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Cultura
Colonização Italiana trouxe pioneirismo e muita dinâmica
para o progresso de Nova Friburgo
Francisco Rohen
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O nome Itália vem da Roma
antiga. Os romanos chamavam de Itália
o sul da Península itálica ou Apenina, que
significa “terra de bois” ou “terra de
pastos”. País no sul da Europa que faz
fronteira com a França, Suíça, Áustria e
Eslovênia; no mediterrâneo inclui as ilhas
da Sardenha, Ischia e Capri. A oeste as
planícies da Toscana; no sul a planície
costeira, região do Vulcão Vesúvio, em
79 d.C soterrou as cidades de Pompéia,
Herculano, Oplonti e Stabiae; a Calábria,
montanhosa com abismos inclinando-se
para o mar.
A região da Calábria sofreu
influência dos etruscos, gregos e celtas
em 262 a. C, bem antes de ser unificada
pelo domínio romano. No século V, foi
invadida pelas tribos bárbaras, dos godos
e lombardos. Em 775, Carlos Magno
conquistou o norte e oeste, passando a
fazer parte do Império Carolíngio,
enquanto o sul era disputado pelo Império
Bizantino e árabes da Sicilia.
A influência do latim sobre a
cultura ocidental deve-se as duas razões:
predomínio político e cultural da antiga
Roma, e o fato do latim ter se tornado a
língua oficial da igreja cristã do Ocidente.
Por convenção, ainda hoje muitos os
termos científicos, médicos e jurídicos
são tomados do latim.
Imigração Italiana no Brasil
A imigração italiana no Brasil
aconteceu de 1870 a 1930, devido à crise
econômica e a superpopulação da
Europa, além do Brasil precisar, na
época, de mão obra especializada para
substituir a mão de obra escrava.
Atualmente, números da embaixada
italiana dão conta de que há cerca de 25
milhões de descendentes italianos no
país. Estão distribuidos, principalmente,
nas regiões Sul e Sudeste.
No passado, em São Paulo,
trabalharam nas lavouras de café, tinham
uma casa com quintal para criação
doméstica e horta; entre as fileiras do
cafezal podiam plantar milho e feijão para
o seu sustento.
No Rio Grande do Sul, os
italianos prosperaram plantando uvas para
produção de vinhos nas cidades de Bento
Gonçalves, Garibaldi, Caxias do Sul e
Farroupilha. Em Santa Catarina, foram
mal sucedidos, nas colônias alemãs
foram perseguidos e discriminados. No
Paraná, na região de Curitiba, foram
contratados para construir as ferrovias
(Paranaguá – Curitiba e Curitiba – Ponta
Grossa) para o transportes de alimentos.
Em Minas Gerais, em 1896, tiveram êxito
nas colônias de Barreiros, Carlos Pontes
Na Praça Getúlio Vargas, destaca-se o Edifício Spinelli, inaugurado
para abrigar os negócios da família em 1940. A foto é de 1958.
e Américo Werneck, arredores de Belo
Horizonte, trabalhando em obras públicas.
No Espírito Santo, chegaram entre 1870 a
1920, instalando-se na colônia Demétrio
Ribeiro, o maior percentual de italianos do
Brasil
A presença dos italianos no Rio
de Janeiro e em Nova Friburgo
O Estado do Rio é o estado com
o menor percentual e Valença é a maior
colônia. Da capital, os italianos foram para
o Sul, Vale do Paraíba, Noroeste e Serrana
regiões do café. O casal Luiz Spinelli e
Marieta Zuanazzi Spinelli, de Verona, no
vapor “Canova” chegam ao Rio em 1889.
No mesmo ano, em Boa Sorte - Cantagalo
- vieram para Nova Friburgo. Luiz começa
alugando carruagens para transportes de
passageiros, cargas da Estação
Leopoldina; operários para limpeza pública,
construções de estradas. Ajudou na
construção do palacete do Barão de D.
Barras, Dr. Elias de Moraes – hoje sede da
Faculdade de Odontologia (UFF); e Colégio
Anchieta.
Os primeiros italianos chegaram
à Nova Friburgo em 1870, alguns seguiram
para os municípios vizinhos. Criaram as
sociedades de ajudas aos recém chegados:
Príncipe di Nápoli, presida por Giovanni
Giffoni; a Sociatá Mutuo Socorro e Escola
Vitório Emanuele III, dirigida por Elviro
Martignoni. Colaboram também na
fundação da Sociedade Humanitária. A partir
de 1909 com aberturas das indústrias
Rendas Arp, Ypu, Filó e outras, muitos
foram trabalhar nas fábricas.
Realizações da família Spinelli
em Nova Friburgo
Na
Revista
(1908-58),
comemorativa dos 50 anos da Spinelli S.A
Indústria, Comércio e Agropecuária (de C.
Alberto Chevrand), Luiz Spinelli com a família
a funda a Padaria Spinelli (ex-Suíça
Brasileira), filial na R. Gal. Osório. Em 1915
vira Spinelli & Filhos, comandada por
Augusto L. Spinelli. Cria também a
Transportadora, a Auto Viação
Friburguense, patenteando a linha Friburgo
– Niterói. Vereador (UDN) presidiu a Câmara,
a Acianf, membro da Fed. Comercial do
Estado do Rio. Ajudou implantar a Empresa
Telefônica e morreu em acidente de carro
perto de Niterói.
O irmão Humberto contribuiu na
construção da sede da Euterpe
Friburguense, na diretoria do Friburgo
Futebol Clube, na criação das empresas
Spinelli & Filhos, S.A Auto Friburgurnse,
Empresas Reunidas Spinelli S.A e
Transportes Spinelli Ltda. Foi presidente da
Auto Friburguense de 1928 a 36, morreu
aos 46 anos, vítima de desabamento de um
galpão.
Inaugurado em 1940, o Ed. Spinelli
(ex Hotel Salusse) até inicio dos anos 70
sediou a Spinelli S.A, representavam a Ford,
Philco e Ultragaz; material de construção;
eletrodomésticos e móveis. O Grupo Spinelli
tinha as subsidiárias: Transportadoras
Spinelli Ltda; a Auto Viação Friburguense;
Pedreira Santa Terezinha Ltda e a Carpintaria
em sociedade com Américo Latini; a
Companhia Construtora Nova Friburgo,
e na Granja Spinelli fabricavam telhas e
tijolos.
Em entrevista, Ítalo Spinelli falou
do pioneirismo e a importância do Grupo
Spinelli para o progresso de Nova Friburgo.
Com a morte do irmão Augusto, em 49,
seu pai Victorio Spinelli assumiu a
presidência. Ocupou cargos em clubes
sociais: no Friburgo Futebol Clube;
Xadrez; presidente da Acianf e um dos
fundadores do Clube Diretores Lojistas –
CDL e primeiro presidente em 65.
Segundo Ítalo Spinelli, “o Grupo
Spinelli não faliu! Na época da ditadura,
investimos em conjuntos habitacionais
financiados pelo BNH na Vila Nova, Rua
Paraná (Olaria), mas crises econômicas
descapitalizaram nossas empresas,
desfizemos de alguns imóveis: terras,
lojas e apartamentos para saudar
dívidas. A Spinelli S.A foi divida em cinco
pequenos grupos e cada irmão ficou com
uma parte”, justificou Itálo, que foi viceprefeito de Amâncio Azevedo (MDB – 73/
76).
A Casa de Itália
Em 1894 muitas entidades se
uniram na Circolo Italiani di Nova Friburgo
– Casa D’ Itália, que até 1914, funcionou
em sede alugada. No imóvel adquirido
na Av. Alberto Braune, com empenho de
Luigi Spinelli e Giovanni Giffoni
construíram a sede própria, inaugurada
em 26 de março de 1926. As
comemorações foram animadas pelas
bandas musicais EUTERPE e
CAMPESINA.
O presidente Sandro Sueira
Celano e sua diretoria: Francisco
Amendola; Salvatore Miele Carnevale;
José Luiz Mastrangelo; Luiz Fernando
Bachini; Elisa Orlando; Luiz Carlos
Striotto Martins; Álvaro Ney Bachini; Rita
Viola; Rômulo Amendola; Antonio Lo
Bianco; Walter Carrielo; Matteo Unia;
Jorge Bottini e Domenico Viola, na noite
do dia 1º de outubro, entregaram 18
títulos aos novos associados. “A
entidade já está em contagem regressiva
para as festividades de seu centenário
que será completado em 14 de fevereiro
de 1914”, disse Sandro Celano.
Francisco Rohen
é publicitário
e autor.
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