FORMAÇÃO DE PREÇO DE VENDA
MÓDULO 2
Índice
1. A natureza dos custos de produção ..............................3
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Formação de Preço de Venda - Módulo 2
1. A NATUREZA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO
Consideradas as premissas apontadas, os custos totais da empresa – que
chamaremos de CT – provêm da soma dos custos fixos totais – que
sintetizaremos por CFT – e custos variáveis totais – identificados por CVT –,
tal que
Por sua natureza, os recursos de produção que não variam em função
das variações na quantidade produzida são chamados de custos fixos – ou
custos indiretos. Constituem, basicamente, os custos relativos à capacidade
instalada da empresa, tais como o aluguel de edifícios, aluguel de
equipamentos, a depreciação, os salários e encargos do pessoal
administrativo etc.
A consideração de uma situação de curto prazo em nossas premissas
para esta análise se deve ao fato de que, a médio e longo prazos, certos
custos fixos poderão variar sim. Por exemplo, com o crescimento das
operações, pode ser necessário alugar um novo local, mais amplo, para
acomodar o negócio. E, com isso, este típico custo fixo – o aluguel – irá
sofrer um aumento. Alguns autores consideram que, a rigor, existem alguns
custos que poderiam ser classificados de semifixos, porque apresentam
aumentos, ainda que “por degraus”, como consequência de uma elevação
significativa da produção.
Tome-se o caso, por exemplo, de aquisição de novas máquinas. Com
isso, haverá uma despesa de depreciação que, de forma calculada, será
maior, na proporção do aumento dos ativos de produção, conforme
facultado pela legislação que regula tais considerações na determinação do
lucro contábil.
Já os custos variáveis se referem aos recursos que, necessariamente,
variam de acordo com variações da quantidade produzida. Consome-se mais
matéria-prima quanto maior seja a quantidade produzida. Também são
utilizadas mais partes e peças que compõem o produto final, os chamados
semiacabados, na razão direta do aumento da produção. E também haverá
maior consumo de energia elétrica quanto mais tempo as máquinas ligadas
à produção estiverem operando. E, é claro, os custos com mão de obra
direta de produção serão maiores quanto mais tempo os horistas estiverem
no “chão de fábrica” produzindo e, eventualmente, recebendo conforme a
produção obtida.
Agora, é chegada a hora de visualizarmos esses conceitos sob a forma de
números. Reuniremos alguns dados hipotéticos em uma tabela,
configurando, na primeira coluna, a quantidade produzida de determinado
bem. Na coluna seguinte, registramos o custo fixo total (CFT) e, nas demais,
o custo variável total (CVT) e o custo total de produção (CT), dado pela
soma desses dois custos.
Os números entre parênteses que aparecem no topo de cada coluna
servem de referência do número da coluna, facilitando, assim, a
compreensão de eventuais operações aritméticas que se processam entre os
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dados das colunas indicadas, como é o caso da coluna (4), que compreende
a soma das colunas (2) e (3), conforme indicado na tabela 1.
Tabela 1 - Custos fixos, variáveis e custos totais Em unidades
monetárias, exceto quantidade
Gráfico 1 - Custos fixos, variáveis e custos totais
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Esses dados foram dispostos graficamente, lado a lado, conforme
apontado no gráfico 1. Observa-se aí, facilmente, o valor constante dos
custos fixos totais – preenchimento horizontal do histograma –,
anteriormente definidos, qualquer que seja a quantidade produzida. Esses
custos existem mesmo quando a quantidade produzida é zero.
Um desses custos fixos, o aluguel, por exemplo, tem que ser pago,
independentemente da existência ou não de produção. Também os salários
da administração, os gastos com energia elétrica da parte administrativa e
outros semelhantes. Já os custos variáveis totais – preenchimento vertical
do histograma – irão crescer na razão direta do crescimento da produção. Se
a produção é zero, não existirão custos variáveis. Mas, na medida em que
aumenta a produção, crescem também os custos va riáveis.
Na maioria das vezes, o crescimento desses custos variáveis não se faz
de maneira uniforme, constante. Existem ganhos de escala na aquisição de
determinadas matérias-primas que podem provocar uma redução do custo
unitário da matéria-prima. Por exemplo, em uma indústria de armários
elétricos, adquirir bobinas de aço carbono para a produção de perfis
especiais pode ser mais barato do que comprar chapas. Além disso, não
seriam necessários trabalhos de corte da chapa em tiras. Mas tudo
dependerá da quantidade que será produzida: quanto maior a quantidade,
maiores as possibilidades de economias de escala, ou seja, maior obtenção
de produto com a utilização de menores quantidades de fatores de
produção, conforme focalizado na disciplina Economia de Mercado.
Observando os dados numéricos, os eventuais ganhos de escala, senão
na aquisição de insumos de produção, na própria operação do negócio,
foram transferidos ao cliente, que adquire quantidades maiores a preços
unitários menores. Também são comuns as ocorrências de deseconomias de
escala, ou seja, um aumento médio do custo unitário variável, em função do
aumento da quantidade produzida.
Tome-se, por exemplo, um segundo turno de produção que, no entanto,
não corresponda ao dobro da quantidade produzida, mas sim a algo em
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torno de 70% a mais na quantidade produzida. No entanto, determinados
custos diretos variáveis são apropriados a toda a produção, forçando um
aumento do custo variável do produto.
Este fenômeno ficará mais fácil de ser entendido quando analisarmos os
próximos conceitos de custos: os custos fixos médios, os custos variáveis
médios e, da soma desses dois, os custos totais médios, obtidos pela divisão
desses custos pela quantidade produzida. Também veremos o conceito de
custo marginal, de suma importância na determinação da maximização do
lucro. Então:
a.O custo fixo médio (CFMe), a um dado nível de produção (Q), é igual
ao custo fixo total (CFT) dividido por este nível de produção:
b. O custo variável médio (CVMe), a um dado nível de produção (Q), é
igual ao custo variável total (CVT) dividido por este nível de produção:
c. O custo total médio (CTMe), a um dado nível de produção (Q), é igual
ao custo total de produção (CT) dividido pela quantidade correspondente a
este nível:
Este custo total médio também pode ser determinado pela soma do CFMe
com o CVMe, ou seja,
d. O custo marginal (CMg) compreende a adição feita ao custo total,
como consequência da produção de uma unidade a mais. Esse custo
marginal, que também é conhecido por custo incremental, demonstra qual é
o incremento no custo total de produção proveniente de uma unidade a mais
que é produzida e é dado pela relação entre um acréscimo no custo total
(CT) como decorrência de um acréscimo na quantidade produzida (Q), ou
seja,
A tabela 2 é uma versão ampliada da tabela 1, incorporando os números
correspondentes ao custo marginal, custo fixo médio, custo variável médio e
custo total médio. Dispostos graficamente, tais valores configuram as curvas
do gráfico 2.
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