PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Patricia Maria Campos de Almeida
A elaboração da opinião desfavorável em
português do Brasil e sua inserção nos estudos de
Português
como
Segunda
Língua
para
Estrangeiros (PL2E)
Tese de Doutorado
Tese apresentada ao Programa de Pósgraduação em Letras da PUC-Rio como
requisito parcial para a obtenção do título de
Doutor em Letras.
Orientadora: Profa. Dra. Rosa Marina de Brito Meyer
Rio de Janeiro
Março de 2007
Patricia Maria Campos de Almeida
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável em
português do Brasil e sua inserção nos estudos de
Português
como
Segunda
Língua
para
Estrangeiros (PL2E)
Tese apresentada como requisito parcial para
obtenção do grau de Doutor pelo Programa de
Pós-graduação em Letras da PUC-Rio.
Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo
assinada.
Profa. Dra. Rosa Marina de Brito Meyer
Orientadora
Departamento de Letras – PUC-Rio
Profa. Dra. Adriana Ferreira de Souza Albuquerque
Departamento de Letras – PUC-Rio
Profa. Dra. Norimar Pasini Mesquita Júdice
Instituto de Letras – UFF
Profa. Dra. Mônica Maria Rio Nobre
Faculdade de Letras – UFRJ
Profa. Dra. Marta Reis Almeida
Department of Spanish and Portuguese – Yale University
Prof. Dr. Paulo Fernando Carneiro de Andrade
Coordenador Setorial do Centro de Teologia e Ciências Humanas
Rio de Janeiro, 19 de março de 2007
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou
parcial do trabalho sem autorização da universidade, da autora e
da orientadora.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Patricia Maria Campos de Almeida
Licenciada em português/francês e especialista em Português
Língua Estrangeira (PLE) pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Em 2002, obteve seu título de Mestre em Letras
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atua,
desde 1993, com o ensino de português como segunda língua
para estrangeiros (PL2E) e participa ativamente de encontros ou
associações científicas dessa área. Em 1997, iniciou suas
atividades como docente da Faculdade de Letras / UFRJ. Nessa
instituição, vem ministrando regularmente cursos de português
para falantes de outras línguas e de formação de futuros
professores de PL2E. Atualmente, ocupa a coordenação do
Programa de Ensino e Pesquisa em Português para Estrangeiros
(PEPPE), sendo responsável tanto pela supervisão dos cursos de
PL2E oferecidos no âmbito da extensão, quanto pela orientação
dos monitores que atuam no referido Programa.
Ficha Catalográfica
Almeida, Patricia Maria Campos de
A elaboração da opinião desfavorável em
português do Brasil e sua inserção nos estudos de
português como segunda língua para estrangeiros
(PL2E) / Patricia Maria Campos de Almeida;
orientadora: Rosa Marina de Brito Meyer. – 2007.
300 f.: il.; 30 cm
Tese (Doutorado em Letras) – Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2007.
Inclui bibliografia
1. Letras – Teses. 2. Opinião desfavorável. 3.
Atos de fala. 4. Português como segunda língua. 5.
PL2E. 4. Pragmática. I. Meyer, Rosa Marina de
Brito. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro. Departamento de Letras. III. Título.
CDD: 400
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À Clara Inês,
a clara luz
que ilumina meu viver.
Aquela que me fez descobrir
a magnitude do significado da
VIDA.
Agradecimentos
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimento, basta ter coração. Precisa
saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de
pássaro, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um
grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e
respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
(...)
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de
amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grande chuvas e das
recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o
que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da
realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de
beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. (...) (Vinícius de Morais)
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A Deus, por me conceder o dom de ter vida e de dar vida a um outro ser. Por Ele
sempre iluminar os caminhos por onde tenho trilhado e por me cercar de pessoas
maravilhosas.
Aos meus pais, pelo incentivo que sempre me deram para que eu investisse em
minhas escolhas e por terem despertado em mim o gosto pelas letras.
A Respicio, por tudo que ele representa: amor, carinho, cumplicidade,
compreensão, força e dedicação. Por podermos caminhar juntos em uma estrada
que temos construído desde que nos conhecemos e por termos enfeitado esse
caminho com uma tão bela flor. Como cantaram Tom Jobim e Vinícius de Morais:
Assim como o oceano só é belo com o luar.
Assim como a canção só tem razão se se cantar.
Assim como uma nuvem só acontece se chover.
Assim como o poeta só é grande se sofrer.
Assim como viver sem amor não é viver.
Não há você sem mim, eu não existo sem você.
À Profa. Dra. Rosa Marina de Brito Meyer – docente com quem tenho tido o
privilégio de compartilhar alguns dos melhores momentos da minha vida
acadêmica – por ter me incentivado a fazer a pós-graduação na Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela orientação atenta, cuidadosa, de
indiscutível competência na área de PL2E.
À Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e a seus dirigentes, por
terem me concedido uma bolsa de isenção total, sem a qual eu não poderia ter
realizado os cursos, nem este trabalho.
Ao meu irmão que, mesmo distante, sempre me apoiou de todas as formas.
Às queridas Lourdes e Sônia, por todas as demonstrações de afeto e por todo
apoio.
A todos os meus professores da PUC-Rio, por compartilharem comigo – e com
todos os outros alunos – seus conhecimentos: Profa. Dra. Rosa Marina de Brito
Meyer, Profa. Dra. Lúcia Pacheco de Oliveira, Profa. Dra. Bárbara Hemais, Profa.
Dra. Liliana Bastos, Profa. Dra. Helena Martins, Profa. Dra. Carmelita Dias,
Profa. Dra. Violeta Quental, Profa. Dra. Mariza do Nascimento Silva PimentaBueno, Profa. Dra. Maria do Carmo L. Oliveira, Profa. Dra. Maria das Graças
Dias Pereira e Profa. Dra. Margarida Basílio.
À Francisca Ferreira de Oliveira – a Chiquinha – por estar sempre pronta a
auxiliar os estudantes na Secretaria.
Às queridas companheiras do Setor de Português Língua Estrangeira, da UFRJ –
Danúsia e Ana Catarina – pelas lutas que temos empreendido juntas, pelas
vitórias e por compreenderem as ausências e o distanciamento, comuns em uma
fase de dedicação à pesquisa.
Às minhas queridas amigas Mônica e Márcia por todos os momentos divertidos
que já vivenciamos e que ainda vamos vivenciar.
A todos os membros da família Rio Nobre, pelo carinho.
Às professoras Vera Regina Caribé Simmelhag, Edione Trindade de Azevedo,
Gema Andrade da Costa Val, Percília Santos e Adriana Rezende que, em
momentos distintos de minha trajetória escolar / acadêmica, ajudaram-me,
orientaram-me e mostraram-me o quão maravilhoso seria abraçar a carreira
docente.
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A Priscilla Santos e Andrea Belfort, minhas dedicadas alunas da UFRJ, pela
seriedade que têm demonstrado com relação ao estudo e à pesquisa. Por termos
transformado nossa convivência de sala de aula em uma linda amizade.
A todos os estagiários / monitores do Programa de Ensino e Pesquisa em
Português para Estrangeiros [UFRJ].
Ao Marco Antonio Monteiro Wanderley, Pastor da Igreja Batista da Esperança,
pelo apoio, amizade e confiança. Ao abrir as portas da referida Igreja, permitiu-me
realizar muitas das entrevistas empregadas nesta pesquisa. Agradeço igualmente a
gentileza e a consideração de todos aqueles da Igreja Batista da Esperança que
aceitaram participar da pesquisa.
A Ivonilton Martins de Castro por ter me auxiliado com a coleta de dados,
indicando alguns dos participantes dessa pesquisa.
A todos aqueles que participaram dessa pesquisa, dedicando parte de seu tempo
para conceder-me a entrevista exposta ao longo deste trabalho.
Resumo
Almeida, Patricia Maria Campos de; Meyer, Rosa Marina de Brito. A
elaboração da opinião desfavorável em português do Brasil e sua
inserção nos estudos de português como segunda língua para
estrangeiros (PL2E). Rio de Janeiro, 2007, 300p. Tese de Doutorado –
Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro.
Atualmente há, na área de ensino de língua estrangeira, a compreensão de
que um bom usuário de uma LE deve desenvolver um conjunto de competências,
tais como: gramatical, sociolingüística, discursiva e estratégica. A necessidade de
se considerar todas essas competências advém do fato de que o sucesso em uma
comunicação real e intercultural não pode ser garantido apenas com base no
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conhecimento lingüístico (Meyer, 2002). Procuramos investigar como elaboramos
a emissão da opinião desfavorável, buscando verificar que elementos lingüísticos
compõem-na e em que contextos emitimos tal tipo de opinião. Objetivamos,
portanto, delinear um modelo de quadro que nos permita compreender as
estratégias empregadas no ato de elaborar a opinião desfavorável. Foram
fundamentais para esta pesquisa os conceitos advindos da Gramática sistêmicofuncional e referentes ao contexto, além de conceitos do campo da Pragmática. Os
dados da pesquisa – obtidos após aplicação de um Discourse completion test –
permitiram-nos identificar quatro categorias dentro das quais foram distribuídas as
formas de elaboração do ato de emitir uma opinião desfavorável, a saber: 1.
Opinião desfavorável direta; 2. Opinião desfavorável indireta; 3. Falsa opinião
positiva; 4. Não manifestação de opinião. Além disso, foram identificadas
formulações periféricas que, ao acompanharem as categorias listadas, têm como
objetivos amenizar o impacto da opinião desfavorável e salvaguardar a face dos
interlocutores. A pesquisa demonstrou que se faz necessário – no contexto de
ensino de língua estrangeira – ter um conhecimento dos diferentes atos de fala,
dentro dos quais inclui-se o ato de opinar desfavoravelmente a fim de que
possamos nos comunicar adequadamente em situações reais de uso.
Palavras-chave
Opinião Desfavorável; Atos de fala; Português como segunda língua; PL2E;
Pragmática.
Abstract
Almeida, Patricia Maria Campos de; Meyer, Rosa Marina de Brito
(Advisor). The statement of an unfavourable opinion in Brazilian
Portuguese and its insertion in the studies of Portuguese as second
language for foreigners (PL2E). Rio de Janeiro, 2007, 300p. Doctorate
Thesis – Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro.
Nowadays, in the field of foreign language (FL) teaching, it is understood
that a good user of an FL should develop a group of competences such as
grammatical, sociolinguistic, discoursive and strategic competences. The need to
consider all of them derives from the fact that the success in a real intercultural
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communication cannot be assured through linguistic knowledge only (Meyer,
2002). This thesis investigates how an unfavourable opinion can be expressed and
also which linguistic elements are used and in which contexts this kind of opinion
is given. Our aim, thus, is to propose a model of table that provides an
understanding of the strategies used in the act of stating an unfavourable opinion.
The concepts from systemic functional Grammar related to the context, as well as
those of Pragmatics, were paramount to this research. The data – gathered by
means of a Discourse completion test – allowed us to identify four categories that
classify the ways of giving an unfavourable opinion, namely: 1. direct
unfavourable opinion; 2. indirect unfavourable opinion; 3. false positive opinion;
4. absence of opinion. Furthermore, peripheral formulations were identified.
Coexisting with the categories listed above, they aim at diminishing the impact of
an unfavourable opinion and preserving the interlocutors’ face. The research
showed that – in the context of foreign language teaching – the knowledge of the
different acts of speaking is necessary, including the act of stating an unfavourable
opinion, so that proper communication can be established in real-life situations.
.
Keywords
Unfavourable opinion; Speech acts; Portuguese as a second language; PL2E;
Pragmatics.
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Sumário
1 – Introdução
18
2 – O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E
25
2.1 – A publicação, no Brasil, de materiais de PL2E
25
2.2 – O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E com ênfase
no ensino da forma
27
2.3 – O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E com ênfase
no ensino do uso
44
3 – Fundamentação Teórica
65
3.1 – Opinar: delineando uma definição
65
3.2 – Estudos sobre a expressão da opinião
68
3.3 – Lingüística sistêmico-funcional e a relação língua-usuáriocontexto
70
3.4 – Pragmática
73
3.4.1 – Teoria dos atos de fala
3.4.1.1 – Ato de fala e contexto sócio-cultural
3.4.2 – Teoria da polidez
74
85
91
4 - Metodologia
96
4.1 – Perfil dos participantes
96
4.2 – Coleta e organização dos dados
98
4.2.1 – Ficha de Identificação
100
4.2.2 – Discourse Completion Test
103
4.2.3 – A dinâmica da coleta
106
4.3 – Recursos tecnológicos
107
4.4 – Procedimentos empregados na análise dos dados
109
5 – Análise e discussão dos dados
111
5.1 – Levantamento das Configurações Contextuais
111
5.2 – Marcadores de opinião
114
5.3 – Estudo descritivo da emissão da opinião desfavorável
118
5.3.1 – Formulações Centrais – Análise dos dados parciais
5.3.1.1 – Opinião Desfavorável Direta (ODDcen)
120
5.3.1.2 – Opinião Desfavorável Indireta (ODIcen)
123
5.3.1.3 – Falsa Opinião Positiva (FOPcen)
124
5.3.1.4 – Não Manifestação de Opinião (NMOcen)
125
5.3.2 – Formulações Centrais – Análise da totalidade dos dados
5.3.2.1 – Opinião Desfavorável Direta (ODDcen)
5.3.2.1.1 – Processos
Desfavorável Direta
de
elaboração
128
127
da
Opinião
128
5.3.2.1.2 – Prefaciadores das formulações ODDcen
137
5.3.2.1.3 – Constituição das formulações ODDcen
140
5.3.2.2 – Opinião Desfavorável Indireta (ODIcen)
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119
5.3.2.2.1 – Processo
Desfavorável Indireta
de
elaboração
146
da
Opinião
5.3.2.2.2 – Constituição das formulações ODIcen
5.3.2.3 – Falsa Opinião Positiva (FOPcen)
147
152
156
5.3.2.3.1 – Processo de elaboração da Falsa Opinião
Positiva
157
5.3.2.3.2 – Falsa Opinião Positiva X Opinião Positiva
160
5.3.2.3.3 – Constituição das formulações FOPcen
165
5.3.2.4 – Não Manifestação de Opinião (NMOcen)
168
5.3.2.4.1 – Processos de elaboração da Não Manifestação
de Opinião
169
5.3.2.4.2 – Constituição das Formulações NMOcen
175
5.3.3 – ‘Formulações Centrais’ da ‘Opinião Desfavorável’ –
Análise da relação entre as diferentes variáveis e sua
elaboração
178
5.3.4 – ‘Formulações Centrais’ da ‘Opinião Desfavorável’ –
Análise do perfil dos participantes
185
5.3.5 – Formulações Periféricas
188
5.3.5.1 – Pedido (PEDper)
190
5.3.5.2 – Razão (RAZper)
192
5.3.5.3 – Sugestão (SUGper)
193
5.3.5.4 – Incentivo (INCper)
194
5.3.5.5 – Elogio (ELOper)
195
5.3.5.6 – Comentário (COMper)
196
5.3.5.7 – Desejo (DESper)
197
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5.3.5.8 – Ameaça (AMEper)
197
5.3.5.9 – Repreensão (REPper)
199
5.3.5.10 – Opinião Desfavorável Indireta como Formulação
Periférica (ODIper)
200
5.3.5.11 – Falsa Opinião Positiva como Formulação Periférica
(FOPper).
201
5.3.5.12 – Não Manifestação de Opinião como Formulação
Periférica (NMOper)
202
6 – Considerações Finais
207
7 – Referências Bibliográficas
212
Apêndice 1
221
Apêndice 2
223
Apêndice 3
233
Apêndice 4
237
Lista de Quadros, Gráficos, Figuras e Tabelas1
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Quadros
Quadro 2.1: O ato de opinar em Avenida Brasil 1
52
Quadro 2.2: O ato de opinar em Avenida Brasil 2
53
Quadro 2.3: Tudo Bem? Português para a nova geração – Vol. 1 –
distribuição do conteúdo
58
Quadro 2.4: Tudo Bem? Português para a nova geração – Vol. 2 –
distribuição do conteúdo
58
Quadro 4.1: Perfil dos participantes (I)
96
Quadro 4.2: Perfil dos participantes (II)
96
Quadro 4.3: Perfis selecionados para a primeira fase da pesquisa
97
Quadro 4.4: Elementos essenciais para a formulação das
situações do DCT
106
Quadro 5.1: Papéis envolvidos nas diferentes situações do DCT
113
Quadro 5.2: A inserção das formulações periféricas na emissão da
opinião desfavorável – análise parcial
203
Gráficos
Gráfico 5.1: Incidência dos Marcadores de Opinião
118
Gráfico 5.2: Distribuição da Opinião Desfavorável
129
Gráfico 5.3: Distribuição das formulações ODDcen pelas situações
do DCT
179
Gráfico 5.4: Formulações ODDcen distribuídas pela variável
‘Relações’
179
Gráfico 5.5: Formulações ODIcen distribuídas pela variável
‘Relações’
180
Gráfico 5.6: Distribuição das formulações ODIcen pelas situações
do DCT
180
Gráfico 5.7: Formulações FOPcen distribuídas pela variável
‘Relações’
181
Gráfico 5.8: Distribuição das formulações FOPcen pelas situações
do DCT
181
Gráfico 5.9: Distribuição das formulações NMOcen pelas situações
182
1
A numeração segue o seguinte princípio: o primeiro número se refere ao capítulo em que se
encontra a ilustração. O segundo número, por sua vez, indica a ordem em que ela aparece dentro
do capítulo. Desse modo, o Gráfico 5.8 está no quinto capítulo e é o oitavo da série.
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do DCT
Gráfico 5.10: Formulações NMO distribuídas pela variável
‘Relações’
182
Gráfico 5.11 Formulações ODDcen distribuídas por ‘Tópico’
183
Gráfico 5.12: Formulações ODIcen distribuídas por ‘Tópico’
184
Gráfico 5.13 Formulações FOPcen distribuídas por ‘Tópico’
184
Gráfico 5.14: Formulações NMOcen distribuídas por ‘Tópico’
184
Gráfico 5.15: Sexo dos participantes e elaboração da Opinião
Desfavorável
186
Gráfico 5.16: Faixa etária dos participantes e elaboração da
Opinião Desfavorável
187
Gráfico 5.17: Renda familiar dos participantes e elaboração da
Opinião Desfavorável
187
Gráfico 5.18 Índice de ‘Formulações Centrais’ isoladas X
‘Formulações Centrais’ + ‘Periféricas’
188
Figuras
Figura 2.1: Relação dos materiais de PL2E publicados no Brasil
26
Figura 2.2: Dando Opiniões (Tudo Bem? Português para a nova
geração – volume 2)
60
Figura 3.1: A linguagem na gramática sistêmico-funcional
72
Figura 3.2: Processo de formação da Configuração Contextual
73
Figura 3.3: Atos que integram o ato de fala
78
Figura 3.4: Incidência da força ilocucionária sobre o ato de fala
80
Figura 3.5: Gráfico de contorno
expressando opinião positiva [boNIta]
do
enunciado
“Bonita”,
81
Figura 3.6: Gráfico de contorno do
expressando opinião desfavorável [boni:ta]
enunciado
“Bonita”,
81
Figura 3.7: Gráfico de contorno do enunciado “Bonita, hein?”,
expressando opinião desfavorável e irônica [boni::ta, hein?]
82
Figura 3.8: ‘Casa’, ‘Rua’ e Espaços Limítrofes
89
Figura 3.9: Realização do ato de opinar
91
Figura 4.1: Ficha de Identificação – Dados Pessoais
101
Figura 4.2: Ficha de Identificação – Dados para Contato
101
Figura 4.3: Ficha de Identificação – Informações Adicionais
102
Figura 5.1: Realização do Exemplo 30: ah... ficou bom.
[0011MaA06]
125
Figura 5.2: Quadro tipológico de referência para o ato de emitir
127
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uma opinião desfavorável [dados parciais]
Figura 5.3: Elaboração da ‘Opinião Desfavorável Direta’
145
Figura 5.4: Elaboração da ‘Opinião Desfavorável Indireta’
156
Figura 5.5: ah... muito bonito [0152FbA14]
161
Figura 5.6: interessante [0171FaA06]
161
Figura 5.7: legal [0201MaA14]
162
Figura 5.8: Elaboração da ‘Não Manifestação de Opinião’
174
Figura 5.9: Quadro tipológico de referência para o ato de emitir
uma opinião desfavorável [dados completos]
177
Figura 5.10: Opinião desfavorável direta e falsa opinião positiva no
contínuo da opinião desfavorável
204
Figura 5.11: Contínuo da emissão da opinião desfavorável
205
Tabelas
Tabela 5.1: Resumo das formulações ODDcen
Tabela 5.2: Resumo das formulações ODIcen
Tabela 5.3: Resumo das formulações FOPcen
Tabela 5.4: Resumo das Formulações NMOcen
140
153
166
175
Lista de Siglas
FORMULAÇÕES CENTRAIS
ODDcen
Opinião Desfavorável Direta como formulação central
ODIcen
Opinião Desfavorável Indireta como formulação central
FOPcen
Falsa Opinião Positiva como formulação central
NMOcen
Não Manifestação de Opinião como formulação central
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FORMULAÇÕES PERIFÉRICAS
AMEper
Ameaça como formulação periférica
COMper
Comentário como formulação periférica
DESper
Desejo como formulação periférica
FOPper
Falsa Opinião Positiva como formulação periférica
INCper
Incentivo como formulação periférica
ODIper
Opinião Desfavorável Indireta como formulação periférica
PEDper
Pedido como formulação periférica
RAZper
Razão como formulação periférica
REPper
Repreensão como formulação periférica
SUGper
Sugestão como formulação periférica
ELOper
Elogio como formulação periférica
NMOper
Não Manifestação de Opinião como formulação periférica
CONVENÇÕES DE TRANSCRIÇÃO
Critérios de transcrição estabelecidos a partir de Ribeiro (1991), Tannen
(1989) e Marcuschi (1997) (apud Bastos & Pereira, 1998).
Símbolo
Especificação
..
pausa observada ou quebra no ritmo da fala, com menos
de meio segundo
...
pausa de meio segundo, medida com cronômetro
....
pausa de um segundo
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(1.5)
números entre parênteses indicam a duração da pausa
acima de um segundo durante a fala, medida com
cronômetro
.
descida leve, sinalizando final de enunciado
?
subida rápida, sinalizando uma interrogação
,
descida leve, sinalizando que mais fala virá
--
fragmentação de uma unidade entonacional antes da
conclusão do contorno entonacional projetado
-
não é enunciado o final projetado da palavra
:
alongamento da vogal
:: ou :::
duração mais longa do alongamento da vogal
MAIÚSCULA ênfase ou acento forte
----repetições
(
)
silabação (letra a letra)
reduplicação de letra ou sílaba
dúvidas, suposições, anotações do analista, observações
sobre comportamento não verbal (riso, tosse, atitude,
expressão face, gestos, ruídos do meio ambiente etc)
eh, ah, oh, pausa preenchida, hesitação ou sinais de atenção
ih, hum, ahã,
humhum
/.../
indicação de transcrição parcial ou de eliminação
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La prisión de la lengua
José Avello
(...) Eso es la lengua, un sometimiento, la cárcel de tu
herencia, un modo de pensar y de sentir, un foco de luz
para la mirada. Pero también es la puerta por la que
transita la razón para domesticar las emociones y
transformar el caos en una arquitectura: el alma de tu
cuerpo. Cuando el mundo te atenaza el corazón y te lo
muerde, buscas una palabra que te libere de la parálisis:
“tristeza”,
dices,
“pena”,
“miedo”,
quizás
“melancolía”, la lengua te permite saber qué es lo que
pasa, convierte la emoción salvaje en sentimiento y te
rescata de los torbellinos innominados del terror, pues
terror sólo es aquello que carece de nombre. Así
descubres que la lengua es tu más alta tecnología de
supervivencia y que tu modo de sobrevivir es el español,
un modo de sentir, un modo de pensar y un modo de
saber particular. Que hay otros, pero que ése es el tuyo y
que contiene, para tu gratitud, muchas modalidades. Tus
antepasados te han legado, por ejemplo, el modo
subjuntivo y con él la capacidad de imaginar mundos
posibles y alternativos a la simpleza de la indicación o a
la ilusoria tiranía del imperativo. Quizás la lengua no sea
sino una prisión sin puertas ni cerrojos, una cárcel
abierta en la que paradójicamente el mundo anhela
entrar, pues solo en la lengua hay consuelo para él: un
sentido, un cosmos. Fuera habita el caos.
AVELLO, J. La prisión de la lengua. In: En español.
Madrid: Grupo Santillana. Pp. 44-45.
1
Introdução
Assim como cada um coloca onde quer a fronteira dos seus limites, não há regras que
separem as concessões necessárias das abusivas. Mas há algumas pistas universais. “A
verdade é uma arma letal. Não dá para dizer a uma amiga que a festa dela estava um
horror (...). A pessoa franca demais é absolutamente desagradável”. (Ribeiro, 1999, p. 133).
Nas últimas décadas, as áreas relacionadas às comunicações têm
observado um desenvolvimento bastante considerável. Inúmeras são as
ferramentas disponíveis para estimular o contato entre as pessoas e, de uma
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certa forma, diminuir a distância entre elas. Apenas para citar três exemplos
bastante comuns atualmente, temos: o telefone móvel, a internet e os programas
de mensagens instantâneas que integram texto escrito, voz e imagem. Diante de
tantas inovações, a possibilidade de interagir com o outro aumenta sobremaneira
e a comunicação interpessoal, envolvendo indivíduos que tenham ou não a
mesma bagagem cultural, parece ganhar destaque nunca antes visto. Até
mesmo no contexto de ensino de língua estrangeira, observa-se a aplicação de
abordagens que contemplam a importância da comunicação, partindo do
princípio de que usamos a língua para interagir e realizar ações (Travaglia,
1997). Um exemplo bastante difundido atualmente é o da Abordagem
Comunicativa para ensino de línguas estrangeiras.
Considerando o exposto acima, pode-se dizer que aqueles que se
dedicam, hodiernamente, à tarefa de ensinar uma língua estrangeira e, em
especial, o português como segunda língua para estrangeiros – PL2E, de acordo
com a nomenclatura proposta por Meyer (2004)1 – certamente já se viram diante
da tarefa de ter de levar seus estudantes a desenvolverem sua competência
comunicativa no idioma-alvo, enfocando diferentes – mas integradas –
competências, tais como: lingüística, sociolingüística e pragmática (Conseil de
l’Europe,
2000)
ou,
conforme
Cardoso
(2004),
estratégica,
lingüístico-
comunicativa, sociolingüística e sociocultural. Tendo em vista o panorama que
se configura atualmente, o objetivo do ensino do português como uma L2E,
então, é, muito freqüentemente, o de tornar esses estudantes capazes de
interagir com brasileiros em diversos contextos situacionais, sobretudo naquelas
1
Esta também é a nomenclatura adotada nos cursos de pós-graduação da PUC-Rio, instituição a
que a autora do referido artigo está vinculada.
A elaboração da opinião desfavorável em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
19
situações mais comuns da vida diária, não deixando de contemplar as situações
relativas aos contextos profissional e acadêmico.
Foi com a preocupação de levar meus estudantes a serem capazes de
utilizar a língua portuguesa em diferentes contextos, com os mais variados
interlocutores e com os mais diversos propósitos, que certo dia propus, em um
de meus cursos de português língua estrangeira, uma discussão acerca das
vantagens e desvantagens de se morar em uma metrópole como o Rio de
Janeiro. Em um dado momento da aula, uma estudante de origem jamaicana,
após ter sido questionada acerca de sua opinião sobre a cidade do Rio de
Janeiro, proferiu como resposta o seguinte enunciado: “Não gosto dessa
cidade!”. Comecei, imediatamente, a perguntar-lhe os porquês daquela opinião,
em uma tentativa de buscar justificativas para uma resposta tão inesperada e tão
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diversa das outras que até então tinha escutado dos demais estudantes.
Certamente minha expectativa era a de obter uma resposta positiva que
valorizasse minha cidade ou, pelo menos, uma resposta desfavorável prefaciada
ou indireta, já que há estudos a respeito de aspectos relacionados à elaboração
da negação em português do Brasil (Prado, 2001; Albuquerque, 2003) indicando
que procuramos evitar a emissão direta de respostas que tenham carga
negativa.
Caso semelhante é ilustrado pela epígrafe escolhida para abrir este
primeiro Capítulo. Obviamente, a fala reproduzida está inserida em um contexto
sócio-cultural brasileiro, caracterizado pela existência da figura do ‘homem
cordial’, pela resistência ao conflito, pela indiretividade e pelo jeitinho (DaMatta,
1997; Holanda, 1995; Barbosa, 1992; Meyer, 2000; Kepp, 2003). Diante desses
aspectos, compreende-se a razão das discussões e estudos empreendidos na
tentativa de melhor compreender porque o brasileiro tem, de modo geral,
dificuldade em optar pela verdade e pela franqueza em algumas ocasiões e
também a sua preferência por respostas evasivas, muitas vezes criticadas por
aqueles que têm outros parâmetros culturais. A esse respeito, Keep (2003), um
norte-americano com passagens pelo Brasil, faz o seguinte comentário em um
livro que retrata seu dia-a-dia no Brasil e sua visão dos brasileiros e de sua
cultura.
Eu fui criado não no Brasil católico, mas na América protestante, onde a salvação
está ligada à conduta pessoal e moral rígida no cotidiano, e não na redenção. Isso
ajuda a explicar por que os americanos são muito mais bruscos do que os
brasileiros, que são mais corteses. (Keep, 2003, p. 153).
Introdução
20
A surpresa causada pelas situações descritas levou-me a buscar
explicações que pudessem justificá-las. Uma investigação no material didático
adotado na turma da aluna citada apontou para o fato de que o ato de opinar,
apesar de ser enfocado, era tratado de modo superficial, além de ser confundido
com os atos de concordar e discordar. Ademais, no caso da ‘Opinião
Desfavorável’, os exemplos apresentados no material ilustravam casos de
opinião desfavorável direta, sem comentários acerca dos contextos situacionais
em esse tipo de opinião poderia ser proferida. Foi possível verificar, então, que
esse tópico, quando abordado, resumia-se à sua apresentação na forma de
listas, seguidas, às vezes, de alguns poucos exemplos, sem menção à questão
do uso.
A busca, então, por um melhor entendimento das questões expostas até
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este momento delineou, de certa forma, o tema proposto nesta Tese: a
elaboração, em português do Brasil, da ‘Opinião Desfavorável’. Foi também de
fundamental importância o fato de que há, de modo geral, na área de PL2E,
poucos estudos sobre os atos de fala. Por conta disso, não se identificou um
quadro mais detalhado sobre a construção da ‘Opinião Desfavorável’.
Os fatos apresentados, bem como o tema da pesquisa, remetem a uma
discussão recorrente na área de ensino de língua estrangeira que diz respeito
àquilo que se considera conhecer ou falar bem uma língua. Essas noções
certamente não têm uma única definição, visto que podem ter diferentes
contornos em função da abordagem de ensino de língua estrangeira (LE) que se
esteja considerando. Saber uma língua estrangeira em concepções de base
estruturalista significa, por exemplo, conhecer bem a sua estrutura. Isso, no
entanto, não é garantia de que se tenha sucesso em uma situação real de
comunicação. Por conta desse fator, parece haver, atualmente, na área de
ensino de LE, a compreensão de que saber gramática não é um indicador para
avaliar se alguém é ou não bom usuário de uma língua. No caso da aluna
jamaicana, ela demonstrou conhecimento a respeito do sistema da língua, mas
talvez não se possa dizer o mesmo com relação à competência interacional ou
às regras de interação social que empregamos nas diferentes situações
comunicativas. A necessidade de se considerar todas as competências
mencionadas anteriormente advém do fato de que o sucesso em uma
comunicação real e intercultural não pode ser garantido apenas com base no
conhecimento lingüístico (Meyer, 2002). É preciso levar também em conta que
diferenças culturais, de comportamento ou de regras de interação – apenas para
A elaboração da opinião desfavorável em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
21
citar algumas – podem criar ruídos que dificultam ou impedem a compreensão,
tal como sugerido pela situação anteriormente apresentada.
O mesmo ocorre com a elaboração da ‘Opinião Desfavorável’. Nesse caso,
não basta conhecer os marcadores de opinião ou saber a conjugação do verbo
achar, de uso corrente quando se trata de emissão de opinião [cf. Capítulo 5]. É
preciso também saber, por exemplo, as regras que regulam as inúmeras
escolhas que os falantes fazem quando se encontram em diferentes contextos
situacionais. Isso significa que não basta saber produzir um enunciado
gramaticalmente correto como o sugerido pela epígrafe “A festa estava
realmente um horror”. A isso deve se somar um conhecimento a respeito da
ocasião e das pessoas com as quais se pode empregar tal enunciado.
Tendo em vista o tema apresentado, objetiva-se, com esta pesquisa,
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verificar como os brasileiros, em especial aqueles naturais do estado do Rio de
Janeiro, constroem sua opinião quando confrontados a situações que exigem a
emissão de uma ‘Opinião Desfavorável’. A esse que pode ser considerado o
objetivo geral, somam-se os seguintes objetivos específicos:
1. Verificar se as variáveis sexo, faixa etária e renda regulam a
elaboração da ‘Opinião Desfavorável’.
2. Verificar o grau de relacionamento entre as variáveis campo e
relações (Halliday, 1989) e a elaboração da ‘Opinião Desfavorável’.
3. Verificar em que medida o tópico a respeito do qual deve versar a
‘Opinião Desfavorável’ interfere na elaboração da mesma.
Tanto o tema como os objetivos traçados para esta investigação tiveram
sua origem em uma situação concreta de ensino/aprendizagem de PL2E. Essa
mesma situação também motivou as cinco perguntas que norteiam
este
trabalho.
•
De que modo a ‘Opinião Desfavorável’ é tratada pelos diferentes
materiais didáticos de português como segunda língua para
estrangeiros editados no Brasil?
•
Como é elaborada, em português do Brasil, a emissão da ‘Opinião
Desfavorável’?
•
Que
elementos
Desfavorável’?
lingüísticos
compõem
uma
‘Opinião
22
Introdução
•
Em que contextos – e diante de que pessoas – podemos, por
exemplo, emitir uma ‘Opinião Desfavorável’ direta tal como fez a
referida estudante?
•
Em que medida o conteúdo proposto pelos materiais de PL2E se
aproxima ou se afasta do quadro descritivo da ‘Opinião
Desfavorável’?
A realização deste estudo envolveu, portanto, a busca de respostas para
os questionamentos apresentados e elaboração de um quadro a partir do qual
pudéssemos compreender as estratégias que empregamos no ato de elaborar a
‘Opinião Desfavorável’. Para tanto, foram considerados os materiais didáticos de
PL2E, a fim de que pudéssemos verificar como a questão da ‘Opinião
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Desfavorável’ é tratada por eles e foram analisados enunciados produzidos por
falantes de português do Brasil diante de situações que exigiam uma ‘Opinião
Desfavorável’. Estes dados foram a base da elaboração de um quadro descritivo
da ‘Opinião Desfavorável’.
Dão suporte a este estudo alguns conceitos advindos da lingüística
sistêmico-funcional (Halliday, 1994), tais como: contexto de situação, variáveis
situacionais [campo, modo e relações] e configuração contextual. Além disso,
são fundamentais também conceitos do campo da pragmática como: ato de fala
(Austin, 1962; Searle, 1981, 1995), polidez e face (Brown & Levinson, 2000
[1987]).
Da Antropologia Social, contribuem os conceitos de ‘Casa’ e ‘Rua’
estabelecidos por DaMatta (1997 [1979]; 1997; 1999 [1984]).
Este estudo foi realizado em duas etapas. Na primeira delas, em caráter
experimental, foram entrevistadas sete pessoas que tiveram de emitir opinião
como reação a doze situações distintas, gerando oitenta e quatro2 respostas que
compõem o corpus da primeira fase desta pesquisa. Os dados dessa fase
permitiram a elaboração daquilo que foi considerada uma taxionomia provisória
do ato de emitir uma ‘Opinião Desfavorável’. Após essa fase, verificou-se a
necessidade de ampliação do número de situações a que os participantes eram
expostos. Uma vez os ajustes necessários tendo sido feitos, foi iniciada a
segunda fase da pesquisa, da qual participaram noventa indivíduos, sendo
quarenta e cinco de cada sexo. Todos os participantes tiveram de responder a
um questionário composto de dezoito situações que apresentavam contextos
situacionais distintos diante dos quais cada participante deveria elaborar uma
2
Do total, uma resposta está inaudível.
A elaboração da opinião desfavorável em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
23
‘Opinião Desfavorável’ (cf. Capítulo 4). Esse questionário, chamado Discourse
Completion Test (DCT), é de uso corrente entre aqueles que se dedicam a
estudar atos de fala. A aplicação do referido instrumento gerou mil seiscentas e
vinte respostas que foram analisadas considerando-se critérios apresentados
mais adiante, no capítulo referente à Metodologia. O objetivo, tal como visto
anteriormente, era traçar um modelo de quadro descritivo para a emissão da
‘Opinião Desfavorável’ em português do Brasil que pudesse servir de suporte
para aqueles que têm como tarefa ensinar ou projetar materiais didáticos de
PL2E.
Antes de abordar a organização do trabalho, vale destacar as razões que
levaram à escolha da denominação ‘Opinião Desfavorável’ no lugar de ‘Opinião
Negativa’. A terminologia ‘Opinião Negativa’ remete-nos imediatamente e quase
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exclusivamente àquelas formulações que apresentam obrigatoriamente algum
termo associado à elaboração da negação em português, como: não, nunca,
jamais, ninguém, entre outros. Já na coleta da primeira fase, observou-se a
produção de enunciados que não tinham nenhuma característica de formulações
negativas, como por exemplo: “é::: são bonitas. você: você gosta realMENte de
usar esse tipo de cor?” [0021FaA12]3. Diante disso, a denominação ‘Opinião
Negativa’ deixou de ser significativa para esta pesquisa. Já o conceito ‘Opinião
Desfavorável’`, por ser mais abrangente, admite formulações como a
apresentada (cf. Capítulo 5).
Com relação à organização desta Tese, devem ser considerados 6
capítulos. Este primeiro Capítulo, tal como visto, tem a finalidade de apresentar
as linhas gerais da pesquisa empreendida. O Capítulo 2 contempla uma
discussão acerca do modo como os materiais didáticos de PL2E publicados no
Brasil vêm, ao longo do tempo, tratando do ato de opinar de um modo geral e,
mais especificamente, do ato de opinar desfavoravelmente. Para tanto, foi,
inicialmente, realizado um levantamento dos materiais produzidos e publicados
no Brasil entre 1948 – data considerada atualmente como o ano da primeira
publicação de material para ensino de português do Brasil a falantes de outras
línguas (Júdice e Almeida, 2006) – e 2006. Uma vez identificados os referidos
materiais, cada um deles foi submetido a uma análise com o objetivo de verificar
se apresentavam informações relativas ao ensino de ato de opinar,
principalmente ao ato de opinar desfavoravelmente, visto que este é o interesse
dessa pesquisa. Essas informações poderiam versar, por exemplo, sobre o
3
O código se refere à identificação do informante (cf. Capítulo 4).
Introdução
24
modo de estruturar lingüisticamente, em português do Brasil, tal ato ou ainda
sobre as estratégias discursivas possíveis em um contexto brasileiro.
O Capítulo 3 é dedicado aos princípios teóricos que norteiam essa
pesquisa. Inicialmente, por este se tratar de um estudo acerca da opinião,
considerou-se pertinente traçar uma definição do que seja opinar para, na
seqüência, abordar os princípios adotados. A realização desta pesquisa contou,
tal como mencionado anteriormente, com a integração de conceitos relacionados
a três campos teóricos relativos à área de estudos da linguagem: Lingüística
Sistêmico-Funcional, Pragmática e Antropologia Social.
No capítulo 4, são apresentados os aspectos relacionados à metodologia
empregada na elaboração e desenvolvimento desta pesquisa. O Capítulo 5, por
sua vez, é voltado para a apresentação da descrição dos dados, com destaque
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para a descrição das diferentes estratégias que empregamos na elaboração do
ato de opinar desfavoravelmente e para o estabelecimento de uma taxionomia.
Além disso, esse capítulo também se dedica a apresentar reflexões acerca dos
motivos que levam um falante de português do Brasil a optar por uma estrutura
em detrimento de outra similar. Finalmente, dedico o Capítulo 6 às
considerações finais.
2
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E
(...) temos visto o surgimento e desdobramentos do movimento comunicativo funcional que
propõe, entre outras coisas, o deslocamento do foco primário de atenção para as funções
comunicativas dentro da fala (como por exemplo, “expressar uma opinião”, numa “conversa
informal”). (Almeida Filho, 1993, p. 57).
Neste capítulo, dedicar-nos-emos a traçar um histórico dos materiais
publicados no Brasil para o ensino de português como segunda língua para
estrangeiros (PL2E)4, a fim de compreendermos como a questão da elaboração
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do ato de opinar tem sido apresentada aos estudantes estrangeiros ao longo do
tempo e sob diferentes enfoques metodológicos. Inicialmente, será apresentado
um levantamento dos materiais, com o objetivo de fornecer uma visão geral de
como tem se desenvolvido, no Brasil, a produção editorial de materiais didáticos
de português como segunda língua para estrangeiros. Posteriormente, esses
materiais, separados em dois grupos – com ênfase na forma e com ênfase no
uso – serão comentados.
2.1
A publicação, no Brasil, de materiais de PL2E
Os materiais didáticos disponíveis para ensino de português do Brasil
como segunda língua, sobretudo quando comparados àqueles voltados para o
ensino de outros idiomas, tais como inglês, francês ou espanhol, são em número
reduzido; principalmente se tivermos em conta apenas os materiais publicados
em nosso país. Uma explicação possível para isso reside no fato de que o
interesse pelo aprendizado do português como segunda língua ou como língua
estrangeira5, em comparação com aquele demonstrado pelos idiomas citados,
ainda tem pouca expressividade, apesar de o português ser o idioma de
aproximadamente 200 milhões falantes, segundo dados do Instituto Camões e
4
Não consideraremos materiais voltados para o público infanto-juvenil, nem edições
experimentais.
5
Utilizamos a denominação ‘português como segunda língua’ para fazer referência à situação de
ensino/aprendizagem do português em países que têm esse idioma como língua oficial. Já a
denominação ‘português língua estrangeira’ é reservada para o ensino/aprendizagem do
português em países que têm um outro idioma oficial.
26
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
de ser a língua oficial das seguintes nações: Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné
Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.6
Na Figura 2.1, apresentada a seguir, pode-se observar, ao lado da linha do
tempo, os títulos publicados e seus respectivos autores.
Figura 2.1: Relação dos materiais de PL2E publicados no Brasil
1948
Português para Estrangeiros (M. Marchant)
Português: conversação e gramática (H. S.
Magro e P. DePaula)
1954
1964
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
1989
1999
2000
Interagindo em Português: textos e visões do
Brasil – Vols. 1 e 2 (E. R. Henriques e D. M.
Grannier)
Tudo Bem? Português para a nova geração.
– Vols. 1 e 2 (S. Florissi, M. H. O. Ponce e S.
R. B. A. Burim)
Português para estrangeiros – Nível
avançado – Leituras e exercícios práticos (M.
Marchant)
Falar... Ler... Escrever... Português: um curso
para estrangeiros (E. E. O. F. Lima e S. A.
Iunes)
Sempre Amigos: Fala Brasil para jovens (P.
Coudry e E. F. Patrocínio)
2001
2002
Passagens – Português do Brasil para
Estrangeiros (R. Celli)
2003
Diálogo Brasil (E. E. O. F. Lima, S. A. Iunes e
M. R. Leite)
Português do Brasil para chineses (Y. Aiping)
Estação Brasil: português para estrangeiros
(A. C. Bizon e E. Fontão)
2004
2005
Panorama Brasil: ensino de português no
mundo dos negócios (S. Florissi, M. H. O.
Ponce e S. R. B. A. Burim)
2006
6
Aprendendo português do Brasil: um curso
para estrangeiros (M. N. C. Laroca, N. Bara e
S. M. C. Pereira)
1995
1997
Bem-Vindo! A língua portuguesa no mundo
da comunicação (S. Florissi, M. H. O. Ponce
e S. R. B. A. Burim)
Muito Prazer!: curso de português do Brasil
para estrangeiros – Volume 2 (A. M. F.
Santos)
Português Via Brasil: um curso avançado
para estrangeiros (E. E. O. F. Lima e S. A.
Iunes)
1991
1992
Avenida Brasil 2: curso básico de português
para estrangeiros (E. E. O. F. Lima et al.)
Tudo Bem: conjunto pedagógico audiovisual 2
(R. Ramalhete)
1988
1990
Avenida Brasil 1: curso básico de português
para estrangeiros (E. E. O. F. Lima et al.)
Falando... Lendo... Escrevendo... Português:
um curso para estrangeiros (E. E. O. F. Lima
e S. A. Iunes)
1984
1985
Muito Prazer!: curso de português do Brasil
para estrangeiros – Volume 1 (A. M. F.
Santos)
Fala Brasil: Português para Estrangeiros (P.
Coudry e E.F. Patrocínio)
Português do Brasil para Estrangeiros 1 –
conversação, cultura e criatividade (Yázigi)
1980
1981
Tudo Bem: conjunto pedagógico audiovisual
1 (R. Ramalhete)
Português para estrangeiros – segundo livro
(M. Marchant)
1973
1978
Português Básico para Estrangeiros – (S.
Monteiro) – 3ª. Ed.
A língua portuguesa para estrangeiros (H. W.
Töpker) – 2ª. Ed.
Português Via Brasil: um curso avançado
para estrangeiros – Edição revista e ampliada
(E. E. O. F. Lima e S. A. Iunes)
Fonte: www.instituto-camoes.pt/actividades/ple/10razoes.html, em 13 fev. 2005.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
27
A Figura 2.1 nos fornece, igualmente, a freqüência com que os títulos têm
sido postos à disposição de professores e alunos. Ademais, é possível visualizar
os períodos e autores mais profícuos. Verifica-se que, em um período de 58
anos [de 1948 a 2006], foram publicadas 27 obras, uma média de 0,4 livros a
cada ano ou 1 livro a cada dois anos e meio, aproximadamente. É preciso
destacar, entretanto, que até a década de 80 a freqüência da publicação dos
referidos materiais é irregular, havendo grandes intervalos de tempo. A partir da
metade da década de 80, com o lançamento do conjunto pedagógico Tudo Bem,
de Raquel Ramalhete, em 19847, observa-se um incremento no número de
materiais para ensino de português a falantes de outras línguas. Considerando
apenas o período de 1999 a 2006, temos a publicação de dez obras, número
equivalente a 37,03% do total publicado desde 1948. Apesar de ser, conforme
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visto, um número reduzido quando comparado ao de lançamentos para outros
idiomas, ele serve como indicador para o crescimento recente da área de PL2E
no Brasil.
Deve-se ainda considerar que os materiais elencados anteriormente
podem ser agrupados de acordo com as orientações teórico-metodológicas que
apresentam. No entanto, tendo em vista que a finalidade desta pesquisa não é
discorrer a respeito de abordagem e metodologia de ensino de língua
estrangeira, mas tratar – a partir de um prisma funcional – do modo como o ato
de emitir uma opinião desfavorável é construído por falantes de português do
Brasil e ensinado a estudantes estrangeiros, optamos por elaborar dois grandes
conjuntos em função da observação da recorrência de determinados padrões
nas obras analisadas. No primeiro deles serão arroladas aquelas obras que têm
por objetivo priorizar o ensino da forma ou da estrutura lingüística. No segundo
conjunto estarão aqueles livros que apresentam preocupação não só com o
ensino da forma, mas, sobretudo, com o ensino do uso.
2.2
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E com ênfase no
ensino da forma
Dos materiais que compõem a Figura 2.1, uma parcela considerável
fundamenta-se no ensino da forma ou da estrutura lingüística, conforme veremos
a seguir.
7
Ano da publicação do primeiro volume.
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
28
Morita (1998), em artigo em que discorre a respeito dos materiais didáticos
de PL2E, aponta o livro Spoken Brazilian Portuguese, de Vicenzo Cioffari,
datado da década de 50, como o primeiro livro conhecido de PL2E. No entanto,
no levantamento bibliográfico realizado para esta pesquisa, que considera
apenas materiais publicados no Brasil, encontramos uma referência, cuja
segunda edição data de 1948. Trata-se do livro de Hermine Weise Töpker
intitulado A língua portuguesa para estrangeiros, analisado mais detalhadamente
por Júdice e Almeida (2006).
No prefácio de sua obra, Töpker (1948) diz que ela se destina a ensinar os
estrangeiros a falarem a “linguagem prática”, com, por exemplo, a introdução de
gírias e expressões não dicionarizadas. Além disso, ela visa a apresentar-lhes,
em textos diversos, aspectos da História do Brasil, da Geografia, dos costumes e
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dos produtos brasileiros.
Segundo Töpker, seu público-alvo é bastante diversificado, podendo a
obra ser empregada com crianças ou adultos de diferentes nacionalidades. A
autora alega, ainda, que seu material didático pode ser útil para o ensino mais
especializado de português, pois poderia ser utilizado com diferentes
“profissionais”. A fim de dar conta de um público-alvo tão abrangente e
diversificado, Töpker propõe àqueles que se interessarem em utilizá-lo que
escolham as lições de maior relevância.
Ainda no prefácio, apesar de a autora propor o ensino de uma “linguagem
prática”, há a preocupação explícita com o ensino das formas ditas corretas.
Desse modo, a autora tem na gramática da língua portuguesa o seu fio condutor
– “fiz ziguezaguear a gramática portuguesa através do livro” (Töpker, 1948, p. 5)
– e recomenda veementemente o estudo sistemático dos verbos, pois, segundo
ela, “sem o conhecimento perfeito dos verbos nenhum estrangeiro será capaz de
falar português corretamente” (idem).
O livro apresenta sessenta lições, todas iniciadas por um curto texto, em
geral de cunho narrativo ou descritivo. O objetivo desses textos é introduzir o
aspecto gramatical e/ou o léxico pertinente a uma determinada lição. Apesar da
menção à “linguagem prática”, já comentada anteriormente, o que se observa é
que os poucos diálogos que fazem parte da obra são estruturados de modo a
privilegiar algum tópico lingüístico, havendo recurso às díades pergunta /
resposta completa, conforme pode ser observado a seguir.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
29
Exemplo 1: O Sr. (Senhor) fala português? Sim, Senhor, falo um pouco. Você fala
português? Não, Senhora, não falo nada. A Sra. (Senhora) fala português? Sim,
Senhora, falo algumas palavras. (...) (Töpker, 1948, p. 13)
Exemplo 2: O Sr. compra chá? Sim, Senhor, compro chá. Você compra leite? Não,
Senhora, não compro leite, compro café. Vocês compram vinho? Sim, Senhora,
compramos vinho. (...) (Töpker, 1948, p. 13)
Nos exemplos acima, há uma evidência do privilégio da forma em
detrimento de questões relacionadas ao uso que se faz da língua (Widdowson,
1991), pois o assunto em pauta é a conjugação dos verbos terminados em –ar,
como, por exemplo, falar e comprar. Atualmente, no entanto, parece ser
consenso o fato de que o aprendizado de uma língua envolve mais do que a
apresentação de frases gramaticalmente corretas, tal como sugerido na
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
introdução deste estudo. Segundo Widdowson,
(...) quando adquirimos uma língua não aprendemos unicamente como compor e
compreender frases corretas como unidades lingüísticas isoladas de uso
ocasional; aprendemos também como usar apropriadamente as frases [ou parte
delas] com a finalidade de consegir um efeito comunicativo. (Widdowson, 1991, p.
14)
As lições se completam com a apresentação pormenorizada do tópico
gramatical, seguida por exercícios de repetição. Ao término das sessenta lições
há um apêndice intitulado ‘Assuntos gramaticais’ e um vocabulário plurilíngüe
[alemão, inglês, francês e italiano].
As escolhas feitas pela autora de A língua portuguesa para estrangeiros
para o ensino da língua portuguesa não privilegiam, conforme já apontado,
aspectos referentes ao uso; fato compreensível tendo em vista a época de
publicação da obra. Desse modo, não se observa menção ao modo como os
brasileiros elaboram a emissão da opinião de um modo geral. Esse mesmo fato
será observado em outros materiais, como veremos mais adiante.
A obra Português para Estrangeiros8, de autoria de Mercedes Marchant,
tem sua primeira edição datada de 1954. Apesar de o livro ter sido lançado na
década de 50 e de haver numerosas reedições atualizadas, como a 27ª. edição
[atualizada e reformulada]9, de 1992 – em análise nesta pesquisa – não se
observam alterações significativas. Na edição empregada neste estudo, as
reformulações são visíveis no aspecto visual, pois há a introdução de mais uma
8
Neste trabalho comparou-se uma edição de 1969 (6ª. Ed. Revista) com uma de 1992 (27ª. Ed.
Atualizada e reformulada).
9
Adotou-se a 27ª. Edição por esta ser a primeira com a indicação ‘reformulada’.
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
30
cor em uma obra impressa originalmente em preto e branco, a inclusão de fotos
para substituir os desenhos simples das primeiras edições e de destaques para
as informações mais relevantes. Quanto ao aspecto organizacional da obra,
observa-se que Marchant, na edição mais recente, opta por distribuir o conteúdo
em 6 grandes unidades. Anteriormente, conteúdo equivalente estava diluído ao
longo de 21 lições, o que dava a impressão de uma melhor apresentação dos
tópicos selecionados para ensino.
No que diz respeito ao conteúdo, poucas alterações são observadas,
conforme a autora sublinha no prefácio da 27ª. Ed.: “O conteúdo do livro é o
mesmo; diferente é a sua apresentação, a qual inclui ilustrações que
desempenham papel muito grande na decodificação da mensagem” (Marchant,
1992, p. 7). Essas alterações se dão, em sua maioria, na escolha dos textos que
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compõem as diferentes lições / unidades. Se na versão de 1954 a autora dá
preferência a textos descritivos ou narrativos, na edição mais recente há um
predomínio de diálogos, como tentativa de simular diálogos reais. Os temas e os
exercícios são mantidos praticamente na íntegra. Quanto à gramática e aos
quadros de pronúncia, parece não ter havido alteração.
A base do material é, como ressalta Morita (1998), estrutural, com
destaque para os exercícios de lacuna que têm por objetivo fixar e/ou rever o
conteúdo gramatical apresentado. Tal como ocorre na obra de Töpker analisada
anteriormente, não são explorados aspectos relacionados aos usos que um
aprendiz de PL2E pode fazer do português. Desse modo, mais uma vez não se
vêem informações mais detalhadas acerca de como formular opiniões.
Também de autoria de Marchant, a obra Português para Estrangeiros –
segundo livro, de 196410, destina-se a estrangeiros que já tenham conhecimento
prévio do idioma. O objetivo da autora é levar o aprendiz a fazer uma revisão da
morfologia verbal. Para tanto, dedica-se a apresentar-lhe a “conjugação de todos
os verbos irregulares” (Marchant, 1968, p. 5) e a fazer um “confronto entre
tempos e modos” (idem). A fim de promover a fixação das diferentes
conjugações e rever as estruturas gramaticais, Marchant oferece uma série de
exercícios de lacuna. A pouca preocupação com o uso do idioma se torna mais
evidente em exercícios que apresentam perguntas cuja freqüência de uso é
baixa ou cujo objetivo é fixar uma conjugação verbal, conforme mostram os
exemplos 3 e 4, a seguir.
10
Data da publicação da 1ª. Edição.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
31
Exemplo 3: Responda às seguintes perguntas na afirmativa:
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1. Eu me levanto cedo todos os dias?
2. Eu sempre me deito tarde?
3. Eu me correspondo com muitas pessoas?
4. Eu me dedico ao estudo?
5. Eu me preocupo com meus alunos?
6. Eu sempre me lembro de trazer os livros para a aula?
7. Eu me interesso pelo progresso dos meus alunos?
8. Eu me encontro com meus amigos todos os dias?
9. Eu me oponho a falar inglês na aula de português?
10. Eu o encontro diariamente?
(...)
(Marchant, 1968, p. 12)
Exemplo 4: Responda às seguintes perguntas:
1. O senhor está com frio hoje?
2. O senhor está em férias?
3. O senhor está mal de negócios?
4. O senhor está com vontade de ir ao cinema hoje?
5. O senhor está irritado hoje?
6. O senhor está em casa amanhã?
7. O senhor está de acordo com o horário desta aula?
8. O senhor está cansado?
9. O senhor está disposto a trabalhar até tarde hoje?
10. O senhor está mais gordo?
(Marchant, 1968, p. 19)
Com a mesma ênfase no ensino da gramática, Marchant publicou, em
1997, Português para estrangeiros – nível avançado – Leituras e exercícios
práticos. Apesar do intervalo que separa esta das outras obras de Marchant,
pode-se dizer que a essência continuou praticamente a mesma, visto que o foco
continua direcionado para o ensino da gramática. Este material apresenta uma
seqüência de tópicos gramaticais acompanhada de exercícios estruturais para
sua fixação. Seis textos completam a obra. Trata-se de um manual para
consolidar conhecimentos sobre a língua portuguesa como o anterior –
Português para Estrangeiros – volume 2 – , sem referência, como os demais, ao
ato de opinar.
As contribuições do Estruturalismo para o ensino de línguas estrangeiras
são mais visíveis nos seguintes materiais de PL2E: Português Básico para
Estrangeiros, de Monteiro; Falando... Lendo... Escrevendo... Português: um
curso para estrangeiros, de Lima e Iunes e Português, conversação e gramática,
de Magro e DePaula. A análise dessas obras nos revela que a concepção de
língua adotada é aquela que a vê como um conjunto de regras gramaticais ou de
estruturas a ser aprendido. No prefácio da obra Falando... Lendo... Escrevendo...
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
32
Português: um curso para estrangeiros, a importância do aprendizado de
estruturas fica evidente nas duas passagens transcritas a seguir:
(...) os textos e os exercícios foram criados a partir de centros de interesse de
ordem familiar, profissional e social, permitindo uma assimilação rápida das
estruturas apresentadas. 11 (Lima e Iunes, 1992, p. xiii)
Grande número de exercícios estruturais, de complementação, de repetição,
substituição e transformação, além de exercícios de redação dirigida e livre, foram
elaborados a fim de auxiliarem na fixação das estruturas gramaticais.12 (Lima e
Iunes, 1992, p. xiii)
Desse modo, há uma ênfase no ensino da gramática explícita e na
aprendizagem das estruturas ou de itens gramaticais por meio, por exemplo, de
pattern drills e da manipulação de sentenças isoladas, objetivando o
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desenvolvimento da competência lingüística. Segundo Galisson (1980), o ensino
de LE pautado em bases estruturalistas tem em conta a dimensão lingüística,
com privilégio do saber verbal, cujo objetivo é desenvolver a capacidade de
compreender e produzir frases gramaticais. Ainda de acordo com o autor, essa
perspectiva estaria em oposição a um ensino sustentado por pilares
funcionalistas, pois nesse caso observa-se, ao lado da dimensão lingüística, a
dimensão não-lingüística – o saber verbal e o não verbal.
A influência de aspectos do Estruturalismo nas obras citadas anteriormente
se torna mais evidente na medida em que temos em vista que ele “diz respeito
ao modo de ver a língua como um sistema em que cada elemento só tem valor
quando posto em relação com outros elementos a que se opõe”13 e que
consideramos alguns de seus princípios, tais como: a dicotomia sintagma /
paradigma e a noção de constituintes imediatos.
A dicotomia sintagma / paradigma, apresentada por Saussure14, diz
respeito ao fato de que, em língua, tudo se baseia em relações. Desse modo,
nas relações sintagmáticas, os “termos estabelecem entre si (...) relações
baseadas no caráter linear da língua, que exclui a possibilidade de pronunciar
dois elementos ao mesmo tempo” (Saussure, 1970, p. 142). Já as relações
associativas ou paradigmáticas estão em um nível fora do discurso, pois dizem
11
Grifo nosso.
Grifo nosso.
13
http://fr.encyclopedia.yahoo.com/articles/sy/sy_287_p0.html
14
Saussure trata de relações sintagmáticas e associativas. Os termos paradigma e paradigmático,
em substituição a associação e associativa, foram introduzidos por Hjelmslev (Carvalho, 1987;
Pimenta-Bueno, 2004).
12
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
33
respeito ao modo como as palavras se associam em nossa memória e formam
grupos. Nos materiais citados, a ênfase na dicotomia sintagma / paradigma se
revela, por exemplo, na formulação de alguns exercícios, tal como se observa
abaixo.
Exemplo 5: O que eu sou?
1. O que eu sou? – Você é alemão.
2. O que eu sou? – Você é alemã.
3. O que eu sou? – Você é americano.
4. O que eu sou? – Você é ascensorista.
5. O que eu sou? – Você é barbeiro.
6. O que eu sou? – O senhor é brasileiro.
7. O que eu sou? – A senhora também é brasileira.
(Monteiro, 1980, p. 7)
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Exemplo 5a: Answer the following questions with the verb MORAR (to live):
.................. na rua Augusta.
Onde é que você mora?
.................. na rua Vitória.
Onde é que eu moro?
.................. na rua Sergipe.
Onde é que Maria mora?
.................. na rua Angélica.
Onde é que ele mora?
.................. na avenida Leme.
Onde é que nós moramos?
.................. na avenida Mariana.
Onde é que eles moram?
.................. na avenida Paulista.
Onde é que os senhores moram?
.................. na avenida Atlântica.
Onde é que elas moram?
(Magro e DePaula, 1992, p. 3)
Exemplo 6: O senhor é engenheiro? Não, não sou.
Não, ..................
1. O senhor ...... diretor?
Não, ..................
2. O senhor ...... médico?
Não, ..................
3. O senhor ...... professor?
Não, ..................
4. O senhor ...... brasileiro?
Não, ..................
5. O senhor ..... americano?
Não, ..................
6. Você ...... estudante?
Não, ..................
7. Você ...... secretária?
Não, ..................
8. Você ...... brasileiro?
.....................
.....................
.....................
.....................
.....................
.....................
.....................
.....................
(Lima e Iunes, 1992, p. 2)
No Exemplo 5, há, no eixo sintagmático, reforço da estrutura você / o [a]
senhor[a] é + nacionalidade ou profissão. No Exemplo 5a, dá-se ênfase à fixação
da formulação da frase interrogativa iniciada por “Onde é que...?”. Já no
Exemplo 6, observa-se a repetição da estrutura da resposta negativa “Não, não
sou”.
Onde é que você mora?
Não, não sou.
Eixo sintagmático
Eixo sintagmático
No que diz respeito ao eixo paradigmático, também denominado de eixo
das oposições ou substituições, o Exemplo 5 apresenta um exercício por meio
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
34
do qual pretende-se que o estudante fixe estruturas com as quais pode
expressar sua nacionalidade ou profissão. O Exemplo 5a nos mostra um
exercício cujo objetivo é fixar as formas do verbo morar. Já o Exemplo 6
apresenta ao estudante estrangeiro, tal como o Exemplo 5, a formulação “O
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senhor / Você é + profissão ou nacionalidade”, como se vê a seguir.
Nesses exercícios são exploradas as relações paradigmáticas, i. é.,
aquelas que uma unidade lingüística estabelece com as unidades ausentes e
que poderiam ocupar o seu lugar
Quanto à noção de constituintes imediatos, que teve, segundo Crystal
(2000) destaque na lingüística estruturalista de Bloomfield, ela diz respeito “às
divisões que podem ser efetuadas dentro de uma construção sintática, em
qualquer nível. (...) o processo continua até que se atinjam constituintes
irredutíveis” (Crystal, 2000, p. 63). Lyons (1987) acrescenta a esta definição o
fato de que o conceito de Bloomfield também pode se aplicar a formas
vocabulares. No material de Magro e DePaula, a contribuição da análise de
constituintes imediatos é mais visível na apresentação dos tempos verbais, como
se vê a seguir.
Exemplo 7:
Eu falar + ei
Você / ele / ela falar + á
Nós falar + emos
Vocês / eles / elas falar +ão
(Magro e DePaula, 1992, p. 148)
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
35
No caso acima, os autores dividem o verbo em 2 partes essenciais,
recurso empregado comumente no ensino de LE, o radical e a terminação.
Outro traço comum entre as duas obras é o fato de que as lições são, na
maior parte das vezes, iniciadas por diálogos, cujo objetivo mais evidente é o de
apresentar o tópico gramatical da lição.
Exemplo 8:
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Diálogo
Júlia
Ontem telefonei para você, mas não encontrei
você em casa.
Renato
Ontem... Deixe-me ver. Ah! Sim, precisei levar meu
carro à oficina e cheguei em casa muito tarde. Por
que não telefonou novamente?
Júlia
Luís convidou-me para ir ao teatro e voltei para
casa muito tarde. Bem, aluguei um apartamento e
vou me mudar.
Renato
Onde fica o apartamento?
Júlia
Fica no Flamengo, bem perto da praia.
Renato
Que bom! Gosto muito dessa zona. Quando é que
você vai se mudar?
Júlia
Provavelmente no fim desta semana. Agora
preciso comprar móveis novos.
Renato
Você precisa de ajuda?
Júlia
Muito obrigada. Não preciso de nada agora.
(Magro e DePaula, 1992, p. 26)
O diálogo acima introduz a lição V do livro Português: conversação e
gramática. Pode-se observar, por exemplo, a recorrência do pretérito perfeito
dos verbos terminados em –AR. Como esperado, este é o primeiro assunto
abordado na lição. Não há, entretanto, proposta de reutilização ou de
reconstrução dos diálogos.
Tendo em vista o foco das obras Português Básico para Estrangeiros,
Falando...Lendo...Escrevendo... Português: um curso para estrangeiros e
Português, conversação e gramática, não foi encontrada referência ao modo
como comunicamos, em português do Brasil, uma opinião.
Em 1999, dezoito anos, portanto, após a publicação de Falando... Lendo...
Escrevendo... Português: um curso para estrangeiros, Lima e Iunes lançaram
uma reelaboração dessa obra, intitulando-a Falar... Ler... Escrever: um curso
para estrangeiros. No prefácio, as autoras afirmam que “grandes modificações
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
36
foram feitas, a fim de atualizar e completar a obra” (Lima e Iunes, 1999, p.ix). De
fato, houve acréscimo, substituição ou alteração de textos e exercícios, além de
modificações significativas com relação ao aspecto gráfico, com a inserção de
mais cores, ilustrações e fotos. A essência da obra, no entanto, parece ter
permanecido a mesma. Apesar da menção ao fato de que o livro se
caracterizaria como estrutural-comunicativo, verificou-se, durante a análise da
referida obra, que o caráter estrutural do manual se impõe por meio da farta
oferta de exercícios de lacunas destinados à fixação das diversas estruturas
lingüísticas apresentadas ao longo do livro. Observa-se, portanto, uma primazia
da estrutura em detrimento do caráter comunicativo, mantendo-se, dessa forma,
algo anunciado no prefácio da obra publicada em 1981, já citado anteriormente e
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retomado a seguir:
Grande número de exercícios estruturais, de complementação, de repetição,
substituição e transformação, além de exercícios de redação dirigida e livre, foram
elaborados a fim de auxiliarem na fixação das estruturas gramaticais.15 (Lima e
Iunes, 1992, p. xiii)
Na versão de 1999, a importância dada ao aspecto estrutural pode ser
corroborada pela seguinte afirmação extraída do prefácio da obra:
Mantivemos o grande número de exercícios em cada unidade, pois o sucesso da
1ª. Edição nos mostrou que eles funcionam como apoio à aprendizagem e ao
trabalho do professor. Eles têm dois objetivos: fixar as estruturas gramaticais e
desenvolver as expressões oral e escrita de forma dirigida e espontânea. (Lima e
Iunes, 1999, p. ix). 16
Além disso, no Manual do Professor, são mencionados dentre os objetivos
específicos:
1. Dar aos estudantes estruturas gramaticais essenciais e vocabulário
ativo, que permitam fácil e rápida comunicação desde as primeiras
unidades.
2. Proporcionar aos estudantes, de maneira firme e segura, uma progressão
ativa da base gramatical, aliada a situações diárias.
3. Expor os estudantes a um grande número de exercícios que consolidarão
as estruturas gramaticais e desenvolverão as expressões oral e escrita de
15
16
Grifo nosso.
Grifo nosso.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
37
forma espontânea ou dirigida, ampliando os conhecimentos adquiridos.17
(Lima e Freitas, 2000, pp. 11-12)
Nos trechos extraídos da obra em análise é possível verificar, então, a
importância dada às estruturas gramaticais no processo de ensino/aprendizagem
do PL2E. Acredita-se que sua aprendizagem pode garantir uma comunicação
fácil e rápida.
Entretanto, sabe-se que há muitos outros fatores, além da
gramática e do léxico envolvidos no processo de comunicação em uma língua
estrangeira.
Com relação ao assunto tratado nesta pesquisa, pode-se afirmar que a
manifestação da opinião também não é objeto de estudo sistemático na obra
Falar... Ler... Escrever: um curso para estrangeiros. No entanto, tal como ocorre
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em outros materiais de PL2E, há exercícios que exigem do estudante um
posicionamento crítico com relação a algum assunto e a exposição, dessa
maneira, de sua opinião, seja ela favorável ou desfavorável. Nesse sentido,
foram identificados os enunciados que seguem:
Exemplo 9:
Você acha que o Prefeito está fazendo um bom governo? Por quê? (Lima e Iunes,
1999, p.140)
Por que todo mundo quer ouvir Cícero contar sua história? Por que fazem questão
de tirar fotos de Cícero com algemas? Dê sua opinião. (Lima e Iunes, 1999, p.183)
Cada um dos exercícios vem inserido em um conjunto de perguntas de
interpretação, na seqüência de um texto da rubrica ‘Contexto’.
Além de Falando... Lendo... Escrevendo... Português: um curso para
estrangeiros e de Falar... Ler... Escrever... Português: um curso para
estrangeiros, Lima e Iunes publicaram, em 1990, Português via Brasil: um curso
avançado para estrangeiros. Conforme já aponta o título, a obra se destina
àqueles estrangeiros que têm conhecimento prévio do idioma, equivalente ao
nível básico. As 10 unidades que compõem o referido livro têm a mesma
estrutura, ou seja, 4 textos – um inicial que abre a unidade, um em linguagem
coloquial, um em linguagem formal e um, intitulado “Cotidiano Brasileiro”, que
apresenta alguma informação relacionada ao Brasil. Esses textos vêm seguidos
de exercícios que exploram seu conteúdo. Ainda fazem parte das unidades o
17
Grifo nosso.
38
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
tópico ‘Gramática’ em que as autoras dão explicações sobre a língua portuguesa
acompanhadas de exemplos, e a seção denominada ‘Pontos de vista’, cujo
objetivo é estimular, a partir da sugestão de um tema polêmico, o debate entre a
turma. A ordem das diferentes seções é a mesma em todas as unidades: (1)
Texto inicial, (2) Gramática, (3) Linguagem coloquial (4) Cotidiano brasileiro, (5)
Gramática, (6) Pontos de vista e (7) Linguagem formal.
Tendo em vista a organização das unidades, pode-se concluir que grande
parte do foco está direcionada para o desenvolvimento das habilidades de leitura
e de produção escrita, além de haver uma preocupação acentuada com o ensino
sistemático da gramática.
Com relação ao ato de opinar, é possível afirmar que não há, no livro, uma
preocupação com o seu ensino, mas na seção ‘Pontos de vista’ da Unidade 1, as
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autoras fornecem uma lista que contém expressões relevantes para o
desenvolvimento de um debate. Dentre tais expressões há algumas relacionadas
à emissão da opinião, conforme se observa no trecho abaixo, extraído da obra
Português Via Brasil: um curso avançado para estrangeiros, de Lima e Iunes.
Exemplo 10:
Pontos de Vista
Objetivos do item
Todas as unidades deste livro contêm a seção Pontos de Vista, cujo objetivo é,
através da apresentação de um tema polêmico, estimular o debate entre os
alunos e entre o aluno e o professor.
Começando:
O texto trata de, parece-me que, na minha opinião.
Em primeiro lugar, antes de tudo, logo de início, de (um) modo geral.
Desenvolvendo:
Em segundo lugar, de (por) um lado... de (por) outro, de (por) uma parte... de
(por) outra, em relação a, quanto a, no que se refere a, no que diz respeito a,
sob esse ponto de vista, concordo com, sou de opinião que, na minha opinião.
Aprofundando:
Na verdade, além do mais, além disso, em todo caso, obviamente, naturalmente,
evidentemente, quer dizer, sem dúvida, além do que.
Restringindo, opondo-se:
(muito) pelo contrário, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma,
discordo de, estar enganado.
Concluindo:
Assim, por isso, pode-se concluir que, em resumo, resumindo, em conclusão.
(Lima e Iunes, 1990, p.19)
39
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
No conjunto acima, as expressões relativas à emissão da opinião
encontram-se
misturadas
àquelas
que
empregamos
para
fazer
uma
enumeração, concordar, discordar ou negar. Não há, portanto, nenhuma forma
de destaque para esse ato em especial, seja com relação à sua elaboração ou
às estratégias discursivas que os brasileiros empregam no momento em que
opinam.
No ano de 2005, foi lançada uma versão revista e ampliada do material
Português Via Brasil: um curso avançado para estrangeiros. As alterações
relativas ao aspecto gráfico e à apresentação física do livro foram significativas e
serviram para adequar mais o material às exigências do público atual. No que
concerne ao aspecto gráfico, houve o acréscimo de imagens, a introdução de
cores e melhor distribuição do conteúdo informativo na página. Quanto à
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apresentação, a nova versão está em um formato maior que sua precedente.
No que diz respeito à organização interna da obra, foi possível verificar que
o número de unidades foi mantido – dez – e a distribuição do conteúdo por cada
uma sofreu algumas alterações. Houve a introdução de duas novas seções
intituladas ‘Gramática em Revisão’ e ‘Pausa’. Com a primeira, as autoras
pretendem retomar os “(...) tópicos essenciais mais complexos do nível
intermediário (...)” (Lima e Iunes, 2005b, p. 5) e, assim, propor uma “reflexão
mais independente do assunto” (Ibid., p. 5). A seção “Pausa” é definida da
seguinte forma:
Esta seção, com quadros, desenhos, pequenos textos, propostas de ‘brincar’ com
as palavras, ao mesmo tempo que permite aos alunos uma quebra bem humorada
no quadro das aquisições, dá-lhes oportunidade de expressar-se livremente. (Lima
e Iunes, 2005b, p.6)
Além dessas alterações, deve-se destacar que a seção ‘Gramática’ da
primeira versão passou a ser denominada ‘Gramática Nova’. Ainda com relação
à organização, vale mencionar que há, em cada unidade, nove seções
ordenadas de modo idêntico, a saber: (1) Texto inicial, (2) Gramática em revisão,
(3) Cotidiano brasileiro, (4) Linguagem coloquial, (5) Gramática nova (I), (6)
Pausa, (7) Gramática nova (II), (8) Ponto de vista e (9) Linguagem formal. As
seções intituladas ‘Texto inicial’, ‘Cotidiano brasileiro’, ‘Linguagem coloquial’, e
‘Linguagem formal’ continuam sendo aquelas em que o estudante pode
encontrar textos para leitura. Tal como na primeira versão, esses textos são
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
40
seguidos de exercícios de interpretação e/ou reescritura. A gramática continua
permeando cada uma das unidades, sendo agora apresentada em três
momentos. Inicialmente, em ‘Gramática em revisão’, é oferecida uma revisão de
alguns aspectos gramaticais. Posteriormente, os tópicos considerados novos são
apresentados em duas partes: ‘Gramática nova (I)’ e ‘Gramática nova (II)’. Ainda
seguindo a estruturação da versão inicial, pode-se verificar a permanência da
seção ‘Pontos de vista’, cujo objetivo foi apresentado anteriormente. Vale
destacar que o trecho extraído da versão original e apresentado no Exemplo 10
como um dos momentos em que as autoras fazem referência à questão da
opinião é retomado na versão mais recente do livro Português Via Brasil: um
curso avançado para estrangeiros18. A esse respeito, as autoras afirmam, em
seu Manual do Professor, que o aluno, ao empregar as expressões sugeridas
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“estará sendo treinado para apresentar sua opinião em reuniões profissionais ou
em outras ocasiões mais ou menos formais” (Lima e Iunes, 2005b, p. 7).
Considerando, mais uma vez, o espaço destinado ao ensino do ato de
opinar e, mais especialmente, da opinião desfavorável, conclui-se, pela análise
da obra citada, que o assunto não merece destaque. Além do trecho a que foi
feita alusão, há, ao longo da obra, apenas três propostas de exercícios que
fazem menção explícita ao ato de opinar, como mostra o Exemplo 11,
apresentado a seguir.
Exemplo 11
Dê sua opinião sobre o assunto. (Lima e Iunes, 2005, p. 17)
Apresente sua opinião sobre o caso em discussão. (Lima e Iunes, 2005, p. 81)
O que você acha da idéia? Tem ela algum fundamento científico? . (Lima e Iunes,
2005, p. 81)
A análise da nova versão do livro Português Via Brasil: um curso avançado
para estrangeiros corrobora a conclusão apresentada por ocasião do estudo da
primeira versão e reforça o fato de que não é dada ênfase nem às formulações
possíveis em língua portuguesa para a expressão da opinião, nem às estratégias
que empregamos nas mais diferentes situações em que uma opinião é exigida.
A influência do Estruturalismo, tal como explicitada anteriormente, também
pode ser encontrada na obra de Laroca, Bara e Pereira (1992), Aprendendo
Português do Brasil, na forma de manipulação de estruturas, no uso da repetição
18
Na versão de 2005, o conteúdo a que se fez referência se encontra na página 16.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
41
e da memorização como recursos auxiliares do aprendizado. Os autores, no
entanto, admitem ter outras influências, como, por exemplo, a do funcionalismo.
Este os teria levado à introdução de situações reais de comunicação nos
diálogos que abrem as unidades e na seção ‘Expansão vocabular’.
No livro do professor (Laroca, Bara e Pereira, 1993), os autores comentam
que cada unidade é composta de um conteúdo funcional e outro gramatical,
ambos previstos nos diálogos de abertura. No entanto, ao longo do livro-texto
não há sugestão de tarefas que retomem o conteúdo funcional proposto nesses
diálogos. A unidade se desenvolve, portanto, em torno do conteúdo gramatical,
não havendo menção ao ato de opinar ou a qualquer outro ato de fala.
Faz-se necessário considerar, ainda, a obra de Rachel Ramalhete Tudo
Bem, composta de dois volumes, publicados em 1984 (vol. 1) e 1985 (vol. 2).
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Espera-se, com o conjunto audiovisual, desenvolver, sobretudo, as habilidades
orais de compreensão e produção, uma vez que a autora acredita que “falar é o
aspecto mais difícil de uma língua, e o que requer maior tempo de treino”
(Ramalhete, 1984, p. xvii).
As unidades de Tudo Bem são elaboradas em torno de diálogos,
apresentação de tópicos gramaticais e exercícios estruturais em sua maioria.
Com relação aos diálogos, há, no final do livro, um conjunto de ilustrações a
partir das quais espera-se resgatar o seu conteúdo. Quanto à gramática, ela é
apresentada na forma de itens isolados. Isso significa que os modelos verbais e
nominais são inseridos em mini-diálogos ou, conforme denominação da autora,
“pingue-pongues”.
No que diz respeito ao ato de opinar, há, no segundo volume, uma unidade
intitulada “O que é que você acha?” (Unidade 6). O título escolhido nos leva a
crer que esse será o ponto central da unidade. No entanto, há apenas um
exercício a respeito do assunto onde o ato de opinar, tal como ocorre em Via
Brasil, de Lima e Iunes, divide espaço com os atos de concordar e discordar,
conforme se verifica abaixo.
Exemplo 12:
O que é que você acha?
1. Discordo completamente
2. Discordo em parte.
3. Não tenho opinião a respeito.
4. Concordo de um modo geral, mas...
42
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
5. Concordo inteiramente.
a. As turmas no colégio devem ser organizadas segundo o nível dos
alunos, separando-se os fortes dos fracos. 1 – 2 – 3 – 4 – 5
b. Os doentes incuráveis deveriam poder ter uma morte sem dor, se
manifestassem esse desejo. 1 – 2 – 3 – 4 – 5
c. Os criminosos deveriam ser recuperados, e não punidos. 1 – 2 – 3 – 4 –
5
d. No centro das grandes cidades o tráfego de carros particulares deve ser
proibido. 1 – 2 – 3 – 4 – 5
e. A energia nuclear corretamente utilizada é a solução para o futuro. 1 – 2
–3–4–5
f.
A vida era muito melhor antigamente. 1 – 2 – 3 – 4 – 5
g. Não pode haver igualdade entre homens e mulheres. 1 – 2 – 3 – 4 – 5
h. As novas descobertas da engenharia genética podem ajudar muita
gente. 1 – 2 – 3 – 4 – 5
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(Ramalhete, 1985, p. 60)
Além da proposta acima, há, também no volume 2, outro exercício em que
se pede ao estudante que dê sua opinião.
Exemplo 13:
Qual é a solução? Dê sua opinião, usando expressões como:
Não vale a pena, é melhor, é impossível, não adianta.
(Ramalhete, 1985, p. 33)
Vê-se, portanto, que há, no livro citado, pouca oferta de informação e
exercício relativos à expressão da opinião.
Considerando ainda o conjunto de materiais para ensino de português
como segunda língua para estrangeiros que priorizam o ensino da forma, não se
pode deixar de mencionar o título Português do Brasil para Chineses, publicado
em 2004 pela professora Yuan Aiping. Chinesa de origem, a autora propõe um
“manual prático de estudo do coloquial português falado no Brasil para usuários
da língua chinesa” (Aiping, 2004, p. 5), com o objetivo de preparar aqueles que o
utilizarem para terem “um amplo domínio e uso do português do Brasil” (Aiping,
2004, p. 6).
Na edição bilíngüe [português-chinês], o conteúdo é apresentado ao longo
de dez lições, precedidas por uma unidade de abertura em que são
apresentadas informações sobre a fonética do português e sucedidas por
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
43
glossário, apêndice gramatical e gabarito dos exercícios. As dez lições tratam
dos seguintes assuntos: (1) Cumprimentar e apresentar, (2) Que horas são?, (3)
Quanto custa?, (4) Telefonar, (5) Uma família feliz, (6) Pegar ônibus, (7) Fazer
compras, (8) Procurar um apartamento para alugar, (9) No banco e (10) Consulta
médica. Esses tópicos são apresentados ao estudante por meio de diálogos no
início de cada lição, podendo o número de diálogos variar de dois (lição 5, p. ex.)
a dez (lição 4, p. ex.). Os tópicos apresentados parecem sugerir um enfoque
mais voltado para o uso, ocasião em que seriam contemplados os diferentes
atos de fala a eles relacionados. No entanto, o que se vê ao longo das dez
lições, é a retomada do conteúdo do diálogo para a elaboração de lista de
palavras, precedida pela indicação ‘Vocabulário’, e para a apresentação de
exercícios do tipo ‘Complete os diálogos’, como se vê no exemplo a seguir,
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extraído da Lição 1.
Exemplo 14:
Situação 2
1.
2.
Paulo:
Oi Maria, tudo bem?
Maria:
Tudo bem, e você?
Paulo:
Tudo bem. Maria, essa é minha mulher, Renata.
Maria:
Muito prazer, Renata.
Renata:
Igualmente.
José:
Boa noite! Dona Renata.
Renata:
Boa noite! Seu José, esse é o meu marido, Paulo
José:
Muito prazer!
Paulo:
O prazer é meu.
(Aiping, 2004, p. 22).
Complete os diálogos:
(...)
5.
6.
A:
Maria, este é meu marido.
B:
___________________________________________________
A:
Igualmente.
A:
____________________________________________________
B:
O nome dele é Paulo.
A:
____________________________________________________
(...)
(Aiping, 2004, p. 27).
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
44
Nesse tipo de exercício, o aluno apenas retoma parte do diálogo
apresentado a fim de fixar sobretudo a forma escrita. Outras propostas de
utilização dos diálogos iniciais ou de seu conteúdo não são oferecidas.
Tendo em vista o exposto, as lições se estruturam da seguinte forma:
situação [em que é apresentado o tópico da lição], seguida de vocabulário e,
eventualmente, de palavras adicionais. Conforme visto, o número de situações
oferecidas por lição não é padronizado, podendo ir de duas até dez. Em algumas
lições há uma seção intitulada ‘Notas’ que tem por objetivo fornecer o significado
de algumas expressões comuns em língua portuguesa. Há também espaço para
a sistematização da gramática e para os exercícios de fixação, apresentados em
bloco no final da seção.
Tal como nos demais materiais com foco direcionado para o ensino da
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forma, na obra Português do Brasil para Chineses também não há menção ou
proposta para ensino do ato de opinar. Há apenas duas breves passagens na
Lição 5 que poderiam ser consideradas como uma emissão de opinião favorável.
No diálogo de abertura, uma das personagens diz o seguinte a respeito dos
membros da família de seu interlocutor: “Todos são lindos”. Mais adiante, a
mesma personagem diz “Parabéns! Flávia, você tem uma família feliz e bonita”
(Aiping, 2004, p. 75). Nessas duas passagens observa-se que a personagem, ao
utilizar os termos qualificadores ‘lindos’ e ‘feliz e bonita’, emite sua opinião
favorável a respeito da família de sua interlocutora.
Como pôde ser visto, a edição de materiais de PL2E com ênfase na forma
se distribui ao longo da linha do tempo, não havendo uma época predominante.
Como seria de esperar em materiais dessa natureza, não foi encontrada
referência sistemática ao ensino do ato de opinar.
2.3
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E com ênfase no
ensino do uso
Os materiais para ensino de português para estrangeiros publicados no
Brasil, conforme visto, têm, em grande parte, foco direcionado para o ensino da
forma lingüística, independentemente da época em que foram publicados. Por
conta disso, apenas uma parcela, composta principalmente de títulos mais
recentes, faz menção a aspectos relacionados ao uso ou ao fato de que se
aprende uma língua para realizar ações.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
45
A consideração de que falar uma língua e, portanto, aprender uma língua
estrangeira não se resume a conhecer a gramática ou ter a habilidade de
compor frases corretas [competência gramatical] advém da compreensão de que
outras competências são acionadas durante o processo comunicativo, tais como
competência estratégica, competência lingüístico-comunicativa, competência
sociolingüística e competência sociocultural19 (Cardoso, 2004). Segundo
Widdowson,
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Geralmente se exige que usemos o nosso conhecimento do sistema lingüístico
com o objetivo de obter algum tipo de efeito comunicativo. Isso equivale a dizer
que geralmente se exige que produzamos exemplos de uso de linguagem: nós
não manifestamos simplesmente o sistema abstrato da língua, mas também o
fazemos fluir simultaneamente como comportamento comunicativo com
significados. (Widdowson, 1991, p. 16)
Ainda neste sentido, o Cadre Européen Commun de Référence pour les
Langues reconhece, no processo de aprendizagem de uma língua estrangeira e
em seu uso, a importância, dentre outros aspectos, do desenvolvimento de um
conjunto de competências, do contexto e das condições em que uma LE é
utilizada.
O uso de uma língua – e também seu aprendizado – compreende as ações
realizadas por pessoas que, como indivíduos e como atores sociais, desenvolvem
um conjunto de competências gerais e, principalmente, uma competência para
comunicar. Essas pessoas utilizam as competências de que dispõem em
contextos e condições variados, seguindo diferentes restrições com o intuito de
realizar atividades linguageiras. (CONSEIL DE L’EUROPE, 2000, p. 15)2021
Nessa visão, e no quadro teórico da gramática sistêmico-funcional
(Halliday, 1994), por exemplo, a linguagem deixa de ser considerada como
representação do pensamento ou como mero instrumento de comunicação
(Koch, 1998) e passa a ser vista como um sistema de construção de
significados. Nessa ótica, a linguagem é tida como o lugar da interação, pois
19
http://www.sil.org/lingualinks/LANGUAGELEARNING/OtherResources/GudlnsFrALnggAndCltrLrnn
gPrgrm/AspectsOfCommunicativeCompeten.htm
20
L’usage d’une langue, y compris son apprentissage, comprend les actions accomplies par des
gens qui, comme individus et comme acteurs sociaux, développent un ensemble de compétences
générales et, notamment une compétence à communiquer langagièrement. Ils mettent en oeuvre
les compétences dont ils disposent dans des contextes et des conditions variés et en se pliant à
différents contraintes afin de réaliser des activités langagières (…). (CONSEIL DE L’EUROPE,
2000, p. 15).
21
As traduções apresentadas nesta Tese são responsabilidade da autora.
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
46
através de seu uso, interagimos com o outro, processo durante o qual são
construídos e reconstruídos os significados. Isso revela o caráter dinâmico da
linguagem. Nessa perspectiva, a linguagem a ser considerada é aquela
empregada em situações sociais reais atuais, por pessoas que têm um propósito
comunicativo (Almeida, 2002).
Tendo em vista que esse é um fator preponderante neste trabalho, uma
vez que estamos diante do uso real de língua quando realizamos o ato de opinar
de um modo geral, identificamos os seguintes materiais didáticos para estudo:
Português do Brasil para estrangeiros: conversação, cultura e criatividade, Muito
prazer! (volumes 1 e 2), Fala Brasil, Sempre Amigos, Avenida Brasil (volumes 1
e 2), Diálogo Brasil, Bem vindo!, Tudo Bem? Português para a nova geração,
Panorama Brasil: ensino de português no mundo dos negócios, Interagindo em
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Português (volumes 1 e 2), Passagens – Português do Brasil para estrangeiros e
Estação Brasil: português para estrangeiros.
Os materiais mencionados anteriormente se propõem a enfocar não só
aspectos relacionados à forma, mas sobretudo aspectos de uso da língua,
conforme se observa nos trechos abaixo, extraídos de algumas das obras
selecionadas.
(...) sensibilizamos o aluno quanto aos contrastes existentes nos usos do
português informal / neutro / formal tanto em atividades especiais (...) quanto em
situações que resultam do próprio uso espontâneo do português por parte dos
alunos. (Centro de Lingüística Aplicada do Instituto de Idiomas Yázigi, 1978, p. 7)
Este primeiro volume traz, principalmente, situações criadas para provocar a
participação oral do aluno. Essas situações, pelas quais ele passa ou passará no
seu dia-a-dia, são um ponto de partida para as atividades em grupo, em pares ou
individuais. (...) Primeiro, frases curtas ou expressões, passando pouco a pouco
para estruturas mais longas e elaboradas, de modo que eles possam ir adquirindo
autoconfiança no uso da nova Língua. (Santos, 1988, p. 9)
O destaque de Fala Brasil é a Sistematização feita com base no uso efetivo da
língua. (Coudry e Patrocínio, 1989, Apresentação)
Os autores se propõem a trabalhar com o “caráter funcional da linguagem”.
(Coudry e Patrocínio, 1989, Apresentação)
Avenida Brasil destina-se a estrangeiros de qualquer nacionalidade, adolescentes
e adultos que queiram aprender Português para poderem comunicar-se com os
brasileiros e participar de sua vida cotidiana. (Lima et al., 1991, Prefácio)
Os autores querem levar o aluno a “adquirir instrumentos para a comunicação”.
(Lima et al., 1991, Prefácio)
(...) o livro integra atividades de conversação, compreensão oral, escrita e leitura,
de uma maneira viva e atual, levando sempre em consideração o português do
dia-a-dia. (Ponce, Burim e Florissi, 1999)
(o módulo à palavra é sua’) apresenta situações práticas de uso da língua.
(Coudry e Patrocínio, 2000, contra capa)
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
47
O objetivo geral do curso é promover a interação entre os participantes. Para isso,
iremos trabalhar em conjuntos fornecendo a eles os instrumentos para que se
comuniquem em português (...). (Henriques e Grannier, 2001, p. x).
Um dos objetivos das autoras é “praticar estratégias comunicativas”. (Henriques e
Grannier, 2001, p. x).
O método visa a transmitir ao aluno competências lingüísticas que correspondam
à sua necessidade de comunicar-se corretamente em linguagem coloquial, em
situações cotidianas, tanto profissionais quanto sociais, no campo oral –
compreensão e expressão – e no da escrita – leitura e redação. (Lima et al., 2003,
p. ix)
A coerência entre a proposta apresentada pelos autores dos materiais e
aquilo que de fato é oferecido ao longo da obra certamente deveria ser objeto de
estudo mais aprofundado. No entanto, tendo em vista o escopo deste trabalho,
focaremos principalmente nos pontos que têm relação com a elaboração da
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opinião.
Dos livros elencados nesta seção, o primeiro a apontar a relevância de se
considerarem no contexto de ensino de língua estrangeira, questões
relacionadas ao uso foi o livro Português do Brasil para estrangeiros:
conversação, cultura e criatividade, elaborado no Centro de Lingüística Aplicada
do Instituto de Idiomas Yázigi e publicado em 1978. Trata-se de uma obra
voltada para iniciantes, com o objetivo de levá-los a atingir uma competência oral
básica. Para isso, considera essencial a integração de três abordagens distintas,
a saber:
•
abordagem gramatical: apresentação do sistema verbal;
•
abordagem comunicacional: inserção de diálogos semi-estruturados
que visam promover a interação entre os participantes da aula;
•
abordagem sociolingüística: emprego de diferentes registros e de
diferentes graus de polidez.
A atenção dispensada a questões de uso fica mais clara ao longo das
lições, nas rubricas intituladas ‘Diálogos equivalentes’, ‘Identificação de uso’ e
‘Frases equivalentes’. No caso de ‘Diálogos equivalentes’, busca-se, pela
apresentação de duas situações que se equivalem em conteúdo, demonstrar ao
estudante que existem a nossa disposição, no sistema lingüístico, diferentes
possibilidades para que possamos comunicar uma informação a nosso
interlocutor. Quanto à ‘Identificação de uso’, propõe-se ao estudante estrangeiro
que ele identifique o registro (formal / neutro / informal) empregado. No caso de
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
48
‘Frases equivalentes’, tal como em ‘Diálogos equivalentes’, o objetivo é mostrar
que uma informação pode ser expressa de várias formas.
A obra, no entanto, não faz menção aos atos de fala que são priorizados.
Do mesmo modo, não foram observadas referências ao modo de expressar a
opinião.
A sensibilização para o fato de que usamos a língua para realizarmos
ações também está presente na obra de Santos, Muito Prazer!, de 1988 (vol. 1).
Apesar de o índice da obra indicar apenas os assuntos de gramática abordados
e os títulos das lições, uma leitura mais atenta do conteúdo do livro de Santos
revela que há uma preocupação em apresentar e trabalhar diferentes funções
lingüísticas, tais como: apresentar-se (vol. 1, lição 1), apresentar alguém (vol. 1,
lição 2), falar da rotina (vol. 1, lição 5), expressar preferência e desejo (vol. 2,
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lição 4), entre outras. Isso é realizado com a oferta, por exemplo, de exercícios
de simulação. A expressão da opinião também é contemplada como um dos
conteúdos do segundo volume da obra de Santos. Inicialmente é sugerida uma
atividade oral em que os estudantes são levados a dar sua opinião a respeito do
tópico “o uso diário de jeans”. Para subsidiar os estudantes com informações a
respeito do assunto, é oferecido um texto seguido de algumas opiniões que
servem de modelo para que o estudante elabore, em seguida, a sua própria
opinião, tal como se vê a seguir
Exemplo15:
Atividade oral – DANDO OPINIÕES.
Jeans sempre jeans
Vendido pela primeira vez por um comerciante italiano da cidade
de Gênova, o jeans foi logo adotado por fazendeiros e operários por causa
da resistência do tecido. Aos poucos, foi sendo usado pelos jovens do
mundo inteiro e hoje é peça indispensável no vestuário de crianças, jovens
e adultos. Há pessoas, porém, que discordam do uso diário do jeans ou o
consideram roupa exclusiva para jovens.
Veja, abaixo, algumas opiniões sobre o uso do jeans:
“Gosto de usar jeans de qualquer jeito e em qualquer lugar.”
(Rodrigo, estudante, 16 anos)
“Eu acho que o uso do jeans não depende da idade da pessoa que usa,
mas do lugar onde ela está.”
(Raquel, universitária, 19 anos)
“Por ser uma roupa informal, o jeans só deve ser usado em casa.”
(Adriana, secretária, 25 anos)
“No verão ele esquenta e no inverno ele esfria as pernas.”
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
49
(Rosana, dona de casa, 36 anos)
“Eu uso, sim, e acho que todo mundo usa porque é uma roupa prática.”
(Leonardo, 15 anos)
“Na nossa escola, só os alunos têm permissão para usar jeans; os
professores e diretores devem se vestir formalmente.”
(C.S.L., 47 anos, diretor de uma escola particular)
Agora é a sua vez.
Escolha algumas das opiniões apresentadas e faça seus comentários.
Eu concordo com o uso do jeans para...
Eu discordo do uso do jeans para...
Eu acho que o jeans pode ser usado...
Na minha opinião, o jeans não deve ser usado...
Eu nunca uso jeans...
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Eu sempre uso jeans...
Eu só uso jeans para...
(Santos, 1989. pp. 28-29)
Em outro momento do livro, na ocasião em que o presente do subjuntivo é
ensinado, a autora apresenta algumas expressões que, segundo ela, ao virem
acompanhadas de verbos nesse tempo, servem para que expressemos opiniões.
Exemplo16:
Você também pode expressar sua opinião com algumas expressões
acompanhadas do Presente do Subjuntivo:
pode ser que – duvido que – é provável que – é possível que – é impossível
que – não acredito que – talvez
(Santos, 1989, p. 41)
O exercício que segue, entretanto, tem como meta apenas a fixação das as
formas do presente do subjuntivo vistas.
Exemplo 17:
Complete as frases como no exemplo, dando sentido a elas:
a.
Talvez o ônibus chegue atrasado.
b.
Duvido que aquilo ..... um disco voador.
c.
É provável que a gente ..... um teste amanhã.
d.
Pode ser que vocês ..... razão.
e.
Não acredito que este candidato ..... a eleição.
f.
É impossível que eles ..... falando a verdade.
50
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
g.
Talvez eu nunca ..... à Europa.
h.
Pode ser que amanhã ..... sol.
i.
Talvez o João ..... o endereço de Daniela.
j.
É impossível que ele ..... todos estes livros numa semana.
(Santos, 1989, p. 42)
Tal como ocorre em Português do Brasil para estrangeiros: conversação,
cultura e criatividade, há também, em Muito Prazer!, propostas de trabalho com
diferentes registros.
Quanto ao livro didático Fala Brasil, escrito por Patrocínio e Coudry e
publicado em 1996, seu objetivo é levar o estudante estrangeiro a atingir
proficiência em língua portuguesa por intermédio da conciliação do aprendizado
da escrita com a prática oral através de situações tiradas da vida cotidiana, e do
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estudo das lições de gramática. Nesse material, a gramática é vista como algo
que deve ajudar o aluno a se comunicar, sendo a sua sistematização, segundo
os autores, feita com base no uso efetivo da língua.
Pode-se dizer que no referido material não há sistematicidade em seu
sumário, pois há uma confusão entre as funções comunicativas apresentadas
(Unidades I e II, por exemplo) e as situações propostas (Unidade 5, por
exemplo). Desse modo, temos:
Unidade I – cumprimentar, apresentar, identificar.
Unidade II – pedir, comprar, agradecer / responder.
MAS
Unidade V – no aeroporto, no hotel, no restaurante.
Diante do exposto, a busca pelas informações a respeito do ato de opinar
não foi possível a partir do sumário. Fez-se necessário observar todo o material
a fim de localizar os dados referentes a este estudo. Chegou-se à conclusão de
que o material não se dedica a apresentar o ato de opinar. Há apenas um
exercício em que o estudante deverá dar a sua opinião, mas cujo foco central
está na prática do condicional / futuro do pretérito, conforme se vê no exemplo
abaixo:
Exemplo 18:
Dê opinião usando o condicional:
Exemplo: Que tal levá-la para jantar fora?
(ela adorar) Eu acho que ela adoraria. (Patrocínio e Coudry, 1996, p.155).
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
51
Há, ainda, uma outra referência no momento em que os autores de Fala
Brasil apresentam algumas expressões e conjunções que podem servir de
auxiliares para a tarefa de redigir um texto. Nessa ocasião, são apresentadas as
formulações “na (minha) opinião (do autor), eu acho que, a meu ver” como
possibilidades para alguém formular sua opinião (Patrocínio e Coudry, 1996, p.
157).
Patrocínio e Coudry, além de serem os autores de Fala Brasil, publicaram
em 2000 o material didático Sempre Amigos: Fala Brasil para jovens, destinado
a um público jovem. Diferentemente de todos ou outros materiais de PL2E
publicados até então, Sempre Amigos tem uma organização em módulos,
permitindo ao professor escolher a seqüência em que os assuntos serão
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apresentados aos estudantes. Os seis módulos que compõem a obra têm as
seguintes denominações: ‘A palavra é sua’, ‘Organizando as idéias’, ‘Verbos em
ação’, ‘Jogos’, ‘Fique por dentro’ e ‘Para falantes de espanhol’. O primeiro
módulo traz situações práticas do dia-a-dia com observações referentes ao
emprego de registros variados. O foco está direcionado tanto para a produção na
modalidade escrita quanto oral. ‘Organizando as idéias’ é o módulo em que as
estruturas estão sistematizadas e onde há também propostas de exercícios para
fixação. Já em ‘Verbos em ação’, como o nome sugere, há o estudo dos verbos
seguido de exercícios. Os ‘jogos’ se referem às atividades lúdicas voltadas para
o público-alvo da obra. Quanto ao ‘Fique por dentro’, há diferentes tópicos
relacionados à História e à cultura do Brasil. O módulo ‘Falantes de Espanhol’ é
fruto de um trabalho contrastivo entre o português e o espanhol, visto que
aborda aqueles pontos em que os falantes de espanhol têm mais dificuldade
durante o processo de aprendizado do português. Dos seis módulos à
disposição do professor, ‘A palavra é sua’ e ‘Fique por dentro’ permitem,
segundo Patrocínio e Coudry, o desenvolvimento do discurso do aluno. No
entanto, é no primeiro que encontramos os atos de fala priorizados no livro, a
saber: cumprimentar, despedir, desculpar, interromper, apresentar / identificar,
oferecer / pedir, dizendo as horas, alô, direções, na lanchonete, pintando o sete.
Vê-se que em Sempre Amigos, como em outros materiais, há uma mescla
entre os atos de fala e, por exemplo, as situações enfocadas. Observa-se
também que o ato de opinar não recebe tratamento na obra citada.
Em 1991 é publicado o primeiro volume do conjunto Avenida Brasil: curso
básico de português para estrangeiros, escrito por Lima et al. O material é
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
52
voltado para um público diversificado – de adolescentes a adultos – que tenha
como meta “comunicar-se com os brasileiros e participar de sua vida cotidiana”
(Lima et al., 1991, p. 3). A opção por um método denominado comunicativoestrutural permite às autoras integrar atividades comunicativas com o ensino da
estrutura da língua.
Diferentemente do que ocorre em outros livros já comentados nesta seção,
no sumário de Avenida Brasil encontramos referência sistemática aos atos de
fala que serão privilegiados em cada lição. Desse modo, é possível localizar com
facilidade em que lição será apresentado o ato de opinar. No primeiro volume, o
assunto é introduzido na lição 8, enquanto que no segundo, publicado em 1995,
ele aparece na lição 6. Nas duas lições existe a proposta de um tema para ser
debatido [Trabalho (volume 1) e Superstição (volume 2)], proposta esta que vem
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acompanhada de uma lista de frases que denotam opinião.
Na lição 8 do livro Avenida Brasil 1, os atos comunicativos a serem
privilegiados são: “dar opiniões, tomar partido, confirmar, contradizer, definir”
(Lima et al., 1991, p. 5). Uma análise da lição leva-nos a observar que há ainda
os atos de concordar e discordar que também estão relacionados com a questão
da opinião. Entretanto, nesse caso estamos diante da emissão da segunda
opinião. Neste trabalho, vale destacar, a atenção será direcionada para a
emissão da primeira opinião. Diante disso, não consideraremos os casos de
segunda opinião. A lição 8 de Avenida Brasil 1 apresenta, por exemplo, as
seguintes formulações:
Quadro 2.1: O ato de opinar em Avenida Brasil 1
Discuta com seu colega. O que é trabalho? O que não é? [p. 75]
Para mim o número 1 não é... porque...
Acho que sim!
Na minha opinião, o número 2... porque...
Para você, quais destes direitos são muito importantes? Quais não são? [p. 77]
Eu acho importante ter férias todo ano porque...
Eu não acho importante...
Na formulação da opinião, observa-se um predomínio do verbo ‘achar’
como introdutor do conteúdo avaliativo. Por se tratar de um verbo regular, de
fácil conjugação, é possível verificar que em outras lições que precedem a lição
8 há introdução de formulações avaliativas / opinativas – mesmo que esse não
seja o objetivo da lição – tal como ocorre no diálogo de abertura da lição 7 (“-
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
53
esse quadro é muito esquisito! – Eu acho genial.”) ou no da página 72 (“- O que
você acha do homem nesta foto?”).
Já em Avenida Brasil 2, há uma retomada do assunto na lição 6, momento
em que são apresentados aos estudantes os seguintes atos comunicativos: “dar
uma opinião, expressar indiferença, descrédito, desconfiança” (Lima et al., 1995,
p. 5). O quadro de possibilidades exposto em Avenida Brasil 2 está reproduzido
no Quadro 2.2, apresentado a seguir.
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Quadro 2.2: O ato de opinar em Avenida Brasil 2
Discuta o assunto “simpatias” com seus colegas. Faça perguntas. Responda as
deles. [p. 60]
Perguntando
Respondendo
Dando opinião
Expressando indecisão
Em sua opinião...?
Você é a favor ou A meu ver...
Não
tenho
opinião
contra...?
formada sobre...
O que você acha disso...? Em minha opinião...
Não sei dizer se...
Você concorda com...?
Eu sou da opinião que...
Não sei o que dizer
sobre...
Você discorda de...?
Para mim, ...
Talvez. Quem sabe?
Você acha que...?
Eu sou a favor / contra...
Expressando
Eu
sou
completamente
indiferença
contra...
Eu
acho
interessante
/ Não acho nada.
absurdo
Eu acho que sim / que não...
Para mim tanto faz.
Concordo plenamente.
Sei lá.
Concordo em termos.
Discordo disso.
Na lição 9 do mesmo volume, os autores listam, ao lado de outros verbos,
aqueles que são considerados os verbos de opinião, a saber: “achar, pensar,
acreditar, crer...” (Lima et al., 1995, p. 92). Informações a respeito do uso de
cada um deles não são apresentadas, ficando a oferta dessas informações, em
nosso entendimento, a critério de cada professor.
Apesar de na obra citada o ato de opinar estar, em algumas vezes,
atrelado a outros atos, observa-se preocupação com seu ensino de forma mais
sistemática e também em levar o estudante a empregá-lo de forma autônoma.
Uma das autoras do conjunto pedagógico Avenida Brasil integra também a
equipe responsável pela obra Diálogo Brasil: curso intensivo de português para
estrangeiros, publicada em 2003. Conforme apontado no prefácio e na
apresentação da quarta capa, o livro se destina a profissionais e executivos que
tenham necessidade do português para trabalhar em solo brasileiro e/ou com
empresas brasileiras e também a um público jovem. Previsto para ser utilizado
54
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
do nível iniciante até o final do nível intermediário, o livro apresenta temas e
vocabulário mais voltados para o mundo do trabalho e dos negócios, tais como
‘Telecomunicações no Brasil’ (Unidade 1), ‘A agenda do empresário’ (Unidade
2), ‘Almoço para executivos’ (Unidade 3), ‘Governo investe na criação de
indústria’ (Unidade 4), ‘Executivos e estresse: uma realidade preocupante’
(Unidade 8), entre outros.
O conteúdo está distribuído em quinze unidades temáticas, cuja divisão foi
elaborada em torno de três eixos, a saber: (1) Lendo e falando, (2) Estudando a
língua e (3) Conversando. Conforme a denominação sugere, o primeiro eixo
dedica-se a apresentar textos para leitura, exercícios de interpretação e
diálogos; já o eixo ‘Estudando a língua’ apresenta o estudo sistemático da
gramática associado a exercícios; o terceiro eixo retoma e amplia a temática
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apresentada ao longo da unidade, sugerindo tópicos para discussão e, desse
modo, estimula a expressão oral do estudante. Uma unidade temática estruturase, então, da seguinte maneira:
Eixo 1 - Lendo e falando
A1 – pensando sobre o assunto
A2 – lendo o texto
A3 – voltando ao texto
A4 – dialogando
Eixo 2 - Estudando a língua
B1 – estudando a língua
B2 – aplicando o que aprendeu
Eixo 3 – Conversando
C1 – trocando idéias
C2 – chegando lá
A preocupação com a comunicação e com o uso da língua portuguesa está
presente não só no prefácio, ocasião em que se fala em “(...) comunicar-se
corretamente
em
linguagem
coloquial,
em
situações
cotidianas,
tanto
profissionais quanto sociais (...)” (p. ix) e “(...) preparando o aluno a falar22
quase de imediato”, mas também ao longo da obra. O índice, tal como o de
Avenida Brasil, é organizado de modo a oferecer informações relevantes a
22
Grifo no original.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
55
respeito dos temas a serem abordados em cada unidade para leitura e
conversação, bem como sobre os tópicos gramaticais e os atos de fala
privilegiados. Como esperado, a localização do assunto em pauta neste capítulo
foi facilitada em função do aspecto citado. Já na Unidade 2, no eixo ‘Lendo e
falando’, o estudante encontra a primeira informação sobre como dar a opinião,
transcrita no Exemplo 19:
Exemplo 19:
Dando opinião
- Você acha que a reunião vai ser rápida?
- Acho que sim.
(Lima et al., 2003, p. 15)
Na mesma unidade, mas no eixo ‘Estudando a língua’, encontramos uma
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proposta de sistematização, apresentada a seguir.
Exemplo 20:
O que você acha
Eu acho que...
Eu não acho que...
Acho que sim...
Acho que não...
(Lima et al., 2003, p. 19)
- Você acha que a reunião vai ser rápida?
- Acho que sim.
Já na seção ‘Conversando’, o estudante, ao ser instigado a discutir sobre a
quantidade de reuniões que são feitas nas empresas, é levado a empregar o que
aprendeu, estimulado pela questão “O que você acha de tantas reuniões” (Lima
et al., 2003, p. 26).
Há, ainda, ao longo da obra outras propostas para emprego das
formulações aprendidas, tal como apresentado no Exemplo 21.
Exemplo 21:
•
•
•
•
•
•
•
O que você acha dos restaurantes brasileiros que conhece? (Lima et al.,
2003, p. 42)
Na sua opinião, o que pode atrair mais um executivo, em Campinas?
(Lima et al., 2003, p. 92)
O lazer é importante para as pessoas que trabalham? Qual é a sua
opinião? (Lima et al., 2003, p. 122)
Na sua opinião, o que é mais confortável: roupas de algodão, de seda,
ou de fibras sintéticas? Por quê? (Lima et al., 2003, p. 152)
O que você acha da Internet? (Lima et al., 2003, p. 194)
Você faz uso do comércio eletrônico? Você acha que ele é seguro?
(Lima et al., 2003, p. 194)
A Internet chegou para ficar em seu país? Qual é a sua opinião? (Lima
et al., 2003, p. 194)
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
•
•
56
Na sua opinião, a música e o ritmo brasileiro lembram muito o ritmo
africano? (Lima et al., 2003, p. 208)
Você acredita que, num futuro próximo, as relações comerciais serão
feitas só através dos grandes blocos comerciais? (Lima et al., 2003, p.
238)
Diante do quadro geral da emissão da opinião, é oferecida ao estudante
apenas uma parcela das possibilidades. Não há, por exemplo, referência ao
modo como minimizamos o impacto de uma opinião desfavorável ou à maneira
de formular a emissão da opinião sem os verbos de opinião.
Ponce, Burim e Florissi, autoras de Bem-vindo! – material publicado pela
primeira vez em 1999 – propõem como ponto central de sua obra o aspecto da
comunicação sem, no entanto, abrirem mão das referências à gramática
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tradicional. O conteúdo é apresentado em 20 unidades, divididas em cinco
grupos, cujas estruturas são as seguintes:
•
Grupo 1: Aprenda [conteúdo da lição]; Estudo de [tópicos de
gramática]; Enfoque [tópicos de gramática]; Psiu [vocabulário];
Gramática.
•
Grupo 2: Aprenda [conteúdo da lição]; Estudo de [tópicos de
gramática]; Enfoque [tópicos de gramática]; Psiu [vocabulário];
Gramática.
•
Grupo 3: Aprenda [conteúdo da lição]; Estudo de [tópicos de
gramática]; Enfoque [tópicos de gramática]; Psiu [vocabulário];
Textos sobre História do Brasil
•
Grupo 4: Aprenda [conteúdo da lição]; Estudo de [tópicos de
gramática]; Enfoque [tópicos de gramática]; Psiu [vocabulário];
Amplie seu vocabulário [Correspondência e documentos diversos].
•
Grupo 5: Curiosidades; Gente e cultura brasileira; Enfoque; Psiu;
Amplie seu vocabulário.
Desse modo, o sumário traz mais informações a respeito da gramática que
será aprendida do que a respeito do conteúdo funcional.
Tal como ocorre em Fala Brasil, há uma assistematicidade no sumário. A
apresentação da rubrica ‘Aprenda’ – aquela em que é exposto o conteúdo da
unidade – pode envolver tanto um ato comunicativo, quanto uma situação ou um
tema, como pode ser visto a seguir.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
57
Exemplo 22:
Unidade 1 – Aprenda...
Cumprimentos
Dias da semana
Meses do ano
O alfabeto
Unidade 6 – Aprenda...
No hotel
(Ponce, Burim e Florissi., 1999, Índice)
Como se vê, na Unidade 1, os estudantes aprenderão a se cumprimentar e
a dizer os dias da semana, por exemplo. Já com relação à Unidade 6, sabemos
apenas que se trata de algo relativo ao contexto hoteleiro, mas não sabemos se
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o estudante aprenderá a fazer uma reserva, uma reclamação ou a pedir uma
informação. Todas são ações possíveis de serem realizadas no contexto de um
hotel.
Tendo o exposto acima em vista, a localização, na obra, de referências ao
modo como elaboramos a opinião é dificultada. Foram encontrados apenas
exercícios em que se solicita ao estudante que emita sua opinião sobre um
assunto.
Exemplo 23:
• Na sua opinião, a CPLP deveria ou não deveria existir? Por quê? (Ponce, Burim
e Florissi, 1999, p. 75)
• Agora ouça a fita e dê a sua opinião sobre as soluções dadas para Tomás.
(Ponce, Burim e Florissi, 1999, p. 97)
• E você? O que você acha do desempenho das mulheres modernas? Você acha
que a mulher já atingiu a igualdade no mercado de trabalho? Você acha que as
mulheres atuais levam uma vida melhor do que as das décadas passadas?
• Se você fosse presidente de uma empresa, contrataria uma mulher para um
cargo de diretoria? Por quê? (Ponce, Burim e Florissi, 1999, p. 136)
• Na sua opinião: (1) qual é o esporte mais perigoso? E o menos perigoso?; (2)
qual é o mais divertido?; (3) qual é o mais caro; (4) Qual é o mais fácil de
praticar? E o mais difícil?; (5) qual é o mais saudável? (Ponce, Burim e Florissi,
1999, p. 184)
• Escreva sua opinião a respeito do casamento (não coloque seu nome no papel).
Agora passe suas anotações, assim como as de seus colegas, pela classe. Leia
o bilhete de um dos colegas e tente adivinhar quem o escreveu. (Ponce, Burim e
Florissi, 1999, p. 195)
Dados ou explicações sobre o modo de construção da opinião ou
referentes às estratégias que empregamos não foram encontrados.
Em 2002, as mesmas autoras publicam os dois volumes do material
intitulado Tudo Bem? Português para a nova geração. A proposta é de
58
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
apresentar um material dirigido às necessidades de um público jovem, que tenha
pelo menos 11 anos. Tendo esse aspecto em vista, há situações, léxico e
atividades direcionados para esse público-alvo. Os dois volumes são
constituídos de 10 unidades cada um. Eles têm fixas as seções ‘Aprender’ e
‘Enfoque’ – denominações empregadas também em Bem-Vindo, das mesmas
autoras. Na primeira é possível encontrar diálogos e vocabulário. Já na seção
‘Enfoque’ está localizado o conteúdo gramatical da unidade. As demais seções,
apresentadas nos quadros que seguem, têm uma distribuição particular em cada
um dos volumes.
Unidade 1
Unidade 2
Unidade 3
Unidade 4
Unidade 5
Unidade 6
Unidade 7
Unidade 8
Unidade 9
Unidade 10
Aprender
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Enfoque
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Solte a língua
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
O que é, o que é???
X
X
X
X
X
X
X
Conectando-se
X
X
X
X
X
X
X
X
Psiu!
X
X
X
X
X
X
X
X
Música
X
Piadas
X
X
Você sabia que...?
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Unidade 2
Unidade 3
Unidade 4
Unidade 5
Unidade 6
Unidade 7
Unidade 8
Unidade 9
Unidade 10
Quadro 2.4: Tudo Bem? Português para a nova geração – Vol. 2 – distribuição do conteúdo
Unidade 1
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Quadro 2.3: Tudo Bem? Português para a nova geração – Vol. 1 – distribuição do conteúdo
Aprender
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Enfoque
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Você sabia que?
X
X
X
X
X
X
X
Geografia do Brasil
X
X
X
X
Humor
X
X
X
X
X
Na Região... fala-se assim
X
X
X
X
Psiu
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Poema
Curiosidades
X
X
Trabalho: um novo desafio
X
X
X
X
X
História do Brasil
X
X
X
X
X
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
59
Tal como em Bem-Vindo!, as autoras de Tudo Bem? Afirmam que a
prioridade é a comunicação natural e espontânea. A gramática e sua
sistematização, no entanto, não são desconsideradas. Uma vez mais, o
sumário da obra não é claro com relação ao conteúdo comunicativo da
unidade, pois na rubrica ‘Aprenda’ é possível encontrar a indicação de uma
situação (p. ex.: “No aeroporto” - unidade 10 do volume 1), um tema (p. ex.:
“Estações do ano / Tempo” – unidade 4 do volume 1) ou, de modo menos
freqüente, a sugestão de um ato de fala (“Cumprimentos / Apresentação / O
alfabeto” – unidade 1 do volume 1). Vale frisar que no caso de apresentação de
uma situação fica a dúvida com relação aos atos que serão priorizados, uma
vez que em um aeroporto, por exemplo, pode-se comprar, pedir informação,
reclamar, entre outros tantos atos possíveis.
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Tendo o exposto acima em vista, seria esperado não localizar no índice
informação relativa ao ensino da emissão da opinião. Na verdade, não há
menção explícita aos atos de fala que serão focalizados ao longo da obra. No
entanto, nos dois volumes, são introduzidos alguns exercícios que têm como
objetivo apresentar / fixar / reforçar tais atos. No caso da opinião, há propostas
presentes desde o primeiro volume como as transcritas a seguir.
Exemplo 24:
• De qual inovação você gostou mais? Por quê? (Ponce, Burim e Florissi,
2003, p.52)23
• E vocês? Discuta com seu colega: Vocês acham, que “a vida vai acabar
encontrando um jeito bom da gente ser feliz?” Vocês acham que no
futuro teremos rios limpos, peixes nadando, ar puro, pássaros voando?
O que vocês acham que as pessoas deverão fazer para não destruir o
futuro da Terra? Vocês já estão contribuindo para isso? (Ponce, Burim e
Florissi, 2003, p.120)
• Agora cada aluno deve escrever sobre o que discutiram. Não se
esqueça de colocar: a situação atual (comparação com o passado), a
sua opinião a respeito do tema e sua opinião sobre o futuro. Façam
introdução, idéia central e conclusão. (Ponce, Burim e Florissi, 2003,
p.121)
• Você acha mais interessante, no Exterior, morar em casa de família ou
em alojamento de estudantes? Por quê? (Ponce, Burim e Florissi, 2002,
p.18)
• Você acha que a mulher tem que ser mais educada que o homem?
(Ponce, Burim e Florissi, 2002, p.65)
• O que você acha das pichações? (Ponce, Burim e Florissi, 2002, p.128)
Ainda com relação ao ato de opinar, no material Tudo bem? Português
para a nova geração, vale destacar que no volume 2, há, no final da última
unidade, um quadro em que são apresentadas expressões introdutórias da
opinião, seguido de exercício para emprego das expressões (cf. Figura 2.2).
23
Os exemplos do primeiro volume foram extraídos da segunda edição, publicada em 2003.
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
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Figura 2.2: Dando Opiniões (Tudo Bem? Português para a nova geração – volume 2)
60
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
61
Na mesma linha de Diálogo Brasil, é publicado, em 2006, mais um material
voltado para o mundo dos negócios. Trata-se de mais uma publicação de Ponce,
Burim e Florissi – Panorama Brasil: ensino do português no mundo dos
negócios. A obra é composta por dez unidades que abordam áreas relacionadas
ao mundo dos negócios, além de um apêndice que contém as explicações
gramaticais dos tópicos apontados nas diferentes unidades. Voltado para um
público de nível intermediário/avançado, o livro apresenta, desde o início, textos
para leitura e propostas para discussão.
Com relação à questão da opinião, observou-se, mais uma vez, que não
há seção específica para seu ensino. Apesar disso, são propostos diversos
exercícios em que o aluno deverá opinar, alguns dos quais compõem o Exemplo
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25.
Exemplo 25:
• Você acha que o status do café está mudando lá fora? E no Brasil?
(Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.18)
• Na sua opinião, que tipo de informação lhe faz / fez mais falta sobre os
hábitos alimentares encontrados nas diversas regiões brasileiras?
(Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.18)
• Em sua opinião, o ‘saber tradicional’ tem alguma influência no mundo da
tecnologia? Caso sua resposta seja afirmativa, em que campos ele se
manifesta mais? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.30)
•
•
•
•
•
•
•
Na sua opinião, uma jóia é sempre associada a seu valor
monetário? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.40)
Na sua opinião, o design agrega realmente um valor especial à
jóia? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.40)
Guna chegou ao Brasil em 1973 e, obviamente, já tinha em seu
imaginário uma idéia do que encontraria por aqui. Na sua opinião,
qual era a imagem mais divulgada do Brasil naquela época? Que
personagens eram internacionalmente famosos? (Ponce, Burim e
Florissi, 2006, p.42)
Que elementos, na sua opinião, nunca poderiam ser atribuídos à
felicidade? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.46)
Qual é a sua opinião sobre a doação de órgãos após a morte?
(Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.51)
Quais são, em sua opinião, as maiores dificuldades encontradas
por um profissional que se desloca para outro país sem a sua
família? (Ponce, Burim e Florissi, 2006, p.52)
Que idiomas, em sua opinião, deveriam ter prioridade de escolha
entre os jovens? Justifique suas escolhas. (Ponce, Burim e
Florissi, 2006, p.72)
No ano de 2001, é posto à disposição dos interessados em aprender
português do Brasil como segunda língua o material Interagindo em Português,
de Henriques e Grannier, composto de dois volumes. Direcionado, segundo as
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
62
autoras, tanto para jovens quanto adultos, e voltado para cobrir desde o nível
iniciante até o avançado, o material tem como objetivo desenvolver as quatro
habilidades e praticar as estratégias comunicativas.
No material Interagindo em Português 1 e 2, não foi encontrada uma
sistematização para o assunto em pauta. Em unidades isoladas, podem ser
localizadas situações ou trechos em que é sugerido ao estudante o ato de
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opinar, tal como ocorre no diálogo da p. 82, do volume 1.
Exemplo 26:
Quem são estas pessoas?
A: Então, que tal o Zé?
B: Ah, é... maravilha...
A: O que você me diz dele? Não é lindo?
B: Tem razão. Seu carro novo é lindo mesmo.
A: Carro? Do que você está falando? Ficou louca, é?
B: Ah, do modelo, da cor, do tamanho, tudo...
A: Já sei. Tem alguém aí perto. Acertei?
B: É isso aí.
A: Aposto que é seu pai. Não, não é não. Ele tá viajando. Meu Deus! É o Zé que
está aí com você?
B: É. Então, tá. Depois a gente se fala, né? Um beijo.
A: Nooossa! Outro...
(Grannier e Henriques, 2001, p. 82)
Em outra ocasião, no volume 2, as autoras pedem que o estudante dê a
sua opinião ao perguntarem “Você acha que Janine se adaptou bem aqui no
Brasil? Justifique.” (Grannier e Henriques, 2001, p. 61).
No ano de 2002, Celli publica o material Passagens – português do Brasil
para estrangeiros. O livro, voltado para o nível pré-intermediário e destinado a
adolescentes e adultos, apresenta uma organização de conteúdo particular, uma
vez que ele está distribuído em 222 unidades. Dessas, 39 se referem a revisão
de conteúdo e 4 a apresentação de informações relativas à pronúncia do
português. No final, há um apêndice. O grande número de unidades se deve ao
fato de que cada página do livro corresponde a uma unidade. Com isso, parece
não haver coesão entre os conteúdos propostos nem uma diretriz clara para a
progressão dos mesmos.
Apesar da preocupação da autora em “dar ao aluno condições de
desenvolver habilidades de comunicação (ler-falar-ouvir e escrever)”, não há
apresentação consistente dos objetivos comunicativos de cada unidade. Tal
como visto por ocasião da análise de outros materiais, não há referência ao
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
63
modo como elaboramos a opinião. No entanto, há, mais uma vez, ao longo do
livro, exercícios que exigem que o aluno dê sua opinião como os que seguem.
Exemplo 27:
• Na sua opinião, que línguas um turista deve saber? (Celli, 2002, p.1)
• Sua opinião: As crianças devem ter muitas atividades durante o dia?
Explique seu ponto de vista. (Celli, 2002, p.58)
• Qual é a sua opinião sobre os cursos de defesa pessoal? (Celli, 2002,
p.64)
• O que você acha de uma mulher ser motorista de ônibus, de táxi ou de
caminhão? (Celli, 2002, p.117)
• Que profissões, na sua opinião, são consideradas essencialmente
masculinas? (Celli, 2002, p.117)
Em 2005, Bizon e Patrocínio – esta também autora de Fala Brasil:
português para estrangeiros e Sempre Amigos: Fala Brasil para jovens –
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publicam Estação Brasil: português para estrangeiros para aqueles que já têm
proficiência básica em língua portuguesa e desejam ampliá-la. Diferentemente
de outros materiais analisados neste capítulo, Estação Brasil não oferece
sistematização gramatical ao estudante. São oferecidas quatro linhas temáticas
(1) Questões culturais, (2) Cidadania e cotidiano, (3) Trabalho e qualidade de
vida e (4) Linguagens, dentro das quais é possível encontrar textos e tarefas que
privilegiam produção escrita, atividades de produção oral, bem como atividades
de compreensão oral. Com isso, as autoras pretendem não só proporcionar
momentos para que o estudante melhore sua proficiência e utilize a língua
portuguesa nas modalidades escrita e oral, mas também um espaço de reflexão
intercultural.
Apesar de não haver direcionamento para a emissão da opinião, as
autoras fazem uma observação na seção ‘Comportamento e linguagem’, inserida
no Capítulo 1, que se aplica à problemática da emissão da opinião,
principalmente daquela que estamos classificando nesta pesquisa como
desfavorável. O trecho, transcrito a seguir, trata de indiretividade do brasileiro
quando confrontado a algumas situações particulares.
Talvez você já tenha observado que, em algumas culturas, como na oriental, não é
aceitável ser muito direto; pode ser rude.
Uma das características atribuídas ao brasileiro é a de ser cordial. Talvez essa
atribuição se justifique, em parte, pelo uso freqüente de expressões não diretivas,
como o caso de se evitar o não, mencionado acima.
Entretanto, esse é um estereótipo que não pode ser tomado como regra geral.
Dependendo da situação, as pessoas podem utilizar uma linguagem mais ou
menos direta. (Bizon e Fontão, 2005, p.14)
O ato de opinar em materiais didáticos de PL2E.
64
O trecho transcrito acima vem ilustrado por dois exemplos que refletem
apenas os atos de recusar e reclamar, ameaçadores à face como o ato de opinar
desfavoravelmente, e mostram como realizar esses atos empregando uma
linguagem direta ou sutil. Além disso, os exercícios que seguem também
apresentam apenas os atos mencionados, desconsiderando a problemática que
envolve, na mesma medida, a emissão da opinião.
Como se pôde ver, os materiais de PL2E publicados no Brasil e
disponíveis no mercado, independentemente da orientação – forma ou uso – não
apresentam, de modo geral, um estudo sistemático a respeito do modo como
elaboramos a opinião favorável ou desfavorável. É de fundamental importância
que estudantes e professores estejam informados a respeito das possibilidades
de que dispomos dentro do sistema da língua e também das estratégias
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possíveis de emissão dessa opinião, pois, desse modo, ruídos e mal entendidos
durante a conversação em língua portuguesa podem ser minimizados.
A análise das obras selecionadas demonstra, em resumo, que ainda há
uma lacuna a ser preenchida e que, portanto, o assunto deve ser tratado a fim
de que seja esboçado um panorama mais claro a respeito de como brasileiros
opinam. Isso permitirá que professores de PL2E tenham mais subsídios para a
elaboração de material a respeito do assunto.
3
Fundamentação Teórica
“Estou com a maioria” é como alguém, não querendo se expor, mascara sua opinião diante
de uma discussão politicamente inflamável – sem ter a menor idéia de quem está com a
maioria ou o que ele pensa. (Keep, 2003, p. 152).
Neste
trabalho,
conforme
apontado
na
introdução,
pretende-se
empreender um estudo sobre a opinião, com foco na emissão da ‘Opinião
Desfavorável’, a fim de melhor compreendermos as estratégias empregadas na
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elaboração desse ato por falantes de português do Brasil. Tendo esse objetivo
em vista, iniciaremos este capítulo tecendo considerações a respeito da
definição do que seja opinar para, em seguida, apresentarmos uma revisão
bibliográfica que contempla estudos que têm como foco a questão da opinião.
Na terceira parte, trataremos de alguns princípios da Lingüística SistêmicoFuncional em que este trabalho se apóia. Na seqüência, discorreremos a
respeito dos pressupostos da Pragmática e da Antropologia Social relevantes
para esta pesquisa.
3.1
Opinar: delineando uma definição24
Dentre as atividades lingüísticas que realizamos rotineiramente, podemos
considerar que o ato de opinar ou de expressar uma opinião é realizado com
relativa freqüência. Em inúmeras situações somos instados a emitir um parecer a
respeito de algo ou de alguém, seja no ambiente de trabalho, no familiar ou entre
amigos. Nessas ocasiões, não é incomum termos de dar uma opinião sobre,
respectivamente, um projeto, um novo prato preparado com esmero por algum
parente ou o último filme em cartaz. A realização do ato de opinar, conforme
será visto mais adiante, não é, no entanto, tão simples quanto possam deixar
transparecer os exemplos citados.
Segundo Ferreira (1986), há quatro acepções possíveis para o termo
opinar.
24
Esta seção está pautada em Almeida (2004).
Fundamentação teórica
66
Opinar – [Do lat. Opinare] V. Int. 1. Expor o que julga acerca de um assunto em
estudo, deliberação, etc.; dar o seu parecer. 2. Dizer manifestando opinião. T. i. 3.
Expor o que julga; dar o seu parecer. T.d. 4. Ser de opinião; dizer, manifestando
opinião; julgar; entender. (Ferreira, 1986, p. 1227).
A definição mencionada deixa claro que está vinculada, ao termo opinar, a
noção de julgamento de valor, a qual, por sua vez, já estava presente na palavra
latina opīnō, ās, āre, cujo sentido era ‘julgar, pensar, crer’ (Torrinha: s.d., p. 588).
O estabelecimento de uma associação entre o conceito de opinião e a
categoria de julgamento também pode ser observado na definição elaborada por
Charaudeau e Maingueneau (2004) para o referido conceito. Os autores fazem
igualmente menção à possibilidade de a opinião estar vinculada a uma
modalidade e ao conceito sociológico de “opinião pública”. A opinião como
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modalidade exprime, segundo os autores:
o lugar que o propósito do enunciado ocupa no universo de crenças do sujeito
falante, atitude intelectiva que pode ser marcada por verbos (eu penso, eu creio,
eu duvido etc.) ou por advérbio (provavelmente, possivelmente etc.). (Charaudeau
e Maingueneau: 2004, p. 353).
Ainda como modalidade, a opinião faria parte dos atos elocutivos ou
locutivos – aqueles em que o “locutor situa seu propósito em relação a ele
mesmo” (Charaudeau: 1992, p. 575). Enquanto categoria de julgamento, a
opinião seria resultante de uma atividade de pensamento. Conforme definem os
autores em epígrafe, a opinião, nesse caso, “salienta, portanto, um julgamento
hipotético que se pronuncia a favor ou contra os fatos do mundo” (Charaudeau e
Maingueneau: 2004, p. 353). Nesse caso, a opinião é “oriunda do sujeito; ela
reflete a atitude avaliativa do sujeito a propósito de um saber e lhe interna” (op.
cit. loc. cit.). Por fim, Charaudeau e Maingueneau fazem referência ao conceito
de opinião pública, lembrando que se adentra, nesse caso, o campo da
sociologia, da ciência política e da psicologia social. Nessa última vertente
insere-se, de algum modo, o trabalho desenvolvido por Tarde (1991 [1910]),
referido a seguir.
Tarde (1991 [1910]), em seu ensaio sobre a opinião e a conversa, cujos
objetivos são (1) tratar de assuntos relacionados à opinião pública e (2)
estabelecer os primeiros elementos da ciência que a estudaria, elabora algumas
questões que nos levam a refletir sobre a essência da opinião em si, tais como:
“O que é a opinião? Como se gera? Quais são as suas diversas fontes? (...)
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
67
Qual a sua fecundidade e a sua importância social?” (Tarde: 1991 [1910], p. 58).
A busca de respostas para essas questões é, certamente, de fundamental
importância para que seja possível compreender o ato de opinar.
Segundo Tarde, o termo opinião se confunde com duas noções que
parecem estar interligadas “a opinião propriamente dita, entendida como
conjunto de julgamentos, e a vontade geral, que é o conjunto dos desejos”
(Tarde: 1991 [1910], p. 58). Observa-se que esse autor também estabelece um
vínculo entre opinar e julgar. Ampliando sua definição, Tarde compara a opinião
a um “agrupamento momentâneo e mais ou menos lógico de julgamentos”
(Tarde: 1991 [1910], p. 61), deixando transparecer a idéia de que a construção
da opinião pode ser considerada algo sócio-historicamente construído.
Na
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mesma perspectiva, Silveira (2000) faz a seguinte afirmação:
(...) uma opinião individual é uma forma especial de representação mental, ou seja
uma forma de avaliar algo/alguém, tendo por parâmetro o marco das cognições
sociais de seu grupo. Tal marco é que dá identidade cultural aos diferentes
membros de um grupo social, ainda que eles construam opiniões variadas
enquanto indivíduos. (Silveira, 2000, p. 15)
Ao solicitarmos a opinião de alguém, queremos, conforme visto nas
definições anteriormente citadas, que uma avaliação (ou julgamento) seja feita.
Isso, entretanto, pode gerar polêmicas e implicações sociais, sobretudo nos
casos em que a opinião a ser emitida é de valor negativo. Quais, por exemplo,
seriam os impactos de uma ‘Opinião Desfavorável’ sobre o ouvinte? Qual o grau
de aceitabilidade desse tipo de opinião no contexto brasileiro? Quando ela pode
ser proferida, em que contextos e diante de quem? Quais são as estratégias
lingüístico-discursivas que empregamos para elaborarmos a emissão dessa
opinião e, conseqüentemente, da avaliação? Mais adiante, procuraremos discutir
o fato de que a emissão da opinião envolve não só o desenvolvimento de uma
competência lingüística, mas, principalmente, conhecimentos pragmáticoculturais. A seguir, serão apresentados alguns estudos empreendidos a respeito
da elaboração da opinião.
Fundamentação teórica
68
3.2
Estudos sobre a expressão da opinião
Os estudos lingüísticos sobre o ato de opinar, quando comparados aos de
desculpar-se ou fazer pedidos, parecem apresentar-se em menor número, tanto
em inglês quanto em português, sendo esta última uma língua em que ainda há
pouca pesquisa sobre o assunto.
Strauss (2004), no seu estudo em que discute a importância de o falante
indicar sua posição cultural (cultural standing) no momento em que expressa sua
opinião a respeito de um tópico previamente discutido, apresenta três
perspectivas dentro das quais normalmente se distribuem os estudos sobre a
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expressão da opinião.
A primeira delas parte do princípio de que a opinião é emitida por ocasião
de uma conversa, inserindo-se em sua estrutura. Desse modo, encontram-se,
nessa perspectiva, os trabalhos que discutem a maneira como as conversas são
estruturadas. Trata-se de estudos da linha da Análise da Conversação, tais
como os de Pomerantz (1984), Mulkay (1985) e Almeida (2003), entre outros.
Em artigo intitulado “Agreeing and disagreeing with assessments: some
features of preferred / dispreferred turn shapes” (1984), Pomerantz estuda a
concordância e a discordância em construções avaliativas ou opinativas,
sobretudo em segundas avaliações, momento em que alguém emite parecer a
respeito do referente mencionado em um “enunciado avaliativo inicial” (Bastos &
Pereira, 1998). Conforme definição de Ferreira (1986), concordar e discordar
significam, respectivamente “ter a mesma opinião sobre; pôr-se de acordo em;
acordar” (p. 447) e “não concordar [não ter a mesma opinião sobre]25, estar em
desarmonia; ser incompatível; divergir” (p. 596), tendo, portanto, o estudo em
epígrafe pontos de contato com o assunto desta pesquisa. Essas construções
avaliativas ou opinativas são tidas como produtos da participação do falante;
com sua opinião, ele demonstra conhecimento daquilo que está avaliando. A
autora busca, então, apresentar aspectos da coordenação das segundas
avaliações com suas precedentes, bem como descrever os tipos de organização
que são relevantes para a produção das segundas avaliações, empregando,
para tanto, as noções de preferência e não-preferência. Como se pôde observar,
25
Nota explicativa da autora.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
69
a pesquisa de Pomerantz, bem como outros a serem descritos posteriormente,
volta-se para o estudo das segundas avaliações ou opiniões.
Há de se destacar ainda, nessa linha, o estudo de Mulkay (1985) que,
partindo da pesquisa de Pomeranz (1984), e analisando também dados em
inglês, estudou o mesmo assunto em correspondências trocadas entre
cientistas. Em português, merecem destaque os estudos realizados por Oliveira
(1996) e por Bastos e Pereira (1998). Enquanto o primeiro trata da organização
da preferência em cartas de pedidos de empresas estatais brasileiras, no
segundo as autoras analisam uma reunião de treinamento gerencial, tendo em
vista os conceitos acima mencionados ao lado dos de alinhamento, participação
e polidez.
O trabalho de Almeida (2003), bem como os precedentes, apóia-se no
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estudo de Pomerantz (1984), por ter em foco o emprego dos conceitos de
preferência e não-preferência e por ter como objetivo investigar a organização da
preferência por ocasião da emissão de avaliações, tendo em vista um contexto
informal. O diferencial entre os dois estudos pode ser definido em termos do tipo
de contexto informal observado. Na pesquisa empreendida por Almeida foi
analisada uma reunião de família brasileira. Nesse caso, esteve, portanto, em
foco o uso de conversação cotidiana espontânea em língua portuguesa. Em sua
conclusão, Almeida apontou para o fato de que as categorias derivadas do
trabalho de Pomerantz e empregadas para descrever os casos encontrados em
português não foram suficientes, tendo sido necessário criar uma nova categoria
– a da concordância construída com repetição do verbo da avaliação inicial –
para dar prosseguimento à pesquisa.
Vale destacar que os trabalhos de Pomerantz (1984) e Mulkay (1985)
abordam casos do inglês, enquanto Oliveira (1996), Bastos e Pereira (1998) e
Almeida (2003) apresentam dados do português, buscando todos identificar
estratégias empregadas na elaboração da avaliação ou opinião. É também digno
de nota o fato de que esses trabalhos, por se dedicarem a questões de
concordância e discordância, estão voltados para a análise das segundas
avaliações ou opiniões. Na presente pesquisa, diferentemente dos trabalhos
citados, estaremos focalizando a emissão da primeira avaliação / opinião ou
opinião por solicitação.
A segunda perspectiva apontada por Strauss (2004) agrupa aqueles
trabalhos que têm como foco a investigação, a partir do conceito de ‘face’, de
70
Fundamentação teórica
como as relações sociais de poder e solidariedade afetam a expressão de
pontos de vista potencialmente ofensivos, como é o caso da opinião
desfavorável, principalmente diante do fato de que as pessoas querem que sua
identidade e suas escolhas, por exemplo, sejam validadas por todos. São
referências dessa perspectiva os trabalhos inseridos no âmbito da Teoria da
Polidez, tais como o de Brown & Levinson (1987) e o de Galembeck (1999),
sendo este um estudo a respeito do português. Mais adiante será apresentado
um panorama mais detalhado da referida teoria [v. 3.4.2] e de alguns conceitos
relacionados, empregados neste estudo.
Em terceiro lugar, mas não menos importante, estão os trabalhos que
tratam da modalidade epistêmica e que focalizam os meios empregados pelos
falantes para (1) marcar que tipo de provas eles têm para dar sustentação às
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afirmações que fazem, bem como para (2) indicar o grau de certeza que
atribuem a tais afirmações.
Um exemplo desse tipo de estudo é, conforme
aponta Strauss (2004), o de Chafe & Nichols (1986).
Tendo em vista o exposto nesta sessão intitulada “Estudos sobre a
expressão da opinião”, foi possível verificar que a elaboração da opinião em
português do Brasil é, ainda hoje, assunto de um número reduzido de pesquisas,
sendo estas, na maior parte das vezes, direcionadas para o estudo das
segundas opiniões. Na sessão a seguir, será apresentada a visão de língua e
linguagem em que se insere este estudo, além de apontar a importância da
noção de contexto e de categorias que nos permitirão, posteriormente,
empreender uma análise contextual.
3.3
Lingüística sistêmico-funcional e a relação língua-usuário-contexto26
Tendo em vista o fato de que esta pesquisa visa o estudo da linguagem
em uso e que se pauta, portanto, na relação entre língua, usuário e contexto,
acreditamos que o aparato teórico fornecido pela abordagem sistêmico-funcional
seja produtivo para este trabalho.
Segundo Neves (1997), o estudo de uma língua a partir de uma
abordagem funcionalista “tem como questão básica de interesse a verificação de
como se obtém a comunicação com essa língua, isto é, a verificação do modo
como os usuários da língua se comunicam eficientemente” (Neves, 1997, p. 2).
26
Esta seção está pautada em trabalho anterior elaborado pela autora (Almeida, 2002).
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
71
Nessa perspectiva, considera-se que a língua serve a determinadas funções ou
propósitos como, por exemplo, expressar opinião, comunicar idéias ou reclamar
(Crystal, 2000). Desse modo, o que se busca neste trabalho é investigar como
os usuários da língua portuguesa comunicam suas opiniões.
A gramática sistêmico-funcional, tal como proposta por Halliday (1994),
tem como objetivo não só descrever o sistema da língua, mas também as formas
pelas quais esse sistema se relaciona com os textos – instâncias reais de língua.
Halliday (1994, p. xiii) denomina a sua gramática de ‘gramática funcional’ e
fornece três razões para isso. A primeira delas aponta para o fato de que nessa
gramática discute-se como a língua é usada, levando-se em consideração
aspectos relativos ao contexto de uso. A segunda razão é pautada na
compreensão que o significado em uma língua contém componentes funcionais
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(as metafunções). Em último lugar, o autor nos lembra que cada elemento em
uma língua é explicado com referência à sua função no sistema lingüístico.
O fato de considerar como essenciais em uma gramática questões
relacionadas a significado e uso faz com que a gramática proposta por Halliday
seja de base semântica (significado) e funcional (uso) (Bloor e Bloor, 1995, p. 1).
No quadro teórico da gramática sistêmico-funcional, a linguagem deixa de
ser considerada como representação do pensamento ou como mero instrumento
de comunicação (Koch, 1998) e passa a ser considerada como um sistema de
construção de significados. Nessa ótica, a linguagem é vista como o lugar de
interação, pois através de seu uso, interagimos com o outro – processo durante
o qual são construídos e reconstruídos os significados. Isso revela o caráter
dinâmico da linguagem, pois o sistema é atualizado de diferentes maneiras a
cada vez que é acessado.
A linguagem a ser considerada, na perspectiva hallidiana, é aquela
empregada em situações sociais reais atuais, por pessoas que têm um propósito
comunicativo. Considerar que ao usarmos a linguagem temos um propósito,
significa adotar uma visão funcional da linguagem e acreditar que, por meio da
linguagem, realizamos algo em um dado contexto, buscando atingir objetivos
(Halliday & Hasan, 1989, p. 15).
Na proposta hallidiana, partindo do princípio de que o contexto é peça
fundamental no processo de construção de significados, considera-se que a
linguagem se organiza em torno de dois sistemas, a saber: o sistema de dados
72
Fundamentação teórica
do contexto social e o sistema lingüístico, conforme ilustra a Figura 3.1,
apresentada adiante.
No que diz respeito ao sistema de dados do contexto social, observa-se a
existência de um subsistema contextual, formado, de acordo com a
denominação de Halliday, pelas três variáveis situacionais: campo (o que está
acontecendo), modo (o meio e o papel da linguagem) e relações (participantes e
suas relações) (cf. Halliday & Hasan, 1989).
Figura 3.1: A linguagem na gramática sistêmico-funcional
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LINGUAGEM
Sistema lingüístico
Sistema de dados do
contexto social
Subsistema
contextual
Subsistema
semântico
Subsistema léxicogramatical
Subsistema
fonológico
A combinação das escolhas feitas a partir do repertório de possibilidades
fornecidas por cada variável dá formato àquilo que Halliday denomina
Configuração Contextual (CC). A cada nova combinação de escolhas, portanto,
obtém-se uma nova CC (Halliday e Hasan, 1989, p. 55). (v. Figura 3.2).
Merece destaque a importância que ganham os dados contextuais na
elaboração do discurso. No caso da emissão de opiniões, conforme veremos
mais adiante no Capítulo 5, bem como de outros atos de fala, é a definição do
contexto que fornecerá as pistas para que o falante faça as suas escolhas no
sistema da língua [sistema lingüístico].
O sistema de escolhas disponíveis é a “gramática” da língua, a partir da qual, o
falante ou escritor faz suas seleções. Essas seleções não são feitas no vácuo,
mas de acordo com o contexto das situações de comunicação. Os atos de fala
subentendem, por isso, a prática criativa e repetitiva de fazer opções em situações
e cenários sociais e pessoais. (Halliday, 1970, p. 142)27
27
The system of available options is the ‘grammar’ of the language, and the speaker, or writer,
selects within this system: not in vacuo, but in the context of speech situations. Speech acts thus
involve the creative and repetitive exercise of options in social and personal situations and settings.
(Halliday, 1970, p. 142).
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
73
Logo, a seleção das formas será definida pelas características do contexto.
Para isso é necessário que saibamos com quem falamos, qual é o tipo de
relacionamento existente entre os participantes e onde se dá a interação. Na
teoria hallidiana, conforme ilustrado na Figura 3.1, o contexto de situação é
fundamental, pois é ele que fornece aos participantes de uma interação grande
parte das informações sobre os significados que estão sendo negociados e
sobre aqueles que são mais prováveis.
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Figura 3.2: Processo de formação da Configuração Contextual
Fatores concernentes à situação concreta ou contexto, aos papéis dos
participantes, aos seus propósitos e objetivos afetam sobremaneira a escolha, a
estruturação e a natureza do texto. Assim, o texto [oral ou escrito] e, portanto, o
ato de emitir uma opinião desfavorável, deve ser visto em relação ao contexto
em que foi produzido.
3.4
Pragmática
Este trabalho, além de buscar apoio em princípios e conceitos da
gramática sistêmico-funcional, fundamenta-se em pressupostos da pragmática
Fundamentação teórica
74
por ser esta uma área preocupada com o estudo do significado elaborado por
um falante e interpretado por um ouvinte tendo em vista um contexto específico
– elementos fundamentais para uma compreensão adequada a respeito do
modo como elaboramos uma opinião desfavorável. Com relação à importância
do contexto, Moura (2000), ao tratar da fronteira entre a semântica e a
pragmática, argumenta que nesta última a significação é contextualmente
dependente (op. cit, p. 66). Além disso, outro aspecto de relevância para este
estudo reside no fato de que a pragmática considera igualmente o fato de que
comunicamos muito mais do que apenas aquilo que falamos. As teorias
pragmáticas empregadas para análise e aqui consideradas são: a teoria dos atos
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de fala e a teoria da polidez.
3.4.1
Teoria dos atos de fala
A teoria dos atos de fala é comumente associada aos filósofos J. L. Austin
e John Searle por conta da importância que têm seus trabalhos para a
formulação das bases dessa teoria. Enquanto a obra do primeiro – How to do
things with words, publicada postumamente em 1962 – é tida como a base sobre
a qual se fixaram os pilares da referida teoria, os estudos de Searle – Speech
Acts e Expression and Meaning, publicados respectivamente em 1969 e 197928 –
são reconhecidos por terem apresentado uma ampliação e um desenvolvimento
mais sistemático da teoria dos atos de fala, além de sua semantização. (Cook,
2001; Santos, 2003; Charaudeau e Maingueneau, 2004; Kerbrat-Orecchioni,
2005).
Na teoria dos atos de fala, o princípio geral subjacente prevê que agimos
por meio da linguagem ou, como sugere o título da obra de Austin, pode-se
afirmar que dizer é fazer. De acordo com este autor, a função fundamental da
linguagem não é descrever o mundo, mas comunicar (Costa, 2002). Tendo esse
aspecto em vista, não se parte da análise de frases, mas de enunciados
(utterances), pois estes são atos realizados em situações concretas de
comunicação. A linguagem, nessa teoria, é entendida não como expressão do
pensamento ou como um instrumento, mas como uma forma de ação. Essas três
concepções de linguagem, revistas por Travaglia (1997), podem ser assim
resumidas:
28
Neste trabalho, faremos referência às obras traduzidas – Os actos de fala, publicada em 1981 e
Expressão e Significado, publicada em 1995.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
75
Linguagem como expressão do pensamento: para essa concepção as pessoas
não se expressam bem porque não pensam. A expressão se constrói no interior
da mente, sendo sua exteriorização apenas uma tradução. A enunciação é um ato
monológico, individual, que não é afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que
constituem a situação social em que a enunciação acontece.
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Linguagem como instrumento: nessa concepção a língua é vista como um código,
ou seja, como um conjunto de signos que se combinam segundo regras, e que é
capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um receptor.
(...) Essa concepção levou ao estudo da língua enquanto código virtual, isolado de
sua utilização (...). Isso fez com que a Lingüística não considerasse os
interlocutores e a situação de uso como determinantes das unidades e regras que
constituem a língua, isto é, afastou o indivíduo falante do processo de produção,
do que é social e histórico na língua.
Linguagem como processo de interação [ou forma de ação]29: nessa concepção o
que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão-somente traduzir ou exteriorizar um
pensamento, ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir,
atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor). A linguagem é, pois, um lugar de
interação humana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido
entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um contexto
sócio-histórico e ideológico.
(Travaglia: 1997, pp. 21-23)
Com o estabelecimento da terceira concepção apresentada – linguagem
como processo de interação ou forma de ação – passa, então, a haver a
compreensão de que toda atividade verbal tem um caráter acional, conforme
afirma, por exemplo, Yule (2003):
Na tentativa de se expressar, as pessoas não apenas produzem enunciados que
contêm estruturas gramaticais e palavras, mas realizam ações por meio desses
enunciados. (Yule, 2003, p. 47)30
A perspectiva apresentada, no entanto, não é exclusiva da obra de Austin
ou Searle, pois ela já vinha sendo desenvolvida anteriormente em outros campos
do saber por estudiosos como: Aristóteles, Benveniste, Malinowski e
Wittgenstein (Costa, 2002; Kerbrat-Orecchioni, 2005).
No campo da filosofia, Wittgenstein é, sem dúvida, um nome a considerar.
Sua obra é dividida em dois momentos (Nef, 1995; Marcondes, 1997). O primeiro
29
30
Observação da autora.
In attempting to express themselves, people do not only produce utterances containing
grammatical structures and words, they perform actions via those utterances. (p. 47)
Fundamentação teórica
76
momento, também conhecido como primeiro Wittgenstein, é marcado pela obra
‘Tractatus’ e o segundo Wittgenstein, pela obra ‘Investigações filosóficas’.
No Tractatus, Wittgenstein propõe uma relação entre linguagem,
pensamento e mundo. Isso significa a existência de uma correspondência lógica
e direta entre as configurações de simples objetos presentes no mundo,
pensamentos na mente e palavras na língua. Desse modo, a configuração das
idéias na mente e a relação das palavras em uma sentença são idênticas na
forma com a estrutura da realidade que representam. Linguagem e pensamento
trabalham como um retrato do real e conceber ou falar do real significa ser capaz
de formar esse retrato (cf. teoria pictórica do significado in Marcondes: 1997, p.
269; teoria representacional do quadro in Nef: 1995, p. 146).
É preciso mencionar ainda que o primeiro Wittgenstein aborda a
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problemática que advém da inexistência de relação entre forma gramatical e
forma lógica da linguagem:
A maioria das proposições e questões dos filósofos surge de nosso fracasso em
compreender a lógica de nossa linguagem (Wittgenstein, apud Marcondes: 1997,
p. 269)
O que se pode depreender do primeiro Wittgenstein é a escolha por um
caminho não-mentalista para explicar o significado na linguagem. Isso significa,
antes de tudo, opor-se à premissa básica presente em uma visão mentalista,
resumida por Alston (1997, p. 41) da seguinte forma:
O que dá um certo significado a uma expressão lingüística é o fato de ela ser
regularmente usada na comunidade como a ‘marca’ de uma certa idéia. As idéias
com que fazemos o nosso pensamento têm uma existência e uma função
independentes da linguagem. (Alston,1997, p. 41)
Apesar de continuar na trilha de um caminho não-mentalista, o segundo
Wittgenstein se distancia daquele que é denominado o primeiro Wittgenstein.
O segundo Wittgenstein é marcado pela publicação da obra ‘Investigações
Filosóficas’ (1953), conforme exposto mais acima. Nessa obra, Wittgenstein
entende linguagem dentro de uma perspectiva de jogos da linguagem, deixando
de lado a visão anterior que a considerava sob seu aspecto lógico e
representacional (Marcondes: 1997, p. 270; Nef: 1995, p. 146).
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
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77
Podemos também imaginar que todo o processo do uso de palavras é um
daqueles jogos por meio dos quais as crianças aprendem sua língua materna.
Chamarei esses jogos de “jogos de linguagem” (...) (Wittgenstein 1979, §7)
Wittgenstein considera, portanto, que estamos sempre atuando com jogos
de linguagem, ou seja, não é possível entendermos as palavras apenas com
relação aos objetos presentes no mundo, conforme ele havia concebido
anteriormente.
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As crianças são educadas para executar essas atividades, para usar essas
palavras ao executá-las, e para reagir assim às palavras dos outros. (Wittgenstein
1979, §6)
Para entendê-las é necessário conhecer o contexto de atividades humanas
não lingüísticas nas quais o uso da linguagem é elaborado. Na sua concepção,
as palavras e as suas circunstâncias comportamentais constituem o jogo de
linguagem. Segundo Nef (op.cit., p. 148), nessa nova perspectiva Wittgenstein
se propõe a trocar o binômio significação e verdade pelo de significação e uso
(“A significação é o uso”), permitindo-lhe considerar atos diversos como, por
exemplo, dar ordens ou interrogar. Trata-se, enfim, de considerar a linguagem
uma prática social.
Tendo o exposto em vista, conclui-se que o segundo Wittgenstein adota
uma visão pragmática para explicar o sentido da expressão lingüística.
No âmbito da teoria dos atos de fala, falar ou usar uma língua pressupõe a
execução, dentro de um contexto sócio-cultural determinado, de diferentes atos
de fala, definidos como “unidades básicas ou mínimas de comunicação
lingüística” (Searle, 1981, p. 26) (cf. Rose, 1992; Nelson, 2002a). Como o ato de
fala é, conforme apresentado, a ação realizada via uma elocução (Yule, 2003),
considera-se, portanto, como atos de fala: fazer pedidos ou promessas,
desculpar-se, dar ordens, fazer afirmações, recusar, entre outros. A essa lista,
poderíamos, então, acrescentar o ato de fala ‘expressar uma opinião’, focalizado
nesta pesquisa com especial destaque para a ‘Opinião Desfavorável’. Merece
ainda atenção o fato de que a meta da teoria dos atos de fala é, de acordo com
Crystal, analisar “o papel dos enunciados em relação ao comportamento do
falante e do ouvinte em uma comunicação interpessoal” (Crystal: 2000, p. 34).
Fundamentação teórica
78
Desse modo, o ato de fala não deve ser visto de forma isolada, extraído de seu
contexto, conforme será visto mais adiante.
De acordo com Austin, a produção de um ato de fala envolve, de forma
simultânea, a produção de três atos, a saber: (1) ato locucionário, (2) ato
ilocucionário e (3) ato perlocucionário (Crystal, 2000; Saeed, 2000; Cook, 2001;
Corrêa, 2002; Costa, 2002; Santos, 2003; Yule, 2003; Kerbrat-Orecchioni, 2005)
(cf. Figura 3.3). O ato locucionário, também identificado como ato de enunciação
por Searle (1981, p. 35) ou ato de dizer por Crystal (2000, p. 143), diz respeito
ao ato de enunciar palavras por meio de um arranjo sintático, acrescido de
conteúdo semântico que lhe dá significado (Searle, 1981; Crystal, 2000; Corrêa,
2002). Quanto ao ato ilocucionário, pode-se dizer que ele é a realização do ato
em si, “o responsável por um fazer” (Corrêa, 2002, p. 42). Sua definição é
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elaborada tendo em vista o propósito comunicativo que o falante busca atingir,
fazendo com que alguns atos ilocucionários sejam designados pelos verbos a
seguir: prometer, afirmar, dar uma ordem, pedir etc. O ato perlocucionário, por
sua vez, diz respeito aos efeitos que são produzidos no ouvinte em função da
emissão de um ato de fala. O ato de ordenar, por exemplo, ao ser emitido por
um falante F, leva o ouvinte O a realizar uma ação ou fazer algo.
Figura 3.3: Atos que integram o ato de fala
A produção do ato de fala envolve, além dos três atos descritos
anteriormente, um componente denominado força ilocucionária ou ilocutória
(Kerbrat-Orecchioni: 2005, p. 28). Sua incidência sobre um determinado
enunciado faz com que este possa ser considerado um ato particular. A
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
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79
relevância da força ilocucionária se faz mais explícita nos casos em que um
mesmo ato locucionário indica dois ou mais atos de fala. No caso de “Bonito.”,
por exemplo, como uma possível resposta à indagação “O que você acha do
meu novo celular?”, podemos estar diante de um elogio ou opinião favorável,
opinião desfavorável31 ou, ainda, de uma repreensão. A cada interpretação,
deparamo-nos com uma análise diferente (cf. Figura 3.4), corroborando a
inexistência de uma relação de 1:1 entre a estrutura lingüística e o valor
ilocutório de um ato de fala, tal como aponta Kerbrat-Orecchioni:
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Não há uma relação biunívoca entre estrutura lingüística e valor ilocutório, uma
vez que um mesmo ato de fala pode ser realizado de maneiras diferentes e que,
de forma inversa, uma única estrutura lingüística pode expressar valores
ilocutórios distintos. (Kerbrat-Orecchioni: 2005, p. 7)
A tal fenômeno relaciona-se a questão da diretividade / indiretividade do
ato de fala. Normalmente, associa-se aos três tipos básicos de sentença –
declarativa, interrogativa e imperativa – três tipos gerais de atos de fala ou
funções comunicativas – afirmação, pergunta e pedido. Fala-se, portanto, em ato
de fala direto quando há uma relação estreita entre estrutura e função (afirmação
– sentença declarativa, pergunta – sentença interrogativa, pedido – sentença
imperativa). Caso contrário, poder-se-ia estar diante de um ato de fala indireto
(p. ex.: pedido realizado por meio de sentença interrogativa ou declarativa) (Yule,
2003).
Em português, tal como ocorre em inglês ou francês, os atos de fala
realizados de forma indireta são normalmente considerados mais polidos do que
os atos diretos.
No que diz respeito ao ensino de português para falantes de outras
línguas, podemos considerar que a inexistência de um paralelo entre estrutura
lingüística e valor ilocutório envolve uma certa problemática, na medida em que
sua resolução ultrapassa o nível da competência lexical e gramatical, pois esta
competência isolada não contempla a variedade de interpretações sugerida.
A determinação da força ilocucionária no caso apresentado e em outros
semelhantes está vinculada a duas questões: (1) Illocutionary Force Indicating
Devices (IFIDs) e (2) condições de felicidade.
31
V. Discussão sobre “Falsa opinião positiva”, no capítulo 5 - Análise dos dados.
Fundamentação teórica
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Figura 3.4: Incidência da força ilocucionária sobre o ato de fala
80
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
81
No caso das IFIDs, alguns autores consideram-nas como o meio mais
claro de indicar da força ilocucionária. Trata-se de explicitar o ato ilocucionário
realizado através da utilização de uma expressão que contenha o verbo que
nomeia o referido ato [o verbo performativo]. Como em grande parte das vezes o
verbo performativo não é mencionado de forma explícita, outros elementos
contam como IFIDs. Nesse caso, a força ilocucionária, em português, pode ser
marcada pelos seguintes processos: a ordem das palavras, o acento tônico, a
pontuação, o modo dos verbos e a entoação (Searle, 1981). Nesta pesquisa,
consideraremos esta última um fator de relevância para o estudo da expressão
da ‘Opinião Desfavorável’, pois a entoação, como se observou, é tida como um
“componente significativo na realização do ato de fala”, (Santos, 2003, p. 47) (cf.
Yule, 2003) já que nos permite dar significados diferentes a um mesmo
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enunciado, como exemplificam também as figuras a seguir.
Figura 3.5: Gráfico de contorno do enunciado “Bonita”, expressando opinião positiva [boNIta]
Figura 3.6: Gráfico de contorno do enunciado “Bonita”, expressando opinião desfavorável [boni:ta]
Fundamentação teórica
82
Figura 3.7: Gráfico de contorno do enunciado “Bonita, hein?!”, expressando opinião desfavorável e
irônica [boni::ta, hein?]
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Os três exemplos anteriormente citados foram produzidos por um falante
do português do Brasil, residente no estado do Rio de Janeiro, do sexo
masculino, como resposta à seguinte situação.
Seu amigo foi convidado para uma festa de casamento e precisa
comprar uma camisa. Um dia, na hora do almoço, ele aproveita que
está no shopping almoçando com você e lhe pede acompanhá-lo
até uma loja. Na loja, ele pede à vendedora para experimentar uma
camisa. Assim que ele termina de vesti-la, ele sai da cabine e lhe
pergunta: O que você acha dessa camisa?
Variação 1: Você acha a camisa realmente bonita. O que você lhe
diz?
Variação 2: Você não acha a camisa bonita. O que você lhe diz?
Dos três exemplos, o primeiro refere-se à variação 1 que exigia do falante
a emissão de uma opinião de valor positivo. Os exemplos 2 e 3, por sua vez,
referem-se à variação 2 que exigia a produção de uma opinião de valor negativo.
No entanto, podemos observar que todas as respostas são semelhantes na sua
forma, com destaque para o fato de que as opiniões de valor negativo [cf.
Figuras 3.6 e 3.7] não vêm acompanhadas de termos negativos. Nesse caso, o
que faz com que as três respostas sejam distintas? Conforme visto e de acordo
com o que mostram as ilustrações produzidas com o auxílio do programa
Speech Analyser, a entoação é o elemento que acarreta a alteração de
significado.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
83
No que diz respeito às condições de felicidade necessárias para a
determinação da força ilocucionária, pode-se considerar que elas se referem às
circunstâncias esperadas ou apropriadas para a realização de um certo ato de
fala. Espera-se que este seja bem sucedido na medida em que os critérios das
condições de felicidade forem satisfeitos. Essas condições se subdividem,
conforme descrito por Searle (1981) e retomado de forma mais sintética por Yule
(2003), em (1) condições gerais, (2) condições de conteúdo, (3) condições
preparatórias, (4) condições de sinceridade e (5) condições essenciais. Ambos
autores se utilizam do ato de fala “Prometer” para explicar as diferentes
condições. Desse modo, as condições gerais dizem respeito às condições
denominadas por Searle de input e output. Isso significa que os participantes
devem ter condições de produzir e compreender a língua que esteja sendo
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empregada. Vale destacar que, no caso do ensino de PL2E, essa é uma
condição fundamental para uma realização e uma compreensão adequadas de
qualquer ato de fala – não só da opinião desfavorável. Além disso, esse tipo de
condição prevê que os participantes não devem desenvolver “formas parasitárias
da comunicação, por exemplo, contar anedotas ou desempenhar um papel no
teatro” (Searle: 1981, p. 77).
Com relação às condições de conteúdo, tanto Searle quanto Yule dizem
que, no caso da promessa, é necessário que o enunciado diga respeito a um
evento futuro. Além disso, esse evento futuro deverá ser necessariamente uma
atitude futura do falante. No caso da opinião desfavorável, o enunciado diz
respeito a algo localizado no passado ou no presente, pois é necessário já ter
sido exposto ou estar em exposição à ação ou ao objeto a respeito do qual
deverá versar a opinião. Como opinar a respeito de algo que não foi ou que não
esteja sendo experienciado ou vivenciado?
No que diz respeito às condições preparatórias, os dois autores citados
argumentam, com base, mais uma vez, no exemplo da promessa, que deve
existir um beneficiário, alguém que deseje a realização da promessa. Além
desse elemento, o evento não se realiza por si só, devendo haver quem, de fato,
pratique e queira concretizar a promessa. Segundo Searle (1981, p. 79), é
preciso que “o prometido [seja] algo que o ouvinte quer que seja feito”. No caso
da opinião desfavorável, sua elaboração não pode prescindir de um recipiente –
algo ou alguém que seja o foco da opinião.
As condições de sinceridade, como a própria denominação sugere,
indicam o que o falante realmente tenciona realizar com um determinado ato de
84
Fundamentação teórica
fala. Já as condições essenciais, utilizando novamente o caso da promessa,
significam que se cria uma obrigação, por parte do falante, de levar adiante a
ação prometida.
No âmbito da teoria dos atos de fala, faz-se necessário também fazer
referência, ainda, ao conceito ‘evento de fala’ (speech event) que se refere às
circunstâncias que rodeiam a elocução, incluindo até mesmo outras elocuções.
Além disso, a natureza do evento de fala, em grande parte, determina a
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interpretação de um ato de fala realizado por uma elocução. Segundo Yule,
Um evento de fala é uma atividade em que os participantes interagem por meio da
linguagem de maneira convencional para chegar a determinado desfecho. Pode
incluir um ato de fala principal óbvio, como, por exemplo, ‘Eu realmente não gosto
disso’, em um evento de fala de ‘reclamação’, mas também irá abranger outros
enunciados que levarão a esta ação central e reagirão a ela em seguida. Na
maioria das vezes, um ‘pedido’ não é realizado por um único ato de fala enunciado
repentinamente. (Yule: 2003, p. 57).32
No quadro da referida teoria, Austin, propõe igualmente uma taxionomia
composta de cinco categorias dentro das quais são classificados os atos
ilocucionários, assim denominadas: (1) atos veriditivos, (2) atos expositivos, (3)
atos exercitivos, (4) atos comportativos e (5) atos compromissivos.
Searle
(1995), por sua vez, ao retomar e ampliar o trabalho de Austin, discute a
taxionomia citada e, com base nos critérios de propósito ilocucional, direção de
ajuste e condições de sinceridade, sugere nova taxionomia para classificação
dos atos ilocucionários, igualmente composta por cinco categorias, a saber: (1)
assertivos; (2) diretivos; (3) compromissivos; (4) expressivos e (5) declarações.
O propósito ilocucionário de cada uma das categorias pode ser resumido,
conforme proposta de Searle (op. cit.) da seguinte maneira:
Assertivos – comprometer o falante com a verdade da proposição
expressa (São exemplos os atos de afirmar e concluir);
Diretivos – levar o ouvinte a fazer algo (ex.: Você pode me emprestar
uma caneta?);
32
A speech event is an activity in which participants interact via language in some conventional
way to arrive at some outcome. It may include an obvious central speech act, such as ‘I don’t really
like this’, as in a speech event of ‘complaining’, but it will also include other utterances leading up to
and subsequently reacting to that central action. In most cases, a ‘request’ is not made by means
of a single speech act suddenly uttered. (Yule: 2003, p. 57)
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
85
Compromissivos – comprometer o falante com alguma linha futura de
ação (ex.: Prometo que farei todo o trabalho.);
Expressivos – expressar um estado psicológico, sentimentos (ex.: Sinto
muito pelo ocorrido.);
Declarações – provocar uma nova situação no mundo exterior (ex.: Eu te
batizo.).
O ato em foco nesta pesquisa parece estar inserido na categoria dos atos
expressivos, definida como aquela por meio da qual pode-se “... expressar
estados psicológicos que podem ser expressões de prazer, dor, preferências,
alegria ou tristeza. Estão relacionados à experiência do falante” (Yule: 2003, p.
53)33. Ao elaborar o ato de opinar desfavoravelmente, o falante verbaliza seu
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sentimento com relação a algo ou alguém.
3.4.1.1
Ato de fala e contexto sócio-cultural
A realização de um ato de fala, tal como apontado anteriormente, engloba
tanto o uso da forma lingüística quanto a submissão às normas sociais vigentes
em um dado contexto (Lorenzo-Dus: 2001, p. 109). Desse modo, sugere-se que
o estudo a respeito da produção de atos de fala seja associado a uma análise do
contexto sócio-cultural em que eles ocorrem.
O conceito de cultura que perpassa esta pesquisa é aquele que a
considera como uma forma de comunicação (Hall, 1959), como um modo que
tem uma comunidade de organizar a vida, de pensar, de tecer considerações a
respeito de assuntos diversos, dizendo respeito a todos os aspectos relativos à
vida social (Hall, 1959; DaMatta, 1986; Santos, 1994). Desse modo, trata-se de
algo que é próprio ao indivíduo e não abstrato ou alheio. Tal conceituação
afasta-se, portanto, de visões de cultura que a vêem como um possível sinônimo
para sofisticação, sabedoria, status, educação, estudo ou formação escolar
(DaMatta, 1986; Santos, 1994). Partindo da denominação de cultura objetiva e
cultura subjetiva, o presente trabalho, pelo que já foi dito, orienta-se para esta
última. Esses dois conceitos são retomados e sintetizados em artigo de autoria
de Meyer, Albuquerque e Alencar (2003):
33
“Express psychological states and can be statements of pleasure, pain, likes, dislikes, joy or
sorrow. They are about the speaker’s experience” (Yule: 2003, p. 53).
86
Fundamentação teórica
Cultura objetiva é aquela que se vê, se ouve, se toca; é aquilo que existe, que
alguém faz/fez, acontece/u, que pode ser nomeado. São portanto os produtos
concretos de um grupo social: a literatura, a música, a arquitetura, a culinária, o
folclore, a Historia, a estrutura política, etc. Importante, sem dúvida, mas não mais
do que a cultura subjetiva. Cultura subjetiva é aquela que se sente, se percebe, se
vive; é como se faz, por que se faz, para que se faz. São os princípios sociais e
pessoais que regem uma sociedade, os seus valores morais, comportamentais,
interacionais: é aquilo que não se vê, mas que condiciona todos os nossos atos
(Meyer, Albuquerque e Alencar, 2003, p.51)
Tendo em vista a importância que tem a cultura subjetiva para o processo
comunicativo e também o fato de que “diferentes culturas variam com relação
aos seus estilos interacionais e apresentam diferentes preferências e modos de
realização dos atos de fala” (Santos, 2003, p. 44), diversos estudos que têm por
objetivo investigar a produção de atos de fala em distintos contextos sócio-
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culturais vêm sendo publicados, tais como: Nelson et al. (2002a) e Nelson et al.
(2002b) que tratam da elaboração de recusas nos contextos egípcio e
americano; Al-Issa (2003) que aborda o mesmo ato de fala, mas elaborado por
jordanianos que aprendem inglês como língua estrangeira; além de Almeida
(2004) que discorre sobre a elaboração dos elogios em português do Brasil,
Tatsuki (2000) que enfoca a elaboração das queixas em japonês e inglês,
Trosborg (1995) que trata dos pedidos, queixas e desculpas elaborados por
nativos e não nativos de língua inglesa e Wierzbicka (1991) que faz cruzamentos
entre, por exemplo, japonês X inglês, grego X inglês.
Com relação a esta pesquisa, o ato de fala ‘expressar uma opinião’ será
enfocado tendo em vista sua inserção em um contexto brasileiro, em especial
quando produzido por falantes que residam no estado do Rio de Janeiro. Desse
modo, faz-se mister compreender o referido contexto. Para tanto, empregaremos
algumas categorias sociológicas, sendo estas definidas por DaMatta (1997) nos
seguintes termos:
Uso categoria sociológica como um conceito que pretende dar conta daquilo que
uma sociedade pensa e assim institui como seu código de valores e idéias: sua
cosmologia e seu sistema classificatório; e também para traduzir aquilo que a
sociedade vive e faz concretamente – o seu sistema de ação que é referido e
embebido nos seus valores. (DaMatta, 1997, p. 15)34
Primeiramente,
faremos
referência
às
categorias
‘Casa’
e
‘Rua’,
desenvolvidas pelo antropólogo DaMatta (1997 [1979]; 1997; 1999 [1984]) em
34
Grifos no original.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
87
diferentes obras, com o objetivo de retratar e compreender a sociedade
brasileira, demonstrando preocupação em definir com clareza o que é o Brasil
como nação e o brasileiro como povo. Tal definição é construída a partir de uma
análise de fatos do cotidiano, de situações sociais com existência concreta e das
instituições consideradas informais pela sociedade brasileira. Apesar de se
referirem literalmente a entidades concretas, a espaços realizados material e
geograficamente, os conceitos apresentados, em uma perspectiva antropológica,
designam algo mais complexo:
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(...) entidades morais, esferas de ação social, províncias éticas dotadas de
positivismo, domínios culturais institucionalizados e, por causa disso, capazes de
despertar emoções, reações, leis, orações, músicas e imagens esteticamente
emolduradas e inspiradas. (DaMatta, 1997, p. 15)
Dessa forma, ‘Casa’ e ‘Rua’ constituem-se em “modos de ler, explicar e
falar do mundo” (DaMatta, 1999 [1984], p. 29) ou ainda em “espaços de onde se
pode julgar, classificar, medir, avaliar e decidir sobre ações, pessoas, relações e
moralidade” (Idem, p. 33).
Apesar de haver uma dicotomia entre o ‘mundo da casa’ e o ‘mundo da
rua’, conforme será visto mais adiante, os dois são complementares. Como
integrantes da sociedade brasileira, circulamos com esperada desenvoltura
nesses dois universos nem sempre compreendidos em sua totalidade por
aqueles que não compartilham do mesmo modus vivendi que têm os brasileiros
(Meyer, 2000). A esse respeito, Meyer faz a seguinte afirmação:
(...) é muito mais fácil levar um falante de inglês a usar corretamente as estruturas
morfo-sintáticas do português do que perceber com clareza determinadas
sutilezas do comportamento social lingüístico do brasileiro. (Meyer, 2000, p.1)
Se por um lado a ‘Casa’ é um espaço normalmente associado à
segurança, ao aconchego, à calma, ao porto seguro de qualquer indivíduo; a
‘Rua’, por outro lado, remete-nos às imagens de insegurança, perigo, abandono,
pulsão. O ‘mundo da casa’ é, portanto, definido por DaMatta nos termos que
seguem.
Fundamentação teórica
88
Como espaço moral importante e diferenciado, a casa se exprime numa rede
complexa e fascinante de símbolos que são parte da cosmologia brasileira, isto é,
de sua ordem mais profunda e perene. Assim, a casa demarca um espaço
definitivamente amoroso onde a harmonia deve reinar sobre a confusão, a
competição e a desordem. (DaMatta, 1999 [1984], p. 27)
Se a casa distingue esse espaço de calma, repouso, recuperação e hospitalidade,
enfim, de tudo aquilo que define a nossa idéia de “amor”, “carinho” e “calor
humano”, a rua é um espaço definido precisamente ao inverso. (DaMatta, 1997, p.
57)
(...) casa remete a um universo controlado, onde as coisas estão nos seus devidos
lugares (...) a casa subentende harmonia e calma: local de calor (...) e afeto. (...)
em casa se descansa. (...) Na casa, temos associações regidas e formadas pelo
parentesco e relações de sangue. (...) Assim, em casa, as relações são regidas
naturalmente35 pelas hierarquias de sexo e das idades (DaMatta, 1997 [1979], p.
90-91)
Já o ‘mundo da rua’, em oposição, é revelado pelo mesmo estudioso
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como:
Mundo exterior que se mede pela “luta”, pela competição e pelo anonimato cruel
de individualidades e individualismos. (DaMatta, 1999 [1984], p. 28)
Já sabemos que ela [a rua] é local de “movimento”. Como um rio a rua se move
sempre num fluxo de pessoas indiferenciadas e desconhecidas que nós
chamamos de “povo” e de “massa”. (...) Na rua não há, teoricamente, nem amor,
nem consideração, nem respeito, nem amizade (...) estamos no reino do engano,
da confusão e do logro. (DaMatta, 1999 [1984], pp. 29-30)
A categoria rua indica basicamente o mundo, com seus imprevistos, acidentes e
paixões (...) a rua implica movimento, novidade, ação (...) na rua se trabalha (...)
na rua, as relações têm um caráter indelével de escolha, ou implicam essa
possibilidade. (...) na rua é preciso muitas vezes algum esforço para se localizar e
descobrir essas hierarquias, fundadas que estão em outros eixos (...) na rua é
preciso estar atento para não violar hierarquias não sabidas ou não percebidas.
(DaMatta, 1997 [1979], p. 90-91)
Carvalho e Martins (1998), apesar de não fazerem menção explícita aos
conceitos ‘Casa’ e ‘Rua’, admitem igualmente tal distinção e consideram que
apresentamos comportamentos distintos em função do contexto em que nos
encontramos.
Por conta de suas características peculiares, compreende-se, em uma
certa medida, a impossibilidade de esses espaços se misturarem por completo.
No entanto, gradações são possíveis, conforme as descritas por DaMatta.
35
Grifo no original.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
89
A rua pode ser vista e manipulada como se fosse um prolongamento ou parte da
casa, ao passo que zonas de uma casa podem ser percebidas, em certas
situações como parte da rua. (DaMatta, 1997 [1979], p. 96)36
Nesse sentido, Porto (2006) analisa como são construídos os espaços
limítrofes – aqueles que não se situam nem na ‘Casa’, nem na ‘Rua’. O autor
busca verificar as ocasiões em que “o brasileiro (...) transfere as relações de
familiaridade e afetividade para espaços que são caracterizados por relações de
impessoalidade e de distanciamento” (Porto, 2006, p. 24)
A Figura 3.8, apresentada mais adiante, é uma tentativa de reproduzir
graficamente os prolongamentos possíveis entre “Casa” e “Rua”.
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Figura 3.8: ‘Casa”, ‘Rua’ e Espaços Limítrofes
Do ponto de vista da língua, esses espaços também têm sua relevância na
medida em que eles influenciam as escolhas que fazemos no momento de
elaboração do nosso discurso. Retomando, mais uma vez, as palavras de
DaMatta:
Embora existam muitos brasileiros que falam uma mesma coisa em todos os
espaços sociais, o normal – o esperado e o legitimado – é que casa, rua e outro
mundo demarquem fortemente mudanças de atitudes, gestos, roupas, assuntos,
36
Grifos no original.
90
Fundamentação teórica
papéis sociais e quadro de avaliação da existência em todos os membros de
nossa sociedade. O comportamento esperado não é uma conduta única nos três
espaços, mas diferenciado de acordo com o ponto de vista de cada uma dessas
esferas de significação. Nessa perspectiva, as diferenciações que se podem
encontrar são complementares, jamais exclusivas ou paralelas. (DaMatta, 1997, p.
48)
Tratando de modo especial a emissão da opinião desfavorável no contexto
brasileiro, podemos nos perguntar acerca dos pontos de interseção entre sua
elaboração e os conceitos descritos. Se o ‘mundo da casa’, conforme descrito,
significa resumidamente hospitalidade e harmonia, espera-se que haja, nesse
contexto,
(1)
maior
cuidado
com
a
elaboração
do
ato
de
opinar
desfavoravelmente para não desestabilizar a ordem ou (2) mais compreensão no
caso de uma opinião desfavorável direta. O mesmo vale para o ‘mundo da rua’.
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Por ser este um espaço caracterizado pela ausência de amor, consideração ou
respeito, estariam os participantes de uma interação preocupados em buscar
estratégias que minimizassem os efeitos ameaçadores do referido ato? As
questões levantadas serão retomadas mais adiante, no capítulo reservado para
a análise dos dados.
Além
dos
conceitos
apresentados,
para
um
entendimento
mais
pormenorizado do contexto sócio-cultural, Santos (op. cit., p. 45) aponta que “o
estudo dos atos de fala deve considerar (...) os padrões sociais (...) que regulam
o comportamento lingüístico dos falantes, como, por exemplo, os graus de
distância social e de poder entre os participantes do ato comunicativo e sua
interação com outros fatores situacionais”, categorias que serão adotadas nesta
pesquisa.
Por distância social, entendemos, de acordo com Marques Reiter (2000),
que se trata do grau de familiaridade existente entre os participantes. Desse
modo, amigos ou familiares próximos representam relacionamentos familiares,
onde há menor distância social. Nesse caso, prevalece a “relação pessoal”. Por
outro lado, estranhos ou colegas de trabalho recentes representam maior
distância social, vigorando as “relações sociais”. É preciso, ainda, considerar o
caso de vizinhos, ocasião em que os limites entre a relação social e pessoal se
tornam relativamente tênues, revelando, muitas vezes, uma relação onde se
mesclam os dois aspectos. Os dados, portanto, foram analisados levando-se em
consideração tais aspectos.
Quanto à variável poder, ela ocorre quando uma pessoa, por conta de
convenções estabelecidas socialmente, tem controle sobre a outra.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
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91
Neste trabalho, em síntese, consideraremos ‘expressar uma opinião’ como
um ato de fala, regulado por aspectos sócio-culturais e padrões sociais. Além
disso, a compreensão de que a entoação tem um papel de fundamental
importância para a elocução e compreensão de tal ato de fala é peça chave
nesta pesquisa.
3.4.2
Teoria da polidez
A Figura 3.9, publicada no jornal ‘O Globo’ em 29 de março de 1992, para
ilustrar uma reportagem intitulada A mentira tem pernas compridas, exemplifica o
tópico que está sendo discutido neste trabalho e nos revela o momento em que
uma opinião é proferida. O rapaz, certamente após a indagação de sua amiga /
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colega a respeito de como estaria o seu cabelo, profere a seguinte resposta “Seu cabelo está lindo.”. Como o cabelo da personagem não parece seguir os
padrões atuais para corte de cabelo, podemos nos perguntar se o rapaz
realmente achou o cabelo de sua interlocutora lindo ou se está usando uma
estratégia de polidez (Brown & Levinson, 2000 [1987]).
Figura 3.9: Realização do ato de opinar
O conceito de polidez foi exposto por Brown e Levinson em obra intitulada
Politeness: some universals in language usage, publicada primeiramente em
1978, e diz respeito à manutenção, por parte dos participantes de uma troca
Fundamentação teórica
92
comunicativa, do equilíbrio social e das relações cordiais. Trata-se de buscar
preservar a harmonia de uma relação interpessoal (Silva, 1999; KerbratOrecchioni, 2006).
A polidez tem sua origem nas relações sociais, as quais, por sua vez,
refletem a cultura de um determinado povo (Becher, 1980; Gripp, 2005). Por
conta desse caráter, a polidez se apresenta como um elemento de fundamental
importância para a interação de um grupo social. Além disso, ela é definida como
uma ação compensadora que serve para contrabalançar o efeito perturbador que
causam os atos de ameaça à face. Esses atos podem ser ordens, pedidos,
oferecimentos, elogios, críticas e também a opinião desfavorável, por exemplo.
A fim de que seja possível empregar de modo adequado as estratégias de
polidez que minimizem os efeitos dos atos listado acima, é necessário
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determinar o risco de cada um deles. Para tanto, Brown e Levinson (2000 [1987])
desenvolveram uma fórmula composta de três fatores relacionados à natureza
social:
1. distância social [ou relação horizontal] entre os interlocutores [inclui o
grau de familiaridade e contato].
2. poder relativo [ou relação vertical] do ouvinte sobre o falante.
3. grau de posição de um ato sobre a imagem do falante e do ouvinte.
Segundo Kerbrat-Orecchioni (2006), na medida em que os fatores citados
aumentam, o grau de polidez deve se elevar. É preciso observar, tal como
Beltzer (1996, apud Silva, 1999, p. 118) que a polidez “só deve ser considerada
em relação a um contexto particular, de acordo com as expectativas de um
interlocutor particular e com sua interpretação concomitante”.
Tendo o exposto acima em vista, a noção de face, desenvolvida por
Goffman (1967), é peça de fundamental importância para a construção do
modelo de Brown e Levinson e diz respeito a “public self-image that every
member wants to claim for himself” ou, nas palavras de Macedo, “imagem
pública que qualquer indivíduo quer preservar em uma interação”. Brown e
Levinson, a partir do conceito de Goffman, propõem as noções de face negativa
e face positiva. A primeira delas refere-se ao direito e desejo de cada um de não
ser impedido na realização de suas ações. Quanto à face positiva, trata-se do
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
93
desejo de todo falante de ser apreciado e aprovado pelos outros. Brown e
Levinson argumentam que na comunicação humana – na escrita ou na fala – as
pessoas tendem a salvar continuamente sua face e a do outro.
Galembeck (1999), ao discutir os mecanismos de preservação da face em
fragmentos opinativos, aponta para o seguinte fato:
Nos diálogos e demais formas de interação face-a-face, o falante acha-se em
posição vulnerável, já que expõe publicamente a sua auto-imagem (face). Dessa
forma, ele corre o risco de exibir o que deseja ver resguardado e deixar de colocar
em evidência o que tem a intenção de mostrar. Por esse motivo, o falante adota
procedimentos que lhe permitem controlar a construção dessa auto-imagem
(Galembeck, 1999, p. 173).
Nos casos de manifestação de opinião, como o exemplificado na Figura
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3.9, o falante se expõe de maneira mais direta e isso evidencia a necessidade da
preservação da face.
Koike (1992), Meyer (2000), Prado (2001) e Albuquerque (2003) – em
estudos que tratam respectivamente da questão da polidez no português do
Brasil, da polidez na interface inglês e português, da elaboração da recusa a
convites e dos atos de negar – observam que a elaboração da negação é, de
modo geral, um ato difícil de ser realizado por brasileiros, exigindo, portanto,
estratégias várias que lhes permitam evitá-la. No Capítulo 5, veremos de que
modo isso se aplica aos casos de opinião desfavorável.
Na comunicação diária, adaptamo-nos a diferentes contextos situacionais.
Isso significa que temos, entre amigos, certa liberdade para fazermos e dizermos
certas coisas que não teríamos coragem de fazer diante de estranhos ou de
pessoas menos conhecidas. Da mesma forma, evitamos excesso de formalidade
com amigos. Na verdade, evitamos deixar o ouvinte em situação embaraçosa ou
desconfortável.
A esse respeito, Becher (1980), em estudo sobre a polidez afirma o
seguinte:
Sabemos intuitivamente que, dependendo do relacionamento existente entre os
falantes, a exigência social do uso de expressões de polidez será maior ou menor.
Por “exigência social” entendemos fatores como: nível de intimidade entre os
falantes, classe social a que pertencem (principalmente se houver diferença entre
as classes sociais) e natureza da solicitação (ou resposta). (Becher, 1980, p. 15)
94
Fundamentação teórica
Leão (1992), ao tratar do modo como nós – brasileiros – devemos abordar
os assuntos que surgem por ocasião de uma conversa, sugere que tenhamos
“cuidado com o excesso de sinceridade” (op. Cit., p. 22), a fim de evitarmos
possíveis conflitos. No caso apresentado na Figura 3.9, o rapaz, ao evitar dizer
que o cabelo de sua interlocutora estaria feio ou esquisito, deixa de ser sincero,
mas, com essa atitude, preserva a sua face e a de sua amiga, além de garantir a
harmonia na interação.
Apesar de não tratar a questão com maior rigor ou
profundidade, a percepção do real de Leão (1992) deixa transparecer aquele que
parece ser um traço revelador de nossa cultura: a opção por não dizermos a
verdade ou não sermos sinceros em todas as situações. De modo mais
científico, DaMatta (1997), ao discutir o rito do “sabe com quem está falando?”,
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admite que “somos avessos às crises” (p. 184). Segundo esse autor,
(...) sabemos que o conflito aberto e marcado pela representatividade de opiniões
é, sem dúvida alguma, um traço revelador de um igualitarismo individualista que,
entre nós, quase sempre se choca de modo violento com o esqueleto
hierarquizante de nossa sociedade. (DaMatta, 1997, p. 184)
Os atos de ameaça à face, tal como emitir uma opinião desfavorável, são
atos que infringem a necessidade que tem o ouvinte de manter a sua autoestima. As estratégias de polidez foram desenvolvidas com o propósito de
minimizar esses atos
Brown e Levinson (2000 [1987]) resumiram o comportamento humano da
polidez em quatro estratégias, a saber: bald on record, polidez positiva, polidez
negativa e off-record-indirect.
•
bald-on-record – emprego de comentários diretos; nada é feito para
minimizar as ameaças à face do interlocutor.
•
polidez positiva – demonstra reconhecimento, por parte do falante,
de que seu interlocutor tem o desejo de ser respeitado. Evidencia
que o relacionamento entre falante e ouvinte é amigável e expressa
reciprocidade (group reciprocity).
•
polidez negativa – reconhece a face do ouvinte, mas também
reconhece que o falante está de algum modo impondo algo.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
•
95
off-record indirect – diz respeito àquelas declarações consideradas
como reais e indiretas relativas ao desejo / vontade.
Diante do exposto, podemos concluir que a emissão da opinião ultrapassa
o limite do puramente lingüístico. O falante precisa não somente saber como
estruturar seu enunciado, mas, como participante de uma dada cultura,
interpretar adequadamente os dados contextuais a fim de ter a noção das
implicações sociais no momento em que tiver de dar o seu parecer, a sua
opinião a respeito de qualquer assunto. Por conta disso, podemos considerar
que estamos diante de uma questão lingüístico-cultural que merece destaque. O
seu estudo exige a adoção de uma perspectiva de língua que possa abarcar a
complexidade apontada. Desse modo, seu estudo será empreendido levando-se
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em consideração uma perspectiva funcional da língua, conforme visto.
4
Metodologia
É preciso lembrar que a distinção entre ciência e outros saberes está no método,
sobretudo. Enquanto estes são taxados de senso comum, postura acrítica, credulidade etc.,
por vezes sem razão, ciência é assumida como conhecimento metódico, testado, e se
possível verdadeiro. Assim, é a metodologia que coloca mais propriamente a pretensão
científica e seu domínio define na prática quem é ou não cientista. (Demo, 1999, pp. 24-25).
Neste capítulo objetiva-se (1) discorrer a respeito do perfil dos
participantes; (2) apresentar os princípios adotados para a coleta e organização
dos dados; (3) tratar dos recursos tecnológicos empregados na pesquisa e (4)
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apresentar os procedimentos empregados na análise dos dados.
4.1
Perfil dos participantes
Nesta pesquisa, contamos com a participação de 90 (noventa) falantes
nativos de português do Brasil, naturais do Rio de Janeiro, sendo 45 homens e
45 mulheres, levando-se também em consideração, para a seleção dos
participantes, dados a respeito do nível sócio-econômico e da faixa etária,
conforme se vê nos Quadros 4.1 e 4.2, apresentados a seguir.
Quadro 4.1: Perfil dos participantes (I)
Sexo
Nível sócioeconômico
A
Masculino
B
C
Quadro 4.2: Perfil dos participantes (II)
Sexo
Nível sócio-econômico
A
Feminino
B
C
Faixa
etária
17-25
26-49
Mais de 50
17-25
26-49
Mais de 50
17-25
26-49
Mais de 50
No. de
participantes
05
05
05
05
05
05
05
05
05
Faixa
etária
17-25
26-49
Mais de 50
17-25
26-49
Mais de 50
17-25
26-49
Mais de 50
No. de
participantes
05
05
05
05
05
05
05
05
05
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
97
A identificação do nível sócio-econômico foi realizada a partir de
informação dada pelo participante a respeito do valor de seu rendimento mensal
familiar34.
Como se pôde observar, a coleta de dados foi feita com homens e
mulheres de variados níveis sócio-econômicos e faixas etárias, com o intuito de
estabelecer, com base nessas informações, similaridades e/ou diferenças entre
as formas empregadas na elaboração da opinião desfavorável.
Para a primeira fase da pesquisa, momento em que foi aplicada a versão
preliminar do Discourse Completion Test35, contamos com a participação de 07
(sete) falantes do português do Brasil, naturais do Rio de Janeiro, com os
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seguintes perfis:
Quadro 4.3: Perfis selecionados para a primeira fase da pesquisa
Sexo
Masculino
Sexo
Feminino
Nível sócio-econômico
A
B
C
Nível sócio-econômico
A
C
Faixa etária
17-25
26-49
26-49
Faixa etária
17-25
26-49
Mais de 50
No. de participantes
01
02
01
No. de participantes
01
01
01
As coletas referentes às duas fases da pesquisa foram realizadas, em sua
maioria, nas dependências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e
contaram com a participação de estudantes de graduação e de pós-graduação
de diferentes unidades, alunos matriculados no curso de extensão CLAC [Cursos
de Línguas Abertos à Comunidade], além de funcionários. Parte da coleta foi
também realizada com alunos e funcionários da Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (PUC-Rio), com funcionários da Procuradoria do Estado do
Rio de Janeiro e com integrantes de uma igreja batista localizada no centro do
Rio de Janeiro. As coletas foram realizadas entre março/2005 e agosto/2006.
34
Para mais detalhes a respeito da definição de nível sócio-econômico e faixa etária, veja 4.2.1,
neste capítulo.
35
Para mais detalhes a respeito da formulação do Discourse Completion Test empregado nesta
pesquisa, veja 4.2.2, neste capítulo.
Metodologia
98
4.2
Coleta e organização dos dados
No âmbito da pragmática e, mais especificamente, no da pragmática
intercultural (cross-cultural pragmatics) há diversos estudos, cujas metas são
investigar e descrever as estratégias lingüísticas empregadas pelos falantes no
momento em que elaboram, seja em língua materna ou em língua estrangeira,
diferentes atos de fala, tais como: pedidos (Blum-Kulka, 1987; Blum-Kulka et al.,
1989; Rose, 1992; Marquez Reiter, 2000; Vidal, 2000; Aoyama, 2002), desculpas
(Trosborg, 1987; Marquez Reiter, 2000), queixas (Tatsuki, 2000), recusa (Nelson
et al., 2002a; Nelson et al., 2002b; Al-Issa, 2003) ou resposta a elogios (LorenzoDus, 2001; Díaz, 2003).
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Em um número considerável dessas pesquisas, os autores discorrem a
respeito da dificuldade encontrada durante a realização da coleta de dados.
Manes e Wolfson (1981), bem como Billmyer e Varghese (2000) e Lorenzo-Dus
(2001) comentam que o ideal, no caso da investigação sobre atos de fala, seria
capturar a produção espontânea do ato de fala em foco. Por outro lado, os
mesmos autores admitem que, em certas ocasiões, o emprego de tal método de
coleta se mostra difícil, tendo em vista que o pesquisador pode precisar
empreender a coleta de grandes quantidades de dados para que seja possível
capturar o fenômeno desejado. Além disso, Macedo (2003) atesta que a
obtenção de dados de produção espontânea não é tarefa fácil em face daquilo
que a autora denomina “paradoxo do observador”. De acordo com esse
paradoxo, o lingüista, ao mesmo tempo em que busca “descrever a linguagem
em seu contexto natural de uso” (Macedo, 2003, p. 60), interfere com a sua
presença, com as anotações que faz, com os equipamentos para gravação em
áudio e/ou vídeo etc. Desse modo, podemos nos perguntar em que medida o
participante da pesquisa apresenta um comportamento lingüístico natural ou até
que ponto os dados porventura obtidos refletem uma produção realmente
espontânea. Acrescente-se a isso o fato de que Aoyama (2002), em estudo
sobre as estratégias de pedidos elaboradas em um local de trabalho japonês,
apesar de ter trabalhado com elocuções ocorridas naturalmente (naturally
occurring utterances), concluiu que seus dados, coletados em uma cafeteria no
Japão, corroboravam dados anteriormente obtidos por Blum-Kulka (1989) com o
emprego de Discourse Completion Test (DCT), metodologia a respeito da qual
discorreremos a seguir.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
99
O Discourse Completion Test (DCT) é um instrumento de coleta de dados
empregado amplamente, ao lado do Open Role Play e do Close Role Play
(Marquez Reiter, 2000), em estudos que objetivam investigar a produção de atos
de fala, com resultados já comprovados. Adaptado em 1982 por Blum-Kulka, o
DCT se constitui em um questionário por meio do qual apresenta-se ao
participante da pesquisa um conjunto de situações após as quais ele deverá
esboçar alguma reação, respondendo por escrito (Billmyer & Varghese, 2000). O
fato de as respostas serem escritas tem suscitado, por parte de alguns
estudiosos, críticas, sob a alegação de que dados de fala estariam sendo
coletados por meio da modalidade escrita. Por entendermos que a modalidade
escrita dá ao usuário a possibilidade de maior elaboração de sua resposta e,
portanto, um possível afastamento daquilo que seria de fato dito, adotamos a
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proposta de Nelson et al. (2002a, 2002b). Os autores sugerem que os dados
sejam
primeiramente
coletados
por
meio
de
gravação
em
áudio
e,
posteriormente, transcritos.
Das situações elaboradas fazem parte informações contextuais e sociais,
aspectos de fundamental importância para que um falante proceda à escolha
das formas lingüísticas que serão empregadas na realização do ato de fala
(Halliday, 1989; Almeida, 2002). Dessa maneira, as situações foram elaboradas
de modo a deixar claros aspectos relacionados à descrição do cenário (setting)
onde se desenvolve a cena, dos participantes envolvidos, das características
sociais pertinentes, além do propósito do falante. Essa metodologia para coleta
de dados vem sendo empregada com sucesso pelos pesquisadores do Cross
Cultural Speech Act Realization Project (CCSARP) que, segundo Rose (1992),
representa o que há de mais desenvolvido em termos de pesquisa a respeito de
atos de fala.
O DCT tem sido apontado como um instrumento que nos dá a
possibilidade de obter uma grande quantidade de dados em um curto espaço de
tempo e em contextos em que a observação pode ser difícil (Lorenzo-Dus 2001;
Rose, 1992; Márquez Reiter, 2000). Além disso, Billmyer e Varghese (2000)
consideram-no de fácil manuseio tanto por parte do pesquisador quanto por
parte do participante. Ademais, as situações fornecem um contexto controlado
para a realização dos atos de fala e sua coleta.
Pelos motivos apresentados anteriormente e por julgarmos que a aplicação
do DCT forneceria os dados necessários à análise da emissão da opinião em
situações em que o falante já sabe antecipadamente que ela é desfavorável,
Metodologia
100
optamos pela escolha dessa metodologia para coletar os dados desta pesquisa.
Os participantes deste estudo foram submetidos, juntamente com o DCT, a uma
Ficha de Identificação.
A seguir, discorreremos mais detalhadamente a respeito de como a Ficha
de Identificação e o DCT foram elaborados.
4.2.1
Ficha de Identificação
A fim de obter informações a respeito do participante, elaboramos uma
Ficha de Identificação, aplicada antes do DCT. Essa ficha, cujo modelo encontrase no Apêndice 1, foi dividida em três partes, a serem apresentadas a seguir.
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Na primeira delas, denominada ‘Dados Pessoais’ (cf. Figura 4.1),
buscamos identificar o participante por meio da coleta das seguintes
informações: nome, faixa etária, país de origem, estado de residência, sexo e
profissão. Apesar de o país em questão ser o Brasil e de os dados desta
pesquisa terem sido todos coletados no estado do Rio de Janeiro, decidimos
acrescentar essas informações, tendo em vista que os dados obtidos por
ocasião deste estudo poderão ser empregados para a realização futura de
estudos comparativos com outros idiomas, a exemplo do que é feito no
CCSARP. Desse modo, garantiu-se, de antemão, que o corpus estivesse
totalmente identificado. Com relação ao nome dos participantes, vale destacar
que o anonimato de todas as pessoas que colaboraram com o desenvolvimento
desta pesquisa foi mantido. No que diz respeito à faixa etária, optamos por uma
divisão em três faixas, a saber (1) 17 - 25 anos; (2) 26 – 49 anos e (3) mais de
50 anos. A primeira faixa corresponde à idade em que as pessoas, geralmente,
terminam o ensino médio e ingressam na Universidade ou no mercado de
trabalho. A faixa etária de 26 a 49 anos representa a força da idade em pleno
trabalho. Já a terceira faixa – mais de 50 anos – diz respeito àquela faixa em que
algumas pessoas dão início seu processo de retirada do mercado de trabalho.
Menores de 17 anos não foram considerados para fins desta pesquisa, pois
parte-se do pressuposto de que o ensino de uma língua estrangeira para
pessoas dessa faixa etária tem especificidades não consideradas nesta
pesquisa, mais direcionada para aqueles que atuam com o ensino de PL2E para
adultos.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
101
Figura 4.1: Ficha de Identificação – Dados Pessoais
I – Dados pessoais
Nome
Faixa etária
(1) 17 – 25 anos
(2) 26 – 49 anos
(3) mais de 50 anos
País de origem
BRASIL
Estado
Sexo
Masculino (
) Feminino (
Rio de Janeiro
)
Profissão
Na segunda parte – ‘Dados para contato’ (Figura 4.2) – buscamos obter o
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e-mail e/ou o telefone do participante. Com esses dados, a possibilidade de um
novo contato, caso necessário, estaria garantida.
Figura 4.2: Ficha de Identificação – Dados para Contato
]
II – Dados para contato
e-mail
Tel.
A terceira e última parte, denominada ‘Informações adicionais’, é composta
de dois itens, a saber: grau de instrução e rendimento mensal familiar, ambos
subdivididos em três subitens, como se vê na Figura 4.3, apresentada mais
adiante. Por rendimento mensal familiar entende-se, conforme definição do
IBGE, a “soma dos rendimentos mensais dos componentes da família”.36
Em cada Ficha de Identificação, destinou-se um espaço para o número de
registro, de 010 a 099, sendo cada número representativo de um participante da
pesquisa, de modo que o primeiro participante foi identificado como 010.
Conforme dito anteriormente, os sete primeiros informantes foram contabilizados
na primeira fase da pesquisa, sendo numerados de 001 a 007.
Essa medida permitiu-nos armazenar o material de modo ordenado e
garantiu um fácil cruzamento entre a Ficha de Identificação de cada participante
e seus dados.
36
[http://www.ibge.gov.br/ consultado em 27 de fevereiro de 2005]
102
Metodologia
Figura 4.3: Ficha de Identificação – Informações Adicionais
III – Informações adicionais
Grau de instrução37
(a) Superior
(b) Médio
(c) Fundamental
Rendimento mensal
familiar
(A) Acima de 12 salários mínimos38
(B) De 4 a 12 salários mínimos
(C) Até 4 salários mínimos
A preocupação com a organização do corpus e a experiência positiva
obtida com o armazenamento dos dados da pesquisa de mestrado realizada
anteriormente (Almeida, 2002) levou-nos a elaborar, com base nas informações
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colhidas na Ficha de Identificação, um código identificador alfanumérico.
Compõem esse código as seguintes informações:
• Número de registro – de 001 a 007 [dados da primeira fase] e de 010 a
099 [dados da segunda fase] – indica a posição de um conjunto de dados
dentro do corpus.
• Faixa etária – 1 [17-25 anos], 2 [26 – 49 anos] ou 3 [mais de 50 anos]
• Sexo – M ou F
• Instrução – a [Superior], b [Médio] ou c [Fundamental]
• Nível sócio-econômico – A [rendimento mensal familiar acima de 12
salários mínimos], B [rendimento mensal familiar de 4 a 12 salários
mínimos] ou C [rendimento mensal familiar até 4 salários mínimos].
• Número da situação – de 01 a 12 [primeira fase] e de 01 a 18 [segunda
fase] – indica a situação do DCT.
Desse modo, o código apresentado a seguir (Exemplo 1) nos fornece a
indicação de que temos aí dados do conjunto 010 - parte integrante do corpus de um participante que tem idade entre 26 e 49 anos, do sexo masculino, com
nível superior, de nível sócio-econômico B, ou seja, com rendimento mensal
37
Essa informação era complementada pelo entrevistador com a indicação completo / incompleto.
Valor do salário mínimo em 2 de março de 2005: R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais) [Fonte:
Jornal O Globo, 2 de março de 2005, p. 32]. Em 1º. de janeiro de 2006, passou, no estado do Rio
de Janeiro, a R$ 369,45.
38
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
103
familiar oscilando entre 4 e 12 salários mínimos. Temos, ainda, a informação de
que a situação do DCT exemplificada é a de número 04, de um conjunto de 1839.
Sexo
Escolaridade
Nível sócio-econômico
Situação do DCT
010
Faixa etária
identificação do
informante de 010 a
099
Exemplo 1:
2
M
a
B
04
Cada um dos exemplos apresentados nesta pesquisa será acompanhado
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de seu código identificador, a fim de facilitar a recuperação de informações sobre
o participante envolvido e a situação a que o exemplo se refere. No Apêndice 3 é
apresentado um detalhamento do perfil de todos os participantes envolvidos
nesta pesquisa.
4.2.2
Discourse Completion Test
Nesta pesquisa, de acordo com o que foi visto anteriormente, voltamos
nossa atenção para o ato de fala opinar ou emitir opinião a respeito de algo ou
alguém. Buscou-se investigar, em especial, o modo como os falantes elaboram,
em português do Brasil, sua opinião em um contexto em que já sabem
antecipadamente que a opinião pessoal é desfavorável ou negativa. A fim de
obter os dados necessários a essa investigação, elaboramos um Discourse
Completion Test, cuja versão completa encontra-se no Apêndice 2.
Conforme mencionado, trata-se de um questionário composto de situações
preparadas com o intuito expresso de provocar, por parte do respondente, a
formulação, oralmente, de uma opinião, tal como se vê a seguir, no Exemplo 2.
Exemplo 2:
“Você é funcionário de uma empresa e foi convocado por seu supervisor para
uma reunião em que ele fez a exposição das metas para o semestre seguinte. Você
achou a apresentação confusa e cansativa. Ao término da reunião, você percebe que o
supervisor conversa rapidamente com outros funcionários. Ele, então, se dirige a você
e pergunta: “O que você achou da reunião?”
39
Na primeira fase, o DCT contava com apenas 12 situações.
Metodologia
104
O que se observa no Exemplo 2, extraído do DCT criado para esta
pesquisa, é uma situação em que o participante assume o papel de funcionário
de uma empresa que deve, a pedido de seu supervisor, opinar a respeito do
desempenho deste durante uma apresentação. A opinião real a ser expressa
tem uma carga negativa, uma vez que a apresentação foi classificada como
‘confusa e cansativa’. No entanto, estão em jogo, por exemplo, relações de
hierarquia profissional e, portanto, de distância social e poder. Busca-se, então,
por intermédio da aplicação do DCT, verificar como elaboramos opinião
desfavorável nesse e em outros casos.
A inserção, ao final da situação, de formulações interrogativas, tais como
“O que você achou da reunião?” ou “O que você acha?” tem, de acordo com
Rose (1992), a função de garantir a verbalização do ato desejado e, ao mesmo
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tempo, evitar que se faça a sua descrição.
Para a primeira fase da pesquisa, foram elaboradas doze situações, com a
preocupação de que refletissem situações rotineiras ou familiares aos falantes
em geral. Apesar de todas exigirem, por parte do respondente, a emissão de
uma opinião, elas se diferenciam por versarem a respeito de tópicos diferentes,
conforme será visto a seguir, e por conta da introdução das variáveis sociais:
distância social e poder, a respeito das quais discorremos em 3.4.1. Para a
segunda fase, foram incluídas seis situações: três ilustradas pela interação entre
marido e mulher e três pela interação entre motorista de táxi e passageiro. Isso
se fez necessário, pois verificamos, ao final da primeira fase, que não tinham
sido contempladas as relações familiares e, portanto, de menor distância social,
nem as relações ocasionais entre desconhecidos, momento em que teríamos
maior distância social.
As dezoito situações foram preparadas de modo que a opinião versasse a
respeito de três tópicos diferentes, a saber: um trabalho / ação realizada pelo
ouvinte (uma habilidade), aparência física do ouvinte (algo inerente) ou um bem
(algo externo). Essa tripartição foi adotada a fim de observarmos se haveria
variação na emissão da opinião em função de tais fatores.
O Quadro 4.4, apresentado mais adiante, mostra, de forma resumida, a
integração entre todos os elementos que tomaram parte na formulação das
situações do DCT. Na primeira coluna estão ordenadas de forma crescente as
dezoito situações. Na segunda, foram apresentados os tópicos a respeito dos
quais a opinião deveria ser elaborada – ação realizada, aparência física ou um
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
105
bem, conforme explicitado anteriormente. A terceira coluna traz informação
relativa à relação de poder que envolve os participantes das situações
apresentadas no DCT. A simbologia adotada representa cinco tipos de relação, a
saber:
0 B situação em que o respondente interage com um familiar íntimo.
- B situação em que o respondente [funcionário] interage com alguém que
está em situação hierárquica superior [supervisor], tendo, portanto, menos
poder.
= B situação em que o respondente tem tanto poder quanto seu
interlocutor [vizinho, amigo]
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+ B situação em que o respondente [chefe] interage com alguém que está
em situação hierárquica inferior [subordinado], tendo, portanto, mais poder.
++ B situação em que o respondente interage com um desconhecido que
está a seu serviço [motorista de táxi, trocador de ônibus].
A quarta e última coluna contém dados referentes ao tipo de relação que
se estabelece entre os participantes das situações formuladas para o DCT,
podendo esta ser:
1. Pessoal B entre familiares e amigos.
2. Social B entre colegas de trabalho.
3. Social/pessoal B entre vizinhos.
4. Social [+ Distância pessoal] B entre desconhecidos.
As doze situações identificadas com [*] fizeram parte do DCT aplicado na
primeira fase, tendo sido respondidas pelos sete participantes, gerando 84
respostas. Uma das respostas, no entanto, foi classificada como inaudível e
desconsiderada para esta pesquisa. A análise desses e dos dados da segunda
fase é objeto do Capítulo 5.
106
Metodologia
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Quadro 4.4: Elementos essenciais para a formulação das situações do DCT
Ordem da
Tópico a respeito do
Relação
Tipo de relação
situação no DCT
qual versa a opinião
de poder
(social ou pessoal)
Situação 1
Ação realizada
0
Pessoal
Situação 2 [*]
Ação realizada
-
Social
Situação 3 [*]
Ação realizada
=
Social / Pessoal
Situação 4 [*]
Ação realizada
=
Pessoal
Situação 5 [*]
Ação realizada
+
Social
Situação 6
Ação realizada
++
Social [+ Distância social]
Situação 7
Aparência física
0
Pessoal
Situação 8 [*]
Aparência física
-
Social
Situação 9 [*]
Aparência física
=
Social / Pessoal
Situação 10 [*]
Aparência física
=
Pessoal
Situação 11 [*]
Aparência física
+
Social
Situação 12
Aparência física
++
Social [+ Distância social]
Situação 13
Bem
0
Pessoal
Situação 14 [*]
Bem
-
Social
Situação 15 [*]
Bem
=
Social / Pessoal
Situação 16 [*]
Bem
=
Pessoal
Situação 17 [*]
Bem
+
Social
Situação 18
Bem
++
Social [+ Distância social]
Já o DCT completo, composto das dezoito situações, conforme já
mencionado, foi aplicado a noventa participantes, gerando um total de 1620
respostas, analisadas no Capítulo 5. Essas respostas, bem como as anteriores
referentes à primeira fase, após terem sido gravadas com o auxílio do programa
computacional Praat ou de um gravador digital, receberam o código identificador,
foram transcritas e digitadas em formato Word.
A fim de tornar o acesso ao corpus mais fácil e, assim, gerenciar
adequadamente as informações, foi criado, com o auxílio do programa Microsoft
Access, um banco de dados. Essa medida permitiu-nos realizar diversos tipos de
cruzamentos e seleções de dados. Os dados, na íntegra, estão no Apêndice 4.
4.2.3
A dinâmica da coleta
As coletas foram realizadas individualmente, em uma sala onde
permaneciam apenas a pesquisadora e o participante. Após o preenchimento da
Ficha de Identificação, o participante era submetido a um teste de voz com o
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
107
objetivo não só de verificar o funcionamento do programa utilizado e do
microfone, mas, principalmente, para tornar a interação com os equipamentos
mais amigável e menos tensa. Nesse momento, também a título de teste, a
pesquisadora pedia para que o participante formulasse uma opinião a respeito
de um cartão postal, utilizando o comando “O que você acha desse postal?”, a
fim de observar se o mesmo empregaria o discurso direto, necessário para a
formulação das respostas que seriam dadas para as situações do DCT.
Depois do término dos procedimentos iniciais, o participante recebia,
então, a instrução de que seria apresentado a um conjunto de dezoito situações
e que deveria, após cada uma delas, esboçar sua reação oralmente o mais
rápido possível, garantindo, dessa forma, que o participante não tivesse muito
tempo para a formulação das respostas. Após tais orientações, dava-se, então,
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início à coleta dos dados.
4.3
Recursos tecnológicos
As fases de coleta, armazenamento e análise dos dados envolveram o
emprego de diferentes programas computacionais, a saber: Praat, Word,
Microsoft Access, MonoconcPro e KWIC Concordance40.
Com relação ao Praat, trata-se de um software para análise de fala
desenvolvido por Paul Boersma e David Weenick, do Instituto de Ciências
Fonéticas (Institut of Phonetics Sciences), da Universidade de Amsterdã. Esse
programa,
disponível
como
freeware
em
www.praat.org
ou
em
www.fon.hum.uva.nl/praat/, permite ao pesquisador realizar inúmeras tarefas,
tais como:
•
Gravar arquivos de áudio que podem ser analisados em etapa
posterior;
•
Transcrever, etiquetar e segmentar dados de áudio;
•
Realizar análises fonéticas e acústicas em nível segmental
(espectrograma, análise de formantes etc) e suprasegmental (pitch
[curva de F0], intensidade e duração etc);
40
•
Realizar síntese da fala;
•
Construir ferramentas para aprendizagem;
Disponível para download em http://www.chs.nihon-u.ac.jp/eng_dpt/tukamoto/kwic_e.html.
108
Metodologia
•
Elaborar análises estatísticas a partir de estudos fonéticos.
Nesta pesquisa, o Praat foi empregado em três etapas: coleta,
armazenamento dos arquivos de som e análise dos dados. Ele permitiu gravar e
armazenar os arquivos de áudio.
O programa Word foi empregado para digitação e armazenamento das
respostas obtidas após a aplicação do DCT.
O terceiro programa utilizado nesta pesquisa foi o Microsoft Access 2003.
Trata-se de um sistema relacional de administração de banco de dados que
permite o gerenciamento de banco de dados, tornando mais fáceis a
organização e o acesso às informações.
Fez-se também uso de um programa desenvolvido por Michael Barlow, do
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Departamento
de
Lingüística
da
Universidade
MonoconcPro, um organizador de concordâncias
41
de
Rice.
Trata-se
do
[concordancer], utilizado
sobretudo em lingüística de corpus. Com esse programa é possível, a partir de
um determinado corpus, realizar tarefas como: criar listas de palavras em ordem
alfabética ou por freqüência de emprego; gerar produção de concordâncias
[concordance] e obter informação sobre colocações [collocation]. A fim de
complementar este programa, empregamos, igualmente, o KWIC Concordance,
um freeware que, por utilizar a interface Windows, dialoga mais facilmente com
este.
De modo geral, uma das vantagens apontadas com relação a esse tipo de
programa – o organizador de concordâncias – diz respeito à possibilidade de
obter os dados inseridos em contexto, tal como afirma Reppen:
A utilização primária em pesquisa dos dois softwares [MonoconcPro e WordSmith
Tools] é gerar concordâncias ou listagens de todas as ocorrências de determinada
palavra em dado texto, mostrando-as no contexto. (Reppen, 2001, p. 33)42
O Exemplo 3, apresentado a seguir, foi extraído do corpus desta pesquisa
com o auxílio do MonoconcPro. Conforme dito, é possível verificar alguns dos
contextos em que o verbo achar43 foi utilizado.
41
Cf. tradução proposta por Almeida Filho e Schmitz (1997).
The primary research use of both software packages [MonoconcPro e WordSmith Tools] is to
generate concordances, or listings of all the occurrences of any given word in a given text, with
words shown in context. (Reppen, 2001, p. 33)
43
A busca foi realizada com a inserção de ach*, de modo a que pudéssemos obter todas as
ocorrências para o verbo achar.
42
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
109
Exemplo 3:
1. Eu [[achei]] a reunião confusa e cansativa e: gostar ...
2. ... repetisse para todos.... Novamente. Eu [[acho]] que você deveria
continuar praticando.. ...
3. ... o... Você poderia ter feito melhor. Eu [[acho]] que está ficando bom.
Você deveria cont ...
4. ... ia, mas não para ambiente de trabalho. [[Acho]] que poderia ter sido::
melhor expos:to: ...
5. ... coisas, mas foi interessante É... Eu [[acho]] que a repetição leva à
melhora cada vez ...
6. ... repetição leva à melhora cada vez mais. [[Acho]] que ce tem que
estudar bastante. Não ...
7. ... r aí: pra poder perder mesmo massa. Eu [[acho]] que você que TEM
que estar satisfeito, ...
8. ... .. Eu preferia o anterior, né? Bom, eu [[Acho]] que você não deveria
fazer isso. Eu ach ...
Os resultados gerados pelo programa citado apresentam o item procurado
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– ach* - entre colchetes e inseridos em um contexto mínimo, tal como exposto no
Exemplo 3. Os truncamentos, representados pelas reticências, são também
gerados automaticamente pelo programa. Vale destacar que, em caso de
necessidade, o usuário pode, durante a utilização do MonoconcPro, solicitar
expansão do contexto.
Nesta pesquisa, o MonoconcPro, bem como o KWIC Concordance, foram
empregados com dois objetivos: gerar freqüência de uso e gerar produção de
concordâncias.
4.4
Procedimentos empregados na análise dos dados
A análise dos dados desta pesquisa foi empreendida sobretudo com o
emprego de um paradigma qualitativo que, segundo Minayo (1996, p. 21),
“aprofunda-se no modo dos significados das ações e relações humanas, um lado
não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas”.
Após ter realizado a coleta e a transcrição dos dados, a análise destes foi
iniciada a partir do levantamento das configurações contextuais, empregando as
variáveis campo, modo e relações (cf. Halliday, 1989), a serem detalhadas no
capítulo a seguir. Após essa etapa, os 83 enunciados da primeira fase e os 1620
da segunda fase foram estudados.
Inicialmente, todas as respostas foram analisadas a fim de que se pudesse
identificar e classificar seu núcleo ou o momento da fala em que a opinião é
expressa. Na segunda fase da análise, foi identificada, em algumas respostas, a
Metodologia
110
presença de elementos periféricos – aqueles que orbitam em torno do núcleo e
que têm, na maior parte das vezes, a função de atenuar o impacto da opinião
desfavorável. Uma vez identificados os elementos periféricos, passou-se a sua
classificação e descrição. Em etapa posterior, foram verificados os processos de
elaboração tanto do núcleo como dos elementos periféricos empregados pelos
informantes. Ainda com relação à etapa de análise, observou-se o papel das
seguintes variáveis na elaboração da opinião desfavorável: (a) campo e relações
(variáveis contextuais), (b) relação de poder e distância social entre os
participantes e (c) tópico (aparência física, habilidade e bem/posse). Por fim, foi
considerada a relação entre perfil do participante e escolha do tipo de opinião
desfavorável a ser emitida.
As etapas de análise acima descritas e as exemplificações são
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apresentadas e detalhadas nos próximos capítulos.
5
Análise e Discussão dos Dados
E sabemos que o conflito aberto e marcado pela representatividade de opiniões é, sem
dúvida alguma, um traço revelador de um igualitarismo individualista que, entre nós, quase
sempre se choca de modo violento com o esqueleto hierarquizante de nossa sociedade.
(DaMatta, 1997, p. 184)
Neste Capítulo, objetiva-se apresentar e proceder à análise dos dados
coletados nas duas fases da pesquisa, levando em consideração o enfoque
teórico e os conceitos expostos nos Capítulos 2 e 3. Da primeira fase, conforme
visto anteriormente, participaram 7 indivíduos. Os objetivos dessa etapa foram
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testar o instrumento de coleta de dados e, a partir de uma análise inicial, esboçar
uma taxionomia que pudesse ser empregada posteriormente na análise da
totalidade dos dados. Da segunda fase da pesquisa, participaram 90 indivíduos
de ambos os sexos, seguindo os critérios apresentados no Capítulo 4. Nessa
fase, os participantes tiveram de responder a versão definitiva do DCT composta
de dezoito situações. A taxionomia elaborada previamente pôde, então, ser
avaliada e ajustada.
Inicialmente, serão submetidas à análise as configurações contextuais das
situações formuladas para esta pesquisa, a partir das variáveis campo, modo e
relações (Halliday, 1989; Halliday e Hasan, 1989), considerando o DCT em sua
versão definitiva. Posteriormente, empreenderemos um estudo dos marcadores
de opinião empregados, confrontando-os com aqueles apresentados, por
exemplo, nos materiais didáticos de PL2E descritos no Capítulo 2. Em seguida,
serão descritas e analisadas as opiniões desfavoráveis obtidas após a aplicação
do DCT43.
5.1
Levantamento das Configurações Contextuais
Tendo em vista a existência de uma dependência contextual do sentido
discursivo (Meyer, 1980; Saeed, 2000; Silva, 2004), faz-se necessário
empreender uma descrição dos contextos onde as opiniões desfavoráveis em
foco neste trabalho foram proferidas. Apesar de não se tratar de situações reais
43
DCT das duas fases – v. Apêndice.
Análise e discussão dos dados
112
de interação discursiva, buscamos considerar na formulação das situações que
compõem o DCT, de forma mais fidedigna possível, ações comuns aos
contextos retratados, conforme será visto mais adiante.
A descrição dos contextos apresentados nas situações será realizada
tomando-se por base as três variáveis situacionais já comentadas no Capítulo 3
e denominadas campo, modo e relações (Halliday, 1989; Halliday e Hasan,
1989). O conjunto dessas três variáveis estabelece uma determinada
configuração contextual. As variáveis citadas e sua relação com os contextos
pesquisados serão apresentadas a seguir.
A variável campo diz respeito à natureza da ação social e envolve tanto o
tipo de ação que está a ser desenvolvida como seus objetivos. Nas situações
formuladas, apesar de haver dois objetivos comuns a todas [pedido de
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elaboração e elaboração propriamente dita de uma opinião desfavorável], são
considerados contextos e ações distintos.
Um dos contextos retratados é aquele que identificamos como ‘ambiente
de trabalho’. Uma vez definido o contexto, buscamos ações comuns a ele para a
elaboração das situações, tais como: participar de reuniões (situação 2), solicitar
realização de serviços (situação 5), conversar com o chefe ou com funcionários
(situações 8, 11, 14 e 17)
O segundo contexto foi denominado ‘vizinhança’ e diz respeito àquele
contexto próximo à residência em que moramos e às relações sociais que se
estabelecem entre os vizinhos (situações 3, 9 e 15).
Quanto ao terceiro contexto, optou-se por identificá-lo como ‘familiar’, pois
se trata de situações passíveis de acontecerem entre familiares e amigos
(situações 1, 7 e 13 [cônjuges] e situações 4, 10 e 16 [amigos]). Na perspectiva
de DaMatta (1997 [1979]; 1997; 1999 [1984]), apresentada no Capítulo 3, este
seria um contexto que tem identificação com o espaço da ‘Casa’.
O quarto contexto é marcadamente o espaço da ‘Rua’ (DaMatta, op.cit.),
local em que encontros esporádicos podem ocorrer, e pessoas que nunca se
viram podem entabular uma conversa (situações 6 e 18 [táxi] e situação 12
[ônibus]).
Mais adiante, em 5.3.3, veremos como a variável campo pode impactar a
elaboração da opinião desfavorável.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
113
No que diz respeito à variável modo, pode-se dizer que ela se refere ao
papel que a língua desempenha em uma atividade. Nos casos em análise, a
linguagem falada é a empregada, com todas as nuances possíveis para a
realização do ato de emitir uma opinião desfavorável, cujo valor é negativo. Vale
lembrar, conforme mencionado na Metodologia, que as opiniões deveriam versar
a respeito de três tópicos, a saber: trabalho realizado, aparência física do
interlocutor e algum bem ou posse do interlocutor.
A variável relações, por sua vez, diz respeito aos participantes e aos
papéis que estão envolvidos na atividade social que está sendo realizada. Os
papéis são de diferentes naturezas, com variações em termos da distância social
e das relações de poder, conforme ilustra o Quadro 5.1, apresentado a seguir.
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Quadro 5.1: Papéis envolvidos nas diferentes situações do DCT
Situação
Emissor da opinião
Ouvinte
01
Cônjuge
Cônjuge
02
Funcionário de empresa
Supervisor
03
Vizinho
Vizinho
04
Amigo
Amigo
05
Funcionário de empresa
Faxineiro
06
Passageiro
Motorista de táxi
07
Cônjuge
Cônjuge
08
Funcionário de empresa
Chefe
09
Vizinho
Vizinho
10
Amigo
Amigo
11
Coordenador
Funcionário de empresa
12
Passageiro
Trocadora de ônibus
13
Cônjuge
Cônjuge
14
Funcionário de empresa
Supervisor
15
Vizinho
Vizinho
16
Amigo
Amigo
17
Chefe
Funcionário de empresa
18
Passageiro
Motorista de táxi
Temos, em resumo, relações que se estabelecem entre (1) cônjuges
(situações 1, 7 e 13) e (2) amigos (situações 4, 10 e 16), ocasiões em que
distância social e poder são minimizados; entre (3) vizinhos (situações 3, 9 e 15),
ocasião em que a distância social pode se impor e (4) funcionário de empresa e
Análise e discussão dos dados
114
superior hierárquico (situações 5, 11 e 17 [falante ocupa posição hierárquica
superior] e situações 2, 8 e 14 [falante ocupa posição hierárquica inferior])
momento em que – comparativamente – há maior imposição de distância social
e poder. Há, igualmente, relações que se constroem entre desconhecidos
(situações 6,12 e 18)
Mais adiante, em 5.3.3 e 5.3.4, veremos de que maneira os aspectos do
contexto, principalmente as variáveis campo e relações, além da questão da
mudança de tópico, podem estar ligadas à produção do ato de fala em estudo.
5.2
Marcadores de opinião
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Galembeck argumenta que os marcadores de opinião “são representados
por duas classes de elementos gramaticais: os verbos de opinião (...) e certas
expressões adverbiais (...).” (Galembeck, 1999, p. 182). Tal como proposto de
modo geral pelos materiais didáticos de português como segunda língua para
estrangeiros (PL2E) analisados no Capítulo 2 deste estudo, os seguintes verbos
são considerados verbos de opinião: achar, crer, supor, ver, notar, entre outros
(Galembeck, 1999). Quando expressos na primeira pessoa do singular, eles têm
a função de introduzir a opinião do falante que a assume completamente.
Quanto às expressões adverbiais, Galembeck exemplifica mencionando as
seguintes expressões: na minha opinião, no que me diz respeito, pessoalmente,
para mim. Nesse caso, alguns dos materiais de PL2E analisados também
enfocam tais expressões.
Com relação aos dados analisados, porém, não podemos admitir que a
presença do marcador de opinião seja um requisito obrigatório já que em
algumas formulações esses marcadores inexistem.
A fim de verificarmos quais seriam os marcadores de opinião empregados
com mais freqüência pelos participantes da pesquisa, utilizamos como recurso
auxiliar os programas MonoconcPro e Kwic Concordance por meio dos quais é
possível efetuar buscas em contexto.
Na primeira fase da pesquisa, foram localizados, tal como propõe
Galembeck, cinco tipos de marcadores, a saber: verbo achar, eu sou de opinião /
a minha opinião é que, para / pra mim, além de pessoalmente. Apesar de os
verbos crer e acreditar também terem sido pesquisados, nenhuma ocorrência foi
localizada no conjunto de dados.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
115
No caso do verbo achar, foram encontradas nos dados 29 ocorrências.
Como exposto, ao construir sua opinião com o verbo achar, o falante se
compromete diretamente, como podemos observar nos exemplos listados a
seguir44.
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1.
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13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
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29.
Eu [[achei]] a reunião confusa e cansativa e: gostar
Eu [[acho]] que você deveria continuar praticando..
Eu [[acho]] que está ficando bom. Você deveria cont
[[Acho]] que poderia ter sido:: melhor expos:to: ...
É... Eu [[acho]] que a repetição leva à melhora cada
[[Acho]] que ce tem que estudar bastante. Não ...
Eu [[acho]] que você que TEM que estar satisfeito,
Bom, eu [[Acho]] que você não deveria fazer isso. Eu
Eu [[acho]] que você deve cortar e: manter uma apar
[[acho]] que pra MIM tá perfeito. É:: ficou leg ...
[[acho]] melhor você mudar os seus hábitos. É s ...
Eu [[achei]] interessante, mas eu gostaria de dicuti .
Eu [[acho]] que num ambiente profissional... Existe
Eu [[achei]] muito bonito... As plantas estão muito
Eu [[achei]] uma porcaria.. Não tô acostumada a come
Eu [[achei]] que você não fez um serviço legal... Go
eu [[acho]] que ficou legal. Eu gostava mais do: d ...
Eu [[acho]] que cabelo grande foi feito para mulher
[[Achei]] legal... Bonito o seu celular. Achei l ...
[[Achei]] legal porque eu também gosto da persona ...
Eu [[achei]] essas cores muito fortes para você... A
Eu [[achei]] muito cansativa e eu não entendi Nada..
Bom, eu [[acho]] que você num tá BEM ainda... Pode
[[Acho]] que ficou até pior, sei lá.. Não precis ...
[[Achei]] que não ficou muito legal, não.. Porque ...
[[Acho]] que é um desperdício você:: gastar o qu ...
Não [[achei]] legal não porque isso é muito tradicion
Não [[achei]] muito legal não... Porque eu não entend
[[Achei]] ruim. Está me incomodando muito. Não ...
Com relação aos marcadores (1) para / prá mim, (2) eu sou de opinião / a
minha opinião é que e (3) pessoalmente, foram encontradas, respectivamente, 4,
2 e 1 ocorrências.
1.
2.
3.
4.
pra [[MIM]] tá perfeito. É:: ficou legal. Olha, p ...
para [[mim]]... É indiferente. É... Essas camisas s
Pra [[mim]] continua o mesmo. Se você tá se sentin ...
Pra [[mim]] não tem muito valor não.
1. Eu sou da [[opinião]] que quanto:: maior a quantidade
44
Conforme visto na Metodologia, os truncamentos observados foram gerados automaticamente
pelo programa MonoconcPro.
116
Análise e discussão dos dados
2. A minha [[opinião]] é que você assenta melhor com
1. Mas [[pessoalmente]] eu não faria o que você fez.
Com a coleta total dos dados concluída, buscou-se levantar, na segunda
fase da pesquisa, a ocorrência dos marcadores mencionados, a saber: verbo
achar, eu sou de opinião / a minha opinião é que, para / prá mim, pessoalmente,
verbos crer e acreditar.
Com relação ao verbo achar, foi possível verificar que houve 589 menções
a esse verbo. Considerando que o corpus da segunda fase tem 29602 palavras,
as menções ao verbo achar equivalem a quase 2% do total. As variações mais
recorrentes encontradas foram as seguintes: [eu] estou / tô achando, [eu] acho e
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[eu] achei. As formas da primeira pessoa do presente e do pretérito do indicativo
– justamente aquelas que indicam quem está emitindo a opinião - estão na lista
das 20 palavras mais utilizadas45 pelos participantes, apresentada a seguir.
Corpus File: C:\Documents and Settings\Patricia\Meus documentos\PUC - DOUTORADO - PESQUISA
2\Da qualificação até defesa\08 - Análises definitivas\Totalidade dos dados - só respostas sem identificação para monoconc.txt
que
eu
mas
um
muito
acho
mais
bem
e 297
se
uma
bom
gostei
assim
tem
porque
achei
legal
ficou
ter
1229
980
516
468
455
348
312
310
269
233
213
210
200
200
179
176
162
148
145
É preciso, no entanto, mencionar o fato de que no total de ocorrências do
verbo achar estão incluídas as repetições feitas por um mesmo informante por
ocasião de uma resposta. Isso significa que em um enunciado como o que
45
Foram desconsideradas as preposições.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
117
segue, foram contadas quatro menções ao verbo achar, pois foi o número de
vezes que ele foi empregado.
pô.. sinceramen::te eu acho que não ficaria muito bom pra empresa.. assim.. pro
local em que você trabalha essa aparência. Acho que você devia manter uma
aparência mais limpa.. assim.. dá um aspe.. as pessoas te olham diferente. Há um
certo preconceito com cabelo grande e desleixado assim.. então acho que.. pra
empresa se você puDEsse manter uma um corte mais tranqüilo.. assim.. acho que
ficaria melhor. [0111FaC11]
Considerando apenas as respostas proferidas, sem levar em conta o
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número de vezes em que o citado verbo foi repetido, teríamos 434 respostas
(26,79%) – de um total de 1620 – em que o verbo achar foi mencionado pelo
menos uma vez. Isso é revelador da importância, para o ensino de PL2E, por
exemplo, de formulações opinativas com o uso desse verbo.
Com relação aos outros marcadores, foram obtidos os seguintes índices
de ocorrências no corpus:
•
eu sou de opinião = não há registro no corpus da segunda fase.
•
[n]a minha [sincera] opinião = 11 ocorrências
•
para mim = 2 ocorrências
•
prá mim = 84 ocorrências
•
pessoalmente = 3 ocorrências
•
verbo crer [1ª. pessoa do presente do indicativo] = 3 ocorrências
•
verbo acreditar [1ª. pessoa do presente do indicativo] = 4
ocorrências
A relação entre os diferentes índices de ocorrências de marcadores de
opinião identificados nesta pesquisa está resumida no Gráfico 5.1, apresentado
mais adiante.
118
Análise e discussão dos dados
Vale destacar que os participantes optaram, na elaboração de muitas
respostas, por não empregar marcador de opinião, utilizando, como será exposto
mais adiante, outros recursos.
Gráfico 5.1: Incidência dos Marcadores de Opinião
700
600
500
400
300
200
100
0
589
84
2
4
m
in
ha
eu
so
u
ac
ha
r
3
3
cr
er
ac
re
di
ta
r
11
de
op
[s
in
in
iã
ce
o
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]o
pi
ni
ão
pa
ra
m
im
pr
á
m
pe
im
ss
oa
lm
en
te
0
[n
]a
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Total de ocorrências
Incidência dos marcadores de opinião
Marcadores de opinião
O levantamento apresentado leva-nos à conclusão de que o verbo achar
foi o marcador de opinião mais produtivo. Observando os materiais de PL2E,
julgamos que seja, portanto, pertinente, dar mais atenção às formulações com
este tipo de marcador.
É preciso, no entanto, que o foco seja também
direcionado, no ensino de PL2E, para outras formas de marcar a emissão da
opinião desfavorável, conforme descrição que será apresentada a seguir.
5.3
Estudo descritivo da emissão da opinião desfavorável
A análise empreendida com os dados coletados permitiu-nos verificar a
existência de quatro categorias dentro das quais foram distribuídas as diferentes
formas de elaboração do ato de emitir uma opinião desfavorável e a partir das
quais foi elaborado um quadro tipológico de referência (cf. Figuras 5.2 e 5.9)
para o ato de fala em epígrafe. As categorias mencionadas foram denominadas
da seguinte forma:
1. Opinião Desfavorável Direta;
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
119
2. Opinião Desfavorável Indireta;
3. Falsa Opinião Positiva;
4. Não Manifestação de Opinião;
Ao longo desse Capítulo, far-se-á, também, referência às siglas ODDcen,
ODIcen, FOPcen e NMOcen que correspondem, respectivamente, a cada uma
das categorias citadas.
Tendo em vista o fato de que as formulações que compõem essas quatro
diferentes categorias são aquelas que na verdade indicam o momento em que
uma opinião desfavorável é proferida, optamos por agrupá-las sob uma mesma
denominação, a saber: ‘Formulações Centrais’. A essas formulações opõem-se
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as chamadas ‘Formulações Periféricas’, pois estas se apresentam, de modo
geral, como formulações que acompanham as ‘Formulações Centrais’
normalmente com o objetivo de atenuá-las.
Conforme será visto adiante de maneira mais detalhada, a categoria
‘Opinião Desfavorável Direta’ se opõe, em geral, às outras categorias na medida
em que estas indicam, normalmente, estratégias empregadas pelos falantes
para evitar a emissão de uma opinião desfavorável de forma direta,
resguardando, assim, sua face e a de seu interlocutor, tal como discutido no
Capítulo 3.
A seguir serão apresentadas e descritas as quatro categorias identificadas
tendo em vista não só aspectos formais, mas também sócio-discursivos. Levarse-á, inicialmente, em consideração o conjunto de dados da primeira fase da
pesquisa para, em seguida, apresentar a análise do corpus definitivo.
5.3.1
Formulações Centrais – Análise dos dados parciais
De acordo com o que foi previamente mencionado, serão descritas, nesta
seção, as ‘Formulações Centrais’ tendo em vista a análise dos dados da primeira
fase da pesquisa. A análise mais detalhada, considerando os dados da segunda
fase, será empreendida mais adiante, em 5.3.2.
120
Análise e discussão dos dados
5.3.1.1
Opinião Desfavorável Direta (ODDcen)
A
‘Opinião
Desfavorável
Direta’
apresenta
características
formais
semelhantes àquelas descritas por Albuquerque (2003) para a categoria
negação explícita direta que integra seu estudo a respeito dos atos de negar. Em
ambas, o elemento central é o não, conforme ilustram os Exemplos 1 e 2.
Exemplo 1: não gostei da comi:da, pois não gosto de: comidas exóticas.
[0011MaA03]46
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Exemplo 2: não gostei do servi:ço... você poderia ter feito melhor. [0011MaA04]
Da mesma forma, tal como proposto por Mateus et alli (1994) e Neves
(2000) e corroborado por Albuquerque (2003), o operador de negação em
questão pode não só ocupar posição pré-verbal (Exemplo 3), mas também a
posição pós-verbal (Exemplo 4), sobretudo em casos que se queira marcar
comunicativamente a negação.
Exemplo 3: não gosTEI. [0073FcC03]
Exemplo 4: gostei NÃO... tudo hoRRÍvel. [0062MbC03]
Além disso, ao lado desse operador podem coexistir outros elementos
negativos, conforme sugerem os exemplos a seguir.
Exemplo 5: tava muito cansati:va e eu não entendi quase nada do que você
explicou. [0052FbC01]
Exemplo 6: eu achei MUIto cansativa e eu não entendi NAda... eu queria falar
com o senhor a respeito disso mesmo. [0062MbC01]
Exemplo 7: que limPEza? Que eu NÃO vi limPEza nenhuma. [0062MbC04]
46
Os elementos destacados referem-se ao tópico que está em discussão.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
121
A ‘Opinião Desfavorável Direta’ pode, ainda, ser realizada com o uso de
itens lexicais que carregam significado negativo, como em:
Exemplo 8: foi conFUsa [0032MaB01]
Exemplo 9: achei ruim. [0073FcC01]
Exemplo 10: eu achei uma porcaRIa.. não tô acostuMAda a comer esse tipo de:
de coMIda... eu gosto MUIto de uma comida BRAsileira. [0052FbC03]
O significado negativo nos enunciados acima pode ser compreendido na
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medida em que admitimos a seguinte equivalência:
foi conFUsa = não foi clara.
achei ruim = não achei bom.
eu achei uma porcaRIa (...). = eu achei muito ruim = eu não achei nada
bom.
Nas duas formulações de ‘Opinião Desfavorável Direta’ apresentadas foi
possível encontrar termos que desempenham as funções de reforço ou ênfase e
de atenuador. Na função de reforço, temos:
Exemplo 11: é: algu:mas... alguns pratos eu realmente não gostei. [0042MaB03]
Exemplo 12: você realmente está me incomoDANdo porque sua voz sai um pouco
FORte e::... não é aquela voz agradá:vel que eu gostaria de escutar. [0052FbC02]
Exemplo 13: está me incomoDANdo muito. [0073FcC02]
Exemplo 14: gostei NÃO... tudo hoRRÍvel. [0062MbC03]
Nos exemplos 11 e 12, verificamos o emprego do advérbio ‘realmente’ com
a finalidade de reforçar ou intensificar, respectivamente, a informação de que o
falante não apreciou alguns dos pratos que lhe foram oferecidos e a de que a
voz do interlocutor é de fato desagradável. O mesmo pode ser observado no
Exemplo 13, ocasião em que o falante opta pelo emprego de ‘muito’ para dar
Análise e discussão dos dados
122
mais ênfase ao fato de que o barulho produzido pelas aulas de canto é
incômodo. Já no Exemplo 14, o falante fez uso do emprego de termo de maior
valor (upgrade). No caso em questão, optou-se, no momento de qualificar os
pratos servidos, por ‘horrível’ no lugar de ‘ruim’.
A fim de ilustrar a função de atenuador da ‘Opinião Desfavorável Direta’,
foram selecionados os seguintes exemplos:
Exemplo 15: é: algu:mas... alguns pratos eu realmente não gostei. [0042MaB03]
Exemplo 16: bom, eu acho que você num ta BEM ainda... pode melhoRAR.. mas
no momento ta incomodando. [0052FbC02]
Exemplo 17: pra mim não tem MUIto valor não. [0073FcC09]
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Exemplo 18: não gosTEI muito não. [0073FcC11]
No Exemplo 15, o falante, indagado a respeito do que tinha achado do
jantar servido e diante da constatação de que este não tinha sido bom, refere-se
apenas a alguns pratos no lugar de referir-se ao jantar como um todo. Desse
modo, ele busca minimizar o efeito que causaria a emissão de uma opinião
direta e opta por iniciar sua fala com o emprego de um elemento que atenue o
impacto da opinião. O uso de ‘ainda’ no Exemplo 16 deixa margem para a
compreensão de que o interlocutor vai melhorar, de que ainda há chance para
tal. Nos Exemplos 17 e 18, temos o emprego de ‘muito’ com valor de atenuador ,
diferentemente do emprego visto anteriormente quando ele tinha função de
reforço (Exemplo 15). Nesse caso, a fim de evitar a ‘Opinião Desfavorável
Direta’, o falante sugere que o celular tem algum valor (Exemplo 17) e que
gostou, pelo menos em parte, do quadro comprado pelo amigo (Exemplo 18).
Ainda com relação à formulação da ‘Opinião Desfavorável Direta’, vale
mencionar o fato de que esta pode ser considerada – a exemplo de outros atos
de fala – um ato de ameaça à face (cf. Capítulo 3). Por conta disso, observamos
que os falantes empregam algumas estratégias, além do emprego do atenuador
já visto, que podem ser antepostas ou pospostas ao ato em foco neste estudo. O
intuito dessas estratégias é amenizar a força desse ato e preservar a face dos
interlocutores, conforme será exposto em 5.3.5, por ocasião da análise das
‘Formulações Periféricas’.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
123
5.3.1.2
Opinião Desfavorável Indireta (ODIcen)
No caso da ‘Opinião Desfavorável Indireta’, conforme a denominação
sugere, o falante busca meios de evitar a expressão direta desse tipo de opinião
e, assim, salvaguardar sua face e a de seu interlocutor.
Como não são
encontrados os elementos explícitos de negação já discutidos, a compreensão
de que a opinião expressa é desfavorável exige, basicamente, que o interlocutor
acesse o nível do não-dito, do subentendido, pois a mensagem real está
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implícita, conforme afirma Ilari (2001).
As mensagens lingüísticas comportam às vezes implícitos que não podem ser
previstos com base apenas no sentido literal. Importantíssimos para a
interpretação final da mensagem, esses implícitos só podem ser descobertos por
um trabalho de conjectura feito a partir de uma avaliação global da situação
comunicativa, em que o ouvinte procura recuperar as intenções do falante.
Mensagens que comportam esse tipo de implícito são sempre interpretadas como
“indiretas” e obrigam, tipicamente, o ouvinte a perguntar: “O que foi que ele quis
me dizer com isso?”, “Aonde ele quis chegar?” etc. (Ilari, 2001, p. 92).
São apresentados a seguir exemplos em que o falante optou pela
emissão de uma ‘Opinião Desfavorável Indireta’.
Exemplo 19: acho que poderia ter sido:: melhor exposto as coisas, mas foi
intereSSANte. [0021FaA01]
Exemplo 20: eu acho que você deveria continuar pratiCANdo... quem sabe um dia
você melhora. [0011MaA02]
Exemplo 21: é... eu acho que a repetição leva à melhora cada vez mais. acho que
cê tem que estudar bastante. [0021FaA02]
Exemplo 22: prefiro:: quando você estava de cabelo branco. [0011MaA07]
Exemplo 23: é::... eu preferia o anterior, né? [0021FaA07]
Exemplo 24: prefiro FLOres [0073FcC10]
No Exemplo 19, a fim de evitar dizer que a reunião foi de fato confusa e
cansativa, o falante afirma que o assunto em pauta poderia ter sido melhor
exposto. Com isso, ele deixa dúvidas a respeito daquilo que realmente quer
significar, pois é possível compreender que (1) o assunto foi bem exposto, mas
poderia ter sido melhor ou (2) o assunto não foi – de modo algum – exposto de
Análise e discussão dos dados
124
forma clara. Dessa maneira, o falante se isenta de emitir uma opinião real e
deixa para seu interlocutor a tarefa de interpretar o que se quis dizer. Processo
semelhante ao que foi descrito ocorre nos demais exemplos, quando o que se
quer realmente dizer é que a pessoa não está cantando bem (Exemplos 20 e
21), que o cabelo branco era mais bonito do que o pintado (Exemplos 22 e 23)
ou que as imagens de cerâmica não são bonitas (Exemplo 24).
À ‘Opinião Desfavorável Indireta’ pode se agregar um tom de ironia, a qual
acessamos também por meio da compreensão do implícito, conforme
demonstram os exemplos a seguir.
Exemplo 25: você tem cerTEza que está faZENdo? [0032MaB02]
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Exemplo 26: você tem cerTEza que HOUve limPEza? [0021FaA04]
Exemplo 27: Você está pretendendo usar isso aí AONde? [0042MaB12]
A emissão da opinião desfavorável nos casos acima foi elaborada na
forma de uma pergunta, com ironia, sem que houvesse a exigência de uma
resposta. O objetivo é fazer o interlocutor perceber que há algo errado, como no
Exemplo 26, ocasião em que se busca fazer o faxineiro ver que a limpeza da
sala foi mal feita.
5.3.1.3
Falsa Opinião Positiva (FOPcen)
Na ‘Falsa Opinião Positiva’, o falante emite uma opinião que é apenas
aparentemente positiva, tal como expressa nos exemplos a seguir. Trata-se de
uma tentativa de não agredir seu interlocutor, empregando o recurso da polidez
positiva (Brown e Levinson, 2000 [1987]), resumido no Capítulo 3 desta Tese.
Exemplo 28: eu achei intereSSANte, mas eu gostaria de discutir com o senhor
alguns tópicos. [0042MaB01]
Exemplo 29: eu acho que está ficando bom. Você deveria continuar
freqüentando para que continue a emagrecer mais. [0011MaA05]
Exemplo 30: ah... ficou bom. [0011MaA06]
Exemplo 31: achei leGAL... boNIto o seu celuLAR. [0052FbC09]
Exemplo 32: o seu jardim ficou bem bonito. [0011MaA10]
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
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125
Exemplo 33: é:: ficou legal [0021FaA10]
Exemplo 34: é::: são bonitas. você: você gosta realMENte de usar esse tipo de
cor? [0021FaA12]
Observa-se a ocorrência de itens lexicais ou formulações que valorizam o
tópico a respeito do qual a opinião é expressa, tais como: interessante, ficar
bom, achar / ficar legal, ser / ficar bonito (a). Nesse caso, a marcação de que a
opinião não é de todo positiva será feita pela entoação, assunto de relevância
comprovada no estudo dos atos de fala, conforme visto no Capítulo 3. Na Figura
5.1 pode-se observar que na elaboração da ‘Falsa Opinião Positiva’ a entoação
será, normalmente, descendente
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Figura 5.1: Realização do Exemplo 30: ah... ficou bom. [0011MaA06]
Merece destaque, ainda, o emprego do adjetivo ‘interessante’ para
qualificar a reunião (Exemplo 28). Atualmente, parece ser esse um termo-curinga
na emissão da opinião de um modo geral. Tal observação poderá ser melhor
investigada na medida em que mais dados forem coletados e analisados.
5.3.1.4
Não Manifestação de Opinião (NMOcen)
Nos casos de ‘Não Manifestação de Opinião’, o falante procura não emitir
sua opinião a respeito do tópico questionado e, conseqüentemente, não se
Análise e discussão dos dados
126
comprometer. Dois processos são empregados na construção desse tipo de
opinião.
Exemplo 35: se tá bom pra você::... tá bom. [0032MaB05]
Exemplo 36: se você se sente bem, eu acho que ficou legal. [0052FbC05]
Exemplo 37: eu acho que voCÊ TEM que esTAR satisfeito, não os outros.
[0021FaA06]
Exemplo 38: quanto você perDEU? [0042MaB05]
No primeiro processo, exemplificado em 35, 36 e 37, o falante, em geral,
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deixa para o seu interlocutor a tarefa de construir uma opinião. No segundo
caso, ilustrado pelo Exemplo 38, ele opta por fazer uma digressão e, dessa
forma, retardar a emissão da opinião.
Tendo em vista as quatro categorias anteriormente descritas, propomos,
com base nos dados coletados até o presente momento, um quadro tipológico
de referência para o ato de emitir uma opinião desfavorável, representado pela
Figura 5.2, apresentada mais adiante.
Vale ressaltar que, de forma geral, os materiais de PL2E que reservam
espaço para o ato de opinar não se dedicam a tratar da ‘Opinião Desfavorável
Indireta’, da ‘Falsa Opinião Positiva’ ou da ‘Não Manifestação de Opinião’ que
apresentam maior grau de complexidade tanto para elaboração quanto para
compreensão. O foco está, portanto, mais concentrado na exposição da ‘Opinião
Desfavorável Direta’, com marcas explícitas que evidenciam a negação.
Com relação aos diferentes enunciados que compõem as quatro
categorias descritas, é preciso observar que, com freqüência, eles não ocorrem
isoladamente, mas em conjunto com outras formulações que têm como objetivos
atenuar ou reforçar a opinião desfavorável, tal como será visto em 5.3.5.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
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127
Figura 5.2: Quadro tipológico de referência para o ato de emitir uma opinião desfavorável [dados
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parciais]
5.3.2
Formulações Centrais – Análise da totalidade dos dados
As quatro categorias da ‘Opinião Desfavorável’ identificadas e analisadas a
partir dos dados coletados na primeira fase da pesquisa serão retomadas, tal
como anunciado, para aprofundamento e maior detalhamento da análise. Em
muitas ocasiões, critérios definidores dessas diferentes categorias serão
retomados para ampliação.
Análise e discussão dos dados
128
5.3.2.1
Opinião Desfavorável Direta (ODDcen)
A análise primeira da categoria denominada ‘Opinião Desfavorável Direta’
ou ODDcen, apresentada em 5.3.1.1, foi elaborada, conforme visto no capítulo
em que se tratou da Metodologia, a partir de um corpus experimental. Nesta
seção, o assunto será retomado para aprofundamento, considerando a
totalidade dos dados coletados.
A categoria citada integra – juntamente com a ‘Opinião Desfavorável
Indireta’, a ‘Falsa Opinião Positiva’ e a ‘Não Manifestação de Opinião’ – o
conjunto de formulações possíveis encontrado nesta pesquisa para a construção
da ‘Opinião Desfavorável’ em português do Brasil. Seu nome foi cunhado tendo
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em vista o fato de que o falante, mesmo diante de uma situação em que é
incitado a emitir uma opinião desfavorável, elabora-a de modo direto. De acordo
com a teoria da polidez desenvolvida por Brown e Levinson (2000 [1987]),
verifica-se, nesse caso, o emprego da estratégia bald-on-record, ocasião em que
são empregados comentários diretos sem que nada seja feito para minimizar as
ameaças que possam existir à face do interlocutor (cf. Capítulo 3). Os exemplos
abaixo completam tal afirmação.
Exemplo 39: PÉ::ssimo [0141FcC03]
Exemplo 40: não entendi NA:da. [0152FbA02]
Exemplo 41: não tá MUIto gosto::sa... mas eu TÔ com tanta fome. [0231FbBC01]
A seguir serão discutidos os processos identificados para elaboração da
‘Opinião Desfavorável Direta’ ou ODDcen.
5.3.2.1.1
Processos de elaboração da Opinião Desfavorável Direta
O corpus desta pesquisa, de acordo com o que foi previamente
apresentado, é composto de 1620 respostas. Desse total, 681 (42,04%) foram
classificadas como ‘Opinião Desfavorável Direta’, tal como exposto no Gráfico
5.2, apresentado a seguir.
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129
Gráfico 5.2: Distribuição da Opinião Desfavorável
Distribuição da Opinião Desfavorável
18,21%
14,75%
25%
42,04%
Não Manifestação
de Opinião
Falsa Opinião
Positiva
Opinião Desfavorável
Direta
Opinião Desfavorável
Indireta
Em 5.3.1.1, por ocasião da análise dos dados parciais, verificou-se que a
elaboração da ODDcen, por envolver a questão da negação, apresentava
características desta. Com a análise integral do corpus, foi possível reforçar as
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conclusões a que se tinha chegado inicialmente. Desse modo, a ODDcen possui,
em seu núcleo, traços formais que se assemelham àqueles descritos por
Albuquerque (2003) em estudo realizado sobre os atos de negar. Esses traços,
mencionados em 5.3.1.1, serão retomados neste momento para nova discussão.
O traço mais característico da ‘Opinião Desfavorável Direta’, assim como
dos dados da ‘negação explícita direta’ apresentados por Albuquerque (2003), é
a existência do operador de negação não em seu núcleo, conforme ilustram os
exemplos listados a seguir.
Exemplo 42: não gostei da comida. [0131FbB04]
Exemplo 43: não ficou muito clara prá mim. [0191FbB02]
Exemplo 44: sinceramen::te não é o modelo que mais me agrada. [0181MaB18]
Na discussão anterior, mencionou-se o fato de que esse mesmo operador
poderia, a exemplo do proposto por outros estudiosos (Mateus et alli, 1994;
Neves, 2000; Albuquerque, 2003), ocupar duas posições: pré-verbal e pósverbal, como mostram, respectivamente, os enunciados 45 e 46 abaixo. No caso
da posição pós-verbal, vale lembrar que o falante, ao utilizá-la, enfatiza e marca
comunicativamente a negação.
Exemplo 45: esse quadro não faz o meu esti::lo... mas::... é: interessante.
[0201MaA16]
Análise e discussão dos dados
130
Exemplo 46: gostei NÃO... tudo hoRRível. [0062MbC03]
Além dos casos apresentados, verificou-se, nos dados desta pesquisa, a
possibilidade de o não ocupar simultaneamente as duas posições citadas,
configurando-se em uma dupla negação. A esse respeito, Perini (2002) afirma
que esse tipo de construção é mais comum na fala, e a inserção de um segundo
não deve seguir algumas regras.
Na língua falada, a negação do verbo pode ser expressa da mesma forma que na
escrita, isto é, simplesmente colocando não ates do verbo. Mas é mais freqüente
acrescentar uma segunda ocorrência do não.
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O posicionamento do segundo não segue estas regras:
1.
O segundo não ocorre no final da sentença (exceto nas estruturas
coordenadas).
2.
Ele nega a oração principal, nunca a subordinada, salvo nos casos de
orações objetivas, que podem ser negadas separadamente (se ocorrerem por
último na sentença)
Nas orações coordenadas com e e apenas um sujeito para ambas, o segundo não
ocorre no final de toda a estrutura ou no final da primeira oração. Ele nega o que
quer que o preceda. (Perini, 2002, p. 434)47
Os Exemplos 47 e 48 apresentam, portanto, casos em que o não aparece
em posição pré- e pós-verbal, reforçando o caráter desfavorável que a opinião
expressa.
Exemplo 47: ah:: não gostei desse tipo de quadro não... prefiro outros tipos.
[0701FbA16]
Exemplo 48: ah sinceramente... eu não gosto dessas coisas estranhas não. sei lá
essas coisas assim... muito elaboradas.. com negócio assim.. ah não... é
diferente.. mas particularmente não faz muito meu gosto não. [0261FaC04]
47
In the spoken language, verb negation may be expressed the same way as in the written
language, that is, by simply preposing não to the verb. But it is more common to add a second
occurrence of não.
The positioning of the second não follows these rules:
1. The second não occurs at the end of the sentence (except in coordinated structures).
2. It negates the main clause, never the subordinate one, except for objective clauses, which
may be independently negated (if last in the sentence).
In coordinated sentences with e and just one subject for both, the second não occurs at the end of
the whole structure or at the end of the first sentence; it negates whatever precedes it. (Perini,
2002, p. 434)
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131
Além dos casos mencionados, os dados apontaram para a possibilidade
de o não vir acompanhado de outros elementos de valor negativo, como nada,
nenhum(a) e nunca, corroborando mais uma vez, a análise inicial.
Exemplo 49: posso falar a verDAde?... esse quadro tá faltando algo aí... faltando
mais detalhes aí... não dá prá gente entender NAda... dos desenhos... e:: e do
visual do quadro [0723McC16]
Exemplo 50: não consegui entender nada [0753FcB02]
Exemplo 51: O seu carro é XX .. eu também já tive um XX também e é::... esse
carro não vale nada .. não presta .. marca horrível [0782MbC18]48
Exemplo 52: eu não acho legal você deixar esse cabelo crescer não... que essa
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aparência sua não inspira confiança nenhuma aqui na empresa [0793FbA11]
Exemplo 53: é:: não é nenhum Picasso.. mas dá prá enganar [0803MbA16]
Exemplo 54: boni::to mas prá mim não faz diferença nenhuma... eu recebo só...
só recebo ligações e faço ligações necessárias prá mim [0833FbA14]
Exemplo 55: pô achei hoRRÍvel cara.. não vou comer um negócio desses nunca
mais. [0251MbA04]
No caso de nunca, há, ainda, a possibilidade de ele ocorrer isoladamente
ou associado a nada.
Exemplo 56: é:: bom... prá quem aprecia deve tá uma bele::za... mas como eu não
sou... bom... nunca comi essa comida.. não achei muito boa... porque não estou
habitua::do.. mas.. tudo bem [0541MbA04]
Exemplo 57: bom:: [risos] eu adoREI você ter feito.. porque você NUNca faz
NAda... mas tá ruim... da próxima vez a gente tenta melhorar. [0312FaC01]
Tal como o caso da dupla negação, podemos ter a tripla negação,
constituída dos elementos de valor negativo citados inseridos entre dois
operadores de negação não. Vale destacar que nesse e nos demais casos em
que haja mais de um elemento de negação, um atua como reforço do outro.
Nesse sentido, Perini (2002) afirma o seguinte:
48
A marca do carro foi omitida.
Análise e discussão dos dados
132
Um princípio geral do português é o de que várias negativas na mesma sentença
dão ênfase uma à outra, em vez de se anularem, como acontece no inglês. Pode
haver, portanto, até mesmo mais de duas. (Perini, 2002, p. 433)49
Os Exemplos 58, 59 e 60 representam casos em que se observou a tripla
negação.
Exemplo 58: não notei nenhuma diferença não [0823MbA08]
Exemplo 59: o importante é você gostar cara... eu não sou muito chegado não...
isso não me atrai não... esse quadro aí não me transmite nada não... mas eu
acho que você tem que fazer a tua vontade.. se você gostou isso é que é
importante [0823MbA16]
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Exemplo 60: o::lha... o nariz não tem diferença nenhuma não... continua o mesmo
[0563McC09]
É preciso considerar também o fato de que a palavra não pode ter outros
valores discursivos além da negação. Segundo Andrade (2000),
O termo não, porém, tem enorme relevância em orações não só por ser um dos
elementos básicos da negação, mas porque carrega inúmeros outros valores
semânticos para os quais devemos atentar. A proposta deste trabalho está então
vinculada à descrição dos diversos usos da palavra não, com foco mais intenso
em situações em que esta tem um papel e valor semântico principais outros que
não a de advérbio de negação. (Andrade, 2000, p. 9).
Tendo essa afirmação em vista, Andrade (2000) fez um trabalho descritivo
em que listou o uso do não como marcador conversacional para indicar o início
da tomada de turno, como marcador de estratégia de polidez e em frases
interrogativas. Complementarmente, estudou a forma contraída né. Nos dados
desta pesquisa, verificou-se a ocorrência do primeiro e do terceiro casos, ou seja
o não sendo utilizado como um marcador conversacional com a função de
apontar o começo do turno e em frases interrogativas, como nos exemplos que
seguem.
49
It is a general principle in Portuguese that several negatives in the same sentence reinforce each
other, instead of canceling each other, as in English; thus, there may be even more than two.
(Perini, 2002, p. 433)
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133
Exemplo 61: não.. tá tranqüilo.. tranqüilo.. só.. só tinha umas sujeiras aqui naquele
cantinho ali mas tá tranqüilo.. brigada. [0111FaC05]
Exemplo 62: Você não a::cha o carro um pouco peque::no e com a mecâ::nica
meio complica::da? [0211MbB18]
O núcleo da ‘Opinião Desfavorável Direta’ também pode ser constituído
por um ou mais itens lexicais marcados negativamente [- positivo], ao contrário
do que ocorre com a ‘Falsa Opinião Positiva’, descrita posteriormente, em
5.3.2.3, de cuja constituição fazem parte termos marcados positivamente
[+positivo]. Esse processo de elaboração da ODDcen está exemplificado a
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seguir.
Exemplo 63: eu vou pedir prá você cortar esse cabe::lo... prá não dar má
impressão prá empresa... você está com um jeito de pessoa SUja e desleiXAda
[0701FbA12]
Exemplo 64: não achei boa não... vou ser franco a você... eu pedi a você antes..
para que caprichasse na limpeza.. porque isso aqui é um escritório... é muita
gente.. então é:: muito ruim.. fica muito ruim pras pessoas quando chegarem
aqui.. encontrarem tudo assim.. desarrumado.. e você procura fazer as coisas com
mais atenção... com mais capricho [0723McC05]
Exemplo 65: ih ca::ra... tá muito feio... tá esquisito... você é um cara bran::co... cê
tem que jogar assim um castanho mais... essa cor tá forçando muito uma barra...
quem olha sabe que é tinta [0823MbA10]
Exemplo 66: não gostei muito não... é um sabor meio desagradável.. prá ser
sincera [0793FbA04]
Exemplo 67: pô... o teu carro é uma porcaria [0973McC18]
Nos casos apresentados acima, o significado negativo dos termos
marcados em negrito pode ser expresso pela seguinte relação:
Pessoa suja e desleixada = pessoa que não se limpa e que não se cuida.
Fica muito ruim = não fica bom
Tá muito feio... tá esquisito = não está bonito
É um sabor meio desagradável = o sabor não é agradável
Análise e discussão dos dados
134
Teu carro é uma porcaria = teu carro não é nada bom.
A relação acima evidencia a polaridade negativa dos termos em negrito,
empregados pelos participantes deste estudo.
Igualmente inseridos na categoria de itens lexicais citada anteriormente,
pois têm também carga negativa, estão aqueles termos relacionados ao
xingamento, cujo intuito é insultar ou afrontar alguém. Desse modo, são
direcionados ao interlocutor e não ao objeto ou ação sobre o qual deveria recair
a opinião. Os exemplos numerados de 68 a 76 apresentam os xingamentos mais
empregados.
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Exemplo 68: você é louco. [0231FbB07]
Exemplo 69: cê é LOUco::... cabelo grisalho é super charmo::so... por que você
pintou? [0272FbB10]
Exemplo 70: CAra... que paRAda de boiola é essa? [0321MaA10]
Exemplo 71: pô::xa cara... esse estilo aí meio maluco.. etc... essa arte moderna aí
é meio esquisita... mas até que tá maneirina.. as cores até que são bem...
coloridas.. coloridas [0921MbC16]
Exemplo 72: isso tá riDÍculo... uma paraiBAda isso daqui... pelo amor de Deus...
jardim de infância já passou. [0321MaA15]
Exemplo 73: tá parecen::do um paLHAço. [0141FcC17]
Exemplo 74: tá parecendo mais cores de transviado [0782MbC17]
Exemplo 75: cê é retardado de comprar esse negócio ruim? [0131FbB13]
Exemplo 76: ah:: amor::... tu é burro ou o que? você não sabe que essa marca é
Péssima?.. se estragar... o dinheiro vai sair do seu bolso. [0312FaC13]
Os xingamentos foram empregados por indivíduos de ambos os sexos,
tendo sido elaborados majoritariamente por pessoas da faixa etária 1 [17 a 25
anos]. Como era de se esperar, eles ocorreram mais freqüentemente nas
situações que retratavam o espaço da ‘Casa’ (DaMatta, 1997 [1979]; 1997; 1999
[1984]) e que envolviam amigos ou familiares [marido e mulher], pois, nesse
contexto, a proximidade / intimidade pode servir como elemento-chave para a
sua expressão. Apesar de ter sido em menor número, merece destaque também
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
135
o fato de ter havido casos de xingamento nas situações que retratavam interação
entre vizinhos e entre chefe e empregado. No caso desta última, o xingamento
parece servir para marcar o distanciamento e a relação de poder do chefe sobre
seu empregado.
Na elaboração da ‘Opinião Desfavorável Direta’, observa-se, ainda, a
possibilidade de ocorrência de termos de reforço [upgrade], tal como os
encontrados por Pomerantz (1984) e Almeida (2000) em estudos acerca da
preferência
e
da
não-preferência
em
construções
de
concordância
e
discordância em inglês e português do Brasil, respectivamente (cf. Capítulo 3). O
tipo de reforço encontrado por ocasião da análise das respostas classificadas
como ODDcen envolve o uso dos seguintes intensificadores: realmente, tão,
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bastante, muito e mesmo, tal como exemplificado a seguir.
Exemplo 77: é:: o sabor das... desses alimentos é completamen::te exó::tico... e
até um pouco agressivo prá mim... pro meu paladar... eu realmente não apreciei
algumas comidas.. por talvez não ter histórico daqueles sabores nesses paladares
tão novos [0622FaA04]
Exemplo 78: muito estra::nho... eu achei essa peça muito estranha... realmente
não gostei não [0793FbA06]
Exemplo 79: ah:: você ficou diferen::te... tão esquisito... tô achando que você ficou
mais velho... eu não sei.. eu tava acostumada com aquele seu cabelo.. né? assim..
sei lá.. você ficava com cara mais de nenenzinho... agora tá com uma cara
estranha... mas de qualquer modo eu gosto de você.. né? então logo logo eu vou
me acostumar com isso. [0432FaB07]
Exemplo 80: se fosse... se EU fosse você... eu não levaria pra casa esse quadro
não.. ele tem...é um pouquinho cafo::na ele não... não vai se adaptar muito bem a
tua... não é... não é aconselha:::vel você botar:: na sua parede um quadro de::sse
tão... tão vulgar [0453FbC16]
Exemplo 81: as cores são bastante gritantes hein? [0472FbC17]
Exemplo 82: eu já tive um modelo desse e achei realment::e bastante
insatisfatório. [0472FbC18]
Exemplo 83: muito feio. [0141FcC06]
Exemplo 84: pô:: tive um carro desses.. meu camarada... e o carro.. pô:: o motor
dele é muito ruIM.. muito aperTAdo.. minha família é GRANde.. tenho três filhos..
muLHER ...minha mulher tá GORda que nem uma baLEia... aí tive que trocar o
carro [0302MaB18]
136
Análise e discussão dos dados
Exemplo 85: ah:: não gostei não... antes ta:va mais bonito... o::.. o jardim... não
gostei mesmo [0563McC15]
Ainda no papel de reforço [upgrade], foram também identificadas as formas
do superlativo horrível e péssimo.
Exemplo 86: não achei muito bom não, achei uma porcaria, você ficou horrível
[0782MbC07]
Exemplo 87: o seu carro é XX .. eu também já tive um XX também e é esse carro
não vele nada .. não presta .. marca horrível [0782MbC18]50
Exemplo
88:
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péssimo [0863FcC01]
Vale lembrar que as múltiplas negações, assunto abordado anteriormente
nesta seção, também se enquadram nos casos de reforço identificados.
Em 5.3.5, por ocasião da análise dos Elementos Periféricos, veremos, em
mais detalhes, que alguns deles dão, igualmente, ênfase à ‘Opinião
Desfavorável Direta’, como a ‘Repreensão’ (REPper) (cf. Exemplo 89) e a
‘Ameaça’ (AMEper) (cf. Exemplo 90), marcadas em negrito.
Exemplo 89: você podia ter me consultado antes de comprar porque essa
marca não é muito boa não [0281MaB13]
Exemplo 90: o::lha só... deixa eu te dizer uma coisa... eu não tenho NA::da contra
cabe:los gran:des... acho muito bonitos... quanto mais bem trata::dos melhor...
mas:: eu vou ser muito hones::ta com você... é::: isso tá fora do padrão da
empresa... e:::.. assim.. eu vou te avisar lo::go que se eu for chamada a atenção
quanto ao seu cabelo.. eu vou ter que conversar com você.. ou você vai ter que
cortar:: ou:: então vou ter que te dispensar:: porque.. você já conhece as
nor:mas.. e sabe que esse perfil não é permitido aqui.. né? então você já tá
avisa::do... depois você não reclama comi::go.. né? [0432FaB11]
Além
das formulações compostas por
reforço, foram novamente
encontradas, a exemplo do que foi apresentado por ocasião da análise dos
dados parciais, formulações com atenuadores, tais como algum / a e muito.
50
A marca do carro foi omitida.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
137
Exemplo 91: é:::... com relação a:.. a:.. a nossa comida do dia-a-dia... BAStante
diferente né?... algumas coisas eu gostei do sabor... outras não me apeteceu
[0572FbC04]
Exemplo 92: não ca:ra... tá tranqüilo.. não dá... não tá...não chega a incomodar
não... não é muito boa.. muito boa não... mas não chega a incomodar não
[0602MbA03]
No exemplo 91, o falante, ao opinar desfavoravelmente a respeito de um
jantar que lhe teria sido servido, refere-se a apenas algumas das iguarias
servidas [“outras não me apeteceu”] e minimiza o impacto sobre seu interlocutor
dizendo “algumas coisas eu gostei do sabor”. Em 92, temos, mais uma vez, o
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emprego de ‘muito’ como atenuador. Com ele, o falante permite que seu
interlocutor entenda que a música, por não ser muito boa, pode ser razoável.
Deve-se considerar, também, a existência de Elementos Periféricos com
função de atenuador, tais como: ‘Falsa Opinião Positiva’51 (FOPper) e ‘Incentivo’
(INCper) – exemplificados a seguir.
Exemplo 93: eu achei um pouco confusa.. mas::... interessante [0201MaA02]
Exemplo 94: poxa.. seu.. seu cabelo pintado ficou muito artificial.. ficou meio
estranho... mas acho que com o tempo vai acabar melhorando.. relaxa
[0101FbB11]
Exemplo 95: amor:::... você fez uma surpre::sa.. mas essa marca.. assim.. eu já
ouvi dizer que não é a melhor do mercado [0292FaA13]
Esses elementos, por introduzirem idéia contrária àquela contida na
opinião de fato, vêm, com mais freqüência inseridos em estruturas adversativas.
5.3.2.1.2
Prefaciadores das formulações ODDcen
Por ocasião da descrição dos processos de elaboração da ‘Opinião
Desfavorável Direta’, foi possível verificar que essa é uma categoria da ‘Opinião
51
Sobre a ‘Falsa Opinião Positiva’ como elemento periférico (FOPper), consultar a seção 5.3.5.11
deste trabalho.
Análise e discussão dos dados
138
Desfavorável’ em que se inserem aqueles enunciados cuja carga negativa é
explicitada verbalmente pelos participantes. Com isso, o falante deixa claro para
seu interlocutor sua real intenção comunicativa.
A análise dos dados permitiu, ainda, verificar que a intenção do falante
em proferir uma opinião desfavorável fica explícita e também reforçada quando
ele opta por empregar, além dos processos descritos, os marcadores que
seguem:
•
na minha sincera opinião
Exemplo 96: na minha sincera opinião acho que não... acho que você deve
cortar o cabelo.. até prá::.. prá::.. prá cara da empresa... porque cabelo grande
não combina com a cara da empresa e com as metas que a gente tem que seguir
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
[0891MbC11]
•
sinceramente
Exemplo 97: o::lha... sinceramen::te... eu não tô notando nada não...mas.. acho
que você tem que emagrecer mais ainda [0653MbB08]
•
sinceramente?
Exemplo 98: sinceramente?... não achei que ficou bom não [0653MbB15]
•
sinceridade
Exemplo 99: bem.. sinceridade.. não foi legal... prefiro falar a verdade.
[0381FbA02]
•
me desculpa a sinceridade
Exemplo 100: ah:: sinceramen::te... eu preferia você como estava antes... não sei
se é porque tô acostuma::da.. né?... com seu jeito como era... mas é que ficou tão
esTRA::nho... sei lá... não pare:ce você... tá diferen::te tá esquisi::to... ai... cê me
desculpa a sincerida::de... mas não dá pra disfarçar não... eu pelo menos não
gostei. [0432FaB10]
•
prá / para ser [bem] sincero / a
Exemplo 101: amor... não gostei muito não.. prá ser bem sincero [0891MbC07]
•
vou ser sincero
Exemplo 102: o::lha... não achei que ficou bom não meu amigo... vou ser sincero
a você... você procura um outro médico que é especializado no assunto.. porque
esse aí estragou é com o seu nariz [0723McC09]
•
Prá / para te dizer / falar a verdade
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
Exemplo 103:
•
139
cara... prá te falar a verdade não gostei [0891MbC10]
na verdade
Exemplo 104: o::lha... na verdade eu eu já tive um veículo dessa marca né?...
desse mode::lo... não me adaptei... a ele tanto que troquei... mas se está sendo...
está atendendo bem ao seu prefil.. no caso.. com seu motorista de táxi... eu acho
que está tudo tranqüilo... não tem problema algum... prá mim.. eu não gostei
[0572FbC18]
•
posso falar a verdade?
Exemplo 105:
posso falar a verDAde?... esse quadro tá faltando algo aí...
faltando mais detalhes aí... não dá prá gente entender NAda... dos desenhos... e::
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
e do visual do quadro [0723McC16]
As formulações apresentadas nos exemplos anteriores (de 96 a 105)
podem ser consideradas alguns dos recursos à disposição do falante para
posicionar-se em relação a um conteúdo proposicional. Sobre este assunto, Ilari
(2001) faz a seguinte afirmação:
A linguagem corrente coloca à disposição do falante uma série de recursos
destinados a precisar os limites dentro dos quais se compromete com uma
determinada afirmação. Os usos desses recursos representa sempre uma
intervenção do falante a propósito do conteúdo de sua mensagem. Os lingüistas
reúnem às vezes esses recursos de intervenção sob a denominação genérica de
modus, e falam de “modalizações de uma afirmação”. (Ilari, 2001, p. 34)
Dentre os exemplos de maneiras de modalização de uma afirmação
apresentados pelo autor mencionado, figura o “uso de advérbios que qualificam
a fala (não o conteúdo da fala)”. Um dos advérbios relacionados por Ilari (2001) é
‘para falar a verdade’ que, juntamente com outros, também faz parte, tal como
apresentado, do conjunto de possibilidades utilizado pelos participantes deste
estudo.
Tendo em vista que todas as expressões citadas envolvem o conceito de
sinceridade ou verdade e considerando o fato de que esses marcadores vêm,
normalmente, localizados imediatamente antes da opinião propriamente dita,
verifica-se que eles servem para que o falante prepare seu interlocutor para
receber a opinião desfavorável.
140
Análise e discussão dos dados
Nesta seção, foram descritos os processos de elaboração da ODDcen
utilizados por todos aqueles que participaram desta pesquisa. A seguir, discutirse-á a respeito das relações que se estabelecem entre a ODDcen e as
formulações periféricas.
5.3.2.1.3
Constituição das formulações ODDcen
As 681 formulações pertencentes à categoria ‘Opinião Desfavorável Direta’
puderam ser agrupadas em função da observação da existência de alguns
padrões recorrentes, dando origem a 143 formas possíveis para elaborar essa
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opinião, conforme apresentado na Tabela 5.1, apresentada abaixo.
Tabela 5.1: Resumo das formulações ODDcen
5
4
3
2
1
01
0
1
2
3
4
5
6
(ODDcen)
344
02
ODIper
(ODDcen)
04
03
FOPper
(ODDcen)
04
04
INCper
(ODDcen)
01
05
PEDper
(ODDcen)
08
06
RAZper
(ODDcen)
19
07
REPper
(ODDcen)
05
08
SUGper
(ODDcen)
08
09
COMper
(ODDcen)
06
10
AMEper
(ODDcen)
02
11
DESper
(ODDcen)
12
SUGper
(ODDcen)
SUGper
13
REPper
(ODDcen)
REPper
03
14
RAZper
(ODDcen)
RAZper
02
15
RAZper
(ODDcen)
SUGper
02
16
INCper
(ODDcen)
RAZper
01
17
FOPper
(ODDcen)
RAZper
02
18
REPper
(ODDcen)
SUGper
01
19
REPper
(ODDcen)
PEDper
01
20
FOPper
(ODDcen)
PEDper
01
21
NMOper
(ODDcen)
FOPper
01
22
PEDper
(ODDcen)
PEDper
02
23
ODIper
(ODDcen)
COMper
01
24
COMper
(ODDcen)
COMper
03
25
FOPper
(ODDcen)
SUGper
26
FOPper
(ODDcen)
COMper
(ODDcen)
01
27
RAZper
(ODDcen)
COMper
(ODDcen)
01
28
COMper
(ODDcen)
COMper
SUGper
01
29
SUGper
(ODDcen)
SUGper
(ODDcen)
01
30
REPper
(ODDcen)
PEDper
COMper
01
31
RAZper
(ODDcen)
mas
FOPper
01
01
03
01
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
141
32
RAZper
(ODDcen)
mas
COMper
01
33
ODIper
(ODDcen)
mas
INCper
01
34
FOPper
(ODDcen)
mas
FOPper
05
35
NMOper
(ODDcen)
mas
INCper
01
36
FOPper
(ODDcen)
mas
INCper
01
37
NMOper
(ODDcen)
mas
NMOper
03
38
NMOper
(ODDcen)
mas
FOPper
01
39
COMper
(ODDcen)
mas
FOPper
01
40
COMper
(ODDcen)
mas
COMper
01
41
PEDper
(ODDcen)
mas
FOPper
01
42
PEDper
(ODDcen)
mas
COMper
01
43
NMOper
(ODDcen)
INCper
mas
(ODDcen)
44
COMper
(ODDcen)
mas
COMper
(ODDcen)
45
FOPper
(ODDcen)
mas
FOPper
mas
46
RAZper
(ODDcen)
RAZper
(ODDcen)
mas
INCper
47
NMOper
(ODDcen)
mas
COMper
mas
FOPper
INCper
01
48
FOPper
(ODDcen)
ODIper
mas
INCper
SUGper
FOPper
01
mas
(ODDcen)
06
01
01
(ODDcen)
01
01
49
COMper
50
FOPper
mas
(ODDcen)
28
51
ELOper
mas
(ODDcen)
01
52
INCper
mas
(ODDcen)
01
53
NMOper
mas
(ODDcen)
01
54
RAZper
mas
(ODDcen)
02
55
FOPper
só que
(ODDcen)
02
56
COMper
só que
(ODDcen)
01
57
FOPper
agora
(ODDcen)
01
58
PEDper
RAZper
(ODDcen)
01
59
SUGper
RAZper
(ODDcen)
01
60
REPper
ODIper
(ODDcen)
61
FOPper
mas
(ODDcen)
PEDper
01
62
FOPper
mas
(ODDcen)
COMper
01
63
FOPper
mas
(ODDcen)
RAZper
02
64
ELOper
mas
(ODDcen)
INCper
01
65
ELOper
mas
(ODDcen)
COMper
01
66
INCper
mas
(ODDcen)
SUGper
01
67
NMOper
mas
(ODDcen)
PEDper
01
01
68
FOPper
só que
(ODDcen)
SUGper
01
69
COMper
só que
(ODDcen)
SUGper
01
70
FOPper
agora
(ODDcen)
RAZper
01
71
FOPper
COMper
(ODDcen)
FOPper
01
72
FOPper
só
(ODDcen)
mas
FOPper
01
73
FOPper
agora
(ODDcen)
mas
FOPper
01
74
FOPper
mas
(ODDcen)
COMper
(ODDcen)
01
75
FOPper
mas
(ODDcen)
mas
NMOcen
01
01
76
FOPper
só que
(ODDcen)
PEDper
SUGper
77
FOPper
PEDper
(ODDcen)
mas
FOPper
78
COMper
RAZper
(ODDcen)
mas
INCper
(ODDcen)
79
FOPper
só que
(ODDcen)
FOPper
mas
(ODDcen)
80
NMOper
mas
(ODDcen)
mas
NMOper
mas
01
01
01
(ODDcen)
01
81
NMOper
mas
só que
(ODDcen)
01
82
FOPper
COMper
agora
(ODDcen)
01
83
ODIper
INCper
mas
(ODDcen)
01
142
Análise e discussão dos dados
84
FOPper
COMper
mas
(ODDcen)
01
85
FOpper
mas
COMper
(ODDcen)
02
86
NMOper
mas
FOPper
(ODDcen)
01
87
FOPper
mas
REPper
(ODDcen)
01
88
FOPper
mas
SUGper
(ODDcen)
01
89
COMper
mas
RAZper
(ODDcen)
RAZper
90
ELOper
FOPper
mas
(ODDcen)
mas
INCper
91
FOPper
mas
ODIper
(ODDcen)
agora
FOPper
01
92
FOPper
mas
PEDper
(ODDcen)
mas
INCper
01
FOpper
COMper
FOPper
(ODDcen)
mas
FOPper
mas
FOPper
mas
(ODDcen)
01
01
93
94
ODIper
95
ODIper
mas
INCper
mas
(ODDcen)
96
COMper
mas
ODIper
mas
(ODDcen)
97
FOPper
mas
ODIper
AMEper
(ODDcen)
mas
ODIper
COMper
mas
(ODDcen)
98
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
01
01
FOPper
01
01
AMEper
01
01
99
(ODDcen)
INCper
01
100
(ODDcen)
RAZper
22
101
(ODDcen)
REPper
08
102
(ODDcen)
SUGper
21
103
(ODDcen)
DESper
01
104
(ODDcen)
AMEper
05
105
(ODDcen)
COMper
05
106
(ODDcen)
FOPper
02
107
(ODDcen)
PEDper
15
108
(ODDcen)
mas
FOPper
14
109
(ODDcen)
mas
INCper
04
110
(ODDcen)
mas
COMper
01
111
(ODDcen)
mas
ELOper
01
112
(ODDcen)
mas
NMOper
02
113
(ODDcen)
mas
PEDper
01
114
(ODDcen)
mas
SUGper
01
115
(ODDcen)
DESper
COMper
01
116
(ODDcen)
RAZper
(ODDcen)
03
117
(ODDcen)
NMOper
(ODDcen)
01
118
(ODDcen)
RAZper
AMEper
01
119
(ODDcen)
RAZper
DESper
01
120
(ODDcen)
COMper
(ODDcen)
05
121
(ODDcen)
REPper
(ODDcen)
01
122
(ODDcen)
COMper
REPper
01
123
(ODDcen)
COMper
SUGper
01
124
(ODDcen)
RAZper
NMOper
01
125
(ODDcen)
RAZper
REPper
01
126
(ODDcen)
SUGper
COMper
01
127
(ODDcen)
SUGper
RAZper
01
128
(ODDcen)
REPper
RAZper
129
(ODDcen)
mas
FOPper
COMper
01
130
(ODDcen)
mas
FOPper
SUGper
01
131
(ODDcen)
RAZper
mas
INCper
01
132
(ODDcen)
PEDper
mas
FOPper
01
133
(ODDcen)
RAZper
mas
NMOper
01
134
(ODDcen)
mas
ELOper
INCper
01
135
(ODDcen)
FOPper
mas
(ODDcen)
01
01
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
143
136
(ODDcen)
DESper
FOPper
DESper
137
(ODDcen)
mas
COMper
(ODDcen)
01
138
(ODDcen)
mas
INCper
mas
(ODDcen)
01
139
(ODDcen)
SUGper
mas
(ODDcen)
REPper
01
140
(ODDcen)
mas
INCper
SUGper
ELOper
01
141
(ODDcen)
mas
SUGper
mas
FOPper
142
(ODDcen)
COMper
mas
(ODDcen)
mas
INCper
COMper
01
143
(ODDcen)
PEDper
ODIper
mas
INCper
agora
REPper
01
02
01
681
Ao contrário das outras categorias, a diferença entre a quantidade de
‘Opinião Desfavorável Direta’ que aparece de forma isolada e aquela que
aparece com o apoio de alguma formulação periférica é bastante reduzida:
50,51% contra 49,49%. Esse equilíbrio parece se justificar pelo fato de que a
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‘Opinião Desfavorável Direta’ é, dentre as quatro categorias, aquela em que há
mais probabilidade de ameaça à face. Por conta disso, há mais necessidade de
elementos que minimizem o impacto na realização desse ato.
Tendo o exposto acima em vista, vale ressaltar que o primeiro padrão
observado diz respeito àquelas formulações de ‘Opinião Desfavorável Direta’
que são construídas isoladamente, como, por exemplo, “Eu acho que é ruim prá
empresa.” [0231FbB11]. Nesse caso, não há ocorrência de formulações
periféricas com a função de enfatizar ou amenizar a opinião desfavorável.
Os 142 padrões restantes incluem casos em que a ODDcen vem
associada a um ou mais elementos periféricos. Uma descrição mais detalhada
acerca de cada elemento periférico será apresentada em 5.3.5.
Com relação à posição desses elementos no enunciado, pode-se dizer que
eles podem ocupar três posições:
1. os elementos periféricos podem preceder a ODDcen.
Nos exemplos a seguir, a ODDcen está marcada em negrito. Em 106, ela é
precedida por um ‘Incentivo’. Nesse caso – uma situação que sugeria a interação
entre um casal – a informante, do sexo feminino, inicia sua fala sugerindo que a
atitude do seu interlocutor teria sido positiva, deixando subentendido que gosta
de surpresa. A seqüência, no entanto, ao ser introduzida pela adversativa mas,
já aponta a opinião desfavorável.
Já em 107, como a apresentação não foi compreendida pelo falante, ele
inicia sua fala pedindo ao chefe que faça nova explicação. Por conta dessse
aspecto, o elemento periférico em questão é o ‘Pedido’.
Análise e discussão dos dados
144
Exemplo 106: amor:::... você fez uma surpre::sa.. mas essa marca.. assim.. eu já
ouvi dizer que não é a melhor do mercado [0292FaA13]
Exemplo 107: poderia me explicar novame:nte porque::: eu não entendi:... o que
o senhor falou [0141FcC02]
2. os elementos periféricos podem suceder a formulação da ODDcen.
Nesse caso, o falante já inicia sua fala com a ODDcen, deixando para o
final a tarefa de acentuar essa opinião ou atenuá-la. Em 108, a ‘Repreensão’ é o
elemento periférico que tem a função de reforçar a ODDcen. Já em 109, a
‘Sugestão’, parece indicar um comprometimento maior do falante com o assunto
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em pauta, pois, a partir do que vê, sugere soluções com base em sua própria
experiência.
Exemplo 108: eu achei que você não fez quase nada... porque que tá assim? cê
lembra do que eu pedi para você fazer? porque que cê não fez.. assim? você pode
explicar? [0342MbC05]
Exemplo 109: Não gosto muito de branca de neve NÃO ficaria melhor se
pusesse mais árvores, um:: copo de leite, um:: girassol...; [0162FbC15]
3. os elementos periféricos antecedem e sucedem a ODDcen.
A combinação de elementos periféricos, nesse caso, pode ser bastante
diversificada. É possível encontrar dois ou mais elementos com função de
minimizar a força da ODDcem ou o inverso – elementos empregados com o
intuito de reforçar a ODDcen. Pode haver também uma mistura desses
elementos. O Exemplo 110 apresenta uma ODDcen precedida por um ‘Elogio’ e
sucedida por um ‘Incentivo’. Nesse caso, os elementos atuam no sentido de
salvaguardar a face dos participantes. Já em 111, temos, tanto à direita quanto à
esquerda da ODDcen, o elemento periférico denominado ‘Repreensão’,
reforçando a opinião expressa.
Exemplo 110: bom:: [risos] eu adoREI você ter feito.. porque você NUNca faz
NAda... mas tá ruim... da próxima vez a gente tenta melhorar [0312FaC01]
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
145
Exemplo 111: porra mi::na... porque tu não foi coMIgo?... me chamou pra ir
com...conTIgo pra comprar?... agora tu comprou essa marca aí que é uma
MERda... pu:: depois quem vai ter que pagar o conserto sou EU... porra.. só faz
merda [0302MaB13]
A análise mais detalhada da categoria ‘Opinião Desfavorável Direta’
permitiu a elaboração de um quadro mais pormenorizado e a identificação dos
processos disponíveis aos falantes e aprendizes de português do Brasil para sua
construção. De forma resumida, sua elaboração se processa tendo em vista os
critérios apresentados na Figura 5.3.:
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Figura 5.3: Elaboração da ‘Opinião Desfavorável Direta’
A ‘Opinião Desfavorável Direta’ é apenas uma das possibilidades para
elaboração da ‘Opinião Desfavorável’. Nas seções a seguir serão apresentadas
as demais categorias. Em 5.3.3 e 5.3.4, verificar-se-á em que medida as
variáveis contextuais e o perfil dos participantes interferem na escolha das
diferentes categorias de ‘Opinião Desfavorável’.
Análise e discussão dos dados
146
5.3.2.2
Opinião Desfavorável Indireta (ODIcen)
Por ocasião da descrição da ‘Opinião Desfavorável Direta’, verificou-se
que esta se caracteriza, primordialmente, pela presença de termos de polaridade
negativa. No caso da ‘Opinião Desfavorável Indireta’, conforme mencionado em
5.3.1.2, seção em que os dados parciais desta categoria foram analisados,
observa-se a tentativa dos falantes de evitar a expressão direta de uma opinião
que seja desfavorável e, com isso, evitar ameaças à face do seu interlocutor à
sua própria (cf. Teoria da Polidez - Capítulo 3). Isso se dá em função do fato de
que a expressão implícita, característica da ODIcen, oferece aos falantes de um
dado idioma “inesgotáveis recursos comunicativos em matéria de polidez.”52
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(Charaudeau e Maingueneau, 2004, p. 272).
No caso da ‘Opinião Desfavorável Indireta’, ver-se-á, a partir da análise
total dos dados, que esta exige que os interlocutores estejam, então,
sensibilizados para o fato de que, em muitas ocasiões, dizemos mais do que o
sentido primeiro das palavras. Isso exige, por parte dos participantes, um
trabalho interpretativo a fim de reconhecer os conteúdos implícitos. Charaudeau
e Maingueneau (2004), no verbete em que tratam do implícito, abordam esse
trabalho interpretativo da seguinte maneira:
O trabalho interpretativo consiste, pois, em combinar as informações extraídas do
enunciado com certos dados contextuais, graças à intervenção das regras da
lógica natural e das máximas conversacionais, para construir uma representação
semântico-pragmática coerente e verossímil do enunciado. O cálculo dos
subentendidos é um procedimento complexo, que faz intervir diversas
competências, e que pode fracassar ou levar a resultados errôneos – versão fraca:
o subentendido não é percebido, o que constitui para a comunicação uma espécie
de pequena catástrofe (...); versão forte, e mais catastrófica ainda: é o malentendido, espécie de erro de cálculo cometido pelo destinatário. Os conteúdos
explícitos colocam, evidentemente, menos problemas para os interlocutores.53
(Charaudeau e Maingueneau, 2004, p. 271)
A questão do implícito está presente na resposta transcrita no Exemplo
112. Essa resposta foi elaborada para a situação que exigia que o chefe emitisse
uma opinião acerca de duas camisas compradas por seu subordinado.
Exemplo 112: NO::ssa... quase fiquei cega. [0361FaA17]
52
53
Grifo no original.
Grifos no original.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
147
Um aprendiz de PL2E, por exemplo, poderia, em um primeiro momento,
perguntar-se a razão de o falante ter proferido tal resposta. Tal dúvida advém do
fato de a relação entre a resposta e a opinião esperada não ser explícita, pois há
mais no nível do não-dito do que no nível do dito. No entanto, considerando a
máxima da relevância estabelecida por Grice (1979), parte-se do princípio de
que aquilo que foi dito é relevante naquele dado contexto e está relacionado ao
que foi solicitado/perguntado.
O
trabalho
interpretativo
associado
à
compreensão
da
resposta
apresentada no Exemplo 112 exige que a relação estabelecida no enunciado
proferido pelo informante 0361FaA na situação 17 seja compreendida. Tal
relação prevê que ficamos “cegos” quando, por exemplo, uma luz muito forte
incide sobre nossos olhos. Normalmente é uma situação considerada
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desagradável aos sentidos. Transferindo isso para a situação apresentada,
conclui-se que o que se quis dizer é que as cores das camisas eram muito fortes
e desagradáveis aos olhos de quem estava emitindo a opinião.
A seguir, outros exemplos serão apresentados com o objetivo de discutir
em mais detalhes a elaboração da ‘Opinião Desfavorável Indireta’.
5.3.2.2.1
Processo de elaboração da Opinião Desfavorável Indireta
Das 1620 respostas que integram o corpus desta Tese, 295 – o
equivalente a 18,21% - foram classificadas como ‘Opinião Desfavorável Indireta’
ou ODIcen (cf. Gráfico 5.2 – Distribuição da Opinião Desfavorável).
Tal como exposto em 5.3.2 e no início desta seção, a característica
principal da ‘Opinião Desfavorável Indireta’ foi confirmada pela análise do
conjunto
de
dados.
O
processo
de
elaboração
da
ODIcen
envolve,
necessariamente, a questão do implícito.
Essa mesma análise permitiu traçar de modo mais detalhado uma
descrição das estratégias empregadas pelos falantes durante o processo de
elaboração da ODIcen.
Uma primeira maneira de evitar emitir de forma direta uma opinião
desfavorável envolve o recurso à comparação. Ao dizer, por exemplo, que um
outro objeto é melhor ou que a aparência física anterior de alguém seria mais
bonita, o falante, na verdade, deixa subentendido que o objeto a respeito do qual
Análise e discussão dos dados
148
está opinando não é bom ou que a pessoa está feia. Os exemplos a seguir (de
113 a 122) se enquadram nesse tipo de processo de elaboração da ODIcen.
Exemplo 113: oh... meu amor... não tinha um aparelho um pouco melhor... uma
marca melhor não? [0402FbB13]
Exemplo 114: pô::.. ca::ra... sei lá... eu acho que você tava melhor an::tes... mas
se você tá::... se você acha legal assim... eu acho que esse nego::cio do cabe::lo
ser bran::co não tem nada a ver... se... se você prefere pintar.. eu prefiro... prá
mim ta::va bom do jeito que ta::va... assim... eu como teu amig::o... eu acho que
você até se dava melhor com as mulheres [0502MbC10]
Exemplo 115: acho que você tem que aparar mais o cabe::lo.. e:: aparecer na
empresa com uma performance melhor [0521MbA11]
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Exemplo 116: achei que poderia ter ficado melhor [0551FaC05]
Exemplo 117: o::lha... Carlos... eu acho que.. antes de você comprar.. você devia
ter falado comigo.. porque DVD a gente tem que ter... é::: pedir opinião pras
pessoas que já têm.. prá ver... por exemplo.. esse DVD que você comprou é mais
barato.. mas as instruções dele vêm toda em inglês... e a gente não sabe inglês..
assim.. perfeitamen::te prá ficar lendo tudo... enquanto eu tenho colegas que
compraram um DVD melhor.. um pouquinho mais caro.. mas vem com as
instruções todas em português... ficaria muito mais fácil prá gente manusear
[0713FaA13]
Exemplo 118: o natural era melhor [0813FaA09]
Exemplo 119: o antigo era mais SE:xy. [0162FbC10]
Exemplo 120: eu acho que você deveria ter comprado uma MARca um pouco
mais::... confiá::vel... podia até ser mais cara.. mas.. mais confiável.
[0181MaB13]
Exemplo 121: podia ser um pouco mais moderno. [0231FbB15]
Exemplo 122: poderia ter sido mais clara [0551FaC02]
Em todos os exemplos se observa o emprego do comparativo de
superioridade, identificado pelo uso de mais ou da forma sintética melhor.
Merece destaque também a informação de que nas mesmas formulações o
segundo termo da comparação não está expresso. Desse modo, a opinião de
fato – que está contida no segundo termo da comparação – está implícita.
A esse respeito, Neves (2000) afirma o seguinte:
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
149
A oração comparativa (segundo termo da comparação) pode estar completamente
elíptica. Nesse caso, o segundo termo comparativo tem de ser reconstituído a
partir do contexto ou do conhecimento compartilhado entre os interlocutores, e,
muitas vezes, sua reconstituição é totalmente subjetiva. (Neves, 2000, p. 912)
Expandindo, por exemplo, a resposta apresentada no Exemplo 120,
teríamos o seguinte enunciado “eu acho que você deveria ter comprado uma
MARca um pouco mais::... confiá::vel... podia até ser mais cara.. mas.. mais
confiável do que essa que você comprou.”. O trecho em negrito representa,
portanto o segundo termo da comparação onde se completa a opinião
desfavorável.
Outro processo possível para a elaboração da ODIcen diz respeito à
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formulação de uma sugestão, como os exemplos que seguem.
Exemplo 123: eu a:cho que:: você deveria cortar o caBElo.. senão vai prejudicar
a minha firma. [0141FcC11]
Exemplo 124: você deveria cortar o seu cabe:lo. [0181MaB11]
Exemplo 125: eu acho que você é que deveria fazer uma nova plástica.
[0181MaB12]
Exemplo 126: você deveria cantar mais baixo e em outro horário. [0381FbA03]
Exemplo 127: eu só acho que você poderia cantar um pouquinho mais baixo..
para não incomodar. [0162FbC03]
Exemplo 128: cê poderia treinar um pouquinho mais... prá melhorar né?.. e não
ficar achan::do assim que está incomodando muito as pessoas [0701FbA03]
Exemplo 129: cê podia pelo menos aparar as pontas. [0371MbB11]
Exemplo 130: melhor cortar. [0191FbB11]
Observa-se, de modo mais freqüente, estruturas elaboradas com os
verbos dever e poder no futuro do pretérito ou no imperfeito. A utilização desse
recurso deixa entrever que o falante tem a intenção de sugerir ao seu interlocutor
que tome alguma atitude, como cortar o cabelo (Exemplos 123, 124, 129 e 130),
fazer uma plástica (Exemplo 125) ou cantar mais baixo (Exemplos 126, 127 e
128). Ao fazer tais sugestões, está implícita a opinião de que o corte de cabelo
atual não está bom, a aparência física não está boa e o canto não é agradável.
150
Análise e discussão dos dados
Existe, ainda, a possibilidade de o falante expressar preferência por um
bem/posse, aparência ou habilidade diferente daquele a respeito do qual está
emitindo sua opinião.
Exemplo 131: eu prefiro a nossa comidinha brasileira. [0402FbB04]
Exemplo 132: eu prefiro o antigo... cê ficava muito mais bonito [0472FbC10]
Exemplo 133: é::.. diferen::te.. mas eu prefiro uma carne de sol [0632MaA04]
Exemplo 134: eu prefiro homens de cabelo natural [0813FaA10]
Exemplo 135: pô:: cara.. meio diferente... mas eu prefiro ainda o feijão e arroz
da mamãe... na boa [0921MbC04]
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Exemplo 136: Você sabe que eu prefiro seus cabelos longos [0982MbC07]
Exemplo 137: Bem.. na verdade eu preferia o original... o anterior. [0181MaB09]
Exemplo 138: preferia como tava antes. [0281MaB07]
Exemplo 139: Amor ficou bom... mas.. assim..eu preferia o anterior porque eu já
estava acostumada. [0292FaA07]
Exemplo 140: eu preferia como era... homens ficam sempre bem de cabelo
branco. [0361FaA10]
Exemplo 141: preferia o cabelo grisalho. [0402FbB10]
Exemplo 142: ah ficou legal... tá coerente com seu com seu rosto e tal... mas eu
preferia.. cê sabe que eu gosto de cabelo comprido..
eu preferia cabelo
comprido.. não vou mentir prá você que eu preferia.. cê sabe disso.. mas tá legal..
o cara fez um bom trabalho.. mas eu preferia cabelo comprido.. cê sabe
[0511MbB07]
Exemplo 143: preferia o anterior... você era mais feminina prá mim [0823MbA07]
Exemplo 144: é.. eu achei mais ou menos mas eu preferia você com os cabelos
brancos você fica bem melhor com o cabelo natural [0843MbB10]
Exemplo 145: Eu prefiro cores mais discretas. [0231FbB17]
Exemplo 146: meu amor::.. que que você fez com o seu caBE::lo? Até que ficou
bem:: boni:to.. só que DEIxa ele crescer.. deixa.. por favor.. eu gosto tanto dele
comprido. [0101FbB07]
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
151
Exemplo 147: está uma delí::cia.. mas é::.. preferiria que::... me passa o sal aí
amor.. porque tá:: meio::... eu gosto de mais salga::do... hoje me deu vontade de
comer mais salgado [0541MbA01]
A expressão da preferência conforme apresentada pelos exemplos
anteriores (de 131 a 147) tem implícita a mensagem de que aquilo que está sob
julgamento não agrada. Ao dizer, por exemplo, “eu prefiro cores mais discretas”,
o falante sinaliza para seu interlocutor que (1) aquela cor não é discreta e (2)
aquela cor não me agrada. O mesmo processo de interpretação ocorre com o
enunciado exemplificado em 143: “preferia o anterior... você era mais feminina”.
Ao proferi-lo, o falante diz (1) com esse corte você não está feminina, (2) não
gosto desse corte.
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A elaboração da ‘Opinião Desfavorável Indireta’ pode, eventualmente,
envolver também mais de um dos processos apresentados anteriormente, como
no exemplo apresentado a seguir.
Exemplo 148: é.. eu achei mais ou menos mas eu preferia você com os cabelos
brancos você fica bem melhor com o cabelo natural [0843MbB10]
Temos, nesse caso, uma associação da expressão da preferência [“eu
preferia você com os cabelos brancos”] com a comparação [“você fica bem
melhor com o cabelo natural”].
A ironia, tal como identificada nos dados parciais, foi verificada também por
ocasião da análise total dos dados. Enquadram-se no caso da ironia, os
exemplos listados a seguir.
Exemplo 149: ah... tá boa::.. mas.. acho::... que podia tá melhor.. você tem certeza
que... cê cozinhou diREIto? [0211MbB01]
Exemplo 150: que plástica? [0222MaB09]
Exemplo 151: você limpou isso aqui? [0321MaA05]
Exemplo 152: você limPOU? [0191FbB05]
Análise e discussão dos dados
152
Apesar de terem sido formulados como perguntas, os enunciados
exemplificados acima na verdade não exigiam uma resposta. O objetivo primeiro
seria fazer o interlocutor se dar conta de que haveria algo errado, sem
necessariamente mencionar isso de forma explícita.
Apesar de a marca da ODIcen ser o implícito, há meios possíveis de
reforçar ou atenuar a opinião expressa. No caso da ODIcen, são os elementos
periféricos que podem atuar como reforço ou atenuador. Aqueles que têm função
primeira de reforçar a opinião desfavorável implícita na ODIcen são a ‘Ameaça’ e
a ‘Repreensão’, por exemplo.
Exemplo 153: Se você quiser continuar: com o seu empre:go, corte o seu
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cabe:lo [0201MaA11]
Exemplo 154; Poxa amor.. sinceramente eu não esperava que você fosse fazer
isso.. eu gostava tanto do seu cabelo comprido.. [0111FaC07]
Já aquele elemento periférico que atua como atenuador é, mais
freqüentemente, a FOPper, conforme exemplificado a seguir.
Exemplo 155: não cara... poxa... tartaruga poderia ser mais bonitinha... não... mas
pô:: tá maneiro... tá maneiro... essa arte moderna aí você sabe como é né?...
mas tá bom.. tá bom.. tá bom.. tá bom [0921MbC06]
Os processos empregados pelos informantes desta pesquisa para
elaborarem a ‘Opinião Desfavorável Indireta’ foram descritos. A seguir, será
esboçado um panorama de como as formulações periféricas se integram às
formulações ODIcen.
5.3.2.2.2
Constituição das formulações ODIcen
Tal como visto anteriormente, houve 295 ocorrências de enunciados
classificados como ‘Opinião Desfavorável Indireta’. Em função da existência de
características semelhantes entre diversos enunciados, estes foram agrupados.
Desse modo, foram identificados 68 padrões recorrentes, listados na Tabela 5.2.
153
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
Tabela 5.2: Resumo das formulações ODIcen
4
3
2
1
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
01
0
1
2
3
4
5
(ODIcen)
170
02
NMOper
(ODIcen)
01
03
COMper
(ODIcen)
04
04
FOPper
(ODIcen)
06
05
INCper
(ODIcen)
01
06
RAZper
(ODIcen)
01
07
REPper
(ODIcen)
03
08
PEDper
(ODIcen)
03
09
AMEper
(ODIcen)
10
FOPper
(ODIcen)
FOPper
01
11
RAZper
(ODIcen)
AMEper
01
12
NMOper
(ODIcen)
SUGper
01
13
PEDper
(ODIcen)
PEDper
01
14
REPper
(ODIcen)
COMper
01
15
REPper
(ODIcen)
REPper
01
16
COMper
(ODIcen)
DESper
17
AMEper
(ODIcen)
COMper
AMEper
01
18
FOPper
(ODIcen)
mas
FOPper
01
19
NMOper
(ODIcen)
mas
FOPper
20
FOPper
(ODIcen)
SUGper
mas
01
01
01
(ODIcen)
01
21
até que
FOPper
(ODIcen)
01
22
FOPper
mas
(ODIcen)
21
23
FOPper
só
(ODIcen)
02
24
FOPper
só que
(ODIcen)
03
25
FOPper
agora
(ODIcen)
01
26
COMper
mas
(ODIcen)
01
27
NMOper
mas
(ODIcen)
01
28
FOPper
SUGper
(ODIcen)
01
29
NMOper
INCper
(ODIcen)
30
FOPper
mas
(ODIcen)
31
FOPper
mas
32
FOPper
mas
01
REPper
02
(ODIcen)
PEDper
03
(ODIcen)
COMper
01
33
FOPper
mas
(ODIcen)
mas
FOPper
02
34
FOPper
só que
(ODIcen)
mas
FOPper
03
35
FOPper
só que
(ODIcen)
mas
FOPper
INCper
01
36
FOPper
só que
(ODIcen)
REPper
mas
FOPper
01
37
FOPper
mas
(ODIcen)
mas
FOPper
mas
(ODIcen)
FOPper
mas
(ODIcen)
mas
38
39
40
FOPper
mas
(ODIcen)
FOpper
mas
PEDper
(ODIcen)
COMper
FOPper
mas
(ODIcen)
41
FOPper
REPper
FOPper
mas
(ODIcen)
42
REPper
até que
FOPper
só que
(ODIcen)
01
FOPper
01
01
01
mas
FOPper
01
01
43
(ODIcen)
FOPper
01
44
(ODIcen)
COMper
02
45
(ODIcen)
INCper
06
46
(ODIcen)
PEDper
03
154
Análise e discussão dos dados
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
47
(ODIcen)
RAZper
02
03
48
(ODIcen)
REPper
49
(ODIcen)
SUGper
03
50
(ODIcen)
ELOper
01
51
(ODIcen)
RAZper
(ODIcen)
01
52
(ODIcen)
mas
FOPper
05
53
(ODIcen)
mas
INCper
01
54
(ODIcen)
mas
NMOper
01
55
(ODIcen)
mas
PEDper
01
56
(ODIcen)
mas
REPper
01
57
(ODIcen)
mas
SUGper
01
58
(ODIcen)
FOPper
mas
(ODIcen)
01
59
(ODIcen)
REPper
mas
FOPper
01
60
(ODIcen)
SUGper
mas
FOPper
01
61
(ODIcen)
RAZper
(ODIcen)
COMper
01
62
(ODIcen)
mas
COMper
(ODIcen)
01
63
(ODIcen)
mas
RAZper
(ODIcen)
64
(ODIcen)
mas
FOPper
mas
(ODIcen)
65
(ODIcen)
mas
PEDper
mas
REPper
01
66
(ODIcen)
mas
RAZper
mas
INCper
01
67
(ODIcen)
RAZper
(ODIcen)
FOPper
mas
PEDper
68
(ODIcen)
mas
FOPper
SUGper
mas
FOPper
01
01
01
SUGper
Uma comparação entre os padrões possíveis para a elaboração da
ODIcen revela que ela ocorre preferencialmente de forma isolada, sem o apoio
de ‘Formulações Periféricas’. São 57,63% contra 42,37%. Outro dado revelador
é a presença constante da ‘Falsa Opinião Positiva’ atuando como elemento
periférico (FOPper). Isso significa que, além de a ODIcen ser, por si só, um
recurso de polidez para evitar a emissão direta da opinião desfavorável, o falante
utiliza mais um recurso que tem a mesma finalidade. Tanto a FOPper quanto os
outros elementos periféricos serão objeto de análise mais detalhada em 5.3.5.
Tal como ocorreu por ocasião da análise da ‘Opinião Desfavorável Direta’,
foi possível verificar que os elementos periféricos, com relação à ODIcen,
podem também ocupar três posições possíveis, marcadas em negrito nos
exemplos:
1. precedendo a ODIcen
No exemplo a seguir, a ODIcen “o meu negócio é mais arroz e feijão” deixa
implícita, conforme já visto, a mensagem de que a comida oferecida na verdade
não agradou. Isso é corroborado pela presença do elemento adversativo só que
01
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
155
para introduzir a ODIcen. Além da opção pela ODIcen, o falante, com a intenção
de atenuar ainda mais a emissão da sua opinião, optou por introduzir sua fala
com o elemento periférico ‘Falsa Opinião Positiva’, em negrito no exemplo.
Exemplo 156: o::lha... na realida:de muito legal... só que o meu negócio é mais
arroz e feijão [0531MbC04]
2. sucedendo a ODIcen
No enunciado que segue, a ODIcen é reforçada pelo elemento periférico
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‘Razão’.
Exemplo 157; Eu a:cho que:: você deveria cortar o caBElo.. senão vai prejudicar
a minha firma [0141FcC11]
3. precedendo e sucedendo a ODIcen
No caso a seguir, a ODIcen está inserida entre duas estruturas de
formulação periférica FOPper. Além disso, há também, finalizando a fala, o
elemento periférico ‘Incentivo’. Vale destacar que a transição da FOPper para a
ODIcen e desta para a FOPper seguinte é marcada pela presença de elementos
de valor adversativo [só que e mas].
Exemplo 158: Olha.. tá tu:do lin::do.. tá tudo mu::ito fofo.. só que (pausa) a
comida tá um pouQUI::nho sem sal e cê precisa de cozinhar um pouQUInho mais
esse seu arroz.. mas tá Ótimo.. vamos continuar comendo [0101FbB01]
Nesta seção,
foi apresentada uma descrição
mais detalhada da
categoria da ‘Opinião Desfavorável’ denominada ‘Opinião Desfavorável Indireta’.
A Figura 5.4, apresentada adiante, sintetiza os processos possíveis para sua
elaboração.
A ‘Opinião Desfavorável Indireta’ pode ser considerada, conforme visto,
como uma forma indireta e, portanto, polida de emitir uma ‘Opinião
Desfavorável’. Nas seções seguintes serão analisadas outras duas categorias
Análise e discussão dos dados
156
que têm este mesmo perfil: a ‘Falsa Opinião Positiva’ e a ‘Não Manifestação de
Opinião’.
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Figura 5.4: Elaboração da ‘Opinião Desfavorável Indireta’
5.3.2.3
Falsa Opinião Positiva (FOPcen)
Conforme exposto mais brevemente em 5.3.1.3, a denominação dada a
esta categoria da ‘Opinião Desfavorável’ foi cunhada levando, inicialmente, em
consideração o fato de que todas as formulações pertencentes a esta categoria
apresentam pelo menos um item lexical marcado positivamente [+positivo], como
ilustram os exemplos a seguir.
Exemplo 159: Ah.. muito bonito. [0152FbA14]
Exemplo 160: Muito interessan::te... uma coisa muito útil para a vida moderna.
[0181MaB14]
As palavras grifadas, no entanto, foram empregadas pelos participantes
desta pesquisa não com o intuito de emitir uma opinião verdadeiramente
positiva, mas com a intenção de minimizar para o interlocutor o impacto da
opinião desfavorável, cuja emissão estava prevista nas situações apresentadas
aos noventa participantes. Isso significa que, mesmo sabendo que a opinião a
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
157
ser formulada deveria ter uma carga negativa, os falantes optaram, em algumas
ocasiões, por formulações que continham itens marcados positivamente. Dessa
característica adveio, então, o conceito de ‘falsa’ que compõe o nome da
categoria, pois, na verdade, em nenhuma das respostas listadas acima os
falantes tinham a real intenção de formular uma opinião favorável.
A opção por uma ‘Falsa Opinião Positiva’, ou FOPcen54, indica certa
preocupação, por parte daquele que tem a tarefa de emitir a opinião, em não
agredir seu interlocutor, nem ameaçar sua face. Além disso, denota também sua
intenção em salvaguardar a própria face (cf. Capítulo 3). Mais adiante, trata-se-á
dos contextos em que esse tipo de estratégia foi mais empregada.
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5.3.2.3.1
Processo de elaboração da Falsa Opinião Positiva
Do total de respostas que compõe o corpus desta pesquisa, 405, o
equivalente a 25% (cf. Gráfico 5.2 – Distribuição da Opinião Desfavorável), foram
classificadas como exemplares de ‘Falsa Opinião Positiva’. Conforme visto, a
característica desse tipo de formulação é a existência de palavras ou estruturas
que valorizem o tópico a respeito do qual deve versar a opinião, como os
exemplos que seguem.
Exemplo 161: está ótima. [0241FbC01]
Exemplo 162: pôxa ficou muito bom... ficou muito legal mesmo. [0281MaB15]
Exemplo 163: ah... o jardim agora ficou bem mais alegre.. ficou colori::do.. e tal...
criança é que vai adorar. [0292FaA15]
Exemplo 164: poxa... eu acho que você vai marcar a maior presença usando
essas roupas. [0332FaA17]
Exemplo 165: hum:: show de bola [0921MbC01]
Na elaboração da ‘Falsa Opinião Positiva’, sobretudo na fala feminina,
foram também empregados termos avaliativos em sua forma diminutiva,
54
FOPcen em oposição a FOPper. Enquanto a primeira sigla se refere à ‘Falsa Opinião Positiva’
como formulação central, a segunda diz respeito à possibilidade de a FOP funcionar como
formulação periférica.
158
Análise e discussão dos dados
principalmente o termo ‘bonitinho’, conforme apresentado nos Exemplos 166 e
167.
Exemplo 166: ahh.. boniti::nho.. [e mudo de assunto] [0111FaC15]
Exemplo 167: eu achei que ficou bonitinho... mas não sei se vai durar muito
tempo. [0422FbC13]
Há, ainda, incidência de termos de reforço [upgrade] na construção da
‘Falsa Opinião Positiva’, como os encontrados por ocasião da análise da
‘Opinião Desfavorável Direta’. No corpus desta pesquisa, considerando em
especial as respostas classificadas como FOPcen, o tipo de reforço [upgrade]
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identificado foi o uso de intensificador que modifica o termo avaliativo
empregado, tais como: realmente, tão, bem, bastante, muito e mesmo.
Exemplo 168: realmente ficou LINdo. [0241FbC15]
Exemplo 169: realmente... você tá com uma nova forma física... [0723McC08]
55
Exemplo 170: comida tá tão gosTOsa.. ném ... [0632MaA01]
Exemplo 171: até que seu jardim ficou bem meigo com essas... coisas de branca
de neve.. [010 1 F b B 15]
Exemplo 172: ficou um trabalho bem interessante... você se esforçou muito... [013
1 F b B 06]
Exemplo 173: tá bem jovem [048 2 F b B 12]
Exemplo 174: bastante interessante. [0181MaB06]
Exemplo 175: achei realmente a família bastante agradável. [0472FbC15]
Exemplo 176: bastante produti::va [0521MbA02]
Exemplo 177: o senhor tá muito bem .. emagreceu [0782MbC08]
Exemplo 178: muito criativo [0963MbA06]
Exemplo 179: bom.. bom.. muito bom [0973McC15]
Exemplo 180: (...) achei bom mesmo [0563McC14]
55
Apelido carinhoso. Redução de neném.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
159
Há, ainda, a incidência, em menor número, de formas no superlativo, como
por exemplo, maneiríssimo e ótimo.
Exemplo 181: achei que ficou ótimo. [0281MaB09]
Exemplo 182: achei ótimo. [0943MbC09]
Exemplo 183: estava ótimo. [0992MbC01]
Exemplo 184: é::.. maneiRÍssimo.. POxa.. realmente.. tira foto.. toca mp3.. tem
rádio AM/FM..
filma.. grava.. faz tudo... daqui a pouco ele vai tá andando
sozinho... cuiDAdo... cuida bem dele. [0121FaB14]
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Verificou-se, ainda, a existência de respostas com duplo reforço. Isso
significa que, dos termos listados anteriormente, pode haver a ocorrência
simultânea de dois deles, tal como exemplificado a seguir.
Exemplo 185: pôxa muito bonitas mesmo. [0281MaB17]
Exemplo 186: é.. me parece bem legal mesmo.. bem espaçoso.. me parece
silencioso também.. bonito.. legal.. legal. [0111FaC18]
Exemplo 187: muito bonito. Como você conseguiu fazer algo tão boNIto.
[0241FbC06]
Exemplo 188: incrível... apaRElho realMENte muito BOM. [0241FbC14]
Exemplo 189: realmente o celular é muito bonito... queria ter um desses.
[0131FbB14]
Exemplo 190: ah... o jardim agora ficou bem mais alegre.. ficou colori::do.. e tal
criança é que vai adorar. [0292FaA15]
Nesta seção foi possível, então, verificar como os informantes desta
pesquisa, todos falantes de Português do Brasil, construíram a ‘Falsa Opinião
Positiva’. A seguir, o tópico versará a respeito das pistas deixadas por esses
falantes para indicar ao interlocutor que a opinião expressa não era de fato uma
opinião positiva.
160
Análise e discussão dos dados
5.3.2.3.2
Falsa Opinião Positiva X Opinião Positiva
Conforme mencionado em passagens anteriores, objetivava-se, com o
DCT elaborado para esta pesquisa, coletar amostras de opinião desfavorável.
Mesmo que as situações exigissem a elaboração desse tipo de opinião, 25% das
respostas formuladas, tal como exposto, não apresentaram de fato uma opinião
desfavorável, mas uma opinião aparentemente positiva. Os motivos para esta
opção podem ser diversos. Os dados revelaram, por exemplo, que nas situações
em que o falante se encontra em posição hierárquica inferior e, portanto, com
menor poder, houve, comparativamente com as outras relações de poder, o
maior índice de ocorrência de ‘Falsa Opinião Positiva’. Isso é revelador do fato
de que o falante tem o desejo de não ferir seu interlocutor que, nessa situação
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
especial, tem mais poder. Além disso, há também, o intuito de preservação da
própria face.
A ocorrência do tipo
de formulação descrito
nesta
seção
leva
necessariamente ao seguinte questionamento: em quê a ‘Falsa Opinião Positiva’
difere de uma ‘Opinião Positiva’ de fato? A análise do conjunto de dados permitiu
verificar a existência de estratégias empregadas pelos falantes por meio das
quais eles deixam pistas para seu interlocutor, sinalizando a expressão de uma
opinião positiva falsa.
A primeira delas diz respeito à entoação empregada por ocasião da
elocução da ‘Falsa Opinião Positiva’. Diversos estudiosos apontam para a
importância desse aspecto na realização dos atos de fala em geral. No caso da
emissão da opinião, este se mostrou também ser de grande relevância, tal como
antecipado em 5.3.1.3.
À primeira vista, temos, nos Exemplos 191, 192 e 193, enunciados que
valorizam o tópico a que estariam relacionados.
Exemplo 191: ah... muito bonito [0152FbA14]
Exemplo 192: interessante [0171FaA06]
Exemplo 193: legal [0201MaA14]
Qualquer um dos enunciados apresentados acima poderia ser empregado
como uma opinião positiva de fato. Retomando afirmação de Kerbrat-Orecchioni
apresentada na Fundamentação Teórica deste estudo, “uma única estrutura
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
161
lingüística pode expressar valores ilocutórios distintos” (Kerbrat-Orecchioni,
2005, p.7). Nos casos apresentados, a entoação descendente dada pelos
falantes a cada um dos enunciados revela que a intenção real não é expressar
uma opinião favorável, mas uma opinião que seja desfavorável (cf. Figuras 5.5,
5.6 e 5.7). A entoação, ao permitir ao falante que atribua a seu enunciado um
significado diferente daquele esperado, funciona, portanto, como um marcador
da força ilocucionária. Nesse caso, tal como apontado no Capítulo 3 na seção
em que se trata da Pragmática, diz-se mais do que aquilo que está realmente
dito. Cabe ao interlocutor estar sensível a esse pormenor. No caso de um
estudante estrangeiro aprendendo português, tem-se aí um ponto de relevância
para o ensino, pois diz-se, na verdade, algo diferente do que está previsto pelo
significado dos termos empregados. Nesse caso, dizer “legal” significa entender
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“Não achei muito legal”.
As Figuras 5.5, 5.6 e 5.7, apresentadas mais adiante, ilustram a entoação
dada a cada um dos enunciados exemplificados anteriormente. Vale destacar a
curva descendente de cada um deles.
Figura 5.5: ah... muito bonito [0152FbA14]
Figura 5.6: interessante [0171FaA06]
Análise e discussão dos dados
162
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Figura 5.7: legal [0201MaA14]
Outro aspecto a ser considerado e indicativo de que a opinião expressa
não é realmente uma opinião positiva reside no fato de que a opinião positiva,
por seu um ato social preferido, é, normalmente, em português do Brasil,
expresso de modo mais enfático, com destaque para a adjetivação, muitas vezes
excessiva aos olhos de falantes de outras línguas e passível de dar início a um
choque de culturas. A esse respeito, mas considerando os atos de elogiar e
agradecer, Meyer (2004) faz a seguinte afirmação:
Atos sociais preferidos – ou seja, marcados positivamente nas regras de interação
social –, os elogios e agradecimentos devem, ao contrário dos atos despreferidos,
ser formulados de forma direta e, mais do que isso, com ênfase, muita ênfase56.
Nesse caso, ser sutil, breve, digressivo significa ser descortês. O falante deve,
portanto, ser absolutamente enfático, receptivo, quase teatral. Qualquer coisa
menos do que isso é pouco. Assim, se você recebe um presente – qualquer
presentinho – você não deve nunca, NUNCA dizer apenas “Muito obrigado/a”, ou
mesmo “Muito obrigado/a, gostei muito”. Assim seco, sem ênfase prosódica, sem
adjetivos em profusão, sem um especial abrir de olhos, esse agradecimento é, na
realidade, uma forma polida de dizer que você não gostou do presente. (Meyer,
2004, p. 82)
Podemos considerar que os Exemplos 191, 192 e 193, apresentados
anteriormente, assim como outras ocorrências do corpus, constituem-se em
estruturas curtas, muitas vezes elaboradas em torno de apenas um adjetivo de
valor positivo, dando, portanto, pouca ênfase ao tópico sobre o qual deve recair
a opinião. Desse modo e seguindo a mesma linha do exposto por Meyer, as
56
Grifo nosso.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
163
respostas exemplificadas, associadas à entoação, parecem indicar pouco
interesse ou comprometimento do falante com relação à opinião que expressa. A
opção por uma resposta curta, constituída de pouca adjetivação parece denotar
“uma forma polida” de emitir uma opinião desfavorável ou de dizer que não
achou interessante ou que não achou bonito. Vale destacar o fato de que as
respostas mais curtas são, normalmente, construídas com os seguintes
adjetivos: interessante, legal e a forma diminutiva de bonito – bonitinho. Tal
como antecipado em 5.3.1.3, esses parecem ser termos-curinga na expressão
da ‘Falsa Opinião Positiva’.
A terceira estratégia empregada pelos falantes para dar pistas de que a
opinião positiva expressa é falsa envolve o uso do elemento até como marcador
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de contra-expectativa (Baião e Arruda, 1996), como no exemplo que segue.
Exemplo 194: olha.. a reunião até que foi (pausa) muito interessan::te apesar de
ter sido bem longa.. mas (pausa) valeu a pena. [0101FbB02]
Muito freqüentemente, o até, seguido de que, tem sido considerado
apenas com relação ao aspecto temporal. A esse respeito, Koch e Vilela (2001),
em capítulo sobre a conjunção, afirmam que ele indica, ao lado de então, antes
que, logo que, depois que, uma relação seqüencial de tempo (Koch e Vilela,
2001, p. 260), classificando-a como uma conjunção subordinativa temporal
(idem, p. 266). Neves (2000), trata igualmente, afirmando que “algumas
conjunções
temporais
são
compostas,
isto
é,
constituem
o
que
tradicionalmente se denomina locuções conjuntivas, que têm, normalmente, o
elemento QUE como final” (Neves, 2000, p. 789).57
Sendo assim, dentre outras conjunções, a autora apresenta os seguintes
exemplos de emprego da conjunção até que, com valor temporal:
Exemplo 195: O problema fica relegado ao abandono e – ATÉ QUE ocorra nova
desgraça – ninguém fala mais no assunto. (CPO) (Neves, 2000, p. 789).58
Exemplo 196: Se vendesse o anel, o dinheiro daria para o sustento de João Berço
ATÉ QUE ele morresse. (BOI) (Neves, 2000, p. 789).59
57
58
59
Grifos no original.
Grifo no original.
Grifo no original.
164
Análise e discussão dos dados
Os exemplos com uso de até que, inseridos do corpus desta pesquisa e
apresentados a seguir, no entanto, parecem não se enquadrar no que foi
exposto.
Exemplo 197:
nossa.. como seu nariz ficou diferente.. né..até que ficou legal.
[0101FbB09]
Exemplo 198:
até que seu jardim ficou bem meigo com essas... coisas de
branca de neve.. né.. ficou.. ficou bonitinho. [0101FbB15]
Baião e Arruda (1996), além de tratarem das noções espacial, temporal e
inclusiva que carrega o elemento até, analisam-no como um marcador de contra-
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
expectativa.
Nesse
sentido,
as
autoras
afirmam
que
“os
operadores
argumentativos podem ser utilizados para manter ou não a expectativa do
ouvinte quanto a determinada informação” (Baião e Arruda, 1996, p. 256)
Nos exemplos 197 e 198, apresentados anteriormente, é possível
perceber, de modo mais explícito, que o elemento até, associado ao que,
carrega a função já apontada, de marcador de contra-expectativa. Em 194, a
expectativa era de que a reunião não tivesse sido boa, por conta de sua
duração. Entretanto, ao empregar até que, quebra-se esta expectativa. O falante,
apesar de tudo, deixa entrever, para seu interlocutor, um indício de que a
reunião não teria sido de todo positiva.
Ainda com relação às pistas lançadas pelo falante a respeito de que a
opinião positiva elaborada é, na verdade, uma ‘Falsa Opinião Positiva’, deve-se
considerar que a FOPcen, marcada em negrito, pode vir acompanhada de
elementos periféricos60 que indicam para o interlocutor algum tipo de
descontentamento e, conseqüentemente, apontam a opinião desfavorável.
Esses elementos periféricos vêm, muitas vezes introduzidos por conjunção de
valor adversativo.
Exemplo 199: é bom. .aí:: .. acho bonito .. e tal .. mas não sou a pessoa
adequada pra poder
dar uma opinião concreta ..
porque não entendo muito
dessa arte. [0913MbB16]
60
Descrição mais detalhada dos elementos periféricos em 5.3.5.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
165
Exemplo 200: está bom amor... mas acho que você poderia ter me perguntado
antes. [0241FbC07]
Exemplo 201: ah ótimo mas acho que a gente poderia ter esperado um pouco
mais pra juntar um pouco mais de dinheiro pra comprar uma marca melhor ser
uma coisa durável. [0992MbC13]
Exemplo 202: achei pô:: uma boa iniciati::va... só que::... você podia ter
espera::do.. prá gente poder decidir junto né?.. pô::... já falei várias vezes.. a gente
tem que decidir tudo junto. [0531MbC13]
No Exemplo 199, o núcleo da opinião está logo no início – “acho bonito” –
e é seguido por um elemento periférico iniciado pela conjunção adversativa mas.
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Nesse momento de sua fala, o informante afirma não poder, na verdade, esboçar
uma opinião, desconstruindo aquela que acabara de elaborar. Além disso, ele se
justifica dizendo que não entende muito da arte em questão. O mesmo tipo de
formulação podemos encontrar nos Exemplos 200 e 202. Nesse caso, a opinião
positiva inicial – “está bom amor” e “achei pô:: uma boa iniciati::va” – é seguida
por uma repreensão (introduzida por mas ou só que), sinalizando o
descontentamento do falante.
Nesta
seção
foram
apresentadas
as
estratégias
utilizadas
pelos
informantes desta pesquisa para sinalizarem para seus interlocutores que a
opinião positiva formulada em algumas situações não era de fato verdadeira. A
seguir, discorrer-se-á a respeito da constituição das formulações classificadas
como ‘Falsa Opinião Positiva’.
5.3.2.3.3
Constituição das formulações FOPcen
A análise das 405 formulações denominadas ‘Falsa Opinião Positiva’
permitiu-nos verificar a recorrência de certos padrões em sua estruturação. A
partir da observação dessa recorrência, foi possível levantar 47 estruturas
possíveis para a elaboração da FOPcen. Tais estruturas estão elencadas na
íntegra na Tabela 5.3, apresentada a seguir.
166
Análise e discussão dos dados
Tabela 5.3: Resumo das formulações FOPcen
3
2
1
01
1
2
3
4
5
6
Total
279
02
REPper
(FOPcen)
01
03
COMper
(FOPcen)
05
04
SUGper
(FOPcen)
03
05
AMEper
(FOPcen)
01
06
PEDper
(FOPcen)
01
07
RAZper
(FOPcen)
01
08
até que
(FOPcen)
09
INCper
(FOPcen)
SUGper
10
NMOper
(FOPcen)
NMOper
01
11
NMOper
(FOPcen)
PEDper
01
REPper
12
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
0
(FOPcen)
02
01
até que
(FOPcen)
13
NMOper
até que
(FOPcen)
mas
(FOPcen)
01
01
14
NMOper
mas
(FOPcen)
05
15
COMper
mas
(FOPcen)
16
COMper
mas
(FOPcen)
mas
COMper
17
COMper
mas
(FOPcen)
INCper
(FOPcen)
01
18
COMper
mas
(FOPcen)
mas
INCper
01
02
01
19
ELOper
mas
até que
(FOPcen)
01
20
PEDper
COMper
mas
(FOPcen)
01
21
(FOPcen)
INCper
15
22
(FOPcen)
PEDper
06
23
(FOPcen)
RAZper
03
24
(FOPcen)
SUGper
04
25
(FOPcen)
ELOper
02
26
(FOPcen)
COMper
23
27
(FOPcen)
DESper
02
28
(FOPcen)
RAZper
INCper
01
29
(FOPcen)
INCper
SUGper
01
30
(FOPcen)
RAZper
(FOPcen)
03
31
(FOPcen)
COMper
(FOPcen)
01
32
(FOPcen)
agora
COMper
01
33
(FOPcen)
mas
COMper
07
34
(FOPcen)
mas
PEDper
05
35
(FOPcen)
mas
NMOper
01
36
(FOPcen)
mas
REPper
03
37
(FOPcen)
mas
SUGper
07
38
(FOPcen)
só que
COMper
01
39
(FOPcen)
só que
REPper
40
(FOPcen)
COMper
mas
(FOPcen)
01
41
(FOPcen)
INCper
(FOPcen)
INCper
01
42
(FOPcen)
NMOper
mas
(FOPcen)
43
(FOPcen)
agora
PEDper
RAZper
PEDper
01
44
(FOPcen)
mas
REPper
mas
(FOPcen)
01
45
(FOPcen)
só
COMper
mas
(FOPcen)
46
(FOPcen)
COMper
mas
(FOPcen)
COMper
(FOPcen)
47
(FOPcen)
NMOper
mas
(FOPcen)
ELOper
PEDper
01
01
01
01
(FOPcen)
01
405
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
167
O primeiro aspecto a ressaltar diz respeito ao índice de formulações
FOPcen que aparecem de forma isolada, i.é, sem o apoio de formulações
periféricas que atenuem seu impacto. O índice de formulações isoladas no
corpus é de 68,89%. Esse alto índice pode ter sua origem no fato de que a
FOPcen já é por si só um recurso de polidez a disposição do falante para emitir
sua opinião desfavorável, não havendo necessidade de recurso a outra
estratégia de atenuação.
Nos 31,11% restantes (126 respostas) estão incluídas todas as 46
formulações possíveis restantes. Dentre essas, merecem destaque as
formulações em que a ‘Falsa Opinião Positiva’ vem seguida por um ‘Incentivo’ ou
por
um
‘Comentário’,
pois
estas
foram
as
mais
recorrentes,
com,
respectivamente, 15 e 23 ocorrências, representando juntas 9,38% de todas as
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respostas formuladas.
Observa-se, também, a ocorrência de formulações periféricas tanto à
esquerda quanto à direita do núcleo, marcado em negrito. Os Exemplos 203 e
204 ilustram o primeiro caso, enquanto os Exemplos 205 e 206 se referem ao
segundo caso.
Exemplo 203: ah acho que spa é sempre uma boa né... bom:: fazer exerCÍcio pra
saÚde.. melhorar.. né? Tá sempre exercitando.. com certeza fez muito bem pra
você [0261FaC08]
Exemplo 204: olha... eu acho que tudo artificial parece assim... uma plástica
parece uma coisa falsa... a senhora tá natural... a senhora tá bem... a senhora
não parece ter quarenta anos não [0332FaA12]
Exemplo 205: foi muito interessante... eu espero que todos tenham
compreendido o que você quis expor [0361FaA02]
Exemplo 206: legal... deve ser bem difícil trabalhar com madeira né? [0272FbB06]
Há casos, ainda, como os que seguem, em que há ocorrência simultânea
de formulações periféricas, à direita e à esquerda do núcleo, marcado em
negrito.
Exemplo 207: é:: eu não... eu não tenho.. assim.. uma visão muito boa prá parte...
da parte artística pela minha profissão e tal.. que é mais das ciências exatas... mas
Análise e discussão dos dados
168
é:: acho interessan::te... acho que a gente tem que começar e estar sempre
praticando.. melhorando... e acho que é o começo... tá bom do jeito que tá..
mas acredito que as suas próximas obras vão cada vez... vão ser mais é::...
perfeccionistas... cê tem que sempre estar melhorando [0612MaB6]
Exemplo 208: cê me desculpe... mas eu não entendo muito de... de escultura..
mas.. tá bom... tá boni::to e tu::do.. mas no momento não me interessa... porque
eu não tô precisando [0713FaA6]
O quadro esboçado até este momento corrobora a afirmação feita em
outros momentos desta Tese de que o quadro da opinião, em especial da
opinião desfavorável, é bem mais amplo, detalhado e complexo do que aquilo
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que normalmente é oferecido pelos materiais de PL2E.
5.3.2.4
Não Manifestação de Opinião (NMOcen)
Conforme visto na parte do capítulo dedicada à análise preliminar da
categoria ‘Não Manifestação de Opinião’, também identificada pela sigla
‘NMOcen’61, esta define-se pelo fato de que o falante evita emitir opinião a
respeito de um tópico qualquer, afastando, dessa forma, toda espécie de
comprometimento seja com o tópico em questão, seja com seu interlocutor. A
NMOcen é um dos recursos de polidez – juntamente com a opinião desfavorável
indireta e a falsa opinião positiva – empregados pelos falantes para se esquivar
da expressão de uma opinião desfavorável e, portanto, ameaçadora à face.
Inicialmente, foram identificados dois processos relativos à construção da
‘Não Manifestação de Opinião’ (Cf. 5.3.1.4): (1) o falante deixa para seu
interlocutor a tarefa de construir uma opinião e (2) o falante opta por fazer uma
digressão e, dessa forma, retarda a emissão da opinião. Com a coleta integral
dos dados, foi possível identificar outros processos e estabelecer um panorama
mais detalhado da categoria em epígrafe, exposto a seguir.
61
NMOcen em oposição a NMOper. Enquanto que a primeira sigla se refere à ‘Não Manifestação
de Opinião’ como formulação central, a segunda diz respeito à possibilidade de a NMO funcionar
como formulação periférica.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
169
5.3.2.4.1
Processos de elaboração da ‘Não Manifestação de Opinião’
A coleta integral dos dados, gerou, conforme apresentado anteriormente,
um total de 1620 respostas. Dessas, 239 foram arroladas dentro da categoria
‘Não Manifestação de Opinião’, o que equivale a 14,75% do total, tal como ilustra
o Gráfico 5.2, apresentado em 5.3.2.1.1. A análise dessas formulações permitiunos verificar a ocorrência de três processos [ou estratégias], a saber: (a) uso de
termo ou construção de valor indefinido, (b) fuga do assunto e (c) devolução para
o interlocutor.
(a) Uso de termo ou construção de valor indefinido
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A compreensão do modo como opera esse processo exige que se faça
antes um detalhamento acerca do que se denominou ‘termo ou construção de
valor indefinido’. O levantamento das respostas identificadas como ‘Não
Manifestação de Opinião’ revelou certa regularidade no uso de termos e
construções que não apontavam nem para uma polaridade positiva – como
aqueles empregados por ocasião da expressão da ‘Falsa Opinião Positiva’ –
nem para uma polaridade negativa – como os empregados por ocasião da
‘Opinião Desfavorável Direta’.
Perini (1995), em capítulo que trata do escopo da Semântica e da
Pragmática, lembra que ”os itens léxicos que compõem uma língua têm
significado próprio (...). Esse significado é codificado no item através de traços
semânticos, dos quais evidentemente existe uma variedade imensa (...)” (Perini:
1995, 244). Poder-se-ia, então, considerar, conforme visto, que na ‘Falsa
Opinião Positiva’, os termos que têm o traço semântico [+positivo] ou marcados
positivamente são definidores da categoria. Desse modo, observa-se, a partir do
corpus da pesquisa, o emprego de termos tais como: bonito [+positivo],
excelente [+positivo], ótimo [+positivo], interessante [+positivo]. No extremo
oposto, na ‘Opinião Desfavorável Direta’, termos marcados negativamente ou
com traço [-positivo] identificam a referida categoria. Tendo isso em vista, foi
freqüente, nesse caso, o uso de itens lexicais como: cansativa [-positivo], feio [positivo], horroroso [-positivo], ruim [-positivo], dentre tantos outros. Já no caso
da ‘Não Manifestação de Opinião, foram empregados pelos falantes termos que
não se adequavam nem à polaridade positiva, nem à negativa, como por
exemplo: diferente, normal, razoável, regular, entre outros. Nesse caso, poder-
Análise e discussão dos dados
170
se-ia utilizar o traço [+neutro] (ou [+indefinido]). Retomando Perini, cabe salientar
que esse seria apenas um dos traços semânticos dos referidos itens, pois cada
“item léxico encerra uma matriz de traços semânticos’ (Perini: 1995, 244).
Além disso, as definições propostas para essas palavras apontam para a
complexidade de se tentar distribuí-las em uma das duas polaridades
anteriormente apresentadas. Ferreira (1986), por exemplo, apresenta as
seguintes definições:
Diferente – que não é igual; que não coincide; que difere, diverge;
divergente, diverso, desigual (...) (p. 588).
Normal – que é segundo a norma; habitual, natural (...). (p. 1198)
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Razoável – (...) moderado; comedido; acima de medíocre; aceitável (...) (p.
1455).
Regular – (...) que está no meio-termo; mediano, médio; nem bom, nem
mau; razoável, suficiente (...). (p. 1476).
Como se vê, nenhum dos itens parece carregar o traço [+positivo] ou [positivo], estando todos em um patamar de neutralidade. Desse modo, a
definição do termo ‘regular’ é a que melhor traduz o conjunto. Trata-se de itens
que estão “no meio termo”.
O mesmo se observou com relação a algumas construções que não
pareciam tender para nenhum dos pólos – positivo ou negativo. A resposta
elaborada pelo informante 0713FaA12 parece ilustrar com propriedade o que se
deseja explicar. Ao dizer “: o::lha... eu acho... eu acho que você::... prá quarenta
anos.. vamos dizer.. você tá:: com uma aparência de quaren::ta anos”, acaba
não revelando nada além daquilo que sua interlocutora já sabe – sua própria
idade.
Por conta dos aspectos mencionados, optou-se, então, pelo emprego de
‘termo e construção de valor indefinido’ para fazer referência a tais palavras e/ou
estruturas.
Tendo o exposto acima em vista, pode-se concluir que o processo
denominado ‘uso de termos e construções de valor indefinido’, inserido na
categoria de ‘Não Manifestação de Opinião’, envolve, por parte do falante, a
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
171
seleção, dentro do sistema da língua, de um conjunto de termos e formulações
que se encontram em uma posição intermediária, não tendendo, portanto, nem
para o pólo positivo, nem para o pólo negativo.
Exemplo 209: nossa.. que difeRENte. [0171FaA16]
Exemplo 210: bastante diferente do anterior. [0181MaB07]
Exemplo 211: bem diferen::te. [0231FbB06]
Exemplo 212: normal. [0932MbC08]
Exemplo 213: normal... já vi TANtos iguais. [0141FcC14]
Exemplo 214: está razoável. [0412MbB01]
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Exemplo 215: razoÁvel. [0453FbC04]
Exemplo 216: regular. [0953MaA02]
Exemplo 217: bastante regular. [0181MaB05]
Exemplo 218: dá pro gasto. [0222MaB10]
Exemplo 219: mais ou menos. [0482FbB02]
Exemplo 220: é::: é:: ficou mais ou menos... mas eu particularmen::te não faria...
eu ficaria com o meu nariz.. porque eu sou a favor de que a gente tem que ser
natural como Deus fez né?... então.. se te satisfez... tudo bem. [0713FaA09]
Exemplo 221: bem kitsch. [0391FbA15]
Os exemplos listados corroboram o fato de que o emprego dessa
estratégia denota, por parte daquele que emite a opinião, um desejo de não
comprometimento ou envolvimento.
(b) Fuga do Assunto
O segundo processo de ‘Não Manifestação de Opinião’, inicialmente
identificado com o rótulo de ‘digressão’, foi, por fim, denominado ‘fuga do
assunto’ em função do fato de que neste caso, em especial, o falante opta por
evitar abordar o assunto que tiver sido proposto por seu interlocutor, podendo (1)
se auto imputar a culpa por não poder expressar opinião a respeito de algo ou
por não saber / conhecer algo, (2) afirmar a necessidade de realizar outra ação
ou (3) tratar um tópico que esteja relacionado àquele a respeito do qual o falante
deveria emitir sua opinião.
172
Análise e discussão dos dados
Com relação ao primeiro caso, o falante evita manifestar sua opinião ao
declarar que não tem conhecimento suficiente a respeito do assunto que esteja
em questão, conforme apresentado nos exemplos a seguir.
Exemplo 222: no::ssa.. na verdade nem tenho escutado você cantar.. eu passo
o dia inteiro fora de casa.. trabalhando.. não tenho escutado você cantar.. mas
eu gostaria de escutar. [0111FaC03]
Exemplo 223: bom::...eu não posso dizer.. assim.. avaliar o seu desempenho..
porque geralmente eu tô chegando ou tô saindo quando você tá fazendo suas
aulas de can::to... mas um dia eu faço questão de ficar para depois dar a minha
opinião. [0292FaA03]
Exemplo 224: sei lá eu não tenho opinião nenhuma em relação a canto não
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entendo de canto... de música. [0422FbC03]
Exemplo 225: na verda::de eu entendo tão pouco de arte... eu fico sem graça de
dizer que eu não entendo muito... esse é um assunto que sempre me deixa muito
na saia justa... porque eu não entendo quase nada de arte... não consigo dar
opinião. [0622FaA16]
Exemplo 226: não entendo NAda de AR:te. [0162FbC16]
Com auxílio do programa Kwic Concordance, foi possível identificar
algumas das construções mais comuns para esse tipo de formulação, como as
que seguem:
não
entend-i
-o
Ø
[nada]
[quase nada]
[eu]
[muito]
entendo
tão pouco
não
[tenho]
opinião
não
[consigo dar]
não
posso
avaliar
[de ...]
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
173
Outra forma de ‘Fuga do assunto’ é possível, ainda, quando o falante
afirma a necessidade de realizar alguma outra ação que o impeça de continuar a
conversa, como nos Exemplos 227 e 228.
Exemplo 227: ah eu já vou andando lá pra frente que eu já vou descer.
[0131FbB12]
Exemplo 228: chegou minha vez... deixa eu ir lá... depois a gente conversa...
tchau... [0131FbB09]
Ainda com relação à ‘Fuga do assunto’, outra possibilidade encontrada nos
dados coletados para esta pesquisa leva o falante a evitar o tópico a respeito do
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qual deveria elaborar sua opinião tratando de um assunto correlato.
Exemplo 229: pô.. que legal um spa.. pô legal.. onde que é.. assim.. você
passou quanto tempo lá.. comia o quê..assim... ah.. [eu ia mudar de assunto]
[0111FaC08]
Exemplo 230: NO::ssa... mas como é lá no spa?... me conta. [0131FbB08]
Nos casos acima, a situação do DCT exigia que o falante opinasse a
respeito da forma física de seu chefe. No entanto, tendo em vista o peso dos
fatores contextuais, o falante – que está, por exemplo, em posição hierárquica
inferior –busca tratar de outro assunto em uma tentativa de minimizar ou até
mesmo anular o impacto da emissão de uma opinião desfavorável. Nos casos
em questão, os informantes, ao decidirem direcionar a conversa para o SPA ou
clínica de emagrecimento, deixam claro que optaram por fugir do assunto, talvez
em busca de retardar a possibilidade de emitir uma opinião desfavorável.
(c) Devolução para o interlocutor
Além das duas estratégias descritas anteriormente, relacionadas à
categoria ‘Não Manifestação de Opinião’, foi identificada uma terceira,
denominada ‘devolução para o interlocutor’. Nesse caso, o falante se isenta de
emitir uma opinião desfavorável ao atribuir ao seu interlocutor essa tarefa.
Exemplo 231: O importante é você se sentir bem consi::go mEs:mo.
[0201MaA12]
Exemplo 232: O importante é estar bem consigo mesmo. [0231FbB12]
Análise e discussão dos dados
174
Exemplo 233: Algumas pessoas exage::ram com a preocupação estética... eu
acho que o importan::te é você se sentir bem... se você se sente jovem...
ótimo. [0272FbB12]
Exemplo 234: se você se sente mais jovem é claro que você é mais jovem.
[0371MbB12]
Exemplo 235: ah:: você gostou? se você gostou pra mim tá tudo bem.
[0332FaA07]
Os quatro primeiros exemplos acima foram respostas elaboradas para a
situação 12 do DCT. Nessa situação, simulava-se uma interação entre uma
trocadora e um passageiro, momento em que aquela pretendia saber a opinião
do passageiro acerca de sua aparência física. A fim de evitar a manifestação da
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opinião, o informante, no papel do passageiro, ao dizer, por exemplo, “o
importante é estar bem consigo mesmo”, deixa a tarefa de fazer o julgamento de
valor ou emitir uma opinião para a própria trocadora. Nesse caso, cabe a ela
decidir se acha que está bem ou não. O mesmo ocorre com o exemplo 235, o
falante devolve para seu interlocutor a pergunta motivadora da expressão da
opinião – “você gostou?”.
Considerando as categorias anteriormente descritas, bem como as
diferentes estratégias, pode-se, de forma resumida, apresentar a ‘Não
Manifestação de Opinião’ da seguinte maneira:
Figura 5.8: Elaboração da ‘Não Manifestação de Opinião’
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
175
5.3.2.4.2
Constituição das Formulações NMOcen
De
um total de
239 formulações denominadas NMOcen,
foram
encontradas apenas seis tipos de formulações recorrentes, conforme pode ser
visto na tabela a seguir:
Tabela 5.4: Resumo das Formulações NMOCcen
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0
01
(NMOcen)
02
(NMOcen)
03
04
1
2
Total
233
COMper
02
(NMOcen)
INCper
01
(NMOcen)
ELOper
01
05
(NMOcen)
PEDper
01
06
(NMOcen)
mas
PEDper
01
239
Diferentemente das outras formulações para expressão da opinião
desfavorável, no caso da ‘Não Manifestação de Opinião’, as formulações
encontradas normalmente não vêm acompanhadas de elementos periféricos.
Conforme ilustra a Tabela 5.4, do total de formulações NMO, 233 – 97,49% –
aparecem de forma isolada. Desse modo, apenas 2,51% das possibilidades
aparecem seguidas de elementos periféricos.
Como traço comum, observa-se que os poucos elementos periféricos que
acompanham as formulações NMOcen vêm à direita do núcleo da opinião. O
fato de não ter havido ocorrência, nesse caso, de elementos periféricos à
esquerda do núcleo, parece indicar que o interlocutor não precisa ser preparado
para receber a opinião.
O falante já inicia sua fala indicando que não
manifestará opinião a respeito do assunto que tenha sido exposto. Acredita-se
que isso ocorra em virtude do fato de que a NMOcen não precise de
atenuadores, uma vez que já se caracteriza como uma forma de não emissão da
opinião solicitada.
Os elementos periféricos que, nos dados coletados para esta pesquisa, coocorrem com a NMOcen são: Comentário, Incentivo, Elogio e Pedido, ilustrados
com os exemplos a seguir.
Análise e discussão dos dados
176
Exemplo 236: o::lha... eu acho... eu acho que você::... prá quarenta anos.. vamos
dizer.. você tá:: com uma aparência de quaren::ta anos.. no que eu tô
entendendo... ago:::ra um artista tem vá::rias opções... tem meios né?.. e:: eles
têm que estar com uma aparên::cia boa.. prá aparecer numa te::la né?... então
têm que estar ma::gro... tem que estar sem barri::ga... sem estô::mago... com uma
pele boni::ta... agora você.. como eu.. tô com uma aparência... tô com cinqüenta e
cinco anos... eu acho que eu tenho aparência de cinqüenta e cinco anos.
[0713FaA12]
Exemplo 237: ah cê tá no início.. tem que continuar né? tem muita coisa prá
aprender.. imagino né? e é isso mesmo.. continue se é isso que você quer
mesmo.. continue estudando bastante. [0261FaC03]
Exemplo 238: é um quadro diferen::te né?.. assim.. vai cair bem com o estilo da
casa. [0292FaA16]
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Exemplo 239: eu achei diferen::te o seu traba::lho.. mas você pode me explicar
melhor... do que se trata. [0492MaA6]
Em todos os exemplos listados, o falante inicia sua resposta sem se
posicionar com relação ao tópico ou objeto da opinião, fazendo uso, para tanto,
de termos e construções de valor indefinido como: “eu acho que você::... prá
quarenta anos.. vamos dizer.. você tá:: com uma aparência de quaren::ta
anos..”., “ah cê tá no início”, “é um quadro diferen::te né?..”, “um estilo meio...
eXÓtico.. meio diferente”, “eu achei diferen::te o seu traba::lho”. Na seqüência,
vemos, por parte do falante, a elaboração de:
1. Comentário [Exemplo 236]: “ago:::ra um artista tem vá::rias
opções... tem meios né?.. e:: eles têm que estar com uma
aparên::cia boa.. prá aparecer numa te::la né?... então têm que
estar ma::gro... tem que estar sem barri::ga... sem estô::mago...
com uma pele boni::ta... agora você.. como eu.. tô com uma
aparência... tô com cinqüenta e cinco anos... eu acho que eu
tenho aparência de cinqüenta e cinco anos”.
2. Incentivo [Exemplo 237] “tem que continuar né? tem muita coisa
prá aprender.. imagino né? e é isso mesmo.. continue se é isso
que você quer mesmo.. continue estudando bastante.”
3. Elogio [Exemplo 238]: “vai cair bem com o estilo da casa.”
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
177
4. Pedido [Exemplo 239]: “mas você pode me explicar melhor... do
que se trata.”
Considerando que a totalidade dos dados coletados foi analisada e a
descrição pormenorizada das quatro categorias da ‘Opinião Desfavorável’ foi
empreendida, propomos, na Figura 5.9, uma ampliação do quadro tipológico de
referência para o ato de emitir uma opinião desfavorável, representado
inicialmente pela Figura 5.2.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Figura 5.9: Quadro tipológico de referência para o ato de emitir uma opinião desfavorável [dados
completos]
Análise e discussão dos dados
178
Tendo em vista que as quatro categorias da ‘Opinião Desfavorável’
identificadas nesta pesquisa foram descritas e considerando, conforme
mencionado anteriormente, a importância das variáveis contextuais e do tópico
na elaboração da ‘Opinião Desfavorável’, passar-se-á à discussão dessa
questão.
5.3.3
‘Formulações Centrais’ da ‘Opinião Desfavorável’ – Análise da
relação entre as diferentes variáveis e sua elaboração.
No Capítulo 3, na seção dedicada às contribuições da gramática sistêmicofuncional para este estudo, tratou-se da importância do contexto no processo de
construção de significados. Nessa perspectiva, considera-se que o falante faz
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suas escolhas no sistema da língua a partir da definição dos dados contextuais
ou do estabelecimento da Configuração Contextual. Tendo isso em vista, foram
consideradas, na constituição do DCT, as variáveis contextuais ‘Campo’ e
‘Relações’, conforme conceituação proposta por Halliday (cf. Capítulo 4). Foram
ainda contempladas as variáveis relação de poder e distância social entre os
participantes, além do tópico a respeito do qual a opinião deveria ser elaborada.
Nesta seção, buscar-se-á, portanto, verificar de que modo essas diferentes
variáveis interferem na elaboração da opinião desfavorável.
Com relação à variável ‘Relações’, de acordo com o que foi explicitado
anteriormente, as situações que compõem o DCT foram elaboradas de modo a
considerar variados graus de relações entre os participantes. Tendo isso em
vista, as dezoito situações podem retratar interações entre desconhecidos,
familiares, amigos, vizinhos ou colegas de trabalho. No caso desta última, nas
situações em ambiente de trabalho, ora o falante assume o papel de alguém que
se encontra em posição hierárquica superior, ora ele se encontra na posição de
alguém que possui status hierárquico inferior.
No caso da ‘Opinião Desfavorável Direta’ (ODDcen), os maiores índices de
formulações, considerando a variável ‘Relações’, ocorreram naquelas situações
em que o falante interage em ambiente de trabalho com alguém que se encontra
em posição hierárquica inferior – situações 5, 11 e 17 – ou entre amigos –
situações 4, 10 e 16 (cf. Gráfico 5.3).
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
179
Gráfico 5.3: Distribuição das formulações ODDcen pelas situações do DCT
Distribuição de formulações ODDcen pelas situações do DCT
9,40%
4,26%
8,66%
6,90%
2,94%
7,78%
8,52%
4,40%
3,96%
7,78%
6,17%
4,26%
1,91%
7,34%
4,70%
2,79% 2,50%
5,73%
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
No primeiro caso, quando o falante dirige sua opinião a alguém
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hierarquicamente inferior, o índice de formulações classificadas como ODDcen
foi de 22,02%. Nessa situação, o falante detém mais poder e parece não
demonstrar tanta preocupação em salvaguardar a face de seu interlocutor ou a
sua própria. Quando se trata de amigos, a proximidade entre os interlocutores dá
a liberdade para opiniões mais sinceras e diretas e o mesmo índice desce
sensivelmente para 21% (cf. Gráfico 5.4).
Gráfico 5.4: Formulações ODDcen distribuídas pela variável ‘Relações’
Formulações ODDcen distribuídas pela
variável 'Relações'
15,57%
16,16%
15,12%
21,00%
22,02%
10,13%
Família
Amigos
Vizinhos
Colegas de trabalho
[superior]
Colegas de trabalho
[inf erior]
Desconhecidos
Considerando, ainda, a variável ‘Relações’, a análise das respostas
classificadas como ‘Opinião Desfavorável Indireta’ revela que é no contexto
familiar, sobretudo quando se observa a relação entre marido e mulher –
situações 1, 7 e 13, que se encontra o maior número de formulações dessa
natureza (cf. Gráfico 5.5).
180
Análise e discussão dos dados
Gráfico 5.5: Formulações ODIcen distribuídas pela variável ‘Relações’
Formulações ODIcen distribuídas pela
variável 'Relações'
10,17% 6,78%
Família
Amigos
Vizinhos
28,13%
Colegas de trabalho
[superior]
Colegas de trabalho
[inferior]
Desconhecidos
22,37%
15,25%
17,29%
Talvez a proximidade e a cumplicidade próprias de um casal dêem a
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liberdade necessária para a elaboração de uma opinião desfavorável, mas o
receio de desestabilizar o lar, a casa, parece levar o mesmo casal a atenuar, por
meio da indiretividade, o impacto da mesma opinião. Essa tensão parece motivar
o maior índice de formulações ODIcen nessa situação. Se no espaço da ‘Casa’
ocorre tal como descrito, na ‘Rua’, local onde os desconhecidos podem se
encontrar casualmente, temos o menor número de formulações ODIcen (cf.
Gráfico 5.6).
Gráfico 5.6: Distribuição das formulações ODIcen pelas situações do DCT
Distribuição de formulações ODIcen pelas situações do DCT
9,40%
0,00%
9,15%
6,44%
3,39%
10,85%
2,03%
3,73%
3,39%
9,15%
8,81%
1,01%
2,71%
7,12%
11,86%
4,40%
3,05%
9,83%
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
A análise dos dados classificados como ‘Falsa Opinião Positiva’
demonstrou que esse tipo de formulação é mais comum nas situações em que o
falante interage com alguém que esteja em uma posição hierárquica superior,
tendo este, portanto, mais poder (cf. Gráfico 5.7).
181
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
Gráfico 5.7: Formulações FOPcen distribuídas pela variável ‘Relações’
Formulações FOPcen distribuídas pela
variável 'Relações'
Família
Amigos
13,57%
10,36%
20,25%
24,97%
Vizinhos
Colegas de trabalho
[superior]
Colegas de trabalho
[inferior]
Desconhecidos
23,45%
7,39%
Nesse caso, o falante, ao identificar o contexto situacional em que se
encontra, verifica a necessidade de salvar a face de seu interlocutor e de
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proteger a sua própria face. Com isso, o falante evita uma situação que poderia
ser constrangedora caso emitisse uma ‘Opinião Desfavorável Direta’. Como seria
de se esperar nesse caso, o menor índice de FOPcen deu-se naquelas
situações que o falante se dirige, no contexto de trabalho, por exemplo, a uma
pessoa hierarquicamente inferior (cf. Gráfico 5.8).
Gráfico 5.8: Distribuição das formulações FOPcen pelas situações do DCT
Distribuição de formulações FOPcen pelas situações do DCT
3,45%
3,95%
9,15%
10,62%
7,65%
4,20%
10,90%
4,93%
3,45%
1,97%
3,45%
7,16%
10,62%
1,97%
2,96%
7,90%
9,87%
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
2,47%
No caso específico da NMOcen, observou-se que o maior índice de
formulação – 25,95% – ocorre quando os participantes da situação não se
conhecem, havendo, portanto, maior distanciamento social entre eles. Tal
fenômeno pode ser explicado pelo fato de o contato entre esses indivíduos ser
esporádico
ou
casual,
não
existindo,
naturalmente,
envolvimento
/
comprometimento entre tais pessoas. Por conta disso, o falante parece não se
preocupar em não emitir a opinião solicitada e esperada por seu interlocutor. O
gráfico a 5.9 ilustra a distribuição de NMOcen em função da variável ‘Relações’.
182
Análise e discussão dos dados
Gráfico 5.9: Formulações NMO distribuídas pela variável ‘Relações’
Formulações NMO distribuídas pela
variável 'Relações'
Família
Amigos
9,20%
25,95%
Vizinhos
16,72%
15,06%
Colegas de trabalho
[superior]
Colegas de trabalho
[inferior]
Desconhecidos
23,01%
10,03%
Se por um lado, o maior índice de NMOcen ocorre entre desconhecidos,
por outro, temos, entre familiares, o menor índice – apenas 9,2% das
formulações foram classificadas como ‘Não Manifestação de Opinião’.
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No que tange à variável ‘Campo’, as formulações ‘ODDcen’ se distribuem
de forma equilibrada, havendo predomínio no espaço da casa e do trabalho,
sobretudo quando o falante tem mais status que seu interlocutor, conforme visto
anteriormente, por ocasião da análise da variável ‘Relações’.
No que tange aos enunciados classificados como ‘ODIcen’, o resultado
reflete, em alguma medida, o exposto anteriormente, pois o espaço da ‘Casa’
permanece como seu locus privilegiado. Quanto às respostas ‘FOPcen’, temos
forte presença do ambiente da ‘Rua’, espaço em que as relações são mais frias,
exigindo maior cuidado por parte do falante no processo de elaboração da
opinião desfavorável. Quanto ao caso da ‘NMOcen’, como seu maior índice foi
entre desconhecidos (cf. Gráfico 5.10), esperava-se que a ‘Rua’ fosse mesmo o
espaço mais privilegiado para a expressão da NMOcen.
Gráfico 5.10: Distribuição das formulações NMOcen pelas situações do DCT
Distribuição de formulações NMOcen pelas situações do DCT
2,93%
6,69%
4,18%
1,25%
1,67%
7,53%
5,43%
1,25%
6,28%
4,60%
3,35%
2,93%
5,02%
16,74%
10,04%
4,60%
4,60%
10,88%
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
183
Neste estudo, consideraremos, ainda, a variável ‘Tópico’. Conforme visto
anteriormente, pretendia-se, com a análise desta variável, verificar em que
medida o tópico a respeito do qual a opinião deveria ser elaborada poderia
influenciar a formulação desta. Tendo isso em vista, foram selecionados três
tópicos para elaboração do DCT: bem / posse, aparência física e habilidade. A
seguir, será apresentado, então, o resultado da análise que considerou a
variável citada.
Com relação às formulações categorizadas como ‘Opinião Desfavorável
Direta’, a análise da variável ‘Tópico’ revelou que de forma isolada, há maior
índice de emprego de ODDcen nas situações 18, 2 e 16. Elas envolvem os
seguintes tópicos: bem / posse [18 e 16] e ação realizada [2]. Observando o
conjunto de dados, há maior índice de emprego de ODDcen nas situações que
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envolvem o tópico bem / posse. Por outro lado, o menor índice de ODDcen
ocorreu com situações que tinham como tópico a aparência física, tal como
ilustra o Gráfico a seguir. Isso indica que é mais difícil emitir uma ‘Opinião
Desfavorável Direta’ quando o assunto envolve a aparência física do interlocutor.
Gráfico 5.11: Formulações ODDcen distribuídas por ‘Tópico’
Formulações ODDcen distribuídas por tópico
35,68%
39,35%
Ação realizada
Aparência física
Bem / posse
24,97%
O mesmo ocorreu com relação às formulações ODIcen. Nesse caso,
houve maior índice de emprego de ODIcen nas situações 10, 3 e 7 que dizem
respeito aos seguintes tópicos: aparência física [10 e 7] e ação realizada [3].
Considerando o conjunto de dados, houve maior índice de emprego de ODIcen
nas situações que envolviam o tópico aparência física, corroborando o fato de
que opinar a respeito da aparência física de alguém é um ato que expõe muito o
falante (cf. Gráfico 5.12).
184
Análise e discussão dos dados
Gráfico 5.12: Formulações ODIcen distribuídas por ‘Tópico’
Formulações ODIcen distribuídas por tópico
24,40%
36,61%
Ação realizada
Aparência física
Bem / posse
38,98%
Quanto à ‘Falsa Opinião Positiva’, temos, de forma isolada, referência à
ação realizada [situação 6] e a bem / posse [situações 14 e 15]. Nos dados, de
forma geral, observa-se, com o auxílio do Gráfico 5.13, um equilíbrio com
relação ao tópico, havendo uma leve tendência para maior índice de FOPcen
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quando o tópico está relacionado a bem / posse.
Gráfico 5.13: Formulações FOPcen distribuídas por ‘Tópico’
Formulações FOPcen distribuídas por tópico
32,82%
34,84%
Ação realizada
Aparência física
Bem / posse
32,33%
No que diz respeito aos enunciados definidos como ‘Não Manifestação de
Opinião’, há maior índice de emprego nas situações que envolvem opinião
acerca de aparência física, tal como demonstrado no Gráfico 5.14.
Gráfico 5.14: Formulações NMOcen distribuídas por ‘Tópico’
Formulações NMOcen distribuídas por tópico
23,41%
24,68%
Ação realizada
Aparência física
Bem / posse
51,88%
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
185
Tais situações exigiam do entrevistado que ele formulasse uma opinião
desfavorável acerca dos seguintes tópicos, todos relacionados à aparência física
de seu interlocutor: corte de cabelo, perda de peso, cirurgia plástica do nariz,
nova cor de cabelo, comprimento do cabelo e aparência geral. A preferência dos
participantes da pesquisa, quando expostos a essas situações apresentadas foi,
conforme já antecipado, pela ‘Não Manifestação de Opinião’. O gráfico 5.14, já
apresentado, revela que mais da metade das respostas NMOcen proferidas
tiveram como tópico a aparência física do interlocutor.
Em função desses dados, pode-se concluir que a elaboração de uma
opinião desfavorável a respeito da aparência física de um indivíduo é um
processo mais complexo, levando as pessoas a buscarem uma estratégia que
lhes dê a possibilidade de não discorrer a respeito do referido tópico, sobretudo
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quando a opinião a ser emitida é desfavorável.
Nesta seção foi possível verificar que papel desempenham as diferentes
variáveis na elaboração da opinião desfavorável. A análise aponta para o fato de
que não é possível desconsiderar, por ocasião da elaboração do ato de opinar,
questões relativas às relações que se estabelecem entre os participantes do
processo comunicativo, ao contexto em que eles se encontram ou ao assunto
que esteja sendo abordado. Levando a questão para a área de ensino de PL2E,
isso significa que há mais do que simplesmente saber articular palavras em
português. É preciso, na verdade, conforme já apontado nesta Tese,
desenvolver um conjunto de competências.
Na sessão a seguir, a análise levará em conta dados relativos ao perfil dos
participantes, com o intuito de verificar a importância deste no processo de
elaboração da ‘Opinião Desfavorável’.
5.3.4
‘Formulações Centrais’ da ‘Opinião Desfavorável’ – Análise do perfil
dos participantes.
Nesta seção, dedicar-nos-emos a apresentar uma análise do perfil dos
participantes da pesquisa, considerando os dados do perfil descritos no Capítulo
4. Tem-se, com ela, o objetivo de verificar as preferências pelas formulações
possíveis de Opinião Desfavorável a partir de dados como: sexo, faixa etária e
renda dos participantes
186
Análise e discussão dos dados
A análise do perfil dos participantes nos revela que indivíduos do sexo
feminino apresentaram preferência, de modo geral, pela ‘Opinião Desfavorável
Indireta’ e pela ‘Não Manifestação de Opinião’. Tendo isso em vista, os
participantes do sexo masculino optaram, com mais freqüência pela ‘Opinião
Desfavorável Direta’ e pela ‘Falsa Opinião Positiva’, conforme ilustrado pelo
Gráfico 5.15, mais adiante.
Com relação à faixa etária, a ODDcen foi mais empregada, de modo geral,
por aqueles informantes que declararam ter mais de 50 anos. Das 681
respostas, 263 (38,62%) foram elaboradas por pessoas dessa faixa contra 202
(29,66%) e 216 (31,72%) respostas para, respectivamente, a faixa etária 1 (de
Gráfico 5.15: Sexo dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável
Sexo dos participantes e elaboração da Opinião
Desfavorável
Valores percentuais
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17 a 25 anos) e 2 (de 26 a 49 anos).
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
54,57%
48,90%
51,10%
52,88%
47,12%
57,32%
45,43%
42,60%
Sexo Feminino
Sexo Masculino
ODDcen
ODIcen
FOPcen
NMOcen
Tipo de Opinião Desfavorável
A ODIcen, por sua vez, foi o recurso de elaboração da Opinião
Desfavorável mais utilizado pelos informantes que declararam idade entre 17 e
25 anos – 120 (40,68%) das 295 respostas classificadas como ODIcen. Com
relação à FOPcen, houve empate entre as faixas 1 (de 17 a 25 anos) e 2 (de 26
a 49 anos). Em cada uma delas foi contabilizado um total de 146 respostas
(36,05%), restando 113 respostas (27,9%) elaboradas por participantes da faixa
etária 3 (mais de 50 anos). Quanto à NMOcen, esta formulação é mais comum
entre indivíduos que declararam ter entre 26 e 49 anos, pois eles foram
responsáveis por 95 respostas (39,75%) de um total de 239. O gráfico a seguir
resume os dados apresentados.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
187
Gráfico 5.16: Faixa etária dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável
Valores percentuais
Faixa etária dos participantes e elaboração da
Opinião Desfavorável
50,00%
Faixa etária 1
(de 17 a 25
anos)
40,00%
30,00%
20,00%
Faixa etária 2
(de 26 a 49
anos)
10,00%
0,00%
ODDcen
ODIcen
FOPcen
NMOcen
Tipo de Opinião Desfavorável
Faixa etária 3
(mais de 50
anos)
Desfavorável Direta’ (38,62% das respostas) entre as pessoas que declararam
ter renda familiar de até 4 salários mínimos. A ‘Opinião Desfavorável Indireta’ foi
a formulação preferida pelos participantes com renda familiar mensal entre 4 e
12 salários (36,27%). A ‘Falsa Opinião Positiva’ e a ‘Não Manifestação de
Opinião’ foram formas mais utilizadas por aqueles que disseram ter renda
superior a 12 salários mínimos (cf. Gráfico 5.17).
Gráfico 5.17: Renda familiar dos participantes e elaboração da Opinião Desfavorável
Renda familiar dos participantes e elaboração da
Opinião Desfavorável
Valores percentu
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
No quesito renda familiar, temos predominância de emprego de ‘Opinião
50,00%
40,00%
mais de 12 salários
30,00%
20,00%
de 4 a 12 salários
10,00%
até 4 salários
0,00%
ODDcen ODIcen FOPcen NMOcen
Tipo de Opinião Desfavorável
A fim de complementar a análise empreendida até este momento das
‘Formulações Centrais’ da ‘Opinião Favorável’, será apresentada a seguir a
descrição das ‘Formulações Periféricas’ identificadas por ocasião da análise dos
dados.
Análise e discussão dos dados
188
5.3.5
Formulações Periféricas
Foram denominadas ‘Formulações Periféricas’ aquelas que funcionam
como satélites das ‘Formulações Centrais’. Enquanto estas dão o tom da opinião
expressa, as primeiras têm as seguintes funções (1) atenuar o impacto
produzido por tal opinião, funcionando como um recurso de polidez, ou (2)
reforçar / enfatizar a opinião desfavorável, dando-lhe mais força.
Conforme resume o Gráfico 5.18, as ‘Formulações Periféricas’ ocorrem
com mais freqüência com a ‘Opinião Desfavorável Direta’ (ODDcen). Uma
explicação possível para tal fenômeno pode estar ligada ao fato de que a
ODDcen, de acordo com a descrição empreendida neste estudo, é a categoria
disso, sua expressão parece exigir mais a presença de formulações que
atenuem seu impacto sobre o interlocutor. Por outro lado, quando há o desejo de
realmente deixar explícito o caráter desfavorável da opinião, é mais provável que
se opte pela ODDcen acompanhada, possivelmente, de uma formulação
periférica, cujo propósito não seria de atenuar a ODDcen, mas de reforçá-la.
Gráfico 5.18: Índice de ‘Formulações Centrais’ isoladas X ‘Formulações Centrais’ + ‘Periféricas’
Índice de Formulações Centrais Isoladas X Formulações
Centrais + Periféricas
120,00%
100,00%
80,00%
60,00%
40,00%
20,00%
O
D
O
Dc
en
D
+
is
ol
ad
a
pe
rif
ér
O
ic
D
as
Ic
en
O
D
is
Ic
ol
en
ad
+
a
pe
rif
é
FO
ri c
as
P
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n
P
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s
ce
ol
ad
n
+
a
pe
rif
ér
N
ic
M
as
O
N
c
en
M
O
iso
ce
la
n
da
+
pe
rif
ér
ic
as
0,00%
Dc
en
Valores percentuais
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da ‘Opinião Desfavorável’ com maior potencial de ameaça à face. Por conta
Categorias da Opinião Desfavorável
Se por um lado a ‘Opinião Desfavorável Direta’ é aquela em que se
observa, conforme visto, maior índice de associação com ‘Formulações
Periféricas’, a ‘Não Manifestação de Opinião’ – uma fuga por si só da expressão
189
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
de uma opinião que tenha carga negativa como a desfavorável – encontra-se no
extremo oposto, pois há apenas 2,51% de associações com ‘Periféricas’.
Tendo em vista o exposto acima e considerando o Gráfico 5.18, percebese que quanto mais à direita, mais próximo se vai em direção às formulações
indiretas. O movimento, nesse caso, das formulações que aparecem isoladas
segue em um crescendo. As formulações combinadas (Centrais + Periféricas),
inversamente, apresentam um movimento descendente.
Vale lembrar, conforme visto anteriormente, que foram encontrados, em
maior ou menor grau, registros de formulações periféricas com todas as
formulações centrais.
Com relação à posição no enunciado, as ‘Formulações Periféricas’,
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marcadas em negrito nos exemplos que seguem, podem: (1) anteceder a
‘Formulação
Central’,
(2)
suceder
a
‘Formulação
Central’,
(3)
ocupar
simultaneamente as duas posições citadas e (4) vir intercalada com relação à
‘Formulação Central’. Cada um dos exemplos apresentados ilustra, na
seqüência, um dos casos citados.
Exemplo 240: valeu a sua intenção.. mas podia ter sido melhor [0873FcC01]
Exemplo 241: pô:.. um estilo meio... eXÓtico.. meio diferente.. O que que é isso?
Não entendi direito [0111FaC16]
Exemplo 242: é.. bonitas... as cores são um pouco cheguei... EU particularmente
não ia gostar de ver meu marido vestindo:: umas camisas com essas cores.. tão
berrantes assim... mas até que combina com você.. acho que vai ficar bem em
você. [0121FaB17]
Exemplo 243: bom.. achei um pouco a comida meio exótica né.. um gosto meio
esquisito assim.. não comeria normalmente não.. mas..bom.. já que você
gostou.. não.. valeu a pena experimentar.. mas eu não comeria mais não
[0111FaC04]
No Exemplo 240, temos a ‘Formulação Periférica’ denominada ‘Incentivo’
(INCper) (“valeu a sua intenção”) antecedendo a expressão da ‘Opinião
Desfavorável Indireta’ (“podia ter sido melhor”). Vale destacar a opção do falante
pela adversativa mas, utilizada com o intuito de marcar a transição do ‘Incentivo’,
marcadamente positivo e atenuador de qualquer opinião que pudesse ser
expressa, para a ODIcen, cuja carga é, apesar de implícita, negativa.
190
Análise e discussão dos dados
Já no Exemplo 241, temos o oposto, pois a ‘Formulação Periférica’ “o que
que é isso? Não entendi direito.”, classificada como um ‘Pedido’ (PEDper),
sucede a ‘Formulação Central’ NMOcen (“pô:... um estilo meio exótico... meio
diferente”).
Com relação ao Exemplo 242, vê-se a ‘Formulação Central’ ‘Opinião
Desfavorável Direta’ (ODDcen) (“as cores são um pouco cheguei... EU
particularmente não ia gostar de ver o meu marido vestindo:: umas camisas com
essas cores.. tão berrantes assim...”)
entre as periféricas ‘Falsa Opinião
Positiva’ (FOPper) (“é.. bonitas”) e ‘Incentivo’ (INCper) (“até que combina com
você.. acho que vai ficar bem em você.”).
O exemplo seguinte, por sua vez, traz uma ‘Opinião Desfavorável Direta’
desmembrada (“um gosto meio esquisito assim,,, não comeria normalmente
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não.. (...) eu não comeria mais não”). Entre as duas partes temos um ‘Incentivo’
(INCper) (“já que você gostou.. não.. valeu a pena experimentar..”). Além disso,
a mesma opinião é precedida pela ‘Formulação Periférica’ NMOper (“achei um
pouco a comida meio exótica”).
Na análise parcial dos dados, foram identificadas, nove ‘Formulações
Periféricas’, a saber: (1) Pedido, (2) Razão, (3) Sugestão, (4) Incentivo, (5)
Elogio, (6) Repreensão, (7) Opinião Desfavorável Indireta, (8) Falsa Opinião
Positiva e (9) Não Manifestação de Opinião. A análise total dos dados permitiu
verificar a pertinência dessas formulações e identificar mais três, assim
denominadas: Comentário, Ameaça e Desejo. A seguir serão descritas todas as
‘Formulações Periféricas’ que surgiram por ocasião da análise. Os exemplos
utilizados pertencem aos dois corpora desta pesquisa, sendo um constituído com
os dados da primeira fase e outro com os dados da segunda.
5.3.5.1
Pedido (PEDper)
Nesse tipo de ‘Formulação Periférica’, também identificada pela sigla
PEDper e marcada em negrito nos exemplos selecionados, o falante elabora um
pedido com os seguintes intuitos:
1. obter mais esclarecimentos.
Exemplo 244: boNI::to.. intereSSAN:te... quem é o pintor? [0211MbB16]
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
191
Exemplo 245: legal... deve ser bem difícil trabalhar com madeira.. né?
[0272FbB06]
Nesses casos, o ‘Pedido’ parece servir como uma estratégia para mudar o
foco da conversa. No momento, por exemplo, em que o falante pergunta “quem
é o pintor?” (Exemplo 244), ele deixa de centrar sua atenção no quadro a
respeito do qual deveria opinar e passa a abordar outro assunto. O mesmo
ocorre no Exemplo 245. A situação exigia que a opinião versasse a respeito de
uma peça de artesanato feita em madeira. Após dizer brevemente que a peça
era “legal”, o falante direciona a conversa para que seu interlocutor fale a
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respeito da dificuldade de se trabalhar com tal material.
2. fazer com que o interlocutor realize alguma ação.
Exemplo 246: eu achei a reunião com Fusa e cansaTIva e: gostaria que cê
repetisse para todos... novamente. [0011MaA01]
Exemplo 247: eu achei intereSSANte, mas eu gostaria de discutir com o senhor
alguns tópicos. [0042MaB01]
Exemplo 248: eu achei que você não fez um serviço legal... gostaria que você
fizesse de novo. [0052FbC04]
Exemplo 249: Poderia me explicar novame:nte porque::: eu não entendi:... o que
o senhor falou [0141FcC02]
Exemplo 250: dá prá perceber que você ainda está no começo. você pode cantar
um pouquinho mais baixo? [0361FaA03]
Nesse caso, o falante, ao fazer o pedido, espera de seu interlocutor a
realização de uma ação, como: repetir o assunto da reunião, participar de uma
discussão, realizar novamente a faxina da sala ou cantar mais baixo.
A ‘Formulação Periférica’ denominada ‘Pedido’ pode acompanhar todas as
‘Formulações Centrais’, em qualquer uma das posições apresentadas. No caso
da ‘Não Manifestação de Opinião’, em especial, conforme visto em 5.3.2.4, as
ocorrências identificadas apontavam apenas o PEDper sucedendo a NMOcen.
Normalmente, o pedido identificado, sobretudo quando envolve a
realização de uma ação, estrutura-se a partir do verbo gostar no futuro do
pretérito. Conforme apontam Vilela e Koch, “o modo realizado no chamado
Análise e discussão dos dados
192
futuro do pretérito62 exprime o ‘irreal’ no passado (...) ou pedido63(...) ou ainda
a suavização de uma afirmação” (Vilela e Koch, 2001, p. 178). Há, igualmente, a
possibilidade de emprego do verbo poder no presente ou no futuro do pretérito,
ou, ainda, a formulação de uma pergunta direta como: “quem é o pintor?” ou
“deve ser difícil trabalhar com madeira.. né?”.
5.3.5.2
Razão (RAZper)
Nesse caso, o falante, ao emitir sua ‘Opinião Desfavorável’, apresenta uma
razão ou justificativa que a fundamente, introduzida por conjunções como: pois e
porque (Neves, 2000, p. 801) (Exemplos 251, 252, 253 e 254). Essas
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conjunções podem também estar implícitas, como no Exemplo 255.
Exemplo 251: não gostei da comi:da, pois não gosto de comidas exóticas.
[0011MaA03]
Exemplo 252: não achei legal não porque isso é muito tradicional...prefiro coisa
mais moderna. [0062MbC10]
Exemplo 253: não achei muito legal não... porque eu não entendo de quadro e
para mim... é indiferente. [0062MbC11]
Exemplo 254: olha... rapaz eu.. eu acho que eu não faria isso não... porque eu
gosto muito do jeito que a gente é... do jeito quando nasce... eu não.. não..
não vejo assim.. feio.. bonito.. dessa forma plástica não... acho que.. sei lá.. eu
sempre prefiro mais natural... pra mim eu não levo muito em conta o que foi ou o
que é agora... eu levo em conta o que é a gente.. né? como que a gente nasceu
[0342MbC09]
Exemplo 255: sua aparência é muito importante pro seu trabalho... então acho
melhor você cortar o seu cabelo [0632MaA11]
Não foram encontrados registros de RAZper com a ’Não Manifestação de
Opinião’. Nessa circunstância, a elaboração de uma ‘Razão’ talvez não se
justifique por conta do fato de que a NMOcen é, conforme visto, um modo de o
falante fugir da emissão de uma opinião que seja desfavorável. Tendo isso em
62
63
Grifo no original.
Grifo nosso.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
193
vista, não haveria a necessidade de justificativa ou apresentação de razões para
a elaboração da opinião desfavorável.
5.3.5.3
Sugestão (SUGper)
Uma vez diante da necessidade de expressar uma ‘Opinião Desfavorável’,
a elaboração da ‘Sugestão’ surge para o falante como uma forma de apontar –
para seu interlocutor – caminhos a fim de que este promova mudanças com o
intuito de conseguir, em uma próxima ocasião, que uma opinião positiva seja
dirigida a seu favor.
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Exemplo 256: bom, eu acho que você não deveria fazer isso. eu acho que você
deve corTAR e: manter uma aparência melhor::... pra até mesmo pra se
apresentar pra outras pessoas. [0021FaA08]
Exemplo 257: eu acho que está ficando bom. você deveria continuar
freqüentando para que continue a emagrecer mais. [0011MaA05]
Exemplo 258: o senhor realmente está com uma ótima aparência.. acho que
deveria visitar o spa mais vezes [0101FbB08]
Exemplo 259: não gosto muito de branca de neve NÃO ficaria melhor se
pusesse mais árvores, um:: copo de leite, um:: girassol... [0162FbC15]
Nos dados desta pesquisa, a sugestão é, mais freqüentemente, introduzida
pelo verbo dever que, segundo Vilela e Koch, é um dos auxiliares de modo,
definidos como aqueles que “modificam a relação entre o sujeito frástico e o
processo verbal, exprimindo valores como ‘necessidade’ (ter de/que, dever64),
‘capacidade’ ou ‘possibilidade’ (poder), ‘desejo’ (querer)” (Vilela e Koch, 2001, p.
72). Nos casos apresentados, o verbo dever tem um “semantismo pleno que
exprime obrigação (= valor deôntico)” (op. Cit., p. 73).
Neves insere o mesmo verbo no conjunto daqueles denominados
modalizadores que se definem por serem “verbos que se constroem com outros
para modalizar os enunciados” 65 (Neves, 2000, p. 62) A autora indica dois tipos
64
65
Grifo nosso.
Grifo no original.
Análise e discussão dos dados
194
de modalidades: a epistêmica (ligada ao conhecimento) e a deôntica (ligada ao
dever), sendo esta última a que se aplica aos casos expostos.
Em 256, por exemplo, o falante sugere para seu interlocutor a necessidade
de cortar o cabelo, pois isso garantiria uma melhor aparência. Já em 257 e 258,
o falante sugere que seu interlocutor tem ainda necessidade de freqüentar um
SPA por mais tempo.
5.3.5.4
Incentivo (INCper)
O ‘Incentivo’ é uma forma de o falante se solidarizar com seu interlocutor.
O Exemplo 260 nos mostra que é por seu intermédio que o falante indica para
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seu interlocutor que há uma esperança de que este possa cantar bem ao dizerlhe “pode melhorar”. O mesmo ocorre com a fala produzida pelo informante
0211MbB, pois ao dizer “um dia você consegue melhorar”, lança mão de uma
estratégia de polidez.
Exemplo 260: bom, eu acho que você num tá BEM ainda... pode melhoRAR..
mas no momento tá incomodando. [0062MbC02]
Exemplo 261: é chefe de FAto as férias te fizeram muito bem.. você ta assim com
aquela cara de quem DEScansou.. de quem se divertiu.. de quem relaxou MUIto..
cê tá com uma aparência Ótima e acho assim... é um bom início.. continue
mantendo sua dieta.. suas atividades físicas que um dia.. tsc... cê chega no
ponto
[0121FaB08]
Exemplo 262: ah cê tá no início.. tem que continuar né? tem muita coisa prá
aprender.. imagino né? e é isso mesmo.. continue se é isso que você quer
mesmo.. continue estudando bastante [0261FaC03]
Exemplo 263: cê não tá me atrapalhando não... como estão as aulas? tão sendo
boas? cê tá gostan::do? continua treinando [0272FbB03]
Exemplo 264: é... eu devo concordar com vc que todo início é um pouco difícil
entendeu.. a gente encontra obstáculos.. dificulDAdes.. nem sempre a gente
consegue atingir aquilo que seria o nosso objetivo final logo de cara... mas
digamos assim que::... depois de algum tempo bastante treinamento você pode
conseguir chegar lá.. sabe... não desiste não .. até que você tem talento.
[0121FaB03]
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
195
Exemplo 265: Eu acho que cê tem que treinar mais... eh:::... um dia você
consegue melhorar [0211MbB03]
Observa-se que a formulação do ‘Incentivo’ pode ser iniciada pelo verbo
poder que – tal como o verbo dever, descrito em 5.3.5.3 – integra o grupo dos
auxiliares de modo ou verbos modalizadores. Esse verbo, na verdade, tem
valores múltiplos e um deles diz respeito à capacidade (Vilela e Koch, 2001, p.
72), sentido que está subjacente ao Exemplo 260 apresentado acima.
São também comuns as formulações com verbos no Imperativo. Segundo
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Vilela e Koch (2001),
O valor do Imperativo está intimamente ligado à situação, ao contexto (...). A
situação – intervindo aqui também a entoação – indica em que medida o que é
pedido se caracteriza como “pedido”, “ordem”, “conselho”, “ameaça”,
“advertência”, etc. Há um sema evidente que é o de “futuro” (o tempo de
realização). (Vilela e Koch, 2001, p. 179).
Nos casos analisados, mais do que indicador de ordem – função principal
e muitas vezes exclusiva desse modo verbal, prevista de forma reducionista por
alguns materiais de PL2E, por exemplo – o Imperativo sinaliza um incentivo.
5.3.5.5
Elogio (ELOper)
O ‘Elogio’, bem como outras ‘Formulações Periféricas’ já descritas, tem
como funções desviar a atenção do interlocutor da opinião desfavorável que tiver
sido expressa e amenizar o impacto desta que é considerada, conforme visto,
um ato de ameaça à face. No Exemplo 266, o falante, após ter sido instado a
emitir uma opinião relativa ao novo jardim de seus vizinhos, sobretudo a respeito
das peças de cerâmica que retratam os personagens Branca de Neve e os 7
anões, inicia com uma ‘Falsa Opinião Positiva’ (“eu achei muito boNIto”) para,
em seguida, formular um ‘Elogio’ – não ao jardim como um todo – mas às
plantas, dizendo que estas “estão muito bem cuidadas”. Só depois disso ele
emite sua opinião desfavorável com relação às imagens (“só não gosto daqueles
anões”). Sua fala é finalizada com um novo ‘Elogio’, direcionado ao restante do
jardim: “tá muito bonito”.
Análise e discussão dos dados
196
Exemplo 266: eu achei muito boNIto... as plantas estão muito BEM cuidadas...
ele tá muito... ficou... deu uma renovada... só não gosto ... daqueles anões... mas
de resto, tá muito bonito. [0042MaB10]
Exemplo 267: Fazer escultura até que é uma arte bem difícil.. né.. ainda mais
desse tipo bem diferente.. mas até que é interessante o seu trabalho
[0101FbB06]
Exemplo 268: é um quadro diferen::te né?.. assim.. vai cair bem com o estilo da
casa. [0292FaA16]
Exemplo 269: AMOR.. ainda bem que eu não casei com você SÓ pela sua
aparência. existem traços na sua personalidade que eu admiro.. como por
exemplo a sua inteligência.. a sua sinceridade... o seu senso de humor e dá
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pra viver disso até seu cabelo crescer novamente. [0121FaB07]
A diferença entre o ‘Elogio’ e a ‘Falsa Opinião Positiva’ – seja ela
considerada como ‘Formulação Central’ ou ‘Periférica’ – reside no fato de que o
primeiro envolve algo que esteja relacionado de algum modo com o objeto ou a
pessoa sobre a qual deve recair a opinião. A ‘Falsa Opinião Positiva’, por sua
vez, é uma opinião diretamente vinculada àquilo que se deseja avaliar – um
objeto, uma característica física ou uma habilidade, por exemplo. Desse modo, a
situação retratada no Exemplo 267 exigia uma opinião a respeito de uma
escultura em especial – uma cabeça de cavalo feita em madeira. O falante opta,
conforme visto, por fazer um elogio à arte de fazer escultura, deixando para
outro momento a realização do ato de opinar. O mesmo processo se observa no
Exemplo 269, ocasião em que o informante deveria opinar a respeito de um
corte de cabelo. A informante 012, nesse caso, fez um elogio a outras
características não mencionadas do seu interlocutor.
5.3.5.6
Comentário (COMper)
A ‘Formulação Periférica’ denominada ‘Comentário’ tem uma posição
flutuante, pois pode preceder ou suceder a ‘Formulação Central’.
Exemplo 270: olha... eu acho que tudo artificial parece assim... uma plástica
parece uma coisa falsa... a senhora tá natural... a senhora tá bem... a senhora
não parece ter quarenta anos não [0332FaA12]
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
197
Exemplo 271: é::... eu não tô acostumado a... a utilizar desse tipo de comida...
mas achei interessan::te [0492MaA04]
Exemplo 272: estranhei no come::co... mas creio que ficou legal [0551FaC10]
Exemplo 273: o::lha... eu acho... eu acho que você::... prá quarenta anos.. vamos
dizer.. você tá:: com uma aparência de quaren::ta anos.. no que eu tô
entendendo... ago:::ra um artista tem vá::rias opções... tem meios né?.. e::
eles têm que estar com uma aparên::cia boa.. prá aparecer numa te::a né?...
então têm que estar ma::gro... tem que estar sem barri::ga... sem
estô::mago... com uma pele boni::ta... agora você.. como eu.. tô com uma
aparência... tô com cinqüenta e cinco anos... eu acho que eu tenho aparência de
cinqüenta e cinco anos [0713FaA12]
Exemplo 274: bom... eu acho que gosto não se discute.. né? mas eu não gostei
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muito não... não faz muito o meu.. meu gênero não [0332FaA16]
O ‘Comentário’ envolve uma digressão que pode estar relacionada ao
tópico em discussão ou não.
5.3.5.7
Desejo (DESper)
Nesse tipo de ‘Formulação Periférica’, o falante esboça um desejo, tal
como exemplificado a seguir.
Exemplo 275: foi muito interessante... eu espero que todos tenham
compreendido o que você quis expor [0361FaA02]
Exemplo 276: não é:: não... não tá incomodando não... às vezes sai um pouco alto
e tal... mas a gente já tá se acostuman::do.. espero que você melhore
[0612MaB03]
A expressão que denota o sentimento de desejo mais comumente
empregada foi ‘espero que’, seguida de tempos do modo subjuntivo.
5.3.5.8
Ameaça (AMEper)
Essa formulação foi mais empregada nas situações que retratavam,
sobretudo, uma relação assimétrica entre os personagens envolvidos, tendo sido
Análise e discussão dos dados
198
utilizada majoritariamente, como esperado, por aquele que detinha mais poder
na relação. Isso significa que o maior índice de AMEper foi observado nas
situações em que o participante assumia, por exemplo, o papel de chefe. Isso
parece corroborar o rito do “Você sabe com quem está falando?” apresentado
por DaMatta (1997). Ao tratar do assunto, o autor faz a seguinte afirmação:
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(...) ensinamos o samba e o futebol, falamos da praia e da mulher brasileira, das
nossas informalidades e aberturas (...), mas jamais estampamos diante da criança
e do estrangeiro o “sabe com quem está falando?”, Ao contrário, chegamos até a
proibir o seu uso como indesejável, embora isso seja feito somente para usar a
execrável formalidade na primeira situação no dia seguinte. Consideramos a
expressão como parte do “mundo real”, da “dura realidade da vida”, um recurso
ensinado e ativado no mundo da rua, esse universo de cruezas que separamos e
defendemos do nosso “lar”, da nossa “morada”, da nossa “casa”. O mundo da rua
usa o “sabe com quem está falando?”, mas nós decidimos não integrar o rito no
modo doce, gostoso e não-rotinizado com que preferimos tomar consiência do
nosso universo social. (DaMatta, 1997, p. 183)
Observa-se que o “Você sabe com quem está falando?” marca a
verticalidade das relações e se iguala ao ditado popular “Manda quem pode e
obedece quem tem juízo”. Ambos, apesar de não terem sido mencionados de
forma explícita por nenhum dos participantes, estão contidos nas falas
transcritas abaixo.
Exemplo 277: bom... eu a::cho que você deveria pensar bem:: porque a
ima:gem de alguém com cabe::lo compri:do... não é tão boa.. quanto alguém com
cabe::lo curto [0211MbB11]
Exemplo 278: Se você quiser continuar: com o seu empre:go, corte o seu
cabe:lo [0201MaA11]
Exemplo 279: o::lha.. eu tenho que falar pra você a verdade... a empresa não tem
um perfil de jovem.. que você tá atualmente.. com esse o seu cabelo compri:do...
eu acho melhor como sua supervisora... como sua supervisora te recomendar
você cortar esse cabelo aí... dar uma aparada... senão alguém vai te chamar a
atenção [0292FaA11]
Nas situações ilustradas pelos Exemplos 277, 278 e 279, verifica-se que o
falante ocupa, hipoteticamente, um cargo de chefia e está, por isso, em uma
situação mais privilegiada socialmente. Nos casos analisados, o falante, então,
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
199
se vale dessa posição para ameaçar aquele que supostamente seria seu
subordinado de perder seu emprego.
Apesar, como disse DaMatta, de a ‘Casa’ não ser o espaço privilegiado do
rito do “sabe com quem está falando?”, verificou-se a ocorrência da formulação
AMEper também nesse contexto. Nesse caso, a proximidade entre os
participantes parece permitir seu uso em caso de conflito declarado como o
apresentado pelo Exemplo 280.
Exemplo 280: ah:: amor::... tu é burro ou o que? você não sabe que essa marca é
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Péssima?.. se estragar... o dinheiro vai sair do seu bolso [0312FaC13]
5.3.5.9
Repreensão (REPper)
A ‘Repreensão’ e a ‘Ameaça’ foram as ‘Formulações Periféricas’
encontradas que têm como objetivo reforçar a opinião desfavorável.
Exemplo 281: não gostei do servi:co... você poderia ter feito melhor. [0011MaA
04]
Exemplo 282: não... poderia ter feito melhor. [0073FcC04]
Exemplo 283: está bom amor... mas acho que você poderia ter me perguntado
antes. [0241FbC07]
Exemplo 284: achei pô:: uma boa iniciati::va... só que::... você podia ter
espera::do.. prá gente poder decidir junto né?.. pô::... já falei várias vezes.. a
gente tem que decidir tudo junto [0531MbC13]
Exemplo 285: na realidade... o objetivo foi distorcido.. eu vim aqui prá andar de
táxi.. mas o seu trabalho está razoavelmente bom... não era bem o objetivo esse..
mas está razoavelmente satisfatório [0443MaA06]
Exemplo 286: eu achei que você não fez quase nada... porque que tá assim? cê
lembra do que eu pedi para você fazer? porque que cê não fez.. assim? você
pode explicar? [0342MbC05]
Exemplo 287: poxa amor.. sinceramente eu não esperava que você fosse fazer
isso.. eu gostava tanto do seu cabelo comprido.. ah.. mas.. ah.. eu::.. ah.. mais ou
menos.. ah.. eu gostava de antes.. mas pode crescer de novo o cabelo.. né?
[0111FaC07]
Análise e discussão dos dados
200
Exemplo 288: ah::... não acreDIto que cê fez Isso.. ce pinTOU o seu cabelo e
tirou aqueles cabelos grisalhos que eu achava LINdo? [0292FaA10]
5.3.5.10
Opinião Desfavorável Indireta como Formulação Periférica (ODIper)
A ‘Opinião Desfavorável Indireta’, a ‘Falsa Opinião Positiva’ e a ‘Não
Manifestação de Opinião’, além de funcionarem como ‘Formulações Centrais’,
podem também ser utilizadas como ‘Periféricas’, desde que sigam as seguintes
regras:
1. A ‘Opinião Desfavorável Direta’ por ser a categoria em que se inscrevem
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as formulações mais objetivas e diretas de expressar uma opinião
desfavorável tem prevalência sobre as demais e, por conta disso, sempre
será o núcleo. Tendo isso em vista, a ODDcen não aceita ser periférica de
nenhuma outra formulação.
2. A ‘Opinião Desfavorável Indireta’ só pode ser ‘Formulação Periférica’ da
ODDcen.
3. A ‘Falsa Opinião Positiva’ pode ser ‘Formulação Periférica’ da ODDcen e
da ODIcen.
4. A ‘Não Manifestação de Opinião’ pode ser ‘Formulação Periférica’ da
ODDcen, ODIcen ou FOPcen.
5. A NMOcen não aceita, ODIper ou FOPper como periféricas.
A ‘Opinião Desfavorável Indireta’, já descrita anteriormente, pode ocupar –
tal como a ‘Falsa Opinião Positiva’ e a ‘Não Manifestação de Opinião’ – dois
espaços distintos, a saber: (1) formulação central ou (2) formulação periférica.
No Exemplo 289, apresentado a seguir, é expressa uma ‘Opinião Desfavorável
Direta’ (‘Formulação Central’), precedida por uma ‘Indireta’ (‘Formulação
Periférica’), marcada em negrito. Com a expressão desta, o falante procurará
preparar seu interlocutor para lançar sua real opinião. O mesmo processo ocorre
nos exemplos que seguem.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
201
Exemplo 289: Eu achei essas cores muito fortes para você... a minha opinião
é que você assenta melhor com cores mais neutras, mais claras, né?... com
estilo diferente... esse estilo de cor não é para você. [0052FbC12]
Exemplo 290: Preferia mais o outro. Esse eu não gostei não. [0201MaA07]
Exemplo 291: Ah... cê tá precisando melhorar um pouquinho... não tá muito
boa não. [0281MaB01]
Exemplo 292: é que no início tudo é difícil.. né? então imagino que.. como
você é iniciante.. as dificuldades são grandes. é:: assim... vou ser honesta com
você... me incomoda um pouco.. sim... mas eu acho que você deve continuar
tentando.. né? assim.. quem sabe daqui a um tempo vai estar bem melhor, né?
[0432FaB03]
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Como ‘Formulação Central’, a ‘Opinião Desfavorável Indireta’ é o meio
através do qual a opinião é construída. Como ‘Formulação Periférica’, ela serve
de suporte à ‘Opinião Desfavorável Direta’, amenizando-a.
5.3.5.11
Falsa Opinião Positiva como Formulação Periférica (FOPper)
A exemplo do que foi sinalizado em passagens anteriores, a ‘Falsa Opinião
Positiva’, marcada em negrito nos exemplos que seguem, também pode ocupar
a posição de ‘Formulação Periférica’. Tal como descrito em 5.3.2.3, há, nesse
caso, a introdução de itens lexicais ou formulações que valorizam o ser, o objeto
ou a atitude a respeito dos quais o falante deverá emitir uma opinião. Seu
objetivo, tal como já apresentado para outras formulações, é também o de
abrandar a expressão da ‘Opinião Desfavorável’.
Exemplo 293: eu achei muito boNIto... as plantas estão muito BEM cuidadas...
ele tá muito... ficou... deu uma renovada... só não gosto ... daqueles anões... mas
de resto, tá muito bonito. [0042MaB10]
Exemplo 294: é... essas camisas são... são bonitas e tal... mas não faz muito o
meu estilo não. [0062MbC12]
Exemplo 295: prá quem gosta, fanTÁStico. sinceramen:te eu não gosto de nada
feito em MAdeira. [0162FbC06]
Análise e discussão dos dados
202
Exemplo 296: é:: bem lega::l.. bem confortá::vel.. eu já até tive um desses só
que eu não me dei muito bem com ele.. mas eu troquei.. mas é (pausa)
interessantezinho. [0101FbB18]
Exemplo 297: boNIto... muito boNIto, mas eu não colocaria um desses na minha
casa [0121FaB16]
Exemplo 298: eu achei um pouco confusa.. mas::... interessante [0201MaA02]
5.3.5.12
Não Manifestação de Opinião como Formulação Periférica (NMOper)
A ‘Não Manifestação de Opinião’ pode desempenhar os papéis de: foco da
emissão da opinião ou ‘Formulação Periférica’. Nos casos apresentados a
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seguir, a ‘Não Manifestação de Opinião’ aparece, como ‘Formulação Periférica’
associada a uma ‘Formulação Central’. A NMOper, normalmente, atua aliviando
a tensão que se estabelece entre os participantes em uma situação dessa
natureza.
Exemplo 299: rapaz... não sou o melhor prá julgar arte... eu não tenho tanto
conhecimen:to... mas ficou legal... deve... deve ter uma mensagem aí ..mas
eu.. eu sinceramen:te não conheço [0662MaA16]
Exemplo 300: nossa.. como seu nariz ficou diferente.. né..até que ficou legal
[0101FbB09]
Exemplo 301: nossa.. pra falar a verdade.. num tinha repara.. num lembro
mais como era o seu nariz antes.. mas.. parece que ficou bom.. né. Num tô
lembrada de antes mas parece que ficou legal [0111FaC09]
Exemplo 302: ih:: pintou o cabe::lo. BOM é:: ficou diferen:::te né? já tava
acostumada com você an::tes.. ago::ra cê tá diferen:te né? a gente acostuma
de novo... mas tá legal tá legal.. se você:: achou legal.. tá legal tá tá legal assim
[0261FaC10]
Exemplo 303: eu diria que a::as comidas de..de.. outros países são bem
exóticas.. um paladar bem diferente.. mas.. por isso que eu prefiro a brasileira.
[0101FbB04]
Exemplo 304: eu prefiro as cores neutras... mas você.. você tem que saber o
que você gosta de vestir. [0321MaA17]
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
203
A integração entre as ‘Formulações Centrais’ e as ‘Formulações
Periféricas’, considerando os dados parciais pode ser observada no Quadro 5.2,
apresentado a seguir.
Quadro 5.2: A inserção das formulações periféricas na emissão da opinião desfavorável – análise
parcial
FORMULAÇÃO PERIFÉRICA
Falsa opinião positiva
Opinião desfavorável indireta
FORMULAÇÃO
CENTRAL
FORMULAÇÃO PERIFÉRICA
Opinião desfavorável
Pedido
direta
Razão
Não manifestação de opinião
Sugestão
Elogio
Incentivo
Repreensão
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Elogio
Não manifestação de opinião
Falsa opinião positiva
Opinião desfavorável
Falsa opinião positiva
indireta
Falsa opinião
positiva
Pedido
Sugestão
Não manifestação de
opinião
Nos dados parciais, as ‘Formulações Periféricas’ identificadas ocupavam
apenas duas posições com relação às ‘Formulações Centrais’. Ora elas
antecediam estas, ora elas as sucediam. A coleta integral dos dados e sua
análise permitiram verificar que esta relação entre ‘Formulações Centrais’ e
‘Formulações Periféricas’ era bem mais complexa do que o previsto inicialmente.
Os quadros mais detalhados que retratam essas relações foram apresentados
em 5.3.2.1.3, 5.3.2.2.2, 5.3.2.3.3 e 5.3.2.4.2.
A análise empreendida permitiu-nos também, com base em Meyer (1980)
e em Freitas (2000), elaborar um contínuo para a ‘Opinião Desfavorável’. Meyer,
em seu estudo a respeito da modalização e da adesão, formulou um contínuo
para o conceito de adesão, partindo da seguinte observação:
O conceito de adesão é, como o de distância, uma linha contínua, com pólos
extremos de máxima e mínima. Ou seja, podemos ter a adesão máxima e a
mínima, mas sempre como o mesmo fenômeno, nunca como elementos
204
Análise e discussão dos dados
independentes um do outro. Não há ponto de ruptura, passagem de um estágio
para o outro, saltos. Há apenas uma progressão de maior ou menor adesão, mais
ou menos compromisso com o enunciado. (Meyer, 1980, p. 36)
Já Freitas (2000) elaborou um contínuo para os atos de concordar e
discordar após observar que havia diferentes níveis de intensidade para os
referidos atos. Segundo a autora, “a criação do eixo visa a uma melhor
organização das estruturas analisadas e, principalmente, ao entendimento da
existência de diferentes níveis de concordância e discordância presentes na
interação social” (Freitas, 2000, p. 26).
No caso em foco nesta pesquisa, verificamos, tal como propuseram Meyer
e Freitas, a existência – dentro do estudo da opinião desfavorável – de pólos
extremos onde se situariam a opinião desfavorável direta de um lado e a falsa
formais já descritos anteriormente, mas principalmente na menor [pólo negativo]
ou maior [pólo positivo] presença de recurso de polidez. Nesse caso, a opinião
desfavorável direta estaria no pólo negativo enquanto a falsa opinião positiva
estaria no extremo oposto ou no pólo positivo, tal como ilustrado na Figura 5.10.
Figura 5.10: Opinião desfavorável direta e falsa opinião positiva no contínuo da opinião
desfavorável
-
Falsa Opinião Positiva com reforço ou
termos no superlativo
Opinião desfavorável direta com reforço
ou seguida de formulação periférica indicando
repreensão ou ameaça
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opinião positiva de outro. Essa distribuição está pautada não só nos aspectos
N
eutro
+
Também não observamos entre todas as estratégias e processos
envolvidos no ato de opinar desfavoravelmente pontos de ruptura. Há, ao
contrário, conforme apontam Meyer (1980) e Freitas (2000), uma progressão que
205
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
se desenvolve de um pólo ao outro. Na Figura 5.11 tentamos demonstrar como
se dá tal progressão.
-
Falsa Opinião Positiva com reforço ou
termos no superlativo
Falsa opinião positiva
Não manifestação de opinião
Opinião desfavorável indireta seguida de
formulações periféricas que indicam polidez
Opinião desfavorável indireta
Opinião desfavorável direta seguida de
formulações periféricas que indicam polidez
Opinião desfavorável direta com
atenuador
Opinião desfavorável indireta com ironia
Opinião desfavorável indireta seguida de
formulação periférica indicando repreensão ou
ameaça
Opinião desfavorável direta
Opinião desfavorável direta com reforço
ou seguida de formulação periférica indicando
repreensão ou ameaça
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Figura 5.11: Contínuo da emissão da opinião desfavorável
N
eutro
+
A ‘Não Manifestação de Opinião’ foi considerada como o ponto neutro do
contínuo por ela significar, conforme visto, uma forma que o falante tem a sua
disposição para se isentar de emitir opinião desfavorável quando solicitado a dar
uma opinião a respeito de algo ou alguém. No caso das estratégias que se
situam à esquerda do ponto neutro, vale destacar o fato de que a opinião
desfavorável direta não é necessariamente mais impactante do que a opinião
desfavorável indireta. Essas duas estratégias, somadas aos diferentes
processos identificados e descritos se distribuem complementarmente no
contínuo. Os exemplos a seguir vêm corroborar essa afirmação.
Exemplo 305: eu achei boNIto... as plantas estão muito BEM cuidadas... ele tá
muito... ficou... deu uma renovada... só não gosto... daqueles anões... mas de
resto, ta muito bonito. [0042MaB10]
Exemplo 306: você tem cerTEza que HOUve limPEza? [0021FaA04]
No Exemplo 305, a opinião solicitada é explicitada no trecho em negrito e,
nesse caso, de acordo com o que foi discutido anteriormente, o participante da
pesquisa optou por estruturá-la como uma opinião desfavorável direta. No
206
Análise e discussão dos dados
entanto, essa opinião aparece cercada por elaborações de falsa opinião positiva
e elogio que funcionam como atenuadoras do impacto da opinião, em uma
tentativa de o falante salvar sua face e a de seu interlocutor. Já no Exemplo 306,
temos uma opinião desfavorável indireta com incidência de ironia. Apesar da
necessidade de acessar o nível do não-dito, o que se quer dizer é que não
houve nenhum tipo limpeza. Acreditamos que, diante do exposto, o Exemplo 306
estaria mais próximo do pólo negativo do que o Exemplo 305, tal como previsto
na Figura 5.11.
No Capítulo 3 desta pesquisa, foi mencionado o fato de que estudos sobre
questão da polidez em português do Brasil, como os empreendidos por Becher
(1980), Koike (1992), Meyer (2000), Prado (2001), Albuquerque (2003), apontam
para a dificuldade que têm os brasileiros em realizar atos de ameaça a face,
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sobretudo aqueles que envolvem de alguma forma uma negação.
Ao longo deste Capítulo, foram apresentadas e descritas as quatro
categorias
em
que
a
‘Opinião
Desfavorável’
parece
desdobrar-se.
O
estabelecimento de uma comparação entre tais categorias nos leva a verificar
que a ‘Opinião Desfavorável Direta’ se opõe às demais. Enquanto a ODDcen se
mostrou como um tipo formulação em que o falante está mais preocupado em
garantir seu direito à expressão, tendo, portanto, menos cuidado em salvar a
face de seu interlocutor, as formulações que integram as outras categorias são,
em algumas medida, estratégias que denotam maior ou menor grau de polidez.
Isso vem ao encontro dos trabalhos anteriores no sentido de que reafirma a
noção de que o brasileiro, de modo geral, teme o conflito aberto.
6
Considerações Finais
Fight for your opinions, but do not believe that they contain the whole truth, or the only truth.
1
(Charles A. Dana)
Nas áreas de Lingüística e Língua Portuguesa é possível encontrar
estudos sistemáticos a respeito de atos de fala em geral. Já no campo do PL2E,
observa-se um movimento inverso. Apesar da importância, para o ensino desse
e de outros idiomas, de se compreender como são constituídos os diferentes
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atos de fala, verificou-se, com o levantamento das obras de referência dessa
área, que não há muitos estudos sobre atos de fala. Nesse caso, a falta de obras
de referência pode levar o professor de PL2E, quando indagado a respeito de
algo relacionado ao assunto em tela, a elaborar, muitas vezes, sua explicação
com base no seu saber de falante nativo. Pode-se dizer, então, que o saber
intuitivo se sobrepõe, no caso mencionado, ao saber declarativo.
Tal como visto anteriormente, estudos a respeito da elaboração da opinião
e, principalmente, da opinião desfavorável com foco direcionado para o ensino
de PL2E não foram localizados. Desse modo, esse estudo inaugura e delimita
um vasto campo de possibilidades para pesquisas futuras.
Neste estudo, tal como anunciado na Introdução, buscou-se verificar as
estratégias lingüísticas e discursivas empregadas por falantes nativos de
português do Brasil – naturais do estado do Rio de Janeiro – por ocasião da
elaboração de uma opinião desfavorável. Para tanto, os noventa participantes
selecionados tiveram de responder a um Discourse Completion Test composto
de dezoito situações. Todas elas foram elaboradas de modo a privilegiar
determinadas
informações contextuais e também um dos seguintes tópicos:
bem/posse, habilidade do interlocutor para executar alguma tarefa e aparência
física. Com isso, foi possível verificar e descrever as escolhas lingüísticas e
discursivas feitas pelos participantes, bem como os aspectos motivadores de
uma escolha em detrimento de outra.
1
“Lute por suas opiniões, mas não acredite que elas contenham toda a verdade ou a única
verdade.” [tradução livre] Citação localizada na página www.quatationspage.com/subjects/opinions.
Acesso em 9 de janeiro de 2007.
Considerações Finais
208
Apesar de o corpus desta Tese ser composto por produções orais de
falantes nativos de português do Brasil, a pesquisa e seus resultados se aplicam
à área de PL2E na medida em que fornecem subsídios para que possamos
melhor compreender como se processa a elaboração da opinião desfavorável
em Português e para que materiais a respeito do tópico citado possam ser
elaborados com base em dados reais e no uso efetivo da língua.
Justifica-se a escolha do tema desta pesquisa – a elaboração, em
português do Brasil, da opinião desfavorável – no fato de que os resultados
obtidos com a sua realização forneceram subsídios, conforme visto, para uma
melhor compreensão da complexidade que envolve o ato de fala em tela e para
uma apresentação mais adequada do assunto para aprendizes de PL2E.
Quanto à condução da pesquisa propriamente dita, houve alguma
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dificuldade com relação à disponibilidade, por vezes limitada, de alguns
informantes para a aplicação do Discourse Completion Test (DCT) e ao espaço
para realização da coleta. Conforme dito na Metodologia, optou-se, neste
estudo, pela coleta gravada. A gravação demanda tempo do informante e um
local que seja adequado – preferencialmente com pouco ou nenhum ruído. Vale
destacar também que a opção pela coleta de dados orais significou um trabalho
complementar de transcrição.
Por outro lado, houve fatores que contribuíram positivamente para o bom
andamento do trabalho de coleta e organização de dados. Aqueles que se
dispuseram a participar da pesquisa relatavam, com freqüência, ter gostado de
responder ao DCT. Além disso, muitos participantes afirmaram ter vivenciado
muitas das situações apresentadas no referido teste, sinalizando para o fato de
que as situações elaboradas retratavam, em uma certa medida, situações reais
de interação. Com relação à organização dos dados, a opção pela criação de um
banco de dados facilitou o acesso a eles e permitiu diversos recortes, bastando
selecionar o tipo de dado a ser pesquisado no banco, como por exemplo:
respostas de informantes do sexo feminino ou masculino, respostas elaboradas
por informantes da faixa etária 1, entre tantos outros.
A fim de que fosse possível compreender em profundidade o espaço
destinado nas obras de referência da área de PL2E à discussão e apresentação
da opinião desfavorável, foi realizado um levantamento bibliográfico a partir do
qual se delimitou tal espaço. Conforme dito, nas obras de cunho teórico não
foram identificadas referências ao ato em questão, apesar de haver estudos
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
209
sobre outros atos de fala como elogios (Almeida, 2006) e respostas a elogios
(Lorenzo-Dus, 2001). Com relação às obras didáticas, destinadas ao uso em
sala de aula, chegou-se à conclusão de que a menção ao ato de opinar e, em
especial, ao ato de opinar desfavoravelmente não é feita de modo sistemático,
apesar de este ser um ato realizado com bastante freqüência não só no contexto
brasileiro, mas em inúmeros outros contextos.
O estudo prosseguiu com o estabelecimento de uma definição para o
conceito de opinar e com a identificação de estudos já realizados sobre a
expressão da opinião em outros idiomas. Conforme dito anteriormente, a noção
de língua[gem] adotada nesta pesquisa teve por base os estudos da Lingüística
Sistêmico-funcional. Tendo essa perspectiva em vista, foram adotados alguns
conceitos que nortearam a análise de dados, tais como: variável contextual,
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campo, modo, relações e configuração contextual. Do campo da Pragmática,
foram relevantes e fundamentais os conceitos de ato de fala, polidez e face. Da
Antropologia Cultural, empregamos os conceitos propostos por DaMatta
denominados casa e rua. A relação de variadas correntes de estudos teóricos
permitiu uma abordagem multidisciplinar do fenômeno em questão e, portanto,
uma análise em diferentes perspectivas.
No que diz respeito à análise dos dados, privilegiou-se em um primeiro
momento, a partir das variáveis contextuais já citadas, o levantamento das
configurações contextuais possíveis, a fim de verificar e descrever os diferentes
contextos em que as opiniões desfavoráveis foram emitidas Na seqüência, foi
feito um levantamento considerando todos os marcadores de opinião
empregados. Isso permitiu observar, por exemplo, que o verbo achar – bastante
privilegiado pelos materiais didáticos de PL2E – tem mesmo alto índice de
recorrência. Por outro lado, há outras formulações que concorrem com a
apresentada e que deveriam também ser privilegiadas no ensino, como as
apresentadas no Capítulo 5, por exemplo.
Com relação ao estudo descritivo sobre a opinião desfavorável, chegou-se,
a partir dos dados coletados e analisados, à conclusão de que ela se desdobra
em quatro categorias, a saber: ‘Opinião Desfavorável Direta’, ‘Opinião
Desfavorável Indireta’, ‘Falsa Opinião Positiva’ e ‘Não Manifestação de Opinião’.
Além disso, foram identificadas doze formulações periféricas cuja função é,
conforme descrito, atuar como atenuador ou reforço por ocasião da emissão da
opinião desfavorável. As doze formulações foram identificadas da seguinte
forma: Pedido, Razão, Sugestão, Incentivo, Elogio, Comentário, Desejo,
210
Considerações Finais
Ameaça, Repreensão, Opinião Desfavorável Indireta, Falsa Opinião Positiva e
Não Manifestação de Opinião.
No processo de análise dos dados, foi também possível confirmar o
importante papel que desempenham as variáveis contextuais campo e relações
na elaboração da opinião desfavorável. Como elas estão intimamente
relacionadas à definição dos dados contextuais, o falante se utiliza dessas
informações para fazer as escolhas mais adequadas no sistema da língua.
Deve-se ainda destacar o impacto que teve a variável tópico na elaboração da
opinião desfavorável. Verificou-se a partir do estudo dessa variável que há
assuntos a respeito dos quais é mais fácil opinar desfavoravelmente, como um
bem ou posse, assim como há outros que devem, na medida do possível, ser
evitados, como opinar a respeito da aparência física de alguém.
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Com esta pesquisa foi possível verificar a complexidade que envolve o ato
de opinar. Tal complexidade diz respeito não somente a aspectos lingüísticos,
mas também discursivos, culturais e entonacionais, por exemplo. Opinar
desfavoravelmente é um ato que coloca o falante diante de uma multiplicidade
de possibilidades e da necessidade de proceder a inúmeras escolhas, tendo
sempre em vista, na maior parte das vezes, a necessidade de salvaguardar sua
face e a de seu interlocutor.
Além dos aspectos já destacados, vale ressaltar que a pesquisa aponta
para a possibilidade de desdobramentos futuros. Sugerimos a seguir outras
pesquisas que, a partir desta, podem ser realizadas:
•
Aos dados já analisados, poderão, por exemplo, ser confrontados
dados coletados em outras regiões do Brasil a fim de verificar
semelhanças e diferenças na realização do ato de opinar
desfavoravelmente.
•
O corpus construído para a realização desta Tese permite, ainda, a
realização
de
pesquisa
comparativa
na
perspectiva
de
interlanguage pragmatics ou de cross cultural studies.
•
Pode-se, ainda, realizar uma pesquisa detalhada a respeito da
entoação na produção do ato de opinar desfavoravelmente,
observando sobretudo os casos de ‘Opinião Desfavorável Indireta’
e ‘Falsa Opinião Positiva’.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
211
Ressalte-se que, além disso, este estudo e seus resultados também serão
de grande utilidade para o desenvolvimento de novos materiais didáticos para o
ensino de PL2E, como exposto anteriormente.
Com a finalidade de levar os aprendizes de PL2E a se comunicarem de
maneira mais efetiva, é imperioso que as diferentes possibilidades de realização
de um ato de fala como o apresentado nesta pesquisa, bem como as
implicações de ordem cultural, sejam aos poucos elucidadas. Tal como
apontado, a compreensão, por parte do docente, de toda a complexidade que
envolve a realização de um ato de fala tem uma repercussão positiva no
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processo de ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira.
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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
221
APÊNDICE 1 Ficha de Identificação
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Modelo da Ficha de Identificação apresentada aos participantes da
pesquisa.
222
Referências Bibliográficas
Número de registro
Código Identificador1
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
I – Dados pessoais
Nome
Faixa etária
(1) 17 – 25 anos
(2) 26 – 49 anos
(3) mais de 50 anos
País de origem
BRASIL
Sexo
Masculino (
Estado
) Feminino (
Rio de Janeiro
)
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Profissão
II – Dados para contato
e-mail
Tel.
III – Informações adicionais
Grau de instrução
(a) Superior
(b) Médio
(c) Fundamental
Rendimento mensal (A) Acima de 12 salários mínimos3
familiar2
(B) De 4 a 12 salários mínimos
(C) Até 4 salários mínimos
Data da coleta: ____/____/______
Responsável pela coleta: __________________________
1
Número de registro (3 dígitos); Faixa etária (1, 2 ou 3); Sexo (M / F); Instrução (a, b ou c); Nível sócioeconômico (A, B ou C); Situação no. (de 01 a 12).
2
Rendimento mensal familiar - Soma dos rendimentos mensais dos componentes da familia, exclusive os das
pessoas cuja condição na familia fosse pensionista, empregado doméstico ou parente do empregado
doméstico. [http://www.ibge.gov.br/ consultado em 27 de fevereiro de 2005]
3
Valor do salário mínimo em 2 de março de 2005: R$ 260,00 (duzentos e sessenta reais) [Fonte: Jornal O
Globo, 2 de março de 2005, p. 32]. Valor em janeiro/2006: R$ 369,45.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
223
APÊNDICE 2 Discourse Completion Test
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Neste apêndice poderão ser encontrados os Discourse Completion
Test empregados nas duas fases da pesquisa
224
Referências Bibliográficas
DCT – Fase 1
• Você está participando de uma pesquisa que tem
por objetivo investigar como o brasileiro reage em
diferentes situações.
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• Sua colaboração é realmente importante, pois
sem ela não seria possível obter os dados
necessários para a análise.
• Você encontrará, a seguir, doze situações diante
das quais deverá esboçar sua reação oralmente.
• Seja o mais sincero(a) e o mais realista possível,
por favor.
• Seu nome, seu telefone e endereço eletrônico
serão mantidos em sigilo.
MUITO OBRIGADA!!
[Leia, por favor, cada uma das situações e imagine que
elas se passam com você. Reaja do modo mais realista
possível.]
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
225
1. Você é funcionário4 de uma empresa e foi convocado por seu
supervisor para uma reunião em que ele fez a exposição das metas para
o semestre seguinte. Você achou a apresentação confusa e cansativa. Ao
término da reunião, você percebe que o supervisor conversa rapidamente
com outros funcionários. Ele, então, se dirige a você e pergunta: “O que
você achou da reunião?”
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2. Você tem um vizinho – com quem você não tem muita intimidade – que
está fazendo aulas de canto em sua residência. Na verdade, você
acredita que ele não tem talento para o canto. Um dia, durante uma
caminhada nas redondezas de sua residência, você encontra seu vizinho
que, preocupado com a possibilidade de estar lhe importunando com as
aulas de canto, diz o seguinte: “Espero não estar importunando você com
as minhas aulas de canto. Comecei há pouco tempo, sabe? O que você
está achando?”
3. Seu amigo acaba de voltar de uma viagem durante a qual
experimentou uma série de pratos exóticos. A fim de contar as novidades
da viagem, mostrar fotos e vídeos que produziu, seu amigo decide marcar
um jantar em sua residência, ocasião em que ele serve a seus convidados
algumas das iguarias que provou na época da viagem. Você acha o sabor
da comida muito diferente, o que não lhe agrada de jeito nenhum. Ao final
do jantar, seu amigo lhe pergunta: “o que achou do jantar?
4. Na firma em que você trabalha, você tem uma sala a sua disposição.
No final do dia, vendo que a sala está suja e desarrumada, você pede ao
faxineiro que deixe tudo em ordem para o dia seguinte. No dia seguinte,
ao entrar em sua sala, você vê que o trabalho não foi bem feito. O
faxineiro, ao passar diante de sua sala, diz-lhe o seguinte: “Bom dia, como
vai o senhor? O que achou da limpeza que fiz ontem?”
5. Você é funcionário em uma empresa. Ao retornar ao trabalho, depois
das férias coletivas, você reencontra seu chefe na frente dos elevadores.
Ele conta para você que aproveitou as férias para passar alguns dias em
um SPA para emagrecer um pouco, pois estava acima do peso. Você, na
verdade, não nota diferença alguma. Ele pergunta sua opinião a respeito
de sua nova forma física, dizendo o seguinte: “Passei alguns dias em um
SPA e acho que já estou com uma nova forma física, pois perdi uns
quilos. O que você acha?”
6. Seu (Sua) vizinho (a) – com quem você não tem muita intimidade –
não gostava muito do formato do nariz que tinha e decidiu fazer uma
cirurgia plástica. Depois de recuperado (a), você o (a) encontra na fila do
4
As palavras sublinhadas deverão ser trocadas em função do sexo do informante.
Referências Bibliográficas
226
banco. Ao vê-lo (a), você fica surpreso, pois acha que o novo nariz parece
pior do que original. Após conversarem um pouco a respeito da cirurgia,
seu (sua) vizinho (a) pergunta o seguinte: “O que você achou do meu
nariz depois da plástica?”
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7. Seu amigo, apesar de relativamente jovem, tem os cabelos
praticamente brancos. Ele não gosta muito dessa característica, pois acha
que fica parecendo mais velho do que realmente é. Seu amigo, então,
decide pintar o cabelo. Alguns dias depois, você reencontra seu amigo na
rua, mas quase não o reconhece por causa da cor do cabelo. Sua
primeira impressão é de que seu amigo ficou feio com o cabelo pintado,
além de ter adquirido um ar artificial. Vocês conversam um pouco, ele fala
da mudança que fez no visual e pergunta sua opinião, dizendo: E aí?! O
que achou do meu novo visual?”
8. Você trabalha em uma empresa onde coordena uma equipe de
vendedores. Um de seus subordinados deixou o cabelo crescer. Você
acha que ele ficou com uma aparência desleixada e teme que isso
prejudique a imagem da empresa. Depois de uma reunião, enquanto
todos arrumam seus pertences e fazem comentários gerais, ele diz que
pretende deixar o cabelo crescer ainda mais e pergunta: “O que você
acha?”
9. Você é funcionário de uma empresa. Seu supervisor quer falar com
você a respeito da escala de trabalho para o feriado que se aproxima e
pede para que você vá até a sua sala. Enquanto vocês conversam, o
celular de seu supervisor toca. Ele atende e logo em seguida desliga. Ele,
então, olha para o celular e diz que não consegue mais viver sem aquele
aparelho. Ele mostra o celular para você, dizendo que é o último modelo e
que tem todas as novidades tecnológicas disponíveis no momento. Você,
na verdade, acha que celular é um bem dispensável. O que você diz ao
seu supervisor quando ele pergunta: “o que você achou do celular que eu
lhe mostrei?
10. Os seus vizinhos – com os quais você não tem muita intimidade –
deram ao jardim um novo tratamento paisagístico. A fim de dar um toque
de graça, eles decidem pôr no jardim imagens de cerâmica da Branca de
Neve e dos 7 anões. Ao ver a novidade, você pensa consigo mesmo que
seus vizinhos tiveram, na verdade, muito mau gosto. Numa manhã de
sábado, ao sair para sua caminhada rotineira, você encontra seus
vizinhos no portão e pára para uma breve conversa. Seus vizinhos, então,
comentam a respeito do novo jardim, chamam-no para dar uma olhadinha
e perguntam : “E então? O que você achou?”
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
227
11. Você foi convidado por seu amigo para ir a uma festa na casa dele.
Ao chegar, seu amigo lhe mostra empolgado o quadro que acabou de
adquirir, mas você, na verdade, não gosta do estilo. O que você diz a seu
amigo quando ele lhe pergunta “O que você achou do quadro?”
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12. Você trabalha em uma empresa onde chefia uma equipe de
funcionários. Um dia, depois do horário do almoço, você vê que um de
seus funcionários chega com uma sacola. Você, curioso (a), pergunta se
ele fez compras. Ele, então, diz que sim e tira da sacola duas camisas.
Você acha as cores bastante berrantes. Depois de mostrá-las a você, ele
coloca as camisas de novo na sacola e pergunta o que você achou. O
que você lhe diz?
228
Referências Bibliográficas
DCT – Fase 2
• Você está participando de uma pesquisa que tem
por objetivo investigar como o brasileiro reage em
diferentes situações.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
• Sua colaboração é realmente importante, pois
sem ela não seria possível obter os dados
necessários para a análise.
• Você será exposto a dezoito situações diante das
quais deverá esboçar sua reação oralmente.
Imagine, portanto, que as situações se passam
com você. Reaja do modo mais realista possível,
dizendo aquilo que realmente diria em
circunstância semelhante.
• Seja o mais sincero e o mais realista possível, por
favor.
• Seu nome, seu telefone e endereço eletrônico
serão mantidos em sigilo.
MUITO OBRIGADA!!
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
229
1. Depois de um dia cansativo de trabalho, sua esposa5, que não tem
muito talento para os serviços domésticos, resolve preparar, para agradálo, um jantar bem leve. Ela prepara seu prato com muita satisfação e se
senta ao seu lado para que vocês saboreiem o jantar. Ela faz uma
menção de que a comida está muito boa. Você, no entanto, não gosta
muito do aspecto da comida. Além disso, ao dar a primeira garfada, você
percebe que o arroz está pouco cozido e que a comida está
completamente insossa. Sua esposa, ao perceber que você já tinha
provado a comida, pergunta: “Amor, o que você achou da comida?”
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2. Você é funcionário de uma empresa e foi convocado por seu supervisor
para uma reunião em que ele fez a exposição das metas para o semestre
seguinte. Você achou a apresentação confusa e cansativa. Ao término da
reunião, você percebe que o supervisor conversa rapidamente com outros
funcionários. Ele, então, se dirige a você e pergunta: “O que você achou
da reunião?”
3. Você tem um vizinho – com quem você não tem muita intimidade – que
está fazendo aulas de canto em casa. Na verdade, você acredita que ele
não tem talento para o canto. Um dia, durante uma caminhada nas
redondezas de sua residência, você encontra seu vizinho que,
preocupado com a possibilidade de estar lhe importunando com as aulas
de canto, diz o seguinte: “Espero não estar incomodando você com as
minhas aulas de canto. Comecei há pouco tempo, sabe? O que você está
achando?”
4. Seu amigo acaba de voltar de uma viagem durante a qual
experimentou uma série de pratos exóticos. A fim de contar as novidades
da viagem, mostrar fotos e vídeos que produziu, seu amigo decide marcar
um jantar em sua residência, ocasião em que ele serve a seus convidados
alguns dos pratos que provou na época da viagem. Você acha o sabor da
comida muito diferente, o que não lhe agrada de jeito nenhum. Ao final do
jantar, seu amigo lhe pergunta: “o que achou do jantar?
5. Na firma em que você trabalha, você tem uma sala a sua disposição.
No final do dia, vendo que a sala está suja e desarrumada, você pede ao
faxineiro que deixe tudo em ordem para o dia seguinte. No dia seguinte,
ao entrar em sua sala, você vê que o trabalho não foi bem feito. O
faxineiro, ao passar diante de sua sala, diz-lhe o seguinte: “Bom dia, como
vai o senhor? O que achou da limpeza que fiz ontem?”
6. Em um dia de bastante chuva, você resolve tomar um táxi para ir
trabalhar. O motorista, como muitos outros, inicia uma conversa com
você. Depois de vocês conversarem sobre o tempo e um pouco sobre a
política nacional, o motorista conta-lhe, de modo empolgado, que faz, nas
horas vagas, artesanato em madeira. Ele, então, ao parar no sinal
vermelho, puxa, de uma sacola, uma das peças que havia terminado de
fazer para mostrá-la a você. Sua impressão, ao ver a peça esculpida, foi
5
As palavras sublinhadas deverão ser substituídas em função do sexo do participante.
Referências Bibliográficas
230
de estranheza, pois você não conseguia identificar com clareza do que se
tratava. Você, na verdade, acha a peça feita em madeira feia. Depois de
falar como tinha esculpido a peça e de dizer-lhe que se tratava da cabeça
de um cavalo, ele lhe pergunta: “O que o senhor achou do meu trabalho?”
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7. Sua esposa, que tem uma linda cabeleira, está decidida a fazer-lhe
uma surpresa. Ela, então, resolve ir ao cabeleireiro para cortar o cabelo
bem curto. Ao final do corte, ela acha que ficou ótimo e volta feliz para
casa, esperando encontrá-lo. Assim que você a vê entrar em casa, leva
um susto, pois não contava com uma mudança tão radical. Depois do
impacto inicial, você olha com mais atenção e se dá conta de que ela,
com o novo corte, perdeu o ar jovial que tanto lhe agradava. Ela,
querendo saber sua impressão, pergunta: “E então, o que você achou do
novo visual?”
8. Você é funcionário em uma empresa. Ao retornar ao trabalho, depois
das férias coletivas, você reencontra seu chefe na frente dos elevadores.
Ele conta para você que aproveitou as férias para passar alguns dias em
um SPA para emagrecer um pouco, pois estava acima do peso. Você, na
verdade, não nota diferença alguma. Ele pergunta sua opinião a respeito
de sua nova forma física, dizendo o seguinte: “Passei alguns dias em um
SPA, perdi uns quilos e acho que já estou com uma nova forma física. O
que você acha?”
9. Seu (Sua) vizinho (a) – com quem você não tem muita intimidade –
não gostava muito do formato do nariz que tinha e decidiu fazer uma
cirurgia plástica. Depois de recuperado (a), você o (a) encontra na fila do
banco. Ao vê-lo (a), você fica surpreso, pois acha que o novo nariz parece
pior do que original. Após conversarem um pouco a respeito da cirurgia,
seu (sua) vizinho (a) pergunta o seguinte: “O que você achou do meu
nariz depois da plástica?”
10. Seu amigo, apesar de relativamente jovem, tem os cabelos
praticamente brancos. Ele não gosta muito dessa característica, pois acha
que fica parecendo mais velho do que realmente é. Seu amigo, então,
decide pintar o cabelo. Alguns dias depois, você reencontra seu amigo na
rua, mas quase não o reconhece por causa da cor do cabelo. Sua
primeira impressão é de que seu amigo ficou feio com o cabelo pintado,
além de ter adquirido um ar artificial. Vocês conversam um pouco, ele fala
da mudança que fez no visual e pergunta sua opinião, dizendo: E aí?! O
que achou do meu novo visual?”
11. Você trabalha em uma empresa onde coordena uma equipe de
vendedores. Um de seus subordinados deixou o cabelo crescer. Você
acha que ele ficou com uma aparência desleixada e teme que isso
prejudique a imagem da empresa. Depois de uma reunião, enquanto
todos arrumam seus pertences e fazem comentários gerais, ele diz que
pretende deixar o cabelo crescer ainda mais e pergunta: “Chefe, o que
você acha?”
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
231
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12. Você precisa ir ao centro da cidade e, como já está um pouco
atrasado, decide tomar um ônibus que está bastante cheio. Você, por
comodidade, fica perto da trocadora que está lendo uma revista de fofoca.
Ela puxa conversa e começa a falar dos artistas e de sua vida. Ao se
deparar com a foto de uma artista, ela critica sua aparência, dizendo que
a artista já tinha feito uma série de cirurgias para parecer mais jovem. Ela
comenta com você que tem 40 anos e diz que se sente muito bem. Você,
na verdade, acha que ela não está tão bem assim. Na sua opinião, ela
aparenta mesmo ter os 40 anos que alega. Nessa situação, o que você
responde quando ela lhe diz: “Eu pareço mais jovem do que a artista da
revista! O que você acha?”
13. Sua esposa, cansada de ver filme no videocassete, decide usar
algumas economias para comprar um aparelho de DVD e fazer uma
surpresa para você. Como não conhece bem o equipamento, usa o preço
como o fator mais importante para decidir a compra. Desse modo, leva
para casa o modelo mais barato que encontra. Assim que você chega em
casa, ela lhe mostra empolgada o aparelho. Você fica frustrada no
momento em que vê a marca e o modelo, pois sabe que aquela marca
não é muito confiável. O que você diz quando ela lhe pergunta: “O que
você achou do aparelho de DVD?”
14. Você é funcionário de uma empresa. Seu supervisor quer falar com
você a respeito da escala de trabalho para o feriado que se aproxima e
pede para que você vá até a sua sala. Enquanto vocês conversam, o
celular de seu supervisor toca. Ele atende e logo em seguida desliga. Ele,
então, olha para o celular e diz que não consegue mais viver sem aquele
aparelho. Ele mostra o celular para você, dizendo que é o último modelo e
que tem todas as novidades tecnológicas disponíveis no momento. Você,
na verdade, acha que celular é um bem dispensável que serve, no
máximo, para ligações de emergência. O que você diz ao seu supervisor
quando ele pergunta: “o que você achou do celular que eu lhe mostrei?
15. Os seus vizinhos – com os quais você não tem muita intimidade –
deram ao jardim um novo tratamento paisagístico. A fim de dar um toque
de graça, eles decidem pôr no jardim imagens de cerâmica da Branca de
Neve e dos 7 anões. Ao ver a novidade, você pensa consigo mesmo que
seus vizinhos tiveram, na verdade, muito mau gosto. Numa manhã de
sábado, ao sair para sua caminhada rotineira, você encontra seus
vizinhos no portão e pára para uma breve conversa. Seus vizinhos, então,
comentam a respeito do novo jardim, chamam-no para dar uma olhadinha
e perguntam : “E então? O que você achou?”
16. Você foi convidado por seu amigo para ir a uma festa na casa dele.
Ao chegar, seu amigo lhe mostra empolgado o quadro que acabou de
adquirir, mas você, na verdade, não gosta do estilo. O que você diz a seu
amigo quando ele lhe pergunta “O que você achou do quadro?”
Referências Bibliográficas
232
17. Você trabalha em uma empresa onde chefia uma equipe de
funcionários. Um dia, depois do horário do almoço, você vê que um de
seus funcionários chega com uma sacola. Você, curioso, pergunta se ele
fez compras. Ele, então, diz que sim e tira da sacola duas camisas. Você
acha as cores bastante berrantes. Depois de mostrá-las a você, ele
coloca as camisas de novo na sacola e pergunta o que você achou. O
que você lhe diz?
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
18. Você teve de fazer hora-extra na empresa em que trabalha. No final
do expediente, a empresa chama um táxi para levá-lo em casa, pois
nesse dia você não tinha ido de carro. No caminho, o motorista conversa
com você e começa a lhe contar, muito satisfeito, que o carro em que
estão é novo, pois ele tinha acabado de comprá-lo. Ele elogia o carro,
dizendo que é confortável e silencioso. Você, que já tinha tido um modelo
parecido, acha o carro pequeno e a mecânica muito complicada. Por não
ter gostado do carro, você tinha trocado por outro. Após fazer uma série
de elogios ao carro, o que você diz ao motorista quando ele pergunta: “O
que você acha do carro?”
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
233
APÊNDICE 3 Detalhamento do perfil dos participantes
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Detalhamento do perfil de todos os participantes envolvidos nesta
pesquisa.
234
Referências Bibliográficas
Detalhamento do perfil dos participantes – Fase 1
Faixa etária
17-25
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
0011MaA
0021FaA
0032MaB
0042MaB
0052FbC
0062MbC
0073FcC
26-49
Sexo
+50
X
X
M
F
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Grau de Instrução
Sup
Méd
Fund
X
X
X
X
Rendimento familiar
+ 12
4 a 12
Até 4
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
235
Detalhamento do perfil dos participantes – Fase 2
Faixa etária
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
17-25
0101FbB
0111FaC
0121FaB
0131FbB
0141FcC
0152FbA
0162FbC
0171FaA
0181MbB
0191FbB
0201MaA
0211MbB
0222MaB
0231FbB
0241FbC
0251MbA
0261FaC
0272FbB
0281MaB
0292FaA
0302MaB
0312FaC
0321MaA
0332FaA
0342MbC
0352FbB
0361FaA
0371MbB
0381FbA
0391FbA
0402FbB
0412MbB
0422FbC
0432FaB
0443MaA
0453FbC
0463FbB
0472FbC
0482FbB
0492MaA
0502MbC
0511MbB
0521MbA
0531MbC
0541MbA
26-49
Sexo
+50
M
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Grau de Instrução
Sup
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Até 4
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
4 a 12
X
X
X
X
Rendimento familiar
+ 12
X
X
X
X
Fund
X
X
X
X
X
X
X
Méd
X
X
X
X
X
X
X
X
F
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
236
Referências Bibliográficas
Detalhamento do perfil dos participantes – Fase 2 (cont.)
Faixa etária
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
17-25
0551FaC
0563McC
0572FbC
0583FaA
0593FcC
0602MbA
0612MaB
0622FaA
0632MaA
0643FbB
0653MbB
0662MaA
0672MaB
0682FaA
0691MaC
0701FbA
0713FaA
0723McC
0733FcB
0743MbB
0753FcB
0762MaA
0773FaB
0782McC
0793FbA
0803MbA
0813FaA
0823MbA
0833FbA
0843MbB
0853FcC
0863FcC
0873FcC
0881MbC
0891MbC
0903MbB
0913MbB
0921MbC
0932MbC
0943MbC
0953MaA
0963MbA
0973McC
0982MbC
0992MbC
26-49
Sexo
+50
M
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Sup
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Até 4
X
X
X
X
4 a 12
X
X
X
Rendimento familiar
+ 12
X
X
X
X
X
Fund
X
X
X
X
X
Méd
X
X
X
X
X
Grau de Instrução
F
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
237
APÊNDICE 4 Dados transcritos
Os dados que compõem esta pesquisa serão apresentados a seguir,
tendo sido organizados por informante.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Legenda empregada para a organização dos dados:
•
CÓD = Refere-se a um código de ordenamento das respostas
criado pelo Banco de Dados Access. A numeração é seqüencial –
de 1 a 1620.
•
Inf. = Código do informante, formado por dois dígitos – de 10 a 99.
•
Faixa Etária = Faixa etária declarada pelo informante.
•
Sexo = Sexo declarado pelo informante.
•
Esc. = Escolaridade declarada pelo informante.
•
Renda = Renda familiar declarada pelo informante.
•
DCT = Número da situação do DCT a que uma determinada
resposta corresponde – de 1 a 18.
•
Resposta =
informantes.
Transcrição
das
respostas
formuladas
pelos
238
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
CÓD Inf. Faixa
Etária
Sexo Esc. Renda DCT Resposta
1
10
1
F
b
B
1
Olha.. tá tu:do lin::do.. tá tudo mu::ito fofo.. só que (pausa) a
comida tá um pouQUI::nho sem sal e cê precisa de cozinhar
um pouQUInho mais esse seu arroz.. mas tá Ótimo.. vamos
continuar comendo.
2
10
1
F
b
B
2
Olha.. a reunião até que foi (pausa) muito interessan::te
apesar de ter sido bem longa.. mas (pausa) valeu a pena.
3
10
1
F
b
B
3
Acredito que com um pouco mais de treino você consiga ser
um bom cantor... mas todo começo é bem difícil mesmo...
mas... continue tentando.
4
10
1
F
b
B
4
Eu diria que a::as comidas de..de.. outros países são bem
exóticas.. um paladar bem diferente.. mas.. por isso que eu
prefiro a brasileira.
5
10
1
F
b
B
5
Até que sua:: faxina até me ajudou bastan::te.. podia ter
caprichado um pouquinho mais.. mas mesmo assim muito
obrigada.
6
10
1
F
b
B
6
Fazer escultura até que é uma arte bem difícil.. né.. ainda
mais desse tipo bem diferente.. mas até que é interessante o
seu trabalho
7
10
1
F
b
B
7
Meu amor::.. que que você fez com o seu caBE::lo? Até que
ficou bem:: boni:to.. só que DEIxa ele crescer.. deixa.. por
favor.. eu gosto tanto dele comprido.
8
10
1
F
b
B
8
O senhor realmente está com uma ótima aparência.. acho que
deveria visitar o spa mais vezes.
9
10
1
F
b
B
9
Nossa.. como seu nariz ficou diferente.. né..até que ficou
legal.
10
10
1
F
b
B
10
Olha.. eu aconselharia que você cortasse o cabelo. Nada
contra ele comprido.. longe de mim criticá-lo.. mas para que a
loja mantenha um bom padrão de uma boa aparência.. eu
aconselharia você a cortá-lo.. de verdade.
11
10
1
F
b
B
11
Poxa.. seu.. seu cabelo pintado ficou muito artificial.. ficou
meio estranho... mas acho que com o tempo vai acabar
melhorando.. relaxa.
12
10
1
F
b
B
12
É.. até que a senhora tá... bem conservada pra sua idade
mesmo.
13
10
1
F
b
B
13
Oh meu querido.. que bom que cê conseguiu comprar.. cê
tava querendo tanto.. né... gostei muito de cê ter conseguido.
14
10
1
F
b
B
14
Muito bonito.. muito legal o seu celular.. mas pra mim..
sinceramente.. não teria tanta necessidade de tantas
utilidades assim pra ele.
15
10
1
F
b
B
15
Até que seu jardim ficou bem meigo com essas... coisas de
branca de neve.. né.. ficou.. ficou bonitinho.
16
10
1
F
b
B
16
Olha.. é um quadro bem divertido.. eu não entendo muito de
quadros não.. mas é bem bonito esse aí que cê ganhou.. que
cê comprou
17
10
1
F
b
B
17
Você tem um gosto MUito exótico.. não?!
18
10
1
F
b
B
18
É:: bem lega::l.. bem confortá::vel.. eu já até tive um desses
só que eu não me dei muito bem com ele.. mas eu troquei..
mas é (pausa) interessantezinho.
19
11
1
F
a
C
1
Ah:: amor.. tá gosto::sa.. assim .. tá o arroz tá um pouco cru
assim.. mas tá gostoso.. tá.. tá tranqüilo.. gostei.. briGAda.
20
11
1
F
a
C
2
Bom.. eu achei: alguns pontos um pouco confusos..
confesso.. não entendi muito bem quando você fala de tal
assunto.. mas aquele outro tópico onde você diz isso.. isso..
isso.. achei bem interessante.. e tal.. concordo.. acho legal::.
21
11
1
F
a
C
3
No::ssa.. na verdade nem tenho escutado você cantar.. eu
passo o dia inteiro fora de casa.. trabalhando.. não tenho
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
239
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
escutado você cantar.. mas eu gostaria de escutar.
22
11
1
F
a
C
4
Bom.. achei um pouco a comida meio exótica né.. um gosto
meio esquisito assim.. não comeria normalmente não..
mas..bom.. já que você gostou.. não.. valeu a pena
experimentar.. mas eu não comeria mais não.
23
11
1
F
a
C
5
Não.. tá tranqüilo.. tranqüilo.. só.. só tinha umas sujeiras aqui
naquele cantinho ali mas tá tranqüilo.. brigada.
24
11
1
F
a
C
6
Bom.. pra falar a verdade.. antes de você falar que era a
cabeça de um cavalo eu não tinha entendido muito bem.. mas
agora que você falou eu prestei atenção melhor na peça
assim.. ah.. tá legal.. assim.. pô.. parabéns.. você devia
continuar.. assim.. fazendo mais e tal.. pra adquirir uma
pratica legal.. ah.. parabéns.. tá legal.
25
11
1
F
a
C
7
Poxa amor.. sinceramente eu não esperava que você fosse
fazer isso.. eu gostava tanto do seu cabelo comprido.. ah..
mas.. ah.. eu::.. ah.. mais ou menos.. ah.. eu gostava de
antes.. mas pode crescer de novo o cabelo.. né
26
11
1
F
a
C
8
Pô.. que legal um spa.. pô legal.. onde que é.. assim.. você
passou quanto tempo lá.. comia o quê..assim... ah.. [eu ia
mudar de assunto]
27
11
1
F
a
C
9
Nossa.. pra falar a verdade.. num tinha repara.. num lembro
mais como era o seu nariz antes.. mas.. parece que ficou
bom.. né. Num tô lembrada de antes mas parece que ficou
legal.
28
11
1
F
a
C
10
Ah.. poxa.. tá meio estra::nho né.. eu tava acostumada a te
ver meio de cabelo branco.. e tal.. nem achava que era ruim
antes não sei porque você implicava tanto com o cabelo
branco. Ah.. eu achei.. sei lá.. se você se sente melhor assim..
tudo bem.. mas eu achava que antes tava tranqüilo.
29
11
1
F
a
C
11
Pô.. sinceramen::te eu acho que não ficaria muito bom pra
empresa.. assim.. pro local em que você trabalha essa
aparência. Acho que você devia manter uma aparência mais
limpa.. assim.. dá um aspe.. as pessoas te olham diferente.
Há um certo preconceito com cabelo grande e desleixado
assim.. então acho que.. pra empresa se você puDEsse
manter uma um corte mais tranqüilo.. assim.. acho que ficaria
melhor.
30
11
1
F
a
C
12
Ahh.. [eu ia ficar..] ahh.. [só.. não ia falar nada]
31
11
1
F
a
C
13
Poxa.. me parece um aparelho bem bonito e tudo.. só que eu
já ouvi falar que essa marca não é muito boa.. mas tem
garantia? Sei lá.. a gente pode até tentar experimentar ou
tentar trocar caso dê algum defeito.. ou alguma coisa.
32
11
1
F
a
C
14
Pô.. muito boni::to.. muito legal::.. as funções e tudo e tal..
quebra bastante galho quando a gente precisa assim mas..
pode ser uma coisa.. às vezes é uma coisa dispensável assim
.. você.. acho que você acostuma ter um celular e depois não
consegue viver mais sem.. mas eu acho que é uma coisa que
é tão necessária assim.
33
11
1
F
a
C
15
Ahh.. boniti::nho.. [e mudo de assunto]
34
11
1
F
a
C
16
Pô:.. um estilo meio... eXÓtico.. meio diferente.. O que que é
isso? Não entendi direito.
35
11
1
F
a
C
17
Bonito suas camisas.. não que eu usaria.. acho que eu não
uso umas cores assim não.. mas bem bonito.. acho que vai
ficar legal em você.
36
11
1
F
a
C
18
É.. me parece bem legal mesmo.. bem espaçoso.. me parece
silencioso também.. bonito.. legal.. legal.
37
12
1
F
a
B
1
É amor .. de fa::to assim.. cozinhar não é muito o seu
dom..sabe.. eu acho que você faz outras coisas melhores.. se
é que você me entende.. mas .. eu tô muito feliz assim pela
iniciativa.. pela tentativa de agradar.. sabe.. eu consigo::....
entender a intenção do seu coração em me fazer um agrado..
mas a gente pode melhorar isso.. vou ta fazendo um
treinamento intensivo com você.. o arroz pode cozinhar um
pouquinho mais.. um pouquinho de alho.. cebola.. orégano
240
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
assim sabe..dão um toque especial na comida.. mas de
coração eu tô muita agradecida pela intenção em me
agradar.. pela:: iniciativa que você teve.. de coração estou
assim lisonjeada com essa sua atitude.
38
12
1
F
a
B
2
É:: .. a reunião foi boa.. foi proveitosa.. mas eu acho assim
que faltou um pouco assim de clareza no que ele tava
querendo.. acho que ele poderia ter sido um pouco mais
direto.. ter sido mais objetivo nas metas.. nos objetivos a
serem alcançados.. acho que ele enrolou um pouco mas deu
pra gente captar o espírito da coisa e dentro do possível
como membro inte integrante do.. da equipe de trabalho eu
vou estar fazendo o possível pra me enquadrar dentro daquilo
que foi proposto e pra COMO equipe estar atingindo todas as
metas que foram propostas.
39
12
1
F
a
B
3
É... eu devo concordar com vc que todo início é um pouco
difícil entendeu.. a gente encontra obstáculos.. dificulDAdes..
nem sempre a gente consegue atingir aquilo que seria o
nosso objetivo final logo de cara... mas digamos assim que::...
depois de algum tempo bastante treinamento você pode
conseguir chegar lá.. sabe não desiste não .. até que você
tem talento.
40
12
1
F
a
B
4
Bem a vida tá aí.. né.. pra novas experiências.. conhecer
novas coisas.. mas de fato não há nada que substitua um
arroz com feijão.. bife e batata frita e um COpo de suco BEM
gelado pra acompanhar valeu a experiência mas
definitivamente não é o que mais me agrada.
41
12
1
F
a
B
5
É:: muito obrigada por ter atendido o meu pedido mas acho
que algumas coisas ainda continuaram meio fora do lugar..
mas depois a gente senta e conversa sobre isso.. eu te dou
um toque direitinho sobre onde eu gosto que guardem certas
coisas.. como eu gosto que fica arrumado a minha mesa
mas muito obrigada por ter atendido o meu pedido bem
prontamente.. tenha um bom dia.
42
12
1
F
a
B
6
Muito bonito.. eu admiro muito as pessoas assim que têm
dom pra arte.. pq eu particularmente sou uma negação.. eu
não desenho.. eu não pinto.. eu não bordo eu não faço NAda..
eu tenho todo o meu lado artístico completamente atrofiado..
então de maneira geral eu admiro muito as pessoas que tem
uma vocação pra arte.. mas definitivamente exatamente por
não saber fazer eu sou uma pessoa também que não aprecia
muito a coisa. sou incaPAZ de olhar uma tela é... com
aqueles monte de rabisco e tinta espalhada e achar que
aquilo é uma obra de arte. pra mim não passa de um monte
de rabisco com tinta espalhada. e assim como eu não tenho
um gosto refinado para apreciar escultura ADMIRO mas não é
o tipo de coisa que eu colocaria dentro da minha casa.
43
12
1
F
a
B
7
AMOR.. ainda bem que eu não casei com você SÓ pela sua
aparência. existem traços na sua personalidade que eu
admiro.. como por exemplo a sua inteligência.. a sua
sinceridade... o seu senso de humor e dá pra viver disso até
seu cabelo crescer novamente.
44
12
1
F
a
B
8
é chefe de FAto as férias te fizeram muito bem.. você ta assim
com aquela cara de quem DEScansou.. de quem se divertiu..
de quem relaxou MUIto.. cê tá com uma aparência Ótima e
acho assim... é um bom início.. continue mantendo sua dieta..
suas atividades físicas que um dia.. tsc... cê chega no ponto.
45
12
1
F
a
B
9
pô ficou legal.. tipo assim.. é::.. deu uma melhorada.
46
12
1
F
a
B
10
é... eu vejo que:: alguém aí mudou de cara.. passou um viena
hair no cabelo.. mas eu acho que autenticidade é tudo.. CAra.
seja o que você É. pra que ficar escondendo cabelo branco..
mais cedo ou mais tarde eles vão aparecer.. eu acho que
homem particularmente fica muito charmoso de cabelo
grisalho.. muLHER dá um aspecto de velhice.. de descuido..
de desleixo.. mas homem. Cara.. com aqueles cabelinhos
grisalhos é. .. tsc.. tudo de bom.
47
12
1
F
a
B
11
Que que você acha de permanecer na equipe.. que você está
trabalhando? Porque.. eu acho que você trabalha com vendas
e.. eu acho que quando você trabalha com venda a aparência
importa muito.. acho que o cliente.. ele gosta de sentir que ele
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
241
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
tá tratando com uma pessoa que tem uma postura que... de
maneira geral... a sua aparência vai influenciar em cima do
produto que você está vendendo.. acho que quando você tem
um bom cartão de visita e.. a sua aparência influencia nisso..
isso vai influenciar na sua relação com o cliente e
INfelizmente se eu achar que a sua aparência está
prejudicando a sua relação com o cliente.. vou ser obrigada a
tomar uma atitude mais drástica... MAS nada contra cabelos
grandes.. faça aquilo que você achar melhor.
48
12
1
F
a
B
12
é realmente eu devo admitir que você prá quarenta anos tá
muito bem... mas... venhamos e convenhamos.. se eu tivesse
o dinheiro dela mesmo estando TÃO bem aos quarenta anos
quanto você está.. eu também faria uma plástica... mas já
que você não tem o dinheiro e acha que tá bem... pronto...
unir o útil ao agradável.. você não tem vontade de fazer
cirurgia e e nem tem condição... então... tudo perfeito.
49
12
1
F
a
B
13
Benzinho. Querido. Lindo. do meu coração cê já ouviu falar
que o barato costuma sair mais caro? cusTAva ter comprado
um pouQUInho melhor? Cê.. cê.. sabe que marca é essa? cê
já viu alguma coisa disso no mercado? tem preced... tem
proc... tem precedentes? se estragar eu não me
responsabilizo... mas tô muito feliz pela nossa aquisição.. é
bem melhor que o vídeo cassete.. poderia ter sido assim uma
Sony um Phillips mas tudo bem.. já que foi esse... tá bem.
50
12
1
F
a
B
14
É::.. maneiRÍssimo.. POxa.. realmente.. tira foto.. toca mp3..
tem rádio AM/FM.. filma.. grava.. faz tudo... daqui a pouco ele
vai tá andando sozinho... cuiDAdo... cuida bem dele.
51
12
1
F
a
B
15
é... ficou legal... ta bonitinho...assim... não sei... cês devem ter
gostado, né ficou assim divertido..alegre.. bem infantil né...
quem sabe um dia eu não faço um parecido?
52
12
1
F
a
B
16
BoNIto... muito boNIto, mas eu não colocaria um desses na
minha casa.
53
12
1
F
a
B
17
é bonitas... as cores são um pouco cheguei... EU
particularmente não ia gostar de ver meu marido vestindo::
umas camisas com essas cores.. tão berrantes assim... mas
até que combina com você.. acho que vai ficar bem em você.
54
12
1
F
a
B
18
Cara... uma das coisas que eu mais admiro no ser humano é
a individualidade de cada um... como é que opiniões sobre a
mesma coisa podem variar tanto? engraçado que eu já tive
exatamente esse carro.. esse mesmo modelo.. e eu não
gostei do tamanho.. eu não gostei da mecânica... e acabei
perdendo a paciência com o carro.. e comprei outro... mas
que bom que você está satisfeito.. que bom que você tá
gostando do carro.. você tá achando que você fez uma
excelente compra... porque eu realmente me decepcionei
muito com essa marca.
55
13
1
F
b
B
1
ah... péssima.
56
13
1
F
b
B
2
Foi muito boa.
57
13
1
F
b
B
3
Você precisa ainda melhorar bastante.
58
13
1
F
b
B
4
Não gostei da comida.
59
13
1
F
b
B
5
Ficou boa.
60
13
1
F
b
B
6
Ficou um trabalho bem interessante... você se esforçou
muito... tá bem legal.
61
13
1
F
b
B
7
ah... ficou muito melhor assim... muito mais bonito.
62
13
1
F
b
B
8
NO::ssa... mas como é lá no spa?... me conta.
63
13
1
F
b
B
9
Chegou minha vez... deixa eu ir lá... depois a gente
conversa... tchau...
64
13
1
F
b
B
10
ah... sinceramente... eu não gostei não.
65
13
1
F
b
B
11
eu acho que você deve cortar esse cabelo... não deixar ele
crescer.
66
13
1
F
b
B
12
ah eu já vou andando lá pra frente que eu já vou descer.
242
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
67
13
1
F
b
B
13
cê é retardado de comprar esse negócio ruim?
68
13
1
F
b
B
14
Realmente o celular é muito bonito... queria ter um desses.
69
13
1
F
b
B
15
é pras crianças brincarem?
70
13
1
F
b
B
16
ah... não gostei não... não faz meu estilo não.
71
13
1
F
b
B
17
É... as cores são um pouquinho cheguei né?
72
13
1
F
b
B
18
Ah... eu também já tive um desses mas achei outro melhor.
73
14
1
F
c
C
1
Está:: boa.
74
14
1
F
c
C
2
Poderia me explicar novame:nte porque::: eu não entendi:... o
que o senhor falou.
75
14
1
F
c
C
3
PÉ::ssimo
76
14
1
F
c
C
4
Não gostei.
77
14
1
F
c
C
5
Você não limpou NAda.
78
14
1
F
c
C
6
Muito feio.
79
14
1
F
c
C
7
TeRRÍ:vel.
80
14
1
F
c
C
8
Só que po:de dizer é: a balança.
81
14
1
F
c
C
9
A plás:tica foi MAL feita.
82
14
1
F
c
C
10
Ficou: le:gal.
83
14
1
F
c
C
11
Eu a:cho que:: você deveria cortar o caBElo.. senão vai
prejudicar a minha firma.
84
14
1
F
c
C
12
Em cada PERna..né?
85
14
1
F
c
C
13
Vai trocar.. porque eu não gostei.
86
14
1
F
c
C
14
Normal... já vi TANtos iguais.
87
14
1
F
c
C
15
Você não tem nenhum bom gosto.
88
14
1
F
c
C
16
Te:RRÍvel.
89
14
1
F
c
C
17
Tá parecen::do um paLHAço.
90
14
1
F
c
C
18
Eu já tive um desses...eu não gostei dessa porcaria desse
carro.
91
15
2
F
b
A
1
Bo::a. [risos]
92
15
2
F
b
A
2
Não entendi NA:da.
93
15
2
F
b
A
3
Bom...está bom.
94
15
2
F
b
A
4
Difere::nte.
95
15
2
F
b
A
5
Mais ou menos.
96
15
2
F
b
A
6
É::. eXÓtico.
97
15
2
F
b
A
7
Não gostei MUito não.
98
15
2
F
b
A
8
Cê tá com uma cara Boa.
99
15
2
F
b
A
9
Ah... ficou bom.
100
15
2
F
b
A
10
Preferi:a o anterior.
101
15
2
F
b
A
11
Não acho legal não.
102
15
2
F
b
A
12
Ah.. você tem razão.
103
15
2
F
b
A
13
Não achei muito legal... eh.. a marca não é boa.
104
15
2
F
b
A
14
Ah.. muito bonito.
105
15
2
F
b
A
15
Ah... mais ou menos.
106
15
2
F
b
A
16
Ah... boni::to.
107
15
2
F
b
A
17
Ah.. são boNItas.
108
15
2
F
b
A
18
Já..já tive um desses e não gostei muito.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
109
16
2
F
b
C
1
243
Pô.. sinceramen::te... tá sem sal, tá crua::, você poderia deixar
mais tempo no fogo, tá sem gos::to.
110
16
2
F
b
C
2
Um pouco conFUsa.
111
16
2
F
b
C
3
Eu só acho que você poderia cantar um pouquinho mais
baixo.. para não incomodar.
112
16
2
F
b
C
4
Eu sou meio enjoada pra comer... eu sinceramen:te não
gostei.
113
16
2
F
b
C
5
Você poderia ter feito melhor.
114
16
2
F
b
C
6
Pra quem gosta, fanTÁStico. Sinceramen:te eu não gosto de
nada feito em MAdeira.
115
16
2
F
b
C
7
Ficou muito esqui.. esTRAnho.
116
16
2
F
b
C
8
Hum... sinceraMENte não dá pra reparar não.
117
16
2
F
b
C
9
Deve tá um pouco incha:do ain:da né?
118
16
2
F
b
C
10
O antigo era mais SE:xy.
119
16
2
F
b
C
11
Se você tivesse de férias, tudo bem. Mas pra empre::sa eu
acho que fica::... meio pesado, né?
120
16
2
F
b
C
12
É.. realmente.. é... é...aparência normal::... se tivesse
quarenta anos mesmo. Eu não lhe daria nem mais nem
menos.
121
16
2
F
b
C
13
BrincaDEIra hein? Não tinha um MElhor não?
122
16
2
F
b
C
14
LINdo... só que: pra mim:: celular basta liGAR e receBER
ligações
123
16
2
F
b
C
15
Não gosto muito de branca de neve NÃO ficaria melhor se
pusesse mais árvores, um:: copo de leite, um:: girassol...
124
16
2
F
b
C
16
Não entendo NAda de AR:te.
125
16
2
F
b
C
17
Muito LINdas.. mas não tinha uma corZInha melhor não?
126
16
2
F
b
C
18
Você teve sor:te.. porque eu tinha um... não goste:i dava
sempre proble::mas e eu até troquei por causa disso.
127
17
1
F
a
A
1
Uma deLÍ:cia.
128
17
1
F
a
A
2
Cansati:va.
129
17
1
F
a
A
3
Pode continuar treinando.
130
17
1
F
a
A
4
Não gostei muito não.
131
17
1
F
a
A
5
Precisa melhorar al..algumas coisas.
132
17
1
F
a
A
6
Interessan:te.
133
17
1
F
a
A
7
Cadê o cabelo?
134
17
1
F
a
A
8
Cê tá com uma cara Ótima.
135
17
1
F
a
A
9
Combinou com o seu rosto.
136
17
1
F
a
A
10
Achei que ce podia colocar um mais per... parecido com o
seu anterior.
137
17
1
F
a
A
11
Contanto que não prejudique a sua imagem.
138
17
1
F
a
A
12
Ah... cê tá bem.
139
17
1
F
a
A
13
Mas porque que cê comprou esse?
140
17
1
F
a
A
14
É bonito... mas o importante é falar.
141
17
1
F
a
A
15
Ah... cês muDAram TUdo, né?
142
17
1
F
a
A
16
Nossa.. que difeRENte.
143
17
1
F
a
A
17
Ah... são alegres.
144
17
1
F
a
A
18
Ah... é um bom carro.
145
18
1
M
a
B
1
Horrí:vel.
146
18
1
M
a
B
2
Cansati:va.
244
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
147
18
1
M
a
B
3
Regular.
148
18
1
M
a
B
4
Bastante exó:tico.
149
18
1
M
a
B
5
Bastante regular.
150
18
1
M
a
B
6
Bastante interessante.
151
18
1
M
a
B
7
Bastante diferente do anterior.
152
18
1
M
a
B
8
Com cerTEza emagreceu basTANte.
153
18
1
M
a
B
9
Bem.. na verdade eu preferia o original... o anterior.
154
18
1
M
a
B
10
Interessan::te mas não me pare:ce muito natural.
155
18
1
M
a
B
11
Você deveria cortar o seu cabe:lo.
156
18
1
M
a
B
12
Eu acho que você é que deveria fazer uma nova plástica.
157
18
1
M
a
B
13
Eu acho que você deveria ter comprado uma MARca um
pouco mais::... confiá::vel... podia até ser mais cara.. mas..
mais confiável.
158
18
1
M
a
B
14
Muito interessan::te... uma coisa muito útil para a vida
moderna.
159
18
1
M
a
B
15
Bem... interessante mas eu não teria o mesmo gosto para
essa decoração.
160
18
1
M
a
B
16
Mas que coisa FEIA.
161
18
1
M
a
B
17
Eu sinceramen::te não sairia na rua com essas caMIsas
162
18
1
M
a
B
18
Sinceramen::te não é o modelo que mais me agrada.
163
19
1
F
b
B
1
É::.. boa.
164
19
1
F
b
B
2
Não ficou muito clara prá mim.
165
19
1
F
b
B
3
É:... espero que você melhore.
166
19
1
F
b
B
4
Ah... mais ou menos.
167
19
1
F
b
B
5
Você limPOU?
168
19
1
F
b
B
6
intereSSAN:te
169
19
1
F
b
B
7
Ficou estranho.
170
19
1
F
b
B
8
Você não mudou muito.
171
19
1
F
b
B
9
Acho que o outro era melhor.
172
19
1
F
b
B
10
Você não precisava ter mudado.
173
19
1
F
b
B
11
Melhor cortar.
174
19
1
F
b
B
12
É.. realmente.. você é bem jovem.
175
19
1
F
b
B
13
Acho que essa marca não é boa.
176
19
1
F
b
B
14
Legal.
177
19
1
F
b
B
15
Legal.
178
19
1
F
b
B
16
Esse estilo não me agrada.
179
19
1
F
b
B
17
Não use no horário de trabalho.
180
19
1
F
b
B
18
Esse carro não é bom.
181
20
1
M
a
A
1
Está sem sal.
182
20
1
M
a
A
2
Eu achei um pouco confusa.. mas::... interessante.
183
20
1
M
a
A
3
É..Você canta:: bem::...mas poderia:: cantar mais baixo, por
favor?
184
20
1
M
a
A
4
Eu não gosto desse tipo de comida.
185
20
1
M
a
A
5
Poderia ser melhor::, mas tudo bem. Dessa vez passa.
186
20
1
M
a
A
6
Não aprecio muito bem esse tipo de arte, não.
187
20
1
M
a
A
7
Preferia mais o outro. Esse eu não gostei não.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
245
188
20
1
M
a
A
8
Ah... legal.
189
20
1
M
a
A
9
Ah... ainda é muito ce::do. Ainda não me acostumei com o
seu visual ainda não.
190
20
1
M
a
A
10
Você pintou o cabelo?
191
20
1
M
a
A
11
Se você quiser continuar: com o seu empre:go, corte o seu
cabe:lo.
192
20
1
M
a
A
12
O importante é você se sentir bem consi::go mEs:mo.
193
20
1
M
a
A
13
Você deveria ter:: comprado jun:to comigo pra gente escolher
jun:to.
194
20
1
M
a
A
14
legal.
195
20
1
M
a
A
15
É... esses anões aí:: não foram muito criati:vos, mas tá::
boniti:nho o seu jardim.
196
20
1
M
a
A
16
esse quadro não faz o meu esti::lo... mas::... é: interessante.
197
20
1
M
a
A
17
não me venha trabalhar com essas camisas, por favor.
198
20
1
M
a
A
18
É::.. eu já tive esse ca::rro e não gostei muito de:le não.
199
21
1
M
b
B
1
Ah... tá boa::.. mas.. acho::... que podia tá melhor.. você tem
certeza que... cê cozinhou diREIto?
200
21
1
M
b
B
2
Achei boa... só fiquei um pouco confu:so.. gostaria de
conversar depois... pra... esclarecer umas coisas.
201
21
1
M
b
B
3
Eu acho que cê tem que treinar mais... eh:::... um dia você
consegue melhorar.
202
21
1
M
b
B
4
Tava BOM. Comida diferente. Não tô acostumado com isso.
203
21
1
M
b
B
5
Que limPE:za? Você não fez limPE:za neNHU::ma. Da
próxima vez.. eu quero BEM limpo, tá?
204
21
1
M
b
B
6
No::ssa.. interessan::te seu trabalho. uma visão da cabe::ça..
interessan::te.
205
21
1
M
b
B
7
Ficou boni::to, mas eu gostava do cabelo grande.
206
21
1
M
b
B
8
Muito bom. Eh.. exercícios físicos são sempre bons... mas
continue.. eh::.. você tá indo no caminho certo.
207
21
1
M
b
B
9
Ficou bom.... bem melhor do que antes.
208
21
1
M
b
B
10
difeRE::nte, né? A primeira... à primeira vista parece:... um:::
bem diferente.. foi um choque... mas tá bom.
209
21
1
M
b
B
11
Bom... eu a::cho que você deveria pensar bem:: porque a
ima:gem de alguém com cabe::lo compri:do... não é tão boa..
quanto alguém com cabe::lo curto.
210
21
1
M
b
B
12
Eu acho que cê TÁ muito bem prá quarenta anos... com
certeza.
211
21
1
M
b
B
13
Eu acho que cê devi::a ter me consultado antes de comprar
esse apare::lho... acho que a gente podia chegar numa
conclusão melhor.
212
21
1
M
b
B
14
Muito boni::to...eh... parece ser bem moder::no... bem
interessante.
213
21
1
M
b
B
15
Bem intereSSAN::te... bem enfeita::do, né?... Mas é legal.
214
21
1
M
b
B
16
BoNI::to.. intereSSAN:te... quem é o pintor?
215
21
1
M
b
B
17
Nossa.. colori::das, né? São para o carnaval?
216
21
1
M
b
B
18
Você não a::cha o carro um pouco peque::no e com a
mecâ::nica meio complica::da?
217
22
2
M
a
B
1
HoRRÍvel.
218
22
2
M
a
B
2
Confu:sa.
219
22
2
M
a
B
3
Precisa melhorar um pouqui:nho.
220
22
2
M
a
B
4
Mais ou menos.
221
22
2
M
a
B
5
Não houve limpeza nenhuma.
246
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
222
22
2
M
a
B
6
Diferente.
223
22
2
M
a
B
7
Poderia ter mantido o:.. o corte original.
224
22
2
M
a
B
8
Nem tanto.
225
22
2
M
a
B
9
Que plástica?
226
22
2
M
a
B
10
Dá pro gasto.
227
22
2
M
a
B
11
Não é bom para sua aparência.
228
22
2
M
a
B
12
Sem comentários.
229
22
2
M
a
B
13
Não muito... bom.
230
22
2
M
a
B
14
Bonitinho.
231
22
2
M
a
B
15
Legal.
232
22
2
M
a
B
16
Não entendo muito do assunto.
233
22
2
M
a
B
17
Deve ficar bem em você.
234
22
2
M
a
B
18
Já tive um e não gostei muito.
235
23
1
F
b
B
1
Não ta MUIto gosto::as.. mas eu TÔ com tanta fome.
236
23
1
F
b
B
2
Ótima.
237
23
1
F
b
B
3
Podia ser um pouquinho mais baixo.
238
23
1
F
b
B
4
Horrí::vel.
239
23
1
F
b
B
5
Podia ser melhor.
240
23
1
F
b
B
6
Bem diferen::te.
241
23
1
F
b
B
7
Você é louco.
242
23
1
F
b
B
8
É.. foram poucos dias, né?
243
23
1
F
b
B
9
Olha, eu não sou a favor de cirurgia plástica. Acho muito
perigoso.
244
23
1
F
b
B
10
Prefiro as coisas naturais.
245
23
1
F
b
B
11
Eu acho que é ruim pra empresa.
246
23
1
F
b
B
12
O importante é estar bem consigo mesmo.
247
23
1
F
b
B
13
Daqui a alguns meses nós vamos ter que comprar outro.
248
23
1
F
b
B
14
MUIto bonita.
249
23
1
F
b
B
15
Podia ser um pouco mais moderno.
250
23
1
F
b
B
16
Não entendo muito dessas coisas.
251
23
1
F
b
B
17
Eu prefiro cores mais discretas.
252
23
1
F
b
B
18
Minha família é muito grande.. pref.. preciso de um carro
maior.
253
24
1
F
b
C
1
Está ótima.
254
24
1
F
b
C
2
Confusa.
255
24
1
F
b
C
3
Está ótimo o trabalho.
256
24
1
F
b
C
4
Muito gostoso.
257
24
1
F
b
C
5
Eu acho que:.. poderia dar mais uma arrumadinha aqui::...
ajeitar isso aqui::.
258
24
1
F
b
C
6
Muito bonito. Como você conseguiu fazer algo tão boNIto.
259
24
1
F
b
C
7
Está bom amor... mas acho que você poderia ter me
perguntado antes.
260
24
1
F
b
C
8
Está ótimo.
261
24
1
F
b
C
9
Muito bonito.
262
24
1
F
b
C
10
Está bom... mas eu acho que o cabelo anti::go.. também não
era feio.
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
263
24
1
F
b
C
11
247
Eu acho que pra sua imagem aqui na empresa seria melhor
que você não deixasse esse cabelo tão grande.
264
24
1
F
b
C
12
Eu acho que você está muito bem assim pra sua idade.
265
24
1
F
b
C
13
Eu acho que... o aparelho é bom... mas.. poderia ter
comprado o outro que é um pouquinho melhor e só um
pouquinho mais caro
266
24
1
F
b
C
14
Incrível... apaRElho realMENte muito BOM.
267
24
1
F
b
C
15
Realmente ficou LINdo.
268
24
1
F
b
C
16
Muito bonito. Acho que vai ficar muito bem na sua sala.
269
24
1
F
b
C
17
O modelo é MUIto bonito.
270
24
1
F
b
C
18
Eu acho esse carro muito bom, porém o modelo tal também
não é ruim.
271
25
1
M
b
A
1
Olha... eu não gostei muito não... assim... mesmo sabendo
que você teve um trabalho pra preparar.. eu não gostei muito
não.
272
25
1
M
b
A
2
Achei interessan::te.. mas tem alguns pontos que eu tenho
algumas idéias.. e a gente podia melhorar um pouco.
273
25
1
M
b
A
3
É... ouvi uns barulhos estranhos assim... mas depois que fui
entender que era você cantando.
274
25
1
M
b
A
4
pô achei hoRRÍvel cara.. não vou comer um negócio desses
nunca mais.
275
25
1
M
b
A
5
Bom dia fulano... é o seguinte.. a limpeza ficou faltando
algumas coisas que eu queria te mostrar que podem ser
melhoradas... vem cá comigo.
276
25
1
M
b
A
6
Achei legal.. cara... gostei do seu trabalho.. legal
277
25
1
M
b
A
7
É:: ficou bem diferente né? cê foi... bem brusca a sua
mudança... assim.. foi.. bem diferente
278
25
1
M
b
A
8
É:: achei legal... ficou com um corte um pouco mais jovial..
ficou legal.
279
25
1
M
b
A
9
É:: ficou legal... assim.. eu nunca faria uma plástica.. não
gosto muito de plástica.. mas ficou legal.. ficou legal.
280
25
1
M
b
A
10
Que isso cara? ficou estranho cara... que coisa estranha que
tu fez no teu cabelo cara... que isso
281
25
1
M
b
A
11
Olha só fulano... como seu chefe nesse departamento aqui..
eu acho que isso pode prejudicar o nosso trabalho... então
talvez seja necessário mudar um pouco o seu visual.
282
25
1
M
b
A
12
é verdade... cê parece ter mesmo menos de quarenta anos.
283
25
1
M
b
A
13
eu não queria dizer não.. mas esse aparelho não é muito bom
não... é uma bela porcaria, eu diria.
284
25
1
M
b
A
14
eu achei legal... tem vários apetrechos.. várias coisas assim
modernas... mas eu uso só uma coisa bem simples mesmo...
eu não uso muito esse tipo de celular não, sabe?
285
25
1
M
b
A
15
Pôxa... legal esses bonequinhos aí... são um pouco estranhos
assim.. mas são simpáticos.
286
25
1
M
b
A
16
pô não gostei muito não cara... achei meio estranha essa
pintura... não gosto muito desse tipo de coisa sabe?
287
25
1
M
b
A
17
é são bem espalhafatosas essas camisas mesmo né... mas
legal..se você gosta
288
25
1
M
b
A
18
Caramba.. tu acha tudo isso desse carro? já tive um desses e
não fiquei muito feliz com ele não.
289
26
1
F
a
C
1
Ah... o arroz tá um pouquinho duro.. mas dá pra comer.. tá
faltando um pouquinho de sal.. se botar sal dá.. tá bom.. tá
bom... se botar sal dá pra gente comer... é isso
290
26
1
F
a
C
2
Ah:: a reunião foi boa... deu pra esclarecer alguns pontos..
alguns outros ficaram meio:: digamos.. têm que ser revistos..
assim.. explicados melhor... que eu acho que de repente
algumas pessoas não entenderam.. podem não ter pego
248
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
direito.. mas considerando tudo que você falou foi:: foi boa a
reunião.. foi boa
291
26
1
F
a
C
3
ah cê tá no início.. tem que continuar né? tem muita coisa prá
aprender.. imagino né? e é isso mesmo.. continue se é isso
que você quer mesmo.. continue estudando bastante.
292
26
1
F
a
C
4
ah sinceramente... eu não gosto dessas coisas estranhas não.
sei lá essas coisas assim... muito elaboradas.. com negócio
assim.. ah não... é diferente.. mas particularmente não faz
muito meu gosto não.
293
26
1
F
a
C
5
Ah:: tá legal.. mas cê de repente poderia voltar? porque eu
acho que ainda tá faltando umas coisinhas.. eu acabei
bagunçando.. cê poderia voltar no final da tarde para dar uma
outra arrumada?
294
26
1
F
a
C
6
Ah:: legal.. interessante.. diferente né? ver uma pessoas
assim... que trabalha né? Dirigindo.. e tem esse::: gosta de
fazer arte né? é difícil encontrar isso:: legal é:: interessante..
bonito
295
26
1
F
a
C
7
ah legal.. mas eu tava tão acostumada com o outro.. fica difícil
acostumar de novo.. vai demorar um pouco ah:: porque você
fez ISSO tava tão::.. sei lá MUIto radical
296
26
1
F
a
C
8
ah acho que spa é sempre uma boa né... bom:: fazer
exerCÍcio pra saÚde.. melhorar.. né? Tá sempre exercitando..
com certeza fez muito bem pra você.
297
26
1
F
a
C
9
é.. ficou diferen::te né? cê::: não tava satisfei::to an::tes quis
mudar: né? ficou diferen::te... ago::ra cê... imagi::no que cê
esteja feliz né? agora fez exatamen::te o que você
queria...né? como é que você tá se achando então?
298
26
1
F
a
C
10
ih:: pintou o cabe::lo. BOM é:: ficou diferen:::te né? já tava
acostumada com você aN::tes.. ago::ra cê tá diferen:te né? a
gente acostuma de novo... mas tá legal tá legal.. se você::
achou legal.. tá legal tá tá legal assim.
299
26
1
F
a
C
11
Ah... eu acho que vai ficar estra::nho... se eu fosse você não
deixava crescer não... acho que é muito melhor.. sabe... não é
tão quente...cabelo grande esQUENta pra caram::ba.. tem
que penTEAR.. traTAR.. paSSAR CREm..e essas coisas... se
eu fosse você.. deixava o cabelinho CURto... é bem melhor..
até em termos de traba::lho assim... e cabelo lon::go eu acho
que não vai combinar com você não.
300
26
1
F
a
C
12
a senho::ra tá muito bem... tem que se cuidar mes::mo né?
essas atrizes se cuidam... elas ficam com seSSENta seTENta
fazendo plástica né? e não aparentam o que têm... a gente
né? que não tem como fazer plástica todos os dias.. todos os
anos.. tem que se cuidar mesmo... usar creme... a senhora tá
muito bem sim.. tá muito bem.
301
26
1
F
a
C
13
ah legal... MAS essa MARca PÔxa... ela não parece muito
confiável... tem tantas outras marcas aí... pôxa de repen::te
mais... um pouco mais caras... tem certeza que valeu a
pena?... de repente.. essa marca.. mas já que cê comprou
né?.. contanto que funcione tá bom.
302
26
1
F
a
C
14
ah legal... bonito... hoje em dia o celular tem muito mais
função do que ligar né?.. mas:: é boni::to... cada:: dia com
certeza novas tecnologias.. novas.. novos equipamentos... é::
boni::to boni::to mês::mo.. fez uma boa compra.
303
26
1
F
a
C
15
Ah::... o jardim? tá lindo lindo lindo lindo LINdo...essas flores..
essas plantas... ah:: os bonequinhos? Ah:... ficaram
bonitinhos.. bonitinhos né?... Branca de neve e os anõezinhos
né? bonitinhos.
304
26
1
F
a
C
16
ah boni::to colori::do né? não entendo muito dessas coisas de
pintura.. essas coisas abstratas né?.. não entendo muito..
mas é bonito sim... é bonito.. vai ficar bem ali na.. na parede..
na sua sala... é onde você vai colocar né? bonito.. bonito.
305
26
1
F
a
C
17
Boni::to ce gosta dessas cores fortes.. assim.. essas cores
mais fluorescentes né? é... é.. diferente né? tem coisa... é
bom cor viva né?.. dá uma outra... uma outra aparência
diferente... é bonito... eu particularmente.. eu não gosto
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
249
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
dessas coisas.. pra mim né.. essas coisas fortes não... eu
prefiro coisas mais clássica... mas é bonito... dependendo da
pessoa fica...combina.. gostei.. legal
306
26
1
F
a
C
18
Bom::... como eu já tive um carro des::se... eu.. já não
concordo com o senhor.. porque... eu vendi o meu carro
porque eu detesTA::va... sempre me dava proBLEma... acho
que é questão de adaptação... pelo menos eu não me
adaptei.. vendi.. e:: comprei outro... eu particularmente não
concordo muito com o senhor né?... eu já tive experiência
com esse carro.. e não foi muito agradável.
307
27
2
F
b
B
1
a comida tá bo::a... mas cê esqueceu um pouquinho do
tempero.
308
27
2
F
b
B
2
tiveram alguns pontos que eu fiquei um pouco em dúvida...
mas ao longo do.. do ano a gente vai esclarecen::do.
309
27
2
F
b
B
3
cê não tá me atrapalhando não... como estão as aulas? tão
sendo boas? cê tá gostan::do? continua treinando.
310
27
2
F
b
B
4
não gostei muito não... que negócio esquisito.
311
27
2
F
b
B
5
se pude::sse.. hoje... eu gostaria que você desse uma
arrumada novamen::te... tem alguns pontos que não ficaram
muito bons.
312
27
2
F
b
B
6
legal... deve ser bem difícil trabalhar com madeira né?
313
27
2
F
b
B
7
NO::ssa acho que você exagerou... vai demorar um tempinho
para eu me acostumar.
314
27
2
F
b
B
8
é sempre bom ir para um lugar:: cal::mo.. tranqüi::lo em que
se possa relaxar... quantos quilos você perdeu?
315
27
2
F
b
B
9
legal também tenho vontade de mudar o meu.l
316
27
2
F
b
B
10
ce é LOUco::... cabelo grisalho é super charmo::so... por que
você pintou?
317
27
2
F
b
B
11
eu não acho muito legal que você esteja em desacordo com a
empresa... você sabe... você tem que manter uma
aparência... seria melhor você pensar sobre o assun::to.
318
27
2
F
b
B
12
Algumas pessoas exage::ram com a preocupação estética...
eu acho que o importan::te é você se sentir bem... se você se
sente jovem... ótimo.
319
27
2
F
b
B
13
e aí como é o apare::lho? funciona bem? tem certeza que é
bom? não vai dar problema?
320
27
2
F
b
B
14
Ó::timo cê acha importante ter isso tudo no aparelho?
321
27
2
F
b
B
15
ficou com um ar bem infantil, né?
322
27
2
F
b
B
16
achei meio breGUInha né? mau GOSto.
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27
2
F
b
B
17
espero que você não as use no trabalho.
324
27
2
F
b
B
18
Eu já tive um carro desses... eu tive muitos proble::mas com
relação à mecâ:nica.. ao espaço inter:no... mas se você tá
gostando.
325
28
1
M
a
B
1
Ah... cê tá precisando melhorar um pouquinho... não tá muito
boa não.
326
28
1
M
a
B
2
Achei boa... achei só um pouco confusa.
327
28
1
M
a
B
3
ah... nem tem dado pra escutar direito não... mas qualquer dia
eu passo lá pra ver como é que tá.
328
28
1
M
a
B
4
olha... estranhei um pouquinho... não gostei muito não.
329
28
1
M
a
B
5
podia ter caprichado um pouquinho mais.
330
28
1
M
a
B
6
ah... eu achei que tá bom... ta legal.
331
28
1
M
a
B
7
preferia como tava antes.
332
28
1
M
a
B
8
É cê ta parecendo melhor mes::mo.
333
28
1
M
a
B
9
Achei que ficou ótimo.
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PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
334
28
1
M
a
B
10
É:: achei que ficou um pouco artificial.
335
28
1
M
a
B
11
Olha... acho que não é muito bom para o seu futuro aqui
dentro da empresa não... acho melhor você cortar.
336
28
1
M
a
B
12
é realmente você tá muito bem mesmo.
337
28
1
M
a
B
13
você podia ter me consultado antes de comprar porque essa
marca não é muito boa não.
338
28
1
M
a
B
14
Olha não entendo muito desses últimos celulares assim não...
mas acho que ele tá bem legal.
339
28
1
M
a
B
15
pôxa ficou muito bom... ficou muito legal mesmo.
340
28
1
M
a
B
16
pôxa muito bom... muito legal mesmo.
341
28
1
M
a
B
17
pôxa muito bonitas mesmo.
342
28
1
M
a
B
18
Olha eu tive um desse aí.. e não gostei não..tanto que eu
troquei por esse aqui.
343
29
2
F
a
A
1
eu adoREI a coMIda.. adoREI a surPREsa... só que.. bom..
assim..o arroz tá um pouquinho cru... mas ta gostoso... eu
gostei
344
29
2
F
a
A
2
Bom é... eu achei interessan::te mas tem algumas coisas que
ficaram um pouco confusas.. e foi até bom o senhor ter me
chamado..porque aí eu esclareço agora as coisas que fic...
ficaram pendentes.
345
29
2
F
a
A
3
Bom::...eu não posso dizer.. assim.. avaliar o seu
desempenho.. porque geralmente eu tô chegando ou tô
saindo quando você tá fazendo suas aulas de can::to... mas
um dia eu faço questão de ficar para depois dar a minha
opinião.
346
29
2
F
a
A
4
é bastante exó::tico né?.. assim.. eu ficaria com o arroz..
feijão.. e batata frita... mas de repen::te eu posso aprender a
gostar desse prato aí.
347
29
2
F
a
A
5
BOM DIA... foi bom o senhor ter me chamado aqui.. porque::
depois eu quero que o senhor venha aqui na minha sala.. que
eu tenho umas coisinhas pra mostrar que eu não gostei... tá
bom?
348
29
2
F
a
A
6
NOSSA... isso é uma cabeça de caVAlo? caRAMba que
int...assim.. eu tinha penSAdo que isso era outra coisa... mas
pô legal.. assim.. interessante.. muito bonito.
349
29
2
F
a
A
7
Amor ficou bom... mas.. assim..eu preferia o anterior porque
eu já estava acostumada.
350
29
2
F
a
A
8
O::lha.. bem que eu tava percebendo alGUma diferença...
então é isso.. reparando melhor agora.. humm.. deu uma
emagrecidinha, hein?
351
29
2
F
a
A
9
ficou..ficou legal.. ficou legal ..só que.. assim.. eu acho que
era desnecessário né? eu gostava do seu nariz como era
antigamente.
352
29
2
F
a
A
10
Ah::... não acreDIto que cê fez Isso.. ce pinTOU o seu cabelo
e tirou aqueles cabelos grisalhos que eu achava LINdo?
353
29
2
F
a
A
11
O::lha.. eu tenho que falar pra você a verdade... a empresa
não tem um perfil de jovem.. que você tá atualmente.. com
esse o seu cabelo compri:do... eu acho melhor como sua
supervisora... como sua supervisora te recomendar você
cortar esse cabelo aí... dar uma aparada... senão alguém vai
te chamar a atenção.
354
29
2
F
a
A
12
ah... eu acho que a senhora parece que tem a idade que tem.
355
29
2
F
a
A
13
amor:::... você fez uma surpre::sa.. mas essa marca.. assim..
eu já ouvi dizer que não é a melhor do mercado.
356
29
2
F
a
A
14
achei LINdo seu telefone celular.. só que se fosse comigo.. eu
não teria coragem de dar essa fortuna num aparelho de
telefone... mas eu achei lindo.
357
29
2
F
a
A
15
ah... o jardim agora ficou bem mais alegre.. ficou colori::do.. e
tal criança é que vai adorar.
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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
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2
F
a
A
16
é um quadro diferen::te né?.. assim.. vai cair bem com o estilo
da casa.
359
29
2
F
a
A
17
as camisas são bonitas né? as cores são.. assim.. bem vivas
só não cai bem prá trabalhar aqui no escritório.. mas para o
dia-a-dia.. prá um shopping.. pra um passeio fica bem legal.
360
29
2
F
a
A
18
Eu já tive um carro desse.. e assim.. no meu caso a
experiência não foi muito boa não... era pequeno pra minha
família.. e mecânica vivia dando problemas... mas de repente
era só o meu carro.. esse.. de repente.. não dá tantos
problemas como o meu.
361
30
2
M
a
B
1
pô:: a comida da minha mãe é bem melhor.
362
30
2
M
a
B
2
achei muito interessan::te essa proposta.. porque nós já
tamos prevendo o que vai acontecer no futuro.. e podemos
trabalhar melhor.
363
30
2
M
a
B
3
muito bom.. e tô notando melhoras desde quando você
começou... continua assim.
364
30
2
M
a
B
4
pô:: sinceramen::te? eu prefiro um feijão com arroz.
365
30
2
M
a
B
5
tá bom... tá tranqüilo... tá ótimo.
366
30
2
M
a
B
6
muito intereSSAN::te... tem umas tendên:cias surrealistas e
tal.
367
30
2
M
a
B
7
espeTÁculo... ficou até mais jovem.
368
30
2
M
a
B
8
pô:: ficou manei::ro... agora o senhor vai ter que gastar mais
dinheiro comprando roupinha no::va.. com essa nova silhueta
369
30
2
M
a
B
9
pô:: nem tinha nota::do... mas ago::ra.. que cê falou... até que
ficou legal.
370
30
2
M
a
B
10
pô:: tá de peruca? [risos] assume essa tua velhice... teu
cabelo branco, rapaz... agora bota essa coisa riDÍcula aí na
cabeça
371
30
2
M
a
B
11
desde que vc trate dessa JUba e mantenha sempre PREso..
laVAdo.. tá tranqüilo
372
30
2
M
a
B
12
qual é a idade da senhora mesmo? quarenta? ih::: tá muito
bem... MUIto bem... seu marido deve estar adorando.
373
30
2
M
a
B
13
porra mi::na... porque tu não foi coMIgo?... me chamou pra ir
com...conTIgo pra comprar?... agora tu comprou essa marca
aí que é uma MERda... pu:: depois quem vai ter que pagar o
conserto sou EU... porra.. só faz merda.
374
30
2
M
a
B
14
bom.. legal... manei::ro... mas::: eu acho que o telefone não
precisa ter tanta modernidade assim não... é só pra falar
mesmo ...se comunicar... eu não gastaria esse dinheiro todo
num celular... também não tenho como você, né?
375
30
2
M
a
B
15
pô:: legal... adoro esse anõezinhos aí da Branca de Neve...
ficou boni::to.
376
30
2
M
a
B
16
pô:: boni::to... esse quadro é bom pra ficar na Sala... perto da
televisão.
377
30
2
M
a
B
17
pô:: são LINdas... manei::ras... vou até comprar umas pra
mim.
378
30
2
M
a
B
18
pô:: tive um carro desses.. meu camarada... e o carro.. pô:: o
motor dele é muito ruIM.. muito aperTAdo.. minha família é
GRANde.. tenho três filhos.. muLHER ...minha mulher tá
GORda que nem uma baLEia... aí tive que trocar o carro
379
31
2
F
a
C
1
bom:: [risos] eu adoREI você ter feito.. porque você NUNca
faz NAda... mas tá ruim... da próxima vez a gente tenta
melhorar.
380
31
2
F
a
C
2
ah::: eu achei legal.
381
31
2
F
a
C
3
bom::...desde que você não come::ce à noi::te... na hora que
eu tenho que dormir... porque eu tenho que estudar no dia
seguinte.. porque eu ainda estou:: estudan::do... tudo bem.
382
31
2
F
a
C
4
ah não é mui::to a minha praia não... né?... mas eu gostei.
252
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
383
31
2
F
a
C
5
bom::... faltaram algumas coisas... aí.. da próxima vez você
melhora..tá?... mas tudo bem... sem problemas.
384
31
2
F
a
C
6
achei engraça::do, né? deve ter dado muito traba::lho prá
fazer... legal:: continua assim... quem sabe um dia vai parecer
realmen::te a cabeça de um cavalo.
385
31
2
F
a
C
7
ah:: amor::: cê não vai me matar não?.. mas eu não gostei...
não faz o meu esti::lo... você sabe que não faz o meu esti::lo.
386
31
2
F
a
C
8
ah:: legal:: deu uma emagrecidi::nha mesmo... agora tem que
continuar a dieta, né?
387
31
2
F
a
C
9
ca::ra... tu é DOIdo de fazer plás::tica no nariz... meu Deus...
sempre quis fazer::... nunca tive cora::gem né? mas... cê tá
gostando? se você estiver bem com você... legal
388
31
2
F
a
C
10
ca::ra... eu acho que você deveria usar o natural.. né?
porque::: primeiro que eu a:cho o ó homem pintar o cabelo..
né? mas se você gos::tou.
389
31
2
F
a
C
11
bom.. eu acharia Ótimo.. né? se você não trabalha::sse numa
loja... que o perfil não pede isso... e já tá exagerado esse
cabelo... então eu acho que você não deve de jeito nenhum...
senão eu mesma vou ser chamada à atenção
390
31
2
F
a
C
12
bom... pra quem tem dinheiro.. né? tá bonito o tempo inteiro...
faz uma plástica ali.. uma plástica ali... agora a gente que não
tem dinheiro... a gente tá ótima.
391
31
2
F
a
C
13
ah:: amor::... tu é burro ou o que? você não sabe que essa
marca é Péssima?.. se estragar... o dinheiro vai sair do seu
bolso.
392
31
2
F
a
C
14
ah:: eu acho que não vale a pena comprar celular caro não...
porque celular.. você... é pra falar.. e daqui a um ano já tá
saindo de moda... você vai ter que pagar outro... então é
burrice pra mim gastar muito com celular.
393
31
2
F
a
C
15
ah:: que graci:::nha adore::i.
394
31
2
F
a
C
16
ah:: não gostei muito não.
395
31
2
F
a
C
17
ah:: achei as cores muito berRANtes... não faz o meu estilo
não... você gosta?
396
31
2
F
a
C
18
ah:: pra ser sincera.. eu já tive um de::sses.. achei
complica::do.. não gostei.. ache::i peque::no... aí troquei...
você gostou?
397
32
1
M
a
A
1
tá maraviLHO::sa.. meu amor.
398
32
1
M
a
A
2
bom... eu acho que tinha que rever algumas questões
porque:: tá um pouco confuso.
399
32
1
M
a
A
3
eu acho que cê tem que estudar um pouquinho mais só.
400
32
1
M
a
A
4
aí.. na moral malu::co... essa coisa é muito ruim cara.
401
32
1
M
a
A
5
você limpou isso aqui?
402
32
1
M
a
A
6
sinceramen::te... eu não entendo muito disso aí não... mas..
sei lá.. você que sabe... você que é o artista.
403
32
1
M
a
A
7
pra QUE que você fez isso?
404
32
1
M
a
A
8
eu ia perguntar eXAtamen::te isso... o que que a senhora fez
que você tá um espeTÁculo.
405
32
1
M
a
A
9
tá Ó::timo... Ó::timo.
406
32
1
M
a
A
10
CAra... que paRAda de boiola é essa?
407
32
1
M
a
A
11
eu acho que não condiz com o perfil da nossa empresa.
408
32
1
M
a
A
12
ô::: maraVIlha... com certeza.
409
32
1
M
a
A
13
pode trocar?
410
32
1
M
a
A
14
não... com certeza... é essencial pra vida de hoje.
411
32
1
M
a
A
15
isso tá riDÍculo... uma paraiBAda isso daqui... pelo amor de
Deus... jardim de infância já passou.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
253
412
32
1
M
a
A
16
sinceramen::te... eu não me ligo muito nisso não... mas você...
a casa é sua... você sabe o que faz..ué.
413
32
1
M
a
A
17
eu prefiro as cores neutras... mas você.. você tem que saber o
que você gosta de vestir.
414
32
1
M
a
A
18
eu já tive um pareci::do e não gostei muito não... eu.. se fosse
você.. eu prestava atenção no modelo do seu carro.
415
33
2
F
a
A
1
ah:: tá gosto::as... só que o arroz tinha que estar um pouco
mais cozido, né?
416
33
2
F
a
A
2
ah:: depois você poderia me esclarecer alguns itens... porque
eu a::cho que não ficou bem claro... pra mim.
417
33
2
F
a
A
3
se você continuar dessa forma... você vai virar um Pavarotti.
418
33
2
F
a
A
4
exótico.
419
33
2
F
a
A
5
boa... mas você pode passar aqui no final do expediente prá
limpar hoje também?
420
33
2
F
a
A
6
ah:: interessan::te... mas você só faz cava::lo ou você faz
outros animais?
421
33
2
F
a
A
7
ah:: você gostou? se você gostou pra mim tá tudo bem.
422
33
2
F
a
A
8
ah:: poxa... legal... acho que passar um tempo assim.. num
spa.. deixa a gente com novas energi::as... ah:: cê tá bem.
423
33
2
F
a
A
9
ah:: eu acho que quando uma coisa incomoda a gente... a
gente tem que mudar mesmo... se você tá se sentindo bem
agora com seu novo nariz... legal.
424
33
2
F
a
A
10
eu prefiro natural.
425
33
2
F
a
A
11
ah:: eu acho que isso é:: é moda.. né? deixar o cabelo
comprido... mas se você gosta... mas eu acho que pra ter
cabelo comprido.. você tem que tratar... tem que manter ele
preso no ambiente de traba::lho.. é isso.
426
33
2
F
a
A
12
olha... eu acho que tudo artificial parece assim... uma plástica
parece uma coisa falsa... a senhora tá natural... a senhora tá
bem... a senhora não parece ter quarenta anos não.
427
33
2
F
a
A
13
poxa... que legal... mas dizem que essa marca não é boa.
428
33
2
F
a
A
14
olha... eu não entendo muito de celular não... mas.. poxa..
legal esse seu celular... interessante... muito [5 seg] muito...
muito novo.. né? eu... não sou muito fã dessas novas
tecnologias não.
429
33
2
F
a
A
15
lindo meus sobrinhos adoraram.
430
33
2
F
a
A
16
bom... eu acho que gosto não se discute.. né? mas eu não
gostei muito não... não faz muito o meu.. meu gênero não.
431
33
2
F
a
A
17
poxa... eu acho que você vai marcar a maior presença usando
essas roupas.
432
33
2
F
a
A
18
ah:: é confortável...inclusive eu já tive um carro como esse...
eu gostava muito... só que eu tive que trocar.
433
34
2
M
b
C
1
olha... tá muito bem tempera::do... acho que o tempe::ro numa
comida é a melhor coisa pra você conseguir produzir o
resultado.. né? o sabor ...agora... talvez você pudesse ter
deixado cozinhando um pouquinho mais.. o arroz... você não
acha?
434
34
2
M
b
C
2
eu achei bastante esclarecedora... porque eu ainda não tinha
idéia da.. da.. do nosso planejamento para o próximo
semestre... mas eu.. eu sinto necessidade de.. de mais uma
conversa a respeito... ou talvez de mais uma reunião.
435
34
2
M
b
C
3
eu acho que você podia ouvir um pouco mais os.. os cantores
que te influenciam... e tentar seguir aquelas músicas... porque
te daria um pouco mais de.. assim.. concentração... eu acho
que às vezes você fica um pouco.. assim.. fazendo aqueles
exercícios... e talvez você pudesse chegar logo a algum lugar
com isso... eu acho isso.. né? não sei.
436
34
2
M
b
C
4
ah:: ó... não gostei desse negócio aqui que você me deu pra
comer não... mas é interessante... eu acho que.. eu acho que
254
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
talvez comer lá no lugar deva ser uma outra impressão.
437
34
2
M
b
C
5
eu achei que você não fez quase nada... porque que tá
assim? cê lembra do que eu pedi para você fazer? porque
que cê não fez.. assim? você pode explicar?
438
34
2
M
b
C
6
olha.. rapaz.. interessan::te esse trabalho... deve ser
influenciado por aquelas vanguardas européias que eu nem
conheço direito... porque tá difícil pra mim até entender.
439
34
2
M
b
C
7
não sei... eu tô pensando ainda na nova mulher com quem eu
tô casado... eu acho que ainda vou levar um tempo pra te
dizer isso.
440
34
2
M
b
C
8
eu acho que a forma física nem sempre é o que te deixa
bem... às vezes realmente é a sensação de você estar se
sentindo bem consigo mesmo... você pode ter uma forma de
um jeito ou de outro... e.. eu acho que o mais importante é
você se.. se dar bem consigo mesmo.
441
34
2
M
b
C
9
olha... rapaz eu.. eu acho que eu não faria isso não... porque
eu gosto muito do jeito que a gente é... do jeito quando
nasce... eu não.. não.. não vejo assim.. feio.. bonito.. dessa
forma plástica não... acho que.. sei lá.. eu sempre prefiro
mais natural... pra mim eu não levo muito em conta o que foi
ou o que é agora... eu levo em conta o que é a gente.. né?
como que a gente nasceu
442
34
2
M
b
C
10
pô:: cê tá querendo se esconder ou tá querendo pegar
mulher?
443
34
2
M
b
C
11
ah:: legal agora você vai ser meu braço direito, viu?
444
34
2
M
b
C
12
com certeza... a gente tem que economizar o nosso dinheiro...
não ficar gastando com as coisas.. assim.. que a sociedade
coloca pra gente. a senhora tá se achando jovem... tá se
vendo jovem... é isso aí mesmo. tá certo.
445
34
2
M
b
C
13
eu acho ele boni::to... agora eu já ouvi alguns amigos meus
falando que.. que pode dar problemas na.. na.. nas
primeiras... nos primeiros meses.. nas primeiras semanas... é
bom a gente ficar com o telefone da assistência técnica
sempre a mão.. assim.. o manual
446
34
2
M
b
C
14
ah:: é bonito.. né? você passa pelo menos o dia inteiro
sempre com alguma coisa pra fazer.. né? porque aí você tem
quase.. sei lá.. um computador... um videogame.. né? isso é
bom... porque aí a gente não deixa de se divertir.
447
34
2
M
b
C
15
ah:: rapaz... eu... se fosse eu botar no jardim da minha casa..
eu botava um Saci... um Negrinho do Pastoreio... esse
negócio de Banca de Neve é coisa de europeu... não é a
gente não.
448
34
2
M
b
C
16
bom... eu vou te responder dependendo do que você vai me
responder primeiro... quanto custou?
449
34
2
M
b
C
17
é:: essa camisa deve ser boa pra sair com a família
domingo... cada roupa tem uma ocasião.
450
34
2
M
b
C
18
cara... eu já tive um desses... eu não gostei muito não... mas
de repente pra você é mais prático.. né? não sei... cada um
tem uma necessidade... pra minha necessidade ele não era
tão legal não.
451
35
2
F
b
B
1
horrível.
452
35
2
F
b
B
2
cansativa.
453
35
2
F
b
B
3
você precisa praticar mais.
454
35
2
F
b
B
4
eXÓtico.
455
35
2
F
b
B
5
regular.
456
35
2
F
b
B
6
você precisa polir mais.
457
35
2
F
b
B
7
você ficou mais velho.
458
35
2
F
b
B
8
você se sente bem?
459
35
2
F
b
B
9
nenhuma diferença.
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A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
460
35
2
F
b
B
10
você tá bem?
461
35
2
F
b
462
35
2
F
b
B
11
corte o cabelo.
B
12
cada um tem a idade que quer.
463
35
2
F
b
B
13
vai trocar já.
464
35
2
F
b
B
14
legal.
465
35
2
F
b
B
15
interessante.
466
35
2
F
b
B
16
interessante.
255
467
35
2
F
b
B
17
o gosto é seu.
468
35
2
F
b
B
18
verifique você mesmo.
469
36
1
F
a
A
1
está não tanto gostosa... mas eu sei que você pode fazer
muito melhor.
470
36
1
F
a
A
2
foi muito interessante... eu espero que todos tenham
compreendido o que você quis expor.
471
36
1
F
a
A
3
dá prá perceber que você ainda está no começo. você pode
cantar um pouquinho mais baixo?
472
36
1
F
a
A
4
teRRÍ::vel... não sei se o problema foi seu.. ou se é meu
...mas.. enfim.. detestei.
473
36
1
F
a
A
5
muito bem... mas eu acho que você esqueceu de limpar
alguns canti::nhos... você pode rever comigo agora.. por
favor?
474
36
1
F
a
A
6
mui::to interessan::te.... eu ado::ro trabalhos desse tipo... eu
acho que o senhor deve continuar esculpindo.. e:: fazendo o
que você gosta.
475
36
1
F
a
A
7
eu não gostei muito não... ainda bem que se eu puder fazer
alguma coisa com o meu.. agora eu posso.. né?
476
36
1
F
a
A
8
ah:: sem dúvida... além disso.. spa é muito bom para a par::te
mental... te deixa muito bem.
477
36
1
F
a
A
9
ficou bom... o que que você achou?
478
36
1
F
a
A
10
eu preferia como era... homens ficam sempre bem de cabelo
branco.
479
36
1
F
a
A
11
você não acha que isso pode te causar algum incômodo?
480
36
1
F
a
A
12
mas eu acho que sempre tem alguma coisa pra melhorar.. e
com dinheiro isso se torna muito mais fácil... você não acha?
481
36
1
F
a
A
13
se der problema você manda consertar.. não é?
482
36
1
F
a
A
14
eu não me interesso tanto por celular... mas se te atraem
essas características.. eu acho que você deve tomar muito
conta do seu celular.
483
36
1
F
a
A
15
o jardim ficou muito bonito...mas os anões.. eu tiraria.
484
36
1
F
a
A
16
não interessa o que eu achei... interessa como você se sente
vendo isso todo dia.
485
36
1
F
a
A
17
NO::ssa... quase fiquei cega.
486
36
1
F
a
A
18
ah:: eu já tive um desse... mas eu não gostei muito não...
acabei trocando.
487
37
1
M
b
B
1
pô:: bem... está bem melhor.
488
37
1
M
b
B
2
desculpe... mas eu achei ela um pouco cansativa.
489
37
1
M
b
B
3
eu gosto muito de mu::sica... e acho até que as pessoas
devem aprender ...mas é:: pode escolher uns horários mais
adequados?
490
37
1
M
b
B
4
uma comida muito exótica... interessante.
491
37
1
M
b
B
5
você fez a limpeza?.. a sala não está parecendo que está
limpa.
492
37
1
M
b
B
6
trabalho diferente... é arte moderna?
256
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
493
37
1
M
b
B
7
você pode me dar um tempo pra pensar sobre isso?
494
37
1
M
b
B
8
está bem melhor.
495
37
1
M
b
B
9
é... estranho... vai demorar um pouquinho para eu me
acostumar.
496
37
1
M
b
B
10
pra ser sincero... esse visual aí tá muito artificial.
497
37
1
M
b
B
11
cê podia pelo menos aparar as pontas.
498
37
1
M
b
B
12
se você se sente mais jovem é claro que você é mais jovem.
499
37
1
M
b
B
13
pô:: amor... você comprou o aparelho mais barato?
500
37
1
M
b
B
14
celular bem sofisticado... kit babaca legal.
501
37
1
M
b
B
15
pô:: olha só pessoal... não me agradou muito não... mas se
vocês gostaram... tudo bem.
502
37
1
M
b
B
16
é:: pô:: legal.
503
37
1
M
b
B
17
camisa legal pras pessoas que gostam de aparecer mais..
né? não combina muito comigo não.
504
37
1
M
b
B
18
eu já tive um carro pareci::do não entendi muito bem não...
mas se você entende.. né?.
505
38
1
F
b
A
1
não tá boa.
506
38
1
F
b
A
2
bem.. sinceridade.. não foi legal... prefiro falar a verdade.
507
38
1
F
b
A
3
você deveria cantar mais baixo e em outro horário.
508
38
1
F
b
A
4
como é que você conseguiu comer isso?
509
38
1
F
b
A
5
é tá bem né?... mas poderia fazer isso aqui de novo pra mim...
por favor?
510
38
1
F
b
A
6
diferen::te.
511
38
1
F
b
A
7
que aconteceu de ter cortado o cabelo?
512
38
1
F
b
A
8
nem percebi [risos]
513
38
1
F
b
A
9
ficou melhor.
514
38
1
F
b
A
10
ai... cê tá estranho.
515
38
1
F
b
A
11
é impossível... tem que cortar o cabelo.
516
38
1
F
b
A
12
parece... com certeza.
517
38
1
F
b
A
13
ah... não gostei... essa marca é horrorosa.
518
38
1
F
b
A
14
maneiro.
519
38
1
F
b
A
15
completamente dispensável.
520
38
1
F
b
A
16
não entendi o que ele quis dizer com esse quadro.
521
38
1
F
b
A
17
que gosto meio estranho.
522
38
1
F
b
A
18
pra quem gosta... eu já tive um parecido e não gostei.
523
39
1
F
b
A
1
tá ótima.
524
39
1
F
b
A
2
[silêncio] boa.
525
39
1
F
b
A
3
é eu acho que se você se esforçar... tem jeito... por enquanto
eu vou me mudar.
526
39
1
F
b
A
4
que que você cozinhou pra mim?
527
39
1
F
b
A
5
é né... num tá muito limpo não.
528
39
1
F
b
A
6
meio abstrato.
529
39
1
F
b
A
7
que foi? deu piolho?
530
39
1
F
b
A
8
é.. né.. agora você tem uma perspectiva de uma vida mais
saudável... é isso aí, né?
531
39
1
F
b
A
9
é ficou bem diferente.
532
39
1
F
b
A
10
Viena hair?
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
257
533
39
1
F
b
A
11
é recomendável que cê não deixe crescer muito... por que
isso dá uma aparência de desleixo... senão pode prejudicar a
imagem da empresa.
534
39
1
F
b
A
12
é.
535
39
1
F
b
A
13
bacana.
536
39
1
F
b
A
14
tem coisas melhores na vida.
537
39
1
F
b
A
15
bem kitsch.
538
39
1
F
b
A
16
não entendi muito bem a proposta... mas.. enfim.. sobre uma
certa ótica deve fazer algum sentido.
539
39
1
F
b
A
17
[silêncio] é... [silêncio] combina com o seu tom de pele.
540
39
1
F
b
A
18
gosto mais dele quando tão dirigindo ele pra mim.
541
40
2
F
b
B
1
ah... meu amor...está Ótima.
542
40
2
F
b
B
2
achei a reunião muito cansativa.
543
40
2
F
b
B
3
olha... talento você não tem... mas você pode continuar..
porque é uma coisa que você gosta de fazer.
544
40
2
F
b
B
4
eu prefiro a nossa comidinha brasileira.
545
40
2
F
b
B
5
não gostei. não está no capricho.
546
40
2
F
b
B
6
que peça linda.
547
40
2
F
b
B
7
não gostei.
548
40
2
F
b
B
8
você está Ótimo.
549
40
2
F
b
B
9
preferia o anterior.
550
40
2
F
b
B
10
preferia o cabelo grisalho.
551
40
2
F
b
B
11
olha... para a empresa seria melhor você dar um corte no
cabelo.
552
40
2
F
b
B
12
você está perfeita.
553
40
2
F
b
B
13
oh... meu amor... não tinha um aparelho um pouco melhor...
uma marca melhor não?
554
40
2
F
b
B
14
eu não entendo muito de modelos diferentes... pra mim
qualquer modelo serve.
555
40
2
F
b
B
15
achei muito bonito... muita criatividade.
556
40
2
F
b
B
16
não faz o meu estilo.
557
40
2
F
b
B
17
as cores estão muito vivas.
558
40
2
F
b
B
18
eu já tive esse carro e não gostei.
559
41
2
M
b
B
1
está razoável.
560
41
2
M
b
B
2
confusa.
561
41
2
M
b
B
3
acho que você precisa melhorar a voz.
562
41
2
M
b
B
4
bom.
563
41
2
M
b
B
5
ficou faltando algumas coisas.
564
41
2
M
b
B
6
diferente.
565
41
2
M
b
B
7
envelheceu um pouco.
566
41
2
M
b
B
8
acho que não.
567
41
2
M
b
B
9
não ficou muito bom.
568
41
2
M
b
B
10
ficou exótico.
569
41
2
M
b
B
11
acho que você precisa melhorar a aparência.
570
41
2
M
b
B
12
eu pensaria melhor na sua posição.
571
41
2
M
b
B
13
o barato sai caro.
572
41
2
M
b
B
14
achei dispensável.
258
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
573
41
2
M
b
B
15
cafona.
574
41
2
M
b
B
16
arte diferente.
575
41
2
M
b
B
17
as cores são alegres.
576
41
2
M
b
B
18
o carro é desconfortável.
577
42
2
F
b
C
1
não ficou muito boa.
578
42
2
F
b
C
2
achei que não foi muito proveitosa... eu não entendi muito
bem.
579
42
2
F
b
C
3
sei lá eu não tenho opinião nenhuma em relação a canto não
entendo de canto... de música.
580
42
2
F
b
C
4
não gostei.
581
42
2
F
b
C
5
achei que ficou faltando algumas coisas pra fazer... se você
podia dar uma passadinha lá e resolver.. né? terminar de
limpar.
582
42
2
F
b
C
6
diferente.
583
42
2
F
b
C
7
ah:: não gostei muito... mas é o jeito né? esperar crescer.
584
42
2
F
b
C
8
achei que fez bem... você tem que se sentir melhor... se tá se
sentindo melhor.. mais leve é importante.
585
42
2
F
b
C
9
ficou bom. gostei.
586
42
2
F
b
C
10
acho que vou precisar de um tempo para me acostumar à
nova cor.
587
42
2
F
b
C
11
não sei se seria bom pra imagem da empresa... acho que não
fica muito bom.. pro seu cargo.. o cabelo.
588
42
2
F
b
C
12
acho que tem que se sentir bem com a idade que parece né?
se você se sente bem com essa imagem é isso aí... isso é
que é importante... a artista não achava que estava bem e
resolveu fazer plástica
589
42
2
F
b
C
13
eu achei que ficou bonitinho... mas não sei se vai durar muito
tempo.
590
42
2
F
b
C
14
bonito.. moderno.. arrojado.. gostei.. combina com você.
591
42
2
F
b
C
15
gostei.. ficou colorido.. deu um pouco de vida pro jardim.
592
42
2
F
b
C
16
não gostei muito não.
593
42
2
F
b
C
17
ah:: são bonitas as camisas... gostei... um estampado vivo..
colorido.
594
42
2
F
b
C
18
bem... eu não me adaptei...mas se você gosta.. tá tudo certo.
595
43
2
F
a
B
1
o::lha... comi já comida melhor... mas.. assim.. você tá
tentando.. né? então vou fazer o quê? por hoje a gente
come... mas é preciso que você treine mais... porque
sinceramente.. não tá perfeito não.
596
43
2
F
a
B
2
bem.. assim... confesso que achei um pouco cansati:va. não
sei se é porque hoje eu também... né.. tive a faculda::de.. vim
pra cá direto... senti um pouco confusa.. né? mas acho que
você conseguiu passar o objetivo... acredito que as pessoas
tenham entendido.
597
43
2
F
a
B
3
é que no início tudo é difícil.. né? então imagino que.. como
você é iniciante.. as dificuldades são grandes. é:: assim... vou
ser honesta com você... me incomoda um pouco.. sim... mas
eu acho que você deve continuar tentando.. né? assim.. quem
sabe daqui a um tempo vai estar bem melhor, né?
598
43
2
F
a
B
4
o::lha é:: em nome da nossa amizade eu vou ser basTANte
sincera... sei lá.. eu sou mais um feijãozinho com arroz.. uma
batatinha.. né? um bifinho.. assim.. valeu pela experiência...
para conhecer... mas eu confesso a você que eu não comeria
de novo não
599
43
2
F
a
B
5
é::: eu não sei... sabe... assim... eu acho que não ficou muito
boa não... o que que foi que aconteceu? faltou tempo? você
precisava de alguma coisa? você estava com o horário em
cima? porque sinceramente... eu acho que podia ter ficado
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
259
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
melhor.. né? mas tudo bem... dessa vez passa... agora.. vê se
da próxima vez você não faz isso de novo.
600
43
2
F
a
B
6
bem diferen::te né? sinceramente eu não tinha percebido que
era uma cabeça de um cavalo... mas.. assim.. cada artista
tem o seu estilo.. né? e às vezes nem sempre a gente
entende a mensagem ou idéia que o artista quer passar...
mas eu acho que é interessan::te.. né? você tem que fazer
bastante mesmo para ir cada vez ficando melhor... se
aprimorando.. né? quem sabe você não vira um grande
artista?
601
43
2
F
a
B
7
ah:: você ficou diferen::te... tão esquisito... tô achando que
você ficou mais velho... eu não sei.. eu tava acostumada com
aquele seu cabelo.. né? assim.. sei lá.. você ficava com cara
mais de nenenzinho... agora tá com uma cara estranha... mas
de qualquer modo eu gosto de você.. né? então logo logo eu
vou me acostumar com isso.
602
43
2
F
a
B
8
ai... nossa... eu não tinha percebido... eu sou muito distraída...
eu não reparo muito nessas coisas não.. ah:: legal.. né? ficou
bom.. né? acho interessante.. assim.. no:::ssa que coisa
legal.. e:: quantos dias você ficou lá?.. assim.. e como é que
foi? conta pra mim... como é que foi a experiência lá?
603
43
2
F
a
B
9
pois é meni::na... eu tava assim olhando... ficou BEM
diferente... eu vou ser assim sincera... se eu te encontrasse
em outro lugar e não te conhecesse... porque a gente já se
conhece.. né? pelo menos de vista... eu diria que era outra
pessoa... porque.. assim.. no::ssa foi uma grande
transformação.. realmen::te ficou BEM diferente BEM
diferente mesmo.
604
43
2
F
a
B
10
ah:: sinceramen::te... eu preferia você como estava antes...
não sei se é porque tô acostuma::da.. né?... com seu jeito
como era... mas é que ficou tão esTRA::nho... sei lá... não
pare:ce você... tá diferen::te tá esquisi::to... ai... cê me
desculpa a sincerida::de... mas não dá pra disfarçar não... eu
pelo menos não gostei.
605
43
2
F
a
B
11
o::lha só... deixa eu te dizer uma coisa... eu não tenho NA::da
contra cabe:los gran:des... acho muito bonitos... quanto mais
bem trata::dos melhor... mas:: eu vou ser muito hones::ta com
você... é::: isso tá fora do padrão da empresa... e:::.. assim..
eu vou te avisar lo::go que se eu for chamada a atenção
quanto ao seu cabelo.. eu vou ter que conversar com você..
ou você vai ter que cortar:: ou:: então vou ter que te
dispensar:: porque.. você já conhece as nor:mas.. e sabe que
esse perfil não é permitido aqui.. né? então você já tá
avisa::do... depois você não reclama comi::go.. né?
606
43
2
F
a
B
12
é:: pois é... né? é mesmo? que interessan::te... é::: eu não sou
muito boa.. assim.. pra dar idade pras pessoas não.. pois é..
mas você é::.. NO::ssa... que leGAL... pois é...
sinceraMEN::te.. eu.. assim.. é::.. você parece mais nova
né?... assim... realmente... e tudo é::: eu concordo com você.
607
43
2
F
a
B
13
ah:: não acreDI:::to que você comprou esse... assim NÃO...
valeu a intenção... mas é que.. assim.. esse é PÉ:::ssimo...
ele é muito RUIM... todo mundo que compra fala mui:::to
mal... você jogou seu dinheiro fora.. por que logo logo a gente
vai ter que colocar na assistên::cia... ai meu Deus... tem como
trocar por outro?.. eu aju:do eu.. eu.. coloco o valor a mais pra
poder a gente comprar um aparelho melhor... até porque não
adianta ter um aparelho que funciona e depois dá defeito.. e::
ai.. você vai ficar aborrecido.. né? vai até dizer que é uma
PORcaria... e no fundo no fundo.. é.. né?.
608
43
2
F
a
B
14
o::lha é:: eu não sou muito ligada em celular não... celular pra
mim só serve pra duas coisas... pra.. receber mensagem...
passar mensagem... receber ligação e fazer ligação... pra
mim.. isso é supérfluo... assim.. mas:: é muito boni::to.. né? se
você gos::ta... acho que vale a pena ter... mas no meu caso...
não acho muito interessante aparelho tão sofisticado.
609
43
2
F
a
B
15
pois é.. né?... assim... eu vi que tem umas figu::ras... Branca
de Neve é? e os sete anões.. pois é::.. é interessante.. né?...
fica com um ar.. assim.. de fantasia... me lembra muito contos
de fadas... coisas de criança... é bonitinho.. né?
260
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
engraçadi::nho.. né?
610
43
2
F
a
B
16
a::i... não sei... é diferen::te pra caramba... EU..
sinceramente.. não compraria pra mim não... acho tão::... sei
lá... acho que ia ficar esquisi::to... não gosto muito dessas
cores que foram usadas... desse jeito assim...é:: diferente
demais pra mim... eu... às vezes eu acho que sou meia
clássica.. sabe? até um pouquinho cafona... eu acho que.. pra
mim.. não combinaria não... mas se você gostou.. né? foi
ótimo.
611
43
2
F
a
B
17
pois é... assim... são boNI::tas as camisas... intereSSAN:::tes..
assim ..você tem.. assim.. um even::to especial pra usar?
não.. porque.. assim.. prá trabalhar::... dependendo do que
você for fazer.. quem estiver aqui na empresa... eu acho que
chama muito a aten::cão.. né? de repente fica interessante
pra você sair com sua namorada... pra uma balada... algo
parecido... mas realmen::te.. elas são chamativas... não sei se
combinaria com o padrão da empresa... sei lá... tô dan::do só
uma opinião né? na verdade
612
43
2
F
a
B
18
pois é... eu já tive um de::sse... confesso que::: não deu muito
certo pra mim não... eu achei ele um pouco complica:::do..
achei ele peque:::no... não sei.. sabe.. cada um tem um gosto
diferente... talvez com você seja legal... mas.. pra mim.. não
foi uma boa experiência não... sinceraMENte... eu..acho
melhor o que eu estou usando agora.
613
44
3
M
a
A
1
a comida estava excelente... foi você que fez... então foi muito
bom.
614
44
3
M
a
A
2
a reunião foi profícua... atingiu seus objetivos.
615
44
3
M
a
A
3
realmen::te eu admiro muito lições de canto por isso achei
que foi válida a sua aul... a aula canto que você está tendo.
616
44
3
M
a
A
4
o jantar estava excelente.
617
44
3
M
a
A
5
a limpeza foi muito bem feita realmente não tenho nada a
reclamar.
618
44
3
M
a
A
6
na realidade... o objetivo foi distorcido.. eu vim aqui prá andar
de táxi.. mas o seu trabalho está razoavelmente bom... não
era bem o objetivo esse.. mas está razoavelmente satisfatório.
619
44
3
M
a
A
7
eu achei que você estava melhor com o corte anterior... esse
corte não me agradou muito.
620
44
3
M
a
A
8
na minha opinião... você não perdeu os quilos que deveria
perder porque::: você continua mais ou menos com a mesma
compleição física de anteriormente.
621
44
3
M
a
A
9
é:: realmen::te... com relação ao nariz anterior você melhorou
de aparência.
622
44
3
M
a
A
10
é:: eu achei que o::: com o cabelo anterior.. estava mais
condizente com a sua personalidade.. com esse novo cabelo
não vi muita::: muita::: é::: coerência em relação a sua::: a sua
aparência física... sua personalidade.
623
44
3
M
a
A
11
eu acho que você deve deixar que todos usem o cabelo de
acordo com a vontade de cada... um isso está in::: inserido na
personalidade de cada um deles.
624
44
3
M
a
A
12
eu penso que você deveria se contentar com a sua aparência
por que cada um tem a sua::: é:::: a sua individualidade e
essa individualidade deve ser preservada... ela tem a
aparência dela e você deve ter a sua aparência.
625
44
3
M
a
A
13
o aparelho de dvd completa realmente:::.... o:::... a:::... os
aparelhos que deveriam ter dentro de casa... então era o que
estava faltando... esse aparelho completa realmente o
conjunto de aparelhos necessários a uma casa.
626
44
3
M
a
A
14
celular é muito bom e atende a tudo aquilo que você deseja..
não só a você mas a mim também...então achei interessante
a aquisição desse celular... é completo.
627
44
3
M
a
A
15
eu achei que o::: a:: aquisição dos... dos anõezinhos atendeu
às expectativas de vocês.. mas a mim particularmente não me
interessou muito não... achei interessante a maneira como
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
261
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
vocês fizeram o dispositivo aí dos bonequinhos no:: no::
jardim... mas a mim não disse muito não... porque eu não..
não cuido muito de jardim... não é a minha área não.
628
44
3
M
a
A
16
esse quadro não faz muito meu estilo não.. entendeu?... tipo
de::: pintura renascentista não é::... não tem muito a ver
comigo não... por isso não... pra mim foi indiferente a
confecção desse quadro.
629
44
3
M
a
A
17
essas camisas a mim particularmente não agradaram muito...
devem ter agradado muito a você porque você achou melhor
comprá-las...mas a mim particularmente não disseram muito...
achei que a compra foi::... inconsistente.
630
44
3
M
a
A
18
embora eu veja algumas coisas que não me agradem muito
no carro... achei que ele atende ao objetivo.. entendeu? que é
você se deslocar de um lugar para outro... mas a mim
particularmente não gostei muito do carro não.
631
45
3
F
b
C
1
meu amor::.. você na cozi::nha é uma negação... mas ta
ó::timo dá pra comer... é comível
632
45
3
F
b
C
2
não entendi NAda
633
45
3
F
b
C
3
a mim não incomoda
634
45
3
F
b
C
4
razoÁvel
635
45
3
F
b
C
5
é:: poderia ser melhor
636
45
3
F
b
C
6
o::lha... não é muito interessan::te... mas é razoável né? se
você caprichar mais um pouqui::nho.. vai sair bem melhor
637
45
3
F
b
C
7
não gostei... poderia deixar como esta::va né?
638
45
3
F
b
C
8
eu a::cho que você teria que escolher outro SPA.. porque
esse não aprovou.
639
45
3
F
b
C
9
não notei diferença alguma.
640
45
3
F
b
C
10
ah::... poderia ser melhor... porque essa cor não ficou muito
bem prá você.
641
45
3
F
b
C
11
eu a::cho que... você teria que ir a um barbei::ro fazer um
novo corte::: para melhorar um pouco o visual... dessa forma
não tá legal.
642
45
3
F
b
C
12
acho que não.
643
45
3
F
b
C
13
eu acho que não.
644
45
3
F
b
C
14
eu supo::nho que essa marca não é muito confiável... você
teria que ter pesquisado mais... comprado um outro... uma
outra marca mais.. mais... mais legal né? que essa daí não é
muito confiável... já falei né?
645
45
3
F
b
C
15
pra mim... ele não tem tanta utilidade assim... é um bem pra::
uma emergên::cia... na hora que você.. precisa.. ele esteja
sempre à disposição... mas não que seja tão importante
assim.
646
45
3
F
b
C
16
se fosse... se EU fosse você... eu não levaria pra casa esse
quadro não.. ele tem...é um pouquinho cafo::na ele não... não
vai se adaptar muito bem a tua... não é... não é
aconselha:::vel você botar:: na sua parede um quadro de::sse
tão... tão vulgar
647
45
3
F
b
C
17
achei uma coisa... essas cami::sas de tão mau gosto.. que eu
não levaria pra casa de maneira alguma... nem vestiria
648
45
3
F
b
C
18
sinceramen::te.. acho que esse carro não é um dos
melhores... tem outras marcas mais...eh... que se adapta
melhor... são mais práticas.. mais confortáveis.. essa marca aí
já troquei um não gostei.
649
46
3
F
b
B
1
eu achei a comida mais ou menos... quanto ao sal.. ela estava
com muito pouco sal... eu levo o saleiro prá mesa e completo
com o saleiro
650
46
3
F
b
B
2
não gostei da reunião... faltou explicar com mais deta::lhes..
pra mim entender o que eu vou resolver
262
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
651
46
3
F
b
B
3
bom... com bastante estudo talvez você consiga chegar lá...
mas por enquanto você tá ruim pra caramba.
652
46
3
F
b
B
4
PÔ não gostei muito não... mas se os convidados gostaram..
tudo bem prá mim.
653
46
3
F
b
B
5
ah estou muito zanga::da.. porque a limpeza foi mui:::to
precária... acho que você podia eh:: fazer as coisas mais bem
feitas.
654
46
3
F
b
B
6
o trabalho tá mui::to boni::to... eu espero que você continue e
aperfeiçoe cada vez mais.
655
46
3
F
b
B
7
não gostei NAda... preferia o corte antigo... não estou
gostando.
656
46
3
F
b
B
8
eu acho que ainda está faltando um pouqui::nho mais para
você chegar ao ponto ideal.
657
46
3
F
b
B
9
está bom né? você gostou? Porque se você gostou está
ótimo.
658
46
3
F
b
B
10
não gostei... preferia os cabelos brancos... ficava muito mais
bonito em você
659
46
3
F
b
B
11
achei PÉ::ssimo... você com o cabelo cortado fica muito mais
jovem e parece muito mais limpo
660
46
3
F
b
B
12
dou nada... importância nenhuma prá artista.
661
46
3
F
b
B
13
é muito melhor você trocar... porque essa marca não é muito
confia::vel... e o problema de ter um defeito mais rápido do
que nós pensamos... então acho que::... enquanto tá compra
recente... vamos trocar por um outro... outra marca
662
46
3
F
b
B
14
muito boni::to... não faz meu gênero mas... eh eh modelo é
bonito.. nas horas de sufoco eu acho muito válido.. mas não
tenho grande empenho em comprar um igual
663
46
3
F
b
B
15
as plantas estão lindas... muito bonito o jardim... eu me
encanto com as flores... só isso
664
46
3
F
b
B
16
eu não vou desgostar o meu amigo né?... Portanto.. o quadro
é bonito... bonito.. muito lindo..
665
46
3
F
b
B
17
você gostou das tuas camisas... então use-as com bom.. com
bom gosto e aproveite bastante
666
46
3
F
b
B
18
está muito bonito... que você tenha bastante saúde para
poder aproveitar o carro.
667
47
2
F
b
C
1
tá ótimo... pode melhorar um pouquinho.
668
47
2
F
b
C
2
eu achei que deveria ter outras posições.. eh:: outros eh:: uma
forma mais prática.. mais fácil de você estar exemplificando o
que você tá querendo...eu vou dizer exatamente o que eu
achei
669
47
2
F
b
C
3
ah... eu acho ó::timo que a pessoa tente fazer aquilo que ela
gosta... agora.. ela tem que ver os horários em que ela tá
fazendo isso né?... Dependendo do horário.. claro que vai
importunar né?
670
47
2
F
b
C
4
eu achei bastante diferente... mas eh:: realmente pro meu
paladar não agradou
671
47
2
F
b
C
5
você poderia ter feito um pouquinho melhor... ter caprichado
..porque não ficou de acordo.
672
47
2
F
b
C
6
eu achei bastante interessan::te... mas você vai ter que treinar
um pouquinho mais... porque não tá parecendo um cavalo
não.
673
47
2
F
b
C
7
ficou diferente... mas da próxima vez cê me consulta antes de
fazer essa besteira
674
47
2
F
b
C
8
cê realmente já sentiu alguma diferença nas suas roupas?
675
47
2
F
b
C
9
eu acho que se você gostou tá Ótimo.
676
47
2
F
b
C
10
eu prefiro o antigo... cê ficava muito mais bonito
677
47
2
F
b
C
11
eu vou perguntar o que você pretende né?... Se vocÊ tá
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
263
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
querendo realmente continuar sendo um vendedor... você tem
que se preocupar muito com a sua imagem que é tudo.
678
47
2
F
b
C
12
ah eu acho que se você se acha com menos de quarenta
anos ..ótimo... porque quem comanda é a cabeça... o corpo
não manda tanto
679
47
2
F
b
C
13
foi o mais barato?... vai dar proble::ma ...mas tudo bem..
vamos aproveitar enquanto está funcionando.
680
47
2
F
b
C
14
eu achei excelen::te.. bonito... tá te agradando... tá suprindo
todas as suas necessidades... Ótimo.
681
47
2
F
b
C
15
achei realmente a família bastante agradável.
682
47
2
F
b
C
16
bastante original
683
47
2
F
b
C
17
as cores são bastante gritantes hein?
684
47
2
F
b
C
18
eu já tive um modelo desse e achei realment::e bastante
insatisfatório.
685
48
2
F
b
B
1
está ótimo
686
48
2
F
b
B
2
mais ou menos
687
48
2
F
b
B
3
cê está bem
688
48
2
F
b
B
4
está uma delícia
689
48
2
F
b
B
5
hoRRÍvel
690
48
2
F
b
B
6
criativo.
691
48
2
F
b
B
7
maravilhoso
692
48
2
F
b
B
8
mais ou menos
693
48
2
F
b
B
9
melhorou
694
48
2
F
b
B
10
hoRRÍvel
695
48
2
F
b
B
11
deve ficar bem
696
48
2
F
b
B
12
tá bem jovem
697
48
2
F
b
B
13
esse não é bom.
698
48
2
F
b
B
14
é muito chato
699
48
2
F
b
B
15
não gostei
700
48
2
F
b
B
16
interessante
701
48
2
F
b
B
17
hoRRível
702
48
2
F
b
B
18
bom.
703
49
2
M
a
A
1
muito boa
704
49
2
M
a
A
2
parece ser objeti::va::... mas a gen::te tem que é::: conversar
um pouco mais sobre ela
705
49
2
M
a
A
3
bom... eu.. eu a::cho que as suas aulas podem ser um pouco
ma::is.. é:: técnicas... eu acho que você deveria pensar um
pouquinho mais nisso
706
49
2
M
a
A
4
é::... eu não tô acostumado a... a utilizar desse tipo de
comida... mas achei interessan::te
707
49
2
M
a
A
5
bom... você:: não fez a limpe:::za ontem.. né?.. conforme
pedido... mas será que ho::je você pode voltar e dar uma
olhada novamen::te?
708
49
2
M
a
A
6
eu achei diferen::te o seu traba::lho.. mas você pode me
explicar melhor... do que se trata
709
49
2
M
a
A
7
eu acho que você::... acho você deve... acho que ficou
interessan::te né?... você se sentiu bem com o cor::te... mas
você deve pensar.. deve olhar melhor... deve se olhar melhor
e prá ver.. quem sabe.. você fica mais bonita revendo o corte
710
49
2
M
a
A
8
você deve continuar::: a fazer a die::ta e quem sa::be voltar ao
SPA e dar continuida::de... vai te fazer bem
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PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
711
49
2
M
a
A
9
você achou que ficou bom?... então ficou bom
712
49
2
M
a
A
10
eu achei exceLENte... eu acho que você deve continuar...
você também deve ter ficado satisfei::to... tá legal
713
49
2
M
a
A
11
eu gostaria de fazer uma sugestão para você.. com respeito
ao seu perfil.. seu visual.. e tal.. e espero que você venha
gostar da minha::: da minha opinião
714
49
2
M
a
A
12
eu acho que se você tá se achando melhor do que a artista...
eu acho que você deve continuar dessa forma
715
49
2
M
a
A
13
você perguntou ao vendedor se essa marca era uma marca
boa?... se ele disse que essa marca é boa.. e confia::vel... eu
tô de acordo.
716
49
2
M
a
A
14
bom... esse... esse seu celular pode ser que não seja o
melhor do mercado... mas eu achei interessante.
717
49
2
M
a
A
15
eu achei ó::timo... eu achei ó::tima essa.. essa atitu::de de
vocês de.. de estar trabalhan::do em cima do jardim... de estar
podan::do o jardim... pôxa que legal
718
49
2
M
a
A
16
bom... eu achei diferen::te... mas é:: se você gosta também..
ótimo
719
49
2
M
a
A
17
bem exóticas
720
49
2
M
a
A
18
já tive um pareci::do.. é:: na época até que deu um certo
trabalho.. e tal.. mas eu resolvi trocar por um outro.. um outro
tipo de carro
721
50
2
M
b
C
1
bom... tá boa... só que:: não sei... acho que tá meio sem sal...
não... tá::... faltou um pouco.. entendeu?... eu acho que você
podia ter ter tomado mais cuidado com isso.. mas.. prá mim tá
bom... dá prá comer
722
50
2
M
b
C
2
foi boa sim... foi produti::va.. eu acho que deu prá gente::...
é::... ver todos os aspectos.. é:: é:: o:: o:: andamento das
coisas... foi como previsto
723
50
2
M
b
C
3
ah:: eu acho que tá legal... acho que você pode melhorar
sempre... você tá indo bem no seu.. tá evoluin::do.. eu tô
sentindo a evolução... assim.. a cada dia que você canta..
assim.. eu percebo que você tá melhoran::do
724
50
2
M
b
C
4
pô:: ca::ra.. sei lá.. essa comi::da é muito diferen::te.. num..
não gostei muito não.. entendeu?.. sei lá.. não gostei não
725
50
2
M
b
C
5
o::lha... eu acho que você limpou bem... mas algumas coisas
você não tomou muito cuida::do.. assim.. eu acho que você
devia dar uma... tomar mais cuida::do... prestar mais atenção
em algumas coisas que ficaram penden::tes
726
50
2
M
b
C
6
interessante... legal... gostei
727
50
2
M
b
C
7
o::lha... eu achei legal... mas é:: sabe que eu prefiro cabelo
longo... acho que você devia ter me pergunta:do antes o que
eu acharia... não ago::ra.. não dá mais prá botar de volta
728
50
2
M
b
C
8
é:: eu a::cho que você tá bem... você... eu acho que valeu a
pena você ter ido lá... melhorou... ficou bem
729
50
2
M
b
C
9
eu acho que ficou legal... eu acho que::.. assim.. se você se
sente bem.. é:: se tava te incomodan::do e você mudou.. acho
que cê fez o certo... você tem que fazer aquilo que a gente
acha que vai agradar melhor né?... assim.. que vai agradar
prá você... então
730
50
2
M
b
C
10
pô::.. ca::ra... sei lá... eu acho que você tava melhor an::tes...
mas se você tá::... se você acha legal assim... eu acho que
esse nego::cio do cabe::lo ser bran::co não tem nada a ver...
se... se você prefere pintar.. eu prefiro... prá mim ta::va bom
do jeito que ta::va... assim... eu como teu amig::o... eu acho
que você até se dava melhor com as mulheres
731
50
2
M
b
C
11
o::lha... eu acho que prá::... prá::... sua situa:ção aqui..
profissional... não é interessante que você mantenha o seu
cabelo comprido... entendeu?... eu acho que você tá::
arriscan::do aí.. é::: a::: a sua estabilida::de no emprego..
entendeu?.. por causa disso
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estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
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50
2
M
b
C
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ah::... eu acho que você tá:: bem.. mas... pô::.. eu acho que:..
não sei se você tá isso tudo não
733
50
2
M
b
C
13
porque você não falou comigo antes?... essa marca::... não
confio nela pô:: e aí pô:: esse aí não tem nada... não dá prá
ouvir MP3.. não dá prá ver foto.. não dá prá gravar... pô:: você
podia ter me consultado antes de comprar entendeu?... eu
acho que podia ser melhor
734
50
2
M
b
C
14
ah:: cê diz que não vive sem ele... mas quando sair um
melhor você já tá:: trocan::do
735
50
2
M
b
C
15
ah::.. eu acho que agora vocês têm é que comprar uma
estátua do Pinó::quio também... dos Três Porqui::nhos... eu
acho que vai ficar legal.. assim.. o... o jardim sabe.. é:: é:: com
os contos de fadas.. vai ficar legal
736
50
2
M
b
C
16
sei lá::... esse tipo de arte não me toca.. eu acho que:..
assim.. quadro tem que ser uma coisa que eu olhe de longe e
ele me chame a atenção... não mexeu comigo não
737
50
2
M
b
C
17
ah::... legal essas camisas... só que:: assim... não é o meu
esti::lo... eu não usaria entendeu?... mas se você gosta
738
50
2
M
b
C
18
pô::... ca:ra.. eu eu já tive um carro desse.. eu não gostei
muito não... mas você tá achan::do ele legal... de repen::te é
porque você comprou ele ago::ra... e ainda não viu os
problemas de::le mas quando eu tive só me deu dor de
cabeça
739
51
1
M
b
B
1
tá bom... eu só acho que tá faltan::do um pouqui::nho mais de
sal... não sei.. talvez na próxima vez.. você melho::ra.. não
sei.. mas tá bom sim
740
51
1
M
b
B
2
eu entendi a idéia principal... as metas e tal.. só que:: eu acho
que:: o senhor deveria concatenar melhor as idéias na hora
da apresentação... eu achei que ficou um pouco confuso.. não
sei se todos tiveram a mesma impressão que eu.. mas de
repente.. pode ser melhor trabalhado para que não haja essa
impressão por parte das outras pessoas
741
51
1
M
b
B
3
nossa tô:: acho interessante que você faça can::to e tal... só
que:;... já que você tocou no assun::to.. eu vou falar.. não vou
mentir prá você... TÁ me incomodando um pouquinho sim...
é:: não sei se de repente dá prá gente ver a questão de
hora::rio.. prá você fazer... eu sei que você tem as suas
necessidades.. eu também tenho as minhas... mas acho legal
você estar perguntando... então vou me colocar então.. eu
acho que de repente a gente combina né?... você não vai
ficar cantando o dia todo eu também não tenho que estudar o
dia inteiro né?... de repente dá prá gente ver um horário
assim.. não sei.. eu não quero que você pare de cantar... acho
muito interessante que você cante... assim como faço as
minhas atividades.. mas de repente dá prá gente combinar...
que tal... o que você acha?
742
51
1
M
b
B
4
olha... eu adorei a experiência de estar comendo essas
comidas que você trouxe... assim..eu não pude estar lá né?
mas assim adoro essas coisas exóticas... adoro antropologia..
você sabe e tal... mas é::.. assim.. valeu pela experiência...
mas eu não... eu não gostei dos pratos não... se fosse prá eu
comer a semana inteira.. eu não comeria não cara
743
51
1
M
b
B
5
olha eu... eu conversei com você prá ver se você podia dar
um jeito aqui e tal né?... só que:: acho que você não.. não..
não sei se você esqueceu... não sei.. mas acho que houve
algum equívoco.. porque parece que você não fez o que eu
pedi prá você fazer... o que que houve?
744
51
1
M
b
B
6
no::ssa.. eu adoro trabalhos manuais... acho muito
interessante. é:: sabe o que eu acho? acho que você deve
continuar.. inclusive com o seu trabalho manual. é:: Ótimo prá
se distrair e tal.. e quem sabe... se o senhor achar
necessário... tem alguns cursos ótimos.. assim.. que dá prá
aperfeiçoar... o senhor vai poder aperfeiçoar a sua técnica..
conhecer novas formas de artesanato.. talvez seja produtivo
pro senhor ...se o senhor estiver interessado.. mas tá ótimo..
continua assim
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Referências Bibliográficas
745
51
1
M
b
B
7
ah ficou legal... tá coerente com seu com seu rosto e tal...
mas eu preferia.. cê sabe que eu gosto de cabelo comprido..
eu preferia cabelo comprido.. não vou mentir prá você que eu
preferia.. cê sabe disso.. mas tá legal.. o cara fez um bom
trabalho.. mas eu preferia cabelo comprido.. cê sabe
746
51
1
M
b
B
8
nossa é:: assim... não dá... quando olhei o senhor..
aparentemente.. eu não percebi que o senhor tinha perdido
alguns quilos.. mas olhando bem assim... pelo menos o
senhor tá com uma expressão Ótima.. o SPA fez muito bem
pro senhor
747
51
1
M
b
B
9
ah eu acho que não precisava cê ter feito plástica né?... mas..
assim.. já que você fez, tá ótimo. acho que se você tá se
sentindo bem.. é o que importa... valeu a pena
748
51
1
M
b
B
10
ca::ra nem te reconheci... cara acho que:: assim.. cê quer
pintar o cabelo... acho que tá legal.. mas.. assim.. tá legal..
assim.. você ficou mais jovial e tal... mas eu acho que essa
nuance:: acho que cê tem que dar uma olhadinha, cara..
talvez.. assim.. um pouco no sol alguns fios ficam um pouco
artificiais.. assim.. é só alguma coisa tênue.. assim.. só prá te
dar uma dica mesmo... talvez tenha que dar uma::... mudar a
coloração... não sei... não sei se você tem essa impressão..
às vezes é porque eu tô te vendo agora.. não sei
749
51
1
M
b
B
11
bem... eu.. se você prefere o cabelo comprido eu acho
interessan::te.. assim.. não sei... mas de acordo que não
agrida sua imagem aqui na firma né?.. contanto que você
trate direito né?... mas cê tá perguntando a minha opinião...
se fosse você eu deixa:va no máximo do jeito que tá... mas
isso é você quem sabe não sou eu que vou dizer
750
51
1
M
b
B
12
ah é mesmo... a senhora tá melhor que ela hein?
751
51
1
M
b
B
13
ah briga::do... meu Deus... brigado mas.. assim.. se eu fosse
comprar essa marca.. não sei.. aparentemen::te não é muito
confiável.. compreende? mas.. assim.. adorei... mas não se
de repente a gente tem que tomar um pouco de cuidado... não
vou mentir prá você... mas eu adorei a surpresa.. brigado
752
51
1
M
b
B
14
no::ssa... ótimo hein?... é bom que você o que você precisar
fazer você faz né?... daqui a pouco vai ter celular:: que faz a
barba da gen::te.. vai ter um monte de coisas né? [risos]
assim... eu não.. eu não.. eu não vejo... não.. não vejo::: prá
mim celular não.é útil desse mo:do né?.. mas é::: já que:: o
senhor pode usufruir disso né?... tomara que o senhor
consiga né? usufruir de tudo né? mas é:: ótimo
753
51
1
M
b
B
15
NO::ssa.. cê sabe que quando eu olhei assim à primeira vista
eu fiquei.. GENnte.. o que que é Isso? essa Branca de Neve
aí:: né?.. no jardim do pessoal... mas aqui eu acho que tá:: tá
bem colocado né?... tá num espaço leGAL... tá uma distância
considerável uma peça da outra... tá::: tá interessante sim
754
51
1
M
b
B
16
NO::ssa... eu.. olha...do quadro eu não gostei não... não sei
se eu não consegui entender::.. não sei. mas.. assim.. até prá
uma peça:: assim.. de decoração.. assim.. eu acho que não
consegui entender... não gostei muito não. mas não sei. de
repente tem a ver com você né?... é isso que importa.. assim..
mas eu não gostei
755
51
1
M
b
B
17
ó::: gostei muito do modelo das camisas... assim.. só achei as
cores vibrantes demais assim.. né?.. mas dependendo do
lugar onde você vai usar... tranqüi:lo
756
51
1
M
b
B
18
o::lha.. eu tive alguns probleminhas com esse carro.. inclusive
troquei... olha só.. você tá falando um monte de coisa boa do
carro.. eu acabei de trocar porque tem uns problemi::nhas de
mecâ:::nica e tal... eu não sei se é o meu carro
especificamente.. ou se é:: é o modelo de modo geral né?..
toma::ra que você não tenha esse tipo de problema.. mas eu
acabei de trocar um carro desse... curioso você estar falando
isso
757
52
1
M
b
A
1
boa
758
52
1
M
b
A
2
bastante produti::va
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estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
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52
1
M
b
A
3
é::: um saco né? Eu:::... assim... não gosto muito de
mu::sica... principalmen::te quando incomoda né? Então...
acho que se estiver incomodan::do eu falo a realida::de...
você procura outra coisa prá fazer... é isso aí
760
52
1
M
b
A
4
é:: não gostei... não gostei
761
52
1
M
b
A
5
pé:: ssima
762
52
1
M
b
A
6
é::: não gostei do traba::lho do senhor... não gostei
763
52
1
M
b
A
7
é::: não gostei do corte de cabe::lo... não gostei
764
52
1
M
b
A
8
é:: realmente é... legal.. bacana... isso aí
765
52
1
M
b
A
9
ficou legal... tá boni::to
766
52
1
M
b
A
10
o que que você fez no seu cabe::lo? Eu não gostei nada
di::sso
767
52
1
M
b
A
11
acho que você tem que aparar mais o cabe::lo.. e:: aparecer
na empresa com uma performance melhor
768
52
1
M
b
A
12
é:: eu:: não sei... melhor:: você dar mais uma olha::da no
espe::lho.. se ver melhor né?
769
52
1
M
b
A
13
é:: você comprou essa marca... essa marca não PRESta...é
melhor pesquisar melhor... um preço... pesquisar na internet..
em alguma loja.. fazer mais algumas economias e compraria
uma coisinha melhor né?
770
52
1
M
b
A
14
é:: celular bastante interessan::te... bastan::te... com uma
tecnologia muito boa... mas prá mim... no meu uso.. eu
prefi::ro um simples.. um que eu possa falar:: com urgên::cia..
que eu possa me comunicar com urgên::cia com meus
família::res.. com minha espo::sa.. com meus ami::gos.. e até
mesmo para atender necessidades da empresa... então o
meu celular.. prá mim é isso... eu não gasto compran::do um
celular caro.. um super celular.. vamos dizer assim.. com
câ::mera.. MP3... prá mim.. um simples.. prá mim já tá legal
771
52
1
M
b
A
15
é:: olha só::.. ficou muito baca::na o trabalho de vocês né?
meus parabéns... meus parabéns prá vocês né? é isso aí
772
52
1
M
b
A
16
olha... eu não gosto desse esti::lo... mas como que foi da tua
preferên::cia... do teu gosto... meus parabéns por adquirir
esse quadro
773
52
1
M
b
A
17
é:: eu... olha só... é:: essas camisas.. você adquiriu pela sua
preferên::cia.. pelo seu gosto.. mas eu não gosto desse
estilo... eu não uso esse estilo
774
52
1
M
b
A
18
eu já tive esse ca::rro... já tive alguns proble::mas com esse
carro... eu pessoalmen::te desfrutei coisas boas.. e também
tive alguns probleminhas com o carro... então eu
particularmen::te não gostei desse carro.. porque ele me
trouxe alguns problemas e tal... mas você.. como é seu carro..
né? que você possa fazer bom uso.. que você possa.. né?
gostar dele.. enfim
775
53
1
M
b
C
1
é:: tá um pouquinho sem sal... mas tá legal
776
53
1
M
b
C
2
não entendi muita coisa não
777
53
1
M
b
C
3
o::lha... acho que você poderia melhorar um pouquinho né?...
mas enquanto isso pô:: dava prá abaixar um pouquinho o som
778
53
1
M
b
C
4
o::lha... na realida:de muito legal... só que o meu negócio é
mais arroz e feijão
779
53
1
M
b
C
5
ah:: você já limpou?
780
53
1
M
b
C
6
pô:: legal
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1
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7
é:: ficou bem diferen::te né?.. mas continua gatinha
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pô:: ca::ra... não sei não... não sei... não me liguei muito não
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9
bom::... ficou bem diferen:te né?.. mas só que... sei lá... ficou
um pouquinho estra::nho.. mas se você gosta.. fazer o quê?
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1
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b
C
10
pô::... ficou bem diferen::te... acho que... sei lá... demorei um
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Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
pouco pra reconhecer... mas dá prá acostumar
785
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1
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b
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é::: eu acho que você vai ter que dar um jeito nesse cabelo
aí::... porque do jeito que tá... não vai dar prá continuar não
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bem::... não sei... se você acha.. fazer o quê?
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achei pô:: uma boa iniciati::va... só que::... você podia ter
espera::do.. prá gente poder decidir junto né?.. pô::... já falei
várias vezes.. a gente tem que decidir tudo junto
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14
achei bem interessan::te... quase um computador né?.. só::...
prá mim não serve muito.. porque:::.. eu acho que o
interessan::te do celular é falar.. e falar bem.. só que::: já que
você gostou né?.. gosta dessa situação... é quase um
computador... prá você eu acho que vai ser uma boa
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1
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é realmen::te interessan::te a::.. a:: que vocês montaram...só
que eu não sou muito chegado nessa situação não
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pô:: sinceramen::te... não... não achei muito interessan::te
não... mas.. sei lá.. não gosto muito não
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é prá quem gos::ta acho que é uma boa né?... eu não usaria
não.. mas já que tu gosta
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18
ah:: sinceramen::te eu já tive um desse e não gostei muito
não... se eu fosse você.. sei lá.. compra::va.. eu via um
mode::lo.. tipo::... modelo mais barato.. mais fácil de se
manusear.. porque:: esse na realida::de é meio problemático
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1
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A
1
está uma delí::cia.. mas é::.. preferiria que::... me passa o sal
aí amor.. porque tá:: meio::... eu gosto de mais salga::do...
hoje me deu vontade de comer mais salgado
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é:: bom... eu achei confu::sa em alguns pontos... mas em
geral... a gente poderia::... tá reven::do alguns pontos... mas
foi positi::va
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3
pô:: cara... eu acho que você teria que procurar um
profissional mesmo do canto... que se você é::... com o pouco
tempo que você ficar com um profissional de verDAde... você
vai longe
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1
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4
é:: bom... prá quem aprecia deve tá uma bele::za... mas como
eu não sou... bom... nunca comi essa comida.. não achei
muito boa... porque não estou habitua::do.. mas.. tudo bem
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1
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5
bom dia meu ami::go... pô não achei legal a limpeza não..
acho que você poderia rever alguns pon::tos.. tipo ali ó:::..
gostaria que você desse uma limpadi::nha ali naquela..
naquele cantinho ali... mudasse aquela.. aquele negócio ali
de posição... porque ali tem muita sujeira ali por detrás...
mas... depois dá uma atenção legal aí::.. pô::.. beleza
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bom.. é::... eu não sou a pessoa mais adequada prá te dizer
i::sso... até porque prá te dizer a verda::de.. eu não sou... não
sou muito adepto a artes... essas coi::sas... não... prá mim..
se eu fosse te dizer a verda::de.. eu diria:: que tá::... que eu
não identifiquei:.. que eu não vi:.. mas me parece assim..
que::.. consideran::do que eu sou lei:go.. parece que tá legal...
que você precisa somente aprimorar
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1
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7
bom::... amor.. pô:::... você tá lin::da.. mas assim... eu gosto
de você do jeito que você é... é::.. você ficou lin::da... e:: eu
acho que você tá muito conten::te com isso... mas o jeito que
sempre me agradou bem mesmo.. foi do jeito que você
sempre era.. mas você tá lin::da
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pô:: parabéns
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ah:: ca::ra... eu achei sinceramen::te... eu achei que ficou um
pouco melhor do que tava antes.. e acho que você não
deveria gastar dinheiro... porque a diferença foi muito pouca
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pô:: pô:: meu ami::go... eu achava você manei::ro com
aque::le... com cabelos... com aque::le ar.. assim.. aque::le..
aque::les cabe::los brancos te davam um ar... assim.. de
sá::bio ou uma pessoa mais madu::ra... pô::.. volta pro cabelo
do jeito tava antes.. fica melhor
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
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11
é::: eu acho que não fica legal não.. eu acho que você deveria
até abaixar um pouqui::nho.. porque:: bom.. você já::.. já::..
pegou opinião com outras pessoas? bom essa é a minha
particular... eu acho que não ficou muito legal não... bom..
como você tá pedin::do uma opinião... eu acho que você
deveria cortar
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pô::... eu a::cho que a gente... essas revistas de fofoca não
trazem nada de::... nada de ú::til.. nada de agradá::vel... a
gente deveria prestar mais atenção ao nosso redor... isso aí
são peculiaridades... assim.. não vale muito a pena não... não
acho legal falar assim das pessoas não
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pô:: amor:: aí:: adorei:: o fato de ter o aparelho.. que também
era uma coisa que eu também estava queren::do.. mas você
podia conversar comi::go antes de comprar.. porque eu já
conheço um pouco algumas marcas legais... algumas
coisas... da próxima vez conversa primeiro comi::go.. a gente
faz alguma coisa desse tipo... mas ó::timo.. eu tava querendo
mesmo.. também
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é:: ca::ra... celular só tem um propó::sito... falar... esse aí:: pô::
é bem boni::to... muito.. digamos assim.. marcan::te... mas
eu.. no meu caso.. pegaria um mais simplezinho... um que
fosse mais... que eu gostasse mais... porque prá mim.. celular
é somente para falar... só coisas essenciais... não faço muita
utilização dele assim como você
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tá parecendo o jardim de uma bichona
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pô não gostei não
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é:: você:: é uma pessoa bem extroverti::da né?... porque eu
achei as cores bem berran::tes... então prá isso tem que ser
uma pessoa bem anima::da bem animado::na
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bom... eu fico feliz que você tenha gostado do carro né?.. a
minha preferên::cia por carro é::... bom... é um pouco
diferen::te... mas eu acho a gente tem que ter aquilo que
gosta né?
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delicio::sa meu amor
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poderia ter sido mais clara
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no::ssa estou adoran::do... você canta muito bem
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bem diferente
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achei que poderia ter ficado melhor
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muito moderno
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amor eu não gostei preferia o seu cabelo mais comprido
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é verdade sua forma física mudou
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mudança extremamen::te diferen::te
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estranhei no come::co... mas creio que ficou legal
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creio que não será possí:vel... pois a norma da empresa não
permi:te cabelos compri:dos
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creio que não
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achei que poderia ter economiza::do e comprar um melhor
futuramen::te
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muito boni:to
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eu não gosto de esculturas
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não faz o meu gosto
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achei que a cor não combina com a sua pele
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olha eu já tive um desses mas achei muito peque:no e a
mecâ:nica meio difícil.. agora se você gosta.. tudo bem né?
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o::lha... a comida tá boa... só o arroz que tava um pouquinho
cru
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Referências Bibliográficas
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é:: a reunião achei boa.. mas muito cans.. mas cansativa
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tô achando bom... porque você tá procuran:do aprender...
entendeu?.. a mim não está incomodando
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o::lha.. o jantar não foi muito bom não... que são comidas que
eu nunca tinha comido.. então.. eu não gostei muito
entendeu?
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o::lha... a::... a limpeza que você fez não ficou bem feita... eu
peço que você pas... faça mais uma vez aqui
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eu achei Ó::timo... porque eu já fui treinador de cava:lo.. e
achei bonita a cabeça do cavalo
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o::lha... não achei bom não porque você ficou bem mais
velha... você antes era mais bonita
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olha...eu não acho não que você perdeu peso não... você
continua ainda gordinho ainda... precisa perder mais um
pouco de peso
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o::lha... o nariz não tem diferença nenhuma não... continua o
mesmo
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é:: você ficou mais jovem com o cabelo preto... mas era mais
simpático com o cabelo branco
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ah:: achei riDÍculo esse cabelo
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o::lha.. você tá com quarenta anos mas não aparenta não..
entendeu?.. acho que você tem mais... mais idade
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o::lha.. o aparelho não é uma marca boa... mas como a gente
tá precisam::do.. foi ótimo você ter comprado... quando a
gente puder.. compra um aparelho melhor
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achei o celular ó::timo... tira foto.. é muito bom celular assim..
que tira fo::to.. achei bom mesmo
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ah:: não gostei não... antes ta:va mais bonito... o::.. o jardim...
não gostei mesmo
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o:lha... o quadro não achei muito bonito não... o quadro... mas
se é bonito prá você.. tudo bem
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olha...eu não gostei não... da cor não gostei não... gostei do
feitio... mas da cor da camisa não
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o::lha... eu não achei bom não.. porque eu já tive um carro
igual a esse e:: não gostei
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tá dos deuses meu amor.. tá delicioso [risos]
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INfelizmente eu não consegui entender a mensagem da
reunião... não consegui captar o que teria que ser passado
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com certeza.. o treinamento diário é que vai fazer você chegar
onde você quer
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é:::... com relação a:.. a:.. a nossa comida do dia-a-dia...
BAStante diferente né?... algumas coisas eu gostei do sabor...
outras não me apeteceu
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realmen::te... não foi o que eu esperava... precisava de uma
limpeza MAIS rigorosa.. porque eu atendo aqui clientes...
pessoas... enfim.. eu preciso que a sala seja realmente limpa
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o::lha... infelizmente ele não tá bem claro... só consegui
identificar depois que você falou que se tratava de uma
cabeça de um cavalo
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o::lha... prá terceira idade você está assim.. MIL [risos] tá
encabeçando a fila... mas em ótima aparência
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o:lha... a intenção pode ter sido boa... mas você ainda não
conseguiu nem chegar ao início da sua meta
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você ficou satisfeita com o resultado da cirurgia?... era o que
você esperava?... atendeu ao que você foi buscar fazendo a
cirurgia?... prá fazer a cirurgia? se é assim então está ótima
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o:lha... realmente pode ter atendido ao que você queria né?...
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
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PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Mas não ficou bem assim... nós estávamos acostumadas a te
ver sempre com aquele cabelo mais pro branco né?.. e de
repente essa mudança não... ainda não me acostumei.. não
consegui me acostumar... e não tô achando boa... no
momento não
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2
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o::lha... é:... com relação aqui à empresa.. o meu parecer é o
seguinte... eu tenho receio que a sua imagem possa agredir a
imagem da empresa... aGOra... com relação à sua vida
pessoal.. se você gosta... se você quer realmente... mas você
tem que manter de uma forma que fique uma aparência
legal... não pode deixar um troço desmanchado
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o::lha... é:: com relação a ter... a pessoa da revis:ta já ter feito
vá::rias cirurgias... você realmen::te aparenta ser mais jovem..
porque nós estamos vendo que você não fez nenhuma né?...
então a tua pele é uma pele natural.. então.. parece que::
realmen::te.. que você é mais jovem do que ela... mas isso
não quer dizer que seja verdade ou não.. porque ela lá fez
uma porção de cirurgias.. mas.. pode ser mais jovem do que
você... por ser atriz.. ela tem a necessidade de ter feito
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o::lha... é:::... essa marca que você comprou INfelizmen:te
não é uma das melhores.. então.. já que você mexeu num
recurso nosso né?... que nós estávamos guardan::do para
uma necessidade... fez uma arte né?.. de tirar e tal.. então..
pelo menos.. comprasse a marca melhor... uma marca que
não nos desse proble::ma porque essa aí com certeza vai nos
dar problema
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poderia ser um aparelho mais bara::to.. porque eu na minha
vida particular.. uso o meu somente para atender ligações e
fazê-las e mais na:da... então eu não quero que toque
música.. que isso.. que aquilo.. que aquilo outro.. essa é a
minha opinião... então.. por mim.. você poderia ter tido um
gasto menor nesse celular
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achei que ficou muito infantil isso aí para um prédio... essa
decoração não pegou bem... na minha opinião não tem nada
a ver com um prédio residencial no meio da cidade... nada..
nada.. nada
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o:lha aí... esse aí não é bem é:: assim o meu gosto.. né?.. no
caso de quadro que eu não sei se é de pintura ou de foto..
enfim né?.. mas prá mim eu não compraria não... faz é::
como é que dá o nome?... não me agrada né? mas se você
gostou se está dentro do que você queria...enfim tudo bem
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essas camisas você pretende usar elas quando? numa
festa?... no CarnaVAL... ...NaTAL que que é? dependendo da
situação eu bato palmas senão eu só vou rir
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o::lha... na verdade eu eu já tive um veículo dessa marca
né?... desse mode::lo... não me adaptei... a ele tanto que
troquei... mas se está sendo... está atendendo bem ao seu
prefil.. no caso.. com seu motorista de táxi... eu acho que está
tudo tranqüilo... não tem problema algum... prá mim.. eu não
gostei
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hummmm uma droga
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bem::... acho que a gente pode::: elaborar melhor essa
situação aí.. entendeu?.. e:.. e:.. conversar e ter outras
idéias... vamos dizer assim
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é::... acho que é assim mesmo... o início::: vai.. continua.. um
dia você chega lá
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o::lha... eu acho que prá gente se reunir foi ótimo... agora a
comida é meio diferente né?... um pouco pican::te... não é
muito o meu gênero não... mas eu acho legal você fazer isso
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po:::xá... você me abandonou hein? me deixou de la::do que
tal a gente fazer um negócio melhor aqui?... Dá uma
caprichada aí... esses livros tão tudo fora do lugar
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bom... acho que é diferente.. motorista estar fazendo
artesanato.. né? mas o senhor entra aí num curso... tem tanto
lugar bacana prá gente ir se aperfeiçoando
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Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
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ih:: fez as pazes com o barbeiro.. é?
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ah tava bom como tava... não precisava ter ido pro SPA não
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cê tá feliz? tá se sentindo bem? então tá ótimo
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ah::... eu acho que teus cabelos brancos davam um charme
para você porque afinal você ainda é novo e aquilo chamava
bastante atenção ...dava um ar assim... de rapaz sério...
maduro... mas tudo bem
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o:lha... sinceramen::te.. prá trabalhar em venda.. eu acho que
não tá legal esse cabelo... entendeu? Melhor você dar um
jeito nele... manter aparado.. porque a gente tem que ter um
aspecto legal.. prá::... prá... lidar com o público...
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ah::... sabe como é que é artis::ta né?... artis::ta vive fazendo
plá::stica né?... ah::.. não sei.. sinceramen::te... acho que você
deve estar feliz com a tua ida::de... não liga prá esse negócio
de artista não... porque eles vivem fazendo plá::stica
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o::lha... eu acho que pelo menos a gente vai poder ver uns
filmes aí né?... ago::ra pelo menos a gente tem o DVD
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o::lha... eu achei legal.. sa::be... esse nego::cio de filmar..
fotografar.. só que eu sou tão atrapalha::da... que não vou
saber usar esse nego::cio aí não... é::.. mas enfim.. eu posso
até aprender né?... mas... prá mim por enquanto.. só tô
usando prá telefonar mesmo
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ah::... isso aí são prá quê? pras crianças brinca::rem? legal
né?
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olha.. não é meu estilo não... mas eu acho que até de repente
nessa sala aqui ficou legal... faz o estilo da tua casa
entendeu?... lá em casa sabe como é que é...não daria isso...
mas aqui ficou bom
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vai prá onde?.. vai prá praia? vai passear? vai caminhar no
calçadão? ih:: tá animado pro fim de semana hein?
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é:: esse carro é econômico né?
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olha... a noite foi maravilho::as.. mas a comida não gostei
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achei a reunião um pouco rápida
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no início to achando que a voz tá meio embaraçosa
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eu ach... eu achei boa... bom o jantar
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PUxa... eu achei a sua limpeza PÉ::ssima.. pelo tempo que
você levou
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eu... eu achei bom o seu traba::lho... mas esse negócio aí..
essa peça tá estranhosa
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bem... eu... é::... prá que essa mudança toda?.. eu gostava de
você assim mesmo
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puxa não achei nada. continua a mesma coisa
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é ficou pior do que estava
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eu não... não tô achando na::da quem tem que achar é outras
pessoas né?
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eu acho que você tá sentindo desgostoso da vida né? prá
fazer esse tipo de coisa
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ah:: impressão sua... não acho nada até agora
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será possível que seu dinheiro só dá prá comprar isso?
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ah:: um pouco exagera::do né?.. devia ser um mais simples
né?... o celular é mais prá gente tratar de negócio... não é prá
apresentar boniteza
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ah:... tem gente que tem gosto prá tu::do... não é meu filho?
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ah:: prá mim não tá sendo... não tem utilidade nenhuma... não
sei prá você
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estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
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ah prá ser sincera... eu acho essa cor muito riDÍcula.. teria
que ser uma coisa mais simples... que pode apresentá-la né?
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puxa esse carro tá parecen::do mais um trem né?
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ah:: pô::.. amor.. essa comida aqui tá::.. tá meio fora do
padrão não tá?.. tô sentindo que ela não tá muito boa não
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60
2
M
b
A
2
pó::.. chefe.. eu.. sinceramen::te.. eu não consegui pegar
muito.. muito legal tudo não... vou ver se pego uns bisus com
o pessoal aí depois
903
60
2
M
b
A
3
não ca:ra... tá tranqüilo.. não dá... não tá...não chega a
incomodar não... não é muito boa.. muito boa não... mas não
chega a incomodar não
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60
2
M
b
A
4
pô::... malu::co... leva a mal não hein.. não gostei não.. sou
mais uma feijoada
905
60
2
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5
pô::... irmão... tu deu mole.. tu nem passou aqui cara... tá tudo
sujo... o que que houve?
906
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2
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b
A
6
pô manei::ro... bem diferen::te... manei::ro
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b
A
7
pô::.. amor.. ficou manei::ro.. mas eu achava que tava mais
bonito do jeito que tava
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2
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b
A
8
qual é?.. tá parecen::do que tu emagreceu um pouquinho
mesmo cara... mas tá precisando perder mais
909
60
2
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b
A
9
pô::.. ca:ra.. sinceramen::te... acho que não mudou muito
não.. hein... acho que tu gastou dinheiro a toa
910
60
2
M
b
A
10
pô::.. ca:ra ficou maneiro hein... precisa agora dar um
cortezinho assim.. mais... mais jovem... mas tá maneiro mais
preto assim
911
60
2
M
b
A
11
pô::.. ca:ra.. aí... não leva a mal não... mas eu acho que tu vai
fugir um pouco do padrão né?... cabelo aqui.. pô::... todo
mundo no padrão.. cabelo cortado... pelo menos mais cuidado
né?... eu acho que não vai ficar legal não... não é uma boa
idéia não
912
60
2
M
b
A
12
ah::... pode ter certeza... é::..artista tem dinheiro né?.. pode
ser mais velha que ela... ela consegue ficar mais nova... mas
você tá parecendo que é mais nova mesmo
913
60
2
M
b
A
13
pô amor... essa garantia dele aí vai durar quanto tempo?...
essa marca aí parece que ela não é muito boa não
hein?...vamos ver até quanto tempo ela vai agüentar
914
60
2
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b
A
14
pô::. ca:ra.. manei::ro hein?.. deve ter custado uma nota
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60
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15
[silêncio]
916
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2
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16
pô::. ca:ra.. não gostei muito desse bagulho aqui não... não tá
muito maneiro não
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A
17
pô::.. ca:ra...camisa maneira hein? vai usar aonde isso aí?
918
60
2
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A
18
pô::.. ca:ra.. eu particularmen::te já tive um carro desses aí
não gostei muito não cara... a não ser que mudaram alguma
coisa nele aí... mas.. eu vendi um exatamente por causa disso
aí... eu não me amarrei muito nesse modelo não
919
61
2
M
a
B
1
a comida está um pouco sem sal e o arroz um pouco cru
920
61
2
M
a
B
2
eu:: não entendi alguns pontos que foram colocados na
apresentação... eu gostaria de esclarecer depois com você
em particular... não sei se a dúvida foi de todos... mas.. uns
pontos que eu não entendi
921
61
2
M
a
B
3
não é:: não... não tá incomodando não... às vezes sai um
pouco alto e tal... mas a gente já tá se acostuman::do.. espero
que você melhore
922
61
2
M
a
B
4
tava tudo::... tava bem interessan::te... mas o tipo da comida
não é u::ma comida que me faz... não me interessa... se eu
estivesse na mesma situação que a sua.. eu não comeria
essas comidas
923
61
2
M
a
B
5
é::... eu não vi... sinceramen::te achei que não tivesse visto a
limpeza.. porque::... da situação que eu encontrei a sala..
274
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
achei que você tivesse esquecido... não foi...não tava de
acordo com o que eu gostaria que estivesse
924
61
2
M
a
B
6
é:: eu não... eu não tenho.. assim.. uma visão muito boa prá
parte... da parte artística pela minha profissão e tal.. que é
mais das ciências exatas... mas é:: acho interessan::te... acho
que a gente tem que começar e estar sempre praticando..
melhorando... e acho que é o começo... tá bom do jeito que
tá.. mas acredito que as suas próximas obras vão cada vez...
vão ser mais é::... perfeccionistas... cê tem que sempre estar
melhorando
925
61
2
M
a
B
7
tá bom... mas eu acho que...eu gostava mais... eu tô mais
acostumado com seu outro visual... eu acho que você fica
com uma aparência mais jovem com aquele outro... o corte de
cabelo que cê tinha antes
926
61
2
M
a
B
8
pô::... eu acho que eu tenho que fazer a mesma coisa... acho
que tô... eu tenho que parar alguma hora prá fazer isso...
fazer mais exercícios e tal... espero que você também
continue fazen::do.. não só vendo a parte de uma acad...
numa clínica de emagrecimento... mas exercício é
importante... só acho que cê deveria trocar também as suas
roupas.. porque elas não estão favorecendo e mostrando
exatamen::te essa a sua nova forma física.. e essa perda de
peso
927
61
2
M
a
B
9
o::lha... eu não tinha nem reparado é:::.. tanto no seu nariz
antigo... mas eu acho que se você sentia necessida::de de
fazer essa cirurgia... essa transforma:cão.. e:: você está bem
consigo mesmo agora... acho que isso é o mais importante
928
61
2
M
a
B
10
ca::ra... eu acho que cê tá::... tá bem diferen::te quase não te
reconheci... eu tô acostuma::do com a sua aparência antiga e
tal... A:cho que você fica melhor da outra maneira... dessa
maneira acho que o pessoal com certeza percebe que tá::
pintado.. e acho essa coisa hoje em dia.. não tá mais por aí...
acho que você tem que ser original mesmo.. cê tem cabelo
grisalho fica com ele grisalho... não é ficar pintando.. porque
fica muito artificial
929
61
2
M
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B
11
eu acho que:: prá atividade que a gente tá se propon::do..
e:::... que é um contato direto com a::: com o cliente.. a
aparência é muito importante... então é a:::.. no conceito geral
o asseio.. cabelo cortado.. barba feita.. né?... tudo isso conta..
e a primeira impressão... é:: a imagem quando a gente se
aproxima do cliente... então eu acho que essa parte do cabelo
muito compri:::do.. bar::ba isso.. tudo já de cara.. na minha
opinião.. ela é uma má impressão... causa uma má
impressão... e isso aí não seria interessante.. e eu
recomendaria que você corta::sse o cabelo
930
61
2
M
a
B
12
não... acho que o importante é o que você... o que você tá
sentindo consigo mesma... então se você se sente jovem não
é?... aparên:::cia é:::... a gente não vai agradar a todos...
então se você perguntar prá pessoas diferentes.. cada um vai
dar uma resposta diferente... acho que o importante é que
você se sinta jovem.. se sinta atraente.. sinta que realmen::te
está melhor do que uma outra pessoa... então o importante é
que você::... o que você sente com você... se você tá
satisfeita com você.. tudo bem
931
61
2
M
a
B
13
adorei a surpresa... só acho que você deveria ter me
consulta::do.. porque é:::... por trabalhar mais ou menos na
área.. eu poderia te dar algumas di:::cas.. assim.. de
mode::los e até das características dos equipamen::tos.. que
poderiam ser melho::res... não só na faixa de preço.. mas com
relação à garanti::a.. tudo isso... esse aqui é bom.. faz o que
pretende.. mas tem alguns poréns.. que:: de repente.. cê
poderia até ter consultado um pouco mais... poderia ter visto...
mas é:: gostei muito da surpresa
932
61
2
M
a
B
14
é um celular bem boni::to... realmen::te é o último modelo... só
que:: esse negócio de ficar com celular.. viver sem celular...
eu já discor::do porque toca nas situações mais inesperadas
possíveis... então no meu final de semana... eu procuro
inclusi::ve desligar prá não ter... prá não ter aborrecimen::to...
é legal.. o meu também tira fo:::to... faz isso tu::do... mas se
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
275
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
eu pude::sse viver sem o celular e o relo::gio.. prá mim seria o
ideal
933
61
2
M
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B
15
é:: eu achei... achei diferen::te... só achei que tá::: um pouco
infantil.. a decoração.. acho que tá:: mais prá crian::ça... né?...
e tal.. de repente deveria ter outros apara::tos.. outros enfeites
melhores... prá colocar.. não sei qual foi o objetivo de vocês...
de repente.. por conta de criança.. alguma coisa assim... tá
bonito.. tá parecendo até o jardim da Disney... mas não
colocaria no meu
934
61
2
M
a
B
16
é::: ca::ra... não é o tipo de quadro que eu gostaria de
colocar... não... realmen::te não sou chegado assim.. em
quadros.. coisa desse tipo... mas esse tipo de quadro.. não
é... esse tipo de arte não é a arte que eu tenho empatia...
então.. gosto de quadros.. mas não seria esse daí que eu
colocaria na minha sala
935
61
2
M
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B
17
o::lha... as camisas eu achei umas cores assim.. bem... bem
cheguei... bem mamãe-tô-aqui... não é a camisa que eu
gostaria.. porque meu estilo é um estilo assim.. mais
bran::do.. prá não ficar aparecendo muito... mas se você
gosta.. tudo bem.. acho que cê tem que ficar feliz com o que
você tá vestin::do... se você se sente bem assim.. tudo bem
936
61
2
M
a
B
18
eu já tive um carro desse tipo e:: não gostei... achei pequeno
prá mim... é:: tinha outras necessidades.. então comprei o
carro... mas não deu certo... ele era pequeno e eu senti uma
dificuldade.. que ele deu... deu um problemi::nha... apesar de
ser carro novo.. os carros não são mais como antigamen::te
que duram.. duram.. duram... então ele deu um problemi::nha
mecânico... eu tive problema não só de::.. não só prá achar
um mecânico bom prá mexer... como também custo de
peças... então.. já prevendo problemas.. eu vendi o carro
937
62
2
F
a
A
1
é preti::nho... você podia.. podia se esmerar um pouqui::nho...
já que você tentou.. podia fazer um esforço prá melhorar um
pouqui::nho... tem umas coisinhas que precisam ficar mais...tá
Ó::timo.. sua iniciativa foi maravilho::sa... mas esse arroz tá
precisando de cozinhar um pouquinho mais... e a gente pode
botar um pouquinho mais de sal na comida
938
62
2
F
a
A
2
eu tenho algumas dúvidas e queria discutir um pouco a
respeito delas.. antes de:: de me pronunciar ou de dar a
minha opinião... porque:: na verda:de eu ainda não tenho
esclarecimento... não tá muito claro prá mim... algumas coisas
eu não.. não consegui entender o objetivo delas... bom... a
gente precisa esclarecer um pouco algumas coisas antes de
eu dar a minha opinião
939
62
2
F
a
A
3
o::lha... eu.. eu não acho na:da.. eu acho que você podia
prosseguir com a sua aula de can::to se você estiver
gostando.. mas.. e isso sempre evitan:do de importunar a
vizinhança... não só eu como os outros vizinhos e dentro dos
horários... não sendo uma coisa muito estridente.. muito alta..
porque no final acaba incomodan::do.. pode incomodar... mas
não incomodan::do.. tomara que você se satisfaça... que você
alcance o que gosta... faça o que você gosta de fazer né?
940
62
2
F
a
A
4
é:: o sabor das... desses alimentos é completamen::te
exó::tico... e até um pouco agressivo prá mim... pro meu
paladar... eu realmente não apreciei algumas comidas.. por
talvez não ter histórico daqueles sabores nesses paladares
tão novos
941
62
2
F
a
A
5
eu gostaria que você melhora::sse um pouquinho... tem uns
detalhes prá te mostrar que ainda não ficaram exatamen::te
como a gente pretendia... você pode me acompanhar?
942
62
2
F
a
A
6
é::.... seu trabalho é bastante interessan::te... parabéns
943
62
2
F
a
A
7
amor... eu acho que esse corte não caiu bem prá você.. isso
te envelheceu um pouquinho mais... talvez um pouco mais de
cabelo te deixasse melhor
944
62
2
F
a
A
8
o::lha... você podia continuar nesse programa aí...
interessan::te você perder um pouco mais.. e não desistir de
uma qualidade de vida... mudar mesmo os hábitos de vi:da
prá que você não precise fazer coisas mais drásticas como
276
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
entrar numa clínica... que já é uma um começo.. mas é um
começo drástico... é preciso dar continuida::de e o programa
é:::... você não deve parar a qualidade de vida... e:: a forma
de mudar os hábitos de alimentação... alguns hábitos de vida
são importanTÍssimos prá você continuar perdendo peso
945
62
2
F
a
A
9
é::.. você ficou bem... você tá se sentin::do... como é que você
tá se sentin::do?.. você gostou desse nariz no::vo?... tá se
adaptan::do?... porque:: sempre uma mudança no rosto da
gen:te é alguma coisa que demora um tem::po né?... você tá
se sentin::do feliz? isso é importante prá você... não é?
946
62
2
F
a
A
10
o::lha... eu acho que você fica mais natural com os seus
cabelos bran:cos... eles são seus.. autênticos.. são bonitos..
você fica melhor... mas é um tempo que eu precisa:va prá me
acostumar... talvez passando um tempo... e porque:: eu já
conhecia você com os cabelos brancos né?... talvez a quem
não te conheça e não tivesse visto você de cabelos grisa::lhos
antes.. possa achar que você tá: ó::timo.. que você tá muito
jovial.. e realmen::te reno::va.. rejuvenes::ce.. mas eu preciso
de um tempo prá me acostumar
947
62
2
F
a
A
11
eu acho que seu corte preci::sa de estar mais executi::vo...
você precisa lembrar que você tem uma aparência que
importa no teu traba::lho... no teu ambiente de traba::lho.. e o
cabelo longo não fica tão bem... ou você o mantém preso de
alguma maneira.. ou precisa dar um corte prá que ele fique
realmen::te mais condizente.. mais alinhado com o ambiente
empresarial
948
62
2
F
a
A
12
é:: a jovialida::de tá sempre muito mais dentro da gente... na
caBEça da gente... do que na própria aparência né?...
importan::te a gente estar bem... que a gente muitas vezes
tem muito menos idade.. e fica mais jovial por causa disso..
do que a idade que a gente tem cronologicamen:te né?
949
62
2
F
a
A
13
essa marca a gente sabe que não é muito::: não tem uma::..
uma tradição de ser uma marca de qualida::de... tomara que
ele funcione bem... a gente vai ter que: ver... vamos ver se vai
agüentar aí::.. quantos anos ele vai agüentar sem dar defeito
950
62
2
F
a
A
14
é::... ele é boni:to.. muito legal.. eu na verda::de não ligo muito
prá celular... eu uso praticamen::te prá situações de
emergência... eu realmente não... não me encan:to... sei que
isso é um brinquedo que::: especialmente os homens gostam
muito.. porque os homens gostam de brinquedinhos
eletrônicos... mas eu realmen::te só uso celular prá fazer
ligações urgentes.. e confesso que fico até meio irritada
quando ele toca
951
62
2
F
a
A
15
ah::.. ficou muito legal... vocês tiveram... fizeram bom
trabalho... ficou Ótimo
952
62
2
F
a
A
16
na verda::de eu entendo tão pouco de arte... eu fico sem
graça de dizer que eu não entendo muito... esse é um assunto
que sempre me deixa muito na saia justa... porque eu não
entendo quase nada de arte... não consigo dar opinião
953
62
2
F
a
A
17
ah::: essas cores são bastan:te:::.. difícil de se perder.. você
certamente pode ir numa parada... num desfile... algum lugar
que tenha bastante gente.. que você vai virar ponto de
referência [risos]
954
62
2
F
a
A
18
o::lha... eu já tive um carro desse modelo.. e não tive... não fui
muito feliz... não sei se os modelos são de anos diferen::tes...
no meu modelo eu tive alguns problemas no motor... tomara
que você tenha sucesso com esse carro... ele é realmen::te
muito boniti::nho.. e:: tomara que dê tudo certo né?
955
63
2
M
a
A
1
comida tá tão gosTOsa nem... mas olha só... da próxima
vez...da próxima vez quem vai fazer a comida sou eu... prá te
agradar um pouquinho
956
63
2
M
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A
2
o::lha... ficou.. prá mim algumas coisas ficaram obscuras... eu
gostaria de perguntar sobre aquele tema que o senhor tinha
falado.. pode ser?
957
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2
M
a
A
3
olha.. rapaz.. continue
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
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2
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4
é::.. diferen::te.. mas eu prefiro uma carne de sol
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63
2
M
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A
5
olha.. rapaz... você limpou... tudo bem... mas não tá legal... dá
prá você voltar aqui daqui a uns quinze minutos.. e:: fazer o
trabalho mais capricha:do?
960
63
2
M
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A
6
é:: um cava::lo bem diferen::te né?.. mas tá::... tá ficando
bonito
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63
2
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7
ném... ficou boni:to... mas você sabe que eu prefiro o seu
cabelo compri::do
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63
2
M
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8
ahã
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bom... se você achou que ficou legal.. tudo bem... eu não teria
a mesma coragem que você teve
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10
ih... rapaz... a mulherada não gosta de homem de cabelo
pintado não
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11
sua aparência é muito importante pro seu trabalho... então
acho melhor você cortar o seu cabelo
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12
é.. né
967
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A
13
amor... que bom que você tomou essa iniciati:va... mas não
seria melhor.. a gente voltar na loja... gastar um pouquinho
mais.. e comprar um que seria mais duradouro
968
63
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M
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A
14
ah:: se tem serventia prá você... prá mim.. celular só serve prá
falar mesmo... as demais coisas... não me importa não
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63
2
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A
15
bom... o::lha... tudo bem... vocês fizeram isso aí.. mas eu não
gostei não... vocês poderiam ter escolhido outro tema.. ou
então ter consultado todo mundo
970
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2
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A
16
é:: lá em casa não ia ficar legal não
971
63
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17
pô:::.. bem chamativa... você vai o que?.. prá algum blo:co?...
alguma festa?.. alguma coisa assim?
972
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A
18
tomara que você tenha sorte com esse carro... porque eu tive
o mesmo.. e não dei a mesma sorte que você
973
64
3
F
b
B
1
ah::... amor... eu achei que tava uma deLÍ::cia.. fiquei até
feLIZ de você ter prepara::do.. mas poderia ter posto um
pouquinho mais de sal
974
64
3
F
b
B
2
ah:: meu supervisor... eu até que prestei bastan:te atenção...
mas.. sinceramen::te.. eu não entendi nada e achei bem
cansativa
975
64
3
F
b
B
3
eu tô achando que você deve.. de fato.. procurar a sua
vocação... porque eu acho que o seu canto não é a sua
vocação
976
64
3
F
b
B
4
eu até que gostei muito da sua... do convite... mas essa
comida.. sinceramen::te.. não me agradou
977
64
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F
b
B
5
eu achei que você poderia ter capricha::do um pouquinho
mais... porque ainda está um pouco bagunça::do
978
64
3
F
b
B
6
o:lha... sinceramen::te... eu não consegui identificar uma
cabeça de cavalo... mas eu gosto muito de artesanato.. e
acho que você deve se aprimorar mais
979
64
3
F
b
B
7
ah:: amor... eu tomei até um susto quando eu te vi... o que
que você fez do seu cabelo?
980
64
3
F
b
B
8
eu acho que você passou uns dias lá::... mas eu acho que..
sinceramen::te.. você não fez o tratamento certo... porque eu
não estou vendo diferença neNHUma
981
64
3
F
b
B
9
eu nem tinha reparado que você tinha feito plástica... porque
achei que o seu nariz ainda continuava o mesmo
982
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3
F
b
B
10
ah::... eu achei que você ficou TÃO esquisito com esse
cabelo... eu gostava mais quando você tinha os cabelos
brancos
983
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3
F
b
B
11
você agora está querendo entrar em alguma organização
hyppie... ou é só atualizar a sua imagem?
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Referências Bibliográficas
984
64
3
F
b
B
12
eu acho que nós devemos olhar diariamente pro espe::lho... e
ver o que que o espe::lho reflete prá nós... a nossa imagem
985
64
3
F
b
B
13
você não achava que nós deveríamos gastar um pouqui::nho
mais... mas comprar uma marca bem melhor... porque essa
marca parece ser bem... bem ruinzinha
986
64
3
F
b
B
14
eu achei que ele é útil... eu achei que ele até faz muitas
coisas... mas.. sinceramen::te.. muitas vezes o celular nos
atraPAlha... porque muitas vezes queremos ficar quietos... e o
celular não pára de tocar
987
64
3
F
b
B
15
eu achei que o jardim está bonit::o... mas eu preferia muito
mais que não tivesse a Branca de Neve nem os anõezinhos...
no meio do jardim... fossem só as flores
988
64
3
F
b
B
16
eu gosto muito de pintura.. mas.. sinceramen::te.. essa pintura
não me agradou
989
64
3
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b
B
17
bom... existe gosto prá tudo né?... o que seriam de todos os
gostos.. se todo mundo gosta:sse do amarelo... o que seria do
verme:lho?
990
64
3
F
b
B
18
[silêncio]
991
65
3
M
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B
1
o::lha... a comida tá boa... mas só que tem um proble::ma... tá
faltando sal... vou botar mais sal.. prá realmen::te ficar
melhor.. adequado.. o arroz também tá meio cru.. mas isso aí
da próxima vez você melhora tá bom?
992
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3
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b
B
2
não me agradou
993
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3
vai em frente... porque tem que perseverar prá você chegar
aonde quer
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prá mim tudo bem... sou boa boca
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5
você passou mal?.. porque afinal de contas você não fez nada
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B
6
achei muito ótimo... mas só que tem o seguinte... prá mim não
tem valor... mas prá outros tem
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B
7
o antigo prá mim era melhor... esse aí não tá me agradando
não... o antigo era melhor
998
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M
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8
o::lha... sinceramen::te... eu não tô notando nada não...mas..
acho que você tem que emagrecer mais ainda
999
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9
sinceraMENte... sinceramMENte... tem gosto prá tudo... eu
não achei bom não... mas.. tem gosto prá tudo
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3
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B
10
tá com medo de ficar velho?... acho que cê tem que ser
autêntico rapaz... deixa como estava
1001 65
3
M
b
B
11
cê deixando o cabelo crescer... mas estando com seu
trabalho em dia... isso é que é importante
1002 65
3
M
b
B
12
se você acha assim... tudo bem... mas eu.. pessoalmen::te..
ao meu ver.. acho que não
1003 65
3
M
b
B
13
o::lha... muito obrigado pela surpresa... não poderia ser
melhorzinha
1004 65
3
M
b
B
14
o::lha... achei ótimo... mas prá mim.. não sei lidar com ele
totalmente... só vou atender e desligar
1005 65
3
M
b
B
15
sinceramente?... não achei que ficou bom não
1006 65
3
M
b
B
16
o::lha.. o quadro... prá você tudo bem... mas prá mim.. não me
agradou... eu sou sincero...não vou mentir prá você
1007 65
3
M
b
B
17
meu ami::go... é prá você a camisa?.. devia ter um gosto
melhor né?
1008 65
3
M
b
B
18
tive um desse e não gostei... mas peço que você possa se dar
bem com ele
1009 66
2
M
a
A
1
tá boa... mas acho que tá faltando um pouquinho de sal... eu
vou pegar lá e vou colocar
1010 66
2
M
a
A
2
não foi muito proveitosa... poderia ter sido mais clã::ra...
gostaria de conversar a respeito
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
279
1011 66
2
M
a
A
3
eu acho que você pode melhorar um pouco mais... e::: se..
puder encontrar um horário meLHOR... prá mim seria
interessante
1012 66
2
M
a
A
4
achei diferen::te... interessante provar... mas é um sabor
esTRA::nho prá mim... não sei se eu repetiria
1013 66
2
M
a
A
5
não achei muito legal... acho que a gente pode resolver... tem
como você depois do expediente acertar essa situação?
1014 66
2
M
a
A
6
o::lha... eu não sou a melhor pessoa prá julgar um trabalho
artístico... eu realmente tenho dificuldade prá entender o
que... o que tá passando nessa mensagem aqui... mas achei
interessan::te
1015 66
2
M
a
A
7
tive essa conversa com a minha esPOsa... e se ela fizer isso
eu corto à máquina zero o meu cabelo
1016 66
2
M
a
A
8
eu acho que você é::: eu não... não noto a diferen:::ça.. talvez
cê tenha melhorado fisicamente... o condicionamento...mas
não vejo diferença
1017 66
2
M
a
A
9
pô:::... ficou legal.. rapaz.. interessan::te muito... muito legal
1018 66
2
M
a
A
10
rapaz... não gostei muito não... da outra vez tava melhor.. da
primeira
1019 66
2
M
a
A
11
acho que se você não cortar o cabelo.. e se enquadrar é::: a
gente vai ter um problema sério
1020 66
2
M
a
A
12
ah::é sempre legal tentar renovar::... fazer um novo... uma
nova esté::tica... acho que a artista fez isso.. você também
pode fazer... não sei... acho que é isso
1021 66
2
M
a
A
13
pôxa podia ter um pouco mais de recurso... mas.. leGAL...
agora a gente tem um DVD... muito bom
1022 66
2
M
a
A
14
muito bom... tem um monte de recursos... tecnologia... legal...
legal
1023 66
2
M
a
A
15
é::... eu não gosto muito dessas fantasi::as... de gno::mos...
não sou muito chegado... mas ficou legal... tá.. tá.. tá
interessante aí o arranjo
1024 66
2
M
a
A
16
rapaz... não sou o melhor prá julgar arte... eu não tenho tanto
conhecimen:to... mas ficou legal... deve... deve ter uma
mensagem aí ..mas eu.. eu sinceramen:te não conheço
1025 66
2
M
a
A
17
rapaz... cê gosta dessas coisas mais chamativas... eu não sou
MUIto ligado nisso... mas.. pô::.. legal
1026 66
2
M
a
A
18
pô::... legal esse carro... eu já tive um.. só achei a mecânica
um pouquinho cara demais prá manutenção... mas é um bom
carro
1027 67
2
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a
B
1
é:: boa
1028 67
2
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2
não foi boa
1029 67
2
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B
3
ah tá incomodando
1030 67
2
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B
4
ah:: foi bom
1031 67
2
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5
é:: não está adequado
1032 67
2
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B
6
excelente
1033 67
2
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7
é:: não ficou legal
1034 67
2
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8
é:: está
1035 67
2
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9
ficou meio esquisito
1036 67
2
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10
é:: não está legal
1037 67
2
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B
11
tem que cortar
1038 67
2
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12
concordo
1039 67
2
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a
B
13
poderia ser outro melhor
1040 67
2
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B
14
é um pouco sofisticado
1041 67
2
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B
15
é:: bom
280
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
1042 67
2
M
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16
gostei
1043 67
2
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a
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17
não gostei
1044 67
2
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18
toma cuidado
1045 68
2
F
a
A
1
é:: sem sal
1046 68
2
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A
2
confusa
1047 68
2
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a
A
3
ah::: sem sem ofender... mas peço... peço prá continuar tá
bem... tá indo bem
1048 68
2
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a
A
4
diferente
1049 68
2
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a
A
5
boa... mas poderia dar mais uma passadinha... dar uma
retornada aqui.. depois... quando tiver mais um tempi::nho..
prá poder refazer ou terminar
1050 68
2
F
a
A
6
interessan::te... parabéns... e continua a sua trajeto::ria a sua
cultura
1051 68
2
F
a
A
7
bom... bom... ficou legal... ficou bom
1052 68
2
F
a
A
8
é:: que bom que você tá:: com boa forma física... continua lá...
pô:: cê tá bem... cê tá mais jovial... tá mais... é isso aí.. seu
caminho
1053 68
2
F
a
A
9
diferen::te... mas eu achava que anteriormente tava::... tava::
bom... não tava:: ruim prá chegar a essa decisão
1054 68
2
F
a
A
10
preferia o anterior
1055 68
2
F
a
A
11
prefiro que você mude de idéia
1056 68
2
F
a
A
12
realmente... parece sim
1057 68
2
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a
A
13
amor... que bom... mas não daria problema depois.. prá
gente.. essa marca... o:: modelo?
1058 68
2
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a
A
14
bom... mas prá mim.. não... não atende.. eu tenho
necessidade prá celular.. puramente básica
1059 68
2
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15
ah:: desculpa... mas eu não gosto de Branca de Neve e sete
anões
1060 68
2
F
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16
interessante
1061 68
2
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A
17
interessan::te... mas é::: legais
1062 68
2
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a
A
18
esse carro é bom... tem os seus pontos positivos... mas os
pontos negativos foi que me fizeram trocar... e são esses
1063 69
1
M
a
C
1
ah:: tá boa... mas de repente faltava só um pouco de tempero
a mais... mas.. tá boa.. tá boa
1064 69
1
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a
C
2
achei boa... achei boa
1065 69
1
M
a
C
3
ah:: tô achan:do que tem que continuar pratican::do e tal..
mas me incomoda pouco... de repen::te só fazer um horário
que não seja tão tarde
1066 69
1
M
a
C
4
ah:: eu não gostei muito da comi::da não... mas valeu a pena
prá conhecer pratos diferen::tes
1067 69
1
M
a
C
5
ah:: eu não gostei muito não... de repente você podia
caprichar um pouco mais da próxima vez
1068 69
1
M
a
C
6
ah:: não entendo muito disso não... acho que tá bom.
1069 69
1
M
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C
7
ah... interessan::te dá um ar mais de maturida::de
1070 69
1
M
a
C
8
ah:: acho que é bom... faz bem prá.. prá.. auto esti::ma..
sempre bom fazer isso
1071 69
1
M
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C
9
ah:: diferen::te... dá um ar é:: novo prá você
1072 69
1
M
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C
10
ah:: não gostei muito não... você pretende deixar muito tempo
assim?
1073 69
1
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C
11
é:: se você gosta... deixa
1074 69
1
M
a
C
12
é:: parece... parece
1075 69
1
M
a
C
13
ah:: eu não acho esse aparelho muito bom não... tem como
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
281
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
trocar?
1076 69
1
M
a
C
14
ah:: é bom... mas eu acho que celular é mais só prá::...
emergên::cia... e tal.. acho que não é prá::... aparelho prá..
tirar fo::to e jo::go nem nada
1077 69
1
M
a
C
15
achei que tá bom... não tinha reparado não... mas tá bom
1078 69
1
M
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C
16
é:: baca::na... mas eu não gosto muito desse tipo não
1079 69
1
M
a
C
17
ah:: não achei muito bonitas não
1080 69
1
M
a
C
18
ah:: eu tive um carro igual a e::sse... mas eu não gostei dele
não... comigo pelo menos deu muito problema.. aí:: eu acabei
trocan::do
1081 70
1
F
b
A
1
poxa amor... poderia ter botado um pouquinho mais de água
no arroz né?... tá um pouquinho Duro.. não está tão bom
assim
1082 70
1
F
b
A
2
achei que cês falaram mui::to.. ficaram lendo mui::tos papéis..
e a reunião acabou sendo mui::to cansativa.. prá quem estava
assistindo
1083 70
1
F
b
A
3
cê poderia treinar um pouquinho mais... prá melhorar né?.. e
não ficar achan::do assim que está incomodando muito as
pessoas
1084 70
1
F
b
A
4
quando a comida não me aGRAda... eu falo que não gostei..
pronto e:: não adianta... não adianta me fazer querer comer a
comida... não insiste
1085 70
1
F
b
A
5
cê não fez o que eu pedi... não fez direito... vou ter que
reclamar com a direção
1086 70
1
F
b
A
6
eu achei interessan::te.. essa cabeça de cavalo.. mas não
achei bonita
1087 70
1
F
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A
7
amor... cê tava revoltado com a vida.. quando cê fez isso?
1088 70
1
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b
A
8
ah:: tá lindo... continue é::: fazendo exercícios prá manter
esse corPinho LINdo né?
1089 70
1
F
b
A
9
te agradou? então.. está ótimo
1090 70
1
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A
10
você tá se sentindo bem? então está ótimo
1091 70
1
F
b
A
11
eu preferia você do jeito como você era... do jeito que você
era
1092 70
1
F
b
A
12
eu vou pedir prá você cortar esse cabe::lo... prá não dar má
impressão prá empresa... você está com um jeito de pessoa
SUja e desleiXAda
1093 70
1
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b
A
13
ah:: prá mim você tem a idade que aparenta ter
1094 70
1
F
b
A
14
eu gostei... mas poderia ter sido outro né? você é o maior
MÃO de VAca
1095 70
1
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b
A
15
achei LINdo... mas não precisava ser cheio... cheio de
papagaiada né?.. prá ser rouBAdo?... prefiro um... um
fuleirinha desses aí qualquer
1096 70
1
F
b
A
16
ah:: não gostei desse tipo de quadro não... prefiro outros tipos
1097 70
1
F
b
A
17
acho que cê gosta de chamar a atenção
1098 70
1
F
b
A
18
ah::... eu já tive um carro como esse... eu não acho tudo isso
que você disse não... acho ele um pouco desconfortável
1099 71
3
F
a
A
1
eu achei... achei em parte boa... mas esse arroz tem que ser
cozido mais um pouqui::nho.. e você sabe que eu não gosto
de comida com pouco sal... eu gosto da comida mais puxada
pro sal... ago::ra de resto acho que tá::.. satisfatório
1100 71
3
F
a
A
2
eu achei que ela é:: como é que se diz... ela foi pouco... pro
meu entender... ela deveria esclarecer mais entendeu?... é::
acho que deveria ficar mais claros os objetivos que você quer
alcançar... é:: porque nem todo mundo entende do mesmo
jeito... todo mundo tem limitação... então.. no meu entender..
eu acho que ela devia ser mais clara... ah::: não sei se essa
também foi o motivo de outras pessoas te procurarem ao
término da reunião... prá:: te fazerem algumas perguntas...
282
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
não sei se esse foi o motivo... eu entendi assim
1101 71
3
F
a
A
3
o:lha... fulano... eu tô achando que tem horas que você até
me incomoda... que você grita lá.. e eu realMENte.. não
entendo de canto... não sei se você tem que realmente dar
esses agudos.. assim.. esse tipo de voz... mas tem hora que
tu me incoMOda SIM... mas se você tá começando... tá
entendendo... a gente torce que você se dê bem né?... e eu
espero que não tenha vizinhos... que tem uns vizinhos que
são mais complica::dos.. e que vão bater na tua porta.. e
reclamar... por mim.. por enquanto.. que não paro muito em
casa.. tudo bem
1102 71
3
F
a
A
4
sinceramen::te.. eu... eu tenho algumas coisas que eu
gostei... mas tem algumas comidas que eu NEM provei... que
só pela cara da comida eu.. eu... já não ia descer... eu já
passei.. passei uma situação dessas em Belém.. quando me
serviram o TAL do tucupi no tacacá.. e eu não consegui
comer... eu tentei ser o mais gentil possível.. mas não
consegui comer porque era MUITO RUIM... agora tem
algumas coisas que deu prá comer... agora tem outras
comidas aí.. muito exóticas... que cê serviu... que realmen::te
eu sou POBRE ... não consigo comer [risos]
1103 71
3
F
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A
5
o::lha... fulano... acho que você deixou a desejar.. porque eu
tô percebendo que eu deixei copos aqui com água... xícara
com café.. que ainda tá na minha mesa... e até porque a sala
fica fechada.. dá mau cheiro... dá cheiro na sala né?.. então...
realmen::te deixou a desejar... de resto tá tudo bem... mas dá
prá você tirar ago::ra.. por favor.. enquanto não chega
ninguém e eu não começo a atender telefo::ne e tudo...
obrigada
1104 71
3
F
a
A
6
cê me desculpe... mas eu não entendo muito de... de
escultura.. mas.. tá bom... tá boni::to e tu::do.. mas no
momento não me interessa... porque eu não tô precisando
1105 71
3
F
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A
7
ah::: Carlos... eu não gostei não... preferia do jeito que você
era
1106 71
3
F
a
A
8
eu acho que você tá melhor... mas pode melhorar ainda
mais... talvez se você continue... continuar fazendo uma::..
uma educação alimentar né?... um regime:: e tudo.. você vai
melhorar mais ainda
1107 71
3
F
a
A
9
é::: é:: ficou mais ou menos... mas eu particularmen::te não
faria... eu ficaria com o meu nariz.. porque eu sou a favor de
que a gente tem que ser natural como Deus fez né?... então..
se te satisfez... tudo bem
1108 71
3
F
a
A
10
o::lha... prá ser since:ra.. eu preferia você como você era...
porque você com o cabelo grisalho tava muito mais
charmo:::so.. do que com esse cabelo agora... porque eu
acho que ele tá dando mais... marcando mais as linhas do seu
rosto... e eu acho que você grisalho tava MUIto mais legal
1109 71
3
F
a
A
11
o::lha... fulano... eu acho que você não... já tá até grande
demais que deveria... porque você como vendedor.. você tem
que ter uma aparência né?... prá pessoa... e você tá num tipo
de serviço que não pede esse tipo de cabelo né?...então
gostaria que você.. pelo contrário.. aparasse seu cabelo... prá
você ficar com uma aparência melhor né?... porque se você
trabalhasse numa televisão.. num rádio.. ou um repórter..
alguma coisa... ficaria legal.. mas pro tipo que trabalha.... nós
temos que apresentar uma aparência BOA... de pessoa limpa
né?.. organiza::da.. e eu acho que o cabelo influencia nisso
1110 71
3
F
a
A
12
o::lha... eu acho... eu acho que você::... prá quarenta anos..
vamos dizer.. você tá:: com uma aparência de quaren::ta
anos.. no que eu tô entendendo... ago:::ra um artista tem
vá::rias opções... tem meios né?.. e:: eles têm que estar com
uma aparên::cia boa.. prá aparecer numa te::a né?... então
têm que estar ma::gro... tem que estar sem barri::ga... sem
estô::mago... com uma pele boni::ta... agora você.. como eu..
tô com uma aparência... tô com cinqüenta e cinco anos... eu
acho que eu tenho aparência de cinqüenta e cinco anos
1111 71
3
F
a
A
13
o::lha... Carlos... eu acho que.. antes de você comprar.. você
devia ter falado comigo.. porque DVD a gente tem que ter...
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
283
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
é::: pedir opinião pras pessoas que já têm.. prá ver... por
exemplo.. esse DVD que você comprou é mais barato.. mas
as instruções dele vêm toda em inglês... e a gente não sabe
inglês.. assim.. perfeitamen::te prá ficar lendo tudo... enquanto
eu tenho colegas que compraram um DVD melhor.. um
pouquinho mais caro.. mas vem com as instruções todas em
português... ficaria muito mais fácil prá gente manusear
1112 71
3
F
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A
14
o::lha... ele é legal... mas prá mim.. o que eu tenho me
satisfaz... porque celular.. no que eu entendo fulano.. é só prá
você falar.. dar um recado numa hora necessária... tá na rua..
precisa falar com alguém no trabalho né?... ou você precisa
pedir alguma coisa prá alguém... agora se vai tirar Foto.. se
vai filMAR... eu acho que::... isso aí prá mim é completamente
supérfluo
1113 71
3
F
a
A
15
o::lha... eu achei que tá bom... apesar de eu não ser muito...
não entender muito dessa coisa de jardim ô Lúcia?... mas prá
MIM.. tá tudo bem... porque não sou EU que vou cuidar... e
tudo né?... só acho que esse tipo de coisa de cerâmica ali
com os anjinhos que a gente tem aqui dentro do condomínio
não vai durar um mês
1114 71
3
F
a
A
16
o::lha... eu não tô achando na::da... porque primeiro que eu
não entendo de::: gravuras né? de:: estampas... prá mim... ele
pode valer até muito prá você... mas prá mim.. que não
entendo.. por exemplo.. prá botar na minha sala esse quadro
não ia me dizer NAda... porque minha casa é pequena.. é
tudo pequenininho.. então ele ia ficar.. até ia destoar de tudo
que eu tenho
1115 71
3
F
a
A
17
o::lha... [nome inaudível] eu gostei das tuas camisas e tudo..
mas eu acho que a tua mulher não vai gostar dessas cores
aí... eu tô achando MUIto berrante pro teu jeito de ser
1116 71
3
F
a
A
18
o::lha... eu a:cho que você tá tendo sorte... porque eu tive um
parecido com o seu... carro no::vo com menos de:::... não
tinha nem.. sei lá.. três meses... e começou a me dar
problema.. e:: gastei dinheiro com ele entendeu?... então.. prá
mim.. eu não tive sorte com esse modelo.. e mudei... vendi e
tô com outro.. que eu tô satisfeita... de uma outra::.. uma outra
concessionária.. no caso tô com um da Volks porque eu achei
muito mais fácil
1117 72
3
M
c
C
1
Ótima... muito gosto::as.. gostei muito... tempero tá no ponto
certo... jaMAIS poderia desagradá-la
1118 72
3
M
c
C
2
achei boa a reunião
1119 72
3
M
c
C
3
o::lha... estou achando o seguin::te... que você tem que
procurar se aprimorar mais... prestar bem atenção.. porque a
música.. ela tem... preci::sa que você enten::da né?.. as
partituras musicais... isso aí é:: complica::do e você desafi::na
MUIto... toma cuidado com o desafino
1120 72
3
M
c
C
4
é:... infelizmen::te... eu tenho que dizer prá você é:: que eu
não gostei... faltou::... aquele tempero... que realmente é
usado na::.. na comida para que ela seja uma comida
saborosa... que nós possamos sentir o sabor da comida.. e
realmen::te eu não encontrei sabor neNHUM... não tinha
gosto de NAda... porque não colocou tempero na comida.. e
ela ficou assim... nessas condições
1121 72
3
M
c
C
5
não achei boa não... vou ser franco a você... eu pedi a você
antes.. para que caprichasse na limpeza.. porque isso aqui é
um escritório... é muita gente.. então é:: muito ruim.. fica muito
ruim pras pessoas quando chegarem aqui.. encontrarem tudo
assim.. desarrumado.. e você procura fazer as coisas com
mais atenção... com mais capricho
1122 72
3
M
c
C
6
se você disse que essa moldura não é? que você me
mostrou... que é... que é parecida com a cabeça de um
cava::lo... na realidade não está apar... parecendo nada com
a cabeça de um caVAlo e sim de um jumento
1123 72
3
M
c
C
7
taí.. gostei.. gostei desse corte... você ficou.. assim.. mais
nova
1124 72
3
M
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C
8
realmente... você tá com uma nova forma física... continue
284
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
fazendo esses exercícios porque::... prá você poder
emagrecer mais
1125 72
3
M
c
C
9
o::lha... não achei que ficou bom não meu amigo... vou ser
sincero a você... você procura um outro médico que é
especializado no assunto.. porque esse aí estragou é com o
seu nariz
1126 72
3
M
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C
10
que eu achei do seu novo visual? é que você... quando teu
cabelo era natural era:::... sabe que o cabelo natural ele
contém brilhos.. e com a sua::... com a sua maneira de:: de::
de mudar a cor do cabelo usando tinta e transformando em
artificial... você perdeu o seu::... o cabelo quando é branco ele
tem um brilho especial.. ele perdeu todo esse brilho
1127 72
3
M
c
C
11
não gostei meu amigo... sinceramen::te você... numa
repartição pública.. numa empresa.. você não pode andar
assim... deixar o cabelo crescer e::: porque isso aí é até
antihigiênico
1128 72
3
M
c
C
12
após a sua operação é:: como direi... plástica... não gostei
não... não gostei dessa operação não... porque o médico que
fez essa plástica em você.. ele não fez muito bem não... ele
poderia ter trabalhado melhor
1129 72
3
M
c
C
13
o::lha... não gostei do aparelho.. porque::.. primeiro tudo que é
barato não tem boa qualidade... é o caso desse aparelho que
você comprou... infelizmen::te.. cê me desculpe.. mas
infelizmen::te cê deveria ter procurado um aparelho mais caro
e um aparelho com melhor qualidade
1130 72
3
M
c
C
14
ó:: eu gostei porque::: telefo::ne.. principalmen::te celular...
você pode atender... pode falar:::.. prá qualquer lugar..
qualquer pessoa.. que você desejar... isso aí é::: adianta.. é::
importante ::..é::.. adianta muito.. enfim poupa::: é:::... trabalho
e:.. é mais rápido as comunicações.. e então a gente resolve
problemas com mais rapidez
1131 72
3
M
c
C
15
não gostei... não gostei da Branca de Neve nem os sete
anões
1132 72
3
M
c
C
16
posso falar a verDAde?... esse quadro tá faltando algo aí...
faltando mais detalhes aí... não dá prá gente entender NAda...
dos desenhos... e:: e do visual do quadro
1133 72
3
M
c
C
17
não gostei das camisas.. porque realmen::te tem uma cor
assim muito berrante
1134 72
3
M
c
C
18
meu ami::go... gosto não se discute... você está entusiasmado
com a compra do seu carro e eu não vou... não vou te
aborrecer.. porque realmente se você gostou... gosto não se
discute... isso aí já é problema seu
1135 73
3
F
c
B
1
a comida está um pouquinho sem sal... mas ela está saborosa
1136 73
3
F
c
B
2
eu peço... gostaria que você é:: formulasse novamente a
pergunta porque eu não estou entendendo
1137 73
3
F
c
B
3
é:: realmente é:: as suas... as suas aulas de canto:: ela::.. ela
incomoda um pouco né?... mas eu tô vendo o seu esforço em
querer aprender... então nós estamos tendo um pouco mais
de paciên::cia... mas realmen::te.. e:la.. essas aulas nos
incomoda um pouco
1138 73
3
F
c
B
4
eu vou ser muito franca... é:: o jantar foi servido:: com muito
cari::nho... com muito amor... mas realmen::te eu não... não
gostei.. porque não é o meu gosto né?.. de comidas exóticas
né?... mas agradeço pela a gentileza de servir o jantar né?
1139 73
3
F
c
B
5
realmen::te você não limpou bem a sala né?... então gostaria
que você refizesse novamen::te... fizesse a limpeza com
mais... mais.. mais cuidado
1140 73
3
F
c
B
6
é o seu trabalho ele::... embora eu sei que você está fazendo
com muito esforço... com muita dedicação... mas realmente
eu não estou entendendo... eu não estou me identificando
com a peça
1141 73
3
F
c
B
7
eu... eu embora você esteja se sentindo bem com esse novo
corte... mas eu acho que:: com aquele outro estilo que você
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
285
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
usa::va é::...lhe ficava melhor
1142 73
3
F
c
B
8
[silêncio]
1143 73
3
F
c
B
9
[silêncio]
1144 73
3
F
c
B
10
eu gostei... eu acho que:: a mudança de.. de.. de.. de..cores
de.. de.. de.. de tratos sempre... eu acho que sendo prá
rejuvenescer.. eu acho que você fez muito bem... porque eu
concordo.. embora porque você tem a aparência jovem...
então com essa tonalidade de cabelo rejuvenesce mais
1145 73
3
F
c
B
11
eu acho que::: a aparência é tudo e:: realmente o cabelo prá
homem... cabelo comprido não.. não.. não fica bem... denigre
um pouco a imagem né?.. porque o trato é tudo né?... então
eu acho que você deveria cortar o cabelo
1146 73
3
F
c
B
12
eu acho que::: não... não condiz com o que ela tá dizendo
né?... se você tá dizendo que tem menos do que a artista..
mas sua aparência não diz... não demonstra essa idade que
você está falando
1147 73
3
F
c
B
13
gostei muito... porque:: eu não tinha o apare::lho... tava
realmen::te precisam::do...e::: eu te agradeço porque veio no
momento certo e::: eu gostei muito
1148 73
3
F
c
B
14
eu acho celular muito importante... mas ele não é
indispensável... eu acho que quem pode comprar.. deve ter...
mas eu não dou prioridade prá celular... mas quem pode e
precisa.. deve ter
1149 73
3
F
c
B
15
[silêncio]
1150 73
3
F
c
B
16
olha... realmente pode ser muito interessante prá você... mas
não faz o meu gênero
1151 73
3
F
c
B
17
pro meu gosto... elas são mu::ito extravagantes... então
também não é o meu estilo
1152 73
3
F
c
B
18
eu acho esse carro::... eu já tive um é:: parecido com o seu...
realmente ele não é confortável e:: por isso que eu tive de
trocar o meu carro
1153 74
3
M
b
B
1
olha preta::... a comida tá muito bo:::a... só que eu tô
achan::do o arroz um pouco salGAdo.. mas no demais tá
bem.. entende?
1154 74
3
M
b
B
2
não foi das melhores não... entendeu? não... não gostei da
reunião entendeu?
1155 74
3
M
b
B
3
você começou agora... você ainda está verde... mas a sua
tendência.. com a continuidade dessas aulas.. é melhorar
1156 74
3
M
b
B
4
olha não vou comer não
1157 74
3
M
b
B
5
procura caprichar porque você não fez a limpeza como eu lhe
pedi né?... não... não gostei.. procurar melhorar né?
1158 74
3
M
b
B
6
não gostei do teu trabalho... mas.. você deve... pode melhorar
né? prá fazer um trabalho melhor... mas não gostei
1159 74
3
M
b
B
7
o:: você fez um penteado igual ao da sua irmã né?... mas eu...
não tá mal não
1160 74
3
M
b
B
8
se você diz que fez... por exemplo.. no momento como tá
iniciando né?... talvez porque esteja iniciando o negócio ainda
não fez efeito... agora vamos ver... o tempo é que dirá se você
vai.. vai.. vai ter os resultados que espera que é emagrecer
1161 74
3
M
b
B
9
que barato... prá mim não ficou mal não... não ficou tão mal
assim como você pensa não
1162 74
3
M
b
B
10
esse negócio de artificialismo NÃO.. inclusive o.. o.. o.. você
deve manter o cabelo branco... Deus colocou você assim. eu
sou contra esse negócio de pintura de cabelo.. porque
geralmente.. às vezes até traz... até contra a saúde... porque
uma vez uma pessoa conhecido meu.. eu tô acrescentando
mais uma coisa.. pintou o cabelo... deu um problema de
alergia e o cara teve de parar no hospital... pintou o cabelo e
deu uma alergia... o outro pintou o cabelo.. não sei se pintou
mal feito... deu uma CHUva e aquilo escorreu TUdo e até foi
motivo... colega meu de trabalho... foi até motivo de chacota
286
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
sabe?
1163 74
3
M
b
B
11
cê pode deixar o cabelo longo... mas ter um certo cuidado...
agora não é ser desleixa::do... deixar a coisa chegar a um
ponto que o cabelo é::... é::... fique riDÍculo parecendo
ridículo... que tudo deve ter um equilíbrio.. nem oito nem
oitenta
1164 74
3
M
b
B
12
podia fazer alguma alteração... prá melhorar né? a sua
aparência né?
1165 74
3
M
b
B
13
poderia comprar uma coisa melhor né?
1166 74
3
M
b
B
14
[incompreensível]
1167 74
3
M
b
B
15
[incompreensível]
1168 74
3
M
b
B
16
é:: olha... não combina... esse quadro tá destoando né?.. ele
tá destoando
1169 74
3
M
b
B
17
eu acho essas camisas muito espalhafatosas mas se
agradou a você... tudo bom.
1170 74
3
M
b
B
18
eu já tive o modelo mas se você tá gostando... comprou e
gostou.. tudo bom
1171 75
3
F
c
B
1
vou te desculpar porque você nunca fez. você não entende. tá
mais ou menos. dá prá quebrar o galho
1172 75
3
F
c
B
2
não consegui entender nada
1173 75
3
F
c
B
3
coisa chata mas... tá dando prá mim suportar
1174 75
3
F
c
B
4
não gostei
1175 75
3
F
c
B
5
não gostei. a faxina foi mal feita.. portanto eu estou aqui
fazendo de novo.
1176 75
3
F
c
B
6
não gosto
1177 75
3
F
c
B
7
tá ridículo
1178 75
3
F
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B
8
pouca diferença
1179 75
3
F
c
B
9
a diferença? nenhuma [incompreensível]
1180 75
3
F
c
B
10
você não soube fazer a escolha... você escolheu uma cor que
não combina com você... você deve trocar prá outra cor..
outro tipo que vai dar certo
1181 75
3
F
c
B
11
olha... o seu cabelo... comprido não pega bem em você.. corta
o seu cabelo... faz um corte bem bonito... mas não deixa o
cabelo crescer... não pega bem.. não pega bem prá empresa
também.. isso pode ser prejudicial ao seu trabalho
1182 75
3
F
c
B
12
a a artista... você não parece com ela porque a artista já tem
outra fisionomia... você é você.. você tem que considerar
você... você não tem que parecer com ninguém
1183 75
3
F
c
B
13
marca... eu não gostei... poderia ser uma marca melhor.. mais
duradoura
1184 75
3
F
c
B
14
muito bonito seu celular.. mas prá mim.. prá mim eu prefiro
um celular só prá ligar mesmo... prá outras coisas não... mas
não sou contra
1185 75
3
F
c
B
15
eu não tenho nada contra a:: a Branca de Neve não
1186 75
3
F
c
B
16
nada a ver
1187 75
3
F
c
B
17
escandalosa... não gostei
1188 75
3
F
c
B
18
eu... eu acho um carro pequeno... um carro que não.. não
acomoda tão bem as pessoas... já tive um.. troquei por outro
porque eu não gostei muito
1189 76
2
M
a
A
1
ah:: não tá bom não
1190 76
2
M
a
A
2
doutor. Chiqui::nho o senhor vai me desculpar... mas eu não
consegui entender determinados pontos que o senhor falou
1191 76
2
M
a
A
3
se você se esforçar um pouquinho mais eu acho que você vai
ser um Ótimo barítono
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
287
1192 76
2
M
a
A
4
pô::.. comida forte essa que você comeu lá... hein cara?!
1193 76
2
M
a
A
5
pô Chicão... podia ter melhorado né? não tá muito bom não...
da próxima vez tenta dar uma guariba melhor aqui
1194 76
2
M
a
A
6
é:: interessan::te.. não... é meio diferente do que aquilo que
eu já vi... mas não deixa de ser interessan::te.. parabéns
1195 76
2
M
a
A
7
caRAM:::: ba é::: não era aquilo que eu pensava não... mas...
já que você gosta... então tá bom.
1196 76
2
M
a
A
8
é doutor Chiquinho...acho que:: tá::: tá indo bem.. tá indo
bem.. tá indo bem... eu acho que o senhor fez um bom
trabalho lá
1197 76
2
M
a
A
9
pô:: ca::ra tá lindo... parece até o nariz do Alain Delon
1198 76
2
M
a
A
10
pô: ca::ra.. sinceramen::te... tá meio esquisito cara... eu não
gostei muito não.. é:: você.. você que fez então.. manda ver
1199 76
2
M
a
A
11
contanto que você dê um trato nele.. tudo bem
1200 76
2
M
a
A
12
é né?!
1201 76
2
M
a
A
13
pô:: meu amorzinho... podia ter perguntado prá mim né? você
foi meio zura né? comprou o modelo mais baRAto.. a gente
podia ter dividido no cartão.. comprava um modelo melhor
1202 76
2
M
a
A
14
é interessante.. parece que ele faz tudo né chefe? ago::ra.. eu
não teria um desse não... eu não sou muito amigo de celular
prá fazer tudo não.
1203 76
2
M
a
A
15
achei meio esquisito galera
1204 76
2
M
a
A
16
é meio diferente né? não é do meu gosto não... mas se você
gosta.. se sua esposa gosta também.. aí tá ótimo
1205 76
2
M
a
A
17
pô:: ca:ra aonde você vai com essas camisas?
1206 76
2
M
a
A
18
é:: meu ami::go... eu tive um carro igualzinho a esse aqui..
não gostei não... carro é:: tipo.. sorte né? você às vezes pega
um ótimo.. que gosta muito... e:: eu talvez tenha tido azar e
peguei um ruim
1207 77
3
F
a
B
1
ah::: achei ótimo
1208 77
3
F
a
B
2
tenho algumas considerações a fazer... porque em
determinados momentos você foi muito confuso... para que
todos entendam é melhor que você explique mais
demoradamente e com palavras mais simples
1209 77
3
F
a
B
3
acho que todo mundo no começo tem dificuldades... e você
pratican::do.. você pode chegar aonde você deseja
1210 77
3
F
a
B
4
diferen::te... esquisi::to... mas comível
1211 77
3
F
a
B
5
acho que você limpou uma sala errada... porque a minha
continua na mesma situação... eu acho melhor... ENtra aqui e
vê
1212 77
3
F
a
B
6
cada trabalho é um trabalho.. então talvez eu não entenda
muito de trabalho de madeira... prá mim NÃO parece uma
cabeça de cavalo mas... talvez né? a expressão moderna...
arte especial... não sei.. eu não acho que parece.. mas talvez
alguém que entenda mais de arte entenda isso... mas eu
pessoalmente não
1213 77
3
F
a
B
7
bem diferente do outro... prá mim é um pouco esquisito... mas
como eu gosto de você.. tá tudo bem
1214 77
3
F
a
B
8
eu acho que cê tá Ótimo... se você tá se sentindo bem.. isso é
MAravilhoso.. continue assim
1215 77
3
F
a
B
9
você tá feliz com seu novo nariz? se você tá feliz.. não
interessa o que os outros acham.
1216 77
3
F
a
B
10
olha... entre o branco e o pintado... eu prefiro o branco.. mas
isso depende de você então eu acho que... vamos lá.. vamos
ver o que vai dar
1217 77
3
F
a
B
11
eu acho que você deve cortar o seu cabelo.. porque prá que
você possa fazer o trabalho que você tá fazendo e BEM... eu
acho que você não devia prejudicar esse trabalho com uma
288
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
aparência de hippie... porque não fica bem com a sua função
1218 77
3
F
a
B
12
certamente.... você tá Ótima
1219 77
3
F
a
B
13
eu achei Ótimo mas será que essa marca vai durar o tempo
que a gente quer? ela não é muito confiável né? mas se você
acha que tá bom..a gente fica com ela mesmo
1220 77
3
F
a
B
14
muito boNIto mas o meu é o mais simples possível... eu não
tenho um celular tão sofisticado.. porque prá mim o celular é
só para falar de vez em quando
1221 77
3
F
a
B
15
LINdo... maraviLHOso... tá muito boNIto
1222 77
3
F
a
B
16
bom... não entendo muito bem dessa arte desse autor... não
conheço muito bem.. não posso dar uma opinião abalizada...
EM princípio não é do meu gosto mas... você gostou né? se
gostou.. tudo bem
1223 77
3
F
a
B
17
bom você tem cores assim bem chamativas... mas é essa que
você gosta? esse tipo de cor? então se você vai sair com
ela... mas por favor não venha ao trabalho com uma camisa
dessa cor
1224 77
3
F
a
B
18
o senhor gostou?.. tá gostando?.. porque eu já tive um carro
igual e não gostei... mas tudo::... cada um.. cada um gosta do
que quiser... a escolha é de cada um... então tudo bem
1225 78
2
M
b
C
1
Não é do jeito que eu queria, o arroz tá sem sal
1226 78
2
M
b
C
2
Não aprendi como ou outros aprenderam
1227 78
2
M
b
C
3
Você poderia abaixar o tom
1228 78
2
M
b
C
4
Tava bom
1229 78
2
M
b
C
5
Vou ter que chamar o seu supervisor, pra mim foi um deboche
1230 78
2
M
b
C
6
[silêncio]
1231 78
2
M
b
C
7
Não achei muito bom não, achei uma porcaria, você ficou
horrível
1232 78
2
M
b
C
8
O senhor tá muito bem .. emagreceu
1233 78
2
M
b
C
9
Você tá irreconhecível .. nem sabia que era você .. ficou
horrível
1234 78
2
M
b
C
10
Preferia que você tivesse os cabelos grisalhos que nem era
antes
1235 78
2
M
b
C
11
Ou você corta o cabelo ou vou ter que te despedir
1236 78
2
M
b
C
12
Eu acho que você também deveria fazer uma cirurgia plástica
pra ficar igualzinho a moça da revista
1237 78
2
M
b
C
13
A marca que você comprou é uma porcaria
1238 78
2
M
b
C
14
Cada um faz aquilo que pode, né?
1239 78
2
M
b
C
15
O jardim está bonito mas branca de neve e sete anões pelo
amor de Deus .. tira isso daí
1240 78
2
M
b
C
16
O quadro é uma porcaria troca esse quadro pelo quadro da
Monalisa
1241 78
2
M
b
C
17
Tá parecendo mais cores de transviado
1242 78
2
M
b
C
18
O seu carro é fiat .. eu também já tive um fiat também e é
esse carro não vele nada .. não presta .. marca horrível
1243 79
3
F
b
A
1
bom
1244 79
3
F
b
A
2
mais ou menos... não foi assim muito esclarecedora essa
reunião não... foi meio confusa
1245 79
3
F
b
A
3
eu tô achando que tá incomodan::do um pouquinho sim...
porque::: fica assim muito baru:::lho e a sua voz não é muito
agradável... pelo menos por enquanto não é muito agradável
não
1246 79
3
F
b
A
4
não gostei muito não... é um sabor meio desagradável.. prá
ser sincera
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
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1247 79
3
F
b
A
5
não gostei não porque tava muito sujo... ficou muita sujeira
ainda prá limpar
1248 79
3
F
b
A
6
muito estra::nho... eu achei essa peça muito estranha...
realmente não gostei não
1249 79
3
F
b
A
7
o::lha... ficou diferente... mas eu gostava antes
1250 79
3
F
b
A
8
bem... não tô notando muita diferença não... acho que você
deveria fazer umas drenagens linfáticas prá completar
1251 79
3
F
b
A
9
olha... ficou legal... mas o médico deveria caprichar um
pouquinho mais
1252 79
3
F
b
A
10
olha eu acho que:: ficaria melhor do jeito que estava... o
original prá você fica melhor
1253 79
3
F
b
A
11
eu não acho legal você deixar esse cabelo crescer não... que
essa aparência sua não inspira confiança nenhuma aqui na
empresa
1254 79
3
F
b
A
12
olha eu acho o seguinte a sua aparência... prá sua idade a
sua aparência tá Ótima... ago::ra... é lógico que não dá prá
comparar com a moça da foto... com a artista né? porque ela
tem que realmente manter a aparência bem melhor do que na
verdade a idade dela demonstra
1255 79
3
F
b
A
13
o::lha... eu achei muito bom.. só que você conhece essa
marca? eu.. eu desconheço.. eu acho::.. algumas amigas
comentam que não é muito boa.. mas já que deu prá comprar
essa.. tudo bem... vamos ver se realmente é boa
1256 79
3
F
b
A
14
o::lha... eu acho ele muito sofisticado pro meu gosto... prá
mim.. na verdade isso não faz a menor falta... o importante é
que ele esteja fazendo ligações e recebendo ligações... na
verdade é isso que eu acho do celular.. prá mim o importante
é isso
1257 79
3
F
b
A
15
é boNI::to.. ago::ra será que se.. é durável essas imagens aí?
porque fica exposta ao tempo né? pode estragar... você
verificou direitinho se:: se é boa essa:: essa cerâmica?
1258 79
3
F
b
A
16
olha eu não gosto desse tipo de quadro não... eu acho que
não tem nada a ver com o ambiente... mas se você gosta né?
então... tudo é questão de gosto
1259 79
3
F
b
A
17
não combina nada com você essas roupas
1260 79
3
F
b
A
18
olha eu já tive um carro desses não gostei muito não... tá? eu
acho que... eu não gostei... prá mim eu não gosto não... não
gostaria de ter outro igual não
1261 80
3
M
b
A
1
tá horrível
1262 80
3
M
b
A
2
uma porcaria
1263 80
3
M
b
A
3
é tá bom... pode continuar
1264 80
3
M
b
A
4
isso aí é boa mas prá quem tem problema
1265 80
3
M
b
A
5
é:: eu acho que você tem que começar tudo de novo porque
eu não vi nada ali
1266 80
3
M
b
A
6
isso é... prá quem gosta até que está bom
1267 80
3
M
b
A
7
preferia o anterior
1268 80
3
M
b
A
8
é chefe o senhor tá mais elegante
1269 80
3
M
b
A
9
tá bom
1270 80
3
M
b
A
10
é tá melhor ué?!
1271 80
3
M
b
A
11
bom... desde que você esteja querendo ficar desempregado..
pode fazer o que você quiser
1272 80
3
M
b
A
12
é... parece que sim ué?!
1273 80
3
M
b
A
13
aparelho é bonito mas eu não gostei da marca
1274 80
3
M
b
A
14
é chefe... o aparelho é elegante
1275 80
3
M
b
A
15
ficou bonito... tá melhor do que antes
290
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
1276 80
3
M
b
A
16
é:: não é nenhum Picasso.. mas dá prá enganar
1277 80
3
M
b
A
17
são bonitas.. bonitas.. legal
1278 80
3
M
b
A
18
olha... o carro é bom... mas você tem que ter cuidado com a
parte mecânica dele que é muito cara
1279 81
3
F
a
A
1
achei ótima
1280 81
3
F
a
A
2
eu não entendi certos aspectos... eu gostaria que você me
explicasse melhor
1281 81
3
F
a
A
3
tá precisando de melhorar um pouco
1282 81
3
F
a
A
4
não gostei muito não
1283 81
3
F
a
A
5
ficou legal
1284 81
3
F
a
A
6
achei legal
1285 81
3
F
a
A
7
não gostei
1286 81
3
F
a
A
8
é reduziu um pouquinho mesmo
1287 81
3
F
a
A
9
o natural era melhor
1288 81
3
F
a
A
10
eu prefiro homens de cabelo natural
1289 81
3
F
a
A
11
você... você até poderia deixar crescer mas teria que arrumar
ele mais prá não ficar com a aparência assim de hippie né?
1290 81
3
F
a
A
12
[silêncio]
1291 81
3
F
a
A
13
eu achei legal a gente não tinha né? agora a gente vai poder
ver várias fitas de DVD
1292 81
3
F
a
A
14
eu achei legal.. ago::ra.. prá mim basta estar recebendo e
fazendo ligação... prá mim é importante... quem gosta eu acho
muito bom... quem gosta e pode comprar eu acho muito bom
1293 81
3
F
a
A
15
poxa.. legal
1294 81
3
F
a
A
16
não é meu estilo.. mas se você gosta é legal.. não faz o meu...
o meu gênero
1295 81
3
F
a
A
17
legal
1296 81
3
F
a
A
18
ah... eu já tive um carro desse modelo e não gostei... tanto
que eu troquei
1297 82
3
M
b
A
1
não gostei
1298 82
3
M
b
A
2
não entendi nada
1299 82
3
M
b
A
3
deve continuar tentando
1300 82
3
M
b
A
4
razoável
1301 82
3
M
b
A
5
não gostei muito não
1302 82
3
M
b
A
6
olha você tá dizendo que é a cabeça de um cavalo... pode
ser... mas eu não acho que é
1303 82
3
M
b
A
7
preferia o anterior você era mais feminina prá mim
1304 82
3
M
b
A
8
não notei nenhuma diferença não
1305 82
3
M
b
A
9
pô ca::ra eu acho que você desperdiçou dinheiro nessa
cirurgia... se você tivesse ficado com aquele mesmo nariz..
você teria lucrado mais... eu acho que não ficou legal esse
nariz não... você vai gastar mais dinheiro prá consertar esse
nariz aí
1306 82
3
M
b
A
10
ih ca::ra... tá muito feio... tá esquisito... você é um cara
bran::co... cê tem que jogar assim um castanho mais... essa
cor tá forçando muito uma barra... quem olha sabe que é tinta
1307 82
3
M
b
A
11
vou te responder profissionalmente cara... você deve dar uma
acertada nesse cabelo aí... perante a empresa.. nesse
ambiente aqui.. com essa roupa social.. não cai bem esse
cabelo... cê deve dar uma aparada nesse cabelo...
profissionalmente... cê apara esse cabelo aí que eu não
concordo com esse cabelo... você com esse cabelo aqui na
empresa... profissionalmente
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
291
1308 82
3
M
b
A
12
é realmente você não tem nem comparação... você é uma
gata
1309 82
3
M
b
A
13
olha eu gostei do DVD sim... mas você deveria ter comprado
uma marca melhor.. porque essa marca aí não vale nada
1310 82
3
M
b
A
14
olha cara... esse celular aí prá você ele é importante... mas
prá mim nada a ver... não não sou muito chegado a celular
não... acho que se eu tivesse que ter um celular ia ter só um
pré-pago porque eu não sou muito chegado a celular não...
mas prá você ele é bonito.. ele é legal.. mas eu não gasto o
meu dinheiro... não compraria esse aí prá mim não
1311 82
3
M
b
A
15
eu não gostei muito não... se for para o bem geral que fique...
mas eu não gostei muito não
1312 82
3
M
b
A
16
o importante é você gostar cara... eu não sou muito chegado
não... isso não me atrai não... esse quadro aí não me
transmite nada não... mas eu acho que você tem que fazer a
tua vontade.. se você gostou isso é que é importante
1313 82
3
M
b
A
17
prefiro camisa de uma cor só não gosto de camisa muito
berrante
1314 82
3
M
b
A
18
eu já tive um carro igual e não me adaptei
1315 83
3
F
b
A
1
a comida está deliciosa
1316 83
3
F
b
A
2
a reunião... foi complexa
1317 83
3
F
b
A
3
não me incomoda
1318 83
3
F
b
A
4
tem alguma coisa diferente nessa comida.. eu não gostei
muito
1319 83
3
F
b
A
5
você fez uma limpeza falha... eu não pedi prá você fazer isso
1320 83
3
F
b
A
6
ah::... eu não entendo muito bem... então eu não tô
identificando o que você quis fazer
1321 83
3
F
b
A
7
ah... eu não gostei muito... preferia o anterior
1322 83
3
F
b
A
8
tá dando prá perceber... você emagreceu um pouco
1323 83
3
F
b
A
9
ah:: ficou muito diferente... eu não gostei muito não
1324 83
3
F
b
A
10
prá ser sincera... tá mui:: to exótico
1325 83
3
F
b
A
11
não permito que isso aconteça... você pode até... mas cabelo
grande eu não vou consentir
1326 83
3
F
b
A
12
eu não concordo... você não... não é mais nova do que ela...
não aparenta mais nova do que ela... ela pode até ter mais
idade mas o dinheiro.. minha filha.. ela já fez ali plástica...
uma coisa que você não fez... ago:ra que você não tem... não
aparenta ter menos que ela... não aparenta não
1327 83
3
F
b
A
13
mas qual a marca? como toda compra de eletrodoméstico é o
fator sorte... vamos ver... de repente
1328 83
3
F
b
A
14
boni::to mas prá mim não faz diferença nenhuma... eu recebo
só... só recebo ligações e faço ligações necessárias prá mim
1329 83
3
F
b
A
15
ah o jardim tá:: deu uma vida... essas florezinhas aqui é que
estão maltratadas né?.. poderia ser bem mais cuidada
1330 83
3
F
b
A
16
olha está bonito... mas talvez não fosse aqui nessa parede...
num outro ambiente... aqui não pegou muito bem não
1331 83
3
F
b
A
17
eu não compraria essa camisa nessa cor não... não tinha uma
outra cor? outro modelo? sei lá... mas é bonita.. você gostou?
1332 83
3
F
b
A
18
olha... tá me levando prá onde eu querto ir.. tudo bem... você
tá gostando? tá sendo confortável prá você? tá ótimo
1333 84
3
M
b
B
1
eu não gostei
1334 84
3
M
b
B
2
bom supervisor é o seguinte.. eu não entendi.. entendeu ..
a::. eu não entendi a reunião.. então gostaria que o senhor
voltasse a explicar de novo
1335 84
3
M
b
B
3
o que eu que tô achando.. achando que .. você deveria
continuar porque.. atrapalhando.. eu acho que não...
atrapalha.. tá procurando .. é .. ensaiar né... treinar.. a não se
292
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
que seja depois das dez horas .. aí tudo bem
1336 84
3
M
b
B
4
é sei.. o jantar... mais o menos.. não me agradou muito não
1337 84
3
M
b
B
5
pôxa rapaz você não limpou bem a sala não aê.. brincadeira
hein.. pedi você pra limpar e você deixou ainda um pouquinho
sujo
1338 84
3
M
b
B
6
eu achei que não foi bem feito não porque não deu pra
entender.. o que você esculpui.. então eu gostaria que você
treinasse mais um pouco.. fizesse melhor
1339 84
3
M
b
B
7
eu não gostei
1340 84
3
M
b
B
8
eu acho que você num ..eu acho que o spa não resolveu
muito o seu caso não porque você continua da mesma forma
1341 84
3
M
b
B
9
è.. ficou excelente cara.. ficou bacana.. melhorou muito
1342 84
3
M
b
B
10
é.. eu achei mais ou menos mas eu preferia você com os
cabelos brancos você fica bem melhor com o cabelo natural
1343 84
3
M
b
B
11
eu pedi pra cortar o cabelo... você deveria cortar, se não eu
vo::u.. ter que tomar medidas drásticas.
1344 84
3
M
b
B
12
não, eu acho que você aparenta os 40 anos que você diz ter.
1345 84
3
M
b
B
13
olha pretinha, eu achei que você::: economizou um pouquinho
pô::, você poderia comprar uma marca melhor, pô::xa.. essa
marca é muito fraquinha.
1346 84
3
M
b
B
14
é:: doutor, seu celular é excelente, hein... de última geração
mesmo.
1347 84
3
M
b
B
15
achei excele::nte cara... muito bonito porque...
1348 84
3
M
b
B
16
olha rapaz, eu nu::m gostei muito do, do quadro não.. o
quadro não me tocou em nada.
1349 84
3
M
b
B
17
eu achei que essas camisas que você comprou é:: muito
berra::nte, pô::, muito espalhafatosa.
1350 84
3
M
b
B
18
é, o seu carro é realmente bem confortável... excelente
carro... gostaria de ter um.
1351 85
3
F
c
C
1
tá ótima
1352 85
3
F
c
C
2
não entendi nada
1353 85
3
F
c
C
3
não me incomoda não
1354 85
3
F
c
C
4
eu não gostei porque eu não conheço a comida
1355 85
3
F
c
C
5
não me agradou
1356 85
3
F
c
C
6
mais ou menos
1357 85
3
F
c
C
7
ficou uma bomba
1358 85
3
F
c
C
8
você vai precisar refazer o seu guarda-roupa
1359 85
3
F
c
C
9
olha tá horrível
1360 85
3
F
c
C
10
horroroso
1361 85
3
F
c
C
11
dá um jeitinho já que você quer deixar o cabelo crescer
1362 85
3
F
c
C
12
você deveria se olhar no espelho
1363 85
3
F
c
C
13
não foi uma boa compra
1364 85
3
F
c
C
14
celular é prá emergência... mas já que você gosta.. cada um
com seu gosto
1365 85
3
F
c
C
15
tá mais prá criança né?
1366 85
3
F
c
C
16
eu não gostei.. mas cada um tem seu gosto né?
1367 85
3
F
c
C
17
vai passear na rua prá ver se alguém gosta
1368 85
3
F
c
C
18
você está com uma bomba na mão
1369 86
3
F
c
C
1
péssimo
1370 86
3
F
c
C
2
boa
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
1371 86
3
F
c
C
3
ótima
1372 86
3
F
c
C
4
não gostei
1373 86
3
F
c
C
5
não estava boa
1374 86
3
F
c
C
6
ótimo
1375 86
3
F
c
C
7
gostei
1376 86
3
F
c
C
8
não vi resultado
1377 86
3
F
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C
9
bom
1378 86
3
F
c
C
10
gostei
1379 86
3
F
c
C
11
não
1380 86
3
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c
C
12
é
1381 86
3
F
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C
13
gostei
1382 86
3
F
c
C
14
perfeito
1383 86
3
F
c
C
15
achei lindo
1384 86
3
F
c
C
16
não gostei
1385 86
3
F
c
C
17
não gostei
1386 86
3
F
c
C
18
bom
1387 87
3
F
c
C
1
valeu a sua intenção.. mas podia ter sido melhor
293
1388 87
3
F
c
C
2
péssima
1389 87
3
F
c
C
3
gostei.. porque se é uma coisa que você gosta de fazer... a
gente vive numa comunidade né? não podemos impedir a
pessoa de fazer o que gosta
1390 87
3
F
c
C
4
gostei... porque como é uma novidade eu vou querer
experimentar todos né?
1391 87
3
F
c
C
5
não gostei... não ficou boa... poderia ter sido melhor
1392 87
3
F
c
C
6
não está bem.. assim.. bem esclarecida a cabeça do cavalo...
não dá prá perceber ainda
1393 87
3
F
c
C
7
ah... não gostei... não lhe caiu bem
1394 87
3
F
c
C
8
está melhorando.. mas precisa ainda perder mais
1395 87
3
F
c
C
9
ah eu não gostei... não ficou bem... alguma coisa deu errado
1396 87
3
F
c
C
10
puxa... você perdeu a sua identidade... você era bem mais
atraente com eles brancos
1397 87
3
F
c
C
11
ah... não gostei... você corte porque primeiro que é um local
de trabalho... não fica bem você com esse cabelo grande
1398 87
3
F
c
C
12
você tem a aparência da idade que você tem
1399 87
3
F
c
C
13
você teve uma boa idéia mas comprou uma marca muito
ordiNÁria
1400 87
3
F
c
C
14
muito bom mas prá mim não tem utilidade nenhuma
1401 87
3
F
c
C
15
não gostei da idéia... não ficou bem
1402 87
3
F
c
C
16
tá bonito... mas não é o meu estilo
1403 87
3
F
c
C
17
são bonitas... mas as cores muito exageradas prá homem
1404 87
3
F
c
C
18
não gosto... já tive um e troquei porque não presta... o senhor
está enganado com esse modelo
1405 88
1
M
b
C
1
ah amor... o arroz tá um pouco... um pouco duro e::: faltou um
pouquinho de sal... se você quiser da próxima vez eu cozinho
com você
1406 88
1
M
b
C
2
é:: as suas metas eu não consegui perceber o que você tava
querendo com elas... gostaria que você fosse mais
esclarecedor
1407 88
1
M
b
C
3
bem... acho que... como lazer seu... se você tá gostando tudo
bem.. mas eu acho que você não tem muito talento não pro
294
Referências Bibliográficas
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
canto... e se você pudesse fazer as suas aulas mais baixas
prá não importunar
1408 88
1
M
b
C
4
pô... gostei da experiência de provar novos pratos… eu acho
legal.. mas o sabor não gostei não... mas valeu a pena
1409 88
1
M
b
C
5
ah... faltaram algumas coisas que eu pedi né? por exemplo a
limpeza aqui não foi feita muito bem... eu queria que você
fizesse novamente hoje
1410 88
1
M
b
C
6
bem… eu só não achei parecido com a cabeça de um cavalo..
mas tem aquelas... aquelas artes que a pessoa não... meio::..
como é que se diz?...esqueci o nome.. é::: aquelas artes que
você não entende nada... uma confusão.. ah.. não gostei não
dessa cabeça de cavalo
1411 88
1
M
b
C
7
ah amor... você foi muito radical.. você sabe que eu não gosto
de cabelo curto é:: eu preferia você com cabelo mais
longo...agora vamos esperar crescer novamente
1412 88
1
M
b
C
8
realmente... tá mais elegante
1413 88
1
M
b
C
9
bem acho que ainda tá um pouco inchado né?... de repente
vai ficar legal depois de quando terminar todo o trabalho da
cirurgia
1414 88
1
M
b
C
10
ah não gosto de homem com o cabelo pintado não... não acho
legal... acho que depois que pintou os brancos tem mais é
que assumir os cabelos brancos
1415 88
1
M
b
C
11
é:: espero que você não deixe o fato do cabelo estar grande
parecer que você não tem cuidado com o cabe::lo... já que
você quer deixar crescer.. que você ama::rre o cabelo... cuide
dele... não deixe uma aparência de sujeira.. de uma pessoa
que não trata dos cabelos
1416 88
1
M
b
C
12
é realme::nte... e as artistas ainda têm photoshop... isso aí é
tudo enganação
1417 88
1
M
b
C
13
bem amor você perguntou sobre as características do DVD?..
porque esse aqui pelo que eu pude ler ele não é um dos
melhores... tem outras marcas melhores... cê viu sobre
garantia se a gente tem assistência técnica aqui perto.. essas
coisas?
1418 88
1
M
b
C
14
bem o celular para mim eu só uso para ligar e receber...
esses... essas outras utilidades periféricas prá mim eu
dispenso... mas tem gosto prá tudo né?
1419 88
1
M
b
C
15
só não gostei muito da Branca de Neve e dos sete anões né?
que eu acho um pouco ultrapassado até prá jardim... prá
qualquer coisa.. até prá festa de criança...não gostei muito
não... mas o resto ficou legal
1420 88
1
M
b
C
16
como não entendo muito de arte.. prá mim esse quadro é
muito diferente... mas não faz muito o meu estilo não... eu
preferia algo mais moderno
1421 88
1
M
b
C
17
não faz muito o meu estilo não.. esse tipo de camisa.... não
gostei não
1422 88
1
M
b
C
18
bem... eu já tive um carro desse e no meu caso ele não foi
muito bom não... porque eu achei ele pequeno e a mecânica
dele muito difícil de se conseguir as peças... e dava muito
defeito... eu não gostei muito não... mas o seu de repente
como é novo.. você pode estar tendo sucesso né?... porque
carro cada um vem de um jeito
1423 89
1
M
b
C
1
maravilhosa
1424 89
1
M
b
C
2
confusa
1425 89
1
M
b
C
3
cê tem que melhorar cara
1426 89
1
M
b
C
4
exótica demais pro meu gosto
1427 89
1
M
b
C
5
não gostei
1428 89
1
M
b
C
6
é:: bem feito
1429 89
1
M
b
C
7
amor... não gostei muito não.. prá ser bem sincero
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
1430 89
1
M
b
295
C
8
é:: tá melhor... tá melhor assim... com o tempo melhora... com
o tempo melhora
1431 89
1
M
b
C
9
tá bem legal cara
1432 89
1
M
b
C
10
cara... prá te falar a verdade não gostei
1433 89
1
M
b
C
11
na minha sincera opinião acho que não... acho que você deve
cortar o cabelo.. até prá::.. prá::.. prá cara da empresa...
porque cabelo grande não combina com a cara da empresa e
com as metas que a gente tem que seguir
1434 89
1
M
b
C
12
acho que não
1435 89
1
M
b
C
13
adorei
1436 89
1
M
b
C
14
prá que gosta eu acho muito interessante... mas na minha
opinião celular serve apenas para comunicação urgente
1437 89
1
M
b
C
15
interessante
1438 89
1
M
b
C
16
pô:: cara... esse estilo de quadro não faz muito o meu estilo
1439 89
1
M
b
C
17
as camisas são bem extravagantes hein?
1440 89
1
M
b
C
18
já tive um modelo igual e não gostei
1441 90
3
M
b
B
1
Razoável
1442 90
3
M
b
B
2
Devia ter passado mais objetivamente não .. muito ..
discursivas conforme foram passadas
1443 90
3
M
b
B
3
Eu achava que você deve aprimorar mais ainda as suas aulas
1444 90
3
M
b
B
4
É:: .. não muito adequado ao nosso hábito de alimentação
1445 90
3
M
b
B
5
Não achei tanto adequando quanto você .. você poderia fazêla novamente?
1446 90
3
M
b
B
6
Eu achei muito estranho por não ter um conhecimento da
parte artesanal que você estava exercendo
1447 90
3
M
b
B
7
Você deveria me ter preparado que iria mudar tão
radicalmente o visual
1448 90
3
M
b
B
8
Eu acho::... que tal o senhor .. voltar mais algumas vezes pra
poder ficar bem mais.. bem mais tranqüilo .. bem mais leve
1449 90
3
M
b
B
9
Vamos aguardar mais pra passar esse período pós
operatório.. desinchar mais pra ver se ficará.. assim não dá
pra ter uma noção como ele ficou
1450 90
3
M
b
B
10
Tava mais acostumado com os seus cabelos brancos.. ficam
mais adequados a você
1451 90
3
M
b
B
11
Se você quer deixar crescer.. então deixa de uma maneira
crescer adequada para que lhe dê uma melhor.. apresentação
.. uma melhor presença
1452 90
3
M
b
B
12
A senhora está adequada dentro da sua faixa etária
1453 90
3
M
b
B
13
Só acho que poderíamos ter problemas com a marca dele no
futuro
1454 90
3
M
b
B
14
Achei muito bonito.. bem evoluído.. mas.. deve ser de uma
boa serventia para o senhor
1455 90
3
M
b
B
15
Boa.. uma boa criatividade infantil
1456 90
3
M
b
B
16
Olha.. ele pode ser bonito .. mas não do estilo como eu
gosto.. mas gosto não se discute
1457 90
3
M
b
B
17
As camisas são bonitas mas as cores para mim eu acho muito
fortes .. muito berra::ntes
1458 90
3
M
b
B
18
O modelo que eu tive dessa marca.. ele me deu alguns
problemas .. por isso eu tive que trocar .. espero que você
tenha uma boa sorte com ele
1459 91
3
M
b
B
1
É::.. tudo bem
1460 91
3
M
b
B
2
Confusa
1461 91
3
M
b
B
3
A::h .. melhorar mais
296
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
1462 91
3
M
b
B
4
A::h .. foi maravilhoso .. muito obrigado foi ótimo
1463 91
3
M
b
B
5
É:: .. foi muito bom .. muito obrigado
1464 91
3
M
b
B
6
A::h .. talentoso
1465 91
3
M
b
B
7
I::h .. troquei de mulher
1466 91
3
M
b
B
8
Bom .. acho que precisa fazer mais um regimezinho .. mas tá
muito bom assim .. tá ótimo .. mas faz um regimizinho pra
melhorar
1467 91
3
M
b
B
9
Ah.. aí meu amigo.. não foi muito agradável nã::o
1468 91
3
M
b
B
10
É:: tá bom.. você gostou? .. Então tá ótimo que vale é a sua
opinião
1469 91
3
M
b
B
11
É.. tá bom.. tá ótimo. Você tá muito bem.. ficou maravilhoso
1470 91
3
M
b
B
12
[Silêncio]
1471 91
3
M
b
B
13
Ah aí.. pôxa.. desse pra você pegar o outro era muito melhor
né?.. mas já que tá assim.. o que pode fazer?.. não tem mais
como se desfazer do negócio.. então fica como está
1472 91
3
M
b
B
14
É:: .. gostei .. tá bom
1473 91
3
M
b
B
15
É:: .. gostei .. tá bom
1474 91
3
M
b
B
16
É bom. .aí:: .. acho bonito .. e tal .. mas não sou a pessoa
adequada pra poder dar uma opinião concreta .. porque não
entendo muito dessa arte
1475 91
3
M
b
B
17
A::h muito berrante .. dentro da brincadeira.. isso é coisa de
bicho::na::
1476 91
3
M
b
B
18
Bom, muito.. tá bem.. pra você tá bem .. agora.. eu não gostei
.. tanto é que até troquei por outro .. e:: .. não é o meu .. do
meu gosto
1477 92
1
M
b
C
1
hum:: show de bola
1478 92
1
M
b
C
2
olha... foi bem produtiva... poderia ter sido melhor... se você
aceita minhas críticas de forma::.. assim.. construtiva por
assim dizer
1479 92
1
M
b
C
3
não cara... olha só... tu tem futuro.. é só pô:: continuar
treinando.. afinal de contas.. a prática leva à perfeição
1480 92
1
M
b
C
4
pô:: cara.. meio diferente... mas eu prefiro ainda o feijão e
arroz da mamãe... na boa
1481 92
1
M
b
C
5
pô:: olha só cara... da próxima vez só fala comigo lá... dá uma
arrumadinha ali no canto da mesa... mas só isso... o resto foi
tranqüilo
1482 92
1
M
b
C
6
não cara... poxa... tartaruga poderia ser mais bonitinha...
não... mas pô:: tá maneiro... tá maneiro... essa arte moderna
aí você sabe como é né?... mas tá bom.. tá bom.. tá bom.. tá
bom
1483 92
1
M
b
C
7
pó::xa na boa... tá até maneiro... bem moderno aí.. e tal... mas
pô:: eu:: sabe que eu me amarro em cabelo longo.. cara...
mas tá maneiro.. fazer o quê?
1484 92
1
M
b
C
8
não.. não.. tá ficando maneiro... não TÁ... não chegou no
ponto... óbvio que não... afinal de contas foram poucos dias
no SPA... mas é só continuar no ritmo que vai ficar bem
legal... e comprar aquele terninho esperto.. fininho... vai ficar
ó.. show de bola... se eu fosse mulher... ainda bem que eu
sou homem
1485 92
1
M
b
C
9
pô:: cara... olha só... tá maneiro.. tá tranqüilo.. pô tu se sente
melhor? então tá bom... tá beleza.. é só manter a espinha... o
resto fica show de bola
1486 92
1
M
b
C
10
pô:: cara... agora tá parecendo jovem pô::: tá igual aquela
música do Chaves... se você é jovem ainda... não.. cabelo
branco era maneiro.. mas pô:: isso aí também... é só não
pintar de caju... o resto fica tranqüilo
1487 92
1
M
b
C
11
olha só... se você quer continuar com a gente tem que
demonstrar uma boa aparência por parte da empresa... isso
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
297
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
daqui não é brincadeira... não é bagunça pô... tu tem que
tomar uma atitude e ficar bem apresentável... tu acha que
cabelo longo fica apresentável?... ainda mais assim.. você
não pode compor nem nada.. tem que ficar apresentável...
isso aqui não é bagunça... uma coisa é trabalho outra coisa é
pessoal.. cara
1488 92
1
M
b
C
12
ô rapaz se eu fosse o Roberto Marinho eu te contratava...
não... tô brincando... não.. tu tá show de bola..ué é só
continuar... é só aquele papo não comer muito.. manter o
físico... o resto.. tranqüilo
1489 92
1
M
b
C
13
ah.. pô CCE?.. tu tinha que ter comprado outro aparelho é:: IG
não.. como é que é LG.. etc...pô:: o fato do preço não é
obstáculo
1490 92
1
M
b
C
14
aí... show de bola... cheio de::... parece até um
[incompreensível] de Jornada nas Estrelas né? o lance é que
só serve prá ligar... mas o negócio é esse né?... tá ligando? tá
bom.. tá tranqüilo... mas tá show de bola... ele é maneirinho
1491 92
1
M
b
C
15
pô:: o Dunga tá parecen::do que é o:: Dorminho:co né? NÃO..
mas tá maneiro ca::ra.. estátua aí tá maneirinha... poderia ter
colocado umas margaridas também.. umas flores..mas tá
manei::ro.. show de bo::la [incomprensível] vamos tirar uma
foto depois
1492 92
1
M
b
C
16
pô::xa cara... esse estilo aí meio maluco.. etc... essa arte
moderna aí é meio esquisita... mas até que tá maneirina.. as
cores até que são bem... coloridas.. coloridas
1493 92
1
M
b
C
17
olha só... isso aí você não vai utilizar aqui não né?.. sabe que
aqui é muito bem uniforme né?.. isso aqui tem que seguir um
padrão etc... isso aqui não é bagunça né?... mas pô:: prá usar
em casa prá dormir tá show de bola.
1494 92
1
M
b
C
18
ah:: esse carro aqui pô::xa.. sabe que ele não é:: um
Weekend prá família né?.. viagem etc.. mas pô:: prá casal..
assim como na tua função.. no trabalho é exceLENte.. é bem
prático.. é tranqüilo.. é flexível... o combustível é barato..
enfim... mas dá pro gasto.. é maneiro.. é maneiro.. é
maneiro... prá atual condição tá show de bola
1495 93
2
M
b
C
1
péssima.
1496 93
2
M
b
C
2
não consegui entender a gravação
1497 93
2
M
b
C
3
horrível.
1498 93
2
M
b
C
4
estranho.
1499 93
2
M
b
C
5
ruim.
1500 93
2
M
b
C
6
estranho.
1501 93
2
M
b
C
7
diferente.
1502 93
2
M
b
C
8
normal.
1503 93
2
M
b
C
9
bonito.
1504 93
2
M
b
C
10
horrí::vel.
1505 93
2
M
b
C
11
horrí::vel
1506 93
2
M
b
C
12
igual.
1507 93
2
M
b
C
13
prejuízo na certa.
1508 93
2
M
b
C
14
boni::to.
1509 93
2
M
b
C
15
esquisi::to.. difere::nte.
1510 93
2
M
b
C
16
estra::nho.
1511 93
2
M
b
C
17
bonito.
1512 93
2
M
b
C
18
não gosto.
1513 94
3
M
b
C
1
achei bom, ué, excelente.
1514 94
3
M
b
C
2
achei boa.
298
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
1515 94
3
M
b
C
3
tá cantando bem.
1516 94
3
M
b
C
4
está boa a comi::da, ué.
1517 94
3
M
b
C
5
não está boa a limpeza.
1518 94
3
M
b
C
6
excelente.
1519 94
3
M
b
C
7
não achei bom não.
1520 94
3
M
b
C
8
não achei nada bo::m.
1521 94
3
M
b
C
9
achei ótimo.
1522 94
3
M
b
C
10
achei diferente.
1523 94
3
M
b
C
11
horrível.
1524 94
3
M
b
C
12
parece.
1525 94
3
M
b
C
13
eu gostaria que ela comprasse um aparelho mais é::::: pô,
esqueci, bem mais moderno.
1526 94
3
M
b
C
14
eu achei bonito.. ué.. eu achei bonito.
1527 94
3
M
b
C
15
eu achei excelente... achei excelente.
1528 94
3
M
b
C
16
ah, não gostei não, não gostei.
1529 94
3
M
b
C
17
eu não gostei dos tipo das camisa, não gostei.
1530 94
3
M
b
C
18
eu gostaria se fosse um Santana, eu gostaria se fosse um
Santana.
1531 95
3
M
a
A
1
razoável pra boa.
1532 95
3
M
a
A
2
regular.
1533 95
3
M
a
A
3
dá pra aturar...mas não pode ser em alto volume.
1534 95
3
M
a
A
4
não gostei... achei diferente sabor.
1535 95
3
M
a
A
5
não foi muito boa.. apenas razoável.
1536 95
3
M
a
A
6
gostei, mas não entendi.. até onde ia chegar sua escultura.
1537 95
3
M
a
A
7
razoável... não é o que eu esperava mas dá pra levar.
1538 95
3
M
a
A
8
é::: a viagem lhe fez bem .. ma:::s e aí.. e o peso, melhorou?
1539 95
3
M
a
A
9
melhorou ... apenas pra agradar.
1540 95
3
M
a
A
10
ficou diferente... mas melhorou um pouco sim, ficou mais
jo::vem um pouquinho.
1541 95
3
M
a
A
11
não... não há condição... na á::rea o cabe::lo te::m que ser
corta::do, tá, cabelo grande atrapalha o negó::cio, então não é
permitido (aí, aí é fácil)
1542 95
3
M
a
A
12
nã::o ... não parece ... não parece ficou difere::nte não tem..
não tem semelhança nenhuma.
1543 95
3
M
a
A
13
não gostei porque você pago::u muito e trouxe um inferior...
não gostei do aparelho
1544 95
3
M
a
A
14
bom ... aparelho ... é bo::m... eu tenho um semelhante... mas
é um pouco melhor do que o seu.
1545 95
3
M
a
A
15
é... gostei do jardim ... mas tem que regar de manhã e à noite
1546 95
3
M
a
A
16
olha... eu gostei do seu quadro novo mas eu tenho minha
opinião própria e dou a minha satisfação sobre o que que eu
quero daquele quadro eu sou claro pra ir dizer... que gostei
mas pode melhorar
1547 95
3
M
a
A
17
esse colorido tá parecendo coisa de boio::la.
1548 95
3
M
a
A
18
olha eu tive um... mas o meu passei pra frente porque eu não
gostei... é.. não me adaptei com ele e tive que passar pra
frente
1549 96
3
M
b
A
1
não está boa
1550 96
3
M
b
A
2
excelente
1551 96
3
M
b
A
3
um dia vai melhorar
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
A elaboração da opinião desfavorável’ em português do Brasil e sua inserção nos
estudos de português como segunda língua para estrangeiros (PL2E)
1552 96
3
M
b
A
4
Não me adaptei a esse alimento
1553 96
3
M
b
A
5
você dormiu no ponto, hein
1554 96
3
M
b
A
6
muito criativo
1555 96
3
M
b
A
7
muito diferente
1556 96
3
M
b
A
8
está novo pra nova jornada, hein
1557 96
3
M
b
A
9
é melhor retornar a de anterior
1558 96
3
M
b
A
10
muito mais jovem
1559 96
3
M
b
A
11
se você se sente bem assim... parabéns
1560 96
3
M
b
A
12
parece... com certeza
1561 96
3
M
b
A
13
ado::rei amor
1562 96
3
M
b
A
14
boni::to chefe
299
1563 96
3
M
b
A
15
bom trabalho gostei
1564 96
3
M
b
A
16
não gostei
1565 96
3
M
b
A
17
cada um tem um gosto
1566 96
3
M
b
A
18
você poderia comprar outro porque esse aí, esse aí vai te dar
trabalho.
1567 97
3
M
c
C
1
péssima
1568 97
3
M
c
C
2
a:: razoável
1569 97
3
M
c
C
3
a:: to achando que deve aprende::r, continua::r, ir em frente...
pra aperfeiçoa::r
1570 97
3
M
c
C
4
não, não, não jantei pô... eu não jantei
1571 97
3
M
c
C
5
não ficou bo::a
1572 97
3
M
c
C
6
não achei boa
1573 97
3
M
c
C
7
não gostei
1574 97
3
M
c
C
8
[silêncio]
1575 97
3
M
c
C
9
[silêncio]
1576 97
3
M
c
C
10
tá parecendo com a bruxa do setenta e um, ca::ra
1577 97
3
M
c
C
11
pô.. não achei na::da, não tá bom não
1578 97
3
M
c
C
12
não... não
1579 97
3
M
c
C
13
não gostei... só gosto do LG
1580 97
3
M
c
C
14
olha, eu ia comprar um celular melhor
1581 97
3
M
c
C
15
bom.. bom.. muito bom
1582 97
3
M
c
C
16
não gostei.. não gostei
1583 97
3
M
c
C
17
não gostei
1584 97
3
M
c
C
18
pô... o teu carro é uma porcaria
1585 98
2
M
b
C
1
A::h, tá::, tá bom, amor.
1586 98
2
M
b
C
2
Foi interessante
1587 98
2
M
b
C
3
É você tem que estuda::r .. mais
1588 98
2
M
b
C
4
Eu prefiro a comida brasileira
1589 98
2
M
b
C
5
É necessário refazer
1590 98
2
M
b
C
6
Bo::m diferente
1591 98
2
M
b
C
7
Você sabe que eu prefiro seus cabelos longos
1592 98
2
M
b
C
8
Eu ainda:: não percebi.. talvez porque eu:: .. não tenho tanto
contato com você
1593 98
2
M
b
C
9
Não entendo muito bem disso mas o importante é como você
se sente
300
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0310597/CA
Referências Bibliográficas
1594 98
2
M
b
C
10
Rapaz .. era melhor que você tivesse deixado ele:: do jeito
que tava.
1595 98
2
M
b
C
11
Por que você não deixa o seu cabelo:: .. curto?
1596 98
2
M
b
C
12
Nã::o .. não acho não
1597 98
2
M
b
C
13
Existe marcas melho::res .. você deveria ter me consultado
1598 98
2
M
b
C
14
Útil
1599 98
2
M
b
C
15
Interessante .. diferente
1600 98
2
M
b
C
16
A::h não me impressionou
1601 98
2
M
b
C
17
Ah .. acho meio espalhafatosa
1602 98
2
M
b
C
18
Eu já tive um modelo desse e sinceramente eu não gostei ..
troquei por outro
1603 99
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Estava ótimo
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Achei que poderia ter sido mais objeti::va
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Tô achando que você tá cantando bem .. mas que poderia ir
até um pouco .. terminar um pouco mais cedo
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Já tinha.. já tinha provado antes e gostado mais do que a::
dele
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Não gostei muito não .. gostaria que você terminasse que
você parou na metade
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6
É belo trabalho.. artes plásticas a gente nunca consegue
identificar à primeira vista muito bem o que é
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Ah não gostei muito nã::o, amor.. perdeu um pouquinho da
sua jovialidade aí ..poderia ter feito de outra maneira aí que
não perdesse esse ar
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8
É realmente deu pra perceber a mudança tô até vendo que a
calça tá um pouquinho larga aí no senhor
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A::h ficou melhor .. tá bonito tá bonito .. dá até pra arrumar
uma namorada nova agora
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Pô nem te conheci direito preferia do jeito que você era mas
daqui a um tempo a gente se acostuma com essas situações
novas aí
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Pô acho que você não deveria deixar o cabelo crescer não
causa uma má impressão pa .. pra empresa ..achava até que
você deveria cortar um pouquinho mais aí cuidar da sua
aparência pra .. pra melhorar aí .. a sua aparência na
empresa
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Ah: eu acho que sim você tá com uma aparência ótima aí .. tá
bela tá bela
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Ah ótimo mas acho que a gente poderia ter esperado um
pouco mais pra juntar um pouco mais de dinheiro pra
comprar uma marca melhor ser uma coisa durável
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Ah o senhor que é um supervisor de uma empresa assim
grande como essa o senhor realmente tem que ter toda a
tecnologia aí à sua mão
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Gostei gostei esses anõezinhos aí são bem simpáticos
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Ah não sou muito fã de quadros .. de quadros e essas coisa::s
não mas .. você go::sta.. tá lhe agradando então tá bom
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Bonita camisa.. bonita camisa muito bom gosto
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Bom.. pra essa função de táxi esse carro serve muito bem
agora.. eu tinha um desse pro meu uso particular eu não
gostava muito dele não
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A elaboração da opinião desfavorável em português do Brasil e sua