BEBIDAS
Cada cerveja
tem seu copo
Matthias R. Reinold
© Alina Kenjeeva - Fotolia.com
C
20
ombinar o tipo correto de copo
com a cerveja não é uma questão
de etiqueta. Ao contrário. É uma
questão de bom serviço. O gosto, a estabilidade da espuma e o
frescor da cerveja dependem decisivamente
da escolha do copo adequado. Afinal de
contas, o consumidor espera que
as características originais
da cerveja (brilho, aroma,
paladar, cor e espuma),
permaneçam inalteradas
enquanto sua bebida
favorita é degustada.
O uso do recipiente
inadequado interfere
na qualidade da cerveja,
pois ela possui uma série
de características que a
diferencia das demais:
é carbonatada, o que
significa que deve ser
servida em baixa temperatura (a média varia entre 4 e 12 graus
Celsius) e sempre com
uma coroa de espuma.
Muitas cervejarias possuem suas próprias variações de copos ou canecos,
adaptados a suas marcas e
tipos de cerveja. De qualquer
modo, vale a regra básica: quanto mais encorpada a cerveja, maior deveria ser a espessura
da parede do copo, e quanto mais lupulada,
mais alto e com menor diâmetro (fino).
Entre formatos e materiais
Há vários tipos de copos para uma cerveja especial. O material mais indicado é o vidro, por
ser totalmente neutro e permitir a clara visualização das características da cerveja (cor, brilho
e espuma). As paredes, tanto internas como
externas, devem ser lisas, de modo a facilitar a
limpeza e a assepsia. O fundo também não deve
possuir cantos vivos que dificultem a limpeza.
A boca do recipiente não deve ser nem muito
grande, a ponto de permitir a perda excessiva de
gás carbônico; nem pequena demais, dificultando a percepção do “buquê” típico. Uma vez servida, além de aquecer rapidamente e perder gás
carbônico, a cerveja é extremamente sensível à
presença de odores estranhos do ambiente.
No comércio, já podemos encontrar copos
simples, sem a logomarca das cervejarias. Nas
importadoras de bebidas e alimentos, encontramos copos das principais marcas de cervejas
presentes no mercado mundial. É possível comprar copos para cerveja de trigo, do tipo Stout
ou mesmo peças mais raras, como a da Berliner
Weisse, bebida de fermentação láctica produzida apenas em Berlim, capital da Alemanha.
Os preços variam de R$ 8 a R$ 10, para os
recipientes mais simples, até algumas dezenas
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Mestre cervejeiro. Formado em
tecnologia cervejeira pela Universidade
Técnica de Berlim – Alemanha.
www.cervesia.com.br
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de reais, para os produtos importados, em geral de vidro fino, decorados com logomarcas
ou gravações especiais.
Limpeza dos copos
utilizando lavadora
automática
• A temperatura máxima de lavagem não
deve exceder 55ºC;
• A dureza da água, que pode ser consultada na estação de tratamento da cidade, não
deve ultrapassar 6ºdH (dH = grau de Dureza Alemã), para evitar depósito de cálcio
nos copos e lavadora. Por outro lado, uma
dureza abaixo de 4ºdH não é desejável, já
que, pela maior agressividade da água, a decoração pode sofrer desgaste acentuado;
• Jamais lavar os copos junto com talheres ou louça;
• Para evitar que os vapores de limpeza
possam afetar o copo, retirá-lo da lavadora imediatamente após o término da
lavagem;
• Observe as instruções de enchimento e
uso do fabricante da lavadora.
Obs.: Lave-os manualmente, caso não seja
informado se resistem à lavadora de louças.
divulgação
O recipiente adequado permite apreciar detalhadamente as
características da bebida, sejam elas visuais, olfativas ou gustativas
Na Europa, nos séculos 12 e 13, os
cidadãos de posse bebiam cerveja preferencialmente em copos de estanho e, um
pouco mais tarde, passaram a usar taças
de prata. Também no século 13, viraram
moda os canecos de cerâmica. Eles eram
queimados a temperaturas de 1.200 a
1.300 graus Celsius e eram extraordinariamente resistentes.
Antes e durante a Renascença, no
século 15, surgiu a caneca. O recipiente
resistente, com alça, e muitas vezes dotado de uma tampa, ainda hoje é muito
utilizado e quase não teve sua forma alterada. Bem variados foram os materiais
utilizados: elas eram feitas de estanho,
prata, cerâmica, vidro e, em muitos lugares, até de madeira.
Muito rica também era a decoração:
brasões, cenas históricas e bíblicas foram
eternizadas nas peças decorativas. Ao
longo do tempo, as canecas foram sendo
substituídas por copos de vidro e usadas
apenas em ocasiões especiais.
Como deve ser feita
a limpeza manual dos copos?
• Lavar os copos com detergente neutro e enxaguá-los rigorosamente com água corrente limpa. O enxágue com água tratada
(potável) assegura que o copo e a cerveja não venham a ser contaminados com impurezas ou microrganismos;
• Caso o copo apresente resíduos difíceis de serem removidos, utilizar escovete ou esponja
macia, exclusiva para esse fim. A presença de eventuais sujeiras ou defeitos no vidro provocam o desprendimento de gás carbônico, sob a forma de pequenas bolhas, e os copos engordurados impedem a formação da típica coroa de espuma, descaracterizando a cerveja;
• Após a lavagem, os copos devem ser mantidos sobre uma superfície adequada – chapa
perfurada ou ondulada de aço inox ou plástico atóxico –, com a boca virada para baixo, boa
ventilação e ao abrigo do pó. Obs.: nunca estocá-los junto a alimentos ou substâncias que
transmitam odores que poderão ser absorvidos pela cerveja;
• Não secar os copos com panos, interna ou externamente, que podem transmitir odores
estranhos ou soltar fiapos que provocam desprendimento de gás carbônico;
Obs.: O gás carbônico é importante para que a espuma da cerveja permaneça densa, para
que haja a sensação de frescor ao se ingerir a cerveja e a fim de que a bebida mantenha sua
sensação de “corpo”, não se apresentando “vazia”.
• Os dispositivos de limpeza devem ser limpos com regularidade, de modo a evitar a contaminação dos copos e da cerveja.
lização dos copos com empresas especializadas
ou junto aos próprios fabricantes, que personalizam grandes lotes mediante pedido. Em geral,
Ao adquirir copos para o seu estabelecimen- usa-se a logomarca da cerveja servida, o que por
to, certifique-se de que é o correto para a cerve- si só representa uma boa propaganda do produja que oferece. Observe a forma, a capacidade, to, valorizando-o ainda mais.
o acabamento e também as recomendações
A capacidade dos copos varia entre 200
do fabricante para mantê-los sempre em
ml e 500 ml. Alguns fabricantes (interbom estado. É possível fazer a personanacionais) costumam gravar o volume
de conteúdo na parte superior do recipiente, (200, 300, 400 ou 500 ml).
Essa marca de aferição
normalmente se situa a
aproximadamente 25
mm abaixo da borda
da boca do copo e
significa respeito pelo
consumidor, permitindo também uma clara
visualização do nível
da cerveja e a formaCervejas em seus respectivos copos (da esquerda para a direita): ção de sua típica coroa
Lager, Helles, Pilsen, Kölsch, Alt, Weizen e Berliner Weisse
de espuma.
divulgação
História
Dicas do mestre cervejeiro
Um bom conhecedor de cerveja degusta
a sua bebida no copo apropriado para cada
tipo: a cerveja Pilsen se bebe na tulipa; uma
Helles (Lager), em um caneco de vidro; as
encorpadas, de alta fermentação (por exemplo: as belgas, que possuem características
sui generis), são saboreadas em taças bojudas,
com a boca relativamente grande.
Também algumas especialidades regionais
devem ser degustadas com o recipiente adequado. A cerveja Kölsch (típica da cidade alemã de
Colônia) libera seu aroma de modo ideal, na
opinião de especialistas, utilizando os típicos
pequenos copos cilíndricos. A Alt (cerveja típica de Düsseldorf) já necessita de um vasilhame
de diâmetro maior. Para a cerveja de trigo, típica
do sul da Alemanha, usamos um copo de vidro
alto, com paredes espessas.
Palavras-chave para busca no site:
Cervejas, copos, limpeza
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