X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
ARQUITETURA DE CONCURSO
Estratégias compositivas e soluções exemplares
Mariana Pedrollo Bez
Arquiteta e Urbanista
UniRitter/Mackenzie
[email protected]
Resumo: O concurso como forma de escolha para grandes obras está presente na história da
arquitetura a mais de dois mil e quinhentos anos. Sendo possível notar a evolução e o
aprimoramento dos concursos públicos, que passaram a ser regidos por instituições que
garantem uma competição mais justa e livre de imprevistos. Essa forma de fazer arquitetura
proporciona uma maior discussão sobre o futuro objeto a ser construído quando coloca em júri a
decisão de escolha do projeto e expõe os desenhos concorrentes para a população. O trabalho
busca discutir a arquitetura resultante das competições, como influencia não só na construção
das cidades mas também na forma de pensar e estudar a arquitetura. Visando entender como os
conceitos, as estratégias compositivas e as formas de projetar influenciam o produto final, o
projeto. Tem como objetivo analisar a proposta inicial e o projeto executado, e o diferente
entendimento do programa na criação desses projetos. Com ênfase na análise do estudo de
caso: o High Line em Nova Iorque, cria-se uma discussão a respeito dos concursos públicos com
auxílio na análise do Parc de la Villette em Paris, projeto também escolhido através de
competição.
1 Introdução
As discussões a respeito da escolha de projetos ou de arquitetos para grandes obras
públicas na arquitetura e urbanismo estão cada vez mais presentes nos dias atuais. A
intenção de tornar menos arbitrária uma decisão que afetará e influenciará a vida e o
cotidiano de muitos, eleva o número de concursos públicos na arquitetura mundial. No Brasil
porém ainda é restrito o número de competições realizadas, mesmo após ter sido criada a
lei que define como preferencial a escolha de projetos públicos através de concurso no país
no ano de 1993. A União Europeia torna obrigatória, a partir de 2004, a seleção de projetos
para obras públicas através de concursos públicos. Não somente a exigência criada pela
legislação faz com que países europeus tenham quase 10 vezes mais obras realizadas
através de concurso que o Brasil.
A opção pelo concurso nesses países não é casual, afinal trata-se de um instrumento
baseado em princípios que são fundamentais para a gestão pública responsável:
1. prioridade ao julgamento qualitativo;
2. fundamentação nos princípios da isonomia, transparência, economicidade,
publicidade e impessoalidade;
3. amplitude do repertório de soluções possíveis para um mesmo problema
4. legitimação pública na decisão sobre espaços e equipamentos públicos onde deve
prevalecer o interesse coletivo. (SOBREIRA, 2010)
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação
SEPesq – 20 a 24 de outubro de 2014
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
A primeira competição arquitetônica que se tem registros é datada em 448 A.C. para
a construção do memorial de guerra da Acrópole em Atenas. Após essa data, registros
voltam a surgir na Renascença, com o concurso para as Portas de Bronze do batistério e a
cúpula da catedral em Florença no século XV. A Revolução Industrial traz nova força aos
concursos em uma busca por inovação tecnológica e apropriação da população pelo espaço
público. Desde então a competição de projetos e design faz parte da construção das
cidades com obras significativas como a Casa Branca em Washington, a Biblioteca Pública
em Nova Iorque, o Parlamento Britânico em Londres, Ópera House e a Torre Eiffel em
Paris, a Ópera de Sidney, para nomear algumas.
Enquanto os Concursos Públicos tornavam-se mais frequentes na arquitetura
estavam apenas surgindo no âmbito urbanístico. E meio ao surgimento de planos de
renovação urbana na Europa, é realizado na Austrália um dos primeiros concursos públicos
de planejamento urbano: a nova capital do país e vencido pelo americano Walter Griffin no
início do século XX. No âmbito urbanístico é possível citar também projetos posteriores
como o Central Park em Nova Iorque, a Piazza di Spagna em Roma, a Place de la
Concorde em Paris e os planos de Edimburgo e St. Petersburg.
Além da considerável evolução histórica é visível a importância das competições para
a arquitetura quando pensamos no descobrimento de jovens arquitetos e no surgimento de
novas tecnologias. As competições na arquitetura criam objetos dignos de estudo, que
servem de base analítica de boa arquitetura e servindo de exemplo principalmente para o
ensinamento das práticas de projeto. São essas soluções exemplares que servem de apoio
para a discussão sobre os concursos através dos estudos de caso aqui apresentados.
Com a intenção de analisar diversos conceitos a fim de compreender a forma e
pensar e fazer arquitetura, utiliza-se de arquiteturas derivadas de concurso comparando o
projeto escolhido com os demais concorrentes, e também com o próprio objeto construído
fruto do concurso. O estudo de caso proposto para essa análise é o parque americano High
Line, situado na cidade de Nova Iorque nos Estados Unidos, fruto de concurso realizado no
ano de 2004. Outro estudo de caso a ser analisado, porém superficialmente, é o Parc de La
Villette, fruto de concurso realizado no ano de 1981 e situado na cidade de Paris. O parque
possui diversas semelhanças que o torna base para analogias e discussões para o estudo
de caso principal.
2 Estudos de Caso
2.1. Parc de La Villette
No início da década de 80 o então presidente da França, François Mitterrand, decide
revolucionar a França criando diversos planos de melhorias e intervenções em diferentes
âmbitos. A etapa de intervenções que diz respeito à arquitetura e urbanismo ficou conhecida
oficialmente como Grandes Operations d'Architecture et d'Urbanisme1 e contou com a
1
Tradução: Grandes Operações de Arquitetura e Urbanismo. As intervenções iniciaram em 1981 e tiveram
seus trabalhos concluídos em 1998. Também ficaram conhecidas como Grands Travaux, que significa
Grandes Trabalhos, ou Grands Projets Culturels, que significa Grandes Projetos Culturais por tratarem
principalmente da promoção da cultura para toda a França. Entre os projetos realizados podemos citar: a
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
criação de diversos concursos públicos para a elaboração e construção de projetos de
grande interesse público, cultural e social. Entre os projetos solicitados estava a criação de
um parque que ocuparia um terreno localizado no 19º Arrondissement onde estavam
localizados os antigos matadouros da cidade de Paris. A antiga área de aproximadamente
55 hectares localizada no distrito homônimo La Villette2, distrito industrial e de armazéns da
cidade de Paris, abrigava um antigo matadouro que havia sido construído por iniciativa de
Napoleão III no ano de 1867 e fora desativado no ano de 1974. A edificação onde
funcionava o matadouro, possui estrutura de ferro e vidro com aproximadamente vinte mil
metros quadrado conhecida como Grande Halle3, foi preservada e restaurada por projeto de
Reichen & Robert tornando-se parte oficialmente da renovação do parque. Adicionalmente
ao parque e ao Grande Halle podemos encontrar a Geoide, que abriga o cinema IMAX, o
Museu de Ciências e Tecnologias e a Cidade da Música.
Desde sua implantação, nos meados do século XIX, a área do Parc de La Villette é
notavelmente conectada com a cidade de Paris sendo o local para a implantação dos
abatedouros propositalmente instalados nas proximidades do Canal de l'Ourcq e o Canal
Saint-Denis, conectando-se às linhas férreas de abastecimento e escoamento de produtos.
Atualmente a área é provida de linhas de metrô que conectam o bairro e o parque às
demais áreas da cidade, além de ônibus, ciclovias e avenidas de conexões é possível
chegar ao local de barco via o Canal Saint-Denis. Em uma convenção em agosto de 1970 a
cidade de Paris abre mão da região de La Villette para o estado e em outubro de 1973 o
governo nacional informa a interrupção das atividades no 19º distrito, visando a preservação
e a implantação do futuro parque. (TATE, 2001). Somente no ano de 1979 é criado o EPPV4
para a preservação da área de 55 hectares e a criação do Parc de La Villette com três
principais objetivos: construir o maior complexo arquitetônico dedicado à música, construir o
museu de ciências natural e tecnologia e desenvolver um parque cultura urbano aberto a
todos.
O edital para o concurso apresenta como objetivo principal, a criação de um parque
em oposição aos parques existentes não só na região do 19 arrondissement mas de toda a
cidade. A intenção do concurso era modificar a concepção existente, vinda dos anos 50 e
60, de que praças e parques urbanos deveriam ser locais bucólicos, praças quadradas ou
bosques fechados, e sim que pudessem ser ambientes abertos dia e noite para a
população.
Pirâmide do Museu do Louvre, Museu d’Orsay, Arc de La Défense, Instituto Árabe, entre outros. O plano
mudaria o skyline de Paris em apenas oito anos.
2
A área intitulada La Villette fazia parte do novo plano de urbanização de Haussmann que aumenta de 12 para
20 distritos dentro da cidade de Paris e tem como objetivo concentrar todos os abatedouros da cidade de Paris
em uma área no nordeste da cidade, o 19º distrito.
3 Conhecido originalmente como Grande Halle aux Boeufs que pode ser traduzido como Grande Hall de Gado,
o único dos três edifícios a ser preservado devido ao seu valor histórico foi projetado por Jules de Mérindol e
Louis-Adolphe Janvier entre os anos de 1818 e1878 e construído entre 1865 e 1867. Reabriu suas portas em
1985 e sofreu reformas novamente em 2005, atualmente tem entre suas utilizações uma estrutura de feiras,
exposições, festivais e cinema a céu aberto.
4 EPPV, sigla que significa l'Etablissement Public du Parc de la Villette ou Estabelecimento Público do Parque
de La Villette.
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
O Parc de la Villette, em contrapartida, representa um centro cultural ao ar livre,
incentivando uma política programática integrada relacionada tanto com as
necessidades da cidade e suas limitações.5 (TSCHUMI, DERRIDA e VIDLER, 2014)
O projeto vencedor do concurso foi realizado por Bernard Tschumi possui uma
implantação baseada nos conceitos e estudos que o arquiteto e teórico vinha trabalhando
ao longo dos anos como professor na AA School of Architecture6. O conceito de “point grid”,
ou grelha, em que está baseado o projeto (Figura 1), iniciou a ser trabalhado por Tschumi
na disciplina de atelier em que trabalhava na AA.
Figura 1 - Eixo de inserção dos folies
O parque foi concebido como um dos maior edifícios já construído, desconstruído
(Figura 2) em forma porém realizado como uma só estrutura. Onde as camadas (Figura 3)
que se sobrepõem, e que apesar de aparentemente pensadas isoladamente, ao serem
unificadas compõem o parque urbano completo e complexo. São elas: superfícies e
espaços de usos ao ar livre, linhas onde há conexões entre as diversas partes do parque e
pontos (Figura 4) onde há a inserção de folies que comportam as atividades que seriam
determinadas conforme o uso e as necessidades do parque.
5
Trecho traduzido pela autora. Versão original: "The Parc de La Villette, in contrast, represents an open-air
cultural center, encouraging an integrated programmatic policy related both to the city's needs and to it's
limitations."
6 AA School of Architecture, escola de arquitetura mais antiga do Reino Unido, inaugurada em 1847, é também
uma Associação profissional de arquitetos, e teóricos de arquitetura.
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
Figura 2 - Esquema da solução estrutural
Figura 3 - Camadas que compõem o projeto
As superfícies
Dos 55 hectares da área total do parque, aproximadamente 35 hectares estão
destinados às superfícies, porções do terreno destinadas ao uso e apropriação da
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
população. As superfícies não possuem formatos definidos ou regulares, sendo espaços
existentes e residuais que preenchem e unem os pontos e as linhas criando 12 jardins
temáticos e diversas áreas de uso público e indefinido. Utilizado das mais diversas formas,
as superfícies ganham usos comuns como campos para a prática de esportes, local para
piqueniques, lazer e relaxamento, banhos de sol e até mesmo cinema.
As linhas
Com formatos e direções nem sempre previsíveis as linhas, como são chamados os
caminhos criados dentro do Parc de La Villette, não estão em sua totalidade referenciadas a
eixos ou grelhas. Os dois eixos principais criados para levar o visitante através do parque
são: a linha de 3 km de comprimento conhecida como promenade cinematique (Figura 4),
que percorre o parque de forma sinuosa conectando jardins e folies aleatoriamente
enquanto a linha conhecida como galeries couvertes é traçada de forma linear cortando o
parque de norte a sul e conectando as diferentes entradas de pedestres. Diversas outras
linhas secundárias compõem os caminhos que conectam as diferentes superfícies e os
diferentes pontos do parque.
Figura 4 - Desenho da Promenade Cinematique
Os pontos
Mais conhecidos como folies7, os pontos são mais que elementos decorativos
fazendo parte da malha ortogonal do diagrama de implantação do parque e surgem como
locais de apoio à população que utiliza o parque. Criados a partir de cubos com 10,8 metros
de aresta e distantes 12 metros uns dos outros, os 26 folies mantém uma modulação rígida
e tipologias estabelecidas (Figura 5) porém possuem formatos que se adaptam às diversas
funções a eles estabelecidas. Por se tratar de uma rigorosidade em sua disposição, os folies
7
Folie, o termo surgiu no século 16 e refere-se a pequenas edificações de caráter decorativo.
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
dão caráter organizacional ao parque, além de criar uma sensação de constância e
unificação.
Figura 5 - Tipologias de folies
2.2. High Line
No início da década de 20, quando o Meatpacking e o Chelsea District estavam com
suas atividades industriais em pleno crescimento, foi criada uma estrutura suspensa a fim
de separar os trens que causavam riscos à população das vias. Uma estrutura em ferro
estilo Art Decó cruzava todo o Oeste de Manhattan, na cidade de Nova Iorque
transportando matéria prima e produtos. A linha férrea conhecida como High Line foi criada
paralela à 10ª Avenida e ligava Canal Street à 30ª Rua. Na década de 60, com a evolução
dos transportes e o crescimento da cidade o trem foi perdendo sua função e a linha férrea
foi desativada em 1980.
As lutas e controvérsias a respeito do futuro da estrutura e da linha férrea começam
ainda na década de 80, com a criação de uma fundação que tinha como objetivo reativar a
linha e preservar a famosa estrutura Arte Decô remanescente. No final da década de 80 e
início dos anos 90 um grupo de moradores e proprietários do Distrito de Chelsea da entrada
em um requerimento junto ao município exigindo o reconhecimento do abandono da
estrutura e sua demolição. E assim mais uma parte da estrutura original do High Line se
perde. A estrutura metálica Art Deco apesar de abandonada por seus proprietários não
deixa de chamar a atenção da população e principalmente dos moradores da região, e no
ano de 1999 após a empresa CSX Transportation assumir o controle da Conrail, antiga
proprietária do High Line, iniciam-se estudos e volta-se a pensar sobre os possíveis reuso
da estrutura abandonada a mais de 2 décadas. Nessa época iniciam reuniões com as
comunidades próximas ao High Line e em uma delas, surge o primeiro contato entre os
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
futuros criadores da ONG Friends of the High Line8 Robert Hammond e Joshua David, que
salvaria a estrutura e a converteria em parque.
Muitas conquistas significativas ao longo dos anos seguintes, desde a criação da
ONG Friends of the High Line, tornaram possível que no ano de 2003 fosse feito o primeiro
concurso de ideias a respeito do reuso da estrutura da antiga linha férrea. O trecho citado
abaixo mostra o anseio e objetivos dos organizadores.
Agora, pela primeira vez, arquitetos, paisagistas, designers, urbanistas, artistas,
horticultores e membros da comunidade estão convidados a criar uma proposta
visionária para o reuso da estrutura elevada de 1,5 milhas de passeio público. Nós
encorajamos ideias audaciosas que tire vantagem da oportunidade sem precedentes
apresentada pelo High Line e que respondam a questões práticas como acesso e
segurança de forma criativa.9 (HIGH LINE, 2003)
Ao todo foram 720 propostas inscritas vindas de 36 diferentes países. As ideias
propostas variavam entre possíveis e utópicas (Figura 6), foram expostas na estação central
de trens de Nova Iorque a Grand Central e serviram como base para as futuras discussões
a respeito da área.
Figura 6 – Propostas iniciais Piscina e Montanha Russa
Mais tarde, no ano de 2004, a ONG Friends of the High Line lança um “request for
qualification”, ou edital de convocação, a fim de reunir arquitetos, paisagistas, botânicos,
urbanistas, engenheiros e designers para o concurso público internacional que definiria o
projeto do High Line (Figura 7).
Em sua entrada para a competição de 2004, Field Operations and Diller Scofidio +
Renfro nos mostrou uma proposta que continha um senso de natureza selvagem e
mistério da paisagem original do High Line. Celebrava tudo que ótimo sobre o
passado do High Line enquanto deixava o High Line acessível e lhe dando um
futuro.10 (FIELD OPERATIONS, DAVID e HAMMOND, 2008)
8
Friends of the High Line tem como tradução literal Amigos do High Line.
Trecho traduzido pela autora. Versão original: “Now, for the first time, architects, landscape architects,
designers, planners, artists, horticulturalists, and community members are invited to create visionary design
proposals for the structure's reuse as an elevated, 1.5-mile-long public promenade. We encourage bold ideas
that take advantage of the unprecedented opportunities presented by the High Line and that address important
practical issues, such as access and safety, in creative ways.”
10 Trecho traduzido pela autora. Versão original: “In their 2004 competition entry, Field Operations and Diller
Scofidio + Renfro showed us a proposal that retained the sense of wildness and mistery of the original High
9
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
Figura 7 - Proposta de James Corner Field Operations
O projeto vencedor foi o da equipe de James Corner Field Operations que
apresentou uma proposta mantendo o mistério existente e espírito selvagem da natureza do
local, características essas que chamaram a atenção dos colaboradores e idealizadores que
lutavam pela preservação da estrutura.
“Milhares de arquitetos olharam para o High Line como um exercício para
construções. O time dele (Scofidio), entretanto, focou em retirar elementos, expondo a
estrutura ao invés de adicionar à ela.” (DAVID e HAMMOND, 2011)
Preservando a linha do trem, o projeto cria caminhos com placas de concretos que se
conectam mas ao mesmo tempo permitem que a natureza nasça e cresça livremente. O
projeto cria refúgios que permite que o visitante esqueça que está em uma parte tão
movimentada da cidade de Nova Iorque. Atendendo a solicitações da comunidade, o projeto
contempla também locais para o lazer e o descanso como as espreguiçadeiras, a
arquibancada e o grande gramado onde é possível fazer piqueniques ao sol. Outra
característica marcante do projeto é a utilização da antiga estrutura não a descaracterizando
e utilizando seus elementos fortes como ponto de partida para o projeto, como a criação da
vitrine sobre a 10ª Avenida e a grande moldura simulando um outdoor, reclamação
frequente da população que considerava agressivos os outdoors localizados na estrutura.
Line landscape. It celebrated all that was great about the High Line’s past while making the High Line
accessible and giving it a future.”
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
Com dois terços do projeto concluído é possível notar a apropriação da população no dia a
dia da cidade.
4 Conclusões
A arquitetura de concurso nos mostra que sim vale a pena abrir concorrência e
diversificar autores, metodologias e tecnologias a fim de projetos atrativos e exemplares.
Mas afinal, o que podemos considerar como exemplares? Projetos que atendem o edital
proposto, que não só resolva problemas com qualidade e funcionalidade mas também com
estética e criatividade. A transformação de um conceito, juntamente com um programa, em
um projeto e finalmente um parque urbano atrativo para a população é um desafio atingido
nos casos estudados. Através da análise crítica e comparativa de projetos considerados
exemplares é possível discutir e definir quesitos como conceito, programa e partido. E levalos à sala de aula e aos futuros profissionais, para que se crie cada vez mais arquiteturas de
qualidade.
Tradução: Grandes Operações de Arquitetura e Urbanismo. As intervenções iniciaram em 1981 e tiveram seus
trabalhos concluídos em 1998. Também ficaram conhecidas como Grands Travaux, que significa Grandes
Trabalhos, ou Grands Projets Culturels, que significa Grandes Projetos Culturais por tratarem principalmente
da promoção da cultura para toda a França. Entre os projetos realizados podemos citar: a Pirâmide do
Museu do Louvre, Museu d’Orsay, Arc de La Défense, Instituto Árabe, entre outros. O plano mudaria o
skyline de Paris em apenas oito anos.
1 A área intitulada La Villette fazia parte do novo plano de urbanização de Haussmann que aumenta de 12
para 20 distritos dentro da cidade de Paris e tem como objetivo concentrar todos os abatedouros da cidade
de Paris em uma área no nordeste da cidade, o 19º distrito.
1 Conhecido originalmente como Grande Halle aux Boeufs que pode ser traduzido como Grande Hall de Gado,
o único dos três edifícios a ser preservado devido ao seu valor histórico foi projetado por Jules de Mérindol e
Louis-Adolphe Janvier entre os anos de 1818 e1878 e construído entre 1865 e 1867. Reabriu suas portas
em 1985 e sofreu reformas novamente em 2005, atualmente tem entre suas utilizações uma estrutura de
feiras, exposições, festivais e cinema a céu aberto.
1 EPPV, sigla que significa l'Etablissement Public du Parc de la Villette ou Estabelecimento Público do Parque
de La Villette.
1 Trecho traduzido pela autora. Versão original: "The Parc de La Villette, in contrast, represents an open-air
cultural center, encouraging an integrated programmatic policy related both to the city's needs and to it's
limitations."
1 AA School of Architecture, escola de arquitetura mais antiga do Reino Unido, inaugurada em 1847, é
também uma Associação profissional de arquitetos, e teóricos de arquitetura.
1
Folie, o termo surgiu no século 16 e refere-se a pequenas edificações de caráter decorativo.
1
Friends of the High Line tem como tradução literal Amigos do High Line.
1
Trecho traduzido pela autora. Versão original: “Now, for the first time, architects, landscape architects,
designers, planners, artists, horticulturalists, and community members are invited to create visionary design
proposals for the structure's reuse as an elevated, 1.5-mile-long public promenade. We encourage bold ideas
that take advantage of the unprecedented opportunities presented by the High Line and that address
important practical issues, such as access and safety, in creative ways.”
1
Trecho traduzido pela autora. Versão original: “In their 2004 competition entry, Field Operations and Diller
Scofidio + Renfro showed us a proposal that retained the sense of wildness and mistery of the original High
X Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação - SEPesq
Centro Universitário Ritter dos Reis
Line landscape. It celebrated all that was great about the High Line’s past while making the High Line
accessible and giving it a future.”
Referências
DAVID, J.; HAMMOND, R. High Line: The inside story of New York City's Park in the
sky. 1. ed. Nova Iorque: FGS Books, 2011. 339 p. Acesso em: Agosto 2013.
FIELD OPERATIONS, D. S. +. R.; DAVID, J.; HAMMOND, R. Designing the High
Line. Nova Iorque: [s.n.], 2008.
HIGH LINE, F. O. T. Designing the High Line. Site da ONG Friends of the High
Line, 2003. Disponivel em: <www.thehighline.org>.
TATE, A. Great City Parks. Nova Iorque: Spon Press, 2001. ISBN 0-419-24420-4.
TSCHUMI, B.; DERRIDA, J.; VIDLER, A. Tschumi Parc de La Villette. Londres:
Artifice Books on Architecture. 2014.
Download

estratégias compositivas e soluções exemplares