velocidade global de uma estrutura é calculada usando-se o MEF, então é necessário conhecer-se o amortecimento de cada modo de vibração (ou alternativamente um valor global de amortecimento). Esses valores de amortecimento são difíceis de ser calculados e geralmente são estimados a partir de medições e da experiência adquirida com estruturas ou equipamentos semelhantes. A velocidade estrutural v(r,r0) em um ponto em uma área estrutural , devido a uma força senoidal de excitação F(ω) em uma frequência forçada ω aplicada em rf, é dada, segundo Ewins, por: (2.10) Onde ψlR(r0) e ψlR(rf) são as respostas normais do modo em locais designados pelos pontos r0 e rf e Ns é o número de modos que têm contribuição significativa para ω. A dependência do tempo t está implícita na equação anterior, onde a massa modal é dada pela equação: (2.11) m(r0) é a densidade de massa de superfície (em kg/m2) em r0. A impedância modal fica caracterizada (se houver uma dissipação de energia) pelo fator de perda nl, como é usual em estruturas) por: (2.12) Se considerar um amortecimento viscoso, caracterizado pelo fator de amortecimento critico, c , a impedância passa a ser dada pela equação: (2.13) Onde ωl é a frequência de ressonância. Como a impedância modal é complexa, v(ω,r0) também deve ser complexa, ficando uma magnitude e fase relativa à função de força F(ω). A velocidade ao quadrado, sobre a estrutura a ser analisada, deve ser dada por: 15 (2.14) Conhecendo-se a distribuição de velocidade superficial de uma estrutura devida a uma força de excitação, o campo de pressão sonora que rodeia a estrutura (e consequentemente, a intensidade sonora) pode ser calculado por qualquer dos diferentes métodos apresentados a seguir. 16 2.2 Método de Helmholtz O campo de pressões acústicas gerado por um corpo vibrando e fechado pode ser descrito pela equação de Helmholtz. A pressão acústica gerada em um ponto r devida a uma superfície vibrante com frequência é dado por: (2.15) Onde a função de Green G é dada por: (2.16) Esta função de Green é aplicável tanto para uma superfície vibrando em um espaço livre como em um espaço fechado. O valor r corresponde à distância desde a origem do sistema de coordenadas ate o ponto onde a pressão acústica, p(ω,r), é calculada. O valor r0 é a distância desde a superfície dS até a origem do sistema de coordenadas e v(ω, r0) é a velocidade normal da superfície dS na frequência . A potência sonora radiada pela estrutura é calculada pela integração do produto da pressão acústica pelo conjugado complexo da velocidade sobre a superfície. A implementação numérica do produto anterior é conhecido como Método Direto dos Elementos de Contorno. 2.3 Análise por Elementos de Contorno (MEC) A implementação numérica do método de Helmholtz considera apenas os contornos de um espaço fechado ou o contorno de uma estrutura irradiando ruído. O MEC pode ser usado especificamente para: Analisar problemas acústicos em espaços fechados Determinar o ruído gerado por uma estrutura vibrante. Avaliar o campo acústico gerado pela dispersão sonora causada por objetos em um campo livre. 17 Por outro lado, o MEF requer a discretização do volume fechado para problemas de análise de ruído no interior deste volume. A discretização ao longo do espaço que circunda uma estrutura geradora de ruído deve levar em consideração o espaço aberto. Como resultado, a análise dos elementos de contorno requer menos memória computacional que a análise com o MEF. Por outro lado, a análise com o MEC implica em maior trabalho na construção das equações matriciais para se chegar ao resultado final. A diferença na geração geométrica de nós e estruturas estão apresentadas na figura 3, onde o modelo de elementos finitos apresenta elementos estruturais retangulares e nós como pontos e o modelo de elementos de contorno apresenta elementos estruturais como linhas e nós. Figura 3 Diferença entre os nós em elementos finitos e elementos de contorno Os softwares que utilizam o MEC podem ser de dois tipos: os que utilizam o método direto e os que utilizam o método indireto. 18 2.3.1 Método direto O método direto envolve as equações de Helmholtz com a consideração adicional do caso em que a pressão é avaliada na superfície de área S. A pressão acústica em r dentro do volume devido a uma vibração de uma superfície fechada de velocidade υ(ω,r) em um ponto r0 da superfície é dada pela equação: (2.17) Onde C(r) é uma constante dependente da localização de r,C(r)=1 quando o ponto r está dentro do domínio acústico; C(r)=1/2, quando está na superfície (r=r0) Esta definição de C(r) é aplicável em problemas interiores, exteriores e de dispersão acústica. A formulação do método de elementos de contorno requer que o vetor (que é normal na superfície acústica) aponte para o exterior do volume acústico. Para analisar um problema interior, o vetor normal à superfície tem que apontar fora da dela. Para analisar um problema acústico exterior, os vetores apontam para dentro da superfície fechada. Agora, se os dois domínios acústicos são de interesse, o método indireto deverá ser utilizado. No caso de um problema de varredura acústica, onde uma onda sonora se choca com um objeto em um domínio acústico infinito, a equação anterior pode ser sutilmente modificada de tal forma que a pressão total, que é a soma da pressão incidente, Pi , com a pressão de varredura, Ps, pode ser expressa pela seguinte equação: (2.18) Onde a amplitude incidente, Pi(ω,r) é a presença do objeto no domínio infinito, dada por: (2.19) Onde kx, ky e kz são os números de onda componentes nas direções x, y e z, respectivamente ;X2+Y2+Z2=(ω/c)2; e 2.3.2 Método indireto é o modulo da amplitude da pressão acústica. 19 A formulação da equação de Helmoholtz para o método indireto é baseada nas condições de contorno que envolve as diferenças de pressão acústica e as diferenças nos gradientes destas. Este método serve, como foi dito anteriormente, para o cálculo dos campos acústicos interiores e exteriores, como resultado de superfícies vibrantes e fontes sonoras, e podem incluir aberturas que conectam uma região fechada com uma região de campo livre. As matrizes associadas com o método indireto são simétricas, o que implica em tempos computacionais menores que com o método anterior que trabalha com matrizes assimétricas. O método indireto é formulado como segue: (2.20) Onde a expressão do lado esquerdo é a gradiente das pressões em qualquer ponto r pertencente ao domínio acústico na direção xi; Vxi é a componente de velocidade da partícula em direção xi; e a expressão do lado direito é uma integral na superfície de contorno onde: (2.21) É a diferença de pressão dos gradientes normais na superfície do modelo de elemento de contorno e é denominado “salto de pressão” ou “potencial de dupla capa”; e rs é um ponto na superfície de contorno; (2.22) É a diferença dos gradientes das pressões nos pontos rS1 e rS2 em lados opostos da superfície de contorno e é denominado “potencial de capa única”. 20 2.4 Metodologia Integral de Rayleigh Este método implica fazer uma avaliação da integral de velocidade na superfície do objeto a fim de determinar-se a potência sonora irradiada pelo objeto. O método é mais efetivo quando a estrutura ou o equipamento é dividido em painéis, que são usualmente planos, mas de forma arbitrária. Duas hipóteses gerais devem ser consideradas: 1. Presume-se que os campos sonoros dos painéis não se interferem de forma destrutiva. Esta hipótese é satisfeita se a faixa de frequência analisada for suficientemente longa (um terço de oitava ou uma oitava) ou se o comprimento de onda é longo em comparação com as dimensões do painel. 2. Os campos sonoros dos dois lados do painel não interatuam, hipótese esta satisfeita se for parte de uma superfície fechada ou se está montada em um defletor rígido, ou, ainda, se o comprimento de onda do som radiado for pequeno em comparação com as dimensões do painel. A integral de Rayleigh para o cálculo de pressão sonora, p, em r=(ω,θ,ψ) causada por um painel de superfície S e com frequência ω, pode ser expresada por: (2.23) Onde V() é a velocidade normal no elemento de superfície dS na frequência , e r é a distância desde o elemento de superfície até o ponto onde a pressão está sendo avaliada. O som irradiado por cada painel é calculado integrando-se a amplitude de pressão sobre uma superfície hemisférica no campo distante, tomando-se como base do hemisfério a superfície plana do elemento. O somatório total da estrutura pode ser calculado através da soma logarítmica de cada um dos painéis que compõem a estrutura. A vantagem deste método é que pode-se calcular a potência sonora dos painéis a qual pode ser usada no cálculo de níveis de som interior (como veículos), assim como níveis de ruído exterior. O método de Rayleigh só é valido se o som irradiado de suas superfícies vibrantes não for refletido ou difratado em nenhuma parte do objeto vibrante. 21 A figura 4(a) mostra a estrutura de um painel plano irradiando som em um espaço semi-infinito, estando o painel discretizado em quatro elementos e quatro nós. A equação de Rayleigh (1.15) pode ser usada para estimar-se a pressão sonora em um campo distante, o que pode ser usado no cálculo da potência sonora irradiada pela estrutura. A hipótese de elemento plano é correta, mas deve-se ter precaução quando se está trabalhando com superfícies que podem causar reflexão ou difração, como no caso da figura 4(b), onde também deve-se ter cuidado no caso da figura 4(c), quando só uma parte da superfície é visível a partir do ponto no campo afastado e outras superfícies vibrantes não são visíveis em decorrência da forma da estrutura. Figura 4 (a) Superfície plana, (b) Superfície côncava com reflexões, (c) Superfície convexa com uma superfície não visível no ponto P. Para os casos de (b) e (c) os resultados da integral de Rayleigh podem se mostrar errôneos, o que, para estes casos, recorre-se á analise pelo MEF. 2.5 Análises dos Elementos Finitos (MEF) O Método dos Elementos Finitos tem múltiplas aplicações no campo da acústica, tais como a análise acústica de espaços interiores, irradiação de som através de estruturas, perda de transmissão entre painéis, projeto de silenciadores, difrações em torno de objetos, e analise de vibração em navios. O MEF leva em conta os acoplamentos bidirecionais entre uma estrutura e um fluido circundante, como ar ou água. Em problemas de interação de estruturas com fluidos, a equação de dinâmica estrutural precisa ser considerada através da descrição matemática da acústica do sistema, a equação esta dada pela equação de Navier-Stokes do momentum de um fluido, e da equação da continuidade. A equação da dinâmica estrutural pode ser 22 modelada usando-se elementos finitos. As equações para representar o fluido devem levar em conta as seguintes hipóteses: A pressão acústica no meio fluido pode ser determinada a partir da equação da onda. O fluido é compressível onde as mudanças de densidade são devidas às variações de pressão. O fluido é invíscido, sem efeitos dissipativos devido à viscosidade. Não há fluxo no meio fluido. A pressão e a densidade acústica são uniformes em todo o fluido e a pressão acústica é definida como a pressão excedente da pressão média. As análises de elementos finitos são limitadas em relação a pequenas fontes acústicas de pressão, então as mudanças acústicas são pequenas em comparação com a densidade média. Existem duas formas de implementação de elementos finitos para realizar-se uma análise acústica: pressão e deslocamento. 2.5.1 Método da Pressão A pressão acústica dentro de um elemento finito pode ser descrita da seguinte forma: (2.24) Onde Ni é um conjunto de funções lineares, Pi são as pressões acústicas nodais, e m é o número de nós que formam o elemento. A equação do fluido nos elementos finitos é dada por: (2.25) Onde [Kf] é a matriz de rigidez do fluido, Mf é a matriz de massa do fluido e {Ff} é o vetor de forças aplicadas sobre o fluído.{p} é o vetor de pressões nodais não conhecidas, e {p} é o vetor da segunda derivada em relação ao tempo das pressões acústicas. A equação de movimento da estrutura é dada por: (2.26) 23 Onde K é a matriz de rigidez da estrutura, Ms é a matriz de massa,FS é o vetor de cargas estruturais aplicadas, {U} é o vetor de deslocamentos nodais desconhecidos, {ϋ} é a segunda derivada do deslocamento em relação ao tempo, equivalente às acelerações dos nós. A interação entre o fluido e a estrutura ocorre na interface entre a estrutura e os elementos acústicos, onde a pressão acústica atua como uma força sobre a estrutura, que por sua vez produz movimento que gera pressão. Para levar-se em conta o acoplamento entre a estrutura e o fluido acústico, são adicionados termos nas equações de movimento da estrutura e do fluido (ρ, densidade), ficando as equações da seguinte forma: (2.27) (2.28) Onde [R] é a matriz de acoplamento da superfície da área associada com cada nó da interface estrutura - fluido. As equações anteriores podem ser reformuladas incluindo-se os efeitos do amortecimento, como segue: (2.29) Onde [Cs] e [Cf] são as matrizes de amortecimento estrutural e do fluido. Esta equação pode ser reduzida ao seguinte diferencial: (2.30) Um fato importante a ser ressaltado na equação anterior é que a matriz do lado esquerdo corresponde a uma matriz não simétrica, e a solução das pressões nodais e deslocamentos (U,p) requer a inversão desta matriz, resultando em perda de tempo e de recursos computacionais. O método anterior leva em conta o acoplamento entre o fluido e a estrutura e é significativo quando se trabalha com um fluido mais denso que o ar (por exemplo, a água), ou se a estrutura é muito leve, como a cabina de um carro. 24 2.5.2 Método do Deslocamento A maior vantagem do método do deslocamento quando comparado com o método da pressão é que a equação matricial da equação (2.30) é simétrica, o que permite uma resolução da equação mais rápida. 2.6 Análise Numérica Modal As frequências de ressonância de um espaço acústico fechado podem ser calculadas teoricamente para formas simples, tais como prismas retangulares. Para geometrias mais complexas, um método numérico tem que ser utilizado. Os métodos mais populares para a determinação de frequências críticas e modos de vibração em elementos complexos são os já citados MEF e MEC. Para sistemas que envolvem uma estrutura e um espaço fechado, os modos de vibração e as frequências de ressonância, tanto da estrutura como do espaço que a rodeia, são calculados separadamente e depois avaliados, utilizando-se, por exemplo, uma análise numérica modal. Os modos de vibração do volume são avaliados assumindo-se contornos rígidos e os da estrutura, assumindo-se que a estrutura está livre no espaço. Claramente podem-se utilizar os métodos MEF e MEC para analisar a interação estrutura / espaço fechado sem recorrer-se à técnica de acoplamento modal. Porém, recorrer às análises anteriormente citadas implica na utilização de uma grande quantidade de recursos computacionais para a maioria dos sistemas práticos, tais como veículos de transporte. Para problemas acústicos, as frequências de ressonância de um volume são dadas pelos autovalores da equação de Helmholtz, escritos em termos da velocidade potencial como: (2.31) O lado direito da equação igual a zero significa dizer que o interior do volume não tem uma fonte acústica. Para resolver a equação 2.31, às condições de contorno têm que ser especificadas, as que são descrições matemáticas do espaço circundante acústico em torno do volume. A condição de contorno típica para a solução da equação é anular o gradiente de velocidade das partículas no contorno. É a chamada 25 “condição de contorno de Neumann” e pode ser escrita como ou ∂φ/∂n em todo o contorno. Os procedimentos para cálculo das frequências de ressonância e modos de um sistema acústico ou estrutural são implementados na maior parte dos softwares MEF e MEC comercialmente disponíveis na atualidade, e a teoria é amplamente discutida na literatura especializada. 2.7 Regiões de altas frequências: Análise Estatística de Energia (SEA). Nos anos 60 o desenvolvimento de novas tecnologias na área aeroespacial marcou o início das primeiras aplicações de SEA. Este é um excelente método a ser utilizado nas primeiras fases de projeto de uma estrutura porque sua aplicação requer apenas alguns parâmetros e propriedades estruturais para construir o modelo. Nos anos 70 e 80 SEA foi aplicada para analisar o ruído transmitido via estrutura em navios e construções, sendo que hoje, muitos armadores têm o seu próprio programa de SEA. A partir disto houve um interesse crescente em novas aplicações incluindo automóveis, helicópteros, aeronaves e motores. O nome SEA, consagrado no início da década de 60, enfatiza os principais aspectos do método. A energia representa a variável independente e através dela são obtidas outras variáveis dinâmicas. Análise: significa que não se trata de um método especifico de cálculo, mas sim de uma metodologia de análise. Diversas análises podem ser efetuadas para um determinado modelo do sistema. SEA é uma metodologia de análise de fluxo de energia entre subsistemas, respostas à excitações conhecidas e excitações a partir das respostas medidas. Estatística: Na análise por elementos finitos, a densidade de modos de vibração por cada frequência de banda de oitava vai aumentando a medida que as frequências a ser analisadas aumentam, provocando uma alta densidade modal a qual não permite um estudo detalhado das frequências que geram estes modos de vibração, devido ao anterior o comportamento a partir de faixas de frequências muito altas para diferentes estruturas não podem ser mais que aproximadas estatisticamente 26 baseado em a experiência dos engenheiros encarregados de este tipo de análises. Esta é a principal razão pelo uso do termo estatística nesta metodologia de análise. Enfatiza também que o sistema em estudo é retirado de uma população de sistemas similares, como por exemplo, automóveis de uma linha de produção. Presume-se que o sistema sob estudo faz parte de uma população de construções similares e, portanto, um modelo de SEA representa o comportamento médio de um grande conjunto de sistemas físicos, ao considerar as frequências e formas dos modos naturais do sistema como variáveis aleatórias. O SEA é utilizado para calcular o fluxo e o armazenamento das energias vibratória e acústica de um sistema complexo. A potência acústica total irradiada por uma estrutura em particular, é calculada pela soma dos resultados de cada um dos painéis que compõem a estrutura. O método de cálculo principal está baseado no equilibrio energético calculado a partir da energia que entra no sistema (no caso a estrutura) e a energia dissipada dentro deste sistema. A energia entra através da fonte de excitação externa e é armazenada na vibração (nos modos de vibração da estrutura). Esta energia é dissipada pelo amortecimento estrutural e transferida entre as diferentes partes da estrutura por suas diferentes articulações. A entrada de energia em a estrutura devida à força de excitação é igual à soma da energia total com energia a dissipada pelo amortecimento e pela irradiação do som. A energia é também dissipada nas conexões entre painéis adjacentes. O conceito principal empregado no SEA é que os diferentes sistemas que compõem a estrutura transferem energia entre eles e a energia total da estrutura precisa ser totalmente levada em conta. 27 Figura 5 Dois sistemas vibroacústicos conectados e com fluxo de energia A equação que descreve o balanço energético do subsistema 1 é dada por: (2.32) Onde o lado esquerdo representa a energia que entra no subsistema 1, e o lado direito, a energia que se dissipa no subsistema devido ao amortecimento ou pela transferência para o subsistema 2 (η1 é o fator de dissipação ou fator de perda por amortecimento - FPA,ω é a frequência central da faixa em , E1 é a energia total no subsistema 1 e W 12 é a energia que se transfere do subsistema 1 ao subsistema 2). A equação (2.32) pode ser rearranjada de forma que: (2.33) Onde W 12=[ωη12E1]η21, Wη21=[ωη21E2]η12, η12 é o fator de perdida por acoplamento, de o subsistema a o subsistema , e η21 é o fator de perda devido ao acoplamento entre os subsistemas. O fator de perda por acoplamento representa a energia que é transferida entre os subsistemas, o qual varia com a frequência e pode 28 ser determinada numericamente usando-se o MEF, ou experimentalmente. O FPA pode ser também determinado de forma experimental. Um dos princípios mais importantes na utilização do SEA é a determinação da amplitude de resposta de um sistema em várias frequências e, para tanto, a determinação do amortecimento é muito importante, embora de difícil estimativa. É possível obter-se qualquer valor de resposta ajustando-se os valores de FPA. Porém, fazendo-se isso, alteram-se os valores de energia nos sistemas e, portanto, o fluxo energético entre os subsistemas. Um sistema complexo modelado através do SEA pode ser pensado como uma rede de subsistemas, onde o fluxo energético vai entrando e saindo, armazenando-se energia dentro dos subsistemas. Dessa forma, alteram-se os FPA’s para garantir o roteamento da energia que flui pela rede. A relação dos fatores FPA e CLF (Coupling loss factor) é dada pela seguinte equação: (2.34) Onde ηi é definido como a densidade média dos modos vibro acústicos η(ω)=N/Δω N é o número de modos que estão em ressonância (oitava ou terça de oitava) na faixa de frequência Δω, centrada na frequência ω. Considerando-se o caso geral onde temse k subsistemas interconectados, o sistema de equações do balanço energético pode ser formado na seguinte equação matricial: = (2.35) Ou de forma simplificada: (2.36) Onde [C] é a matriz k x k dos fatores de acoplamento, {E}é o vetor k x 1 das energias dentro de cada subsistema, e {W} é o vetor k x 1 das energias de entrada em cada subsistema, conhecida a partir de medições, o que permite calcular a energia {E} de cada subsistema pré-multiplicando-se cada um dos lados da equação pela inversa de ω[C]. 29 A partir da equação anterior multiplicada, a energia em cada subsistema é calculada, na pratica é usual calcular-se a amplitude de resposta para sistemas estruturais que determinam a velocidade média da estrutura, para sistemas acústicos determina-se a pressão média quadrática, dada por: (2.37) A análise de sistemas vibro-acústicos utilizandose o SEA pode ser realizada utilizando-se softwares tais como o SEAM (Statistical Energy Analysis Modeling). 2.8 Métodos Semi-Empíricos A predição do NPS (nível de pressão sonora) gerado por um equipamento, é, geralmente, muito difícil, devido principalmente à existência de uma grande quantidade de mecanismos geradores de ruído na indústria, não só em aplicações navais assim como em outros campos da engenharia. Além disso, mesmo equipamentos de comprovada eficiência podem produzir ruído (mais eficiência não significa, necessariamente, menos ruído). No entanto, trabalhos que tratam desta temática têm utilizado um princípio básico de predição de ruído em maquinas, que, em resumo, fala o seguinte: o ruído produzido por qualquer processo é ser proporcional à taxa de variação da aceleração das partes que participam do processo. Isso significa que, quanto menor a variação de aceleração, menor o ruído, e vice-versa. Tabelas para realização de estimativas podem ser encontradas em diversas publicações, tais como a ref. [18] cap. XI, Arquitectual Acoustics[19] cap. XIII, e os mais específico para aplicações navais [9] e [10]. No caso de navios e plataformas, um modelo semiempirico teria que ser um modelo hibrido que utilize elementos do SEA, somado a um modelo de engenharia acústica que utilize diversas características de absorção sonora e transmissibilidade de diferentes materiais a utilizar e formulas empíricas e base de dados verificadas por testes a bordo de diversos navios.Os algoritmos tem que incluir uma gama de fatores que podem ser específicos de embarcações ou plataformas, incluídas superfícies 30 molhadas, tamanhos e orientação das diversas fontes em espaços confinados nas praças de máquinas dos navios, fontes hydrodinamicas como propulsores e bow thrusters e ruído de origem externo como o batimento das ondas do mar.Este modelo semiempírico idealmente tem que se adaptar em diversos navios e plataformas oceânicas. Ao modelo também podem se adicionar mecanismos de simulação de controle de ruído nas habitabilidades para determinar o efeito das mudanças de diferentes superfícies dos compartimentos e avaliar o nível global de ruído com estas mudanças. 31 Capítulo 3 - Metodologia Proposta para Predição de Ruído Seguem o método proposto, a forma de analisar o nível de ruído total gerado em um compartimento é pela soma logarítmica de três parcelas; ruído aéreo, estrutural e HVAC (ventilação, aquecimento e ar acondicionado). Pode-se observar na seguinte figura como é organizada a lógica de cálculo a través da metodologia. Figura 6. Método de analise de ruído no navio. Na sequência serão apresentadas as formulações utilizadas no cálculo das parcelas de ruído aéreo, estrutural e HVAC. 3.1 Descrição do Ruído Aéreo A parcela de ruído aéreo do modelo computacional utilizado no programa AR³ tem como objetivo estimar o nível de ruído de um compartimento devido à influência de fontes de ruído externas e internas. A metodologia para se estimar a contribuição de ruído de uma fonte externa para um compartimento receptor é baseada na distância, frequências de banda de oitava e nos obstáculos encontrados. As fórmulas a seguir mostram a atenuação do ruído aéreo devido ao fator distância e aos obstáculos: 32 (3.1) A equação 3.1 serve para estimar o ruído em áreas abertas, onde LP é a pressão sonora em dB re 20µPa do volume do receptor, LW é a potência sonora da fonte em dB ref. 10-12 Watt , r é a distancia entre a fonte e o centro do volume receptor em metros, o valor -8 é uma constante em e TL é a perda de transmissão sonora em frequência de banda de oitava (varia seguem o tipo de material) a formulação é obtida da ref. [14]. A equação é aplicável a uma fonte sonora pontual. Quando se trata de mais de uma fonte, leva-se a cabo a adição logarítmica para cada distância e frequência central de banda de oitava. A equação 3.2 é utilizada na previsão de ruído em espaços fechados: (3.2) Onde V é o volume do compartimento em (pé3), f a frequência em banda de oitava, LW a potencia em dB ref. 10-12 Watt e 25 é uma constante fornecida pelo autor da fonte (ASHRAE, Acoustics Fundamentals Handbook), a equação anterior estabelece que a pressão sonora não depende das características de absorção sonora dos materiais que compõem o compartimento em geral, esto só para o caso de ruído aéreo. Para o cálculo do ruído aéreo no programa AR3, o valor de LW é fornecido pelo fabricante, mas, para o caso dos valores de potência sonora não estarem disponíveis, este valor é determinado pelas fórmulas da referência [10], capítulo 6, onde são fornecidas as potências sonoras para diferentes tipos de máquinas presentes no navio ou plataforma. Para um cálculo mais amigável, foi criado um complemento no programa AR3 que ajuda na obtenção mais rápida dos valores. 33 3.2 Ruído HVAC Podem se identificar duas componentes importantes no ruído HVAC, as fontes emissoras, e os meios de propagação. 3.2.1 Fontes Emissoras As fontes emissoras de ruído nos sistemas de HVAC são predominantemente representadas por ventiladores e/ou compressores das unidades de refrigeração. Dentre esses ventiladores e compressores, existem modelos de diferentes princípios de funcionamento, e assim, para se estimar o nível de emissão de ruído, recomendase utilizar as informações do fabricante sobre esse nível de acordo com o ponto de operação do equipamento. 3.2.2 Meios de propagação Os meios de propagação de ruído na parcela HVAC são os dutos de ventilação que chegam aos volumes receptores. Diversas tabelas de cálculo de ruído de HVAC são apresentadas nos livros [9] e [10]. Estas tabelas descontam o ruído gerado nas fontes de acordo com a quantidade de curvas e o comprimento do caminho percorrido pelo ar. 3.3 Ruído Estrutural A metodologia de cálculo de ruído estrutural apresentada a continuação está baseada nos estudos de Fischer et all especificamente das referências [9] e [10]. Consiste em um método hibrido de previsão de ruído que por um lado utiliza formulas semiempíricas para a obtenção de nível de ruído estrutural na fundação de máquinas a partir de características como a potencia de trabalho, revoluções por minuto, comprimento e largura da fundação e posição dentro do arranjo geral do modelo, para a determinação da perda de transmissão de ruído estrutural desde a fonte até o receptor utiliza uma simplificação do método estatístico da energia tomando em conta uma menor quantidade de elementos ou sub-sistemas 34 Esta metodologia prioriza a dissipação da energia pelas descontinuidades estruturais encontradas entre a fonte e o receptor, mormente quando as fontes estão bem afastadas. Os três seguintes fatores importantes devem ser considerados na análise do ruído estrutural: Interação entre os equipamentos e a estrutura; Transmissão da energia vibracional através da estrutura metálica; A interação entre as estruturas vibrantes (chapas, painéis reforçados, costado, entre outros) e o meio ambiente (radiação de ruído nos compartimentos e no meio marinho). Dentre esses três aspectos, o terceiro é o que apresenta os maiores problemas, pois a estrutura é a ligação entre a fonte de ruído e o meio receptor. O fluxo de energia que caminha pela estrutura é o objetivo do estudo. A energia vibracional transmitida pelos elementos estruturais é dissipada pelo amortecimento, transformada em calor e irradiada como energia sonora, causando, na maioria das vezes, altos níveis de vibração e ruído. A energia vibracional é transmitida pela estrutura através de ondas do torcionais, longitudinais e flexionais. O ruído irradiado é majoritariamente causado por ondas flexionais, mas isso não quer dizer que a estrutura está com predominância de ondas desse tipo. Consiste, resumidamente, em transformar a energia de entrada, da fonte de ruído ou vibração, em ondas vibracionais que serão amortecidas pela estrutura, através das descontinuidades estruturais, e, posteriormente transformadas novamente em ruído aéreo, por meio da vibração de elementos estruturais do compartimento receptor. 35 3.3.1 Metodologia de Cálculo do Ruído Estrutural. A metodologia foi implementada computacionalmente no programa AR3, simplificando a predição do ruído estrutural. Essa análise divide-se em três etapas: - Especificação das fontes; - Especificação dos acoplamentos, geometria do navio; - Especificação das anteparas e divisórias. Essas especificações são as informações necessárias para a predição do ruído estrutural através desse modelo semiempírico, como será visto a seguir. O programa AR³ possui um grande banco de dados a respeito dos itens citados acima, mas, como citado anteriormente, quanto mais fiel forem os dados de entrada, melhor o resultado, então, se o fabricante fornecer os dados necessários sobre o equipamento ou o material estudado, com certeza serão obtidas predições com um menor nível de erro, mas, quando isso não é possível, utilizam-se dados do banco de dados do AR³ e os fornecidos pelas referências bibliográficas [9] e [10], através das diferentes fórmulas que descrevem a potência das diferentes fontes presentes no navio. 3.3.2 Níveis de Ruído Estrutural da fonte. Para fontes de ruído estrutural, os níveis de ruído são dados em termos do nível de aceleração livre, em decibéis, em relação à aceleração de definido pela equação: (3.3) onde: La - nível de aceleração em dB re 10-6 cm/s2 a - aceleração a0 - aceleração de referência 10-6 cm/s2 re - referência 36 Quando os níveis de ruído são expressos em termos de velocidade livre em decibéis em relação à velocidade de 10-6 cm/s, a conversão para níveis de aceleração é feita pela fórmula: (3.4) onde: Lv - nível de velocidade (em dB relativo ao nível de ) f - freqüência central da banda de oitava As fontes de ruído típicas num navio são descritas a seguir: Motor diesel Caixas redutoras Bombas Compressores de ar Motores elétricos e geradores Ventiladores Propulsores laterais e azimutais Podem se estabelecer duas formas de inserir os dados de ruído estrutural nas fundações das fontes, uma é a través de medições de nível vibração na fundação das fontes e outra é empiricamente. 37 As condições para realizar as medições nas fundações das máquinas são fornecidas seguindo normas internacionais estabelecidas pelos órgãos governamentais no pais de construção do navio ou plataforma, o cumprimento das normas vai depender da sociedade classificadora que acompanhou a construção do mesmo e as normas da bandeira de registro da nave. No caso de não ter dados de vibração na fundação no momento de fazer o modelo é utilizada a formulação estabelecida na referência [10]. A seguir são apresentadas as principais fontes de ruído no navio e suas formulações: A.Motores diesel: funcionando a menos de 1000 rpm: dB re 10-6 cm/s2 (3.5) Onde P é a potencia em KW, Rrpm é revolução meia do motor, Orpm corresponde á revolução na condição de operação do motor (85% de regime de trabalho, 50%, etc.), Δ corresponde ao ajuste de banda de oitava da metodologia através da seguinte tabela 1: Tabela 1 Ajuste de banda de oitava para o ruído estrutural de um motor diesel. Frequência (Hz) 31.5 Δ(dB re 10-6cm/s2) -17 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 16000 -19 -20 -21 -24 -28 -34 -43 -50 -50 38 O segundo para o ruído estrutural do motor diesel vem dado pela seguinte formulação: dB re 10-6 cm/s2 (3.6) onde A e B vem dados pela seguinte tabela fornecida na metodologia: Tabela 2 Ajuste em banda de oitava para as constantes A e B de um motor diesel em função das RPM de trabalho. Frequência 31.5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 16000 100-250 rpm A 74 73 73 63 63 60 58 56 54 54 B 4 3 10 7 6 1 1 1 1 A 86 82 80 78 80 75 69 64 59 59 B 1 3 8 6 5 1 1 1 1 A 91 86 85 83 85 83 79 78 77 77 B 6 6 5 6 7 4.5 4 3 2 2 250-600 rpm 3 600-1000 rpm 8.5 Finalmente os valores Lab1 e Lab2 são reunidos em a seguinte equação: dB re 10-6 cm/s2 (3.7) dB re 10-6 cm/s2 (3.8) B.Bombas: Δ1 é um ajuste dependendo da ubiquação da bomba, -10 dB re 10-6 cm/s2 sem a bomba não tem amortecedor e 0 dB re 10-6 cm/s2 sim tem amortecedor. Δ2 vem dado pela seguinte tabela: Tabela 3 Ajuste em banda de oitava para ruído estrutural em bombas. Frequência (Hz) 31.5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 16000 Δ2(dB re 10-6cm/s2) 85 92 94 98 101 104 107 107 112 112 39 C.Outras fontes:A tabela 4 contém outros equipamentos que podem ser encontrados a bordo de um navio ou plataforma e formulações para cada um, os valores Δ corresponde a ajustes em banda de oitava dependendo do tipo de máquina á ser analisado. Tabela 4 Dados de entrada para o cálculo de ruído estrutural em outras fontes. Equipamento Caixa de redução Thrusters e Azimutais Compressor de ar Dados de Entrada Formulações semiempíricas Potência ou Potencia e fator de redução ( Potência Observações Em a maior parte dos casos não são fornecidas as especificações técnicas da caixa de redução e fica como uma constante não conhecida. Consideram-se como trhusters os propulsores laterais e azimutais, é um ajuste de banda de oitava. Potência Correspondem a ajustes de banda de oitava dependendo do tipo de fundação. Outras variáveis que entram no cálculo de ruído estrutural da fundação da maquina é o tipo de fundação, peso da máquina e tipo de isolador (Sem amortecedor, baixa frequência, alta frequência ou dois estágios), detalhes para o calculo seguem cada equipamento é apresentado na ref.[9] e atualizado em [10]. Tendo os dados anteriores pode-se supor a condição de trabalho do navio ou plataforma, assim pode-se estabelecer, a modo de exemplo, no caso de um navio que: Se em uma condição de navegação, os motores estiverem funcionando a 85% da potência máxima, o gerador diesel estiver em stand-by e o navio estiver funcionando com gerador de eixo. Se em uma condição de manobras, os motores diesel estiverem trabalhando para suprir energia para os equipamentos hidráulicos, os motores principais estiverem em stand-by e o bow thruster estiver operando com pelo menos 40% de capacidade. 40 3.3.3 Caminhos de Transmissão: O ruído estrutural pode ser gerado nas estruturas de uma unidade, tanto diretamente, pelo acoplamento de equipamentos vibrantes na estrutura, quanto indiretamente, através da incidência do ruído aéreo na estrutura da unidade gerando vibração. Para as fontes que geram ruído estrutural diretamente, os elementos que fazem parte do caminho de transmissão, desde a fonte até o volume receptor, são: Acoplamentos Fundações Estruturas da unidade (anteparas, conveses) Vibração estrutural interagindo com o ambiente, pode ser ar ou líquidos onde vão se gerar ruído nesses ambientes. Para o ruído estrutural gerado indiretamente pelo ruído aéreo, os elementos que fazem parte do caminho de transmissão são: Do ambiente que rodeia a estrutura excitando a esta. A mesma estrutura transportando a energia vibracional. A Energia vibracional da estrutura novamente transformada em ruído aéreo em o ambiente receptor. Essa metodologia está baseada na perda de intensidade pela transmissão, ou seja, quanto mais barreiras existirem no caminho da fonte ao receptor, mais energia será dissipada, e, consequentemente, menos energia sobra para se transformar em ruído aéreo no ambiente receptor. Os fatores de perda de energia na transmissão estrutural podem ser descritos pelos seguintes exemplos reais: Acoplamentos (equipamentos-fundações as que vão gerar amortecimento e por consequência perda de energia vibracional). Fundações (estruturais ou tubulares) que também vão absorver energia vibracional da fonte. 41 Área efetiva ocupada na instalação da fundação o que vai fazer variar a perda de ruído estrutural dependendo do tamanho da fundação da máquina que suporta a mesma. Interseções estruturais a través da estrutura o que vai dissipar a energia vibracional. Figura 7. Esquema de propagação de ruído em um navio 42 3.3.4 Perdas na Propagação do Ruído Estrutural. No que se refere às perdas sofridas entre a fonte vibrante e um volume receptor, primeiro é necessário definir-se uma fonte emissora e um volume receptor: Figura 8. Esquema de um navio indicando uma fonte (motor principal) e um receptor. Existem infinitos caminhos possíveis entre uma fonte e um compartimento, o que traze um problema na escolha da infinidade destes caminhos traduzido em que a melhor escolha poderia ser o que apresenta menor impedância, e por consequência menor perda de transmissão, este problema pode trazer como consequência um aumento do tempo de cálculo de computador e requererá uma alta capacidade de memória, devido a isso foi considerado no método que o caminho entre fonte e receptor é o menor caminho possível entre os dois. Esse menor caminho pode ser estabelecido fazendo-se um corte através de um plano vertical que contenha a fonte e o centro do volume receptor, atravessando os diversos volumes do navio. O menor caminho vai estar contido neste plano cortante. 43 Figura 9. Esquema do plano cortante de ruído estrutural. Figura 10 Plano vertical: Menor caminho entre a fonte e o receptor As perdas de transmissão de ruído neste caminho deverão ser, em geral, de três tipos: Perdas no interior do volume que contém a fonte Perdas pelo caminho até o receptor Perda pelos tipos de intersecções geradas pelos volumes 44 3.3.5 Perda no Interior do Volume Essa perda é definida por uma fórmula geométrica e tem um valor único que depende do espaço que envolve a superfície da fonte em questão. Figura 11. Projeção da Máquina no Volume onde: r1 e r2 -Distância entre o centro do fundamento da máquina e o médio do painel que interessa dependendo da direção de propagação. rfr -Distância mínima entre cavernas (constante de entrada) a -Comprimento da máquina b -Largura da máquina Os comprimentos e larguras das máquinas vão depender da referencia no desenho no navio, em geral a constante de entrada vem dada pelo valor do comprimento Lx no programa e b por Ly. A perda é dada pela fórmula: (3.9) onde: 45 (3.10) (3.11) ∆La é um valor constante. Para viabilizar o cálculo automático deste valor, recorre-se à geometria computacional, onde a ideia é determinar-se a direção de propagação do ruído estrutural entre o centro da fonte e o centro do volume do receptor. A figura 12 mostra a iteração executada no programa. Figura 12 Esquema para o cálculo da perda de ruído Estrutural no volume da fonte. 46 3.3.6 Perdas no caminho até o receptor Como foi descrito anteriormente, a formulação utilizada para descrever a transmissão e perda de ruído estrutural até chegar ao receptor, está baseada em uma simplificação do método SEA, neste caso o subsistema utilizado para modelar é limitado a um painel com características como densidade, espessura e fator de perda (η). No caminho entre a máquina e o receptor vão se apresentando as perdas devido ao amortecimento de cada um dos painéis que recorre o ruído estrutural desde a primeira intersecção, fora do volume da fonte, até o painel mais próximo no convés que compõe o volume receptor. Essa perda deve ser definida em termos das frequências de banda de oitava e vai depender do fator de perda de cada painel e da largura do caminho entre o limite do volume da fonte e o centro do painel mais próximo no convés do volume receptor. Figura 13 Propagação ruído estrutural 47 No caso da figura 13, a linha vermelha indica o caminho mais curto,L1,L2,L3 e L4 definem o comprimento do caminho definido pela direção geométrica mais curta entre a fonte e o receptor, η1, η2, η3, definem os fatores de perda de cada painel até o volume receptor, os quais são determinados estatisticamente segundo a referência [12]. No caso de L5,L6,η5 e η6 são necessários na obtenção do valor da perda até o painel e o piso mais próximo. A fórmula para se obter a perda de transmissão pelo caminho será expressa por: (3.12) onde: f - é a frequência de banda de oitava (31,5 Hz até 16 KHz) N- é o número de estruturas entre o compartimento da fonte e o compartimento receptor (incluindo este último) l - é o comprimento do caminho atravessando cada painel entre a fonte e o receptor (metros) η - é o fator de perda da i-ézima estrutura-painel. t - é a espessura de cada painel (inseridos em cm no AR3 mais transformado em metros na sub-rotina do programa) i - é o índice da estrutura 3.3.7 Fator de Perda (η): O fator de perda ou “loss factor” em inglês é definido em acústica como uma grandeza de amortecimento do tipo viscoso, usualmente tem significância como um fator de perda estrutural baseado em o efeito de amortecimento inerente do material (Histérese) que compor alguma estrutura. Para um material solido é definido como o modulo de elasticidade complexo E´=E(1+jη) onde E é o modulo de Young de elasticidade. Também esta relacionada com o fator de amortecimento critico (ζ) através da seguinte formula: (3.13) Outra formula na acústica para determinar o fator de perda é através do tempo de reverberação T60 e a frequência: 48 (3.14) onde é gerado um impulso com um martelo ou um agitador mecânico para obter a resposta em uma estrutura, o problema neste caso é que a estrutura pode estar acoplada a outros elementos como no caso do navio e tem que se considerar o efeito de estes sobre a medição. A isso se soma a complexidade do navio devido à presença não só do painel, como assim também de cabos elétricos, tubulações, estruturas soldadas e equipamentos navais que também alteram o fator uma vez instalado o painel na estrutura, tornando o analise do fator um problema mais complexo, tornando η a maior fonte de incerteza na predição de ruído estrutural em torno a um 20% [33]. Por este motivo recorre-se à seleção de estimativas com base na referência [12].O fator de amortecimento depende se a estrutura é composta por um ou mais materiais. Esta hipótese baseia-se no fato de que uma estrutura com material de isolamento pode dissipar mais energia do que sem esse tipo de material. Isso se deve à impedância de cada material. Assim, no momento da onda sonora entrar em um material composto, a impedância fará que a velocidade das ondas seja diferente, fazendo que a onda se anule em alguns pontos, gerando uma perda de energia transmitida pela estrutura. O programa AR³ apresenta sub-rotinas que decidem entre três valores possíveis para o fator de perda, que podem variar de acordo ao numero de camadas da estrutura. Três configurações estão apresentadas por banda oitava, conforme mostram as figuras 14 a 16, o primeiro caso é só da estrutura (fig. 14 material principal de construção do navio), o segundo é a estrutura e material de isolamento em uma das faces (fig. 15) e por último, material de isolamento nas duas faces (fig. 16). Estes fatores são obtidos de tabelas estatísticas em banda de oitava pressentes na ref.[12] e estimados no caso das frequências 31.5 Hz e 16000 Hz. 49 Fator de perda(η)de um material 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 31,5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 16000 Figura 14 Características de amortecimento da estrutura em frequência de banda de oitava. Fator de perda (η) de dois materiais 0,1 0,08 0,06 0,04 0,02 0 31,5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 16000 Figura 15 Fator de amortecimento de estrutura mais um recobrimento. 50 Fator de perda (η) tres materiais 0,12 0,1 0,08 0,06 0,04 0,02 0 31,5 63 125 250 500 1000 2000 4000 8000 16000 Figura 16 Características estimativas do fator de perda da estrutura recoberta por ambas caras. 51 3.3.8 Perda Pelas Intersecções Entre os Volumes Essa é a perda devido às intersecções que ocorrem no caminho desde o volume da fonte até o volume receptor, onde cada uma das intersecções varia de acordo com o tipo de junção formada pelos painéis, esta perda tem seu paralelo em SEA com a perda por acoplamentos. Este tipo de acoplamento pode se apresentar em 3 configurações distintas, tipo T, tipo Cruz(quatro interseções) e tipo L onde temos dois painéis com diferentes espessuras. As seguintes fórmulas devem ser aplicadas para o cálculo da perda por interseção: (3.15) Onde N é o número de intersecções entre a fonte e o volume receptor e n é o número da interseção entre o volume da fonte e o compartimento do receptor (1, 2 ou 3). TLn passa, então, a ser dada por: dB re 10-6cm/s2 Onde (3.16) é dado pela seguinte equação: (3.17) Para a qual as características dos materiais dos painéis são: • ρ- densidade da placa estrutural do painel(kg/cm3). • t- espessura do painel(centímetros). • o subíndice i deve se referir à placa que entrega a energia e o subíndice j à placa que recebe a energia. O valor numérico obtido do cálculo de τij é constante e diminui em todas as frequências de banda de oitava dos cálculos anteriores. A soma dos três valores, A, B e C em cada banda de oitava representa a perda de ruído estrutural desde a fundação da máquina ou fonte até o centro do painel mais próximo dentro do volume receptor e seu respectivo piso ou convés. 52 3.3.9 Interação Estrutural Acústica. A estrutura do navio tem a propriedade de absorver ruído, como também de gerar devido a influência de forças de excitação externas como as máquinas auxiliares e sistema propulsor.A influência anterior aplicada no âmbito acústico gera interações de dois tipos: o ruído estrutural sendo transformado em ruído aéreo de um lado e o ruído aéreo sendo transformado em ruído estrutural do outro. 3.3.10 Conversão de Ruído Estrutural para Ruído Aéreo A potência sonora irradiada por uma estrutura vibrante depende de fatores tais como a amplitude da vibração estrutural, as dimensões das estruturas vibrantes e dos movimentos das superfícies das estruturas vibrantes. Serão apresentados os métodos para a estimativa da função de transferência da vibração estrutural dos painéis em potência sonora estrutural. Normalmente, em um compartimento para o qual estruturas vibrantes geram ruído, as anteparas e conveses desse compartimento possuem basicamente painéis estruturais quase de mesma dimensão e de mesmos níveis de aceleração. Assim, nesse procedimento calcula-se, primeiramente, a função de transferência para um painel típico. A quantidade 10log(n), onde n é o número de painéis radiantes na antepara ou no convés, deve ser adicionada à função de transferência de um único painel para, então, obter-se a função de transferência para toda a antepara ou convés. A função de transferência (TF) para uma antepara ou convés fica sendo dada, então, pela equação: (3.18) onde: LW - nível de potência sonora irradiada em dB referido a watts-12 La - nível de aceleração de vibração do painel vibrante f - frequência central da banda de oitava (Hz) Ap - área da superfície do painel típico (m2 no programa e transformado em pés² na sub-rotina) (1 lado) σrad- eficiência de radiação de um painel típico (sem unidad) η - número efetivo de painéis. 53 O número efetivo de painéis é a ração entre a área da fundação do equipamento que emite o ruído e a área do painel ou convés (Seguem seja cálculo para determinar a radiação do painel ou convés) mais perto do volume receptor a analisar. A referência [10] apresenta uma forma de cálculo para σrad, conforme apresentado a seguir: A frequência crítica, calculada anteriormente para o aço, o alumínio e o vidro é definida por: (3.19) Onde t é a espessura do painel que irradia o ruído em polegadas. Para outros materiais que não sejam os nomeados anteriormente a equação é dada por: (3.20) Onde c é a velocidade do som no ar, 335.28 m/s t é a espessura do painel em centímetros (polegadas na referencia), CL corresponde à velocidade da onda longitudinal propagada através do material (para o aço e o alumínio 5150 m/s ). A eficiência da radiação é calculada para três casos de frequência; embaixo, acima e igual a fc. Abaixo da fc: σ (3.21) onde: Pp=2*(Lx+Ly); S=Lx*Ly com Lx e Ly sendo as dimensões dos painéis e conveses que compõem o compartimento (em metros);af =(f/fc)2; velocidade do som no ar e: = C/fc, C é a (3.22) (3.23) 54 Uma eficiência de radiação de 0 dB tem que ser utilizada na banda de oitava que contém a frequência crítica. Para as bandas de oitava para acima da frequência crítica deve-se utilizar a expressão: (3.24) Para as faixas de frequência de banda de oitava abaixo da frequência crítica é necessário adicionar 3 dB para os painéis do navio analisados, por exemplo: 10log(σrad)+3dB re watts-12, onde σrad é determinado segundo as formulações já expostas anteriormente. Acima da frequência critica a eficiência da radiação é apenas 10log(σrad) dB re watts-12. Na banda de oitava contendo a frequência crítica a eficiência da radiação é 0 dB. A referência [10] também apresenta algumas eficiências de radiação típicas para alguns materiais e compostos de navios, apresentadas na tabela 2: Tabela 5 Eficiência de radiação, 10log(σrad) dB re watts-12 típica para materiais usados na indústria naval Frequência (Hz) 31.5 63 125 250 500 1000 2000 Coberta com material de recobrimento poroso. -11 -10 -10 -8 0 3 0 Painel de aço com recobrimento Lá mineral de 50 mm -15 -15 -15 -12 -10 -8 -2 Painel Beta, 4.3 Lb/pés² -20 -19 -17 -15 -13 -9 -1 Madeira aglomerada de 1``e superfície dura. -12 -11 -11 -11 -10 3 1 Painel de Marinite -19 -19 -17 -11 -10 -5 4 Com o anterior a função de transferência (TF) foi inserida no programa AR3 para o cálculo da potencia sonora emitida pelo ruído estrutural. 3.3.11 Conversão de Ruído Aéreo para Ruído Estrutural O ruído aéreo incidente na estrutura do navio excita a estrutura e faz com que ela vibre. Entretanto, a relação entre os níveis de ruído aéreo incidente na estrutura e os níveis de ruído estrutural gerado pelo ruído aéreo não é a mesma, e vice-versa. Por exemplo, as funções de transferências apresentadas na seção anterior não mostram a dependência da densidade volumétrica da estrutura na formulação. 55 Estruturas mais pesadas são menos excitadas pelo ruído aéreo do que estruturas mais leves. As funções de transferência para estruturas de aço e alumínio são diferentes devido à densidade volumétrica dos dois materiais. Além disso, a carga de líquidos (água ou óleo) na parte molhada da estrutura irá diminuir a resposta da estrutura para o ruído aéreo, por isso as funções de transferência para estruturas secas e molhadas são diferentes. Para o ruído aéreo incidente numa estrutura de aço “seca”, a função de transferência para cada banda de oitava será o menor valor entre as equações: 30log 10 6 / 2 (3.25) (3.26) La - nível de aceleração da vibração da estrutura em dB re 10-6 cm/s2 onde: Lp -nível de pressão sonora no espaço considerado em dB re 10-6 cm/s2 h - espessura do chapeamento da estrutura (cm) f - frequência central da banda de oitava (Hz) Ap- área da superfície do painel típico (cm²) (1 lado) ɑ - razão comprimento/largura do painel (normalmente > 1) -57 corresponde a uma constante da formulação semi-empírica em dB -6 re 10 cm/s 2 O procedimento para calcular 10log(σrad) está descrito na seção anterior. Para o ruído aéreo incidente numa estrutura de alumínio “seca”, a função de transferência será o menor valor entre as equações: 30 10 6 / 2 (3.27) O valor 45 corresponde a uma constante da formulação semi-empírica em dB re 10-6 cm/s2. 56 (3.28) Para o ruído aéreo incidente em uma estrutura de aço “molhada”, a função de transferência do ruído aéreo para o ruído estrutural é dado pela equação 3.24: Aph−20loga−10logh+12,8hfdB 10 6 / 2 (3.29) Para o ruído aéreo incidente em uma estrutura de alumínio “molhada”, a função de transferência do ruído aéreo para o ruído estrutural é dado pela equação 3.25: – 2 − 20 −10 +33,6 10 6 / 2 ( 3.30) 3.4 Integrações dos Módulos no AR³ O nível de ruído resultante das saídas de ruídos estrutural, aéreo e de HVAC (quando este for incluído) vai se adicionar de forma logarítmica em cada banda de oitava e nas mesmas unidades da potência sonora (dB ref 10-12 Watt), e logo, para determinar-se o nível de pressão sonora no compartimento, o ambiente acústico deve ser levado em consideração, como mostra a equação a seguir: – Onde: Lp = nível de pressão sonora em dB referido a 2x10-5 N/m2 Lw = nível de potencia sonora total em dB referido a 10-12Watt R = constante do compartimento (m2) (3.31) 57 A constante “R” é que diferencia o ambiente acústico de um compartimento, representando o somatório de todas as superfícies que limitam o compartimento multiplicado pelo coeficiente de absorção de Sabine (ɑ). Esta constante é conhecida como constante do quarto ou Room Constant, por suas iniciais em inglês, e é dada por: (3.32) Onde: Si = área de cada superfície i (m2) ɑi = Coeficiente de Sabine de cada superfície i em banda de oitava. Diversos coeficientes de absorção sonora podem ser encontrados na literatura (ref. [14], [18], [21]). Estes valores são associados a cada um dos materiais inseridos no programa AR³, onde, finalmente, pode-se determinar o nível de pressão sonora no volume de interesse. 58 Capítulo 4 - Análise dos Navios Para testar a validade da metodologia de predição de ruído, três unidades foram modeladas e analisadas pelo programa AR3 e os resultados calculados foram comparados, na medida do possível, com medições de ruído real e/ou outros métodos de predição realizadas nessas unidades. Inicialmente, quando o programa AR³ calculava apenas o ruído aéreo, obtinhamse níveis de ruído final nos diferentes volumes geralmente menores que os valores medidos. A incorporação do ruído de origem estrutural tem como objetivo aproximar estes resultados do ruído real que ocorre o navio ou plataforma. Para se ter uma idéia da influência do ruído estrutural geraram-se tabelas comparativas de ruído com e sem a presença do ruído estrutural. As figuras a seguir mostram algumas características dos modelos analisados e é claramente visível a dificuldade de se efetuar um estudo do ruído para os mesmos. É possível observar-se a complexidade estrutural que torna necessário levar-se em conta o número de volumes, material isolante de cada um, o número de maquinas em funcionamento, entre outras tantas variáveis. Figura17 Plataforma FPSO. 59 Figura 18 Navío AHTS (Anchor Handling Tug Supply) Figura 19 Navio Sonda ou de perfuração. Devido ao caráter confidencial, os nomes das unidades estudadas serão omitidos. Por esse motivo, identificam-se as duas unidades estudadas como Unidade A (AHTS - Anchor Hangling Tug Supply) e Unidade B (plataforma offshore) e Unidade C (Navio de Perfuração). 60 4.1 Modelo Computacional A primeira providência na utilização do programa AR3 para cálculo de predição de ruído é a preparação do modelo com a compartimentação do navio ou plataforma. Isto é levado a cabo através da definição dos nós de geração dos painéis e da definição de cada volume através da seleção dos painéis de formação de cada volume. Cada volume é composto de 6 painéis, quatro paredes, um piso e um teto. Na guia apresentada na figura 19 está apresentada a entrada de dados para os painéis que incorporam os diferentes materiais de construção e que encerram as características de isolamento termoacústico de cada um dos compartimentos do navio, inclusos os chapeamentos e seus revestimentos. Figura 20 Entrada dos dados dos painéis e suas características no AR3 Pode-se observar nessa figura que cada painel pode ser composto de até três materiais diferentes, um correspondente ao material da estrutura de construção (geralmente intermediário) e os outros dois correspondentes aos materiais isolantes (revestimentos). Existe também a possibilidade de inserção automática do tipo de material para agilizar o tempo de modelação. As características acústicas e físicas 61 dos materiais são inseridas em outro formulário do programa, e são normalmente provenientes de testes de laboratório ou de tabelas disponíveis na literatura especializada. Esses fatores, definidos para cada banda de oitava do espectro de ruído, são importantes porque os resultados finais dos ruídos aéreo e estrutural dependem dos valores de absorção sonora (coeficiente de absorção sonora de Sabine), perda de transmissão e fator de amortecimento presentes nesses materiais. Figura 21 Entrada de dados dos materiais no AR3 A partir da geometria do modelo, já é possível obter-se uma imagem 3D do mesmo, pois o programa disponibiliza saídas gráficas tridimensionais com excelentes recursos de visualização através do uso do mouse. A figura 22 apresenta a visualização 3D do modelo da Unidade C. Figura 22 Modelo representando um navio no programa AR³ A próxima etapa da modelação é a inserção das fontes sonoras, com suas respectivas coordenadas no navio, e dos níveis de potência sonora para ruído aéreo. Para o ruído estrutural é possível introduzir dados tais como o tipo de máquina, o tipo 62 de fixação, o tipo de fundação, a potência, o peso, as rotações de serviço (RPM), além das dimensões do volume que envolve a máquina e o espaçamento de cavernas da embarcação no local. O quadro das figuras 23 e 24 mostram a interface AR3 para definição das fontes sonoras. Figura 23 Dados das potencias sonoras em banda de oitava Figura 24 A figura representa os dados para o cálculo de ruído estrutural As fontes são representadas na interface gráfica 3D através de esferas vermelhas (a cor é selecionável pelo usuário) numeradas, como apresentado na figura 22. Uma vez inseridas a geometria e as fontes de ruído, é possível executar os cálculos dos ruídos aéreo e estrutural. Os resultados podem ser apresentados e visualizados de três formas distintas: tabelas, gráficos de barra e espectros de ruído. Outra forma de exibição de resultados é a saída gráfica 3D do ruído através de uma escala de cores associada com as intensidades do som. As figuras 25, 26 e 27 mostram exemplos de apresentação de resultados do AR³. 63 Figura 25 Resultados em formato de tabela Figura 26 Resultados em forma de gráfico de barras (ruído aéreo (vermelho), ruído estrutural (marrom) e medição (verde) 64 Figura 27 Resultados em forma de espectro de ruído com curvas NC 4.2 Considerações Gerais na Análise dos Modelos As seguintes considerações serão levadas em conta na análise dos modelos: As pessoas e móveis (camas, quadros, eletrodomésticos, etc.) instalados nos compartimentos da superestrutura não são consideradas, ainda que estes possam influenciar o ruído, já que tudo sempre tem alguma porcentagem de absorção sonora. As janelas e portas não serão consideradas na estrutura. Cada painel que compõe um volume será tomado como um conjunto homogêneo de material ou composto por dois ou mais materiais diferentes, dependendo do grau de isolamento. 65 A presença de equipamentos de salvatagem, caixas elétricas, tubulações, bandejas elétricas e aparelhos eletrônicos de baixa potência não serão considerados na análise de ruído. O ruído externo, como ondas do mar e vento, não é levado em consideração. As características ambientais em cada compartimento são de 25°C e 70% de umidade. A estrutura do navio e/ou plataforma é, mormente, considerada como sendo de aço, com 12 mm de espessura em média, e com as características de absorção e perda de transmissão sonoras obtidas da tabela 7.13 da referência [9]. Outros valores acústicos de materiais considerados são provenientes das referências [14], [26] e [27] e algumas data-sheets de isolantes acústicos presentes no anexo A. O ruído de HVAC não será considerado neste trabalho por não fazer parte do escopo da tese e por estar ainda em fase de desenvolvimento no programa AR3. Os níveis de ruído aéreo em NWL no programa AR3 são baseados em fórmulas apresentadas na referência [10]. Este recurso é utilizado nos casos em que esta parcela do ruído não é fornecida pelo fabricante da máquina. Todos os cálculos de ruído estrutural estão baseados na referência [10], capítulo 6, item 6.3. O cálculo do ruído aéreo que influencia a geração do ruído estrutural não é considerado na análise. As máquinas foram consideradas operando sem problemas mecânicos, com os rolamentos em boas condições e perfeitamente alinhadas. As superfícies molhadas não forma tomadas em conta. 4.3 Considerações Particulares A análise de cada navio e/ou plataforma em particular depende dos requerimentos do armador e, em especial, do tipo de regra da sociedade classificadora que supervisiona a construção da mesma. Também têm muita influência as condições de operação durante a vida útil do navio e/ou plataforma. Dos três navios analisados com o programa AR³, só o AHTS foi realizado em prova de mar. A ausência de medições em provas de mar dos outros dois não foram realizadas por estarem ainda em fase de projeto até a data de realização desta tese. 66 4.3.1 Unidade A: Navio AHTS No caso do navio AHTS, as considerações principais dizem respeito às máquinas que influenciam o ruído nas seguintes condições de operação: Condição de trânsito; Condição de manobras. Em condição de trânsito foram consideradas 6 fontes de ruído: os motores principais (4) e as caixas redutoras (2), estando os motores funcionando a 85% de sua capacidade. Em condição de manobras os motores trabalharam com baixa potência, sobrepondo-se a um grupo diesel-elétrico que fornece energia para os equipamentos de posicionamento dinâmico, um propulsor lateral à vante, um sistema azimutal e dois propulsores laterais de ré, todos operando com 40% da capacidade. Os seguintes materiais foram considerados: aço naval, usado na construção dos conveses, aço corrugado nas anteparas, lã mineral no isolamento das áreas habitadas, concreto em alguns compartimentos, tais como escritórios e oficinas, painéis sandwich a base de lá de rocha no isolamento acústico (A60 e A15), material visco-elástico na atenuação da propagação de vibrações nos pisos e poliuretano em alguns locais do navio. Todos os materiais têm as características acústicas obtidas das referências [9], [10], [14] e [26]. 4.3.2 Unidade B: Plataforma FPSO No caso da Unidade B, considerou-se apenas uma condição de operação, com todos os equipamentos de extração e os turbogeradores em operação. A plataforma conta com 121 fontes sonoras, 1360 subsistemas e mais de duzentos volumes, o que torna o cálculo bem mais complexo e lento do que no caso da Unidade A. É importante ressaltar que o ruído aéreo,em sua maior parte, foi calculado com base nas formulações da referência [10] , o que não corresponde a valores reais, mas a valores aproximados por fórmulas empíricas. A exceção é o caso dos turbogeradores cuja potência sonora foi fornecida pelo fabricante, além de outras máquinas de potências menores. Os materiais também foram obtidos das referências anteriores e de data-sheets fornecidas pelo estaleiro construtor estes materiais são lá de rocha de 280 kg/m3de massa específica e material visco-elástico com um η=0.28. 67 4.3.3 Unidade C: Navio de Perfuração Submarinha O navio de perfuração conta com 6 propulsores que funcionam como sistema de posicionamento dinâmico, com o navio em condição de exploração petrolífera, e que também servem para o trânsito do navio. Esses propulsores são acionados eletricamente por 6 geradores a diesel. Quatro bombas centrífugas de alta potência atuam em conjunto com 63 fontes de ruído adicionais, todas determinadas segundo a referência [10]. A condição mais desfavorável ao ruído transmitido levada em conta para o cálculo foi a de posicionamento dinâmico com os 6 propulsores funcionando a 85% de capacidade, com os diesel-geradores funcionando também a 85% de capacidade e com os demais equipamentos em funcionamento. A potência sonora das máquinas foi calculada com base na referência [10]. Foram fornecidos dados de isolamento específico, levando-se em conta o material da estrutura principal, como aço naval de 7850 kg/m2 de massa específica, junto com concreto de 2 polegadas de espessura para o piso na maior parte dos compartimentos habitáveis, e materiais isolantes a base de lã de rocha A60 e A15 para o isolamento das paredes e tetos fornecidos pelo estaleiro ,descrições de estes materiais estão na ref.[26] . 4.4 Resultados e Comparações Uma vez inseridos os dados de entrada no programa AR³ para os três modelos, os cálculos foram executados e os resultados estão apresentados em forma de tabelas e gráficos para permitir uma forma rápida de comparação da influência das diferentes parcelas de ruído e suas combinações. A figura 28 apresenta um exemplo do resultado de ruído aéreo calculado em um corredor do convés principal, comparado com resultados de medição. Já a figura 29 apresenta os resultados combinados de ruído aéreo e ruído estrutural para este mesmo compartimento. Os valores são todos apresentados em dB(A). 68 Figura 28 Corredor 1: Ruído Aéreo Figura 29 Tabela Corredor 1: Ruído Aéreo e estrutural Para uma apresentação mais eficiente, são mostradas tabelas comparativas com os resultados gerais do nível de ruído global para cada um dos volumes de cada modelo. 4.4.1 Resultados Comparativos do Ruído nos Modelos A tabela 3 apresenta os resultados para a Unidade A (navio AHTS) na condição de trânsito e a tabela 4 na condição de manobra. O navio possui 12 fontes e 40 volumes. São apresentadas as diferenças entre a predição e a medição real a bordo. A complexidade de modelação deste navio é menor do que dos outros, resultando em um menor tempo de cálculo. 69 Tabela 6: Modelo A: Predição x Valores Medidos Compartimento 4M B (Main Deck) Corredor1 (Main Deck) 4M E (Main Deck) 2 M (Main Deck) 2 M(Main Deck) 2 M(Main Deck) Corredor 3(Main Deck) Hospital Laundry(Main Deck) Reception (Main Deck) Corredor 4 (Main Deck) Dirty Mess (Main Deck) Workshop (Main Deck) Day Room (A Deck) Mess Room(A Deck) Hi Fi DayRoom (A Deck) Galley (A Deck) Office-408 (A Deck) Office -409 (A Deck) 2 Crew-512 (B Deck) 2 Crew-507 (B Deck) 2 CRew-509 (B Deck) 2 Crew-514 (B Deck) 2 Crew-505 (B Deck) 2 Crew-516 (B Deck) 1 Crew-503 (B Deck) 1 Crew-518 (B Deck) Captain (C Deck) Chief Eng (C Deck) 2 Client 606 (C Deck) Officer-613 (C Deck) 2 Client-604 (C Deck) Officer-615 (C Deck) Office (C Deck) WheelHouse-Starboard side (Bridge Deck) WheelHouse-centerpoint (Bridge Deck) WheelHouse-Port side (Bridge Deck) Ruido Aéreo dB(A) 46 24 32 Ruído Global Estimado no AR³ 57 57 59 59 60 60 60 60 65 60 71 64 63 54 54 56 59 63 70 55 55 57 53 55 56 57 61 52 52 55 57 56 65 61 58 44 58 64 -6 60 6 60 63 -3 59 41 59 64 -5 57 57 59 59 60 60 60 60 65 60 71 64 63 54 54 56 59 63 70 55 55 57 53 55 56 57 61 52 52 55 57 56 65 61 Ruido Estrutural dB(A) 46 39 46 44 36 36 43 48 45 35 42 52 42 34 29 46 44 37 41 34 28 26 31 42 33 32 35 22 25 28 26 Medição Diferença 57 67 59 62 59 58 67 57 74 71 67 73 94 62 62 65 70 57 59 64 58 56 57 62 57 61 59 57 55 60 54 60 57 63 0 -10 0 -3 1 2 -7 3 -9 -11 4 -9 -31 -8 -8 -9 -11 6 11 -9 -3 1 -4 -7 -1 -4 2 -5 -3 -5 3 -4 8 -2 70 Tabela 4 Modelo A: Predição x Valores Medidos Compartimento 4M B (Main Deck) Corredor1 (Main Deck) 4M E (Main Deck) 2 M (Main Deck) 2 M(Main Deck) 2 M(Main Deck) Corredor 3(Main Deck) Hospital (Main Deck) Laundry(Main Deck) Reception (Main Deck) Corredor 4 (Main Deck) Dirty Mess (Main Deck) Workshop (Main Deck) Day Room (A Deck) Mess Room(A Deck) Hi Fi DayRoom (A Deck) Galley (A Deck) Office-408 (A Deck) Office -409 (A Deck) 2 Crew-512 (B Deck) 2 Crew-507 (B Deck) 2 CRew-509 (B Deck) 2 Crew-514 (B Deck) 2 Crew-505 (B Deck) 2 Crew-516 (B Deck) 1 Crew-503 (B Deck) 1 Crew-518 (B Deck) Captain (C Deck) Chief Eng (C Deck) 2 Client 606 (C Deck) Officer-613 (C Deck) 2 Client-604 (C Deck) Officer-615 (C Deck) Office (C Deck) WheelHouse-Starboard side (Bridge Deck) WheelHouse-centerpoint (Bridge Deck) WheelHouse-Port side (Bridge Deck) Ruído Aéreo dB(A) Ruído Estrutural dB(A) 55 54 55 55 57 56 56 57 55 55 67 62 61 48 53 51 56 56 67 50 50 55 50 50 52 52 61 53 49 53 59 53 65 53 43 44 44 43 41 30 31 40 43 25 48 48 41 32 24 42 29 38 38 29 27 30 31 17 32 28 31 20 23 29 27 31 24 25 Ruído Global Estimado no AR³ 55 54 56 56 57 56 56 57 55 55 67 62 61 48 53 51 56 56 67 50 50 55 51 50 53 52 61 53 49 53 59 53 65 53 52 42 57 57 Medição Diferença 56 57 56 58.4 58.6 56 57 57 71 67 57 72 81.5 62 60 63 68 57 57 59 56 57 59 56 59 58 57 55 54 57 57 57 57 57 -1 -3 0 -3 -1 0 -1 0 -16 -12 10 -10 -20 -14 -7 -12 -12 -1 10 -9 -6 -2 -8 -6 -6 -6 4 -2 -5 -4 2 -4 8 -4 52 73 -21 16 57 60 -3 32 57 77 -20 71 Na Unidade B as tabelas a seguir apresentam os resultados conforme mencionado anteriormente. A plataforma possui 121 fontes e 240 volumes. O material principal é aço naval de 7850 kg/m³ de massa especifica, posei painéis isolantes na superestrutura e no castelo de avante. Cabe destacar a maior complexidade geométrica do navio, pela presença de maquinaria para extração petroleira no convés principal o que pode mudar a transmissão de ruído estrutural através da estrutura. Na tabela seguinte só foram inseridos os valores correspondentes à superestrutura. Tabela 5: Níveis de ruído nos compartimentos do FPSO Ruído Aéreo dB(A) Ruído Estrutural dB(A) Ruído Global (AR³) Welding Work Shop 51 63 63 Inst & Cal Workshop 54 59 60 Inst Office Tool Shop Electrical Workshop Mechanical Workshop Female Change Room Office Gymnasium 60 65 57 54 60 62 53 63 57 55 56 53 54 53 66 62 63 63 58 58 58 Auditorium Training 50 46 51 Male Change Room 51 51 54 Camp Boss Office Internet and Quiet games Area Briefing TV Room Poop Deck Corridor 58 54 56 54 55 52 57 54 59 58 57 59 Galley /Preparation Room 52 54 56 Mess Room Central Control Room/Emergency Responding Center Instrument Room Library Geplat Office Office N 1/2 1st Acces deck corridor Radio Room 51 49 53 56 56 59 56 57 56 58 57 60 56 54 53 58 60 55 59 61 62 60 67 57 Compartimento 72 Tabela 5: Níveis de ruído nos compartimentos FPSO (continuação) Compartimento Ruído Aéreo dB(A) Ruído Estrutural dB(A) Ruído Global (AR³) Copy/Cofee 53 56 58 Future Office Area 53 57 58 Main Office 52 58 59 Meeting Video /Conference Room 53 57 58 57 56 60 57 56 60 57 55 59 57 54 59 57 55 59 57 60 62 58 61 63 56 58 60 56 57 60 56 58 60 55 56 59 56 60 61 53 56 58 54 57 59 53 54 57 53 54 57 53 54 57 53 55 57 53 60 61 2nd. Acc Deck 4men cabin 2nd. Acc Deck 4men cabin 2nd. Acc Deck 4men cabin Linen 2nd. Acc Deck 4men cabin 2nd. Acc Deck 4men cabin 2nd. Acc Deck 4men corridor 2nd. Acc Deck 4men cabin 2nd. Acc Deck Clinic 2nd. Acc. Deck Treatment Room 2nd. Acc Deck Corridor 2nd. Acc Waitting Room 2nd. Acc Deck 4men cabin 2nd. Deck Corridor 2nd. Acc Deck 4men cabin 2nd. Acc Deck 4men cabin 2nd. Acc Deck 4men cabin 2nd. Acc Deck 4men cabin 2nd. Acc Deck 4men cabin 73 Tabela 5: Níveis de ruído nos compartimentos do FPSO (continuação) Compartimento 2nd. Acc Deck Hospital 3rd Deck 4-men Cabin Ruido Aéreo dB(A) Ruído Estrutural dB(A) Ruído Global (AR³) 52 58 59 57 36 57 57 34 57 57 33 57 57 34 57 57 38 57 57 39 57 3rd Deck Corridor 58 40 58 3rd Deck 4-men Cabin 56 36 56 3rd Deck Janitor 57 35 57 3rd Deck 4-men Cabin 56 39 56 3rd Deck 4-main corridor 54 42 54 53 33 53 54 32 54 53 33 53 53 33 53 53 34 53 3rd Deck 4-men Cabin 53 34 53 3rd Deck 4-men Cabin 53 35 53 52 36 52 54 32 54 52 34 52 57 34 57 3rd Deck 4-men Cabin 3rd Deck 4-men Cabin 3rd Deck 2-men Cabin 3rd Deck Stairs 3rd Deck 2-men Cabin 3rd Deck 4-men Cabin 3rd Deck Corridor 3rd Deck 4-men Cabin 3rd Deck 4-men Cabin 3rd Deck 4-men Cabin 3rd Deck 4-men Cabin 3rd Deck Corridor 3rd Deck 4-men Cabin 4th acces Stairs Up 74 Tabela 5: Níveis de ruído nos compartimentos do FPSO (continuação) Compartimento Ruido Aéreo dB(A) Ruído Estrutural dB(A) Ruído Global (AR³) 4th acces Stairs Up 57 34 57 4th Acces Telecomunications Room 58 34 58 56 36 61 36 59 38 56 61 59 58 35 58 57 37 57 58 34 56 35 58 56 53 35 53 51 34 51 4th Acces Stair 4th Acces Janitor 4th Acces Corridor 4th Acces Gplat (OIM) Cabin 4th Acces Gplat (OIM) Day Room 4th Acess Battery 4th Acces Corridor 4th Acces Reception 4th Acces Transit Lounge A unidade C contem 437 volumes e 79 fontes, o material principal é aço naval com as mesmas características dos modelos A e B, os níveis de potencia sonoros e ruído estrutural foram calculados segundo a ref. [10]. Comparações foram feitas com os requerimentos da IMO para ruído a bordo de navios[31]. Por considerações práticas só foram levados em conta os níveis de ruído na superestrutura. Este tipo de navio de perfuração tem uma estrutura complexa , inclusive maior do que a do modelo B, devido à unidade de perfuração se encontrar no meio do convés e atravessar a estrutura até a quilha. A tabela 6 contém resultados de ruído para os compartimentos obtidos pelo programa AR3 onde são apresentados os níveis de ruído aéreo e estrutural. Valores em vermelho referem-se a resultados acima da norma IMO. 75 Tabela 6 Níveis de ruído no navio de perfuração em condição de posicionamento dinâmico Compartimento Laundry Tween Deck Stair Case Provisions Main Deck Recreation 2 Tween Deck 1 Recreation 1 Tween Deck 1 RoomElectric Tween Deck 1 Internet Room Tween Deck 1 Elevator Tween Deck 1 Galley Tween Deck 1 Mess Room Tween Deck 1 Store Tween Deck 1 Galley Office Tween Deck 1 Female Change Room Tween Deck 1 Gymnasium 517 Boots Change 523 Aft Corridor 500 Male Change Room Main Deck Female Change Room Main Deck Break Room Main Deck Office 615 Office 614 FWD Corridor Lower DEck Office A-Deck 619 Male Toilet Office A-Deck 618 AFT Corrior 600 Office A-Deck 618 Office A-Deck 617 Hospital A Deck 627 Medical Tratament Room A DEck 2P For B-Deck 732 2P For B-Deck 731 2P For B-Deck 725 A.L.713 2P For B-DEck Corridor Eb B-Deck Stairs B-Deck 707 Recreation B-Deck 715 2P B-Deck 733 Ruido Aéreo dB(A) Ruido Estrutural dB(A) 72 63 66 71 61 70 69 63 54 66 67 68 36 28 36 22 22 25 24 23 31 55 26 27 Ruído Global Estimado no AR³ 72 63 66 71 61 70 69 63 54 66 67 68 68 27 61 64 67 Rquerime Diferença nto IMO 75 85 85 65 65 85 60 60 75 65 75 75 -3 -22 -19 6 -4 -15 9 3 -21 1 -8 -7 68 65 3 22 15 21 61 64 67 65 65 65 -4 -1 2 67 20 67 65 2 67 17 67 65 2 64 59 60 62 60 69 60 60 60 60 64 17 34 28 39 39 42 27 39 27 39 51 64 59 60 62 60 69 60 60 60 60 64 65 65 65 65 65 65 65 65 65 65 65 -1 -6 -5 -3 -5 4 -5 -5 -5 -5 -1 64 42 64 65 -1 62 62 58 62 63 62 56 55 63 32 29 28 34 55 26 51 24 33 62 62 58 62 64 62 57 55 63 60 60 60 60 60 60 60 60 60 2 2 -2 2 4 2 -3 -5 3 76 Tabela 6 Níveis de ruído no navio de perfuração em condição de posicionamento dinâmico (continuação) Compartimento 2P B-Deck 734 2P B-Deck 735 2P B-Deck 736 2P B-Deck 737 2P B-Deck 749 2P B-Deck 748 2P B-Deck 747 Stairs 710 Stairs 709 2P A.L.B-Deck 712 2P C-DEck 825831 Stairs 807 2P A.L. C-Deck 812 2P C-DEck 824821 2P C-Deck 816 Recreation 815 2P 847 C-DEck 2P 838-836 CDEck Stairs 810 2P D-Deck 931 D-Deck 925 D-Deck A.L. 913 FWD Corridor DDeck D-Deck A.L.912 D-Deck 933 D-Deck 924 Recreation 815 D-Deck 949 Recreation 915 D-Deck 939 to 934 Stairs 1007 Conference Room Navigation Bridge Drilling Engineers Office Radio Room and DP Back Up Capt Office Heli Briefing Room Ruido Aéreo dB(A) 57 54 55 57 58 52 52 50 55 Ruido Estrutural dB(A) 37 33 33 30 39 50 53 53 48 Ruído Global Estimado no AR³ 57 54 55 57 58 54 56 55 56 52 29 48 Requerimen Diferença to IMO 60 60 60 60 60 60 60 60 60 -3 -6 -5 -3 -2 -6 -4 -5 -4 52 60 -8 17 48 60 -12 54 49 55 60 -5 52 27 52 60 -8 54 32 54 60 -6 55 54 53 38 35 38 55 54 53 60 65 60 -5 -11 -7 50 52 54 60 -6 53 48 47 48 28 32 30 33 53 48 47 48 65 60 60 60 -12 -12 -13 -12 47 50 52 65 -13 48 48 47 45 47 48 45 42 43 41 29 32 37 37 34 38 36 34 43 37 48 48 47 46 47 48 46 43 46 42 60 60 60 65 60 65 60 65 65 60 -12 -12 -13 -19 -13 -17 -14 -22 -19 -18 47 44 49 60 -11 44 31 44 60 -16 46 46 51 46 52 49 60 60 -8 -11 77 Capítulo 5 –Análise dos Resultados Calcular apenas o ruído aéreo não garante uma boa aproximação dos níveis de ruído esperados devido à existência de outras parcelas de ruído, conforme mencionado anteriormente. O ruído estrutural tem uma maior influência no nível de ruído global na maioria dos casos. Não levar em conta a parcela estrutural faz com que o ruído global fique abaixo dos níveis sonoros reais, fazendo com que os métodos de controle e redução de ruído antes do navio e/ou plataforma entrar em serviço não sejam suficientes para garantir o conforto a bordo. Inserindo a parcela estrutural, obtém-se uma maior aproximação dos níveis reais, que podem variar dependendo da proximidade entre o compartimento e a fonte, de aspectos geométricos, como o número de interseções no caminho entre a fonte e o compartimento analisado, e, também, dos tipos de materiais que dissipam a energia vibracional através do caminho mais curto entre fonte e o compartimento. Estes fatores têm certa influência na transmissão de ruído estrutural através do modelo. A seguir são apresentadas análises mais detalhadas para cada um dos modelos. 5.1 Análise do Modelo A A vantagem do modelo AHTS é que os resultados das medições de ruído no navio já estão disponíveis, permitindo a comparação com os resultados do programa. Outra vantagem é que foram medidas duas condições de trabalho (manobras e trânsito), o que permite realizar duas análises estatísticas do modelo. Por um lado, o objetivo da análise é também obter um certo grau de confiabilidade e informar aos engenheiros a porcentagem de erro na predição, antes de se fazer as recomendações para o armador do navio. Por outro, obter um erro médio estatístico da predição do programa AR³ dá um enfoque de confiabilidade ao software em futuras modelações, diminuindo o erro da previsão à medida que os dados de entrada vão sendo inseridos, ou ajustando-se as formulações. Para tanto, foram calculados o desvio padrão, , e o erro médio, δ. O motivo da escolha do desvio padrão é que este fornece um valor da incerteza do modelo, sem o qual a predição pode não representar a realidade, tornando a previsão não muito confiável, implicando na remodelação do navio e/ou plataforma, na melhoria dos dados de entrada ou no ajuste das formulações. 78 O desvio padrão e o erro médio foram determinados para cada um dos valores de ruído globais obtidos e comparados com as medições de cada compartimento e para o modelo como um todo. A estimação de erro médio a seguir só representa o caso do modelo A, outros valores para o erro médio na predição podem variar dependendo do tipo de navio e sua complexidade estrutural assim como também a informação referente ás máquinas, tipo de materiais de construção do navio, isolamentos, etc. O desvio padrão é dado por: (5.1) onde: Xerro - é o valor do erro no compartimento i m - número de compartimentos (em nossa análise m=40 para cada condição) - Erro médio das diferenças entre valores medidos e valores do modelo A. O erro médio δ da predição é dado por: (5.2) Onde Xsimulado é em este caso o ruído global determinado pelo programa, e Xmedido é o ruído determinado pelas medições em provas de mar. Com estes dados pode-se supor o intervalo de confiança (IC) a 95% do valor esperado (a escola do IC anterior esta baseada em um erro aleatório de até 5% nas medições), supondo-se uma distribuição normal ou Gaussiana, o IC vai determinar o intervalo de variação do erro na predição. A fórmula para se obter o intervalo de confiança do modelo é: (5.3) onde com o intervalo de confiança estimado em 95% e para uma distribuição do tipo normal, o valor crítico Zα seguem tabelas estatísticas é ±1,96. A tabela que apresenta os resultados para o cálculo do erro na previsão do modelo A está baseada nas tabelas 3 a 4 do Cap. 4. O erro médio do modelo, o desvio padrão e o intervalo de confiança estão apresentados na seguinte tabela: 79 Tabela 7 Resultados da análise de erro do modelo A, levando-se em conta os 40 compartimentos em condição de trânsito (dB(A)) Erro Médio -1,7 Desvio Padrão σ Intervalo de Confiança com 95% ±8,6 -4,4 0,9 Tabela 8 Resultados estatísticos do modelo A em condição de manobras com os propulsores laterais e o azimutal em operação (dB(A)) Erro Médio -4,7 Desvio Padrão σ Intervalo de Confiança com 95% ±7,1 -6.9 -2,5 A partir dos dados obtidos da tabela 4 pode-se inferir que, com um desvio padrão de ±8.6 dB(A), torna-se aceitável o primeiro cálculo através de uma análise semiempírica com o programa. A utilidade do erro serve em futuras análises com o programa AR³ quando se deseja modelar um navio de características semelhantes ao anterior ou no caso de embarcações em série. Na tabela 5 pode-se observar uma mudança nos resultados estatísticos com um aumento na incerteza da predição, principalmente devido à influência dos propulsores laterais do AHTS. Com os valores do intervalo de confiança pode-se ver que o método tende a subestimar os valores de ruído no navio, devido provavelmente por não se ter levado em conta o ruído de ventilação e ar acondicionado, este fato é notável no caso do Workshop (Figura 30) que se encontra fora da superestrutura do navio onde a maior contribuição de ruído vem de as instalações de HVAC. A maior diferencia encontrada entre predição e medição de ruído Workshop ( figura 30) tem como explicação a ausência do ruído de HVAC. A análise apresenta outros casos de interesse. Nas figuras 30 a 33 podem se observar os gráficos indicando níveis de ruído obtidos através do AR3 (azul) e as medições (vermelho) em cada um dos compartimentos do navio em condição de trânsito. Observa-se três tipos de compartimento no gráfico: Tipo A - São aqueles nos quais existe uma tendência da predição ter valores muito similares dos medidos (desvio varia entre 0 e ±8 dBA pode ser considerado aceitável): O caminho de transmissão do ruído estrutural e aéreo é o caminho que apresenta menor impedância para o ruido estrutural e menor perda de transmissão sonora e , por isso, mais ajustado na realidade. 80 Tipo B - São aqueles nos quais os valores da predição apresentam valores muito menores do medido (entre -9 e -21 dBA): O caminho de transmissão analisado no AR3 entre a fonte e receptor apresenta uma alta impedância acústica. Este caminho pode não ser o caminho que permite um maior espalhamento do ruído até o espaço receptor, existindo a presença de um outro caminho com menor impedância acústica que o analisado. Como exemplo de compartimento com estas características tem-se a lavanderia onde o ruído medido é de 74 dBA e o ruído da previsão é de 62 dBA, neste caso a maior proximidade da lavanderia com a praça de máquinas sugere a presença de mais um fator de influencia no resultado obtido e é que este compartimento também tenha influência de ruído estrutural secundário originado pelo ruído aéreo da praça de máquinas excitando os compartimentos próximos da mesma e que não foi tomado em conta por não estar desenvolvido no programa ainda (Ver 3.3.11 conversão de ruído aéreo para estrutural), o mesmo pode se dar no caso de outros compartimentos próximos da praça de máquinas presentes no convés principal (main deck) e que não requerem isolamento acústico especial como corredores e áreas de serviço. Tipo C - São aqueles nos quais os valores da predição superaram em muito os da medição (maior a 8 dB): Estes valores obtidos podem ser devido à falta de informação detalhada no modelo gerado , onde não foram tomados em conta alguns materiais que podem diminuir o nível do ruído global no compartimentos ou presença de obstáculos entre a fonte e o compartimento, como, por exemplo, maquinarias, isolamento térmico, etc. 81 AR³ x Medições Ruido Global Estimado no AR³ Medição 94 74 73 71 7167 67 67 65 64 63 62 6057 6059 6058 60 60 5959 59 5757 57 Figura 30 AR3 x Medições - Navio em Viagem - Convés Principal AR³ x Medições Ruido Global Estimado no AR³ Medição 70 70 62 65 62 54 54 Day Room (A Deck) 56 59 Mess Room(A Hi Fi DayRoom (A Galley (A Deck) Deck) Deck) 63 59 57 Office-408 (A Deck) Office -409 (A Deck) Figura 31 AR3 x Medições - Navio em Viagem - Convés A 82 AR³ x Medições Ruido Global Estimado no AR³ 64 55 55 58 Medição 62 57 56 53 57 57 56 57 55 61 61 59 2 Crew-512 2 Crew-507 2 CRew-509 2 Crew-514 2 Crew-505 2 Crew-516 1 Crew-503 1 Crew-518 (B Deck) (B Deck) (B Deck) (B Deck) (B Deck) (B Deck) (B Deck) (B Deck) Figura 32 AR3 x Medições - Navio em Viagem - Convés B AR³ x Medições Ruido Global Estimado no AR³ 52 57 52 55 55 60 57 54 56 60 65 57 Medição 61 63 58 64 60 63 Figura 33 AR3 x Medições - Navio em Viagem - Convés C 59 64 83 Na influência de ruído estrutural, utilizaram-se curvas comparativas dos níveis globais, uma curva correspondente aos valores medidos em prova de mar, outra correspondente aos níveis com influência exclusiva do ruído aéreo, a terceira aos níveis de ruído estrutural e a quarta aos níveis globais. Devido ao grande número de volumes, só foram considerados os dados correspondentes ao número mínimo de amostras possíveis “n” dado por: (5.4) onde: N- tamanho da mostra (80 compartimentos) k - desvio padrão (1,96) e - 20% de erro máximo na previsão, ver parágrafo em 3.3.7. p - proporção de compartimentos que tem uma margem de erro baixo (95%) q- proporção de compartimentos que diferem excessivamente com a previsão (5%). De acordo com o exposto acima, foram selecionados os 5 compartimentos em cada condição onde o ruído estrutural é mais relevante para mostrar os resultados obtidos. As figuras 34 a 38 representam esses espetros. A cor ámbar representa o ruído estrutural, a verde, a medição a bordo, a vermelha, o aéreo, e a preta, o ruído Global no compartimento. 84 Figura 34 Ruído em 4MB Figura 36 Ruído 2M Figura 35 Ruído corredor 1 Figura 37 Ruído 4ME 85 Figura 38 Ruído Client-604 Observa-se com os gráficos das figuras 34 a 38 que a influência do ruído estrutural apresenta a tendência a aumentar com a frequência, de igual forma que a análise estatística da energia (SEA). 5.2 Análise do Modelo B Pelo fato da plataforma ainda estar em fase de projeto, não existem dados medidos, no entanto, existem resultados de ruído estrutural, baseados no método SEA, que foram utilizados na comparação com o AR3, cujos resultados estão apresentados nas tabelas 25 e 26. 86 Tabela 9 Comparação entre o AR3 e o método SEA Compartimento Welding Work Shop Inst Office Inst & Cal Workshop Tool Shop Emergency Response Base Electrical Workshop El. Office Mechanical Workshop Mechanical Office Female Change Room Gymnasium Dry Storage Camp Boss Office Internet and Quiet games Area Briefing TV Room Central Control Room/Emergency Responding Center Instrument Room Library Gplat(OIM)Office Office N 1/2 2nd Acc. 4 men cabin 2nd Acc. 4 men cabin 2nd Acc. 4 men cabin Linen 2nd Acc. 2 men cabin 2nd Acc. 2 men cabin 2nd Acc. 4 men cabin 2nd Acc Clinic 2nd Acc Tratament Room 3rd Acc 4 Men Cabin 3rd Acc 4 Men Cabin 3rd Acc 4 Men Cabin 3rd Acc 4 Men Cabin 3rd Acc 2 men cabin 48 44 46 47 56 58 45 61 45 42 60 27 36 35 38 Ruido Estrutural [dBA] SEA 61.8 42.7 61 45.9 63 59 42.7 59.1 42.6 42.7 55.1 39 35.3 37 37.5 31 33.3 2 38 40 44 46 28 28 33 35 35 41 26 49 46 19 21 15 18 23 32 30.2 30 30 29.4 30.4 30.7 27.5 30.4 30.7 26.1 14.4 17.3 22.3 23 31 38.1 35 6 10 14 16 1 2 2 8 5 10 0 35 29 3 2 16 20 12 Ruido Estrutural [dBA] AR³ Diferença 14 1 15 1 7 1 2 2 2 1 5 12 1 2 1 87 Tabela 10 Comparação entre o AR3 e o método SEA (Continuação) Compartimento Ruido Estrutural [dBA] AR³ 3rd Acc Corridor 3rd Acc 4 Men Cabin 3rd Acc Deck Janitor 3rd Acc 4 Men Cabin 4th Acc Telecomunication Room 4th Acc Janitor 4th Acc Geplat(OIM)Office 25 20 18 24 36 18 23 Ruido Estrutural [dBA] SEA 29.6 26.5 17.9 30.6 41.6 27.2 27.4 Diferença 5 7 0 7 6 9 4 O cálculo do erro médio está apresentado na tabela 26. Tabela 11 Comparação dos erros do AR3 e o método SEA. Erro Médio δ 7 Desvio Padrão σ Intervalo de Confiança com 95% 7.6 5 10 A fim de se realizar a comparação dos resultados combinados de ruído aéreo com ruído estrutural obtidos com o AR3, tendo em vista que o modelo SEA só disponibiliza o ruído estrutural, outro modelo alternativo, também baseado em fórmulas empíricas, foi usado para combinar com os resultados do modelo SEA. Esses resultados combinados estão identificados na tabela 27 como “Modelo Híbrido”, tabela essa que apresenta a comparação com o programa AR3. Tabela 12 Comparação entre os resultados do AR3 e os resultados combinados do SEA com o modelo empírico alternativo Compartimento Welding Work Shop Inst Office Inst & Cal Workshop Tool Shop Emergency Response Base Electrical Workshop El. Office Mechanical Workshop Mechanical Office Global NPL AR³ 67 63 64 71 57 66 56 65 56 Global NPL Modelo Hibrido 61.8 57 63 62.7 52 60 56.8 60.6 56.4 Dif. 5.2 6 1 8.3 5 6 0.8 4.4 0.4 88 Tabela 13 Comparação entre os resultados do AR3 e os resultados combinados do SEA com o modelo empírico alternativo Compartimento Female Change Room Gymnasium Dry Storage Camp Boss Office Internet and Quiet games Area Briefing TV Room Central Control Room/Emergency Responding Center Instrument Room Library Gplat(OIM)Office Office N 1/2 2nd Acc. 4 men cabin 2nd Acc. 4 men cabin 2nd Acc. 4 men cabin Linen 2nd Acc. 2 men cabin 2nd Acc. 2 men cabin 2nd Acc. 4 men cabin 2nd Acc Clinic 2nd Acc Tratament Room 3rd Acc 4 Men Cabin 3rd Acc 4 Men Cabin 3rd Acc 4 Men Cabin 3rd Acc 4 Men Cabin 3rd Acc 2 men cabin 3rd Acc Corridor 3rd Acc 4 Men Cabin 3rd Acc Deck Janitor 3rd Acc 4 Men Cabin 4th Acc Telecomunication Room 4th Acc Janitor 4th Acc Geplat(OIM)Office Global NPL AR³ 58 66 71 58 56 54 Global NPL Modelo Hibrido 55.1 57 57.9 54.5 59 51.6 2.9 9 13.1 3.5 3 2.4 57 52.3 4.7 66 55 56 56 57 57 58 65 57 57 55 56 53 54 56 58 58 59 60 57 57 57 58 58 56 62.3 50.2 49.6 50.2 47.3 49.6 48.9 62.2 49.6 48.9 50.3 48.9 49.1 49.6 45.4 45.4 50.3 52.5 46.9 44.7 53.2 47.7 55.7 53.8 49.6 3.7 4.8 6.4 5.8 9.7 7.4 9.1 2.8 7.4 8.1 4.7 7.1 3.9 4.4 10.6 12.6 7.7 6.5 13.1 12.3 3.8 9.3 2.3 4.2 6.4 Dif. 89 Fazendo o analise estatístico temos: Tabela 14 Análise estatística do nível de ruído global entre o AR³ e o Modelo Híbrido dB(A) Erro meio do Modelo Hibrido δ 6 Desv. Padrão σ Intervalo de confiança com 95% 3.3 5 7 Pode se observar na tabela 10 que o AR³ tende a superestimar os valores globais em comparação com o programa hibrido. A comparação dos métodos na tabela 11 também indica uma tendência superestimativa do ruído com respeito ao método SEA, devido em parte a uma diferença importante na quantidade de fontes utilizadas em ambos modelos, o modelo com o AR³ toma 121 e o SEA tem aproximadamente 80, das quais se tem pouca informação.Graficamente pode se observar a diferença das previsões, devido possivelmente á incerteza do fator de perda.A figura 39 representa um gráfico comparativo dos valores comparativos de ruído estrutural para cada compartimento analisados pelos dois métodos anteriormente expostos. A figura 40 compara os níveis de ruído Global para cada compartimento seguem a metodologia utilizada em esta tese e o programa hibrido. NPL Estrutural em dB(A) Ruido Estrutural [dBA] AR³ Ruido Estrutural [dBA] SEA 70 60 50 40 30 20 10 0 Figura 39 Comparação gráfica na previsão de ruído estrutural pelos dois métodos (Semiempírico e SEA). 90 Global NPL AR³ Global NPL Hibrido 80 70 NPL em dB(A) 60 50 40 30 20 10 0 Figura 40 Comparação gráfica do ruído Global entre AR³ e o programa hibrido. 5.3 Análise do Modelo C O modelo C não apresenta medições de ruído em compartimentos ainda, e cálculos de ruído estrutural tampouco estão disponíveis. No entanto, pode-se identificar uma diferença na qualidade dos resultados encontrados em comparação com o modelo B. Tendo uma complexidade geométrica similar, os níveis de ruído no modelo C estão numa faixa semelhante aos exigidos pela OMI, o que pode ser decorrente do fato de que o modelo B tem mais descontinuidades geométricas do que o modelo C. Isso faz com que, em alguns casos, o programa não consiga calcular corretamente o menor caminho entre a fonte e um dado compartimento. Outra explicação é o maior detalhamento na geração do modelo C, o que torna os valores de ruído estrutural mais aceitáveis do que os do modelo B. 91 5.4 Particularidades nos modelos. Dentro das particularidades encontradas pode-se citar o efeito da descontinuidade na geometria de um modelo, que pode superestimar o nível de ruído estrutural, já que este necessita da estrutura para se propagar. São poucos os casos onde os algoritmos do programa AR3 não conseguem determinar o caminho de propagação, desconsiderando as perdas na energia vibracional no caminho entre a fonte e compartimento a ser analisado, consequentemente superestimando o cálculo final desta parcela de ruído, esse erro pode se dever em grande medida em uma incorreta modelagem computacional da estrutura. A figura 41 mostra essa incongruência na saída gráfica 3D do AR³, onde pode se perceber que o caminho recorrido pelo ruído estrutural fica descontinuo na geometria do modelo. Figura 41 Erro na transmissão do ruído estrutural Em contrapartida, a figura 42 mostra um caminho bem determinado pelos algoritmos do AR³. 92 Figura 42 Propagação ideal de energia vibracional sobre a estrutura para o mesmo compartimento Outras particularidades nos resultados de ruído em compartimentos com o programa AR³ são que dentro dos valores em frequência de banda de oitava podem se achar valores negativos nas frequências mais baixas. Geralmente estes incidentes acontecem no cálculo do ruído estrutural. Ocorre que, nestes casos a energia vibracional da parcela de ruído estrutural tende a ser muito baixa devida á certos compartimentos que não cumprem com os requisitos da equação 3.20 somada a função de transferência com um valor negativo de magnitude maior do que a magnitude do ruído estrutural que atinge o compartimento, a maior parte de estes valores se apresenta em a frequência de 31,5 Hz. Outro elemento que induz um grau de desviarão considerável é o produzido pelos fatores de perda na estrutura, η, cujos valores em banda de oitava só podem ser determinados com auxilio de medições, e, mesmo assim, pode ocorrer um grau de erro considerável que depende de outros fatores de incerteza, tais como equipamentos em conveses, tubulações distribuídas na estrutura, fiação elétrica, elementos decorativos em compartimentos, etc. A publicação [12] (utilizada no AR3) contém recomendações gerais para controlar este grau de incerteza, uma vez que compartimentos com maior isolamento acústico e estruturas horizontais (por exemplo, conveses sem isolamento especial) possuem maior fator de perda. Contudo, essa publicação aponta uma dispersão de valores mais significativa para η. 93 Capítulo 6 Conclusões Este estudo permitiu estabelecer análises comparativas com o intuito de avaliar a confiabilidade da metodologia empírica utilizada no cálculo do ruído global e a influência do ruído estrutural na análise de ruído em navios, levando às seguintes conclusões: Pode se observar que a maior parte dos dados obtidos através do método semi-empírico tendem a se aproximar bastante das medições no caso do navio AHTS. As exceções para este caso são discutidas na seção 5.1. A análise dos espectros de ruído indica que existe maior influência do ruído aéreo do que estrutural, este ultimo começa a influir a medida que vá se aproximando nas frequências mais altas, a partir de 1KHz. O cálculo do intervalo de confiança se mostrou um parâmetro de segurança para a previsão de ruído, muito útil nas fases anteriores à construção que requerem estimativas confiáveis que permitam mudanças no projeto. Isto requer análises de mais navios e plataformas que possam aumentar o conteúdo estatístico, garantindo resultados dentro de limites mais aceitáveis. Atingir este propósito requer uma base de dados maior do que a utilizada nessa pesquisa e que poderá aumentar à medida que novos projetos forem realizados. A comparação do método empírico de cálculo de ruído estrutural com o método SEA resultou em superestimativa, onde grande parte das diferenças entre os dois métodos pode decorrer das diferenças no fator de perda (η) utilizados na estrutura e a impedância do caminho mais curto. Desde que aqui é uma comparação entre resultados de dos diferentes métodos, em princípio, não se pode afirmar qual é o mais confiável. Assim, os métodos só poderão ser validados mediante comparação com valores medidos. Na análise de estruturas complexas, métodos numéricos (MEC e MEF) não são aplicáveis. Primeiro, devido ao requisito de 6 elementos por comprimento de onda, o que aumenta o número de elementos do modelo necessários para a boa discretização, sobretudo em alta frequência. Segundo, devido à alta densidade modal, típica do ruído estrutural. Desta forma, até o momento, os modelos são os únicos aplicáveis a estruturas complexas, com grande número de fontes e receptores. Outra vantagem dos modelos empíricos é seu tempo de execução(no modelo C foram necessárias apenas 2 horas para realizar uma previsão de ruído com 79 fontes em 437 volumes). 94 Métodos de previsão de ruído que sejam rápidos e eficazes permitem tratamentos corretivos em etapas iniciais de projeto, resultando em otimização de custo, peso, espaço, operação e rendimento do navio, resultando em navios com maior nível de conforto e que causem menores impactos ambientais. O programa AR³ é um programa em processo de aperfeiçoamento, com grande potencial de aplicação em projetos de construção de navios e plataformas de grande porte, através de uma análise acústica detalhada e executável em tempo razoavelmente reduzido. A partir do exposto neste trabalho de tese, os seguintes tópicos de pesquisa podem ser realizados no futuro: Previsão do nível de ruído gerado pelo casco ao meio ambiente aquático, em especial aquele relacionado com navios de pesquisa. Já existem normas ambientais de impacto de ruído ambiental causado por navios (Underwater Noise Requirement , International Council for the Exploration of the Seas ICES [32]) com o objetivo de diminuir o impacto deste tipo de ruído em mamíferos marinhos e peixes, assim como também evitar interferências em estudos de acústica e aquisição de sinais submarinhos. Estudar especificamente a influência que pode ter a mudança no percurso do ruído estrutural através da geração de um algoritmo que tenha a capacidade de selecionar entre uma grande gama de caminhos possíveis entre a fonte e o compartimento aquele que apresente a menor perda de ruído estrutural e assim lograr um refinamento da metodologia apresentada. Realização de outras análises comparativas entre modelos gerados pelo AR³ e métodos como o MEC, MEF e o SEA, além de medições a bordo de navios e plataformas nas mais diversas condições de operação. Aplicação da técnica de Problemas Inversos na predição de ruído de estruturas complexas. Conhecido o campo de pressões, a partir de medições de navios e plataformas, torna-se possível obter as propriedades acústicas do meio. As modelações aqui presentes estão baseadas na análise de navios e plataformas offshore. Sugere-se investigar a viabilidade de utilizar este método em outros tipos de análises, a saber: edificações, casas e ambientes urbanos. 95 Referências Bibliográficas [1] Goujard B.,“Acoustic Comfort On Board Ships: An Evaluation Based on a Questionnaire”, Applied Acoustics 66 (2005), 1063–1073. [2] A. C. Nilson “Noise prediction and prevention in Ships”. THE SOCIETY OF NAVAL ARCHITECTS AND MARINE ENGINEERS One World Trade Center, Suite 1369, New York, N.Y.10048 Paper to be presented at the Ship Vibration Symposium Arlington, V., October 16-17,1978. [3] B. Mace, “Statistical energy analysis, energy distribution models and system modes” Journal of Sound and Vibration 264 (2003) 391–409. [4] Shande Li, Qibai uang,“A fast multiple boundary element method(FMBEM) based on the improved Burton–Miller formulation for three-dimensional acoustic problems” Engineering Analysis with Boundary Elements 35 (2011) 719–728. 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