JOSÉ MARCIO RODRIGUES VIANA
Rádio Digital na Faixa de Onda Média
e as Peculiaridades da Cobertura
por Onda de Superfície
CADERNOS CCOM
VOLUME VI
CENTRO DE POLÍTICAS, DIREITO, ECONOMIA E
TECNOLOGIAS DAS COMUNICAÇÕES - CCOM
Série: CADERNOS CCOM - VOLUME VI
Monografia defendida como requisito de aprovação no V Curso de Especialização em
Regulação de Telecomunicações da UnB, em 26 de julho de 2006.
Orientador: Lúcio Martins da Silva
COORDENADOR GERAL
Murilo César Ramos
PROJETO GRÁFICO
Núcleo de Multimídia e Internet – NMI/
UnB
EQUIPE EDITORIAL
Preparação de originais
Daniela Garrossini e Maria do C. Rigon
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - UnB
EDITORA FACULDADE DE TECNOLOGIA
- FT
Campus Universitário Darcy Ribeiro,
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Revisão
Catarina Felix
Editoração Eletrônica
Suhelen Chaves e Luciana Lobato
Capa
Cristiane Arakaki
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Bibliotecária responsável: Catarina Felix dos Santos Soares CRB 514/1ª região)
V614r
Viana, José Marcio Rodrigues.
Rádio Digital na Faixa de Onda Média e as Peculiaridades da Cobertura por Onda de Superfície
/ José Marcio Rodrigues Viana; Lúcio Martins da Silva (Orientador). – Brasília: Faculdade de Tecnologia/UnB, 2008.
107 p.: Il. – (Cadernos CCOM; Volume VI).
ISBN:
1. Telecomunicações. 2. Rádio Digital. I. Título. II. José Marcio Rodrigues Viana. III. Centro de
Políticas, Direito, Economia e Tecnologias das Comunicações (CCOM). IV. Lúcio Martins da Silva
(Orientador).
CDU
654.19
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Possível configuração de canais AM em uma mesma
localidade...................................................................................................... 18
Figura 1.2 Audiência no meio rádio ........................................................ 22
Figura 1.3 Evolução das outorgas dos serviços de radiodifusão ............ 22
Figura 1.4
Participação dos meios de comunicação no bolo
publicitário .................................................................................................. 23
Figura 1.5 Participação do rádio no bolo publicitário ........................... 24
Figura 1.6 Investimento publicitário entre 2000 e 2005 ....................... 24
Figura 1.7 Modulação no rádio AM ......................................................... 26
Figura 1.8 Deformação do sinal AM ......................................................... 27
Figura 1.9 Modulação FM ........................................................................ 27
Figura 1.10 Propagação da onda de superfície ........................................ 28
Figura 1.11 Propagação da onda ionosférica ........................................... 29
Figura 2.1 Máscara espectral .................................................................... 33
Figura 2.2 Modo híbrido sistema AM IBOC ............................................ 37
Figura 2.3 Modo todo digital - sistema AM IBOC .................................. 38
Figura 2.4 Modo multicast - sistema digital DRM ................................. 40
Figura 2.5 Modo multicast adjacente- sistema digital DRM .................. 40
Figura 2.6 Modo simulticast - sistema digital DRM ............................... 41
Figura 3.1 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OE –
Pot. 1 kW ...................................................................................................... 55
Figura 3.2 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OS – Pot. 1 kW,
solo 1 mS/m ................................................................................................. 56
Figura 3.3 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OE –
Pot. 5 kW ...................................................................................................... 57
Figura 3.4 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OS – Pot. 5 kW - Solo
1 mS/m ........................................................................................................ 58
Figura 3.5 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OE –
Pot. 30 kW .................................................................................................... 59
Figura 3.6 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OS – Pot. 30 kW
– Solo 1 mS/m ............................................................................................. 60
Figura 3.7 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OE –
Pot. 1 kW ...................................................................................................... 61
Figura 3.8 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OS – Pot. 1 kW
– Solo 1 mS/m ............................................................................................. 62
Figura 3.9 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OE –
Pot. 5 kW ...................................................................................................... 63
Figura 3.10 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OS – Pot. 5 kW
– Solo 1 mS/m ............................................................................................. 64
Figura 3.11 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OE –
Pot. 30 kW .................................................................................................... 65
Figura 3.12 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OS – Pot. 30 kW,
solo 1 mS/m ................................................................................................. 66
Figura 3.13 Cobertura de Ribeirão Preto/SP - propagação por OE –
Pot. 5 kW ...................................................................................................... 67
Figura 3.14 Cobertura de Ribeirão Preto/SP - propagação por OS – Pot. 5
kW , solo 3 mS/m ........................................................................................ 68
Figura 3.15 Solo de condutividade igual a 1 mS/m na Região Norte ... 71
Figura 3.16 Solo de condutividade igual a 1 mS/m na Região
Nordeste ........................................................................................................ 72
Figura 3.17 Solo de condutividade igual a 1 mS/m na Região CentroOeste ............................................................................................................ 73
Figura 3.18 Solo de condutividade igual a 1 mS/m na Região
Sudeste ........................................................................................................ 74
Figura 3.19 Solo de condutividade igual a 1 mS/m na Região Sul........ 75
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 Visão geral do PBOM ................................................................ 19
Tabela 1.2 Potência de operação das rádios AM ..................................... 20
Tabela 1.3 Porcentagem de rádio AM e população por região
brasileira ........................................................................................................ 21
Tabela 2.1 Espúrios de alta freqüência .................................................... 32
Tabela 2.2
Número de emissoras com transmissão digital IBOC
nos EUA ...................................................................................................... 36
Tabela 2.3 Número de emissoras com transmissão digital DRM ........... 41
Tabela 3.1 Valores de condutividade equivalente do solo brasileiro ..... 48
Tabela 3.2 Predição de cobertura urbana obtida pela OS e pela OE .... 50
Tabela 3.3 Predição de cobertura rural obtida pela OS e pela OE .......... 52
Tabela 3.4 Porcentagem de rádio AM na Região Norte ......................... 71
Tabela 3.5 Porcentagem de rádio AM na Região Nordeste..................... 72
Tabela 3.6 Porcentagem de rádio AM na Região Centro-Oeste ............ 73
Tabela 3.7 Porcentagem de rádio AM na Região Sudeste ..................... 74
Tabela 3.8 Porcentagem de rádio AM na Região Sul .............................. 75
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9
1 A RADIODIFUSÃO SONORA ANALÓGICA AM ........................................ 13
1.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 13
1.2 HISTÓRICO ............................................................................................ 13
1.3 CANALIZAÇÃO DA FAIXA DE FREQUÊNCIA EM ONDA MÉDIA ....... 17
1.4 CENÁRIO ATUAL DA RÁDIO AM .......................................................... 19
1.5 MODULAÇÃO AM .................................................................................. 25
1.6 PROPAGAÇÃO NA FAIXA DE ONDA MÉDIA ...................................... 28
2 SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DIGITAL ............................................... 31
2.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 31
2.2 MOTIVAÇÕES E OPÇÕES PARA A DIGITALIZAÇÃO ........................... 33
2.3 SISTEMA EUREKA 147 ........................................................................ 35
2.4 SISTEMA – ISDB-TSB ........................................................................... 35
2.5 SISTEMA AM IBOC ................................................................................ 36
2.6 SISTEMA DRM ....................................................................................... 39
3 RÁDIO DIGITAL NA FAIXA DE OM E DE VHF ........................................ 43
3.1 PREDIÇÃO DE COBERTURA DAS ONDAS DE SUPERFÍCIE E
ESPACIAL ...................................................................................................... 49
3.1.1 Cobertura Urbana ............................................................................... 50
3.1.2 Cobertura Rural ................................................................................. 52
3.2 PREDIÇÃO DE COBERTURA URBANA E RURAL CONSIDERANDO O
PERFIL DO TERRENO .................................................................................. 53
3.2.1 Exemplo 1 - Brasília/DF - Relevo Suave, Solo de 1mS/m ............... 55
3.2.1.1 Onda Espacial - Canal 201 - Potência de 1kW/90m ................. 55
3.2.1.2 Onda Superfície – Freq. 1070 kHz - Potência de 1kW .................... 56
3.2.1.3 Onda Espacial – Canal 201 – Potência de 5kW/150m ............... 57
3.2.1.4 Onda Superfície – Freq. 1070kHz - Potência de 5kW ................ 58
3.2.1.5 Onda Espacial – Canal 201 – Potência de 30 kW/150m ........... 59
3.2.1.6 Onda superfície – Freq. 1070kHz - Potência de 30 kW ............ 60
3.2.2 Exemplo 2 – Cascavel/PR - Relevo Suave, Solo de 1mS/m ........... 61
3.2.2.1 Onda Espacial – Canal 201 - Potência de 1kW/90m ................. 61
3.2.2.2 Onda Superfície – Freq. 1070kHz - Potência de 1kW ............... 62
3.2.2.3 Onda Espacial – Canal 201 – Potência de 5kW/150m .............. 63
3.2.2.4 Onda Superfície – Freq. 1070kHz - Potência de 5kW ............... 64
3.2.2.5 Onda Espacial – Canal 201 – Potência de 30 kW/150m ............ 65
3.2.2.6 Onda Superficie – Freq. 1070kHz - Potência de 30 kW ............ 66
3.2.3 Exemplo 3 – Ribeirão Preto/SP – Relevo acidentado e
solo de 3mS/m ............................................................................................. 67
3.2.3.1 Onda Espacial – Canal 201 - Potência de 5 kW/150m ............. 67
3.2.3.2 Onda Superfície – Freq. 1070kHz - Potência de 5kW,
Solo de 3mS/m ............................................................................................. 68
3.2.3.3 Conclusões Acerca da Cobertura por Onda de Superfície e por
Onda Espacial .............................................................................................. 69
3.2.4 Mapa de Condutividade do Solo Brasileiro ...................................... 70
3.2.5 Região Norte ...................................................................................... 71
3.2.6 Região Nordeste ................................................................................. 72
3.2.7 Região Centro-Oeste ......................................................................... 73
3.2.8 Região Sudeste .................................................................................. 74
3.2.9 Região Sul .......................................................................................... 75
3.3 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA OPERAÇÃO NOTURNA DA
RÁDIO AM .................................................................................................... 76
CONCLUSÕES ............................................................................................... 77
REFERÊNCIAS............................................................................................... 81
ANEXO A – ARTIGOS PERTINENTES AO TEMA TRATADO ...................... 85
INTRODUÇÃO
A radiodifusão em onda média (OM) é a modalidade de serviço de
radiodifusão sonora que opera na faixa de freqüência de 525 kHz a 1705
kHz, popularmente conhecida como rádio AM. Durante vários anos, esse
veículo de comunicação ocupou lugar de destaque, em uma época denominada “os tempos áureos do rádio”. Contudo, esse prestígio começou
a declinar com o surgimento da televisão e das rádios FM, com sinal
imune à interferência atmosférica e com maior largura de banda, capaz
de irradiar sinais de áudio de excelente qualidade.
A partir desses acontecimentos as emissoras AM passaram a enfrentar
forte concorrência até então inexistente, assim como puderam melhor
avaliar suas reais condições técnicas frente à qualidade de áudio oferecida pelas concorrentes em FM.
Ao longo dos anos essa limitação técnica resultou em baixa audiência e
em um menor interesse na outorga para novas emissoras do serviço. Em
compensação, observa-se um crescente aumento no número de emissoras FM, o que tende a acirrar a concorrência na radiodifusão sonora e
agravar ainda mais as dificuldades hoje enfrentadas.
A tecnologia digital anuncia uma recepção livre de interferências e
melhoria da qualidade do sinal, de forma que a rádio AM passaria a ter
um sinal robusto e semelhante àquele oferecido pelas FMs. Reconhece-se
a necessidade de modernização de estúdios, da planta transmissora, de
melhoria na programação, de investimento em pesquisas para melhor
identificar e atender seu público, cativar novos ouvintes e diversificar
o conteúdo. Porém, se todas essas providências forem tomadas, mas o
sinal não apresentar um áudio robusto e de boa qualidade, tudo o que
for implementado continuará a chegar depreciado ao ouvinte. A transmissão digital pode significar um passo importante para a melhoria do
áudio em AM.
Os radiodifusores AM têm manifestado interesse específico na transmissão híbrida ou simultânea, na qual seja possível combinar o sinal analógico e o digital na mesma faixa de freqüência em uso pela emissora.
Solução igualmente interessante do ponto de vista de planejamento,
devido ao congestionamento do espectro radioelétrico. Pode-se afirmar
9
que há um clamor nacional para que o sistema digital a ser adotado pelo
Brasil para a radiodifusão sonora deva permitir a transmissão simultânea, solução imperativa para a rádio AM.
No entanto, a tão almejada digitalização na mesma freqüência sujeitará
as emissoras às mesmas restrições técnicas inerentes à faixa de onda
média, condição que leva inquietações e incertezas ao radiodifusor, o
qual, em não vislumbrando a digitalização como solução, pode predestinar o correspondente serviço no Brasil à estagnação e até à extinção. Em
contrapartida, um possível deslocamento das 1707 emissoras AM para
outra faixa de freqüência, além do problema da inexistência de canais
disponíveis, exigiria todo um empenho e dificuldades jurídicas para a
nova outorga.
Há que se levar também em consideração que ocorreria a descontinuidade do serviço atualmente prestado, a perda da audiência cativa e de
receita, aumento dos custos de implantação, trabalho de marketing e
estímulo para os ouvintes sintonizarem a estação em nova freqüência, e
principalmente, a interrupção do serviço em regiões somente atendidas
pela propagação por onda de superfície e ionosférica, inerentes à faixa
de onda média.
Ante o panorama descrito, procurou-se reunir alguns dados e informações relevantes ao assunto que permitissem uma melhor compreensão
da problemática envolvida na digitalização desse veículo de comunicação. O trabalho está estruturado em cinco capítulos. O Capítulo 2 traz
um breve histórico desse serviço radiofônico, alguns aspectos do gerenciamento do espectro de freqüência, especificamente no que tange à
canalização na faixa de onda média, alguns aspectos do cenário atual
da radiodifusão sonora, implicações da modulação AM na qualidade do
serviço e considerações da propagação na referida faixa.
O Capítulo 3 aborda os sistemas de radiodifusão digital, especialmente os
sistemas In-Band On-Channel (IBOC) e Digital Radio Mondiale (DRM), por
atenderem a transmissão simultânea tão almejada pelos radiodifusores.
10
A proposta do trabalho está abordada no Capítulo 4, que expõe a questão acerca da operação da rádio digital na faixa de onda média e na
faixa de VHF, destacando as propagações por onda de superfície e por
onda espacial (propagação em visibilidade e difração) suas implicações
na penetração do serviço na área urbana e rural.
Por fim, as conclusões subseqüentes estão relatadas no Capítulo 5.
11
1 A RADIODIFUSÃO SONORA ANALÓGICA AM
1.1 INTRODUÇÃO
Neste Capítulo, após a citação de alguns fatos marcantes, serão abordadas determinadas características do serviço de radiodifusão sonora
em onda média, como a potência de operação típica das emissoras, a
cobertura média, a distribuição de estações por região brasileira, dados
e indicadores referentes à audiência e à outorga, as propriedades básicas
da propagação por onda de superfície e ionosférica, o desempenho da
modulação em amplitude e a possível influência destas peculiaridades
para o cenário atual do serviço AM no Brasil.
1.2 HISTÓRICO
Tudo começou no ano de 1863, em Cambridge, Inglaterra, quando James
Clerck Maxwell demonstrou teoricamente a existência das ondas eletromagnéticas. Em seguida, no ano de 1887, o físico alemão Henrich
Rudolf Hertz, partindo da Teoria de Maxwell, detectou pela primeira vez
as ondas de rádio, hoje chamadas ondas hertzianas. Foi o ponto de partida para uma série de experiências que culminaram, posteriormente, na
invenção do rádio, que se tornou um meio de comunicação baseado na
difusão de informação sonora por ondas eletromagnéticas (hertzianas)
em diversas freqüências.
O uso das ondas eletromagnéticas para a propagação de informação
sonora acontece no início do século XX graças à invenção da válvula
radioelétrica (triodo), criada em 1906, nos EUA, por Lee De Forest. A
válvula triodo permitiu a ampliação dos sinais elétricos, viabilizando a
audição de sons complexos transmitidos por ondas hertzianas.
No Natal de 1906, a radiodifusão foi inaugurada no mundo: De Forest
e Reginald Aubrey Fessenden transmitiram, nos EUA, números de canto
e solos de violino. Outras transmissões pioneiras foram realizadas nos
anos seguintes.
13
As emissoras de rádio desenvolvem-se de fato após a I Guerra Mundial.
Durante o conflito, a transmissão das ondas eletromagnéticas ficou sob
o controle do governo dos países em guerra. Esse atraso na implantação
da radiodifusão para o grande público, no entanto, foi compensado pelos
avanços feitos no período, que facilitam o crescimento das estações de
rádio no pós-guerra.
Em apenas uma década, a radiodifusão espalhou-se por todo o mundo.
Em 1919 foi criada a primeira grande empresa norte-americana de telecomunicações, a Radio Corporation of América (RCA), seguida da National Broadcasting Company (NBC), em 1926, e da Columbia Broadcasting
System (CBS), em 1927. Na Europa foram implantadas várias empresas
de grande porte, entre as quais a italiana Radiotelevisione Italiana (RAI),
em 1924; a inglesa British Broadcasting Corporation (BBC), em 1927;
e a francesa Radio France Internationale (RFI), em 1931. O número de
receptores também aumenta drasticamente: nos EUA, por exemplo, os
aparelhos de rádio subiram de 50 mil, em 1922, para mais de 4 milhões,
em 1925.
No Brasil, a rádio AM alcançou enorme popularidade. As emissoras profissionalizam-se, os transmissores e aparelhos receptores tornaram-se
cada vez mais potentes. Apareceram os programas de música popular,
que lançaram ídolos como Carmem Miranda e Orlando Silva. Surgiram
também os programas de humor, de auditório, que contaram com a participação do público e as novelas. (1)
Dentre os fatos marcantes da rádio AM brasileira, destacam-se: (2)
Em 7 de setembro de1922 ocorreu a primeira transmissão oficial da rádio
AM no Brasil, com o discurso do Presidente da República, Epitácio Pessoa, em comemoração ao centenário da independência do Brasil. Foram
importados 80 receptores, especialmente, para o evento. (3)
Edgard Roquete Pinto, considerado pai do rádio brasileiro, e Henry Morize
fundaram, em 20 de abril de 1923, a primeira rádio AM brasileira: a Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro, criada para atuar sem fins comerciais.
Em 1932, o Decreto n.º 21.111, de 1º de março, que regulamentou o
Decreto nº 20.047, de maio de 1931, primeiro diploma legal sobre a
radiodifusão, define o rádio como “serviço de interesse nacional e de
finalidade educativa”. No mesmo ano, o Decreto nº 21.111, autorizou a
14
veiculação de propaganda pelo rádio, tendo limitado sua manifestação,
inicialmente, a 10% da programação.
O Brasil assinou, em 1935, o Acordo Sulamericano de Radiocomunicações, o qual distribuiu os canais das freqüências de 600, 720, 740,
800, 860, 880, 940, 980, 1000, 1040, 1100, 1220 e 1280 kHz para uso
exclusivo no Brasil. Nesse mesmo ano, a Rádio Jornal do Brasil, do Rio
de Janeiro, criou vários programas de notícias.
Em 1936, foi fundada a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que permaneceu como a primeira em audiência por mais de vinte anos.
O Decreto-Lei n.º 2.073, do Presidente Getúlio Vargas, criou as Empresas
Incorporadas ao Patrimônio da União no ano de 1940, que entre outras
ações, encampou a Rádio Nacional, de propriedade do grupo A Noite.
Dois anos antes havia sido inaugurado o programa “A Hora do Brasil”.
Em 1941, surgiu o Repórter Esso, criado pela Rádio Nacional, durante a
II Guerra Mundial. O programa ficou no ar até 1968.
Dois fatos marcaram o ano de 1942: a criação do Grande Jornal Falado
Tupi, da Rádio Tupi, de São Paulo; e uma primeira transmissão de uma
radionovela – “Em busca da felicidade”, feita pela Rádio Nacional do Rio
de Janeiro.
Já a primeira transmissão televisa do Brasil foi realizada em 1950, pela
PFR-3 TV Difusora, depois TV Tupi, de São Paulo. Outras emissoras também foram entrando no ar, como a TV Tupi do Rio de Janeiro, em 1951,
e a TV Paulista, no ano seguinte. A TV Record e a TV Excelsior também
apareceram por essa época. A popularização da televisão no Brasil ocorreu no final da década de 50.
A cidade do Rio de Janeiro foi palco da primeira transmissão de FM
no Brasil em 1955, operando em caráter experimental na extinta Rádio
Imprensa. Na década de 1960 surgiram algumas rádios explorando a freqüência e oferecendo música ambiente para hotéis, escritórios e outros
interessados.
Em 27 de agosto de 1962, o Presidente João Goulart assinou a Lei n.º
4.117/62 que instituiu o Código Brasileiro de Telecomunicações, e, em
12 de novembro de 1963, pelo Decreto n.º 52.795, de 31 de outubro de
1963, aprovou o Regulamento dos Serviços de Radiodifusão.
15
Os primeiros circuitos integrados possibilitaram o início da miniaturização dos receptores de rádio no ano de 1964.
Em 1966, pela Resolução n.º 11, foi aprovada a Norma Técnica NTC-19
– Cálculo das Intensidades de Campo e das Interferências entre Emissoras de Radiodifusão de Ondas Médias. Em seguida, pela Portaria do
Ministério das Comunicações n.º 557, de 3 de dezembro de 1971, esta
Norma foi modificada e intitulada NTC-19A.
A Portaria Ministerial n.º 359, de 24 de março, aprovou, em 1976, o
primeiro Plano Básico de Distribuição de Canais de Radiodifusão Sonora
em Onda Média – PBOM. No mesmo ano, pela Portaria n.º 360, de 24 de
março, foram estabelecidas as condições para enquadramento das emissoras às novas características técnicas aprovadas pelo referido Plano
Básico. E, ainda nesse ano, a Portaria n.º 1048, de 10 de setembro, aprovou a nova norma técnica referente ao serviço de radiodifusão sonora
em onda média intitulada–“Normas Técnicas para Emissoras de Radiodifusão Sonora em Ondas Médias”. (4)
A Conferência Administrativa Regional de Radiodifusão em Ondas
Médias – CARR81, foi realizada pela União Internacional de Telecomunicações na cidade do Rio de Janeiro, em 1981. Esta Conferência teve
por objetivo estabelecer as condições e procedimentos, em âmbito internacional, para coordenação de alteração de características técnicas de
emissoras dos países da Região 2 (toda América). Em decorrência, foi
aprovado o Acordo Regional para o Serviço de Radiodifusão em Onda
Média e o Plano Regional de Distribuição de Canais de Radiodifusão
Sonora em Onda Média ou Plano do Rio de Janeiro, ambos dispositivos
ainda em vigor. (5)
Em 1988, também na cidade do Rio de Janeiro, ocorreu a Conferência Administrativa Regional de Radiocomunicações para estabelecer um Plano do Serviço de Radiodifusão na faixa de 1605 kHz a 1705 kHz na Região 2. (5)
Em setembro de 2005, foram publicados os primeiros atos da Anatel que
autorizaram emissoras executantes do serviço de radiodifusão sonora em
onda média a realizar testes do Sistema de Radiodifusão Sonora Digital
IBOC – In-Band On-Channel. (6)
16
1.3 CANALIZAÇÃO DA FAIXA DE FREQUÊNCIA EM ONDA MÉDIA
Em virtude de as emissoras de radiodifusão terem surgido de forma
desordenada, logo começaram a surgir interferências. Em conseqüência,
tornou-se necessária a atribuição de faixas de freqüências e a emissão
de autorização de maneira que as transmissões radiofônicas pudessem
ocorrer de forma harmoniosa. Deste modo, os governos se organizaram
em nível internacional em uma associação denominada International
Telecomunications Union – ITU, que é um órgão da Organização das
Nações Unidas – ONU especializado em telecomunicações. Assim, foram
padronizadas internacionalmente faixas de freqüências atribuídas a
determinados serviços.
A faixa de freqüência de 535 kHz a 1705 kHz está atribuída, em âmbito
internacional e nacional, ao serviço de radiodifusão sonora em onda
média. Contudo, o uso de cada freqüência desta faixa pelas emissoras
teria ainda que atender a determinados procedimentos e critérios técnicos regulamentados nos âmbitos nacional e internacional.
Em 24 de março de 1976, pela Portaria n.º 359, o Ministério das Comunicações aprovou o primeiro Plano Básico de Distribuição de Canais
de Radiodifusão Sonora em Onda Média – PBOM, o qual, após estudos
de viabilidade técnica, distribuiu canais para localidades brasileiras, de
sorte que as emissoras ao providenciarem seu enquadramento às novas
características técnicas estabelecidas nesse primeiro Plano, passariam a
operar de forma otimizada e protegida contra interferências.
Em 10 de setembro do ano de 1976, foi aprovada, pelo Ministério das
Comunicações, a Portaria n.º 1048, norma técnica referente ao serviço de
radiodifusão em onda média intitulada “Normas Técnicas para Emissoras
de Radiodifusão Sonora em Ondas Médias”, que estabeleceu os procedimentos e critérios técnicos a serem cumpridos nos pedidos de inclusão
ou de modificação de canal já existente no PBOM.
A partir de 1997, conforme disposto na Lei n.º 9.472, de 16 de julho
de 1997, Lei Geral de Telecomunicações, em seu artigo n.º 211, coube à
Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel elaborar e manter os
respectivos planos de distribuição de canais, dentre eles o PBOM.
17
Os critérios que regem as inclusões ou modificações de canais do PBOM
estão estabelecidos pelo Regulamento Técnico para a Prestação do Serviço de Radiodifusão Sonora em Onda Média e em Onda Tropical (faixa
de 120 m). Assim, toda emissora AM que pretenda modificar determinada
característica técnica aprovada no PBOM, tem que apresentar estudo de
viabilidade técnica, conforme critérios e procedimentos estabelecidos no
aludido Regulamento Técnico e no Acordo internacional pertinente. (8)
Após análise pela Anatel e constatada a viabilidade técnica, a pretensão é submetida a comentários, por meio de Consulta Pública. Em não
havendo objeção fundamentada, a proposta de modificação é aprovada
por meio de um Ato da Agência, que aprova as novas características
técnicas no PBOM.
Quando se trata de interessado em uma nova rádio AM, primeiramente
verifica-se se, no PBOM, existe ou não canal vago para a localidade
desejada. Caso haja canal vago, isto é, ainda não explorado por emissora, o interessado solicita ao Ministério das Comunicações a abertura de
edital de licitação visando a outorga do canal.
Caso não haja canal vago, o interessado precisa contratar um profissional habilitado para que seja elaborado estudo que demonstre a viabilidade técnica de determinado canal proposto. Confirmada a viabilidade
técnica e após o procedimento de Consulta Pública, o canal proposto é
incluído no PBOM, ficando, assim, à disposição para pedido de abertura
de edital pelos interessados em sua outorga.
Em linhas gerais, os critérios técnicos vigentes permitem que em uma
mesma localidade, sem se levar em consideração a distribuição de canais
das localidades próximas, é possível a coexistência de rádios AM operando em freqüências afastadas de, pelo menos, 30 kHz, conforme ilustra
a Figura 1.1.
30kHz
540
550
560
Canal
Ocupado
570
580
30kHz
590
Canal
Ocupado
600
610
620
630
Canal
Ocupado
640
1690
1700
Canal
Ocupado
Canais adjacentes que devem ser mantidos desocupados
Figura 1.1 Possível configuração de canais AM em uma mesma localidade[8].
18
1.4 CENÁRIO ATUAL DA RÁDIO AM
Inicialmente, vale lembrar os propósitos dos Serviços de Radiodifusão. O
Código Brasileiro de Telecomunicações, aprovado pela Lei n.º 4.117/1962,
define que o Serviço de Radiodifusão é destinado a ser recebido direta e
livremente pelo público em geral, e compreende a radiodifusão sonora
e televisão.
Por seu turno, o Regulamento dos Serviços de Radiodifusão, aprovado
pelo Decreto n.° 52.795/63, dispõe que os Serviços de Radiodifusão têm
finalidade educativa e cultural, mesmo em seus aspectos informativo e
recreativo, e são considerados de interesse nacional, sendo permitida,
apenas, a exploração comercial dos mesmos, na medida em que não
prejudique esse interesse e aquela finalidade.
Neste contexto, a radiodifusão sonora em onda média insere-se como a
modalidade de Serviço de Radiodifusão que opera na faixa de freqüência
de 525 kHz a 1705 kHz, usando modulação de amplitude (em inglês,
amplitude modulation – AM) com banda lateral dupla (em inglês, double side band – DSB). No Brasil, é popularmente conhecido como rádio
AM.
A Tabela 1.1 oferece uma visão geral do número de emissoras em operação e o número de canais vagos que podem ser objeto de licitação para
a outorga de novas rádios AM (7).
Tabela 1.1 Visão geral do PBOM(7)
Faixa de Freq.
kHz
Modulação
No de emissoras
em operação
No de canais
no Plano
Básico
No de canais
vagos no Plano
Básico
535 a 1605
AM-DSB
1.707
2.157
450
1605 a 1705
AM-DSB
nenhuma
Não planejado
-
Para conhecer melhor a cobertura das rádios AM, elaborou-se a Tabela
1.2.
19
Tabela 1.2 Potência de operação das rádios AM(7)
Níveis de Potência das rádios AM - Operação diurna e noturna
Potência - P
Operação Diurna
Operação Noturna
N.º Emissoras
%
N.º Emissoras
%
P < 1 kW
771
45,2
1495
87,6
1 kW < P < 10 kW
785
45,9
178
10,4
10 kW < P <50 kW
130
7,6
19
1,1
50 kW < P
21
1,3
15
0,9
Total
1707
100
1707
100
Observa-se que, no período diurno, 45,2 % das estações operam com
potência de 0,25 kW a 1 kW, cujo raio do contorno protegido, que delimita a área de serviço para a qual o campo da onda de superfície está
protegido contra interferências objetáveis, varia entre 11 km (obtido pela
freqüência. de 1590 kHz e potência de 0,25 kW) e 47 km (540 kHz e 1
kW), o que indica cobertura em âmbito local.
Ainda no mesmo período, 45,9 % operam com potência entre 1 kW e
10 kW, sendo que o raio do contorno protegido varia entre 15 km (1590
kHz e 1 kW) e 80 km (540 kHz e 10 kW), o que indica a possibilidade de
cobertura regional. À noite, verifica-se que 87,6 % operam com potência
de 0,25 kW a 1 kW, cujo raio do contorno protegido varia entre 8 km
(1590 kHz e 0,25 kW) e 32 km (540 kHz e 1 kW), indicando cobertura
local.
Adicionalmente, vale também destacar a distribuição de emissoras AM e
população por região brasileira, conforme expõe a Tabela 1.3.
20
Tabela 1.3 Porcentagem de rádio AM e população por região brasileira(7)
Região
Emissoras
População
Número
%
Estimativa
para 1/7/2005
%
Sudeste
536
31,4
78.472.017
42,6
Sul
462
27,1
26.973.511
14,6
Nordeste
422
24,7
51.019.091
27,7
Centro-Oeste
172
10,0
13.020.767
7,1
Norte
115
6,8
14.698.878
8,0
1707
100
184.184.26
100
No passado, mesmo operando com potências mais modestas do que as
encionadas na Tabela 1.2, a rádio AM ocupou, durante muitos anos,
um lugar de destaque que lhe conferiu os tempos áureos do rádio. Esse
prestígio começou a declinar quando surgiu a televisão nos anos 60,
logo seguida pelas primeiras emissoras de FM nos anos 70, com sinal
imune à interferência atmosférica e com maior largura de banda capaz
de irradiar sinais de áudio de excelente qualidade. A partir desses acontecimentos, a rádio AM passou a enfrentar uma concorrência acirrada e
a sofrer críticas atribuídas principalmente à qualidade de áudio oferecida
aos ouvintes. (9)
Dentre as emissoras do Serviço de Radiodifusão Sonora, sem dúvida,
a rádio AM é a que enfrenta as piores condições de concorrência, pois
disputa a mesma área de serviço com as estações de FM e de Televisão.
A situação de desvantagem vem conferindo a esse veículo de comunicação um baixo índice de audiência no meio rádio nas principais capitais,
conforme pode ser observado na Figura 1.2. (10) (11)
21
AM
ia
Au
di
ên
cia
M
éd
nt
e
a
or
izo
ib
rit
B.
H
a
DF
Cu
Ri
e.
lez
Fo
Gd
S.
Gd
e.
rta
o
lo
re
Pa
u
e
leg
cif
P.
A
Sa
lva
do
r
FM
Re
Índice %
Área Urbana - Capitais
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Figura 1.2 Audiência no meio rádio (11)
No de outorgas
Acredita-se que, como reflexo dessa situação, há um menor interesse por
novas outorgas de emissoras AM, cujo número de estações mantém-se
praticamente estável desde o ano de 1988, como mostra a Figura 1.3.
(7)
2.750
2.500
2.250
2.000
1.750
1.500
1.250
1.000
750
500
250
0
TV
FM
OM
RADCOM
Figura 1.3 Evolução das outorgas dos serviços de radiodifusão(7)
A título de ilustração, buscou-se parte de um artigo que trata da questão
referente à audiência do rádio AM após o surgimento da televisão e do
rádio FM:
“Mudanças no Rádio (1960-1980) - Nas décadas de 1960 e
1970, a televisão se popularizou, reduzindo a influência, a
audiência e uma fatia significativa do bolo publicitário do
rádio. Quanto ao rádio, surgiram as emissoras que transmitiam em FM e que se popularizaram na década de 70. A
programação era exclusivamente musical e se constituía
no acontecimento de maior impacto no negócio radiofônico desde o surgimento da televisão. As transmissões em
22
FM produziram uma mudança profunda na oferta programática do rádio brasileiro e também repercutiram no
âmbito dos investimentos publicitários, reanimados com
as vantagens da segmentação da audiência que proporcionava a oferta de conteúdos especializados”(9)
A qualidade do áudio oferecida pela rádio AM tem sido apontada como
a principal razão pela qual esse veículo de comunicação não consegue
melhorar a audiência. Parte de um artigo, transcrito abaixo, faz menção
a esse problema.
“O problema do AM não é a sua produção, que segue em
alto nível ao longo dos anos, mas a péssima qualidade
de sua transmissão. É praticamente impossível sintonizar
emissoras de AM nos carros. Jamais se ouviu uma emissora desta freqüência sintonizada em lojas ou escritórios.
Restrito aos domicílios, em poucos anos, o ouvinte típico
dos programas jornalísticos de AM usará pijama de seda,
apoiado em bengala com suporte de madrepérola ”(10)
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
2000
2001
2002
2003
2004
TV
As
sin
at
ur
a
TV
a
ist
Re
v
r
oo
td
Ou
Jo
rn
Rá
al
2005
di
o
Porcentagem %
Além desta situação, vale mencionar que, dentre os meios de comunicação que reúne o rádio, jornal, outdoor, revista, televisão e televisão por
assinatura, o meio rádio tem uma participação pouco representativa no
bolo publicitário nos últimos anos, à frente apenas do outdoor, conforme
atesta a Figura 1.4. (11)
Figura 1.4 Participação dos meios de comunicação no bolo publicitário (11)
23
Dando-se ênfase ao meio radiofônico no mercado publicitário, verificase que sua participação mantém-se entre 2% e 3%, no período considerado, como representa a Figura 1.5. (11)
3,5
Porcentagem %
3,0
2000
2,5
2001
2,0
2002
2003
1,5
2004
1,0
2005
0,5
0,0
Rádio
Figura 1.5 Participação do rádio no bolo publicitário (11)
Para o mesmo período, observa-se que o investimento publicitário mais
que dobrou, conforme Figura 1.6. (11)
Milhões
R$35
R$25
R$15
R$5
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Figura 1.6 Investimento publicitário entre 2000 e 2005 (11)
Ante um cenário com pouca lucratividade do meio rádio no mercado
publicitário, o que fazer para revitalizar as 1707 rádios AM? Será que
a transmissão digital na mesma freqüência é, de fato, a solução mais
conveniente? Será que oferecer a oportunidade para as emissoras se
deslocarem para outra faixa de freqüência, na qual possam usufruir as
vantagens da modulação em FM, é a solução?
24
Diante de tais questionamentos, surgem dúvidas quanto ao futuro da
rádio AM. O que poderia ser feito para revitalizar esse veículo de comunicação? Será que a fragilidade da modulação em amplitude é a grande
responsável por esse quadro?
1.5 MODULAÇÃO AM
Conceitualmente, o propósito de um sistema de comunicação é transmitir sinais portadores de informação, denominados sinais-mensagens
ou sinais de banda básica, através de um meio de transmissão ou canal.
Em geral, para que se tenha uma comunicação efetiva e eficiente, os
sinais-mensagens não podem ser transmitidos diretamente pelo meio de
transmissão.
Ao invés disso, uma onda portadora, cujas propriedades são mais adequadas ao meio em questão, é modificada para representar e transportar
a mensagem. Este processo pelo qual alguma característica de uma onda
portadora é variada de acordo com o sinal-mensagem é chamado de
modulação.
O sinal-mensagem é nomeado como modulante e o sinal que resulta do
processo de modulação é denominado sinal modulado. Na variação de
alguma característica do sinal modulado está representado o sinal-mensagem. No receptor, o sinal-mensagem ou sinal modulante é recuperado
ou extraído do sinal modulado por um processo chamado demodulação.
Historicamente, o primeiro tipo de modulação em sistema de comunicação foi a modulação AM. Essa técnica permitiu o uso de circuitos de
extrema simplicidade na demodulação, o que foi de grande relevância
para o barateamento dos receptores, sobretudo após a descoberta do
transistor, o que possibilitou a rápida penetração e popularidade do rádio
no Brasil. A referida modulação, com uma largura de banda de apenas
10 kHz, permite a transmissão de sinais de áudio de qualidade satisfatória, com um espectro que ocupa a faixa de 50 Hz a 5 kHz.
O fenômeno ocorre porque a amplitude da onda portadora varia proporcionalmente a informação, música ou voz, que se deseja transmitir,
25
razão pela qual é chamada de modulação em amplitude, conforme ilustra a Figura 1.7.
Rádio AM
sinal modulado
Transdutor
mensagem
sinal elétrico
Modulador
áudio
onda portadora
Portadora (de 540 a 1700 kHz)
Figura 1.7 Modulação no rádio AM
Em razão de a informação estar contida na variação da amplitude e
das possíveis interferências também terem influência sobre essa mesma
componente, a modulação AM passa a apresentar uma elevada sensibilidade a ruídos originados na alta atmosfera terrestre ou no espaço exterior fora do controle humano ou, ainda, nos agrupamentos residenciais
ou industriais sem ou de difícil controle também pelo homem. Como
exemplo, cita-se os ruídos provenientes de raios e relâmpagos no próprio
local de recepção ou do acionamento de chaves, interruptores elétricos
e o funcionamento de lâmpadas fluorescente e seus reatores próximos
ao receptor.
Além disso, as interferências provocadas pelas tempestades ocorrem
continuamente em toda a extensão do globo, principalmente nas zonas
tropicais, assim o ruído atmosférico tem participação ininterrupta na
degradação do sinal da rádio AM, o que provoca a deformação do sinal
modulado e, conseqüentemente, a perda de qualidade, o que pode ser
facilmente observado ao sintonizar um receptor AM. A Figura 1.8 ilustra
a deformação do sinal modulado.
26
Rádio AM
sinal modulado
ruído
sinal interferido
Transdutor
mensagem
sinal elétrico
Modulador
áudio
onda portadora
Portadora (de 540 a 1700 kHz)
Figura 1.8 Deformação do sinal AM
Em conseqüência dessa maior sensibilidade ao ruído e das limitações
da largura de faixa de 10 kHz, a rádio AM analógica não consegue reunir todas as condições favoráveis para oferecer um áudio de qualidade
semelhante àquela oferecida pelas emissoras em FM.
A título de complementação, vale acrescentar que na modulação em
freqüência - FM, ao invés de se aplicar variação à amplitude, o sinal
modulante varia a freqüência da portadora. Assim, a modulação em freqüência torna-se mais imune a interferências provocadas por ruídos,
pois a amplitude ao ser modificada não altera a informação. A Figura
1.9 mostra essa modulação.
Modulação FM
sinal modulante
(sinal de informação)
Modulador FM
sinal FM
Portadora
Figura 1.9 Modulação FM
27
Além da imunidade ao ruído, a modulação FM oferece a disponibilidade
de uma largura de banda de 200 kHz, que permite a transmissão de sinais
de áudio com espectro que ocupa a faixa de 50 a 15 kHz. Características
que atribuem à radio FM uma excelente qualidade de áudio.
1.6 PROPAGAÇÃO NA FAIXA DE ONDA MÉDIA
Na faixa de onda média (OM), as ondas de rádio se propagam de dois
modos básicos:
• na forma de onda de superfície ou terrestre, nos períodos diurno e
noturno, e
• na forma de onda ionosférica ou onda celeste, apenas no período
noturno.
Durante o dia, o modo dominante é a onda de superfície. A onda eletromagnética tende a seguir o contorno da terra. A difração da onda faz
com que ela se propague ao longo da superfície da terra e o sinal atinja
regiões além do horizonte visual. A onda de superfície ou terrestre é
atenuada com a distância, devido à absorção de sua energia pela terra. A
Figura 2.10 expõe o fenômeno da atenuação. Basicamente, a atenuação
é função da freqüência de operação e do valor da condutividade do solo
(terra ou água) por onde a onda se propaga. Quanto menor a freqüência
e maior a condutividade do solo, maior será a área coberta pela onda de
rádio OM.
Onda de superfície
Antena
transmissora
Dezenas de Km
Terra
dia e noite
Figura 1.10 Propagação da onda de superfície
Com o sol ativo a onda ionosférica sofre acentuada absorção na camada
D (80 km), com ionização máxima ao meio dia ou na parte inferior da
28
camada E (100 a 120 km), de forma que a onda ionosférica pode ser
desprezada durante o dia. À noite, a camada D desaparece, a camada
E diminui e as camadas F1 e F2 (150 a 400 km) se fundem em uma
única camada F, tornando-se um meio predominante no provimento de
reflexão de modo que a onda é curvada de volta para a terra, conforme
ilustra a Figura 1.11 abaixo.
F2
F
F1
E
E
D
Onda ionosférica
Terra - dia
Onda ionosférica
Terra - noite
Figura 1.11 Propagação da onda ionosférica
Devido a essa propriedade e para evitar interferências à noite, 87,6 %
das rádios AM têm que operar com potência noturna igual ou inferior
a 1 kW, o que resulta em uma menor cobertura no período. Assim, na
operação noturna, o sinal da emissora, além da propagação por onda
terrestre, possui também a componente de onda ionosférica, a qual, por
reflexão na ionosfera, pode atingir e ainda provocar interferências a
longas distâncias.
Após a abordagem das peculiaridades do serviço radiofônico AM e, conseqüentemente, dos prováveis problemas hoje enfrentados, é pertinente
considerar os sistemas disponíveis para a digitalização da radiodifusão
sonora e as possíveis perspectivas de solução.
29
2 SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DIGITAL
2.1 INTRODUÇÃO
Como se sabe, o rádio já não ocupa mais o lugar de destaque que ocupou
no passado, assim como não se pode afirmar que a migração do formato
analógico para o digital aumentará a audiência e o faturamento das emissoras. Todavia a digitalização apresenta-se como uma alternativa ímpar
que pode revitalizar, especialmente, a rádio AM e oferecer as condições
mínimas de sobrevivência em um cenário digitalmente competitivo.
A Era Digital oferece oportunidades de novos comércios com a transmissão de dados, ainda que a largura de faixa da rádio AM restrinja
esta atividade a algumas informações relacionadas com a programação
veiculada. Isso realmente poderá ser proveitoso para os radiodifusores
que souberem focar sua programação nos interesses do público. (12)
O cenário que se avizinha exige a modernização dos estúdios e da planta
transmissora, melhoria na programação, investimento em pesquisas
para melhor identificar seu público ouvinte, diversificação de conteúdo
e aprofundamento na segmentação para um perfil de público. Porém, se
toda essa melhoria ocorrer, mas a transmissão não assegurar a entrega
de um sinal robusto e com excelente qualidade, tudo o que for implementado continuará a chegar depreciado ao ouvinte.
A tecnologia digital anuncia a solução para a fragilidade da modulação
AM, pois as distorções que resultam na perda de qualidade do sinal analógico, no sinal digital acarretam erros, todavia passíveis de correção, o que
dá origem a uma recepção livre das interferências. Priorizada a melhoria
do áudio, a tecnologia digital surge com uma solução que representa a
oportunidade ímpar para melhoria da transmissão da rádio AM.
Os radiodifusores têm manifestado interesse específico em uma solução
que possibilite a continuidade do serviço analógico por tempo indeterminado, e que permita uma introdução economicamente viável da
transmissão digital. Nesse sentido, apóiam a solução que contemple a
transmissão híbrida ou simultânea (simulcast), na qual seja possível
combinar o sinal analógico e o digital na mesma freqüência em uso pela
emissora.
31
A transmissão simultânea diminui as dificuldades e custos da mudança
do analógico para o digital por várias razões:
I. Permite a introdução dos sinais digitais em um espectro já congestionado.
II. No período de transição, o radiodifusor poderá manter o sinal analógico no ar, o que permitirá a continuidade da audiência e receita,
enquanto a audiência do sistema digital ainda não está consolidada.
III. Redução de custos de implantação da transmissão digital, uma vez
que parte da estrutura hoje existente poderá ser utilizada também pela
transmissão digital, sem que seja necessário desativar a transmissão
analógica. Poder compartilhar, por exemplo, a antena transmissora é
fundamental, uma vez que se trata de uma antena cara e que requer um
terreno de grandes dimensões para a sua instalação.
IV. Não há a necessidade de todo um trabalho de marketing e estímulo
junto aos ouvintes para sintonizarem a estação em uma nova freqüência
e em um novo receptor. No período de transição, as emissoras não teriam
que custear uma estação analógica e outra digital.
De forma a não implicar interferência sobre o sinal analógico da própria emissora e das demais que operam em canais adjacentes, o sinal
digital, na transmissão simultânea, é alocado em formato que atenda as
exigências de emissões espúrias máximas estabelecidas no Regulamento
Técnico para Emissoras de Radiodifusão Sonora em Onda Média e em
Onda Tropical, conforme descreve a Tabela 2.1. (8)
Tabela 2.1 Espúrios de alta freqüência (8)
32
Afastamento entre a freqüência do
espúrio e a da Portadora (kHz)
Nível máximo em relação ao nível da
Portadora sem modulação (dB)
de 10,2 a 20, inclusive
-25
Maior que 20 até 30, inclusive
-35
Maior que 30 até 60, inclusive
-(5+1 dB/kHz)
Maior que 60 até 75, inclusive
-65
Maior que 75
-[73+P(dBk), para potências até 5kW,
inclusive
-80 para potências maiores que 5 kW
A referida Tabela pode ainda ser apresentada por meio de uma máscara espectral, ilustrada na Figura 2.1, máscara que delimita as emissões
espúrias máximas, e que, portanto, é freqüentemente mencionada no
processo de digitalização, em virtude desta restringir o nível do sinal
digital na transmissão simultânea.
5kHz
Nível máximo em relação ao nível da
portadora sem modulação DB)
0
-20
-25
-35
-40
-60
-65
-73
-80
-75-70 -60 -50 -40 -30 -20 -10
0 +10 +20 +30 +40 +50 +60 +70+75
Afastamento entre a frequência de espúrio e da portadora (kHz)
Figura 2.1 Máscara espectral (8)
Considera-se indispensável que o padrão a ser adotado permita a transmissão simultânea de, pelo menos, um sinal analógico e um sinal digital,
ambos contendo a mesma informação de áudio e transmitidos por um
único sistema irradiante. Esta reivindicação é também importante do
ponto de vista de planejamento, uma vez que o congestionamento do
espectro radioelétrico não permite a alocação de novos canais para as
1707 emissoras AM, seja na mesma ou em outra faixa de freqüência.
2.2 MOTIVAÇÕES E OPÇÕES PARA A DIGITALIZAÇÃO
A rádio AM necessita da digitalização para melhor atender seu público
que vem sendo influenciado por novos e poderosos serviços de entretenimento e informações como a internet, CDs, Home Theater e iPod,
que oferecem áudio digital de excelente qualidade (13). A digitalização
proporciona melhoria do áudio, possibilidade de informação relacionada
com a programação, economia de energia, devido ao menor consumo
33
na transmissão do sinal e convergência com as demais plataformas já
operando digitalmente.
A expectativa é que a digitalização atenda as seguintes condições:
• transição suave da tecnologia analógica para digital;
• melhoria na recepção e áudio de boa qualidade, superior à disponível
com transmissão analógica;
• manutenção da atual área de cobertura diurna e noturna;
• oferecer novos serviços – não de forma prioritária, mas a tecnologia
deve suportar serviços relacionados com e sem interatividade que permitam o usuário obter e solicitar informações digitais variadas;
• mobilidade e portabilidade – o rádio é, em essência, um objeto de uso
pessoal, portátil e móvel. O sistema de transmissão digital deve manter a
recepção com qualidade em veículos trafegando em estradas e dentro de
cidades com alta densidade de edificações, devendo ter baixo consumo
para viabilizar a recepção portátil. Modelos de receptores com capacidade de sintonia na faixa expandida do serviço (1605 a 1705 kHz);
• universalidade de acesso – a radiodifusão sonora atinge praticamente
100% da população brasileira independentemente da classe social, portanto, essa característica deve ser mantida; e
• equipamentos baratos e acessíveis.
Mundialmente, existem quatro Sistemas de Radiodifusão Sonora Digital
em funcionamento:
I. Sistema Eureka 147 – Digital Audio Broadcasting - DAB, europeu.
II. Sistema ISDB-TSB, japonês.
III. Sistema IBOC DSB – iBiquity, americano.
IV. Sistema DRM – Digital Radio Mondiale, europeu.
34
2.3 SISTEMA EUREKA 147
É o sistema “A” descrito na Recomendação ITU-R BS.1114 (Systems for
terrestrial digital sound broadcasting to vehicular, portable and fixed
receivers in the frequency range 30-3 000 MHz)(14). É um sistema multiprograma, isto é, combina vários programas (tipicamente seis ou mais)
para formar um grupo. Assim, seria necessário agrupar emissoras para
formar um grupo, o que não é aderente ao modelo de concorrência da
radiodifusão brasileira.
Além disso, foi desenvolvido para operar na faixa de 30 MHz a 3 GHz,
mais usado em VHF – Banda III (174 a 240 MHZ) e UHF – Banda L (1452
a 1492 MHz), portanto, freqüências distintas daquelas atualmente em
uso pelas rádio AM. Conseqüentemente, implicam na necessidade das
atuais emissoras implementarem uma nova estação e uma nova planta
transmissora para acomodar a transmissão digital. Acredita-se que por
estas razões este não tenha despertado o interesse dos radiodifusores
brasileiros.
2.4 SISTEMA – ISDB-TSB
É o sistema “F” descrito na Recomendação ITU-R BS.1114 (14), conhecido como ISDB-TSB (Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial), testado em campo e demonstrado nas faixas de 189-192 MHz e
2,535-2,655 GHz. Trata-se de um sistema flexível, concebido para prover
transmissão digital com alta robustez, mesmo para a recepção móvel, de
áudio de alta qualidade e de dados. Desenvolvido pelo Japão sem que se
tenha notícia de acompanhamento por outras nações, especificamente
no que se refere ao seu uso para radiodifusão sonora.
Assim, como o sistema Eureka 147, o sistema ISDB-TSB foi desenvolvido
para operar em faixas de freqüências distintas daquelas atualmente em
uso pelas rádios AM, razão pela qual também não despertou o interesse
dos radiodifusores brasileiros.
35
2.5 SISTEMA AM IBOC
O sistema AM IBOC (In-Band On-Channel) é o segundo sistema descrito
na Recomendação ITU-R BS.1514-1 (15). Foi desenvolvido pelas empresas americanas USA DIGITAL RADIO e LUCENT DIGITAL RADIO, que,
posteriormente, unificadas, deram origem à iBiquity Digital Corporation.
O sistema IBOC DSB foi projetado para funcionar na mesma faixa de
freqüência e no mesmo canal em operação pela rádio AM e FM. Foi concebido originalmente para funcionar nos modos de transmissão híbrida
e totalmente digital.
O modo híbrido, que compreende transmissão analógica e digital simultânea, despertou grande interesse dos radiodifusores brasileiros, em virtude de permitir a continuidade do serviço analógico e, ao mesmo tempo,
a introdução economicamente viável da transmissão digital.
Esse sistema foi aprovado em âmbito internacional, em abril de 2001
pela União Internacional de Telecomunicações – UIT, e, em 2002, pela
Comissão Federal de Comunicações – FCC, órgão regulador dos Estados
Unidos da América. O sistema IBOC AM DSB foi intitulado pelos consumidores americanos de HD Rádio ou HD-R - Rádio de Alta Definição.
Nos EUA, diversas emissoras AM já estão operando com essa tecnologia,
conforme Tabela 2.2 abaixo: (16) (17)
Tabela 2.2 Número de emissoras com transmissão digital IBOC nos EUA
(16) (17)
Rádio Digital na Faixa de Onda Média
Total Emissoras
AM Analógicas
4758
36
N.° do FCC
IBOC
109
%
2,3
N.° do iBiquity
IBOC
%
111 – no ar
2,3
106 – fora ar
2,2
217
4,5
O HD Rádio utiliza compressão de áudio proprietária da Lucent Technologies, denominada PAC – Perceptual Áudio Coder, que usa uma técnica
de modelamento psico-acústico do comportamento do ouvido humano,
tecnologia proprietária para a codificação de áudio monofônico.
No sistema AM IBOC há dois modos de operação denominados Híbrido
e Digital. O primeiro contempla a transmissão simultânea de sinais AM.
Os sinais digitais utilizam OFDM com modulação digital QAM. O sistema
permite a transmissão de dados contendo informações de interesse do
ouvinte, como: dados da música, do autor, do locutor, informações de
tráfego, do tempo, etc.
O IBOC é um sistema proprietário e ainda não se sabe ao certo os custos de licenciamento para o radiodifusor. Tem também a questão dos
fabricantes nacionais de equipamentos transmissores e receptores: não
se sabe em que base a iBiquity licenciará a fabricação de equipamentos
para o sistema IBOC.
A maior parte da informação digital é transmitida em uma primeira fase,
em seis blocos independentes, sendo dois primários, dois secundários e
dois terciários. Essa configuração visa atender as exigências de emissões
espúrias máximas estabelecidas pelo Regulamento Técnico, delimitadas
em uma máscara espectral, conforme ilustra a Fig. 2.2.
Os terciários sobrepõem-se à própria modulação analógica, enquanto
que os primários são dispostos na metade inferior do canal adjacente
inferior e na metade superior do canal adjacente superior, e os secundários ocupam o restante da faixa de freqüências destinada a esses canais
adjacentes. Assim, na primeira fase, a transmissão IBOC-AM invade
inteiramente a banda dos canais adjacentes. A taxa de transmissão nessa
fase pode chegar a 36 kbps.
0 dBc
Máscara
Espectral
-25 dBc
-35 dBc
Analógico
Digital
Digital
Digital
Primário Secundário Terciário 0
Digital
5
Digital
10
15
20kHz
Figura 2.2 Modo híbrido sistema AM IBOC(17)
37
Na segunda fase da implantação, o sistema será modificado, cessando a
transmissão analógica, e destinando-se o respectivo espectro à transmissão digital, acrescido da metade superior do canal adjacente inferior e
da metade inferior do adjacente superior, reduzindo um terço a largura
da banda de freqüências ocupada, conforme a Figura 2.3. Nessa fase
aumenta a taxa de transmissão que pode chegar a 61 kbps.
Digital
Digital
0
Digital
5
10 kHz
Figura 2.3 Modo todo digital - sistema AM IBOC(17).
Os receptores colocados no mercado estão preparados para a recepção
dos sinais exclusivamente digitais transmitidos na segunda fase. Merece
ser observado que, à noite, a propagação se faz por reflexão ionosférica, alcançando grandes distâncias, razão pela qual a potência de transmissão das estações é normalmente reduzida para que não venham a
interferir nas demais emissoras que operam na mesma freqüência. Como
a proteção noturna é dirigida especificamente às emissoras co-canais,
essas tornam-se vulneráveis às interferências provocadas pelo espalhamento lateral derivado da transmissão digital das estações que operam
em modo híbrido nos canais adjacentes.
A expectativa é que já na primeira fase do IBOC-AM (transmissão
híbrida) espera-se uma considerável melhoria na qualidade do som recebido, que passa a ser semelhante ao oferecido pelas atuais emissoras FM.
Em conseqüência da pequena largura de banda, 30 kHz ou 20 kHz, a
transmissão de dados é extremamente limitada, resumindo-se a algumas
informações relacionadas com a programação veiculada.
38
2.6 SISTEMA DRM
DRM (Digital Radio Mondiale) é um dos sistemas para a transmissão
digital de áudio em freqüências abaixo de 30 MHz descritos pela Recomendação ITU-R BS.1514-1 (System for digital sound broadcasting in
the broadcasting bands below 30 MHz). (15)
Trata-se de um sistema flexível que pode ser utilizado em canais de
largura de faixa de 9 ou 10 KHz ou múltiplos destes, 18 ou 20 KHz. Com
a largura de faixa de 10 kHz a taxa de transmissão varia de 6,1 kbps a
34,8 kbps, dependendo da modulação usada (16-QAM a 64 QAM), taxas
suficientes para propiciar ao ouvinte um áudio monofônico com qualidade muito superior àquela oferecida pelas transmissões atuais. Usando
canais com largura de banda de 20 kHz, no modo todo digital, a taxa
de transmissão varia de 13 kbps a 72 kbps, dependendo da modulação
usada, o que pode proporcionar um áudio estereofônico com qualidade
comparável àquela oferecida pelas FMs.
É um sistema desenvolvido por um consórcio de diversas entidades da
Europa e dos Estados Unidos, originalmente concebido apenas para
transmissões em ondas curtas. O sucesso dos primeiros testes foi tão
grande, conferindo qualidade de FM às ondas curtas, sem desvanecimentos ou chiados, que foi decidido estender o padrão também para a
faixa de onda média.
O sistema DRM foi desenvolvido somente para freqüências abaixo de
30 MHz (onda média, tropical e curta). Possui algumas características
interessantes:
• é um sistema não proprietário, o que significa que provavelmente o seu
licenciamento pode ter um custo menor tanto para o radiodifusor quanto
para os fabricantes nacionais de equipamentos; e
• é um sistema flexível que oferece vários modos de transmissão, possibilitando seu uso em onda média, onda tropical e ondas curtas. Oferece
também vários modos de codificação de fonte (áudio e voz), que usam
codificadores do padrão MPEG-4.
O sistema DRM foi concebido originalmente de forma a operar, durante
a fase de transição, em multicast, ou seja, uma emissora necessita de um
39
canal para transmitir sua programação com sinais analógicos (P1 A) e
outro canal para transmitir sua mesma programação em digital (P1 D),
conforme esquema ilustrativo da Figura 2.4:
P1 A
P1 D
10kHz
10kHz
Figura 2.4 Modo multicast - sistema digital DRM (18)(19)
De acordo com os critérios técnicos de planejamento definidos na Recomendação ITU-R BS 1615 (18), o sistema DRM permite, também, que
estes dois canais possam ser adjacentes, conforme apresentado na Figura
2.5 abaixo.
P1 A
P1 D
P2 A
P2 D
10kHz
10kHz
10kHz
10kHz
Figura 2.5 Modo multicast adjacente- sistema digital DRM(17)(19)
Entretanto, esta configuração exige a utilização de duas freqüências
portadoras para a transmissão de uma mesma programação, uma para
os sinais analógicos e outra para os sinais digitais. Adicionalmente, a
transmissão destes dois sinais a partir de uma única planta transmissora
somente é possível mediante a utilização de técnicas complexas de multiplexação dos transmissores analógico e digital em um único sistema
irradiante.
Além disso, em face do congestionamento do espectro radioelétrico,
mesmo essa configuração não garantiria o atendimento de todas as
emissoras AM com um novo canal digital na fase de transição.
Para solução deste inconveniente, o sistema DRM apresenta ainda a configuração mostrada na Figura 2.6, a qual permite que uma programação
transmitida em analógico e digital possa utilizar uma única portadora,
como é feito no sistema IBOC.
40
P1 D
P1 A
P1 D
5kHz
10kHz
5kHz
Figura 2.6 Modo simulticast - sistema digital DRM (19)
Aparentemente esta configuração é a que mais se assemelha com o sistema IBOC, porém, apresenta diferença sobre o sistema norte-americano
devido à menor ocupação do espectro radioelétrico. O sistema IBOC
necessita de 30 kHz para a transmissão de sua programação durante a
fase de transição contra os 20 kHz do DRM.
Outra expectativa acerca do sistema DRM diz respeito aos efeitos causados pela propagação ionosférica, uma vez que esse sistema foi concebido, inicialmente, para atender as estações de ondas curtas, as quais
dependem deste modo de propagação. Desta forma, espera-se que estes
efeitos não prejudiquem tanto a funcionalidade do sistema DRM no período noturno, como vem ocorrendo com o sistema IBOC.
Na Europa, algumas emissoras AM já operam no modo digital, não
simultâneo, em determinados horários, conforme pode ser observado na
Tabela 2.3. (19)
41
Tabela 2.3 Número de emissoras com transmissão digital DRM (19)
Transmissão Digital Sistema DRM
Nº
UTC
Dias
1
00002400
04002200
00002400
00002400
00002400
diário
Freq.
KHz
594
diário
693
Berlin
250
diário
729
diário
855
NE Germany
Berlin
diário
1008
05002300
00002400
00000400
04000430
08001700
00002400
00002400
23100100
18001900
07000915
09151610
21002310
diário
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
42
Destino Potência
kW
Europa
10
Programa
Língua
Site
various
Deanovec
various
Oranienburg
1
Glas
Hrvatske
VoR
(Simulcast)
DLF
German
Putbus
10
DLF
German
Berlin-Britz
Prov.
Hunan
4
Economic
Ch.
Chinese
Chang Sha
1296
Europe
70
BBCWS
English
Orfordness
diário
1386
lp
Tests
English
Hickstead
diário
1440
West
Sussex
Europe
120
RTL Radio
German
Marnach
diário
1440
Europe
120
RTL Radio
German
Marnach
diário
1440
Europe
240
RTL Radio
German
Marnach
diário
1485
0.3
1485
German
Kaiserslautern
SFN Berlin
diário
1530
Europe
60
various
Santa Maria
diário
1548
SE Asia
100
SWR Das
Ding
Oldiestar
Radio
Vatican
Radio
DW
German
diário
SW Germany
Berlin
English
Trincomale
SegSab
diário
1611
Europe
25
various
Santa Maria
1611
Europe
25
various
Santa Maria
diário
1611
Europe
25
Vatican
Radio
Vatican
Radio
Vatican
Radio
various
Santa Maria
1
3 RÁDIO DIGITAL NA FAIXA DE OM E DE VHF
A transmissão digital simultânea tornou-se imperativa para a rádio AM.
Todavia, a tão almejada transmissão digital na mesma freqüência pode
sujeitar as emissoras às mesmas restrições inerentes à faixa de onda
média. O problema da modulação AM, poderá ser contornado com a
nova tecnologia, entretanto, as características de propagação por onda
de superfície e ionosférica irão se manter, assim como a faixa estreita
de 30 kHz, no modo híbrido, e de 20 kHz, no modo todo digital, que
implicam no uso de baixa taxa de transmissão digital (máximo 72 kbps).
Permanecerá, ainda, a questão acerca da propagação dependente da condutividade do solo e do baixo valor dessa condutividade nos grandes
centros.
Estas questões certamente levam incertezas aos radiodifusores, os quais,
em não vislumbrando a digitalização como solução dos problemas
enfrentados, podem predestinar a rádio AM no Brasil à estagnação e,
quem sabe, à extinção.
Questões envolvendo a digitalização da rádio AM na mesma freqüência
estão abordadas com propriedade em um texto do Eng. Higino Germani
(20), transcrito parcialmente a seguir:
“ Desde as primeiras pesquisas a respeito, sempre ouvimos
falar em sistemas ‘in band’, ou seja, ocupando o mesmo
canal que as AM’s atuais. Examinemos as características
deste canal:
- largura de cada canal de apenas 10kHz: o que podemos
esperar de banda tão estreita e ainda compartilhada com
um sinal analógico?
- faixa de OM de 535 KHz a 1705 KHz: a relação entre
a freqüência mais baixa e a mais alta é de cerca de 3
vezes, o que demonstra características de propagação
muito diferentes entre as freqüências ‘baixas’ e as ‘altas’;
dependência da condutividade do solo a qual tem valores
cada vez menores em função do aumento da urbanização;
propagação diurna pelo solo e noturna pelo solo e pela
ionosfera o que gera sinais interferentes a longas distâncias.
43
- sistemas de transmissão que exigem áreas de vários hectares próximas às áreas urbanas, o que se torna cada vez
mais difícil.
- necessidade de potências cada vez maiores para compensar a queda de condutividade e nível de ruído elevado
(característico da faixa).
- necessidade de torres irradiantes altas, devido ao grande
comprimento de onda o que conflita cada vez mais com a
proteção dos aeródromos.
Com estas características, perguntamos: Porque insistir
em sistema ‘in band’?
Os ouvintes não terão que adquirir um novo receptor para
ouvir os sinais digitais? Como a resposta é obviamente
afirmativa, cremos que boa parte das argumentações da
opção ‘in band’ cai por terra.
Será verdadeiramente viável que, após um certo período
de transição, o sinal analógico deixará de ser transmitido,
permanecendo apenas o digital? Ou será que, para cobrir
deficiências da cobertura digital teremos que manter no
ar permanentemente trambolhos de dezenas de quilowatts
com alto consumo de energia elétrica?
Não será possível criarmos uma Nova Radiodifusão em
todos os sentidos e não apenas inserir as técnicas digitais
no Rádio existente ?
Com a criação de mais dois canais de Radio Comunitária
(87,7 e 87,5 MHz) estamos ‘invadindo’ a banda do canal
6 de TV. Já com o canal ‘oficial’ de RadCom (88,7 MHz) o
conflito com o canal 6 já existia e agora se tornou maior
ainda. É de se prever que o futuro nos aponta para a
extinção do canal 6 de TV.
Com isto, resulta que teremos uma maravilhosa banda de
6 MHz (de 82 a 88 MHz) e na faixa de VHF (a melhor
para a radiodifusão, quer em termos de comprimento de
onda quer em termos de características de propagação), à
disposição para criarmos uma Nova Radiodifusão.
Podem fazer idéia de quantos canais exclusivamente digitais e o que será possível fazer nos mesmos em termos de
qualidade de áudio e informações suplementares (dados)
numa banda de 6 MHz na faixa de 82 a 88 MHz ? É tudo
os que sonham com o Rádio Digital pediram ao Criador
....” (20)
44
Em conseqüência das restrições técnicas inerentes à faixa de onda
média, surge a proposta de deslocamento das emissoras para outra faixa
de freqüência, opcionalmente para a faixa VHF (Very High Frequency)
ocupada pelos canais 5 e 6 de televisão que serão desocupados com a
migração das televisões para a transmissão digital. Assim sendo, a faixa
de VHF ofereceria às atuais rádios AM a possibilidade de uso da modulação em FM.
Sabe-se, no entanto, que a propagação na faixa de VHF, ocorre por onda
espacial, apresenta limitações de cobertura, a qual se destina principalmente às áreas urbanas. Áreas que se encontram bem servidas e até
mesmo congestionadas por diversas mídias de informação e entretenimento. Uma suposta migração da rádio AM para a faixa de VHF poderia
significar a descontinuidade da cobertura atual, assim como priorizaria
o atendimento da área urbana. Sendo assim, será que a concentração de
elevado número de emissoras destinadas a uma mesma área de cobertura
é a melhor solução para rádio AM?
De certa forma, o elevado nível de ruído nos grandes centros condicionou a rádio AM a ter seu nicho de mercado e seu diferencial nas regiões
rurais e mais afastadas, as quais, na maioria das vezes, são atendidas
adequadamente somente por meio da onda de superfície e inosférica.
Os modos de propagação inerentes à faixa de freqüências de onda média
poderão ser úteis também para a cobertura digital, cujo sinal ao se propagar contornando a superfície da terra e obstáculos porventura existentes no percurso, poderá oferecer atendimento, além da área urbana,
à periferia das grandes cidades, às áreas rurais e regiões circunvizinhas,
assim como, à noite aos lugares longínquos. Há regiões nas quais o sinal
transmitido por meio da propagação por onda espacial (propagação em
visibilidade e difração), inerentes à faixa de VHF, não atinge ou atinge
de forma inadequada.
A proposta de deslocamento para outra faixa de freqüência pode comprometer o atendimento do seu público cativo, o que significaria a perda
de penetração e de receita, sobretudo da zona rural. (21)
O possível deslocamento das emissoras para outra faixa de freqüência é
uma proposta atraente, todavia, de difícil implementação prática, pois se
trata de uma nova freqüência e nova outorga que afastam as vantagens
da transmissão simulcasting. Acredita-se que a preferência pela trans45
missão simultânea decididamente manifestada pelos radiodifusores AM,
indica o desejo de aproveitar ao máximo a infra-estrutura atualmente
utilizada, o que, na melhor das hipóteses, ainda exigiria gastos apreciáveis na digitalização.
A título de exemplo, já que a questão custos foge ao escopo do trabalho,
durante o 18º Congresso da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e
Televisão – AGERT, ocorrido em outubro de 2005, foi anunciado o gasto
de US$ 38.000 para a digitalização de uma rádio AM com instalações
modernas, e de US$ 67.000 para uma FM nas mesmas condições, autorizadas a realizar os testes do sistema IBOC.
Ressalte-se que o último valor incorrido refere-se a uma emissora FM
já instalada e que faz uso de uma infra-estrutura em excelentes condições. Quanto não seriam os custos incorridos para a implantação de uma
nova emissora FM digital? Será que as atuais rádios AM, dentre as quais
87,6 % operam em condições modestas e com potência diurna igual
ou inferior a 10 kW, suportariam prontamente esse novo ônus sem um
correspondente aumento de receita? Haveria aumento de receita apenas
pela transmissão digital? De que forma as emissoras iriam conciliar a
manutenção da atual cobertura analógica e de receita, com a implantação de uma nova emissora digital em outra faixa freqüência?
São questões de extrema complexidade. Ademais, do ponto de vista
social, vale destacar que somente pela utilização otimizada das diversas
faixas de freqüências atribuídas ao serviço de radiodifusão é que se tem
a possibilidade de atingir o “público em geral”, especialmente, em um
País de dimensões continentais como o Brasil, cuja maioria da população
tem o rádio como principal veículo de informação, entretenimento e
cultura.
O sinal AM atinge lugares não cobertos adequadamente pela rádio FM,
sobretudo nas áreas rurais, que absorve o maior volume de vendas de
receptores AM, conforme artigo extraído do Jornal O Estado de São
Paulo – Economia, de 19/9/2004: (20)
“A indústria está voltando a se interessar pelo produto
porque ele tem um mercado eclético e cativo: do vigilante
ou freqüentador dos campos de futebol, passando pela
população rural, a altos executivos. Acácio Queiroz, de
56 anos, presidente para a América Latina da Ace Segu46
radora, se considera um ‘dinossauro do rádio’. Começa o
dia escutando noticiário pelo rádio enquanto faz a barba
e se prepara para ir ao trabalho. ‘Das 6h às 8h, quando
não tem horário político, ouço rádio’, diz ele, que repete a
dose após as 23h. Em seu escritório na Avenida Paulista,
ele tem um rádio de mesa, que liga nos intervalos das
reuniões. Apesar de ter acesso a outros aparelhos eletrônicos, Queiroz considera o rádio mais prático, além do
fato de a informação ser em tempo real. Ele conta que
criou produtos voltados para a população de baixa renda
tomando conhecimento das necessidades dessas camadas por meio do rádio. A idéia de lançar um seguro da
conta de luz para quem perdeu o emprego nasceu ouvindo
rádio. As indústrias farejam um potencial maior de mercado para o produto. A Dynacom, por exemplo, se prepara
para dobrar a produção atual de 15 mil rádios por mês
a partir de 2005 com a expansão da fábrica de Manaus.
‘O rádio não morreu’, diz o gerente Comercial, Eduardo
Barrinha. Desde 2002 no mercado, a companhia produz
um modelo que pesa 164 gramas e custa R$ 28. A partir
de 2005, lançará três modelos. Negocia também parcerias
para fabricar rádios com a marca de clubes de futebol.
Barrinha destaca que a maior parte das vendas do produto se concentra em cidades do interior. No Estado de
São Paulo, essa fatia chega a 70%. O supervisor geral da
Lojas Cem, Valdemir Colleone, confirma que os maiores
volumes vão para a zona rural. Na sua rede, que tem força
nas cidades do interior de São Paulo e Minas Gerais, para
cada 3 TVs vendidos, 1 rádio portátil é comercializado.
‘O rádio portátil nunca esteve fora de linha. O consumo é
certo’, afirma Colleone. Empresários dizem que o principal problema do mercado é o contrabando, que deve girar
volume equivalente ao do mercado formal.”
A universalidade de acesso ao rádio deve ser mantida com a digitalização. A radiodifusão sonora atinge praticamente 100% da população
brasileira independentemente da classe social. Talvez conservar o diferencial da cobertura da área rural e da maior penetração do sinal da
rádio AM seja a alternativa mais apropriada e economicamente viável
para essas emissoras.
47
Nesse sentido, buscou-se conhecer um pouco mais a penetração proporcionada pela propagação por onda de superfície. Como se sabe, essa
forma de propagação depende da condutividade do solo e da freqüência
utilizada pela emissora. Quanto menor a freqüência e maior a condutividade, maior será a área coberta, e sem sofrer influência significativa
do relevo.
Vale comentar que a condutividade equivalente do solo brasileiro foi
aproximada para 5 valores diferentes: 1, 3, 10, 30 e 5000 mS/m, conforme exposto na Tabela 3.1, portanto, serão os valores considerados no
trabalho. (22)
Tabela 3.1 Valores de condutividade equivalente do solo brasileiro (22)
Condutividade
do Solo Brasileiro
mS/m
Condutividade
adotada
mS/m
menor que 1,7
1
Terrenos montanhosos, cidades, área residencial e industrial
de 1,7 até 5,4
3
Terrenos pastorais, arborização pouco densa,
morros, colinas, elevações suaves, areia,
terras arenosas secas, praias, terra rochosas,
pedregosas, elevações íngremes
de 5,4 até 17,3
10
Pântanos, brejos, florestas, matas e bosques,
terras de agricultura, solos ricos e lavrados,
terrenos ondulados , rios, lagos, água doce
maior que 17,3
30
Não especificado
Água do Mar
5000
Mar, água salgada
48
Tipo de Solo
3.1 PREDIÇÃO DE COBERTURA DAS ONDAS DE SUPERFÍCIE E
ESPACIAL
Para a predição da cobertura obtida por meio da propagação por onda de
superfície (OS) e por onda espacial (OE), em visibilidade e difração, foram
realizados exercícios teóricos utilizando os critérios técnicos estabelecidos pelo Regulamento Técnico para Emissoras do Serviço de Radiodifusão Sonora em Freqüência Modulada e pelo Regulamento Técnico para a
Prestação do Serviço de Radiodifusão Sonora em Onda Média e em Onda
Tropical (faixa de 120 m).(8)(23)
Procurou-se analisar o atendimento das áreas urbana e rural para ambos
os modos de propagação. Foram utilizadas as intensidades de campo de
66 dBµ (2 mV/m) para atendimento da área urbana e 54 dBµ (0,5 mV/m)
para a área rural, conforme definido no Regulamento Técnico de FM.
Vale lembrar, entretanto, que tal Regulamento não assegura proteção
contra interferência para cobertura da área rural, somente o contorno
delimitado pelo campo de 66 dBµ é protegido.
Visando facilitar a comparação entre as coberturas obtidas, foram utilizados os mesmos valores de Potência Efetivamente Irradiada (em inglês,
Effective Radiated Power – ERP) estabelecidos no Regulamento Técnico
de FM. Para o cálculo das coberturas obtidas por OE, foi utilizado o canal
201 (88,1 MHz) por apresentar melhor propagação, e para propagação
por OS, foi utilizada a freqüência de 1070 kHz, por se tratar da freqüência intermediária da faixa de onda média. Freqüências inferiores a esta
resultam em um maior raio de cobertura, enquanto que as superiores em
um menor raio.
Primeiramente, avaliou-se apenas o raio de cobertura da área urbana e
rural obtido por meio da propagação por OS, para a faixa de onda média,
e por OE, para a faixa de VHF, sem, contudo, levar em consideração
o perfil do terreno, que para este último modo de propagação exerce
grande influência.
49
3.1.1 Cobertura Urbana
A Tabela 3.2 mostra a predição de cobertura obtida com o cálculo do raio
da cobertura da área urbana (contorno protegido) utilizando a propagação por OS e por OE, considerando pontos onde a intensidade de campo
é igual a 66 dBµ (2 mV/m).
Tabela 3.2 Predição de cobertura urbana obtida pela OS e pela OE
(8)(23)
CONTORNO URBANO
Propagação por Onda Espacial
Canal 201
Altura de
Referência
Sobre o
Nível
Médio
da Radial
(m)
Distância Máxima
ao Contorno Protegido de 66dBm
RAIO DE COBERTURA URBANA
(km)
100
600
78,6
41
65
123
222
75
450
67,3
39
60
114
211
60
300
54,3
37
57
111
202
50
150
38,5
35
55
107
195
30
150
34,8
31
49
96
175
15
150
30,2
26
41
83
152
5
150
23,8
20
32
65
118
3
90
16,6
18
29
57
103
1
90
12,7
13
23
45
75
0,3
60
7,5
10
17
33
52
Potência
(ERP)
(kW)
50
Propagação por Onda de
Superfície
Canal 1070 kHz
Condutividade do Solo
(mS/m)
1
3
10
30
Raio do Contorno Protegido 66dBm
RAIO DE COBERTURA URBANA (km)
OBS:
1) No caso da OS - para valores de potência diurna acima de 50 kW (classe A) o Regulamento
Técnico estabelece o campo de 54 dBm para o contorno protegido, entretanto, procurou-se
manter sempre o campo de 66 dBm, uma vez que esse valor é válido para todas as potências
de emissoras FM.
2) Para OS utilizou-se a freq.=1070kHz e Campo Característico de 310 mV/m para todos os
casos.
3) Para OE o raio do contorno protegido foi obtido pelas Curvas da Recomendação 1546 adotadas pelo Regulamento Técnico para Emissoras do Serviço de Radiodifusão Sonora em Freqüência Modulada, as quais resultam raios ligeiramente superiores aos obtidos pelas curvas FCC
(50,50).
COMENTÁRIOS:
1) Com a condutividade do solo igual a 1 mS/m, potência igual ou inferior a 3 kW e altura de 90 m acima do nível médio da radial, a propagação por OS apresenta raio de cobertura próximo daquele obtido com
a OE. Para potência acima de 5 kW, a OE passa a trabalhar com altura
acima de 150 m sobre o nível médio da radial, e desta forma, a OE tem
maior alcance do que a OS. Todavia, sem se levar em consideração o
perfil do terreno.
2) Com a condutividade do solo igual ou superior a 3 mS/m, a OS passa
a ter maior alcance. Apenas para as potências de 75 kW e 100 kW,
referenciadas à altura de 450 m e 600 m sobre o nível médio da radial,
respectivamente, é que a OE tem maior contorno, contudo às custas de
uma elevada altura. Para os demais casos, por exemplo, para a potência
de 0,3 kW e solo de condutividade igual a 30 mS/m, o raio do contorno
assume valor 7 vezes superior àquele obtido pela OE. Ressalte-se, entretanto, que o mapa de condutividade do solo brasileiro não apresenta
um número elevado de regiões com alta condutividade (10 mS/m ou 30
mS/m) e tampouco regiões de grande extensão territorial (dezenas de
km) com um mesmo valor de condutividade.
3) Vale destacar que 87,6 % das emissoras AM possuem potência diurna
igual ou inferior a 10 kW e potência noturna igual ou inferior a 1 kW,
situação na qual a OS propicia melhor cobertura.
51
3.1.2 Cobertura Rural
Nesta etapa, procurou-se avaliar o raio da cobertura rural verificado,
conforme dispõe o Regulamento Técnico para Emissoras do Serviço de
Radiodifusão Sonora em Freqüência Modulada (23), isto é, região na
qual a intensidade de campo é inferior a 66 dBm e superior a 54dBm. Os
resultados dessa avaliação são mostrados na Tabela 3.3.
Tabela 3.3 Predição de cobertura rural obtida pela OS e pela OE (8)(23)
CONTORNO RURAL
Propagação por Onda Espacial
Canal 201
Altura de
Referência
Sobre o
Nível
Médio
da Radial
(m)
Distância Máxima
ao Contorno Protegido de 66dBm
RAIO DE COBERTURA URBANA
(km)
100
600
109,1
81
119
204
349
75
450
96,7
76
112
194
334
60
300
81,8
72
107
187
322
50
150
63,3
69
103
180
314
30
150
58,2
61
92
165
291
15
150
51,6
51
79
145
259
5
150
42,1
39
61
118
213
3
90
30,3
35
54
106
193
1
90
24,0
27
42
83
154
0,3
60
15,3
20
32
64
116
Potência
(ERP)
(kW)
52
Propagação por Onda de
Superfície
Canal 1070 kHz
Condutividade do Solo
(mS/m)
1
3
10
30
Raio do Contorno Protegido 54dBm
RAIO DE COBERTURA RURAL (km)
OBS:
1) Para OS utilizou-se a freq.=1070kHz e Campo Característico de 310 mV/m para todos os
valores de potência.
2) Para propagação por OE, utilizou-se o canal 201 que apresenta melhor propagação. O raio de
cobertura foi obtido pelas Curvas da Recomendação 1546 adotadas pelo Regulamento Técnico
para Emissoras do Serviço de Radiodifusão Sonora em Freqüência Modulada, as quais resultam
raios ligeiramente superiores aos obtidos pelas curvas FCC (50,50).
COMENTÁRIOS:
1) Condutividade do solo menor do que 3 mS/m – A propagação por
OS tem desempenho semelhante ao por OE, contudo, sem se levar em
consideração o perfil do terreno.
2) Condutividade igual ou superior a 3 mS/m – A propagação por OS
passa a ter um desempenho muito superior àquele obtido pela OE, principalmente para solo com condutividade de 10mS/m e 30 mS/m.
3) Tendo em vista que 87,6 % das emissoras AM possuem potência diurna
igual ou inferior a 10 kW, e potência noturna igual ou inferior a 0,25
kW, verifica-se, novamente, que a OS apresenta melhor performance para
cobertura da área rural para o perfil das emissoras AM.
3.2 PREDIÇÃO DE COBERTURA URBANA E RURAL CONSIDERANDO O
PERFIL DO TERRENO
Em complementação aos exercícios anteriores, nessa etapa, procurou-se
avaliar alguns casos de cobertura urbana e rural proporcionada pela
propagação por OS e por OE, considerando-se agora o perfil do terreno.
Os cálculos foram realizados utilizando-se do programa computacional
de Análise de Interferências utilizado pela Agência – Versão 1.1, que
emprega os critérios do Regulamento Técnico para Emissoras do Serviço
de Radiodifusão Sonora em Freqüência Modulada. (23)
Os cálculos empregam o método ponto a ponto para predição das manchas de cobertura que identificam os pontos nos quais a intensidade de
campo é igual ou superior a 66 dBµ (2 mV/m), que define a cobertura
53
urbana, e intensidade de campo superior a 54 dBµ (0,5 mV/m) e inferior
a 66 dBµ, que define a cobertura rural.
O método de cálculo ponto a ponto considera todos os obstáculos como
gume-de-faca e arredonda o obstáculo principal (difração por múltiplos
obstruções e coeficiente K da curvatura da Terra = 4/3), e utiliza base
de dados de relevo digitalizado com resolução de 33 segundos (1000 m).
(25)
Apesar de ser um exercício teórico, buscou-se utilizar as mesmas coordenadas geográficas do local de instalação, onde está concentrado o
maior número de emissoras de FM instaladas na localidade considerada.
Empregou-se, no programa, a configuração que assegurasse a altura
máxima sobre o nível médio do terreno em cada radial, contudo, com a
correspondente correção da potência ERP para que, assim, fosse respeitada a distância máxima ao contorno protegido estabelecido no Regulamento Técnico de FM (23) Desta forma, buscou-se empregar exemplos
que representassem as melhores condições possíveis para instalação na
faixa de VHF.
Considerou-se, inicialmente, localidades que se encontram em solo com
condutividade igual a 1 mS/m, pior caso para propagação por OS, e com
relevo suave, melhor situação para OE.
54
3.2.1 Exemplo 1 - Brasília/DF - Relevo Suave, Solo de 1mS/m
3.2.1.1 Onda Espacial - Canal 201 - Potência de 1kW/90m
Figura 3.1 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OE – Pot. 1 kW(23)
OBS:
1) As manchas na cor vermelha correspondem à intensidade de campo do sinal igual ou superior
a 2 mV/m (66 dBµ), e na cor verde, à intensidade igual ou superior a 0,5 mV/m, levando-se em
consideração o relevo da região.
2) A emissora com 1 kW de potência atende todo o contorno protegido teórico de raio de 12,7
km, área urbana. A cobertura da área urbana ocorre de forma homogênea, já a rural se dá de
forma esparsa.
COMENTÁRIOS:
1) A emissora com 1 kW de potência atende todo o contorno protegido teórico de 12,7 km de raio, a irradiação é praticamente homogênea.
Percebe-se que a potência de 1 kW permite a cobertura de pontos fora
do contorno protegido teórico, contudo, região sem direito à proteção
contra interferências.
2) O perfil do terreno não permite uma cobertura homogênea da área
rural, sobretudo no setor de 0º a 180º em relação ao norte verdadeiro,
55
conforme indica as manchas na cor verde, de intensidade de campo igual
ou superior a 0,5 mV/m.
3.2.1.2 Onda Superfície – Freq. 1070 kHz - Potência de 1kW
Figura 3.2 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OS – Pot. 1 kW,
solo 1 mS/m(8)
COMENTÁRIOS:
1) A operação da emissora com 1 kW de potência em região de solo com
condutividade igual a 1 mS/m possibilita uma cobertura urbana também
homogênea e raio do contorno protegido de 13 km, próximo daquele
obtido pela OE.
2) Quanto à cobertura rural, a OS apresenta melhor penetração do que
a OE, pois atende localidades não cobertas adequadamente pela OE,
por exemplo, Sobradinho/DF, à nordeste do Plano Piloto (na direção de
45°).
56
3.2.1.3 Onda Espacial – Canal 201 – Potência de 5kW/150m
Figura 3.3 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OE – Pot. 5 kW(23)
COMENTÁRIOS:
1) A emissora operando com 5 kW de potência ERP aumenta seu contorno protegido, de 12,7 km para 23,8 km, todavia, o perfil, mesmo
suave, não permite uma irradiação e cobertura homogênea. Percebe-se
que o aumento da potência, de 1 kW para 5 kW, e do raio do contorno
protegido, de 12,7 km para 23,8 km, fez surgir novas áreas de sombra.
2) O perfil do terreno não permite boa penetração do sinal para cobertura da área rural. Note-se, ainda, que as manchas verdes são esparsas e
praticamente coincidentes com as manchas vermelhas, o que indica um
atendimento praticamente restrito à área urbana.
57
3.2.1.4 Onda Superfície – Freq. 1070kHz - Potência de 5kW
Figura 3.4 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OS – Pot. 5 kW Solo 1 mS/m(8)
COMENTÁRIOS:
1) O aumento da potência para 5 kW mantém a cobertura homogênea e
sem o surgimento de áreas de sombra. Entretanto, para condutividade de
1 mS/m o contorno protegido, na cor vermelha, é menor do que aquele
obtido pela OE, circunferência na cor preta.
2) A propagação por OS possibilita uma irradiação uniforme, sinal com
penetração homogênea e melhor cobertura da área rural do que a propagação por OE.
58
3.2.1.5 Onda Espacial – Canal 201 – Potência de 30 kW/150m
Figura 3.5 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OE – Pot. 30 kW(23)
COMENTÁRIOS:
1) A emissora operando agora com 30 kW de potência ERP continua
não atendendo todo o novo contorno protegido teórico, assim como
surgiram novas áreas de sombra. A cobertura da área urbana se dá de
forma precária.
2) A cobertura da área rural apresenta um quadro pior e com manchas
ainda mais esparsas.
3) A emissora, mesmo com a potência ERP de 30 kW, não resolve o problema de áreas de sombra existentes anteriormente com a potência de 5
kW. O aumento de potência não soluciona o problema, assim como faz
surgir novas áreas dentro do contorno protegido.
59
3.2.1.6 Onda superfície – Freq. 1070kHz - Potência de 30 kW
Figura 3.6 Cobertura de Brasília/DF - propagação por OS – Pot. 30 kW –
Solo 1 mS/m(8)
COMENTÁRIOS:
1) O aumento da potência para 30 kW oferece um conseqüente aumento
do raio do contorno protegido. Deste modo, as áreas anteriormente atendidas passam a usufruir de um sinal com maior intensidade de campo e
novas áreas são inseridas ao novo contorno protegido. O contorno protegido para condutividade de 1 mS/m, identificado na cor vermelha, é
ligeiramente inferior àquele obtido pela OE, circunferência na cor preta.
2) A propagação por OS permite um atendimento uniforme e uma cobertura mais abrangente do que a propagação por OE.
3) Percebe-se que em relevo suave e de baixa condutividade do solo, 1
mS/m, a propagação por OS e por OE apresentam semelhanças em termos de raio do contorno protegido. Todavia, a OS oferece uma cobertura
homogênea e melhor atendimento das áreas urbana e rural.
60
3.2.2 Exemplo 2 – Cascavel/PR - Relevo Suave, Solo de 1mS/m
3.2.2.1 Onda Espacial – Canal 201 - Potência de 1kW/90m
Figura 3.7 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OE – Pot. 1 kW(23)
OBS: 1) As manchas na cor vermelha correspondem à intensidade de campo do sinal igual
ou superior a 2 mV/m (66 dBµ), e na cor verde, igual ou superior a 0,5 mV/m, levando-se em
consideração o relevo da região.
COMENTÁRIO:
A emissora com potência ERP de 1 kW não atende todo o contorno protegido teórico, em virtude do perfil, mesmo suave, impedir tal intuito. A
cobertura tanto da área urbana como rural ocorre de forma esparsa.
61
3.2.2.2 Onda Superfície – Freq. 1070kHz - Potência de 1kW
Figura 3.8 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OS – Pot. 1 kW – Solo 1 mS/
m(8)
COMENTÁRIOS:
1) Novamente, observa-se que a propagação por OS permite uma cobertura mais homogênea e com abrangência (raio do contorno protegido), em
solo de condutividade igual a 1 mS/m e operação com potência de
1 kW, próxima daquela obtida pela OE.
2) A área rural é melhor atendida pela OS. Verifica-se que algumas localidades não cobertas adequadamente pela OE, por exemplo, Corbélia/PR,
é atendida pela OS.
62
3.2.2.3 Onda Espacial – Canal 201 – Potência de 5kW/150m
Figura 3.9 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OE – Pot. 5 kW(23)
COMENTÁRIOS:
1) A emissora com potência ERP de 5 kW não atende todo o novo contorno protegido teórico, o perfil, mesmo suave e com possibilidade de
irradiação uniforme em todas as direções, impede esse propósito. A
cobertura tanto da área urbana como rural se dá de forma esparsa.
2) A emissora, mesmo com o aumento da potência, não consegue atender áreas do contorno protegido não cobertas com a potência de 1 kW,
por exemplo, o setor de 90º (NV) e 180° (NV).
3) No caso da propagação por OE, o aumento de potência não resolve o
problema de áreas de sombra.
63
3.2.2.4 Onda Superfície – Freq. 1070kHz - Potência de 5kW
Figura 3.10 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OS – Pot. 5 kW – Solo 1
mS/m(8)
COMENTÁRIOS:
1) No caso da OS, o aumento da potência para 5 kW continua oferecendo
uma cobertura homogênea e sem surgimento de áreas de sombra. Em
solo de condutividade igual a 1 mS/m, o contorno protegido, na cor
vermelha, é menor do que aquele obtido por OE, identificado na circunferência de cor preta.
2) A propagação por OS apresenta melhor desempenho, principalmente,
para atendimento da área rural do que a OE.
64
3.2.2.5 Onda Espacial – Canal 201 – Potência de 30 kW/150m
Figura 3.11 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OE – Pot. 30 kW(23)
COMENTÁRIOS:
1) A operação com potência ERP de 30 kW, não permite à emissora
atender todo o novo contorno protegido teórico de 34,8 km de raio. A
cobertura da área urbana e rural se dá de forma esparsa.
2) Mesmo com potência de 30 kW, a emissora não consegue atender
determinadas áreas do contorno protegido, áreas igualmente desatendidas com a potência de 5 kW.
3) Novamente, o aumento de potência não resolveu o problema de áreas
de sombra.
65
3.2.2.6 Onda Superficie – Freq. 1070kHz - Potência de 30 kW
Figura 3.12 Cobertura de Cascavel/PR - propagação por OS – Pot. 30 kW, solo 1
mS/m(8)
COMENTÁRIOS:
1) O aumento da potência para 30 kW oferece acréscimo para o raio do
contorno protegido. Desta maneira, as localidades anteriormente atendidas passam a ter melhor sinal e novas localidades são inseridas ao
novo contorno protegido. Para condutividade de 1 mS/m, o contorno
protegido, na cor vermelha, é ligeiramente menor do que aquele obtido
por OE, circunferência na cor preta.
2) Apresenta cobertura rural em melhores condições do que por OE.
3) Percebe-se que em relevo suave e de baixa condutividade do solo,
1 mS/m, a propagação por OS e por OE apresentam semelhanças em
termos de alcance do raio do contorno protegido. A diferença ocorre
na distribuição homogênea do sinal quando se leva em consideração o
perfil do terreno.
66
3.2.3 Exemplo 3 – Ribeirão Preto/SP – Relevo acidentado e solo de
3mS/m
3.2.3.1 Onda Espacial – Canal 201 - Potência de 5 kW/150m
Figura 3.13 Cobertura de Ribeirão Preto/SP - propagação por OE – Pot. 5 kW(23)
COMENTÁRIO:
Assim como já observado, a emissora com 5 kW de potência ERP não
consegue atender todo o contorno protegido teórico, assim como a
cobertura das áreas urbana e rural se dá de forma esparsa.
67
3.2.3.2 Onda Superfície – Freq. 1070kHz - Potência de 5kW, Solo de
3mS/m
Figura 3.14 Cobertura de Ribeirão Preto/SP - propagação por OS – Pot. 5 kW , solo 3
mS/m(8)
COMENTÁRIOS:
1) Quando se trata de solo com condutividade igual ou superior a 3 mS/
m, que é o caso presente, a OS passa a oferecer maior raio do contorno
protegido e melhor cobertura da área urbana e rural. O contorno protegido, na cor vermelha, é maior do que aquele obtido por OE, identificado
na circunferência de cor preta.
2) A OS permite maior e melhor penetração do sinal, principalmente, na
área rural.
68
3.2.3.3 Conclusões Acerca da Cobertura por Onda de Superfície e por
Onda Espacial
1) Condutividade do solo menor do que 3 mS/m e relevo suave: para o
mesmo valor de potência, a onda de superfície apresenta boa penetração
do sinal e raio para o contorno protegido menor do que aquele obtido
pela propagação por onda espacial. O relevo mesmo suave impõe uma
distribuição não homogênea do sinal por onda espacial.
2) Condutividade do solo menor do que 3 mS/m e relevo acidentado: a
onda de superfície apresenta menor raio para o contorno protegido do
que aquele obtido pela propagação por onda espacial. O relevo acidentado impõe severas restrições à distribuição do sinal por onda espacial,
a cobertura se dá de forma muito esparsa e há formação de zonas de
sombra.
3) Condutividade maior do que 3 mS/m e relevo suave: a onda de superfície apresenta raio do contorno protegido maior do que aquele obtido
pela propagação por onda espacial. O relevo mesmo suave não permite
uma distribuição uniforme do sinal irradiado, o que resulta em uma
cobertura esparsa para onda espacial.
4) Condutividade maior do que 3 mS/m e relevo acidentado: a onda de
superfície apresenta raio do contorno protegido maior do que aquele
obtido pela propagação por onda espacial. O relevo acidentado impõe
severas restrições à distribuição do sinal por onda espacial, a cobertura
ocorre de forma não homogênea e muito esparsa, há a formação de
diversas áreas de sombra.
5) O solo de condutividade menor do que 3 mS/m oferece limitações à
propagação por onda de superfície, assim como o relevo acidentado à
propagação por onda espacial. Contudo, as restrições impostas à onda
de superfície podem ser solucionadas com o aumento de potência, o
que não se verifica para a propagação por onda espacial. Em solo de
condutividade maior do que 3 mS/m, a onda de superfície apresenta performance muito superior à onda espacial. A onda de superfície permite
maior penetração do sinal, principalmente, nas áreas rurais, não forma
áreas de sombra, o aumento de potência certamente resulta em maior
69
raio do contorno protegido e cobertura de novas áreas não atingidas
anteriormente com a operação da emissora com menor potência.
6) Vale advertir que existem dúvidas acerca do mapa de condutividade
do solo brasileiro, o qual, em algumas regiões, pode indicar valores de
condutividade do solo não verificados na prática, valores que podem
variar para mais ou para menos. Assim, não se pode afirmar com total
segurança que em todo o território nacional a onda de superfície oferece
melhor cobertura do que a onda espacial, pois a condutividade do solo é
fundamental para essa afirmação.
3.2.4 Mapa de Condutividade do Solo Brasileiro
Os exercícios indicaram a importância da condutividade do solo brasileiro para uma maior penetração da rádio AM. Conforme mencionado
anteriormente, a condutividade equivalente do solo brasileiro foi aproximada para 5 valores diferentes: 1 mS/m, 3 mS/m, 10 mS/m, 30 mS/m
e 5000 mS/m (esta última refere-se à condutividade do mar).
Os cálculos indicaram que no solo com condutividade igual a 1 mS/m a
onda de superfície tem raio do contorno protegido semelhante ao obtido
pela propagação por onda espacial, e que, para condutividade igual ou
superior a 3 mS/m, o desempenho da propagação por onda de superfície passa a ser muito superior ao da onda espacial. Assim, procurou-se
destacar, na cor amarela, no mapa de condutividade do solo brasileiro,
as regiões que apresentam condutividade igual a 1 mS/m, para as quais,
não se levando em consideração o relevo do terreno, o contorno protegido obtido pela propagação por onda de superfície assemelha-se àquele
obtido pela onda espacial, regiões nas quais não haveria superioridade
significativa da onda de superfície.
As demais regiões, cujo valor de condutividade é igual ou superior a
3mS/m, a propagação por onda de superfície apresenta desempenho
muito superior ao obtido pela onda espacial.
Com base na Tabela 2.3 do Capítulo 2, verificou-se também a porcentagem de emissoras em operação na região considerada e que provavelmente são favorecidas com a melhor cobertura proporcionada pela
70
condutividade do solo igual ou superior a 3mS/m, e para as quais, a propagação por onda de superfície é extremamente relevante para a maior
cobertura.
3.2.5 Região Norte
Tabela 3.4 Porcentagem de rádio AM na Região Norte(7)
Região
Norte
Emissoras
População
Número
%
Estimativa para 1/7/2005
%
115
6,8
14.698.878
8,0
Figura 3.15 Solo de condutividade igual a 1 mS/m na Região Norte (8)
71
3.2.6 Região Nordeste
Tabela 3.5 Porcentagem de rádio AM na Região Nordeste(7)
Região
Nordeste
Emissoras
População
Número
%
Estimativa para 1/7/2005
%
422
24,7
51.019.091
27,7
Figura 3.16 Solo de condutividade igual a 1 mS/m na Região Nordeste(8)
72
3.2.7 Região Centro-Oeste
Tabela 3.6 Porcentagem de rádio AM na Região Centro-Oeste(7)
Região
CentroOeste
Emissoras
População
Número
%
Estimativa para 1/7/2005
%
172
10,0
13.020.767
7,1
Figura 3.17 Solo de condutividade igual a 1 mS/m na Região Centro-Oeste (8)
73
3.2.8 Região Sudeste
Tabela 3.7 Porcentagem de rádio AM na Região Sudeste (7)
Região
Sudeste
Emissoras
População
Número
%
Estimativa para 1/7/2005
%
536
31,4
78.472.017
42,6
Figura 3.18 Solo de condutividade igual a 1 mS/m na Região Sudeste (8)
74
3.2.9 Região Sul
Tabela 3.8 Porcentagem de rádio AM na Região Sul(7)
Região
Sul
Emissoras
População
Número
%
Estimativa para 1/7/2005
%
462
27,1
26.973.511
14,6
Figura 3.19 Solo de condutividade igual a 1 mS/m na Região Sul(8)
75
3.3 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA OPERAÇÃO NOTURNA DA RÁDIO
AM
À noite, a rádio AM tem restrições de cobertura provocadas pela propagação por onda ionosférica que sujeita 87,6 % das emissoras a operar
com potência igual ou inferior a 1 kW. Em conseqüência, a cobertura
noturna é reduzida, restringindo-se apenas à área urbana da cidade para
a maioria das emissoras.
De acordo com o Regulamento Técnico(8), apenas as emissoras classificadas como classe “A”, que possuem potência superior a 50 kW, aprovada
no PBOM, estão protegidas contra interferências em sua área de serviço
delimitada pela onda ionosférica durante 50% do tempo.
As demais emissoras, nas classes “B” e “C”, estão protegidas, no período
noturno, somente em sua área de serviço delimitada pela onda de superfície. Assim, já convivem com essa restrição há muitos anos sem atribuir
a esse fato o ponto nefrálgico da prestação do serviço. Sabe-se que após
as 18h há o predomínio da televisão que consolidou seu lugar de líder de
audiência principalmente no “horário nobre” entre 20h e 22h. Ante esse
quadro, acredita-se não haver maiores pretensões da maior parte das
rádios AM na busca de audiência no período noturno, o que, inclusive,
justificaria a redução de potência para diminuir o consumo e gastos com
energia elétrica.
76
CONCLUSÕES
A modulação em amplitude, por ser mais sensível ao ruído, impõe
sérias restrições à qualidade do áudio da rádio AM. A baixa audiência,
a pequena participação no bolo publicitário e uma concorrência cada
vez mais acirrada nos meios de comunicação projetam um futuro pouco
promissor para a rádio AM analógica.
A digitalização surge como uma alternativa de solução para o problema
da modulação. Se os testes em curso confirmarem essa propriedade, a
transmissão digital passa a ser de extrema relevância para a rádio AM.
Ainda, se a transmissão simultânea analógico-digital não implicar perda
significativa da atual área de serviço, a digitalização na mesma freqüência torna-se imperativa, pois reúne uma transição economicamente viável, a manutenção da audiência e de receita e, sobretudo, o diferencial
da cobertura por meio da onda de superfície.
Observou-se que, mesmo em solo de condutividade menor do que 3
mS/m, a onda de superfície apresenta boa penetração do sinal e raio do
contorno protegido próximo daquele obtido pela propagação por onda
espacial, todavia, mesmo em relevo suave, este último modo de propagação apresenta uma distribuição não homogênea do sinal.
E, ainda, quando se trata de solo de condutividade menor do que 3 mS/m
e relevo acidentado, a onda de superfície propicia melhor cobertura,
pois o relevo acidentado impõe sérias restrições à distribuição do sinal
propagado por onda espacial, o que resulta em uma cobertura esparsa e
na formação de zonas de sombra.
A situação passa a ser mais favorável para onda de superfície quando o
solo é de condutividade igual ou superior a 3 mS/m. A onda de superfície passa a apresentar maior raio do contorno protegido do que aquele
obtido por meio da propagação por onda espacial. Mesmo em relevo
suave, a onda espacial não permite uma distribuição uniforme do sinal,
o que implica uma cobertura esparsa.
A propagação por onda de superfície passa a propiciar melhor cobertura
ainda quando se trata de solo com condutividade igual ou superior a
3 mS/m e o relevo é acidentado. Nessa situação, o raio do contorno
77
protegido é superior àquele obtido pela propagação por onda espacial,
e, além disso, o relevo acidentado impõe sérias limitações à distribuição
do sinal por onda espacial de forma que a cobertura é não homogênea,
extremamente esparsa e com formação de diversas áreas de sombra.
Verificou-se, ainda, que o solo de condutividade menor do que 3 mS/m
oferece restrições à propagação por onda de superfície, assim como o
relevo acidentado à propagação por onda espacial, contudo, as restrições
impostas pela condutividade do solo ao primeiro modo de propagação
podem ser solucionadas com o aumento de potência, alternativa que
não soluciona o problema de áreas de sombra provocadas pelo relevo
acidentado quando a propagação é por meio da onda espacial.
Em solo de condutividade igual ou superior a 3 mS/m, a onda de superfície passa a apresentar maior penetração do sinal do que a propagação
por onda espacial, principalmente nas áreas mais distantes e rurais. Não
provoca áreas de sombra, assim como o aumento de potência resulta em
maior área de cobertura, com distribuição homogênea do sinal, o que
permite a cobertura de novas áreas, anteriormente não atingidas com o
uso de potência menor de operação.
De acordo com o mapa de condutividade do solo brasileiro, somente
na Região Norte predomina o solo de condutividade igual a 1 mS/m,
portanto, performance moderada da propagação por onda de superfície, destaca-se apenas a melhor penetração do sinal. As demais regiões
possuem diversas áreas com solo de condutividade igual ou superior a
3 mS/m, o que propicia uma eficiente cobertura por meio da propagação por onda de superfície. De modo especial, observa-se que o solo da
Região Sul oferece tais propriedades, de modo que as emissoras desta
região usufruem toda a vantagem da onda de superfície.
De certa forma, as emissoras na faixa de onda média, por necessitarem
de terrenos de grandes dimensões para acomodar seu sistema irradiante,
encontram-se, na maioria das vezes, instaladas fora da área urbana das
cidades. Em conseqüência disso e do maior ruído urbano, acabam oferecendo melhor serviço e, portanto, se destacando nas áreas rurais e
localidades circunvizinhas.
O Brasil, de dimensões continentais, oferece as mais diversas oportunidades para a exploração dos serviços de radiodifusão. Não fosse assim, a
rádio AM com todas as dificuldades advindas da transmissão analógica
78
não teria resistido todos esses anos. As oportunidades, porém, desafiam
a criatividade, a melhoria da qualidade, a diversidade de programação e,
porque não, a utilização do modo de transmissão que melhor atenda seu
nicho de mercado.
A transmissão digital na faixa de onda média apresenta-se como uma
alternativa ímpar e de extrema relevância para o radiodifusor AM, que
poderá manter o atendimento de seu público alvo. No entanto, o desempenho do digital no modo simulcast necessita de confirmação nos testes
práticos, pois, além das expectativas quanto à sua performance, existem
dúvidas quanto ao real valor da condutividade do solo brasileiro, questão que é preponderante para a maior penetração da onda de superfície.
Adicionalmente, sabe-se que a digitalização da rádio AM exige ainda
outras considerações técnicas e econômicas não abordadas no trabalho.
No entanto, trata-se de um momento crucial que pode significar a revitalização ou não desse veículo de comunicação.
Vale destacar que as dúvidas acerca da real condutividade do solo brasileiro, principalmente nos grandes centros, onde a urbanização tem efeito
prejudicial para o sinal da rádio AM, levantam a questão da necessidade
de se realizar estudos de procedimentos de medidas adequados às condições brasileiras e que permitam melhor conhecimento da verdadeira
condutividade do solo do nosso País.
Outra questão relevante e que poderia agregar valor ao presente trabalho, refere-se ao estudo do ruído proveniente dos aglomerados residenciais e industriais, que se estende desde as mais baixas freqüências até
cerca de 1 GHz e sua intensidade decresce com o aumento da freqüência,
alcançando valores ponderáveis na faixa de onda média.
79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) BIOZOTTI, Paulo Daniel. A História do Rádio. São Paulo: Rede Integrada de Comunicação, [s.d]. Disponível em: <http://www.rederic.com.
br/Telas/historia.htm>. Acesso em: 15/01/2006.
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(3) PINTO, Edgard Roquete. Edgar Roquete Pinto, Pioneiro do Radio,
fala sobre a primeira transmissão no Brasil. In: A era de ouro do radio
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Depoimentos. Disponível em: <http://www.locutor.info/audioEradeOuro.
html>. Acesso em 23/1/2006.
(4) Documentos disponíveis, no Ministério das Comunicações e na Anatel, apenas no formato impresso.
(5) INTERNATIONAL Telecomunication Union. Disponível em: <http://
www.uit.org>. Acesso em: 02 fev. 2006.
(6) UIT-R. Recomendación UIT-R BS.1514-1: Sistema para radiodifusión sonora digital en las bandas de radiodifusión por debajo de 30 MHz.
(Cuestión UIT-R 217/10)
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(7) IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.com.br>. Acesso em: 15 jan.
2006.
(8) BRASIL. Ministério das Comunicações. Resolução n.°116/1999, de 25
de março de 1999. Regulamento Técnico para Prestação do Serviço de
Radiodifusão Sonora em Onda Média e em Onda Tropical (faixa 120 m).
Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Poder Executivo,
Brasília, DF, 14 mar. 1999.
(9) REIS, Clovis. A evolução histórica da publicidade radiofônica no
Brasil (1922-1990). In: ENCONTRO NACIONAL DA REDE ALFREDO DE
CARVALHO, 2., 2004, Florianópolis. Disponível em: <http://www.jorna81
lismo.ufsc.br/redealcar/cd/grupos%20de%20trabalho%20de%20historia
%20da%20midia/historia%20publicidade%20e%20propaganda/CLOVISALCAR.doc>. Acesso em: 23 jan. 2005.
(10) SOUZA, Gilberto. A extinção do Rádio AM: Os resultados de março
de 2004. Radio Agencia. Disponível em: < http://www.radioagencia.com.
br/noticia.php?noticia=2808&categoria=3>. Acesso em: 01 mar. 2004.
(11) ALMANAQUE IBOPE. Disponível em: <http://www.almanaqueibope.
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(12) MAGALHÃES, Heloisa. Rádio Globo chega aos 60 com receita em
alta. Valor Econômico, São Paulo, 7 out. 2004.
(13) TEIXEIRA JR., Sérgio. Podcasting: Mudanças na radiodifusão
sonora? Exame, 22 jun. 2005.
(13) MÜZELL, Rodrigo. Um iPoderoso objeto de desejo: Aparelho digital
que toca música e cabe dentro do bolso vira febre. Zero Hora, Rio
Grande do Sul, 16 out. 2005.
(14) UIT-R. Recommentation ITU-R BS.1114-3: Systems for Terrestrial
Digital Sound Broadcasting to Vehicular, Portable and Fixed Receivers in
the Frequency Range 30-3000 MHz. International Telecommunications
Union, Radiocommunications Sector, 1994-2002.
(15) UIT-R. Recomendación UIT-R BS.1514-1: Sistema para radiodifusión sonora digital en las bandas de radiodifusión por debajo de 30 MHz.
(Cuestión UIT-R 217/10)
(16)FEDERAL Communications Commission – FCC. Disponível em:
<http://www.fcc.gov.>. Acesso em 19 jan. 2006.
(17) IBIQUITY Digital Corporation. Disponível em: <http://www.ibiquity.
com . Acesso em: 10 jan. 2006
(18) UIT-R. Recomendación UIT-R BS.1615: Parâmetros de planificatión para la radiodifusión sonora digital em frecuencias inferiores a 30
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(19) DIGITAL Radio Mondiale. Disponível em: <http://www.drm.org.>
Acesso em: 10 jan. 2006.
82
(19) GERMANI, Higino. Rádio Digital: uma outra opção não seria possível?. Sulrádio Consultoria de Radiofusão, fev. 2005. Disponível
em: <http://www.sulradio.com.br/destaque_radio_digital_higino.asp>.
Acesso em: 12 jan. 2006.
(20) FORUM Nacional pela Democratização da Comunicação. Rádio
Digital: a um passo da democracia nas ondas sonoras. Observatório da
Imprensa, v. 12, n.341, 09 ago. 2005. Disponível em: < http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=341IPB002> . Acesso em:
12 jan. 2006.
(21) CHIARA, Márcia de. Rádio mantém espaço e mercado cativo no
País: Aparelho nem consta das estatísticas, mas vendas anuais chegam
a 1 milhão. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 19 set. 2004. Caderno
Economia.
(22) BRASIL. Ministério das Comunicações. Resolução n.º 11/66, de julho
de 1967. NTC Cálculo das Intensidades de Campo e das Interferências
entre Emissoras de Radiodifusão de Ondas Médias, Brasília, DF, 1967.
(22) BRASIL. Ministério das Comunicações. Normas Técnicas para
Emissoras de Radiodifusão Sonora em Ondas Médias (Portaria MC n.º
1.048, de 10/9/1976). Brasília, DF, 1976.
(23) BRASIL. Resolução nº 67, de 12 de janeiro de 1998. Regulamento
Técnico para Emissoras de Radiodifusão Sonora em Freqüência Modulada. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 13 nov. 1998.
(24) UIT-R Recommendation ITU-R P.1546: Method for point-to-area
predictions for terrestrial services in the frequency range 30 to 30000
MHz, 2001.
(25) ASSIS, M.S. A Simplified solution to the problem of multiple diffraction over rounded obstacles. IEEE Transactions on Antennas and Propation, v. 19, mar. 1971. p. 292.
83
ANEXO A – artigos pertinentes ao tema tratado
NOTÍCIA Nº 1
A extinção do Rádio AM – por Gilberto Souza
A extinção do Rádio AM – Os resultados de março de 2004
Uma das teorias mais recentes, e aceitáveis, para o desaparecimento dos
dinossauros, diz que um imenso meteoro chocou-se com o planeta Terra
há bilhões de anos. Devido à explosão, uma gigantesca nuvem matou as
plantas e os bichinhos morreram todos de fome, sufocados, desorientados. Pobrezinhos! É a vida. Graças a isso, nós mamíferos estamos aqui,
podendo escrever o resto da história.
Ainda não houve colisão, mas um grande meteoro está por chegar às
emissoras de AM de São Paulo e, por extensão, de todo o Brasil. Sim, a
freqüência de AM, que nos ensinou a todos a amar o rádio, está com seus
dias contados. Com apenas 16% do total de ouvintes do rádio (474.375
ouvintes), o AM tem audiência inferior à soma das três emissoras de FM
com maior audiência (Tupi, Transcontinental e Band).*
Problema maior que a pouca audiência, que vem caindo ano a ano,
é a idade avançada dos ouvintes de AM. Das 24 primeiras colocadas,
apenas 5 emissoras não têm a maioria de seu público (>= 50%) acima
de 50 anos. Todas, porém, têm mais de 60% de seus ouvintes com idade
superior a 40 anos. A ausência de ouvintes entre 15 e 29 anos indica que
a freqüência não se renova. A sobrevivência do AM depende da própria
sobrevida de quem o ouve.
As emissoras jornalísticas contam com boa concentração de ouvintes
nas classes A e B (acima de 60%). Na média, o AM tem predomínio C, D
e E. Embora seja forte e convincente, o argumento das emissoras deste
gênero de possuírem o target ideal para revendas de automóveis, bancos
e tantos outros produtos e serviços, tem de ser aproveitado logo, pois a
transferência de público para o FM dá-se em passos largos.
Primeira a mudar-se para o FM, a CBN vê sua audiência em freqüência
modulada (FM) ser duas vezes maior que a sua em amplitude modulada
85
(AM). O perfil da CBN no FM (por convenção, tratamos AM e FM como
termos masculinos, embora sejam abreviaturas de expressões femininas)
é também mais jovem: 34% de seus ouvintes têm entre 20 e 39 anos.
No AM, apenas 12% estão nesta faixa etária. Estranha à primeira vista,
a entrada do sisudo Jornal da Manhã na adolescente Jovem Pan 2 provocou efeito inverso ao que muitos poderiam esperar: a audiência do
horário subiu.
No caso da Jovem Pan 2, a troca do público muito jovem por um mais
adulto trouxe ainda a vantagem de envelhecer um pouco o perfil médio
da emissora, o que deve estar ajudando o seu departamento comercial. A
Rádio Bandeirantes, tradicionalíssima nas ondas de AM tenta, nos 90,9
MHz, encontrar ela também seu espaço no FM.
Repórteres competentes, comentários profundos, plástica de ótima qualidade. As emissoras citadas são todas excelentes. Rivalizam com as televisões abertas e substituem os melhores jornais da capital para os que
têm pouco ou nenhum tempo para se informar. O problema do AM não
é a sua produção, que segue em alto nível ao longo dos anos, mas a péssima qualidade de sua transmissão. É praticamente impossível sintonizar
emissoras de AM nos carros. Jamais se ouviu uma emissora desta freqüência sintonizada em lojas ou escritórios. Restrito aos domicílios, em
poucos anos, o ouvinte típico dos programas jornalísticos de AM usará
pijama de seda, apoiado em bengala com suporte de madrepérola.
Quanto aos outros formatos do AM, restarão num canto de nossa memória as vozes marcantes daqueles velhos comunicadores. O caipira que
nos acordava com um canto de galo e um balde de água fria. O senhor
que opinava sobre tudo. As rezas que curavam todos os males.
Sentiremos saudades de todos os que nos fizeram amar tanto o rádio.
Até a próxima!
* fonte: IBOPE – Grande São Paulo, março/2004, segunda a sexta, 6h00às19h00
Gilberto Souza é diretor da AB 25+ Pesquisas e Estratégias de Mídia, empresa especializada na
área de pesquisa de rádio.
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NOTÍCIA Nº 2
Mudanças no Rádio (1960-1980) - Nas décadas de 1960 e 1970, a
televisão se popularizou, reduzindo a influencia, a audiência e uma fatia
significativa do bolo publicitário do rádio.
Informação: Caros Ouvintes - 31/08/2005
Por Clóvis Reis
A quota de participação do rádio nos investimentos publicitários baixou
dos 23,6% registrados em 1958 para 13,2% em 1970, enquanto a televisão subiu de 24,7% para 39,6% no mesmo período (ORTRIWANO, 1985,
p. 66). A perda de espaço provocou uma reação do rádio.
Em geral, as emissoras abandonaram as produções artísticas de grandes
orçamentos e ingressaram no formato de música e informação. Sem desfrutar da mesma importância nos lares, a alternativa para o rádio foi a
audiência nos carros e na rua, beneficiada com o desenvolvimento das
indústrias de transistores e de automóveis.
Simões (1990, p. 192) afirma que os anos 1960 foram o momento mais
delicado para a sobrevivência econômica do rádio, porque não se alteraram as tendências nos investimentos publicitários. Ampliou-se a vantagem da televisão no ranking dos meios e as emissoras de rádio custavam
a vencer as dificuldades.
Para agravar ainda mais a situação, o país entrou em uma fase de estagnação econômica e de grandes problemas políticos. Esta foi a etapa da
propaganda ideológica e o rádio, a exemplo dos outros meios, difundia
mensagens de apoio ao governo federal, enfatizando suas realizações
administrativas.(PINHO, 1998, p. 32)
Em 27 de agosto de 1962, o governo implantou o Código Brasileiro
de Telecomunicações e fixou em 25% da programação diária o tempo
máximo permitido para a difusão de publicidade no rádio e na televisão.
Apesar das diversas atualizações da legislação, este índice continua em
vigor até hoje. Outro fato importante do período foi a inauguração da TV
Globo, em 1965, que rapidamente se consolidou como uma organização
de grande prestígio.
87
Quanto ao rádio, surgiram as emissoras que transmitiam em FM e que
se popularizaram na década de 70. A programação era exclusivamente
musical e se constituía no acontecimento de maior impacto no negócio
radiofônico desde o surgimento da televisão.
As transmissões em FM produziram uma mudança profunda na oferta
programática do rádio brasileiro e também repercutiram no âmbito dos
investimentos publicitários, reanimados com as vantagens da segmentação da audiência que proporcionava a oferta de conteúdos especializados.
O setor se reorganizou e deu sinais de recuperação. Entretanto, a reconquista do espaço no mercado se produzia mais lentamente do que era
esperado e o rádio terminou os anos 70 com 8% de participação no bolo
publicitário. (ORTRIWANO, 1985, p. 66)
Clóvis Reis. Doutor em Comunicação, Clóvis Reis é professor de Redação Publicitária e Produção
Publicitária em Rádio no Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da FURB
- Universidade Regional de Blumenau. Além disso, é articulista do Jornal de Santa Catarina.
NOTÍCIA Nº 3
VALOR ECONÔMICO | EMPRESAS | 07/10/2004
Rádio Globo chega aos 60 com receita em alta
Heloisa Magalhães Do Rio
A Rádio Globo está completando 60 anos. O aniversário é em 2 de
dezembro, mas as comemorações já começaram. Domingo, no Maracanã,
no Rio, haverá música e futebol show - com time de ex-jogadores versus
artistas -, mas o Sistema Globo de Rádio já vem festejando também os
bons resultados do grupo. O faturamento das 13 emissoras vem subindo.
Em 2003, atingiu R$ 95 milhões e este ano a expectativa é de fechar em
R$ 115 milhões. A margem de geração operacional de caixa, por sua vez,
deve ficar em 23% em 2004, enquanto em 2001 foi de 16,1%. Em 1998
era negativo.
88
A fatia das 13 rádios no mercado publicitário subiu de 14% para 20%
nos últimos cinco anos. O universo é de 3 mil emissoras em todo o
país. O diretor-geral do Sistema Globo de Rádio, Rubens Campos, explica
que, independentemente da chegada de novas mídias, como a internet, a
população brasileira está ouvindo mais rádio. Entre 1997 e 2004, o total
de ouvintes aumentou em 6%.
As emissoras atingem diferentes camadas, mas vêm conquistando um
importante ouvinte, aquele que Campos classifica como o adulto jovem,
na faixa superior a 18 anos, que poderia ser absorvida pela internet,
mas não dispensa o rádio. “Eles querem ficar informados. O rádio atinge
camadas variadas, porque é, antes de tudo, companhia. Leva notícias,
esclarece, faz vibrar com o resultado do futebol. É como uma espécie de
amigo.”
A Rádio Globo, presente no Rio, São Paulo e Minas Gerais, e com 15
afiliadas, nasceu no Rio e, para Campos, é um dos símbolos da cidade.
Esse espírito gerou a criação do Globomóvel, que visita bairros do Rio,
ouve, ajuda inclusive a tirar dúvidas variadas, consultando advogados,
por exemplo. Hoje está apenas no Rio, mas Campos diz que irá chegar a
São Paulo também.
A Rádio Globo atinge 2,7 milhões de fluminenses e a média de audiência
por minuto é de 151 mil ouvintes. E bem diversificados: um terço é de
pessoas das classes A-B, outro terço da C e a terceira parte da E. “Reproduz bem o Brasil”, diz o diretor-geral. Ele conta que o responsável pelo
pico de audiência da Rádio Globo é o programa “Momento de Fé”, com
o padre Marcelo Rossi. Entre 9h e 10h da manhã, atinge uma média de
809 mil ouvintes. Mas a proposta é oferecer programação abrangente,
do esporte às notícias, passando pelos comentários e discussões em torno
dos temas do dia-a-dia.
No estúdio da Rádio Globo, ontem, ao meio-dia, corria debate acalorado
comandado pelo radialista Loureiro Neto. O assunto era a desistência de
Moreira Franco (PMDB) à disputa no segundo turno pela Prefeitura de
Niterói. Notícia é o filão de sucesso e garante o destaque para a CBN,
emissora que lidera em rentabilidade entre as do grupo. Responde por
45% do negócio. Campos, que assumiu o comando das rádios em 1999,
conta que a CBN , sucesso de público e de publicidade, não foi reconhecida inicialmente pelo anunciante. A estratégia foi de montar uma
89
espécie de parceria, reunindo comentaristas e anunciantes. Foi assim que
nasceram os comentários bem-humorados e criativos de Artur Xexéo e
Carlos Heitor Cony , os polêmicos de Arnaldo Jabor, entre outros.
NOTÍCIA Nº 4
O ESTADO DE S. PAULO | ECONOMIA | 19/09/2004
Rádio mantém espaço e mercado cativo no País.
Aparelho nem consta das estatísticas, mas vendas anuais chegam a
1 milhão
MÁRCIA DE CHIARA
Na era virtual, o velho radinho ainda tem mercado garantido ao lado
de eletrônicos sofisticados, como TV de plasma e computadores que só
faltam falar. Tanto é que as poucas marcas existentes têm planos para
aumentar a oferta do produto e lançar novos modelos nos próximos
meses. Calcula-se que são vendidos por ano cerca de 1 milhão de rádios
no País, embora o item nem conste das estatísticas do setor eletroeletrônico. Os volumes podem parecer reduzidos se comparados à produção de
TVs, que somou no ano passado 5,4 milhões de unidades. Já o mercado
de computadores pessoais gira cerca 3 milhões de aparelhos por ano.
A indústria está voltando a se interessar pelo produto porque ele tem um
mercado eclético e cativo: do vigilante ou freqüentador dos campos de
futebol, passando pela população rural, a altos executivos. Acacio Queiroz, de 56 anos, presidente para a América Latina da Ace Seguradora, se
considera um “dinossauro do rádio”. Começa o dia escutando noticiário
pelo rádio enquanto faz a barba e se prepara para ir ao trabalho. “Das 6h
às 8h, quando não tem horário político, ouço rádio”, diz ele, que repete
a dose após as 23h. Em seu escritório na Avenida Paulista, ele tem um
rádio de mesa, que liga nos intervalos das reuniões.
Apesar de ter acesso a outros aparelhos eletrônicos, Queiroz considera
o rádio mais prático, além do fato de a informação ser em tempo real.
90
Ele conta que criou produtos voltados para a população de baixa renda
tomando conhecimento das necessidades dessas camadas por meio do
rádio. A idéia de lançar um seguro da conta de luz para quem perdeu o
emprego nasceu ouvindo rádio.
As indústrias farejam um potencial maior de mercado para o produto.
A Dynacom, por exemplo, se prepara para dobrar a produção atual de
15 mil rádios por mês a partir de 2005 com a expansão da fábrica de
Manaus. “O rádio não morreu”, diz o gerente Comercial, Eduardo Barrinha. Desde 2002 no mercado, a companhia produz um modelo que
pesa 164 gramas e custa R$ 28. A partir de 2005, lançará três modelos.
Negocia também parcerias para fabricar rádios com a marca de clubes
de futebol.
Barrinha destaca que a maior parte das vendas do produto se concentra
em cidades do interior. No Estado de São Paulo, essa fatia chega a 70%.
O supervisor geral da Lojas Cem, Valdemir Colleone, confirma que os
maiores volumes vão para a zona rural. Na sua rede, que tem força nas
cidades do interior de São Paulo e Minas Gerais, para cada 3 TVs vendidos, 1 rádio portátil é comercializado. “O rádio portátil nunca esteve fora
de linha. O consumo é certo”, afirma Colleone. Empresários dizem que o
principal problema do mercado é o contrabando, que deve girar volume
equivalente ao do mercado formal.
Fábrica - A NKS, que importa da China 30 mil aparelhos por mês, decidiu investir R$ 27 milhões numa fábrica em Salvador para montar rádios
a partir de 2005. “Esse mercado cresce cerca de 6% ao ano”, diz o sócio
da empresa, Antonio Alves. A expectativa é dobrar os volumes quando a
fábrica estiver a todo vapor. Hoje a empresa trabalha com dois modelos
de rádio portátil: um que pesa 80 gramas e custa R$ 19 e outro de 200
gramas, que sai por R$ 40. “Temos estudos para lançar outros modelos.”
A Semp Toshiba é outra que se prepara para lançar um segundo modelo
de rádio de mesa em 2005. A empresa, que nasceu produzindo rádio,
interrompeu a linha nos anos 90 e voltou a fabricá-lo em 2002, quando
a companhia completou 60 anos. Segundo o presidente do grupo, Afonso
Antônio Hennel, vale a pena investir no rádio porque como o País tem
dimensões continentais e a maioria da população é de baixa renda, o
item tem mercado garantido.
91
A Motobras produz no País sete modelos de rádio, dois portáteis e cinco
de mesa, e quer lançar outros nos próximos meses. Fundada em 1993, a
fábrica em Brasópolis (MG), com 160 funcionários, produz 30 mil aparelhos por mês, dos quais 90% de portáteis. De acordo com a empresa,
o mercado potencial para o produto é muito grande, mas os impostos
que recaem sobre a produção limitam a expansão das vendas. Do preço
médio de R$ 42 no varejo, R$ 20 se referem a impostos, informa a companhia.
NOTÍCIA Nº 5
CORREIO BRAZILIENSE | BRASIL | 11/10/2003 |
Pobre, porém chique
Pesquisa divulgada pelo IBGE mostra que, no país, melhoraram os índices de saneamento básico, acesso à educação e a bens de consumo, como
telefones e computadores. Mas a renda da população caiu
Lilian Tahan e Fabíola Góis
Da equipe do Correio
O Brasil vive duas realidades que não combinam. Na última década, o
brasileiro experimentou itens básicos de conforto, tecnologia e infraestrutura. Usa mais água tratada, tem luz elétrica em casa, fala ao celular
e até acessa a Internet. As melhorias, no entanto, não ocorreram porque
o salário da população aumentou. Pelo contrário, foram os bens não
duráveis que ficaram mais baratos. E as políticas públicas tornaramse mais abrangentes. Mas o brasileiro continua pobre. Os dados que
mostram a contradição nas condições de vida da população brasileira
estão no relatório da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad)
2002, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento revela que a maioria dos brasileiros conquistou uma
vida mais digna, mesmo com os salários mais baixos. No período de
1992 a 2002, caiu pela metade o número de casas feitas de material não
92
durável, como madeirite, papelão e taipa. Dentro de uma casa construída
de tijolo, oito em cada dez brasileiros têm acesso à água encanada e
quase todas as pessoas (96,7%) usam luz elétrica. De cada dez domicílios,
pelo menos seis têm linha telefônica. Em 1992, essa proporção era de
dois aparelhos para cada lar. A televisão e a geladeira também tornaramse itens básicos e de fácil acesso. Até o celular, que há poucos anos era
privilégio de empresários, tornou-se figurinha fácil nas mãos do taxista,
da faxineira, do operário.
Competitividade - Especialistas em desenvolvimento humano ouvidos
pelo Correio explicam que as melhorias reveladas pelo Pnad 2002 disfarçam uma sociedade ainda muito injusta. O trabalhador teve redução de
salário de 12,3% nos últimos seis anos, mas faz força para atualizar-se à
vida moderna. ‘‘Os salários continuam baixos, mas o acesso a produtos
não duráveis tornou-se possível em decorrência da maior competitividade provocada pela abertura de mercado e pelas privatizações ocorridas
na última década’’, explica Ricardo Caldas, cientista político da Universidade de Brasília.
O economista e secretário de trabalho do estado de São Paulo, Márcio
Pochmman, afirma que a maior parte da população brasileira paga um
alto preço para viver a realidade da sociedade urbana. ‘‘Ele troca um
prato de comida saudável por um cachorro-quente, mas paga a prestação de um celular pré-pago’’, compara o economista. Pochmman explica
que na cidade, onde boa parte da população trabalha como autônoma,
o acesso à comunicação rápida e ao transporte é uma necessidade tão
importante quanto alimentação.
A análise de Pochmman é coerente com o crescimento do índice de
residências que têm telefone celular, mas não dispõe de linha fixa. De
2001 para 2002, cresceu em 15,4% a quantidade de chefes de família que
têm apenas telefone móvel. E com uma característica curiosa. De cada
dez celulares — das 39 milhões de linhas habilitadas no país — apenas
três são de aparelhos pós-pagos. O brasileiro troca um prato de comida
saudável por um cachorro-quente, mas paga a prestação de um celular
pré-pago. Márcio Pochmman, economista e secretário de trabalho do
estado de São Paulo.
93
Soberania do rádio mais perto do fim
Os brasileiros estão gradativamente decretando o fim da era do rádio.
Pela primeira vez, o resultado de uma pesquisa apontou que o número de
aparelhos de televisão superou o de rádios. De 1992 a 2002, o percentual
de residências com televisores subiu de 74% para 89,9%. A explicação
para essa mudança de comportamento é o fato de a TV ser um entretenimento barato e que atende às necessidades dos espectadores. Essa é a
opinião do presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e
TV (Abert), Paulo Machado de Carvalho Neto. ‘‘A TV se expandiu porque
apresenta uma programação de boa qualidade e gratuita, atualmente
qualquer outro entretenimento sai caro’’, disse.
Em 1992, o percentual de casas com aparelhos de rádio atingiu seu ápice
— 90,4%. Depois, entre 1996 e 1998, houve uma queda, chegando a
87,9% em 2002 — período da última pesquisa. De acordo com a pesquisa,
o Rio de Janeiro é o estado que possui o maior percentual de casas com
aparelhos rádio e TV — 97,7% têm televisores e 95,2% possui aparelhos
de rádio. O atual desafio da Abert, que reúne representantes de cerca
de 3 mil empresas de rádios e 300 de TV, é modificar alguns programas
transmitidos por emissoras de televisão apontados pelo Ministério da
Justiça como inadequados. É a campanha que ficou conhecida como o
combate à baixaria na TV devido ao uso de imagens, expressões e até
mentiras na sua programação. (RG)
NOTÍCIA Nº 6
SULRADIO – Consultoria em Radiodifusão - Fev/2005,
Eng. Higino Germani* - CREA 686-DF
Já fazem algumas décadas que ouvimos falar que o futuro do Rádio AM
e FM será a digitalização. No entanto, esta espera já está por demais
longa...
Os esforços concentram-se no Rádio AM e com razão : as emissoras de
FM proporcionam qualidade de áudio muito boa e tem disponíveis sub94
canais que, em sua grande maioria, ainda não foram suficientemente
explorados.
Desde as primeiras pesquisas a respeito, sempre ouvimos falar em sistemas “in band”, ou seja, ocupando o mesmo canal que as AM’s atuais.
Examinemos as características deste canal :
- largura de cada canal de apenas 10 KHz : o que podemos esperar de
banda tão estreita e ainda compartilhada com um sinal analógico?
- faixa de OM de 535 KHz a 1705 KHz : a relação entre a freqüência
mais baixa e a mais alta é de cerca de 3 vezes, o que demonstra características de propagação muito diferentes entre as freqüências “baixas”
e as “altas”; dependência da condutividade do solo a qual tem valores
cada vez menores em função do aumento da urbanização; propagação
diurna pelo solo e noturna pelo solo e pela ionosféra o que gera sinais
interferentes a longas distâncias.
- sistemas de transmissão que exigem áreas de vários hectares próximas
às áreas urbanas, o que se torna cada vez mais difícil.
- necessidade de potências cada vez maiores para compensar a queda de
condutividade e nível de ruído elevado (característico da faixa).
- necessidade de torres irradiantes altas devido ao grande comprimento
de onda o que conflita cada vez mais com a proteção dos aeródromos.
Com estas características, perguntamos : Porque insistir em sistema “in
band” ?
Os ouvintes não terão que adquirir um novo receptor para ouvir os sinais
digitais?
Como a resposta é obviamente afirmativa, cremos que boa parte das
argumentações da opção “in band” cai por terra.
Será verdadeiramente viável que, após um certo período de transição, o
sinal analógico deixará de ser transmitido, permanecendo apenas o digital ? Ou será que, para cobrir deficiências da cobertura digital teremos
que manter no ar permanentemente trambolhos de dezenas de quilowatts com alto consumo de energia elétrica ?
Nos vemos em situação semelhante ao advento da máquina a vapor nas
embarcações : inicialmente as instalaram em veleiros com resultados
95
obviamente desastrosos; ou então com o advento do motor a combustão
interna: não foi projetado um automóvel e sim instalado o motor em
carruagens, no lugar dos cavalos... Estaríamos agora colocando turbinas
em veleiros ou em carruagens ?!
Não será possível criarmos uma Nova Radiodifusão em todos os sentidos
e não apenas inserir as técnicas digitais no Rádio existente?
Onde reside a maior dificuldade? Na faixa de operação desta Nova
Radiodifusão. Em que freqüências as estações exclusivamente digitais
operariam ?
Cremos que, sem querer, esta nova faixa está surgindo ao natural:
Com a criação de mais dois canais de Radio Comunitária (87,7 e 87,5
MHz) estamos “invadindo” a banda do canal 6 de TV. Já com o canal
“oficial” de RadCom (88,7 MHz) o conflito com o canal 6 já existia e
agora se tornou maior ainda. É de se prever que o futuro nos aponta para
a extinção do canal 6 de TV.
Com isto, resulta que teremos uma maravilhosa banda de 6 MHz (de 82
a 88 MHz) e na faixa de VHF (a melhor para a radiodifusão, quer em
termos de comprimento de onda quer em termos de características de
propagação), à disposição para criarmos uma Nova Radiodifusão.
Podem fazer idéia de quantos canais exclusivamente digitais e o que será
possível fazer nos mesmos em termos de qualidade de áudio e informações suplementares (dados) numa banda de 6 MHz na faixa de 82 a 88
MHz ? É tudo os que sonham com o Rádio Digital pediram ao Criador.
Como operacionalizar isto ?
Ora, existe um Plano de Canais para TV Digital em elaboração. Certamente está prevista uma solução para o canal 6 (no Plano de Geração de
TV no Brasil existem apenas 24 outorgas !).
Estabelecida a nova canalização de canais digitais (de 82 a 88 MHz)
– deixando obviamente uma margem para os canais de RadCom – e
estabelecidas as Normas Técnicas correspondentes, estes canais seriam
objeto de “leilões”, primeiramente para os atuais radiodifusores que desejarem operar digitalmente e, posteriormente, para outros interessados.
96
Parte do valor arrecadado nestes leilões seria canalizado para indenizar
os custos de migração para outro canal dos atuais concessionários de TV
que operam no canal 6. Com um cronograma bem estabelecido, pode-se
fazer com que esta migração coincida com a implantação da TV Digital
o que evitará prejuízos às empresas que operam no canal 6.
Os radiodifusores que operarem digitalmente desativarão suas estações
analógicas quando julgarem que o mercado de receptores digitais já
atingiu a grande maioria do público. O próprio público será beneficiado
pois terá tempo de sobra para trocar de receptores (e esgotar a vida útil
dos atuais).
Quanto aos receptores, não cremos que possa haver dificuldade em seu
desenvolvimento e produção uma vez que a faixa de operação é de tecnologia dominada e será equipamento exclusivamente digital sem a parte
analógica. Existirá tempo mais que suficiente para o desenvolvimento
deste novo receptor na área industrial paralelamente à implantação das
regras para o novo serviço de tal forma que não venha a ocorrer novamente o desastre que foi a implantação do AM Estéreo quando havia
emissoras mas não havia receptores no mercado...
Um grande debate a respeito poderia ser levado a efeito pelo Poder Concedente para se avaliar os prós e contras de cada opção existente para
a efetiva implantação do RÁDIO DIGITAL de forma segura, viável econômica e empresarialmente – e não só tecnicamente – a qual venha a
contemplar o público com todos os recursos e possibilidades que a NOVA
RADIODIFUSÃO nos acena.
* Higino Germani é engenheiro eletrônico e presta consultoria para empresas de radiodifusão
NOTÍCIA Nº 7
Podcasting: Mudanças na radiodifusão sonora?*
www.sulradio.com.br
Informação: QUADRANTE - RTE 27.05 (29/06/05)
Há uma nova onda na Internet, uma mistura de rádio, diários online e
MP3, formando uma distribuição de áudio recebida nos computadores e
transferida para os iPod e similares.
97
A palavra inglesa podcast foi criada pelo americano Adam Curry, o
inventor do sistema, pela composição das palavras iPod (da Apple) e de
broadcasting (transmissão, difusão). Há quem veja o podcasting como
uma ameaça a radiodifusão sonora, considerando-a ser a maior transformação no rádio em quase 100 anos! A BBC (do Reino Unido) já experimentou o formato e permite que os interessados baixem o programa dos
seus computadores. Também, empresas de renome, como as americanas
GM, Ford, Procter & Gamble, Time Warner, a holandesa Heineken e a
sueca Volvo, consideram os podcasts como um meio alternativo para
publicidade.
Existem diversos sites na Internet com feição de radiodifusoras, mas os
podcasts têm a vantagem de poderem ser ouvidos sem que o ouvinte
esteja preso ao computador. Ademais, os conteúdos são automaticamente
enviados ao computador e daí aos tocadores de MP3.
Qualquer internauta com um pouco de conhecimentos técnicos e um
microfone pode criar seus podcasts e distribuí-los pela Internet.
Uma rápida comparação entre esses programas e as estações de radiodifusão mostra o seguinte:
Radiodifusão
Podcast
Transmissão ao vivo
Transmissão sob demanda
Precisa de autorização do Governo
Implantação livre de autorização
Exige grande investimento de
infra-estrutura
Pode ser produzida por software grátis
Alcance limitado
Alcance ilimitado (via Internet)
Como qualquer novidade que surja na Internet – este tem uns seis meses
– é necessário que os radiodifusores observem a sua aceitação pelo
público e pelas agências de publicidade, antes de um entusiasmo maior,
ou preocupação descabida.
Um Guia de Podcasting
Ouvir podcasts:
È simples. Os programas são arquivos no formato MP3. Basta baixá-los
e ouvir no computador ou num tocador de MP3. Pode-se “assinar” deter98
minadas rádios e, quando houver um novo programa, ele é transferido
para o micro do interessado.
Produzir um programa de rádio:
Basta um microfone, um provedor para armazenar os podcasts e um
pouco de paciência. No guia abaixo, encontram-se indicações de softwares e sites para encontrar e escutar podcasts ou criar uma emissora
caseira de rádio.
Para encontrar:
Primeiro visita-se os sites que reúnem links para os podcasts existentes. A maioria é americana, mas em alguns têm divisão por país ou
língua. Também é possível selecionar pelo tipo de programa (musical,
de entrevistas, comentários políticos e assim por diante). Eis alguns dos
principais podcasts.
Podcast Alley - fonte para programas de rádio com um excelente fórum
de criadores de podcasts. Em inglês.
ipodder - um diretório completo. Permite buscar por região ou por língua.
Em inglês. Procuram-se programas em português em “Languages”.
Link - do jornal O Estado de S.Paulo com uma seção destinada a listar
podcasts brasileiros. Em português.
Feeds - lista podcasts brasileiros e feeds de noticiosos.
Para buscar automaticamente:
A grande vantagem do podcasting sobre as rádios online tradicionais é
que programas podem ser enviados para o computador automaticamente,
basta baixar um software conhecido como agregador. Nele incluem-se
as que se quer acompanhar; havendo atualização nos sites o agregador
busca os novos podcasts automaticamente. Os principais agregadores
são gratuitos e alguns enviam os podcasts direto aos iPod.
iPodder - mais conhecido para automatizar a busca por podcasts com
computadores Macintosh e sincronizar automaticamente com iPods.
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iPodder.NET- Versão para PC do iPodder; funciona integrado ao Gratuito.
Feed Demon - similar ao iPodder, mas sincroniza com out de MP3, além
do iPod. Custa US$ 29,95.
Para produzir:
Gravar o próprio programa de rádio é relativamente simples. Os itens
básicos são: um microfone, um programa capaz de gravar o áudio e convertê-lo para o formato MP3 e um servidor na Internet para armazenar
e disponibilizar o podcast.
Programas de gravação:
Audacity - O gravador e editor de áudio são gratuitos. É um dos softwares mais utilizados para criar podcasts.
Sparks! - é um tudo-em-um. Funciona como agregador e permite a gravação e edição de programas. O uso desta última função custa US$ 10.
PodProducer - grava e edita programas de rádio Internet. Ainda nas
versões de teste, pode apresentar defeitos. Gratuito.
Armazenagem:
Feito o programa, é preciso colocá-lo em um servidor da Internet para
ser baixado por qualquer internauta. Serviço pago com muitas variações
Aqui vai apenas três sugestões. Alguns servidores são especializados em
facilitar a vida dos usuários.
Libsyn - um dos preferidos dos podcasters. Com pacotes específicos para
armazenar programas de rádio. Os preços são mensais e em dólares.
Locaweb - O maior provedor para sites do país. Não tem um serviço
especial para podcasts, mas pode abrigá-los. Os preços variam de 29 a
90 dólares por mês.
GoDaddy - oferece preços muito competitivos com interface específica
para podcasters. O pacote básico custa dez dólares.
* Resumo adaptado do artigo de Sérgio Teixeira Jr., na revista Exame de 22/06/05.
100
NOTÍCIA Nº 8
RÁDIO DIGITAL - A um passo da democracia nas ondas sonoras.
Informação: Observatório da Imprensa - 09/08/2005
FNDC
Reproduzido do e-Fórum nº 58 (5 a 11/8/2005), boletim de divulgação do
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Mas o passo que está para ser dado pode ser para frente ou para trás.
Entrevista com o engenheiro Higino Germani mostra como o Brasil
pode definir de forma açodada a transição do serviço de radiodifusão
sonora, criando uma situação de fato que tende a contribuir para tornar
os canais de rádio ainda mais inacessíveis a novos atores e dificultar a
reestruturação desta mídia tão fundamental para a cidadania. Em pleno
andamento dentro dos órgãos de governo, este debate está distante de
diversos atores interessados e, ainda mais, dos cidadãos.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, anunciou esta semana que
a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) liberará em breve
a implantação do rádio digital em 12 capitais brasileiras, em caráter
experimental. “Nós já temos condições técnicas para fazer a rádio digital funcionar”, disse o ministro, que também é proprietário de emissora
de rádio. O anúncio surpreendeu as entidades e organizações ligadas à
democratização da comunicação pelo fato de não ter havido, até hoje,
um chamamento à discussão pública sobre como deverá se dar esta transição tecnológica no Brasil.
A digitalização do serviço de radiodifusão sonora, uma realidade em
poucos países do mundo, permitirá ao ouvinte de rádio receber um sinal
de melhor qualidade, bem como ler textos noticiosos e ter acesso a informações sobre programação e outros serviços interativos de texto. Mas,
assim como se dá no caso da transição da TV aberta, existem opções
econômicas, sociais e tecnológicas a serem feitas que podem resultar em
um processo de desenvolvimento e implantação mais ou menos democrático, mais ou menos custoso, mais ou menos excludente.
Com essa realidade batendo à porta dos brasileiros, o esperado era que
ocorresse um debate público sobre os novos conceitos de produção de
101
conteúdos, canalização e interatividade, que são os grandes desafios na
migração das tecnologias de comunicação social eletrônica. Prevalecendo o silêncio, pode imperar a posição defendida pelo lobby de um
grupo de empresas norte-americanas que quer ver o padrão In-Band OnChannel (Iboc) de rádio digital em alta definição implantado no Brasil de
forma rápida. O canto da sereia [conheça as empresas que financiam este
lobby mundial clicando aqui] deste conglomerado parece ter seduzido
boa parte dos empresários do setor e de autoridades públicas, uma vez
que o comparativo entre o Iboc e os padrões europeus (DAB e DRM) e o
japonês (ISDB Tn) de rádio digital está passando ao largo das principais
decisões. Ao contrário da TV Digital, onde a Anatel realizou testes de
campo e de laboratório com todos os padrões existentes, no rádio a
situação é outra.
Soluções alternativas para a implantação do rádio digital existem. Para
apresentar algumas delas, dentro de uma perspectiva democrática, o
e-Fórum entrevista nesta edição o engenheiro eletrônico Higino Germani, diretor técnico da Fundação Cultural Piratini Rádio e Televisão.
Nos anos 1970, ele foi chefe da área técnica de Radiodifusão no antigo
Departamento Nacional de Telecomunicações e diretor técnico da Rádio
Nacional de Brasília (atual Radiobrás) para a implantação da 1ª Etapa
do Sistema de Alta Potência em Ondas Médias e Ondas Curtas. Concebeu, projetou e implantou o primeiro sistema de Radiovias no Brasil, na
BR-290, em 2003. Germani é responsável técnico pelo projeto de mais
de 300 emissoras de rádio, TV e retransmissoras e aproximadamente o
mesmo número em projetos de sistemas de radiocomunicação.
Em fevereiro deste ano, ele publicou o estudo “Rádio Digital: Uma Outra
Opção Não Seria Possível”, cujas linhas principais são abordadas abaixo.
Solicite uma cópia do estudo escrevendo para ([email protected]).
O que o senhor pensa sobre essa decisão da Anatel anunciada pelo
ministro?
Higinio Germani – Aparentemente, as experiências seriam baseadas no
IBOC (In-Band On-Channel), ou seja, um sinal digital inserido juntamente com o sinal analógico nas emissoras de ondas médias (AM). Vejo
como muito boa iniciativa pois os possíveis problemas e vantagens ficarão demonstrados nas experiências.
102
No estudo divulgado em fevereiro, o senhor defende a utilização do
canal 6 do VHF para alocar as emissoras digitais de rádio. Por quê?
Quantas estações digitais caberiam neste canal sem que houvesse risco
de interferência?
H.G. – A Anatel já está realocando os canais 6 de TV. A banda do canal
vai de 82 a 88 MHz e fica, portanto, ao lado da faixa de FM (88 a 108
MHz). Já existem três canais de rádio comunitária dentro do canal 6 de
TV (87,9; 87,7 e 87,5 MHz); o que fazer com o restante da banda? Ora,
a faixa é ideal para propagação de rádio com comprimento de onda
bem adequado. Seria possível inserir nesta faixa mais de uma centena
de canais digitais com 50 KHz de largura cada um, o que possibilitaria
efetivamente criarmos uma nova radiodifusão e não uma adaptação da
faixa antiga de AM (1 MHz) para a era digital com todos os seus inconvenientes.
Por que o senhor condena o padrão americano Iboc?
H.G. – Não condeno. Apenas existem questões ainda não respondidas,
como, por exemplo: Como as emissoras vão operar com um delay (atraso
no sinal) da ordem de 8 segundos? Qual a vantagem de operarmos na
mesma faixa de AM atual se os receptores terão que ser compulsoriamente substituídos? Teremos que sempre pagar royalties pelo sistema?
Como fica a interferência em canais adjacentes durante o dia e durante a
noite? Todas são questões muito importantes e sérias e que exigem resposta antes de adotarmos qualquer sistema. As experiências autorizadas
serão de grande ajuda para esclarecer estes pontos.
Dependendo do padrão digital estabelecido, poderá ficar inviável às
rádios comunitárias, em termos materiais, migrarem para o sistema digital uma vez que quase não possuem acesso a fontes de financiamento.
Como ficarão essas rádios que não puderem se digitalizar?
H.G. – Creio que o horizonte de implantação do rádio digital ficará em
no mínimo 5 anos, talvez 10 anos. Neste período, os custos devem cair
e se tornarem mais acessíveis. Não acredito em rádio digital para as
emissoras de FM, pois o ganho de qualidade não será tão compensador
em relação à situação atual.
103
E os receptores, será difícil produzi-los? Quais serão as vantagens da
digitalização para os cidadãos?
H.G. – O rádio não terá mais ouvintes e sim assinantes (se isto vai ser
cobrado ou não, é impossível saber agora). Cada assinante se cadastrará
na emissora e dará suas preferências em termos de informação, música,
etc. O rádio avisará antecipadamente que informação do interesse do
ouvinte vai vir (ou aumenta o volume automaticamente, ou liga sozinho,
ou ainda grava a informação). Tudo isto é possível através de técnicas
digitais já dominadas. O custo do receptor (atualmente da ordem de US$
70) deve cair à medida que o sistema for implantado.
Se a Anatel permitir a implantação do rádio digital já em setembro estaremos (ouvintes de rádio) preparados para receber a programação?
H.G. – “Remember” o AM estereo! Muitas emissoras investiram um bom
dinheiro em sistemas de transmissão estereofônicos e o resultado foi:
“Esqueceram o receptor!!!” Espero que no caso da digitalização da radiodifusão não aconteça o mesmo. É necessário e indispensável que fábricas
de receptores digitais sejam implantadas paralelamente à implantação de
emissoras digitais. Estas fábricas têm que existir no Brasil, caso contrário, o preço será inacessível à maioria dos brasileiros.
Do ponto de vista da democratização da comunicação, qual padrão de
rádio digital pode promover maior inclusão?
H.G. – Aquele que proporcionar o maior número de emissoras e maior
pluradidade na programação. Do antigo “broadcast”, migramos para o
“narrowcast”. Da programação eclética, migramos para a programação
segmentada. Da segmentada, migraremos, compulsoriamente, para o
“personalcast”. Os radiodifusores se transformarão, também compulsoriamente, em radioinformadores. Se os atuais radiodifusores tivessem
aberto espaço em suas grades de programação para programas comunitários, o fenômeno “Rádio Comunitária” não teria surgido.
104
NOTÍCIA Nº 9
Um iPoderoso objeto de desejo.
Informação: Zero Hora - 16/10/2005
Aparelho digital que toca música e cabe dentro do bolso vira febre
RODRIGO MÜZELL
Ele move internautas, que criam sites dedicados ao seu culto. Move
pessoas normais, que ganharam uma companhia turbinada para fazer
atividade física ou trabalhar ao som de música. Move o gênio da tecnologia Steve Jobs e a sua Apple novamente em direção à liderança de
um mercado disputado por todos os gigantes da indústria da inovação.
Apesar de ser um objeto, quem tem um o chama sempre pelo nome
próprio: iPod.
Um iPod é um mp3 player, aparelhinho que toca músicas gravadas e
cabe no bolso. A definição é simplória, não informa que dá para gravar
fotos, ver TV, falar ao telefone e guardar arquivos de computador nos
vários modelos da família, que custam entre R$ 690 e R$ 2.990. Mas a
simplicidade da idéia foi a chave para a transformação do produto em
mania de americanos, europeus e, cada vez mais, brasileiros.
O fato de ser tão fácil de mexer e ter desenho tão simples e bonito criou
uma legião de fanáticos. Quem usa um fica maravilhado - diz o analista
de mercado José Carlos Rezende, da Shopping Brasil, que, aliás, também
tem um iPod.
Fones de ouvido brancos são a marca registrada dos usuários - em cidades como Nova York, equivalem a um “não perturbe” tácito nos metrôs,
um aviso de que a pessoa navega em sua própria trilha sonora. Mas, para
a maquiadora Paula Ferrary, 36 anos, o iPod serve para compartilhar o
estado de espírito. Em desfiles cuja preparação pode levar até quatro
horas, Paula liga seu iPod Nano em caixinhas de som (um dos vários
acessórios disponíveis) e põe som ambiente até que outro dono de iPod
plugue o seu e varie o cardápio musical. Funcionou inclusive para “criar
um clima” para uma foto de anúncio, diz:
- A modelo representava um DJ. Então, colocamos uma trilha sonora, e
a foto ficou bem melhor.
105
Simplicidade e visual são receita de sucesso
O presidente da Apple Computer, Steve Jobs, retirou a empresa de um
período de dificuldades com o iMac - computador hoje com uma legião
de fãs mundo afora, apesar de ter apenas uma fração do mercado. A
receita de sucesso do iPod, segundo Rezende, é fruto de conceitos vindos
do micro de Jobs: ser o mais simples e o mais bonito possível.
- Não tem um dia que não vejo alguém no trabalho desejando, olhando
na Internet e dizendo “mas esse é tão lindo”. Existem muitas outras
opções, mas o iPod virou cult - conta o publicitário Gabriel Dall’Agnol,
27 anos.
Com um adaptador para usar no carro e quase todos os 20 GB de capacidade do iPod ocupados, Dall’Agnol já pensa no próximo aparelho. Seu
iPod “definitivo” teria mais espaço, visor colorido, câmera fotográfica e
vídeos. A idéia é comprar um novo e deixar o atual para a irmã.
- Tenho mais de 4,8 mil músicas no aparelho. Lotou - diz Dall’Agnol.
([email protected])
Saiba mais O que é
O iPod é o mais famoso tocador de MP3 - arquivos digitais de música. O
mercado está em expansão: marcas como Sony e Creative têm aparelhos
com grande capacidade de armazenamento de músicas. Para ouvir, basta
transformar CDs em arquivos MP3 ou baixar da Internet e transferi-los
para o aparelho por um cabo.
O pulo do gato
Há também uma razão econômica para a febre do iPod nos Estados
Unidos, opina José Carlos Rezende, da Shopping Brasil. Steve Jobs conseguiu fazer um tocador de MP3 que não assustasse a indústria fonográfica, aterrorizada pelos prejuízos com a troca de músicas pela Internet.
- O modelo de negócio foi apoiado por todas as gravadoras grandes afirma o analista de mercado.
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Esse modelo é simples: a Apple criou uma loja de música virtual, o
iTunes, que também é um competente programa para tocar músicas no
computador. Comprar uma música legalizada custava barato - US$ 0,99
- e a transferência para o aparelho é fácil. O iTunes bateu recordes de
venda de música na Internet.
Quase um x-tudo
A última versão do iPod, lançada na semana passada, é mais um passo
para chegar a um aparelho que reúna todo o entretenimento possível na
palma da mão - um media center. O iPod agora pode rodar vídeos em
uma tela de 2,5 polegadas, e a Apple tem contratos para a transmissão
de clipes e seriados norte-americanos, baixados pelo iTunes. A novidade
deve chegar ao Brasil em novembro.
Mil acessórios
Várias bugigangas ampliam a utilidade do iPod. Capinhas coloridas, um
fone cujo fio é também usado para pendurar o aparelho no pescoço, uma
base que carrega a bateria, transfere músicas e conecta o portátil a um
aparelho de som. Um dos mais úteis é o iTrip, transmissor que envia as
músicas do iPod para o rádio do carro.
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Download

Rádio Digital na Faixa de Onda Média e as Peculiaridades