Área Temática: Teoria das Organizações
Título do Trabalho:
Principais contribuições das teorias das organizações para as empresas com estratégia em inovação.
Autores: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP)
Adriana Baraldi Alves dos Santos (BARALDI, A.A.S.)
Dr. Antonio Vico Mañas (VICO MAÑAS, A.)
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo realizar um levantamento bibliográfico referente aos autores da área de
inovação, desde autores como Schumpeter, que a conceituou dentro do contexto da Revolução
Industrial, com base no perfil empreendedor,
até Kelley e Chesbrough que defendem,
respectivamente, a utilização do pensamento criativo e o modelo de inovação aberta. Adicionalmente a
isso, o trabalho deverá fazer uma exposição lógica e reflexiva sobre o tema e as contribuições de cada
uma das escolas da administração que podem alicerçar a construção verbal e conceitual de uma nova
Teoria Organizacional que atenda à demanda das organizações com estratégia em inovação, na era do
conhecimento. Com base nessa abordagem contemporânea do pós-modernismo, o trabalho sugere que
as organizações inovadoras e juntamente com a academia iniciem a construção de uma teoria
organizacional adequada à dinâmica dessa nova era, no século XXI, considerando elementos
múltiplos característicos de cada uma das abordagem, consolidando assim a construção do
conhecimento já desenvolvido e aplicável a nova fase da história humana e, conseqüentemente, da
administração .
Palavras Chaves: Inovação, Estratégia, Organizações
Abstract:
Main objective of this research is to make a bibliographic review related to innovation literature, from
authors such as Schumpeter, that makes concept related to this issue in the context of Industrial
Revolution, based on entrepreneur profile to Kelley and Chesbrough that, respectively, defined use
of creative thinking and open innovation. In addition, this research should make a logical and
reflexive exposition related to verbal construction on each Organizational Theory School that followed
demand on organizations which have had innovation as strategy in the knowledge era. Based on postmodern contemporary ideas, this job suggest that innovative organizations together with academic
field start up building of an Organizational Theory that fits to the XXI century dynamic, considering
multiples contribution from each studied schools and consolidating knowledge already developed and
applying them to the new business area.
Key words: Innovation, Strategy, Organizations.
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INTRODUÇÃO:
O inicio do século XXI foi marcado por um conjunto de transformações sociais, políticas, ecológicas e
econômicas. Estas mudanças requerem adaptações do modelo capitalista até então praticado, cujos
alicerces da administração que se encontram nas organizações ainda estão baseados no modelo
fordista do inicio do século XX: verticalização, estrutura hierárquica, produção padronizada e
trabalhadores assalariados. No lugar desse modelo começam a surgir processos horizontalizados,
estruturas de trabalho em redes, valorização do conhecimento, aprendizagem e a conscientização da
necessidade de constante inovação devido ao aumento da velocidade de implementação de novos
produtos no mercado, novas empresas, dinâmicas de transações globalizadas e, conseqüentemente,
aumento da demanda por diferenciação para sustentar a competitividade.
Nesse contexto, as organizações com o foco do administrador requerem uma discussão das
abordagens, clássica, de relações humanas, comportamentalista, estruturalista, sistêmica,
contingencial, crítica, psicanalítica, da complexidade e a pós-moderna. Essa análise leva a reflexão
sobre a teoria da administração atual, dentro do atual cenário onde a sustentabilidade organizacional
pode estar alicerçada em uma estratégia de inovação e a empresa, seu conhecimento, aprendizado,
trabalho, paradoxos e tendências administrativas devem ser reavaliados dentro dessa nova realidade
do mercado capitalista.
Di Serio e Vasconcellos (2009) mencionam que no século XX prevaleceu nas empresas a dimensão
racional do conhecimento. Contudo, incorporar o processo criativo e as dimensões do conhecimento
nas organizações é uma demanda atual e, portanto a mudança no modelo de gestão torna-se
necessária.
Numa abordagem sistêmica, as mudanças da humanidade já não se processam de maneira
progressiva, cumulativa e padronizada mas, sim, de forma descontínua. Di Sério e Vasconcellos
(2009) apontam a que essa descontinuidade deve-se as diferentes fases da história humana, desde a
formação do padrão de exploração, com a Revolução Agrícola, passando pela fase de regulamentação,
ampliação e aperfeiçoamento de padrões tecnológicos na Revolução Industrial, até atingir a fase de
integração, inovação e combinação dos padrões da Revolução do Conhecimento.
Inovação e criatividade, no mercado capitalista, requerem
a administração de conflitos,
aproveitamento do potencial gerado pela diversidade, consenso e planejamento. Fatores discutidos
pela Teoria das Organizações e que demandam por aprendizagem das diferentes escolas da
administração para formar organizações preparadas para essa nova fase capitalista. O equilíbrio de
fatores é a questão central e deve-se escolher momentos adequados para escolha entre consenso e
conflito, resistência e planos.
“ O mundo dos negócios transformou o mundo das artes e do entretenimento. Hoje, cinema, teatro,
música e pintura são negócios (business) julgados por critérios comerciais. Em contrapartida, o
mundo do entretenimento está transformando o mundo dos negócios em espetáculo: os modismos
gerenciais, oferecem os enredos; os best sellers de gestão oferecem os roteiros e os gurus ou gerentes
simbólicos são personagens de infinitos roteiros de péssima qualidade. O mundo das organizações
constitui hoje a mais exuberante cena da sociedade do espetáculo “. (THOMAZ WOOD JR., 1999)
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Por que não mudar o mundo dos negócios através do conhecimento e pensamento do mundo das artes
? Acompanhar a nova onda do capitalismo, a da inovação, utilizando a criatividade e subjetividade do
universo artístico, como matéria-prima para resolução de problemas e para produção de mercadorias ?
Essas são as questões centrais que orientaram esse estudo relacionando essa nova demanda de gestão
com as contribuições das escolas da administração, da Clássica à Pós-Moderna.
PROBLEMA DE PESQUISA , OBJETIVOS E METODOLOGIA:
Cada uma das abordagens das teorias das organizações, contribuem para a administração das
empresas na atualidade, considerando suas contribuições em processos, controles, comportamento,
estrutura, sistema e gestão de conflitos propostas desde a Teoria Clássica que acompanhou o inicio da
Revolução Industrial até o início do século XXI cuja administração tem sido abordada ainda com base
nos princípios pós-modernistas da década de 1980 do século passado.
As organizações, no decorrer de sua existência e os pesquisadores, em sua vivência, percebem que as
possíveis mudanças ocorrem em áreas distintas como no produto, serviço, mercado, negócios,
estrutura organizacional, processo, tecnologia e comportamento.
As teorias evoluem e a inovação, estrategicamente, ocupa o espaço que as mudanças lhe mostram. O
alinhamento dessas duas (teorias das organizações e inovações) é o que gerou a necessidade deste
estudo.
Este trabalho tem por objetivo realizar um levantamento bibliográfico referente aos autores da área de
inovação, desde Schumpeter, que a conceituou dentro do contexto da Revolução Industrial, com base
no perfil empreendedor, até Kelley e Chesbrough que defendem respectivamente a utilização do
pensamento criativo e o modelo de inovação aberta. Adicionalmente a isso, o trabalho deverá fazer
uma exposição lógica e reflexiva sobre o tema e as contribuições de cada uma das escolas da
administração que podem alicerçar a construção verbal e conceitual de uma nova Teoria
Organizacional que atenda à demanda das organizações com estratégia em inovação, na era do
conhecimento.
TEORIA S DA INOVAÇÃO
“ A coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério. Essa é a fonte de toda arte e ciência
verdadeiras. O mistério instiga a mente, causa deslumbramento e perplexidade, o que representa
fonte de inspiração para arte e ciência, as quais são atraídas pela curiosidade e estimuladas pela
criatividade. A arte rende-se ao mistério, enquanto a ciência o traz à tona. O mistério permite a arte
sonhar livremente e motiva a ciência a revelá-lo”. Albert Einstein (STEIN, 1984)
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O debate teórico sobre inovação tem um marco na Teoria do Desenvolvimento Econômico de Joseph
Alois Shumpeter, que investiga os ciclos econômicos, relação lucro, capital, crédito e juro.
Schumpeter, nascido em 1883, teve suas obras entre as principais da área de econômia do século XX.
Academicamente, Schumpeter construiu seu conhecimento vinculado a sua experiência nas
Universidades como a de Czernovitz, na Ucrania; Graz, na Austria; Bonn, na Alemanha e Hravard nos
Estados Unidos, onde permaneceu desde a decada de 1930 até a sua morte em 1950.
Schumpeter também diferenciou invenção e inovação, cujos significados são importantes para
pontuar os fatores de sustentação da Revolução Agrícola, Industrial e finalmente, do Conhecimento,
ilustradas na Figura 1: “ uma invenção é uma idéia, esboço ou modelo para um novo ou melhorado
artefato, produto, processo ou sistema. Uma inovação, no sentido econômico, somente é completa
quando há uma transação comercial envolvendo uma invenção e assim, gerando riqueza” .
Figura 1: Diferentes fases da história humana
Fonte: Di Serio e Vasconcellos (2009), adaptado de Toffler (1992) e Land e Jarman (1990).
A partir do momento em que a utilização de novas tecnologias, fase que caracterizou a Revolução
Industrial, passou a ser considerada como possibilidade de crescimento econômico, uma nova
dinâmica foi estabelecida e a criatividade para criação de algo novo passa a ser mais valorizada
adquirindo papel adicional ao da técnica cuja especialização do trabalho é característica de sucesso,
mas cuja criação pode ser inibida.
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O economista conceituou que as inovações tecnológicas ou as modificações introduzidas nos
produtos antigos são absorvidas pelo mercado e seu consumo se generaliza, diminuindo a taxa de
crescimento econômico e de investimentos e inicia-se então, um processo recessivo que passa de
obstáculo a impulsionador da continuidade de novos desenvolvimentos e portanto, de inovação,
dando inicio a novos ciclos econômicos.
Historicamente, o modelo capitalista evoluiu voltado para flutuações de oferta e demanda de bens e
serviços. Ainda que essas flutuações gerem oportunidades de negócios, essa dinâmica é limitada e não
considera mudanças tecnológicas e comportamentais. Portanto, as organizações com visão exclusiva
na flutuação de oferta e demanda, possuem uma gestão de curto prazo, está fechada a conquista de
novos mercados gerados por novas demandas. Por conseqüência, está fechada ao processo inovador e
sua contribuição vital ao crescimento.
Com base nesse conceito econômico, outros autores no século XX iniciaram seus estudos explorando
a inovação de acordo com suas observações e experiências, criando assim, conceitos complementares
ao da teoria econômica e abordando as possibilidades de inovação como radical ou incremental.
A primeira, inovação radical, contempla o desenvolvimento de produtos suficientemente diferentes e
inovadores que eliminam seus antecessores do mercado, iniciando um novo ciclo, um novo mercado.
Essa inovação, devido à forte relação com o inicio de novos ciclos econômicos e a teoria econômica
de Schumpeter (1997) é conhecida também por “Inovação Schumpeteriana”. Já a segunda, inovação
incremental, contempla o desenvolvimento de produtos diferentes, mas que não eliminam seus
antecessores do mercado, aumentando a oferta através de modificações incrementais e mantendo a
dinâmica de competição do mercado.
Alguns dos principais autores do século XX exploram inovação de maneira complementar a
Schumpeter e foram também pesquisados durante este trabalho.
Prahalad e Ramaswamy (2004), conceituam inovação com base na adoção de novas tecnologias que
permitem aumentar a competitividade da empresa no mercado.
Peter Drucker, enquanto pesquisador explorou a administração de empresas como “a ciência que trata
sobre pessoas nas organizações “ e deixou obras que já apontavam necessidades especificas da
liderança para o desenvolvimento econômico no século XXI. Druker (2008) conceitua inovação como
sendo a atribuição de novas capacidades aos recursos existentes na empresa para gerar riqueza.
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Inovação, para esse autor, é o instrumento dos empreendedores, o processo pelo qual se explora a
mudança como uma oportunidade para diferenciar-se.
Em qualquer área envolvida com inovação, fruto de possíveis mudanças nas empresas, percebe-se a
grande dependência das pessoas em qualquer atividade ou quando participam de qualquer grupo, diz
Vico Mañas (2004).
As pessoas dentro das organizações, tanto individualmente ou quando agrupadas, se incentivadas,
provocadas, pressionadas, demonstram uma capacidade relativamente elevada de criatividade, Vico
Mañas, ainda interpreta que o uso da criatividade implica em obtenção de idéias que levam a um
esforço adicional em organização para se obter a inovação, isto é, a aplicação e ou a implantação da
idéia, com resultado obtido com os retornos esperados.
Tom Kelley (2005), aborda o valor do pensamento criativo e sua diversidade necessário para
inovação. Para esse autor, inovação é o resultado de um trabalho em time e significa ser receptivo a
cultura e tendências de mercado, aplicando conhecimento de maneira a pensar o futuro e gerar
produtos e serviços realmente diferenciados.
Kelley (2005) ilustra a complexidade do processo gerador de inovação que, mesmo não ampliado as
dimensões externas a da organização, requer o envolvimento, conhecimento e conexões pessoais,
estratégicas e tecnológicas, representadas na Figura 2 através da interseção de conjuntos:
inovação
em gestão
pessoas
inovação
em produto ou
serviço
negócios
experiência
inovadora
tecnologias
inovação
em processos
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Figura 2: Ilustração das dimensões da inovação
Fonte: Kelley (2005).
Henry Chesbrough (2008), explora novos modelos organizacionais para administrar o processo
inovador e a necessidade de criação de novos produtos na dinâmica estabelecida pela economia
globalizada. Para estes autores, inovação é a maneira que as empresas utilizam processos e novas
tecnologias para criar novos produtos e serviços, é o desenvolvimento de novas conexões que pode ser
ampliado quando diferentes organizações trabalham de maneira conjunta . Esses autores defendem o
modelo denominado “Inovação Aberta” como impulsionador da capacidade criativa das organizações.
Esse modelo, considera como parte do processo inovador também o conhecimento e tecnologias
externos ao da organização e sugerindo o envolvimento de universidades, organizações parceiras, do
mercado através dos consumidores, fornecedores e do canal de distribuição.
A ampliação dada ao tema no modelo de “ Inovação Aberta” proposto por Chesbrough (2008)
aumenta a complexidade do processo de inovação e requer adaptações no modelo de gestão das
organizações que historicamente trabalham em um modelo de “Inovação Fechada”, que limita o
processo inovador aos conhecimentos, conexões
e tecnologias desenvolvidos dentro das
organizações, sem participação de instituições externas ou outras empresas no processo.
Considerando os conceitos de inovação apontados pelos autores estudados: Schumpeter (1997),
Pralahad e Ramaswamy (2004) , Kelly (2005), Druker (2008) e Chesbrough, Vanhaverbeke e West
(2008) contextualizado-os no ambiente empresarial, com foco na geração de riqueza, é relevante
comentar o surgimento de estudos de modelos de gestão que acompanham esse novo ciclo econômico
e reforçam a necessidade de inovação dentro do modelo capitalista iniciado com a revolução
industrial.
A partir daí, surgiram nas organizações interesse por novos modelos de gestão para aumentar a
eficácia da criação de novas tecnologias, novos conceitos, novos processos através de pessoas, suas
idéias, criatividade e conhecimento. Isso inclui, além de novas práticas internas na gestão de recursos,
também o estudo de modelos e práticas gerenciais voltadas a inovação aberta que considera um
universo que saí das fronteiras das organizações e demanda por uma gestão diferenciada, formação de
novas redes de informação e criação conjunta, denominada por Prahalad e Ramaswamy (2004) de cocriação.
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As parcerias organizacionais que, inicialmente, foram a opção de melhoria de resultados através da
terceirização de produção ou serviços, aumentando a riqueza das organizações através da redução de
custos, atingiram uma nova dimensão nesse século, a da inovação.
O desenvolvimento de novos produtos, tecnologias, conceitos ou serviços para participação em novos
mercados e geração de novas demandas poderá também ser em conjunto com outras instituições,
demandando por novas normatizações e regulamentação que contemplem esse novo modelo de
propriedade intelectual, principalmente após a globalização, que já contemplou a otimização de
cadeias produtivas como parte de um cenário de mercado competitivo no qual a oferta por novas
possibilidades cresce e provoca nas organizações a aplicação de novas práticas, já considerando
estudo de necessidades de mercado, disponibilidade de novas tecnologias antes de iniciar a geração de
novas idéias ou desenvolver novos produtos ou serviços.
Em face de tantas mudanças, o modelo de gestão das organizações também exige adaptações à nova
realidade. Nesse contexto, observa-se uma demanda de recursos humanos especialmente direcionados
a selecionar, capacitar e motivar gestores capazes de interferir positivamente nessa dinâmica
multidisciplinar requerida para inovação.
Como exemplo de um novo modelo de gestão em projetos de inovação, tem sido recomendado o “
Funil de Desenvolvimento” criado por Clark e Wheelwright (1993), que tem como objetivo é orientar
as atividades dos agentes inovadores em busca de novas criações. A dinâmica desse funil é interativa e
o fluxo de criação não é limitado por etapas a cumprir, possibilitando retroalimentação, revisão e recriação sempre que necessário e em qualquer etapa do processo, como ilustrado na figura 3.
Filtro 1
Filtro 2
Fase 1:
desenvolvimento
de conceitos e
geração de idéias.
Fase 2:
desenvolvimento
de produtos ou
serviços.
Fase 3:
introdução no
mercado.
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Figura 3: Desenho do modelo do funil de desenvolvimento.
Fonte: Clark e Wheelwright (1992).
Isso permite que ajustes e correções sejam feitos sempre que necessários, minimizando o risco de
investimento na geração de um produto não competitivo. A premissa desse modelo é a geração de
idéias, quanto maior o número delas maiores serão as possibilidades inovadoras. A seleção e
priorização dessas idéias devem ser realizadas pelo gestor com base no planejamento estratégico da
organização.
É nesse contexto repleto de variáveis, que a liderança do processo de gestão da inovação tem seu
papel destacado, pois caberá ao líder manter o foco estratégico da empresa durante todo processo,
controlar os principais elementos para garantir que os envolvidos, mesmo quando não pertencerem a
mesma organização, trabalhem de maneira ordenada e orientada para o objetivo inovador gerador de
nova riqueza. Para cumprir esse papel, o líder da Revolução do Conhecimento, inovará se tiver
características comportamentais e capacitação técnica para participar com objetividade e subjetividade
para realizar adequadamente a análise critica do processo, integrar o time, incentivar o diálogo
construtivo entre a(s) equipe(s), estimular a criatividade e o intercâmbio de conhecimento para
garantir o resultado final efetivo.
TEORIA DAS ORGANIZACOES:
As teorias das organizações consideradas cronologicamente relevantes para o estudo foram as
seguintes: Teoria Clássica;
das Relações Humanas; Comportamentalista;
Estruturalista;
Contingencial; Crítica; Psicanalítica e Pós-moderna. Todas elas conceituadas, desenvolvidas e
aplicadas durante e a partir da Revolução Industrial, mas utilizadas até então nas organizações
mesmo naquelas que tem como estratégia a inovação, característica da revolução do conhecimento
iniciada no século XXI.
Abaixo, observa-se quadro ilustrando essas teorias e as principais contribuições que cada abordagem
pode trazer, segundo a análise dos autores, para a construção de cultura organizacional
estrategicamente voltada à inovação.
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Teoria
Clássica
Relações Humanas
Comportamentalista
Estruturalista
Sistêmica
Contingencial
Crítica
Psicanalítica
Pós Moderna
Contribuição para estratégia de inovação
Estruturação de processos e controles.
Estudo de liderança e elementos motivacionais.
Trabalho em time, liderança e motivação.
Organização administrada de maneira ampla e integrada ao
ambiente externo.
Entendimento da Complexidade nas relações.
Institucionalização das mudanças como elemento natural das
organizações. Tecnologia. Sistema orgânico.
Valorização da ética.
Inclusão do inconsciente e o simbólico como fonte para a criação
do novo e como parte integrante da organização.
Valorização da subjetividade e da diversidade.
Quadro 1: Principais contribuições teóricas para gestão da estratégia de inovação.
Durante as reflexões feitas no decorrer deste estudo, avaliou-se em mais detalhes as contribuições da
Teoria Pós-Moderna, como último marco cronológico a dar continuidade para elaboração de uma
hipótese de teoria específica das organizações na Revolução do Conhecimento, objeto deste trabalho.
No pós-modernismo os conceitos e idéias são, basicamente, explorados como segue:
a.
b.
c.
d.
e.
f.
g.
“O discurso” que enfatiza poderes constitutivos de linguagem e objetos denominados
“naturais” que são vistos como “produzidos”. Os pós-modernistas exploram a rejeição da
objetividade;
“A identidade que fragmentada” enfatiza a subjetividade como um processo e a morte
do indivíduo, autônomo, criador de significado em que o discurso substitui o
entendimento convencional dos indivíduos;
“A crítica à presença” onde a incerteza da linguagem é vista como espelho da realidade
e um meio para a transmissão de significado;
“A perda dos fundamentos e o poder das narrativas” enfatizando múltiplas vozes;
“A conexão entre poder e conhecimento” que perde o senso de inocência e
neutralidade;
“A realidade” como simulação e a hiper-realidade que substitui o mundo real;
“A pesquisa“ que visa resistência e a indeterminação e que faz com que ironia e “jogo”
sejam preferidos ao confrontar-se com a racionalidade, previsibilidade e ordem.
Além disso, no século XX prevaleceu nas empresas a dimensão racional do conhecimento. Contudo,
incorporar o processo criativo, a subjetividade e as dimensões do conhecimento nas organizações são
uma demanda atual e, portanto a mudança no modelo de gestão torna-se necessária. De acordo com
Di Sero e Vasconcellos (2009). Então, no século XXI, conforme Vico Mañas (2010) começam a
surgir processos horizontalizados, estruturas de trabalho em redes, valorização do conhecimento,
aprendizagem, criatividade e a conscientização da necessidade de constante inovação devido ao
aumento da velocidade de implementação de novos produtos no mercado, novas empresas, dinâmicas
de transações globalizadas e conseqüente aumento da demanda por diferenciação para sustentar a
competitividade do mercado capitalista.
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CONSIDERACÖES FINAIS:
O artigo, resultado deste estudo pretendeu contribuir para a reflexão da necessidade de uma nova
escola na administração das organizações adequada ‘as estratégias de inovação demandada na
Revolução do Conhecimento, século XXI.
As idéias pós-modernistas destacaram-se por seu alinhamento ‘as novas necessidades organizacionais
adaptando a gestão ‘a demanda de mercado contemporânea.
A subjetividade necessária aos processos criativos, para criação de algo realmente novo é enfatizada
pelo discurso e pela identidade fragmentada mencionada no pós-modernismo, apesar de não ser só
nessa escola. Saber lidar com as incertezas, a crítica da presença, espelho da realidade pósmodernista e suas múltiplas vozes, é fortemente desejável nas gestões multidisciplinares de
processos criativos que buscam inovações. O conhecimento, dimensão valorizada da nova era
capitalista é a forma de poder destacada também pelos pós-modernistas que exploram também a
realidade como simulação, criando a hiper-realidade buscada pelo pensamento criativo em pesquisas
que confrontam-se com a necessidade de criar algo novo sem dispor da racionalidade e ordem
requeridas no ambiente organizacional durante os processos inovadores que devem potencializar o
acúmulo de riquezas no mercado capitalista.
A partir dessa relação, poder-se-ia inferir que a gestão da inovação, baseada desde o conceito de
destruição criativa proposta por Schumpeter no início do século XX, deveria iniciar um novo ciclo de
abordagem para os estudos organizacionais, considerando a contribuição positiva de cada uma das
teorias apontadas no Quadro 1 e os conceitos do pós-modernismo como pontuação contemporânea
cuja evolução deve ser estudada.
Com essa abordagem contemporânea do pós-modernismo as organizações inovadoras e a academia
devem iniciar a construção de uma teoria organizacional adequada à dinâmica do século XXI,
considerando elementos múltiplos característicos de cada abordagem, consolidando assim a
construção do conhecimento já desenvolvido e aplicável a essa nova era da administração.
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Área Temática: Teoria das Organizações