Avaliação agronômica e produtividade da cultivar de soja Tucunaré, sob diferentes
combinações de arranjos espaciais em Colorado do Oeste - RO
Júlio César Carlesso¹, Thiago de Souza Rizzi2, Alessandra Coêlho Silva¹, Gisele Carra Machado2,
Wilker Caio dos Santos Nogueira2, Ernando Balbinot3
1
Aluno do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do IFRO, Câmpus Colorado do Oeste. Bolsista de Iniciação
Científica Júnior. E-mail: [email protected]
2
Graduando do Curso de Engenharia Agronômica do IFRO, Câmpus Colorado do Oeste, Bolsista de Iniciação Científica do IFRO.
3
Professor do IFRO, Câmpus Colorado do Oeste. Docente Orientador. e-mail: [email protected]
Área do conhecimento do CNPQ: 5.01.03.01-6 - Manejo e tratos culturais.
Agência de fomento: CNPq e Instituto Federal de Rondônia (IFRO).
Resumo: A soja é uma planta que em virtude da sua arquitetura apresenta grande plasticidade quanto à
variação no arranjo espacial, tendo como consequência a diferenciação nas suas características
agronômicas referentes à produtividade. Desse modo, o objetivo desse estudo foi avaliar a influência de
diferentes arranjos espaciais sobre o número de ramos, vagens e a produtividade de Glycine max cv.
Tucunaré no município de Colorado do Oeste - RO. Foi adotado o delineamento experimental de blocos
ao acaso com quatro repetições, em esquema fatorial, combinando três espaçamentos entre linhas (0,35,
0,45 e 0,55 m) e duas densidades populacionais (350.000 e 450.000 plantas ha-1), totalizando seis
combinações. Os resultados mostraram que não houve interação significativa (P>0,05) dos arranjos
espaciais sobre o número de ramos e vagens por planta e a produtividade da soja.
Palavras-chave: arquitetura de planta, densidade populacional, espaçamento, Glycine max
Agronomic evaluation and productivity of soybean cultivar Tucunaré under
different combinations of spatial arrangements in Colorado do Oeste-RO, Brazil
Abstract: Soy is a plant which by virtue of its architecture has great plasticity as the variation in spatial
arrangement, resulting in differentiation into their agronomic characteristics regarding productivity. Thus,
the aim of this study was to evaluate the influence of different spatial arrangements on the number of
branches, pods and productivity of Glycine max cv. Tucunaré Bass in the city of Colorado do Oeste - RO.
We adopted the experimental design of randomized blocks with four replications in a factorial, combining
three row spacings (0,35, 0,45 and 0,55 m) and two densities (350.000 and 450.000 plants.ha-1) totaling
six combinations. The results showed no significant interaction (P> 0.05) of spatial arrangements on the
number of branches and pods per plant and yield.
Keywords: plant architecture, population density, row spacing, Glycine max
Introdução
A produtividade de uma cultura é definida pela interação entre a planta, o ambiente de produção e
o manejo. Altos rendimentos são obtidos quando o genótipo apresenta potencial produtivo e alta
adaptabilidade, tudo isso aliado aos tratos culturais requeridos pela cultura. Assim, a época de semeadura
adequada e a correspondente população de plantas, associadas com a escolha de cultivares adaptadas à
região de produção, têm-se constituído em estratégias de manejo para a obtenção de elevadas
produtividades (FREITAS et al., 2010).
A soja (Glycine max (L.) Merrill) constitui-se em um dos principais cultivos da agricultura
mundial e brasileira, devido ao seu potencial produtivo e a sua composição química e valor nutritivo, que
lhe confere multiplicidade de aplicações na alimentação humana e animal, com relevante papel sócioeconômico, além de se constituir em matéria-prima indispensável para impulsionar diversos complexos
agroindustriais (MAUAD et al., 2010).
A densidade de semeadura é fator determinante para o arranjo das plantas no ambiente de
produção e influência o crescimento da soja (MARTINS et al., 1999). Assim, a densidade de semeadura
1
interfere na competição inter e intra-específica por recursos do solo, especialmente água e nutrientes,
além de provocar mudanças morfofisiológicas nas plantas (ARGENTA et al., 2001).
Desse modo, o objetivo desse estudo foi avaliar a influência dos diferentes arranjos espaciais sobre
a produtividade de Glycine max cv. Tucunaré no município de Colorado do Oeste-RO.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Setor de Produção Vegetal do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Rondônia, Câmpus Colorado do Oeste, localizado na BR 435, km 5, zona rural,
no município de Colorado do Oeste, Rondônia. O solo é classificado como ARGISSOLO VERMELHO
Eutrófico (EMBRAPA, 2006). O clima segundo a classificação de Köppen é do tipo Awa, tropical quente
e úmido com duas estações bem definidas. Foi utilizado neste experimento a cultivar da Soja FMT
Tucunaré, uma cultivar de ciclo tardio e alto potencial produtivo.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em esquema fatorial 2 x 3,
com quatro repetições. Os tratamentos foram compostos pela combinação dos arranjos espaciais dados
pela interação de densidades de semeadura (350.000 e 450.000 plantas por hectare) e espaçamentos entre
linhas (0,35, 0,45 e 0,55 m). A parcela foi constituída de quatro linhas de plantio, com cinco metros de
comprimento, sendo a área útil as duas linhas centrais, desconsiderando 0,5 m em cada extremidade. A
adubação foi realizada no momento do plantio, utilizando 80 kg ha-1 de P2O5 e 40 kg ha-1 de K2O.
Imediatamente antes da semeadura, as sementes foram submetidas à inoculação com inoculante líquido
contendo a bactéria fixadora de nitrogênio do gênero Bradyrhizobium, na dosagem de 100 mL de
inoculante para 50 kg de sementes. O plantio foi realizado no dia 17 de novembro de 2011em sulcos
abertos manualmente, com duas sementes no espaçamento entre plantas determinado de acordo o arranjo
espacial. O desbaste foi realizado dez dias após a emergência deixando-se uma planta em cada
espaçamento na linha para alcançar a densidade esperada.
O controle de plantas daninhas foi realizado por meio de capina manual e para o controle de pragas
foram realizadas duas aplicações de inseticida a base de Clorpirifós (Vexter) com intervalo de vinte dias,
com uso de pulverizador costal, sendo a primeira no início de formação das vagens. Por ocasião da
segunda aplicação de inseticida foi realizada pulverização com fungicida a base de Piraclostrobina +
Epoxiconasol (Opera) para prevenção do ataque de doenças fungicas.
As características avaliadas na soja foram o número de ramos, número de vagens e produtividade.
Para tanto foram utilizadas cinco plantas coletadas aleatoriamente na área útil de cada parcela. A
produtividade foi determinada pela massa seca de grãos, em que a amostras foram submetidas a secagem
em estufa de ventilação forçada de ar a 65º C por 72 horas, determinando-se a porcentagem de matéria
seca. Para a estimativa de produtividade, a matéria seca das amostras foi submetida a correção para 13%
de umidade. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e quando o teste F apresentou-se
significativo, foi realizado o teste Tukey para a comparação das médias, ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Os resultados de número de ramos, número de vagens e produtividade (toneladas ha-1) estão
apresentados na tabela 1. O número de ramos, assim como o número de vagens não apresentou diferença
(P<0,05) entre as combinações de arranjos espaciais, sendo assim, semelhante entre os tratamentos.
Tabela 1 – Valores do número de ramos, número de vagens e produtividade da cultivar de soja FMT
Tucunaré, sob diferentes combinações de arranjos espaciais no período de safra de 2011, em
Colorado do Oeste
Número de Ramos
Espaçamento
1
0,35 m
0,45 m
0,55 m
CV (%)1
350.000
450.000
4,7
4,8
4,7
4,2
4,6
4,1
15,64
Número de Vagens
Densidade (plantas ha-1)
350.000
450.000
36,0
41,5
40,1
39,4
38,1
37,0
19,97
Produtividade
(ton ha-1)
350.000
450.000
3461,7
4091,1
3733,6
3602,7
3798,6
3435,2
22,99
Coeficiente de variação (%).
2
O número de ramos interfere diretamente na produtividade, pois geralmente quando se tem um
aumento no número de ramos produtivos por planta, há também um aumento no número de vagens, sendo
assim desejáveis maiores números de ramos e vagens. As vagens produzidas nos ramos da soja podem
contribuir com até 70% do rendimento de grãos. A adaptação aos espaços disponíveis, com emissão de
maior número de ramificações pode proporcionar um maior número de locais para formação de estruturas
reprodutivas, resultando em maior número de vagens férteis (RAMBO et al., 2003).
A produtividade da soja não demonstrou diferença significativa em nenhuma das combinações de
arranjos espaciais, deste modo pode-se concluir que a cultivar de soja FMT Tucunaré tem uma ampla
flexibilidade quanto a densidade de semeadura e espaçamento entre linhas, fazendo com que variações
não interfiram na produtividade de grãos. Espera-se que com a diminuição da densidade de plantas a
produtividade aumente, e este rendimento tem sido associado a vários fatores, como o melhor uso da água
devido ao sombreamento mais rápido do solo, melhor distribuição de raízes, redução da competição
intraespecífica, maior habilidade de competição com plantas daninhas, exploração uniforme da fertilidade
do solo e maior e mais rápida interceptação da energia solar (RAMBO et al., 2003). Porém nas condições
em que foi realizada a pesquisa, os dados obtidos não corroboram com o descrito pelo autor, pois as
produtividades foram semelhantes em ambas as densidades e também nos espaçamentos entre linhas.
Conclusões
Diferentes densidades de plantas e espaçamentos entre linha não interferiram nas características
agronômicas e na produtividade da cultivar de soja FMT Tucunaré avaliada em Colorado do Oeste-RO,
nas condições da safra de 2012.
Agradecimentos
Ao CNPq pela concessão da bolsa PIBIC JR, ao IFRO pelo apoio técnico e financeiro para
execução e a todos os integrantes do Grupo de Pesquisa Sistemas Integrados de Produção Agropecuária
na Amazônia Ocidental -INTEGRA, pelo desenvolvimento das atividades do projeto de pesquisa.
Literatura citada
ARGENTA, G.; SILVA, P. R. F.; SANGOL, L. Arranjo de plantas em milho: análise do estado-da-arte.
Ciência Rural, Santa Maria, v.31, n.6, p.1075-1084, 2001.
EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2 ed. EMPRESA BRASILEIRA DE
PESQUISA AGROPECUÁRIA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Rio de Janeiro, 2006. 206p.
FREITAS, M. C. M.; et al. Época de semeadura e densidade populacional de linhagens de soja UFU de
ciclo semitardio. Bioscience Journal, Uberlândia, v.26, n.5, p.698-708. 2010.
MAUAD, M.; et al. Influência da densidade de semeadura sobre características agronômicas na cultura da
soja. Revista Agrarian, Dourados, v.3, n.9, p.175-181, 2010.
MARTINS, M. C.; et al. Épocas de semeadura, densidades de plantas e desempenho vegetativo de
cultivares de soja. Scientia Agricola, Piracicaba-SP, v. 56, n. 4, p. 851-858, 1999.
RAMBO, L.; et al. Rendimento de grãos da soja em função do arranjo de plantas. Ciência Rural, Santa
Maria-RS, v. 33, n. 3, p. 405-411, 2003.
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