PROGRAMA FITOSSANITÁRIO PARA O OESTE DA BAHIA
No Oeste da Bahia, a realidade até fins dos anos de 1980 nas plantações de
soja e milho era de menor pressão de pragas e doenças, o que permitia a condução
dos cultivos da soja, por exemplo, com menor número de aplicações de defensivos
agrícolas. Nestas condições, o custo total de produção da oleaginosa ficava em
patamares de US$ 300 a US$ 400 por hectare e mantendo produtividades na casa
das 30 a 40 sc/ha. Neste período, o custo com os inseticidas para esta cultura variou
de US$ 20 a US$ 30 por hectare.
Na década de 1990 aumentaram as lavouras de soja, arroz, milho e algodão,
com expansão das áreas irrigadas. A preocupação principal era com veranicos, além
da deficiência geral de infraestrutura e armazéns. Neste período iniciaram os
primeiros problemas fitossanitários. O maior prejuízo deste período foi a ocorrência
do cancro da haste em soja. Tambem as primeiras infestações com nematoides,
mosca branca em feijão irrigado, lagartas Spodoptera no milho, as plúsias e
percevejos na soja, juntamente com o aumento na incidência da Spodoptera no
algodão e surgimento do bicudo. As médias de produtividade subiram, porém da
mesma forma os custo sofreram acréscimos. Por outro lado, as primeiras lavouras
de algodão mantiveram-se com produtividades razoáveis, próximo a 200@/ha.
Frente a necessidade de aumento de pragas e número de aplicações de defensivos,
os custos com inseticidas variavam de US$ 30 a US$ 50/ha.
Nos anos 2000 ocorreu a grande expansão da cotonicultura. Neste período
iniciaram as primeiras lavouras transgênicas, como a soja RR, milho BT e algodão
BT. Na cultura da soja houve o surgimento da ferrugem asiática, ocasionando o
segundo grande prejuízo fitossanitário da região. Para melhor defesa desta epidemia
criou-se através da Aiba, o Consórcio Anti-ferrugem, com apoio da Adab (Agência de
Defesa Agropecuária da Bahia). Na sequência, o mofo branco despontou como uma
das principais doenças em soja, antes limitado à cultura do feijão irrigado.
O bicudo do algodoeiro deixou sua marca registrada neste período,
ocasionando grandes prejuízos e exigindo a criação do primeiro programa
Pg. 1
fitossanitário regional para supressão desta praga. As lagartas Spodopteras
tambem aumentaram a incidência na culturas do milho, algodão, feijão, sorgo e
milheto. A adoção em grande escala de uma tecnologia mais aprimorada na matriz
produtiva elevou a produtividade geral das culturas. Destaca-se a soja acima de 50
sc/ha, o milho de 140 a 150 sc/ha e o algodão de 250 a 300 @/ha. Nesta fase, o
desembolso com inseticidas na soja situou-se entre US$ 40 a US$ 50/ha com
acréscimo de algumas aplicações a mais de inseticidas por hectare. No algodão os
custos com inseticidas ficavam entre US$ 150 a US$ 250/ha.
Na safra 2011/12 foram observadas as primeiras incidências de Helicoverpa
na região, sendo inicialmente na cultura do milho e depois no algodão. A ocorrência
de uma estiagem entre janeiro e março de 2012, contribuiu para que a Helicoverpa e
outras pragas avançassem em grande intensidade no algodão, necessitando um
número
considerável
de
aplicações
de
inseticidas.
Despontava
então,
a
preocupação dos produtores, técnicos e pesquisadores com aumento de custos e
dos riscos no cultivo desta cultura.
Na safra 2012/13 ocorreu a grande incidência de pragas na região,
sobretudo o bicudo no algodoeiro, a mosca branca em soja, algodão, milho e feijão,
juntamente com a Helicoverpa armigera. Esta última foi identificada em março de
2013 pela Embrapa e classificada como praga quarentenária de nível A1. Nesta
safra, foram registrados no algodão os maiores prejuízos da história com o bicudo,
chegando a cifras acima R$ 200 milhões e atingindo 100% das lavouras do Oeste da
Bahia.
Em 2013 houve uma incidência generalizada da Helicoverpa em
praticamente todas as culturas da região. A estiagem que novamente atingiu a
região, o desconhecimento generalizado desta praga e a falta de alternativas
seguras de controle e manejo contribuíram para a rápida disseminação da
Helicoverpa amigera. Na tentativa de controle, os custos com inseticidas na soja
foram acima US$ 100. No milho chegou em patamares menores e no algodão os
custos com inseticidas foram acima de US$ 300/ha, somente para a Helicoverpa.
Considerando todas as pragas, o número médio de aplicações de inseticidas foi em
torno de 30 a 50% maiores nesta safra em relação à safra anterior, resultando em
Pg. 2
altos custos e grandes prejuízos nas principais culturas do Oeste da Bahia.
O prejuízo oficial de perdas na região somente pela Helicoverpa na safra
2012/13 foi de aproximadamente R$ 1,6 bilhão, o que motivou a criação de um
Programa Fitossanitário regional. O quadro evolutivo de custos e aumento de riscos
devido ao ataque de pragas, fez com que o setor produtivo e institucional privado e
público se mobilizasse para adotar medidas visando alternativas mais viáveis e
sustentáveis.
Reconhecida
historicamente
por
suas
grandes
produtividades
e
rentabilidade, a região Oeste da Bahia mostrou muita capacidade de se superar
perante aos problemas e ficou a mercê de vencer mais um grande desafio. As
formas tradicionais de manejo de pragas não se mostraram mais suficientes e
eficientes, ao ponto de ser necessário o desenho de medidas emergenciais para as
futuras safras.
Desta forma, depois de intensas agendas de trabalho entre produtores,
pesquisadores, consultores e técnicos das mais diversas áreas, foi possível chegar
ao consenso em procedimentos visando a integração de práticas de manejo para
minimizar os impactos das principais pragas da região, especialmente o bicudo do
algodoeiro e a Helicoverpa armigera.
Como resultado, foi criado o Programa Fitossanitário para o Oeste da Bahia,
baseado no MIP – Manejo Integrado de Pragas, estruturado e adotado de forma
coletiva na região. Desta forma, o objetivo geral deste é a redução nos custos e
riscos com pragas e doenças em geral na região em questão.
As metas do programa estão voltadas à implementação de medidas
fitossanitárias coletivas, baseadas no MIP; a minimização de danos e custo de
controle das principais pragas nas culturas do algodão, soja, milho, feijão e outras; a
diversificação e incremento de formas de manejo e controles de pragas, com o
emprego de manejos baseados em aspectos culturais, biológicos, transgênicos e
químicos; a capacitação de produtores e técnicos em manejo de pragas e doenças,
com maior foco em Helicoverpa e bicudo.
Pg. 3
A CRIAÇÃO DO PROGRAMA FITOSSANITÁRIO
Quando veio a tona a gravidade dos danos causados pela Helicoverpa e as
expectativas do que ainda poderia ocorrer, foi criado o Grupo Gestor, formado por
entidades para oficialização do programa. Neste grupo estão a Agência de Defesa
Agropecuária da Bahia (Adab), Associação de Produtores e Irrigantes da Bahia
(Aiba), Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa), Fundação BA,
Fundeagro, Associação dos Engenheiros Agrônomos de Barreiras (Aeab),
Associação dos Engenheiros Agrônomos de Luís Eduardo Magalhães (Agrolem),
Associação do Comércio de Insumo Agrícola (Aciagri), Superintendência de
Desenvolvimento Agrícola (SDA), Superintendência Federal de Agricultura do Estado
da Bahia (SFA/BA), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (Ebda),
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb).
Com o objetivo de propor estratégias de manejo controle de pragas e
elaborar um Programa Fitossanitário, foi criado o Grupo Técnico. Este é composto
por pesquisadores (Embrapa, universidades e empresas fornecedoras), consultores
regionais, produtores, gerentes de fazendas, associações de classe e instituições
(Aiba, Abapa, Fundação BA, Fundeagro, Aeab, Agrolem, Sindicatos Patronais e
Aciagri), a Adab, Ebda e Mapa. O Grupo Técnico é Coordenado pelo Engenheiro
Agrônomo Celito Eduardo Breda.
Para facilitar os trabalhos de formatação do programa, o Grupo Técnico, sob
coordenação do Engenheiro Agrônomo Celito Breda, promoveu reuniões semanais
na Fundação BA e dividiu as atribuições em cinco grupos de trabalho, sendo:
1. Grupo do calendário de plantio, vazio sanitário e refúgio, tendo como
coordenador o Engenheiro Agrônomo e consultor Luiz Kasuya.
2. Grupo do uso racional de inseticidas e proteínas BT, tendo como
coordenador o Engenheiro Agrônomo e consultor Pedro Brugnera.
3. Grupo das pupas, tendo como coordenador o Engenheiro Agrônomo e
consultor Milton Ide.
Pg. 4
4. Grupo de agentes biológicos de manejo, tendo como coordenador o
Engenheiro Agrônomo e Entomologista Marco Tamai.
5. Grupo dos irrigantes, tendo como coordenador o Engenheiro Agrônomo
Orestes Mandelli.
Todas as ações constantes neste programa foram fruto de intensas e
frequentes reuniões, além de viagens técnicas à várias regiões do Brasil e a outros
países. Foi tomado como exemplo e base inicial o programa fitossanitário da
Austrália, após uma missão técnico/cientifica ocorrida em fevereiro de 2013.
Como a demanda por informações sobre a nova praga era muito grande,
foram realizados eventos técnicos na região. Em fevereiro de 2013 foi realizado o
Fórum da Helicoverpa, na Bahia Farm Show uma palestra sobre o Programa
Fitossanitário e o Seminário Brasileiro da Helicoverpa e Bicudo em julho de 2013.
Além das agendas locais, o envolvimento das Instituições com diversos
Órgãos em Brasília para buscar novas e mais eficazes alternativas para o manejo de
pragas foi muito intensa.
Após a mobilização focando o problema da Helicoverpa, ações de curto,
médio e longo prazo foram definidas objetivando o estabelecimento de um Programa
Fitossanitário de combate às pragas. Dessa forma, para a safra 2013/14, a Abapa e
Aiba serão as entidades responsáveis pela operacionalização do programa e a Adab
pela regulamentação e fiscalização do mesmo.
Pg. 5
AÇÕES DE MANEJO DA HELICOVERPA ARMIGERA
Segundo a literatura, a Helicoverpa armigera na fase de lagarta passa por
seis instares, variando de 21 a 26 dias e ocorrendo de cinco a seis gerações por
ano. Porém, no Oeste da Bahia pode aumentar o número de gerações por ela não
entrar em diapausa devido às condições climáticas serem favoráveis e haver
alimento o ano todo, especialmente em áreas irrigadas, estimando-se que atinja
cerca de oito ciclos por ano da praga.
Desta forma, a grande preocupação é o surgimento de lagartas resistentes
aos inseticidas utilizados atualmente. Os principais produtos utilizados para o
controle da praga são os piretróides, carbamatos, organofosforados e as diamidas.
Diante disso foram propostas ações de manejo e controle como a utilização de
calendário de plantio e de vazio sanitário, a calendarização das opções de
inseticidas para as principais culturas como soja, algodão e milho, além de
recomendações para áreas de refúgio e irrigadas, entre outras práticas.
1 - Calendário de plantios e de vazio sanitário
O intuito da criação do calendário de plantios é adequar e alinhar junto aos
produtores a redução no intervalo de plantio. Com o calendário será estabelecido um
período de plantio para cada cultura (sequeiro e irrigado), o que permitirá a definição
de período de vazio sanitário comum para todas as culturas visando, principalmente,
a Helicoverpa spp. Espera-se que com a redução na oferta de alimento ocorra uma
diminuição do metabolismo das lagartas mais fortes, causando um enfraquecimento
da mesma, e morte das restantes. Esta estratégia foi adotada nos países que
tiveram problemas com a praga e foi fundamental para a convivência com a mesma.
A mosca branca tem crescido na região, causando prejuízos nas culturas de
soja, feijão, algodão e recentemente milho. A praga é comtemplada no calendário de
plantio e vazio sanitário, especialmente no manejo da tiguera de soja, tem
contribuído para aumentar a população desta praga, com migração para outras
culturas.
Pg. 6
O calendário de plantio é mais uma das ferramentas para o Programa
Fitossanitário. Adicionado às outras medidas para a convivência com baixos
impactos de pragas e doenças como o bicudo, ferrugem asiática, mosca branca e
Helicoverpa armigera.
Desta forma, para a safra 2013/14, preconiza-se o cronograma apresentado
nos quadros 1 e 2, quanto aos períodos de plantios e vazio sanitário para as
principais culturas da região Oeste da Bahia. As medidas valem para plantios de
sequeiro e irrigado, porém neste último, os produtores que cultivarem dentro do
período do vazio sanitário, deverão atender a um Termo de Compromisso assinado
com a Adab.
Quadro 1: Calendário de plantio e vazio sanitário
Ano / Mês
Cultura / Sistema
2013
julho
Algodão Irrigado*
Algodão Sequeiro*
Feijão Irrigado
Feijão Sequeiro
Feijão Gurutuba
Milheto
Milho Irrigado
Milho Semente
Milho Sequeiro
Soja Irrigado*
Soja Sequeiro*
Sorgo
agosto
setembro
2014
outubro
31
novembro dezembro
9
31
15
31
15
31
15
31
15
31
15
31
15
31
15
março
abril
maio
junho
5
30
28
30
1
10
30
15
15
15
fevereiro
10
9
31
31
janeiro
10
30
25
15
1
* - Portaria ADAB.
Período de VAZIO SANITÁRIO
Período de PLANTIO
Período de CULTIVO
No inicio de 2014 será discutido o calendário para a safra 2014/15, que para
o momento são mantidas as seguintes proposições:
Pg. 7
Quadro 2: Detalhamento do calendário de plantio e vazio sanitário
PROPOSTAS 2013/2014
Cultura
Sistema
VAZIO SANITÁRIO
PERÍODO DE PLANTIO
Período
Duração (dias)
irrigado
01/set - 09/nov
70
10/nov - 10/fev
sequeiro
01/set - 09/nov
70
irrigado
01/set - 15/out
45
10/nov - 05/jan
a
16/out - 30/mai
sequeiro
01/set - 15/out
45
16/out - 28/fev
Feijão gurutuba
sequeiro / irrigado
01/set - 15/out
45
16/out - 30/mai
Milheto
sequeiro / irrigado
01/set - 15/out
45
16/out - 01/mai
irrigado
01/set - 15/out
45
16/out - 10/mar
semente
01/set - 15/out
45
16/out - 30/mai
sequeiro
01/set - 15/out
45
16/out - 15/dez
irrigado
01/jul - 09/out
101
10/out - 01/mar
sequeiro
01/jul - 09/out
101
10/out - 25/dez
sequeiro / irrigado
01/set - 15/out
45
16/out - 01/mai
Algodão*
Feijão carioca
Milho
Soja*
Sorgo
* - Regulamentado: Portaria da ADAB
Como o objetivo do vazio sanitário é evitar a ‘ponte verde’ para pragas
infestantes e por este motivo recomenda-se:
•
Eliminar soqueiras, plantas voluntárias e espécies daninhas hospedeiras
imediatamente após a colheita e durante todo o período do vazio sanitário.
É fundamental monitorar a presença de lagartas visando eliminar a praga
nos primeiros instares (até 0,7mm).
•
Para o milheto, crotalária e outras coberturas hospedeiras de Helicoverpa,
preconiza-se o monitoramento e controle de pragas se forem áreas para
produção de grãos ou sementes. Se os cultivos foram para cobertura
vegetal, dessecar os mesmos no máximo até a emissão da panícula e
estruturas reprodutivas destas plantas.
•
Em qualquer situação, é fundamental monitorar a presença de lagartas
visando eliminar a praga nos primeiros instares.
Pg. 8
2 - Áreas de refúgios
Diante do uso de cultivares com eventos biotecnológicos, se faz necessário
seguir recomendações em relação a formação de áreas de refúgio, as quais são
detalhadas
por
culturas.
O
Grupo
Técnico,
seguindo
recomendação
dos
entomologistas, não considera adequado e satisfatório o uso de “refúgio no saco”,
mas seguir o refúgio estruturado e mandatório apresentado a seguir.
SOJA
Refúgio de variedades não Bt
Distância do refúgio
→
No mínimo 50% da área total plantada com soja Bt.
(para cada 01 ha soja Bt plantar 01 ha de soja convencional)
→
NÃO pulverizar produtos a base de Bt (Bacillus thurigiensis )
→
Realizar manejo integrado de pragas nas áreas de refúgio,
com adoção de nível de controle e ralização de amostragem
sistemática.
→
Não utilizar iscas tóxicas para controle de mariposas nas áreas
de refúgio.
→
Não utilizar iscas tóxicas para controle de mariposas nas áreas
de refúgio.
Até 800 m em relação a soja Bt.
→
→
Ideal que estejam no mesmo talhão (Bt e convencional) e com
a mesma idade fenológica.
Refúgio de variedades não Bt
→
No mínimo 20% da área total plantada com algodão Bt .
(MANDATÓRIO)
→
NÃO pulverizar produtos a base de Bt (Bacillus thuringiensi ).
→
Realizar manejo integrado de pragas nas áreas de refúgio,
com adoção de nível de controle e ralização de amostragem
sistemática.
→
5% (sorgo, guandu, Crotalaria spp., milheto e milho).
→
Até 800 m em relação ao algodão Bt.
Ideal que estejam no mesmo talhão (Bt e convencional) e com
a mesma idade fenológica.
ALGODÃO
Refúgio adicional (tratado)
(FACULTATIVO)
Distância da área de refúgio
→
→
Não utilizar iscas tóxicas para controle de mariposas nas áreas
de refúgio.
Pg. 9
MILHO
Refúgio de variedades não Bt
→
No mínimo 20% da área total plantada com milho Bt .
(NÃO-MANDATÓRIO PARA SAFRA 13/14)
→
NÃO pulverizar produtos a base de Bt (Bacillus thuringiensi ).
→
Realizar manejo integrado de pragas nas áreas de refúgio,
com adoção de nível de controle e ralização de amostragem
sistemática.
→
Não utilizar iscas tóxicas para controle de mariposas nas áreas
de refúgio.
→
utilizar sorgo, visando atingir os 20% do refúgio.
Refúgio adicional (tratado)
(Indisponibilidade de semente não Bt ) →
Distância do refúgio
NÃO pulverizar produtos a base de Bt (Bacillus thuringienss ).
→
Permitido controle de lagartas no refúgio.
→
Até 800 m em relação ao milho Bt.
Ideal que estejam no mesmo talhão (Bt e convencional) e com
a mesma idade fenológica.
→
MILHETO, CROTALÁRIA E OUTRAS COBERTURAS
Produção de grãos/sementes
→
Monitoramento e controle de pragas.
Somente cobertura
→
Dessecar no início do florescimento.
3 - Calendarização das opções de inseticidas para as culturas de algodão,
milho e soja
Estabelecer uma calendarização no uso de inseticidas e observar a tabela
de seletividade dos Inseticidas aos insetos benéficos, são medidas de uso racional
de químicos. Desta forma, a proposta apresentada visa fornecer instrumentos aos
agricultores e técnicos tomarem decisões de recomendações levando em
consideração a preservação dos insetos benéficos e ao mesmo tempo a
preservação dos inseticidas e eventos da transgenia. Além disso, juntamente com
outras boas práticas, fazem parte do Manejo Integrado de Pragas (MIP).
O calendário (Tabela de Inseticidas) para cada cultura visa, na medida do
possível, que os recomendantes optem por inseticidas com menor impacto aos
insetos não pragas, especialmente nas fases iniciais até a fase de plena frutificação
das culturas. Isto implica em preservação destes Insetos benéficos, facilitando assim
um melhor equilíbrio biológico.
Este equilíbrio proporciona um controle complementar das pragas,
Pg. 10
diminuindo assim a dependência aos inseticidas, além de contribuir para evitar a
sobra de possíveis pragas resistentes aos inseticidas e a biotecnologia Bt. O
equilíbrio biológico é interessante também para evitar o surgimento de pragas antes
de importância secundária, em pragas principais e com grande capacidade de
destruição.
A tabela também disponibiliza as opções de inseticidas por grupo químico,
facilitando aos recomendantes o manejo da resistência, dando opções de rotação de
modos de ação de inseticidas e a quantidade de doses sequenciais e o máximo de
doses do mesmo grupo químico dentro do ciclo. Com isto busca-se preservar os
inseticidas e as biotecnologias Bt.
Soja
Pré-plantio
Trat. Sem. (TS)
Dias após a emergência
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
Cultivar Bt com 2 (dua) proteínas
Carbamato
Carbamato (1)
Carbamato
Carbamato
Benzoiluréia (2)
Benzoiluréia
Fenilpirazol
Neonicotinóide (3)
Neonicotinóide
Diamida (5)
Diamida (4)
Organofostorado (6)
Naturalyte (7)
Avermectina (8)
Avermectina
Oxidiazna (9)
Pyrrole (10)
Diacilhidrazina (11)
Biológicos (12)
Piretróide (13)
Tiouréia
Cetoenol / Tiadiazinoma / Piridil Éter
Em fase de validação!
Pg. 11
Recomendações de aplicações por produtos para a soja:
SOJA
(1). Carbamato
→
Máximo de 1 (uma) aplicações na fase inicial.
(2). Benzoiluréia
→
Máximo de 2 (duas) aplicações.
(3). Neonicotinoides
→
Máximo de 2 (duas) aplicações.
(4). Diamidas (TS)
→
Depende de registro
(5). Diamidas
→
Máximo de 2 (duas) aplicações.
(6). Organofosforado
→
Máximo de 2 (duas) aplicações sequenciais.
(7). Naturalyte
→
Máximo de 2 (duas) aplicações.
→
Máximo de 2 (duas) aplicações de Benzoato de Emamectina.
→
Depende de registro
(9). Pyrroles
→
Máximo de 2 (duas) aplicações no ciclo.
(10). Diacilhidrazina
→
Máximo de 2 (duas) aplicações.
→
Vírus, fungos, Bt , Trichogramma spp..
→
Produto Bt: Até 3 (três) aplicações no ciclo e não usar no refúgio
→
Máximo de 3 (três) aplicações.
(8). Avermectina
(11). Biológicos
(12). Piretróide
Algodão
Pré-plantio
Dias após a emergência
Trat. Sem. (TS)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
Cultivar Bt com pelo menos 2 (duas) proteínas
Carbamato
Carbamato
Carbamato (1)
Carbamato
Benzoiluréia
Benzoiluréia (2)
Fenilpirazol
Neonicotinóide (3)
Neonicotinóide
Diamida (4)
Neonicotinóide
Diamida (5)
Organofosforados (6)
Organofostorado
Naturalyte (7)
Avermectina (8)
Avermectina (8)
Oxidiazina (9)
Pyrrole (10)
Diacilhidrazina (11)
Biológicos (12)
Piretróide (13)
Tiouréia
Bloq. Sel. de Alimentação
Cetoenol / Tiadiazinoma / Piridil Éter
Em fase de validação!
Pg. 12
Recomendações de aplicações por produtos para o algodão:
ALGODÃO
(1). Carbamato
(2). Benzoiluréia
→
Máximo de 2 (duas) aplicações na fase inicial.
→
Máximo de 2 (duas) aplicações sequenciais e
no máximo de 4 aplicações no ciclo.
(3). Neonicotinoides
→
Máximo de 2 (duas) aplicações sequenciais e 5 (cinco) no ciclo.
(4). Diamidas (TS)
→
Depende de registro
→
Máximo de 2 (duas) aplicações sequenciais e
(5). Diamidas
4 (quatro) aplicações no ciclo.
(6). Organofosforado
→
Máximo de 2 (duas) aplicações na fase inicial.
(7). Naturalyte
→
Máximo de 2 (duas) aplicações no ciclo.
→
Máximo de 2 (duas) aplicações de Abamectina e
(8). Avermectina
02 (duas) aplicações de Benzoato de Emamectina
(depende de registro).
(9). Oxadiazina
→
Máximo de 2 (duas) aplicações no ciclo.
(10). Pyrroles
→
Máximo de 2 (duas) aplicações no ciclo.
→
Máximo de 2 (duas) aplicações sequenciais e
(11). Diacilhidrazina
no máximo de 4 aplicações no ciclo.
(12).Biológicos
(13). Piretróides
→
Vírus, fungos, Bt , Trichogramma spp..
→
Produto Bt: Até 3 (três) aplicações no ciclo e não usar no refúgio
→
Máximo de 3 (três) aplicações sequenciais.
Milho
Pré-plantio
Trat. Sem. (TS)
Dias após a emergência
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
Cultivar Bt com pelo menos 2 (duas) proteínas
Carbamatos
Carbamato
Carbamatos (1)
Benzoiluréia (2)
Benzoiluréia
Fenilpirazol
Neonicotinóide
Neonicotinóide (3)
Naturalyte (4)
Avermectina (5)
Oxidiazina (6)
Pyrrole (7)
Diacilhidrazina (8)
Biológico (9)
Bloq. Seletivo de Alimimentação
Em fase de validação!
Pg. 13
Recomendações de aplicações por produtos para o milho:
(1). Carbamato
(2). Benzoiluréia
→
Máximo de 2 (duas) aplicações na fase inicial.
→
Máximo de 2 (duas) aplicações sequenciais e
no máximo de 3 aplicações no ciclo.
(3). Neonicotinoides
→
Máximo de 2 (duas) aplicações.
(4). Naturalyte
→
Máximo de 2 (duas) aplicações.
→
Máximo de 2 (duas) aplicações de Benzoato de Emamectina.
→
Depende de registro
(6). Oxadiazina
→
Máximo de 2 (duas) aplicações no ciclo.
(7). Pyrroles
→
Máximo de 2 (duas) aplicações no ciclo.
→
Máximo de 2 (duas) aplicações sequenciais e
(5). Avermectina
(8). Diacilhidrazina
(9). Biológicos
no máximo de 3 aplicações no ciclo.
→
Vírus, fungos, Trichogramma spp.e Bt.
→
Não usar produtos Bt na área de refúgio
4 - Controle Biológico
O incremento do controle biológico no MIP regional será fundamental.
Embora atualmente seja pouco utilizada, dentro dos objetivos do programa, mais
alternativas deverão ser buscadas.
A primeira alternativa é preservar os insetos e microrganismos naturais para
auxilio no manejo de pragas. Outra media é aplicar insetos benéficos e adoção em
escala comercial de inseticidas biológicos, como fungos, bactérias e vírus. Todas
estas novas alternativas deverão ser mais estudadas e implementadas com
profissionalismo na região.
Conforme Degrande et al. (2013), é importante observar a seletividade de
defensivos a predadores e parasitoides. Para isso, prepararam a Tabela de
Seletividade, que dá uma noção da ação de cada inseticida sobre os insetos
benéficos. Isto permite a escolha de um produto a ser utilizado para o controle de
uma determinada praga levando em conta a sua influência sobre as populações de
insetos benéficos. Assim pode-se dar preferencia aos inseticidas mais seletivos nas
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fases iniciais, deixando os demais para o final do ciclo.
Tomando por base a classificação do IOBC (2007), a tabela a seguir
apresenta os ingredientes ativos e o nível de seletividade numa Tabela de
Seletividade de inseticidas e acaricidas utilizados na cultura do algodão.
Tabela 01: Seletividade de inseticidas e acaricidas utilizados na cultura do
algodão (Degrande et al. 2013):
INGREDIENTE ATIVO
Abamectina
Bacillus thuringiensis
Buprofezina
Blorfluazurom
Diflubenzurom
Enxofre
Espinosade
Espiromesifeno
Flonicamida
Flufenoxurom
Lufenurom
Metoxifenozida
Milbemectina
Novalurom
Piriproxifem
Propargito
Tebufenozida
Teflubenzurom
Triflumurom
Acetamiprido
Benfuracarbe
Carbosulfano
Clorfenapir
Clotianidina
Diafentiurom
Endossulfam
Etoxazol
Imidacloprido
Indoxacarbe
Profenofós
Tiacloprido
Tiametoxam
Tiodicarbe
GRUPO QUÍMICO
(com base em Irac, 2007)
avermectina
biológico
tiadiazinona
benzoiluréia
benzoiluréia
inorgânico
espinosina
cetoenol
fagodeterrente
benzoiluréia
benzoiluréia
diacilhidrazina
milbemicina
benzoiluréia
éter piridiloxipropílico
sulfito de alquila
diacilhidrazina
benzoiluréia
benzoiluréia
neonicotinóide
carbamato
carbamato
pirrole
neonicotinóide
feniltiouréia
ciclodieno
difeniloxazolina
neonicotinóide
oxadiazina
organofosforado
neonicotinóide
neonicotinóide
carbamato
SELETIVIDADE
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
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Triclorfom
Acefato
Alfa-cipermetrina
Beta-ciflutrina
Beta-cipermetrina
Bifentrina
Cipermetrina
Cartape
Clorpirifós
Deltametrina
Dimetoato
Esfenvalerato
Etofenproxi
Fenitrotiona
Fenpropatrina
Fenvalerato
Fipronil
Gama-cialotrina
Lambda-cialotrina
Malationa
Metamidofós
Metidationa
Metomil
Parationa-metílica
Permetrina
Piridafentiona
Triazofós
Zeta-cipermetrina
organofosforado
organofosforado
piretróide
piretróide
piretróide
piretróide
piretróide
cartap
organofosforado
piretróide
organofosforado
piretróide
piretróide
organofosforado
piretróide
piretróide
fenilpirazol
piretróide
piretróide
organofosforado
organofosforado
organofosforado
carbamato
organofosforado
piretróide
organofosforado
organofosforado
piretróide
M
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
T
N = inócuo ou levemente tóxico (mortalidade dos principais inimigos naturais a
campo ou semi-campo de 0 a 50%, em laboratório de 0 a 30%)
M = moderadamente tóxico (mortalidade dos principais inimigos naturais a campo ou
semi-campo de 50 a 75%, em laboratório de 30 a 79%)
T = tóxico (mortalidade dos principais inimigos naturais a campo ou semi-campo
maior que 75%, em laboratório maior que 80%);
De
extrema
importância
neste
processo,
se
faz
necessário
o
desenvolvimento e validação de estratégias de uso de Trichogramma pretiosum para
as culturas do milho, feijão e algodão, bem como avaliação de formulações
comerciais à base de Baculovirus e de armadilhas e feromônios para captura de
mariposas.
Para
alternativas
de
controle
e
manejo
através
de
organismos
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microbiológicos, estarão disponíveis aos produtores inseticidas a base de Bt e a
base de vírus NPV (baculovírus). Outras alternativas neste segmento estão sendo
pesquisadas e desenvolvidas para trazer mais opções aos produtores.
5 - Controle de pupas
Como a praga é nova no Brasil, ainda não existem informações científicas
geradas pela pesquisa. Entretanto, é recomendado o monitoramento e mediante a
comprovação do risco de disseminação da praga (infestação maio ou igual a 1 pupa
viva/m2) com potencial de dano econômico, a destruição mecânica até 10 dias após
a colhe
Outras sugestões, conforme o Dr. David Murray, é fazer monitoramento para
determinar a hipótese de diapausa de pupas no solo, estabelecer métodos de
amostragem de pupas no solo e realizar levantamento de espécies de inimigos
naturais de pupas.
6 - Áreas Irrigadas
Os projetos de irrigação da região foram concebidos para otimizar a
utilização dos recursos hídricos, bem como racionalizar o uso da demanda de
energia contratada. Desta forma estabeleceu-se um sistema de rotação de culturas,
com escalonamento de plantios, que proporciona o cultivo das áreas praticamente
em todos os meses do ano.
Neste sistema, algumas áreas estarão iniciando o ciclo de desenvolvimento,
enquanto que outras estarão em fase de maturação ou pousio aguardando algum
trabalho de preparo de solo ou plantio da próxima cultura. Com isso, é de extrema
importância que todas as áreas irrigadas, ou não, estejam inclusas no Programa
Fitossanitário, visto que, se manejadas inadequadamente poderão comprometer a
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segurança fitossanitária da região.
Neste contexto, para áreas irrigadas são propostas medidas de manejo com
ênfase em calendarização de plantios; utilização racional e seletiva de defensivos,
principalmente na fase inicial dos cultivos; adoção de cultivares, geneticamente
modificadas, com duas ou mais proteínas BT de grupos diferentes, caso disponíveis;
adoção de áreas de refúgio; rotação com culturas não hospedeiras, se disponíveis;
controle de tigueras, soqueiras e plantas daninhas; monitoramento apurado das
lavouras; treinamentos específicos para as equipes de monitores; vazio sanitário
total por um determinado período, se ficar comprovada sua eficiência à região.
Considerando as medidas propostas pelo Programa Fitossanitário, existe um
consenso entre os irrigantes que o vazio sanitário será prejudicial ao manejo das
áreas irrigadas, sendo que na maioria dos projetos, interromperia o sistema de
rotação de culturas, comprometendo o uso racional e otimizado da energia elétrica e
água de irrigação, visto que não há demanda energética contratada nem recursos
hídricos suficientes para atender todos os talhões ao mesmo tempo, assim que
acabasse o período do vazio sanitário.
Desta forma, para os irrigantes, valendo também para as culturas de
sequeiro, que forem adentrar no período de vazio sanitário devem se comprometer a
adotar
medidas
específicas,
através
de
um
“Termo
de
Compromisso
e
Responsabilidade” com a Adab.
Este compromisso recai em adotar medidas além das acima propostas, que
envolvem a eliminação mecânica de pupas de Helicoverpa imediatamente após a
colheita, quando o monitoramento indicar a infestação de uma ou mais pupas vivas
por metro quadrado. Também deverão ser usados inseticidas mediante o emprego
de boas práticas agrícolas e observar o manejo de resistência de inseticidas e
fungicidas, conforme recomendação do Programa.
Outra recomendação é o emprego de insetos benéficos e uso intensivo de
controle biológico nestas áreas que invadirão o vazio sanitário dos 45 dias,
comprovadamente por nota fiscal e por visitação dos técnicos do Programa e da
Adab. Desta forma, elevará a segurança fitossanitária em tais áreas, não
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comprometendo o Programa Fitossanitário para o Oeste da Bahia.
Da mesma forma que em outras medidas deste Programa, no inicio de 2014
serão rediscutidas as medidas para a próxima safra, bem o como os itens do
supracitado Termo.
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PROGRAMA FITOSSANITÁRIO PARA O OESTE