O papel do gestor escolar na incorporação das TIC na
escola: experiências em construção e redes
colaborativas de aprendizagem
Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida
Lígia Cristina Bada Rubim
A incorporação das tecnologias de informação e comunicação – TIC - na escola
contribui para expandir o acesso à informação atualizada e, principalmente, para
promover a criação de comunidades colaborativas de aprendizagem que
privilegiam a construção do conhecimento, a comunicação, a formação continuada
e a gestão articulada entre as áreas administrativa, pedagógica e informacional da
escola.
Ao explorar as potencialidades das TIC no seu cotidiano, principalmente com o
acesso à Internet, a escola abre-se para novas relações com o saber, vivenciando
a comunicação compartilhada e a troca de informações com outros espaços do
conhecimento que possuem os mesmos interesses. Essa abertura à articulação
com diferentes espaços potencializa a gestão escolar e provoca mudanças
substanciais no interior da instituição, no qual o ensino, a aprendizagem e a
gestão participativa podem se desenvolver em um processo colaborativo com os
setores internos e externos da comunidade escolar.
Como, porém, transformar a escola em um espaço que ao mesmo tempo articule
conhecimentos e produza novos conhecimentos de modo compartilhado?
A transformação da escola está acontecendo com maior freqüência em situações
nas quais diretores e comunidade escolar (funcionários, professores, alunos, pais
e comunidade) se envolvem diretamente no trabalho realizado em seu interior.
Além do envolvimento, destacam-se escolas que dispõem de todos os recursos,
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inclusive as TIC, oferecendo a abertura para espaços articuladores e participativos
nas redes colaborativas de aprendizagem.
Nesse caso, as TIC podem ser usadas para oferecer suporte em diferentes ações
coordenadas pelo gestor escolar, tais como:
- possibilitar a comunicação entre os educadores da escola, pais,
especialistas, membros da comunidade e de outras organizações;
- dar subsídios para a tomada de decisões, a partir da criação de um fluxo
de informações e troca de experiências; produzir atividades colaborativas
que permitam o enfrentamento de problemas da realidade escolar;
- desenvolver projetos relacionados com a gestão administrativa e
pedagógica;
criar
situações
que
favoreçam
a
representação
do
conhecimento pelos alunos e de sua respectiva aprendizagem.
Porém, isoladamente, as tecnologias não podem gerar mudanças. Sua inserção
no cotidiano da escola exige a formação contextualizada de todos os profissionais
envolvidos, de forma que sejam capazes de identificar os problemas e as
necessidades institucionais, relacionadas ao uso de tecnologias. Realizada a
identificação, segue-se a busca de alternativas que lhes permitam a transformação
do fazer profissional, com base em metodologias pautadas em novos paradigmas.
Essa formação fortalece o papel da direção na gestão das TIC e na busca de
condições que ajudem a articular o uso administrativo e pedagógico das
tecnologias na escola.
O envolvimento dos gestores escolares na articulação dos diferentes segmentos
da comunidade escolar, na liderança do processo de inserção das TIC na escola
em seus âmbitos administrativo e pedagógico e, ainda, na criação de condições
para a formação continuada e em serviço dos seus profissionais, pode contribuir
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significativamente para os processos de transformação da escola em um espaço
articulador e produtor de conhecimentos compartilhados.
A seguir, são apresentadas algumas experiências, nas quais o envolvimento dos
gestores escolares tem contribuído para práticas que demonstram os primeiros
passos rumo às mudanças no espaço escolar, embora a incorporação das TIC
continue em andamento e em contínua transformação. Por outro lado, tendo em
vista possíveis espaços para a ampliação do ambiente escolar, são apresentadas
algumas opções de redes colaborativas de aprendizagem, disponíveis na Internet,
que dispõem de informações e recursos que possibilitam a realização de
atividades colaborativas e criação de comunidades virtuais de aprendizagem,
potencializando a aglutinação de recursos tecnológicos e de pessoas, em direção
a caminhos que busquem a transformação da escola num espaço aberto e
dinâmico.
1. Experiências em construção nas escolas
A escola apresenta-se como um espaço em contínua construção. Ela é uma
instituição humana e pressupõe a perspectiva de quem nela atua. Neste sentido,
pode-se procurar preservá-la como algo estático ou engajá-la em movimentos de
mudanças que busquem sua atualização, de forma a torná-la condizente com o
seu tempo.
Se ela é preservada de maneira estática, aparentemente encontra-se um caminho
tranqüilizador de rotinas a serem cumpridas. Porém, a escola que anda nesse
sentido não acompanha as mudanças que acontecem à sua volta, e fica presa em
si mesma. Por outro lado, a mudança não acontece à revelia das experiências
passadas. Esse processo se dá na tensão entre a preservação e a estabilidade do
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sistema educacional com as transformações da sociedade e dos indivíduos, estes
fortalecidos pelo diálogo, pela colaboração e busca de novos fazeres. O mesmo
acontece com a inserção das tecnologias na escola, que pode gerar conflitos
criadores de resistências e rejeições ou ajudar a provocar mudanças no sentido de
torná-la atuante e inserida em seu espaço e tempo.
Na análise das experiências dos processos de incorporação das TIC, nas escolas
apresentadas a seguir, é importante:
- observar a maneira como as práticas vão se desenvolvendo ao longo do
tempo, com suas dificuldades e seus avanços;
- verificar caminhos percorridos e a percorrer na criação de comunidades de
aprendizagem;
- identificar a relevância do papel do diretor na liderança do processo e na
articulação dos diversos participantes do ambiente escolar;
- perceber como acontece o emprego das TIC para a melhoria da qualidade
do ensino e da aprendizagem, bem como na gestão da informação interna e
oriunda de outros espaços, etc.
Duas questões ajudam a orientar esta análise:
a) Que mudanças podem ser observadas em escolas envolvidas com a
incorporação das TIC em seus espaços?
b) Como o diretor e os demais segmentos da comunidade escolar vêm
participando desse processo?
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1.1 Centro de Ensino Médio Ary Ribeiro Valadão Filho, Gurupi, Tocantins
Em Gurupi/TO, o Centro de Ensino Médio Ary Ribeiro Valadão Filho, mais
conhecido como Arizinho, encontrou formas inovadoras de integrar diferentes
tecnologias para potencializar a realização de projetos colaborativos e a
aprendizagem dos alunos. Em janeiro de 2000, com a chegada dos computadores
incentivou os professores a participarem de um curso de capacitação de 80h. Com
interesse em desenvolver a cultura tecnológica no espaço escolar, a direção
incentivou as lideranças da escola a assumirem as transformações necessárias à
criação dessa cultura, ao mesmo tempo em que agilizou as providências para
concretizar ações de uso das tecnologias, que contou com a participação de
professores, alunos e comunidade.
Mesmo com a mudança da gestão no ano de 2001, se manteve a continuidade ao
processo de informatização a partir dos incentivos a professores e alunos para se
engajarem em projetos envolvendo diferentes disciplinas e recursos tecnológicos.
Houve também a extensão da informática para a secretaria da escola, com
recursos de gestão compartilhada, a informatização da biblioteca, com a
disponibilização dos títulos de seu acervo na Internet e ainda, a promoção de
cursos básicos de informática para a comunidade.
1.2 Escola Estadual Antônio Canela, Montes Claros, MG
Na Escola Estadual Antônio Canela, diretora, supervisores, funcionários,
professores, alunos e comunidade compartilham a busca de alternativas para
enfrentar os problemas e tornar viável a integração das TIC aos espaços da
escola. As professoras multiplicadoras do Núcleo de Tecnologia Educacional de
Montes Claros - MG também são parceiras e incentivadoras dessa integração.
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Para o uso das TIC pelos alunos, a escola conta com um grupo de alunosmonitores que apóia as atividades realizadas no laboratório. Os alunos também
são parceiros dos professores, auxiliando-os na criação de suas homepages. Em
2001, com o projeto Inclusão Digital, a escola abriu o laboratório de informática
para os pais, por meio de atividades focadas na reflexão de problemáticas do seu
cotidiano. Essa iniciativa incentivou os pais a terem uma participação mais efetiva
na escola.
1.3 Escola Municipal Hilda Rabello Matt, Belo Horizonte, MG
A Escola Municipal Hilda Rabello Matt, de ensino médio, entrou na rede antes de
conseguir o acesso à Internet, em virtude do empenho da diretora, dos
professores, alunos
e da comunidade no desenvolvimento de projetos
pedagógicos com o uso das TIC. A coordenadora do laboratório de informática
conseguiu inserir sua escola em uma atividade de intercâmbio cultural com Rhode
Island, Estados Unidos, realizada através de correio tradicional ou troca de e-mails
pela Internet.
O entusiasmo da professora coordenadora de informática contagiou a direção, que
viabilizou a conexão da escola à Internet. A partir daí, a escola participou da
concepção e do desenvolvimento do projeto piloto Web Based Chat, da LTNet.
Surgiram projetos temáticos que permitiram estreitar os laços da rede colaborativa
e que abriram espaço para a participação da escola em outros projetos de
intercâmbio interinstitucional e internacional, incluindo o Projeto RiverWalk junto
com a Universidade de Michigan, Proinfo e LTNet. Paralelamente à estruturação
do ambiente virtual, a parceria com os professores da escola enriqueceu a
experiência.
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1.4 Escola Estadual Campos Teixeira, Maceió, AL, Projeto Portas Abertas
para a Comunidade
A Escola Estadual Campos Teixeira, do município de Maceió, aceitou o desafio de
abrir as portas de seu laboratório para pais e pessoas residentes próximas da
escola, procurando integrá-las à vida escolar por meio da participação em uma
experiência de formação profissionalizante, oferecendo gratuitamente, em finais
de semana, com aulas teóricas e práticas, cursos básicos de informática para
pais, funcionários da escola e comunidade,.
Segundo a professora multiplicadora do NTE de Maceió, coordenadora do projeto
vários fatores concorreram para garantir a continuidade do projeto, tais como: a
atitude de parceria do funcionário da secretaria, o apoio técnico do NTE, o
envolvimento da direção da escola, que liberou o laboratório e os funcionários
para participarem do projeto e o apoio do comércio local, que cedeu espaço para
divulgar as atividades na comunidade.
1.5 Escola Municipal Professor Máximo de Moura Santos, São Paulo, SP
Uma iniciativa surgida no laboratório de informática colocou a Escola Municipal
Prof. Máximo de Moura Santos na rede. Em 1998, um grupo de alunos, apoiado
pela Professora Orientadora de Informática Educacional, participou do Projeto
HTML e criou o site da escola. Desde sua criação, o site é constantemente
atualizado pelos alunos, que usam esse espaço para divulgar suas principais
atividades e eventos. Apesar de não ter caráter oficial, é notável que o uso desse
espaço virtual constitui-se um local de integração dos alunos com as atividades
escolares. Os depoimentos encontrados revelam como o uso das TIC pode
potencializar a participação dos alunos na escola. Além do banco de projetos
desenvolvidos com o uso de tecnologias, o site também abre espaço para a
participação de ex-alunos, aproximando-os do espaço escolar.
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2. Redes colaborativas de aprendizagem
Entre os recursos disponíveis na Web existe uma diversidade de espaços que
propiciam a interação por meio da troca de informações e experiências, de
discussões sobre temas de interesse comum, do desenvolvimento de atividades
colaborativas envolvendo educadores, pesquisadores, especialistas, alunos e
instituições, que se dedicam à produção de novos conhecimentos. Portanto, são
as pessoas que utilizam os espaços disponíveis na Web que concretizam a
interação potencializada pela tecnologia, tecem redes de significados e rompem
com as paredes da sala de aula, integrando o ambiente escolar à comunidade que
o cerca, à sociedade da informação e a outros espaços produtores de
conhecimento.
A apresentação, feita a seguir, é de alguns exemplos de uso de ambientes virtuais
ou de redes colaborativas de aprendizagem. Ela tem por objetivo evidenciar as
potencialidades desses espaços para a troca de informações e experiências, para
o estímulo à discussão de problemas comuns a grupos de pessoas unidas por
interesses comuns e para o incentivo ao desenvolvimento de atividades
colaborativas, de forma que os participantes compartilhem seus problemas, os
compreendam e encontrem alternativas conjuntas para resolvê-los.
Duas questões podem pautar a análise do uso de comunidades colaborativas de
aprendizagem na escola:
a) De que forma a participação em comunidades colaborativas na Web
pode contribuir para o aprimoramento do trabalho de gestão?
b) Quais articulações são necessárias para mobilizar a escola rumo à
participação em comunidades de aprendizagem?
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2.1 Projeto RiverWalk-Brasil
RiverWalk é um projeto interdisciplinar colaborativo em que alunos e educadores
de seis países (Japão, Formosa, Estados Unidos, Canadá, Israel e Brasil)
realizam investigações, compartilham informações e experiências sobre os rios em
seus contextos. Financiado pelo Ministério de Terras, Transporte e Infra-estrutura
do Japão, com apoio da Faculdade de Pedagogia e Centro de Estudos Japoneses
da Universidade de Michigan e da Fundação Spencer, o RiverWalk propõe
atividades baseadas em projetos e resolução de problemas.
Até 2002 havia o registro de 11 escolas públicas brasileiras participando do projeto
RiverWalk. Entre elas, a Escola Municipal Oito de Dezembro, em Campo Grande,
MS, que embora possuísse computadores, não tinha acesso à Internet.
Entretanto, isso não a impediu de participar no projeto. Aos finais de semana a
professora de informática da escola levava os disquetes, com os arquivos
produzidos pelos alunos, para colocá-los disponíveis na comunidade de
aprendizagem. Conforme depoimento dos alunos, em artigo de Maria Sakate,
coordenadora do CEMTE, encontrado no site da Prefeitura Municipal de Campo
Grande, a participação no projeto RiverWalk propiciou-lhes maior conscientização
em relação à preservação dos rios, fato este de grande importância na região, por
conta dos recursos hídricos existentes.
2.2 Projetos de gestão do CONSED
CONSED é o Conselho Nacional de Secretários de Educação, associação que
congrega as Secretarias de Educação dos Estados e do Distrito Federal, por meio
da participação dos titulares dessas pastas. Seu objetivo é o de promover a troca
de experiências e a integração entre essas secretarias. Em parceria com órgãos
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de fomentos e outras organizações, o CONSED é responsável por projetos de
gestão, que focalizam a gestão escolar, a saber:
a) Renageste - destina-se à criação de uma rede de profissionais
envolvidos em gestão da educação em sistemas públicos de ensino, que
possibilite a troca de experiências, o incentivo a inovações na gestão com
vistas à melhoria da aprendizagem dos alunos, bem como para construir
referências teórico-metodológicas sobre gestão educacional;
b) Revista Gestão em Rede - visa a apoiar a consecução dos objetivos da
Renageste;
c) Prêmio Nacional de Referência em Gestão Educacional - desde 1998 o
Prêmio se destaca como um dos mais relevantes instrumentos de
mobilização e de Auto-avaliação das escolas públicas brasileiras, com o
objetivo de melhorar a gestão e a qualidade do ensino. No ano de 2004, o
Estado de São Paulo concorre ao prêmio com cinco escolas finalistas.
d) Programa de Capacitação à Distância de Gestores Escolares
(PROGESTÃO) - Trata-se de um curso a distância de formação continuada
e em serviço, para gestores de escolas públicas de todo o País, cuja
participação vincula-se à adesão dos estados ao Programa.
O PROGESTÃO visa à formação de lideranças comprometidas com a construção
de um projeto de gestão democrática, que tenha como foco o sucesso escolar de
alunos do ensino fundamental e médio, pertencentes à rede escolar pública
brasileira.
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A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo constitui-se como uma das
representações estaduais que aderiu ao Programa. A partir do ano de 2004, o
PROGESTÃO integrará o Programa de Formação Continuada – TEIA DO SABER,
cujo objetivo é a formação de gestores que atuam nas escolas (Diretores, ViceDiretores e Professores Coordenadores) e nas Diretorias de Ensino (Supervisores
de Ensino). Até o final de 2006, todas as equipes gestoras da rede estadual de
São Paulo terão passado pelo processo de formação do PROGESTÃO.
2.3 Projeto Enlaces-Brasil
O Enlaces-Brasil é um programa de desenvolvimento profissional que se destina a
professores e alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, concretizado por
meio de parcerias com os setores público e privado. Objetiva criar e apoiar
comunidades colaborativas que integrem ambientes reais e virtuais de
aprendizagem e que propiciem a construção de um conhecimento coletivo de
caráter crítico.
A participação no programa permite o desenvolvimento de projetos curriculares
internacionais, por meio do sentido de colaboração e de trabalho em equipe dos
envolvidos e da integração das TIC às práticas pedagógicas, promovendo a
inclusão digital e social.
O Projeto Enlaces-Brasil atua desde o ano de 2000 no estado de São Paulo. A
partir de 2003, as escolas públicas da Bahia e do Ceará começaram a participar
também dos projetos colaborativos.
2.4 Educarede
O Portal Educarede é uma iniciativa da Fundação Telefônica em parceria com a
Terra Lycos, o Cenpec e a Fundação Vanzolini. Nesse portal, os educadores
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encontram espaço para desenvolver situações de aprendizagem dentro das
disciplinas, assim como para trocar experiências e discutir assuntos sobre temas
pertinentes ao currículo e à prática pedagógica, constituindo-se como um local de
formação e ampliação da comunicação entre as escolas. Vários fóruns temáticos
estão abertos para discussão e contam com a colaboração de mediadores.
Para os estudantes, o portal oferece informações, material de apoio para trabalhos
escolares, seções de postagem de opiniões e sugestões, dicas de sites
interessantes e ambientes de interação para que debatam temas do seu cotidiano,
podendo comunicar-se com pessoas de todo o país. O acesso ao Portal revela
como uma comunidade virtual é constituída de maneira colaborativa pela Internet,
a partir da interação dos diversos participantes.
2.5 Tô Ligado e Conexão Escola
Os portais Tô Ligado e Conexão Escola têm como objetivo criar uma rede
colaborativa de aprendizagem com o apoio à capacitação dos professores
pertencentes à rede pública estadual de São Paulo. Esses portais nascem da
parceria entre a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e a Escola do
Futuro da USP.
O Portal Tô Ligado tem como público-alvo os alunos, que podem participar de
atividades em rede, por meio de fórum, bate-papos e produções enviadas ao site
para publicação. Nele também os alunos podem participar de gincanas, concursos
e projetos diversos que envolvem questões pertinentes à escola, ao jovem e à
comunidade.
Por sua vez, o Portal Conexão Escola está voltado para os professores, com
propostas que visam ao seu desenvolvimento profissional com a incorporação das
TIC na escola. No portal os professores encontram espaços para trocar
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experiências, acessar informações sobre conteúdos e metodologias, funcionando
como uma fonte de informações constantemente atualizada.
Considerações finais
A princípio, as tecnologias foram introduzidas nas atividades administrativas da
escola para agilizar o trabalho da secretaria. Posteriormente, adentraram no
ensino e na aprendizagem, sem uma real integração às atividades de sala de aula,
apenas como uma atividade adicional e, com certa freqüência, como aula de
informática. Em uma perspectiva mais inovadora, isso aconteceu na forma de
projetos extra classe, desenvolvidos com a orientação de professores de sala de
aula e apoiados por professores encarregados de facilitar e coordenar o uso do
laboratório de informática.
Essa evolução levou à tomada de consciência da importância de incorporar as TIC
à prática pedagógica e ao contexto da sala de aula, bem como da necessidade de
envolver os gestores nessas atividades, uma vez que, sem a participação deles,
as atividades se restringem a esparsas práticas em sala de aula. Ao atingir esse
patamar, a nova tomada de consciência leva à percepção de que o papel do
gestor não é apenas o de prover condições para o uso efetivo das TIC em sala de
aula, mas que a gestão das TIC na escola implica gestão pedagógica e
administrativa do sistema tecnológico e informacional.
Nesse momento, evidencia-se a importância da criação de redes colaborativas
para troca de experiências e produção de conhecimentos que favoreçam aos
gestores enfrentar a complexidade que envolve a gestão das TIC nas escolas.
Para tanto, pode-se contar com espaços virtuais como o site do CONSED, do
Projeto Enlaces-Brasil, do Portal Educarede, entre outros, que ainda são pouco
usados para a interação entre os gestores. As redes tecnológicas existem, mas
ainda se está no início do caminho para criar uma cultura tecnológica, uma vez
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que as redes de conhecimentos não se concretizam sem o elemento fundamental,
que constitui a razão de serem criadas: o ser humano.
Diante disso, experiências em andamento nas escolas, como as apresentadas
neste artigo, anunciam um novo tempo para a incorporação das TIC na escola,
cabendo a cada gestor mobilizar os diferentes participantes da comunidade
escolar, dispor dos recursos tecnológicos para a articulação entre o administrativo
e o pedagógico e alavancar processos de formação continuada e em serviço de
seus profissionais. Juntos, gestores e demais profissionais da escola podem criar
situações, que permitam experimentar o uso das tecnologias no cotidiano das
suas funções e que lhes dê a oportunidade de participar de redes colaborativas de
aprendizagem, apoiadas em ambientes virtuais, para encontrar, coletivamente, um
caminho mais promissor, condizente com a identidade da escola e o contexto em
que ela se encontra inserida.
Questões
Como tem sido a incorporação das TIC na sua escola? Ela participa de alguma
comunidade de aprendizagem colaborativa? Abaixo, são propostas algumas
questões que podem ajudar no planejamento de caminhos, na criação de
condições favoráveis a esse processo e na articulação dos diversos segmentos da
escola.
1. Que novas ações podem ser implementadas para potencializar a gestão das
TIC na sua escola, de modo a:
- integrar o uso das TIC nas atividades de sala de aula e continuar a
promover a articulação entre as diversas áreas de conhecimento dos
profissionais que nela atuam?
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- empregar as TIC na gestão administrativa e na troca de informações entre
os segmentos da comunidade escolar?
2. Como incentivar o envolvimento de diretores, funcionários, professores, alunos
e comunidade na gestão das TIC na sua escola?
3. Quais condições podem ser criadas na sua escola para impulsionar o
surgimento de lideranças capazes de se comprometerem com o desenvolvimento
de práticas inovadoras?
4. Que contribuições podem agregar-se à sua escola, ao participar de redes
colaborativas de aprendizagem?
5. Com objetivo de impulsionar na sua escola o desenvolvimento de ações
colaborativas em rede, responda:
- Quais as condições que podem ser oferecidas?
- Quais os segmentos da comunidade escolar que podem ser envolvidos?
6. Como criar na Internet um espaço de discussão para os problemas que
preocupam os diretores, de modo que eles participem e se envolvam nesse
processo?
Referências
TV Escola, N° 20, agosto/setembro 2000, págs. 18 a 25.
TV Escola, N° 25, outubro/novembro 2001, págs. 20 a 28.
Site da Escola Antônio Canela: www.ltnet.org/members/AntonioCanela/
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Site da Escola Hilda Rabello Matt: http://www.hirama.cjb.net/
Site da Escola Municipal Máximo de Moura Santos: http://www.maximo.cjb.net/
Site do RiverWalk Project: http://www.riversproject.org/
Site do Consed: http://www.consed.org.br/
Link do PROGESTÃO/SP no site da CENP-SEE/SP:
http://cenp.edunet.sp.gov.br/index.htm/
Site do projeto Enlaces-Brasil: http://www.enlaces.pro.br/
Site do Portal Educarede: http://www.educarede.org.br/
Site do Portal Tô Ligado: http://www.toligado.futuro.usp.br/
Site do Portal Conexão Escola: http://www.conexaoescola.futuro.com.br/
Este texto foi produzido para o curso Gestão Escolar e Tecnologias.
ALMEIDA, M. e RUBIM, L. O papel do gestor escolar na incorporação das TIC na
escola: experiências em construção e redes colaborativas de aprendizagem. São
Paulo: PUC-SP, 2004.
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