Bafômetro em sala de aula: novas perspectivas para o ensino de
Química
Roberta Geane Ayres da Nóbrega¹ (IC), Welington Alves Nascimento¹* (IC), Luciano
Ferreira Gama¹ (PQ); Geovana do Socorro Vasconcelos Martins¹ (PQ)
1-Departamento de Química - Universidade Estadual da Paraíba
*[email protected]
Introdução
Em 2008 o Governo Brasileiro sancionou a implementação da Lei Seca nº 11.705, que
alterou o Código de Trânsito e garante que o consumo de qualquer quantidade de bebidas
alcoólicas por condutores de veículos seja proibido. Antes, era permitida a ingestão de até seis
decigramas de álcool por litro de sangue (o equivalente a dois copos de cerveja). O uso do
bafômetro pode ser abordado na sala de aula, procurando intercalar a Química com o
cotidiano vivenciado pelos alunos. Dessa forma, pode-se abordar como a Química está
presente na reação que evidencia o grau de alcoolismo de um indivíduo, apontando a
porcentagem de álcool contido no sangue expressa pelo seu hálito. Esta pesquisa tem o
objetivo de trabalhar a experimentação utilizando o Kit 8A da experimentoteca do projeto
DCC-USP, o qual foi trabalhado na 2ª série do ensino médio da Escola Estadual de Ensino
Fundamental e Médio Virgíneos da Gama e Melo, localizada na cidade de Campina Grande,
Paraíba.
Resultados e Discussão
A contextualização tem relação com a motivação do aluno, por dar significado àquilo
que ele aprende, fazendo com que relacione o que está sendo ensinado com seu cotidiano.
Através da contextualização, o aluno faz uma ligação entre teoria e a prática, o que é previsto
na LDB e nos Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998), que definem Ciência como
uma elaboração humana para a compreensão do mundo.
Foi aplicado aos alunos o experimento utilizando a reação que ocorre no interior do
bafômetro. O teste do bafômetro descartável, usado para identificar motoristas que dirigem
depois de ingerirem bebidas alcoólicas, é baseado na mudança de cor que ocorre na reação de
oxidação do etanol com dicromato de potássio em meio ácido produzindo etanal. A partir de
então foi possível intercalar a abordagem referente à reação que ocorre no interior do
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bafômetro aprimorando o entendimento dos alunos sobre o assunto oxidação-redução,
mostrando como é possível a detecção do álcool presente em um individuo embriagado. O
esquema a seguir mostra o que acontece nessa a reação a qual promove a oxidação do álcool
etílico:
AgNO3
K2Cr2O7 + 4 H2SO4 + 3 CH3CH2OH
 Cr2(SO4)3 + 7 H2O + 3 CH3CHO(g) + K2SO4
Nessa reação:
O ácido sulfúrico remove o álcool do ar em uma solução líquida;
O álcool reage com o dicromato de potássio para produzir:
•
sulfato de cromo
•
sulfato de potássio
•
ácido acético
•
água
O nitrato de prata é um catalisador, uma substância que faz a reação ocorrer mais rápido, sem
participar dela. O ácido sulfúrico, além de remover o álcool do ar, proporciona também a
condição de acidez necessária para essa reação.
Os cumprimentos das atividades exercidas na sala possibilitaram aulas interativas
levando os alunos a interesse acerca dos fatos que os circundam cotidianamente. Baseado nos
relatos dos alunos as metodologias utilizadas foram de fundamental relevância para o
interesse pela disciplina, pois mostrou a Química de uma forma que eles ainda não tinham
contato, com aulas interessantes, dinâmicas e mostradas através de um tema tão discutido nos
últimos anos: a implementação da “Lei Seca”. O exercício realizado no final da aula procurou
saber se os alunos conseguiram entender o que sucedeu na reação, bem como o que ocorre no
processo de eliminação de álcool nos pulmões permitindo a utilização do bafômetro como
instrumento de detecção da embriaguez.
Com base nas discussões e no exercício aplicado, observou-se que a maioria dos
alunos conseguiu entender a reação que ocorre no bafômetro e também como é feito este
teste, confirmando que aulas com atividades experimentais e contextualizadas podem
apresentar ótimas ferramentas para o ensino-aprendizagem em Química.
A Figura 1 mostra os resultados dos questionários aplicados aos alunos:
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Figura 1. Avaliação do aprendizado prático dos alunos.
Conclusões
A partir de resultados correspondentes, pode-se perceber que a utilização de aulas
experimentais, que auxilia no entendimento do tema abordado com suas aplicações no diaa-dia pode diminuir a dificuldade dos alunos em compreender conteúdos de Química, já
que faz uma ligação entre a teoria e a prática. A abordagem da reação do bafômetro pode
aprimorar o entendimento dos alunos referente ao assunto oxidação-redução, pois, mostroulhes de uma forma interativa e interessante como é possível detecção do álcool presente numa
pessoa embriagada. Por sua vez, a metodologia teórico-prática motiva os alunos à
participação e interesse pela disciplina, descobrindo que a Química está presente em suas
atividades hodiernas.
Referências
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grau. Série Formação Inicial).
BRASIL (País) Secretaria de Educação Básica - Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Volume 2. Ciências da
natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília, 2006.
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CARDOSO, S. P.; COLINVAUX, D. Explorando a Motivação para Estudar Química. Química
Nova, São Paulo, v. 23, n. 3, p. 401-404, 2000.
COVRE, Geraldo José. Química Total. Volume único. São Paulo: FTD, 2001
MALDANER, Otavio Aloisio. A formação inicial e continuada de professores de
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Química).
MARQUES, Mario Osório. Educação/interlocução, aprendizagem/reconstrução de saberes.Ijuí:
UNIJUÍ, 1996a. (Coleção Educação).
PERUZZO, Francisco Miraguai & CANTO, Eduardo Leite do. Química na abordagem do cotidiano.
3. ed.São Paulo: Moderna, 2003.
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