UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO
OSCAR COSTA DA SILVA FILHO
ANÁLISE DE UM PROJETO DE EDUCOM: ESTUDO DE CASO NA
RÁDIO ESCOLA CASTELO BRANCO
Macapá
2012
OSCAR COSTA DA SILVA FILHO
Matrícula 20111930207
ANÁLISE DE UM PROJETO DE EDUCOM: ESTUDO DE CASO NA RÁDIO
ESCOLA CASTELO BRANCO
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Universidade Federal
do Amapá, como requisito final para
obtenção do título de Especialista em
Mídias na Educação, sob orientação
da Profª.Msc. Raimunda Maria da
Luz Silva
Macapá
2012
OSCAR COSTA DA SILVA FILHO
ANÁLISE DE UM PROJETO DE EDUCOM: ESTUDO DE CASO NA RÁDIO
ESCOLA CASTELO BRANCO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do
Amapá, como requisito final para obtenção do título de Especialista em Mídias
na Educação, sob orientação da Profª.Msc. Raimunda Maria da Luz Silva
Data da aprovação:_____/____/_______
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Orientadora: Profª Msc. Raimunda Maria da Luz Silva - UNIFAP
________________________________________
Avaliadora: Profª Msc. Geysa D`Avila Arruda - UNIFAP
_________________________________________
Avaliador: Prof. Msc.Rafael Wagner dos Santos Costa - UNIFAP
Data da aprovação:_____/____/_______
MACAPÁ
2012
As opiniões expressas neste trabalho são da exclusiva responsabilidade do
autor.
AGRADECIMENTOS
Ao Deus Pai Criador, que nos enviou o Mestre dos Mestres, Cristo
Jesus, para construir um Reino de Amor e Justiça.
Ao meu pai Oscar Costa da Silva (in memória) e minha mãe Raimunda
Nonata, pelo dom da vida, por todos os ensinamentos, pelo amor e
dedicação ao longo do meu viver.
Aos meus filhos André Romero (futuro Psicólogo), Andreza Maria
(Nutricionista), minha neta Tamily (Tatá), meu genro Alberto Júnior,
amores eternos.
À amada Josi Almeida, maior incentivadora, companheira educadora,
especialista em Mídias e Tecnologias na Educação, e a nova família por
todo o carinho e alegria.
Aos meus irmãos e minhas irmãs, sobrinhos (as) e amigos (as) que
sempre apoiaram meus projetos e sonhos de sempre aprender e crescer
na vida profissional e pessoal.
Aos meus tutores, em especial ao professor Marcos Mendes, por toda a
interatividade na aprendizagem e no uso das novas ferramentas por uma
educação de qualidade.
À orientadora e professora Ray Luz, que iluminou com sabedoria a
elaboração e todos os detalhes desta Monografia.
A alma da Educomunicação é todo
mundo aprender junto... O projeto “Calaboca já morreu”, a mais duradoura
iniciativa de educomunicação realizada
no país e que segue, desde a metade
da década de 90, incentiva jovens e
adultos a experimentarem o papel de
comunicadores, aprendendo, sempre
em conjunto, que a mídia é um bicho de
muitas cabeças, todas pensantes, ativas
e defensoras dos seus interesses e
ideias.
Grácia Lopes Lima
RESUMO
A presente monografia estuda um projeto de Educomunicação e analisa o caso da
Rádio Escola Castelo Branco, que no decorrer de quase uma década não conseguiu
avançar e acompanhar o desempenho de outros ambientes de aprendizagem que
utilizam os recursos midiáticos e tecnológicos existentes no contexto escolar, como
TV Escola, Sala de Cinema, Laboratório de Informática - LIED, data show em sala
de aula. Desde o surgimento do rádio no Brasil foram desenvolvidas experiências
históricas de ações educativas radiofônicas bem sucedidas, não só por meio
eletrônico, mas também por veiculações em alto-falantes e sistemas de som interno,
alternativas utilizadas até hoje para dinamizar e atualizar a comunicação escolar
integrada aos demais projetos pedagógicos. Frente aos avanços das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs), a escola pública não pode ficar para trás e
precisa, cada vez mais, investir em projetos tecnológicos e na formação de
orientadores de aprendizagem para coordenar a Rádio Escola, integrada às demais
mídias, e gerenciar os meios para inserir – lá na Internet no formato de Rádio Web,
ferramenta interativa de acesso ao conhecimento que vai muito além do espaço
escolar e indispensável para o desenvolvimento da Educomunicação, uma nova
área acadêmica que desponta como referência de planos e projetos educativos, que
reúnem as TICs de forma convergente, tornando a educação verdadeiramente
promotora de cidadania, de construção de uma rede comunicativa e democrática na
escola e na sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: Educomunicação.
Tecnologia.
Rádio Escola.
Rádio Web.
Mídia.
ABSTRACT
This monograph examines a project Educommunication and analyzes the case of Radio
White Castle School, which in the course of almost a decade and was not able to track the
performance of other learning environments that use existing technology and media
resources in the school context, as School TV, Cinema Room, Computer Lab - LIED, data
show in the classroom. Since the advent of radio in Brazil were developed historical
experiences of educational radio successful, not only electronically but also for placements in
speakers and sound systems internal alternatives used today to streamline and update the
school integrated communication to other educational projects. Forward to advances in
Information and Communication Technologies (ICTs), the public school can not be left
behind and must increasingly invest in technology projects and training of mentors learning
to coordinate the Radio School, integrated with other media, and manage the means to enter
- there on the Internet in the form of Web radio, interactive tool to access knowledge that
goes far beyond school and indispensable for the development of Educommunication, a new
academic field that is emerging as a reference plans and educational projects that bring
together ICT in a convergent way, making education truly promoting citizenship, building a
democratic and communicative network at school and in society.
KEYWORDS: Educommunication. Radio School. Radio Web Media. Technology.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................
10
CAPÍTULO 1............................................................................................................
OS PRIMÓRDIOS DA COMUNICAÇÃO E DA RADIODIFUSÃO...........................
13
1.1 – DO ÂMBAR AO TELEGRAFO.......................................................................
13
1.2 - O TELEFONE, O MICROFONE E O ALTO-FALANTE..................................
14
1.3 – O TELEGRAFO SEM FIO E O RÁDIO ..........................................................
15
1.3.1 – Um brasileiro genial: Padre Landel....................................................
16
1.3.2 – As primeiras transmissões..................................................................
16
1.4 – A RADIOFUSÃO.............................................................................................
17
1.4.1 – A radiofusão no Brasil.........................................................................
17
1.4.2 – O rádio no Amapá.................................................................................
19
1.5 - A RADIODIFUSÃO EDUCATIVA NO BRASIL.............................................
20
1.5.1 - As primeiras fases da radiodifusão educativa.........................................
21
1.5.2 - A radiodifusão educativa nas FMs.............................................................
23
CAPÍTULO 2............................................................................................................
ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE A EDUCAÇÃO E A COMUNICAÇÃO...............
24
2.1 - A EDUCOMUNICAÇÃO..................................................................................
25
2.2 - O RÁDIO NA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO.............................
28
2.3 - A COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL............................................................
29
2.4 - PROJETOS DE CIDADANIA E EDUCOMUNICAÇÃO...................................
32
CAPÍTULO 3............................................................................................................
COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA...........................................................................
36
3.1 - RÁDIOS NAS PRAÇAS, RUAS E POSTES...................................................
37
3.2 - A VOZ DO NOVO HORIZONTE......................................................................
39
3.3 - UM PROJETO LOCAL DE REPERCUSSÃO NACIONAL.............................
41
CAPÍTULO 4............................................................................................................
ESTUDO DE CASO DA RÁDIO ESCOLA CASTELO............................................
45
4.1 - A TRAJETÓRIA DA RÁDIO CASTELO..........................................................
47
4.2 - ANÁLISE DO PROJETO E FUNCIONAMENTO DA REC.............................
49
4.3 - A RÁDIO WEB GLOCAL................................................................................
51
4.3.1 - Chico Terra...........................................................................................
55
4.3.2
56
A Escola Anchieta nas ondas do rádio e da web.............................
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................
59
REFERÊNCIAS .....................................................................................................
63
ANEXOS .................................................................................................................
65
10
INTRODUÇÃO
O processo de ensino e aprendizagem nas escolas passa por profundas
mudanças neste início de século XXI, não só em termos de novos conceitos e
métodos, mas acima de tudo pelas transformações que ocorrem no acesso aos
conteúdos e informações, cada vez mais disponibilizadas pelas tecnologias ao
alcance dos diversos segmentos sociais. Ao mesmo tempo, cresce também a
necessidade e as oportunidades de investimentos na implantação de projetos
pedagógicos que possam utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação –
TICs, como forma de inserir a escola nesta nova realidade midiática.
Diante deste novo contexto o presente trabalho analisou e propõe o uso
das ferramentas midiáticas e tecnológicas na prática escolar dentro de um projeto
mais amplo, que norteia os procedimentos pedagógicos e incita uma reflexão sobre
o papel das mídias na educação, especificamente neste caso aqui estudado. Entre
os recursos eletrônicos e os diversos projetos midiáticos existentes na Escola
Estadual Castelo Branco, como a TV Escola, Sala de Cinema, Laboratório de
Informática (LIED), data show em sala de aula, etc, está inserido também a Rádio
Escola Castelo (REC).
A proposta pedagógica da Rádio é incentivar educadores e educandos a
desenvolver uma linguagem interativa, produções participativas nas práticas
educativas, facilitadas pelas técnicas radiofônicas, além de ser uma alternativa de
construção de uma rede comunicativa democrática, onde as pessoas sejam
respeitadas e reconhecidas por suas potencialidades e competências. Uma Rádio
Escola não é apenas um sistema de som destinado a uma programação musical em
um ambiente público, mas pode ser um instrumento de participação crítica e
igualitária, que permite todos os segmentos que compõem a comunidade escolar a
se expressar, discutir seus problemas e mediar diálogos que nem sempre são
possíveis face a face.
O rádio é considerado um veículo relativamente antigo comparado com os
mais novos meios de comunicação, como a televisão, a internet, o celular etc.
Mesmo assim, ainda não tem sido devidamente difundido na rede de educação
11
básica, no entanto, representa um instrumento rico em possibilidades e de grande
abrangência, inclusive com a utilização da inovadora Rádioweb.
Há quase uma década a Escola Estadual Castelo Branco conta com o
Projeto Pedagógico Rádio Escola, mas este não consegue funcionar com a
regularidade e a mobilidade que este tipo de projeto requer, mais precisamente nos
intervalos das aulas, nos três turnos, seja pela falta de professores orientadores,
como também por não haver uma grade de programação organizada, que possibilite
a participação dos alunos e demais segmentos escolares.
O fato é que todos os demais ambientes de aprendizagem, devidamente
estruturados, são conduzidos por professoras especialistas, um em cada turno, com
formação nos cursos de Mídias e Tecnologia da Educação. A Rádio Escola é o único
ambiente que não tem continuidade em sua funcionalidade e diante desta
problemática constatada na escola, o insucesso do projeto da Rádio. Este trabalho
procurou conhecer, aprofundar e analisar as reais dificuldades enfrentadas quanto
ao uso desta mídia, enquanto um projeto de Educomunicação.
Com base em prévias observações, de fato a rádio não conseguiu
alcançar os objetivos traçados. Por sua vez alguns alunos solicitaram ao menos uma
programação
musical
e
os
recadinhos
divulgados
esporadicamente,
sem
perceberem a gama de atividades que poderiam ser realizadas por todas as tribos
da escola. Estas e outras questões constataram a problemática existente na escola
e estudada nesta pesquisa.
Este estudo de caso objetivou integrar o conceito e ações da
Educomunicação, a Educom, que transforma o simples receptor ativo em
comunicadores criativos, oportunizando ao aprendente condições de vivenciar novos
modos de fazer comunicação para conceber os alunos como sujeitos que
necessitam ter à sua disposição chances variadas, para favorecer o processo de
formação que melhor se adapte aos seus interesses, necessidades e possibilidades
através das ondas radiofônicas, promovendo a emancipação dos jovens de forma
criativa e responsável, estimulando a aplicação da linguagem oral e a linguagem
escrita nos princípios da liberdade de expressão, da convivência fraterna e o
respeito mútuo entre os agentes envolvidos.
12
Valorizar e realizar o projeto da Rádio Escola, tanto no âmbito analógico,
o convencional sistema de som, quanto o digital, com todas as novidades e
potencialidades da Internet, a rádioweb, estabelecendo propostas educativas, por
meio de projetos interdisciplinares, que possibilitem o envolvimento de todos os
professores e alunos na programação da rádio de forma interativa e atuante. Propor
à escola em estudo e à Secretaria de Educação Estadual a nomeação do Orientador
de Aprendizagem, professores capacitados para atuarem na Rádio Escola Castelo e
também nas demais instituições de ensino da rede estadual, que apostam na mídia
radiofônica, proporcionando espaços para a revelação de jovens educomunicadores,
Este trabalho abordou um projeto de Educomunicação em uma das
escolas mais tradicionais de Macapá, com mais de mil e quinhentos alunos dos
ensinos Fundamental e Médio, por meio de uma pesquisa qualitativa que envolve
opiniões da direção, coordenação pedagógica, orientadores dos ambientes de
aprendizagem, professores, e um grupo de estudantes dos níveis Fundamental e
Médio que já participaram de oficinas radiofônicas realizadas na escola.
Esta pesquisa coletou dados qualitativos por meio de questionários,
entrevistas, observações e outras fontes documentais. As análises das informações
foram feitas por meio do método Fenomenológico, que aponta as razões do sucesso
ou do insucesso do projeto estudado, com informações de interesse da comunidade
escolar quanto ao projeto, e ao mesmo tempo apura a importância qualitativa da
rádio para os diversos grupos de pessoas que pertencem à comunidade escolar
Castelo Branco.
Esta pesquisa envolveu pessoas consultadas por intermédio de
instrumentos científicos adequados a investigar um fenômeno social e suas
consequenciais diretas e indiretas no processo educativo, na vida cultural e social da
escola e das pessoas. Para desenvolver uma prática pedagógica voltada para o uso
do rádio e suas ferramentas, uma das possibilidades tem sido o trabalho por
projetos. “Na perspectiva da pedagogia de projetos, o aluno aprende – fazendo,
aplicando aquilo que sabe e buscando novas compreensões com significados para
aquilo que está produzindo” (Prado, 2003).
13
Capítulo 1 - OS PRIMÓRDIOS DA COMUNICAÇÃO E DA RADIODIFUSÃO
A comunicação é inerente ao ser humano, um dos fenômenos que
percorre toda a história da humanidade, história essa que registra a utilização dos
mais diversos recursos, meios e linguagens, desde os grunhidos, sinal de fumaça,
som de tambores, veículos eletrônicos até as mídias globalizantes, que permitem
hoje uma interação entre pessoas em pontos extremos do planeta e até
interplanetária.
A história da comunicação iniciou com os primeiros agrupamentos
humanos primitivos, que começaram a se comunicar entre si pelos gestos,
expressões faciais, sons, gritos, manifestações que já demonstravam certas
intenções e tentativas instrucionais, mesmo que utilizasse uma linguagem
inicialmente desorganizada, que foi avançando, que passou a exprimir idéias e as
necessidades de registros das manifestações humanas.
A palavra, mistério e redenção do homem, foi apenas o passo inicial de um
itinerário infindo. Misteriosa quanto a suas origens, reconstituída só por
conjectura, a palavra permitiu uma eficiente transmissão de conhecimentos
de geração a geração, fazendo surgir grupos humanos homogeneizados por
um acervo cultural comum (COSTELLA, 1984, p.12).
O desenho de animais, plantas, sinais, traços rupestres encontrados até
hoje nas paredes das cavernas, deixaram marcas de um período pré-histórico, que
precedeu a invenção da escrita, mas evoluiu para a escrita pictográfica ou
hieroglífica. Assim a humanidade começou a guardar lembranças, conhecimentos,
informações transmitidas por ideogramas a outros grupos ao longo dos tempos, uma
espécie de origem da comunicação à distância, tanto por meio da oralidade quanto
por traços gráficos. Com a invenção do papiro, do papel, da imprensa de Gutenberg
e outros meios de reprodução gráfica, o homem inventou também o poder da
multiplicação e transmissão de conhecimentos acumulados por meio de livros,
enciclopédias, jornais, revistas, impressos, permanentes fontes de pesquisas e de
informações.
1.1
DO ÂMBAR AO TELÉGRAFO
Outras descobertas e inventos foram fundamentais, ao longo da história,
para a existência dos meios de comunicação. Uma das mais primordiais foi a
14
eletricidade, provavelmente percebida pelo homem, ao olhar o céu, vê um raio e
perceber que dele vinha fogo. Por volta do século IV a.C, uma célebre experiência
de Tales de Mileto com o âmbar amarelo, deu início a uma corrida de milênios:
quando friccionado o âmbar atraia certos fragmentos. Âmbar em grego significa
elektron ou 'as coisas cheias de deuses' para o povo da época de Tales.
Por séculos e séculos o homem lutou para vencer as distâncias e usufruir
de todos os benefícios do magnetismo e da eletricidade, por exemplo. As longas
caçadas, os mensageiros dos reinos, os correios a cavalo dos Persas e do Império
Romano, as grandes navegações mercantilistas, para citar algumas experiências
históricas. Mas o Telégrafo, do grego téle=longe + graphein= escrever, foi uma das
primeiras técnicas de comunicação à distância, inicialmente de forma mecânica,
chamado Telégrafo Óptico, muito utilizado no século XVIII até a primeira metade do
século XIX.
Depois de muitas outras experiências, constatou-se que com o eletroímã
era possível obter energia mecânica a partir da energia elétrica, ou seja, a partir daí
a eletricidade poderia gerar movimento. “O eletroímã podia atrair uma haste
metálica, disparar uma campainha, etc, transformando a energia elétrica em algo
visível ou audível, perceptível, enfim, pelos sentidos humanos” (COSTELLA, 1984,
p.115).
Um dos nomes mais importantes da telegrafia dos Estados Unidos é o de
Samuel Finley B. Morse, criador do Código de Morse, que combinava sinais elétricos
mais intensos e menos intensos, traço e pontos, usados até hoje como sistema
telegráfico mundial.
1.2
O TELEFONE, O MICROFONE E O ALTO-FALANTE
Sem entrar no mérito de quem verdadeiramente fez funcionar a telefonia
na segunda metade do século XVIII, atribuída oficialmente a Grahan Bell, um
professor de surdos-mudos, ele sabia que a voz é resultado de um processo
fisiológico e também mecânico, que poderia ser reproduzida artificialmente. O
telégrafo elétrico era um convite ao telefone, pois se os fios conduziam sinais em
código, por que não poderiam transmitir sons complexos, perguntavam os
engenheiros daquela época?
15
Bell e seus auxiliares criaram um aparelho composto de um eletroímã,
uma haste e um tambor. A haste presa em uma das extremidades que tinha a outra
ponta livre, apoiada sobre a membrana do tambor. Falando-se junto ao tambor, a
membrana vibrava e transmitia sua vibração à haste. Os tambores que emitiam e
transmitiam a voz por telefone foram aperfeiçoados por Thomas Edison e assim
estavam criados também o microfone e o alto-falante, hoje dois equipamentos
altamente sofisticados, indispensáveis nas transmissões radiofônicas e em outras
incontáveis ferramentas eletrônicas e digitais.
No entanto, a telefonia desfruta de uma presença tão marcante no quadro
histórico dos engenhos elétricos de comunicação, que se torna impossível
omiti-la. O telefone representa uma das principais etapas evolutivas desses
engenhos. (COSTELLA, 1984, p.135).
1.3
O TELÉGRAFO SEM FIO E O RÁDIO
O raio observado há milênios foi uma pista decisiva para Michael
Faraday, balconista de livraria nos Estados Unidos, constatou que o raio, fenômeno
da natureza, era uma faísca elétrica, e admitiu a propagação da eletricidade pelo ar,
independente de um condutor sólido. Ele comprovou que a corrente elétrica pode
sair de um corpo, saltar no vazio e entrar em outro corpo por aproximação ou
indução. O escocês James Clerk Maxwell (1831-1879), brilhante matemático,
formulou equações sobre as linhas de força de um campo magnético.
Completando Faraday, demonstrou que a luz é uma forma de radiação
eletromagnética. Maxwell explicou que não só a luz, mas quaisquer ondas
elétricas podem propagar-se. Maxwell anunciou ao mundo a existência das
ondas eletromagnéticas, ondas que ele não via, mas sabia estarem ao seu
redor, em toda parte (COSTELLA, 1984, p.148).
Em 1888, o alemão Heinrich Hertz construiu um equipamento com o qual
confirmou a existência das ondas eletromagnéticas, denominadas ondas hertzianas.
A primeira forma de utilização das ondas eletromagnéticas foi para o telégrafo sem
condutor, o telégrafo sem fio. Como ocorre com quase todos os inventos, sempre
aparece alguém para melhorar e aproveitar idéias anteriores, como fez o italiano
Guglielmo Marconi, considerado o inventor do rádio, criou antes o telégrafo elétrico.
Acusado até de bruxaria, após muitas tentativas, em 1898 consegue fazer a primeira
transmissão marítima de um barco inglês, o primeiro SOS da história, que inaugurou
16
este tipo de mensagem tão importante para a segurança da navegação e para a
comunicação mundial.
1.3.1
UM BRASILEIRO GENIAL: PADRE LANDEL
A história da telefonia e da radiodifusão ressalta o nome de um brasileiro
que estudou em Roma e de volta ao Brasil em 1886, ordenado padre, desenvolve
experiências com a esperança de construir aparelhos para transmissões à distância.
“Dai-me um movimento vibratório tão extenso quanto a distância que nos separa
desses outros mundos que rolam sobre nossa cabeça, ou sob nossos pés, e eu farei
chegar minha voz até lá” (COSTELA, 1984, p. 156).
Muito antes de Marconi, padre Landel de Moura fez experiências de
transmissão em São Paulo, mas por ser sacerdote seus próprios fiéis,
escandalizados com o padre “espírita”, invadiram seu laboratório e quebraram todos
os seus equipamentos. Mesmo assim, em 1900 obtém uma patente de invenção no
Brasil e no ano seguinte viajou para os Estados Unidos onde requereu diversas
patentes: telefone sem fio; telégrafo sem fio e um transmissor de ondas. Depois de
muito esforço e gastar todas as suas economias, consegue o reconhecimento oficial
de seus inventos, entretanto, ao retornar ao Brasil não consegue o reconhecimento
merecido.
1.3.2
AS PRIMEIRAS TRANSMISSÕES
O início do século XX marcou a propagação da telegrafia sem fio, ou seja,
a utilização das ondas eletromagnéticas para a transmissão de telegramas de
pessoa para pessoa, com o uso do convencional código Morse. Somente duas
décadas depois surge a radiodifusão.
As invenções da válvula e de outros componentes, além de melhorar a
telefonia e a telegrafia, permitiram diversos testes de transmissão à distância da voz
humana e sons de instrumentos musicais, porém a explosão da I Guerra Mundial,
em 1914, direciona as experiências com a radiodifusão para fins bélicos. Nos aviões
de combate norte-americanos o rádio já estava a serviço da aeronáutica. No pósguerra a explosão é outra, as primeiras emissoras experimentais são instaladas nos
Estados Unidos. “Poucas realizações humanas lograram sucesso tão rápido e êxito
17
tão retumbante quanto a radiodifusão. Em apenas uma década conquistou todas as
regiões civilizadas do globo” (COSTELLA, 1984, p.172).
1.4
A RADIODIFUSÃO
Uma das primeiras emissoras norte-americanas a entrar no ar em 1920,
foi a KDKA, que cobriu a eleição presidencial da época. Logo depois outras
começaram a organizar programações com músicas orquestradas, notícias e
palestras, isso mesmo, palestras e conferências via rádio, com finalidades
educativas e culturais, sempre com patrocínio de grandes jornais, muitos dos quais
montaram estações de rádio. A direção da rádio “Atlanta Journal” apostava na
estratégia de aumentar a venda de jornais, além de demonstrar que a notícia falada
e rápida seria um incentivo para a procura de informação escrita, mais bem
elaborada.
A vontade de instalar rádios em ambientes particulares e para grupos,
como no caso de escolas, abordado neste trabalho, vem desde o advento da
radiodifusão.
Era como um feitiço. Essa magia era responsável pela sobrevivência das
primeiras emissoras, pois o escasso púbico ouvinte constituía-se de
fanáticos. Os aparelhos receptores raramente eram comprados. Montava-se
em casa. Um cristal de galena, um par de fones, uma bobina enrolada sobre
um rolete, alguns pedaços de fio e pronto, estavam criados o receptor e o
fiel ouvinte. Mais ainda, alguns desses amadores acabaram por se reunir e,
em grupo, instalaram emissoras (COSTELLA, 1984, p.169).
1.4.1 A RADIODIFUSÃO NO BRASIL
Em 1922 o rádio chegou ao Brasil trazido por uma empresa americana
para uma exposição comemorativa do Centenário da Independência, na capital Rio
de Janeiro. Um transmissor de 500 watts foi instalado no alto do Corcovado e
transmitiu músicas para 80 aparelhos receptores espalhados pela exposição e
outros locais da cidade. Muitas pessoas ouviram o discurso do Presidente da
República, Epitácio Pessoa, no dia 7 de setembro, e nos dias seguintes, o som de
óperas, mas encerrada a exposição terminaram também as transmissões
radiofônicas.
18
Somente em abril de 1923 a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi
instalada definitivamente com o prefixo PRA-2, sediada na Academia brasileira de
Ciências, uma vez que seus fundadores foram o antropólogo Roquete Pinto e o
astrônomo Henry Morize, que a partir desta experiência pensaram em uma rede de
rádios educativas espalhadas por todo o país. Várias emissoras foram sendo
instaladas por todos os estados, com o apoio de governos, prefeituras, associações,
com os mesmos princípios de Roquete Pinto. Por isso é possível afirmar que a
radiodifusão foi implantada no País com objetivos educacionais. 90 anos após a
chegada do rádio no Brasil muito se discute sobre o rádio educativo, inclusive com o
rádio dentro da escola e a escola nas ondas do rádio.
A Revolução de 1930 e as decisões de Getúlio Vargas deslancham a
industrialização no Brasil, principalmente na área têxtil, com a radiodifusão
contribuindo diretamente no processo de passagem de um Brasil-rural para um
Brasi-urbano. A emissora que primeiro provocou mudanças na linguagem e formato
radiofônico foi a Rádio Record, de São Paulo, que concebeu um novo modelo de
programação.
As mudanças sociais e econômicas pelas quais passava o país
começaram a influenciar também os programas radiofônicos, que passaram a ser
previamente organizados e redigidos por profissionais de outras áreas, tais como
jornalistas, teatrólogos, publicitários, etc. A escolha musical foi passando das
sinfonias e das óperas, tão caras à elite, para agradar ao maior número de pessoas.
Assim surgem os primeiros ídolos do rádio: Chico Alves, Carmem Miranda, Orlando
Silva, Mário Reis, Silvio Caldas, Aracy de Almeida. A linguagem radiofônica, aos
poucos se popularizando, ficando mais coloquial, mais direta, de fácil entendimento.
A década de 1950 trouxe mais uma novidade eletrônica, a televisão, mas o que seria
uma ameaça ao sucesso do rádio, fez com que a caixinha mágica ganhasse
características e força regional. “O regionalismo é uma marca fundamental do rádio,
pois oferece visibilidade às informações locais. Esse princípio dinamiza as relações
entre rádio e comunidade” (BARBOSA FILHO, 2003, p. 46).
19
1.4.2
O RÁDIO NO AMAPÁ
O Território Federal do Amapá foi criado em 13 de setembro de 1943,
desmembrado do estado do Pará. O primeiro governador do Território, Janari
Nunes, começou a radiodifusão amapaense, primeiro com a instalação de um
serviço de alto-falante nas praças Barão do Rio Branco e da Igreja Matriz de São
José, atual Veiga Cabral, para a divulgação de músicas, notícias e outras
informações de interesse da população apresentadas pelo diretor de imprensa e
propaganda do governo territorial, Paulo Eleutério Cavalcanti de Albuquerque. O
estúdio funcionava no prédio da antiga Intendência, atual Museu Joaquim Caetano
da Silva.
O governador do Território também conseguiu um espaço na Rádio Club
do Pará, a PRC-5, no horário da noite, para a divulgação de notícias do Amapá, em
virtude da grande audiência da emissora paraense na região. Em 4 de julho de
1945, uma quinta feira, entrava no ar o primeiro programa sobre o Amapá para toda
a Amazônia. Enquanto isso o governo do Território articulava politicamente a criação
de uma emissora local.
Em 15 de dezembro de 1945, o Jornal do Amapá publica o convite para a
inauguração da rádio Difusora de Macapá, a voz mais jovem do Brasil,
operando inicialmente com equipamentos de 250 watts, na freqüência de
1.660 kilohertz, em ondas médias de 205.5 metros” (LOUREIRO et al, 2002,
p.18).
A Difusora está no ar há 67 anos. A segunda emissora de Amplitude
Modulada (AM) instalada na capital do Território foi a Rádio Educadora São José de
Macapá, em 1968, pertencente à Prelazia, muitos dos equipamentos foram trazidos
da Itália pelo bispo da época, Dom Aristides Piróvano, do Pontifício Instituto das
Missões Estrangeiras (PIME). A Educadora saiu do ar em 1978 e foi vendida ao
empresário José de Matos Costa, o Zelito, que mudou a denominação da emissora
para Rádio Equatorial, no ar até hoje, integra o grupo de comunicação do
empresário, que possui também a rádio de Frequência Modulada (FM) 94,5 e a TV
Equatorial, canal 8, atualmente retransmissora da Record News.
Em meados dos anos 80 funciona a primeira emissora FM, a Nacional,
pertencente à Radiobras. Alguns anos depois foi vendida a empresários locais e
continua no ar com a sintonia 102,9, Antena FM, administrada pelo grupo Beija-flor,
20
da família Borges, que detém também o controle de diversas rádios comerciais e
comunitárias. O Amapá conta hoje com seis emissoras AM, três em Macapá, uma
em Santana, outra em Mazagão e uma no município de Oiapoque. Só na área
metropolitana Macapá-Santana são 10 rádios FM, além das dezenas de emissoras
comunitárias em funcionamento nos diversos municípios.
Outras emissoras FMs estão prestes a entrar no ar, em Macapá, a Rádio
Senado, de responsabilidade da Assembleia Legislativa, a Educadora São José,
100,5, da Diocese de Macapá, e a da Universidade Federal do Amapá- Unifap, que
inclusive já funcionou em caráter experimental, na freqüência 96,9, e até agora não
implantou uma programação permanente. Por várias vezes a Rádio Escola Castelo,
pesquisada neste trabalho, reproduziu a programação musical da FM da Unifap, de
alta qualidade técnica, que tocava MPB, músicas regionais e instrumentais.
Várias emissoras FMs do Amapá receberam a concessão e foram
autorizadas a funcionar como rádio educativa, mas acabam sendo mais comerciais
ou de programação totalmente religiosa ou só de entretenimento, reproduzindo uma
programação padrão em quase todas elas, sem destinar espaços para programas
mais informativos e formativos.
1.5
A RADIODIFUSÃO EDUCATIVA NO BRASIL
O rádio surgiu com imenso potencial educativo, um discurso que
acompanha toda a história do rádio brasileiro, reforçado pelas dimensões
continentais do Brasil, ganhou contornos ainda mais intensos em razão das múltiplas
realidades do país, marcadas pela exclusão e gritantes diferenças sociais que até
hoje continuam a desafiar governos e sociedade.
O rádio inclui a todos: o letrado e o analfabeto, o pobre e o rico, o jovem e o
idoso, a mulher e a criança... Na programação, por mais segmentada que
seja, o rádio inclui a música, a publicidade, os vários formatos do jornalismo,
a educação, o esporte, a cultura, a prestação de serviços... O rádio inclui
tudo, o local e o global. Tudo cabe no rádio!”(PIOVESAN, 2004, p.36)
O rádio educativo tem a idade do próprio rádio no Brasil, sempre com o
compromisso de melhorar a vida do povo e mudar a história do país. O rádio
brasileiro nasceu educativo e cultural, pensado antes de tudo e de todos por um
educador nato, Roquete Pinto, conhecedor do interior do país, das brenhas da selva
21
amazônica, de onde vislumbrou o potencial de uma tecnologia que começava a
engatinhar. Passado o momento histórico da primeira transmissão pública na
comemoração do centenário da independência, chegava a hora de concretizar um
ideal: fundar uma rádio com transmissão regular.
O sonho de Roquete era uma rádio com fins científicos e sociais,
vinculada à Academia Brasileira de Ciências. E assim no dia 20 de abril de 1923, na
escola Politécnica do rio de Janeiro foi fundada a Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro, a PR-1-A, que serviu de base para o uso massivo de um meio massivo de
comunicação como instrumento real e efetivo de cidadania e educação para um País
de tantos contrastes, quase um ato de subversão, transgredindo a legislação em
vigor. A Rádio Sociedade do Rio foi uma espécie de pioneira das rádios piratas,
abrindo as portas da legalidade para que no Brasil o rádio fosse livre, desde os
momentos iniciais de sua história.
1.5.1
AS FASES DA RADIODIFUSÃO EDUCATIVA
A fase pioneira do rádio estende-se de 1923 a 1928, com a criação das
radioescolas, com aulas de português, francês e esperanto; de história do Brasil,
geografia, física, química, história natural e higiene; cursos profissionalizantes de
radiotelegrafia e de silvicultura prática e um jornal lido pelo próprio Roquette Pinto.
Poesia e música também completavam a programação. Em 1927 chegava a 30 mil o
número estimado de receptores. No ano anterior ele propunha no plano
“Radioeducação do Brasil” a criação de um sistema para “dar ao homem do povo o
seu radioescola e duas novas emissoras são criadas, uma do então Distrito Federal
e outra em Recife. “Nessa fase, sem nenhuma dúvida, o rádio só existia em sua
expressão educativa, seja configurado na radioescola municipal,seja no fazer diário
da programação oferecida pela pioneira Rádio Sociedade do Rio” (BLOIS, 2004, p.
150).
A segunda fase do rádio educativo, entre 1929 e 1940, consolidou a
ideologia inicial com a implantação das radioescolas e a criação das primeiras redes
educativas, ao mesmo tempo em que se define atuação e os caminhos da
radiodifusão, que começa a configurar o modelo “radio escola” com a instalação da
PRD-2, a Radioescola Municipal do DF e pela paulista Rádio Educadora, em 16 de
22
maio de 1932, entra no ar o pioneiro programa de ginástica eletrônica, A hora da
ginástica, com o professor Oswaldo Diniz Magalhães.
Na rádio escola do DF, Roquette Pinto oferece cursos com apoio de
material impresso, no primeiro sistema de multimeios em educação à distância no
País, voltado para preparar professores para o uso do veículo, como meio auxiliar da
prática pedagógica escolar. Em 1933 foi formada a primeira cadeia de rádio,
constituída por seis emissoras do Rio de Janeiro, transmitindo diariamente o
programa Quarto de hora, da Comissão Rádio Educativa, com o slogan “Trabalhar
pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil”, do professor
Roquette.
Em 1936, não podendo mais mantê-la apenas com doações, Roquette doa
a emissora para o então Ministério da educação e saúde. Ainda nos idos de
1933, em São Paulo,numa garagem de propriedade de Cândido Fontoura, o
Tio Candinho, surge a DKI, Rádio Cultura, a Voz do Juqueri, como “pirata”
fica no ar até ser inaugurada e, 16 de julho de 1936, sendo incorporada
trinta e TRE anos depois a Fundação Padre Anchieta. Na década de 30 já
são 16 emissoras em São Paulo, mas uma rede marcada por fins
educativos (BLOIS, 2004, p.152).
Diante das dificuldades enfrentadas pelas rádios sociedade e clube, o
governo Federal passa a ver e ter o rádio como meio de levar educação e cultura ao
povo e investe na radiodifusão, iniciando uma terceira fase que ocorre entre 1941 e
1966, período em que nascem as Universidades do Ar no Rio e São Paulo, para
atender o professor leigo de todo o país, pelas ondas da grande potência de uma
rádio, que cobria com seu som grande parte do território brasileiro, a Nacional. 800
alunos iniciaram o curso, e dois anos após somente 286 concluíram a capacitação.
É nessa terceira fase também que a Igreja Católica contribuiu ainda mais
com a interiorização do rádio para fins educativos e sociais na região Nordeste, com
o objetivo de levar cidadania e visão política ao homem do campo. Foi o Serviço de
Assistência rural (SAR), do Rio Grande do Norte, que lançou em dezembro de 1949,
as bases de um trabalho assistencial à população do interior, passando informações
referentes à área agrícola, noções de higiene e programas educativos. Em 1958
foram instaladas 141 escolas radiofônicas com a missão de formar uma consciência
política e alfabetizar adolescentes e adultos. Nesse contexto a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) cria o Movimento de Educação de Base (MEB) e
fortalece o uso do rádio ao utilizar a rede de emissoras católicas, do MEC e de
23
outros organismos, com o aval do governo Federal, que dá apoio financeiro à CNBB.
O projeto cresce na Bahia e em outros estados nordestinos.
Entre 1962 e 1967 o governo lança mão de uma nova tecnologia
radiofônica, a Frequência Modulada, e reserva 20 FMs para fins educativos. Em
1964, no então estado da Guanabara, é feita uma experiência de escolas
radiofônicas para o ensino supletivo, direcionado à clientela em hospitais, presídios,
favelas, atendendo 10 mil e 300 alunos, uma das fases mais consistentes de
utilização do rádio na construção e exercício da cidadania. “Infelizmente, após 1964
passa a ser vista com reservas pelo governo militar, principalmente as reuniões
comunitárias de conscientização fortemente políticas. Ao MEB cabe, com certeza, a
maior expressão dessa utilização do rádio” (BLOIS, 2004, p.157).
A quarta fase compreende o período de 1967 a 1979, marcado por ações
centralizadoras de utilização pelo estado militar para fins educativos por meio de
fundações no Sul, em São Paulo e outras regiões, além da criação de emissoras OM
(Ondas Médias), OC (ondas Curtas) e FM. Todas as emissoras comerciais são
obrigadas a transmitir programas educativos do MEC e vários projetos são criados,
desta vez tanto para o rádio quanto para a TV: o Minerva; Saci; Supletivo de
Primeiro Grau à distância, o Sumaúma, na Amazônia, Mobral, são alguns dos
principais projetos de teleducação desta fase.
1.5.2
A RADIODIFUSÃO EDUCATIVA NAS FMs
Em 1975 é criada a Radiobras e instala-se um impasse entre MEC e
MINIcom por causa da transferência de patrimônios. A Difusora de Macapá passa a
ser Rádio Nacional, administrada pela da Radiobras. A censura também entra nas
rádios educativas e a ordem era dar suporte educativo ao “milagre econômico
brasileiro”, por meio de programas em horário único, após a Hora do Brasil, depois a
Voz do Brasil.
A quinta fase inicia em 1979 com a inauguração de FMs educativas, com
novos espaços educativos e o curso Supletivo de 2º Grau, via rádio, pela Fundação
Padre Anchieta para rádio e TV, com a denominação de Telecurso de 2º Grau e
material impresso pela Fundação Roberto Marinho e Universidade de Brasília. Para
atualizar as técnicas de extração da borracha foi criado o projeto Seringueiro, para o
Acre e toda a Amazônia, transmitida por emissora OC.
24
Em meados dos anos 1980 alguns projetos para rádios educativas foram
bem sucedidos, entre estes, a Rede Esporte para Todos, exercícios físicos pelo
rádio, A caminho da Constituinte, a série Encontros com Paulo Freire, com a
participação do próprio educador, gravados na residência de Freire e nos estúdios
da Cultura, com cópias em cassete remetidas para várias universidades, rádios e
secretarias de educação.
A sexta e atual fase, na visão da radialista e pesquisadora Marlene M.
Blois, tem início em 1995 com o compromisso de radialistas e comunicadores com a
educação, incluindo a contribuição das rádios comunitárias e o uso da Internet, não
só para a interação com o público, mas para oferecer programação; o rádio evolui
agora sem fronteiras, está na Web e esta nas rádios educativas, universitárias e
também as comerciais seduzidas pelas novas tecnologias. De acordo com Blois
(2004), o Brasil conta hoje com o segundo maior parque de radiodifusão mundial, o
que torna o brasileiro um alfabetizado global. O rádio constituiu a primeira
manifestação tecnológica de uma realidade virtual no cotidiano das pessoas e
também na educação.
Capítulo 2 - ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE A EDUCAÇÃO E A COMUNICAÇÃO
O século XXI traz mudanças que desafiam as formas tradicionais de
sentir, pensar e reagir à vida frente às transformações que ocorrem em todas as
áreas, com maior evidência para a revolução tecnológica e midiática na
comunicação e seus efeitos no campo de uma educação atualizada e capaz de
desenvolver habilitantes, novas ações de inclusão, participação e produtividade.
Segundo a pesquisadora Costa (2011), há muito que o processo de
educação não se resume mais à instituição escolar, às atividades pedagógicas, à
capacidade de obter e gerenciar informações, de fato, a educação hoje é muito mais
que isso, ela possibilita o desenvolvimento de múltiplas habilidades nas mais
diferentes circunstâncias, torna o ser humano cada vez mais flexível e adaptativo,
desenvolvendo e explorando competências e potencialidades nas mais diferentes
situações.
25
Uma educação permanente, institucional e não institucional, formal e não
formal, particular e universal, individual e coletiva, voltada para o sentir e
para o fazer, para o pensar e para expressar, que tem como objetivo
primordial nos fazermos mais humanos, enxergando a vida de forma mais
completa, com suas peculiaridades e nuances ( COSTA, 2011, p.9).
Entre as múltiplas possibilidades educativas, a comunicação está entre as
mais importantes ações humanas, tanto no âmbito da escola quanto da sociedade.
O professor e comunicador Marques de Melo ressalta, em recente artigo científico, o
que considera um conceito histórico de comunicação:
Em seu livro História e consciência social (São Paulo: Global, 1982),
Basbaum defende a tese de que a comunicação representa um fator de
equilíbrio da vida em sociedade, neutralizando o ímpeto dos homens, na
medida em que instaura o diálogo e pode conduzir ao entendimento entre
comunidades ou nações em conflito (MELO, 2011, p.17).
É cada vez mais importante entender o atual fenômeno midiático porque o
mundo vive hoje a chamada Era da comunicação, e mais que isso, o tempo da
informação e do conhecimento, numa sociedade considerada pós-moderna, que
exige, entre tantos outros desafios, uma educação à altura das necessidades desta
nova realidade, em particular para os educadores e comunicadores, uma intensa
busca da eficácia de seus espaços educativos e comunicativos.
Nos últimos 20 anos, os campos de pesquisa em comunicação
e educação têm se restringido, sobretudo, a esses três itens: a mediação
tecnológica na educação, a educação para a comunicação, a reflexão
epistemológica e menos no campo da gestão da comunicação nas escolas,
porque isso exige muita competência na área de planejamento estratégico e
no plano participativo (RESENDE, 2003, p.155).
2.1
A EDUCOMUNICAÇÃO
Segundo o professor Soares (2003), a primeira tarefa nas escolas seria a
elaboração de um diagnóstico das carências de comunicação interna e depois, uma
assessoria para leitura crítica do uso das mídias no ensino. A Lei de Diretrizes e
Bases estabelece que as comunidades escolares devam definir os seus objetivos,
as suas metodologias, e organizar tudo isso dentro de projetos educativos e de
propostas pedagógicas.
26
A pesquisa, nesses projetos político-pedagógicos, visa verificar quais
objetivos de comunicação interna se encontravam escritos, exarados nos projetos
educativos daquelas escolas, que conteúdos de comunicação interna estavam em
falta ou em excesso nesses projetos educativos.
Oliveira propõe ainda que a educação de agora exija uma prática
tradicional que vem das comunidades de base do Brasil, do movimento popular,
chamada mutirão. De fato, comunicação e educação andam se cruzando, mas cada
uma segue seu caminho, sempre carregado de preconceitos e rejeições em relação
à outra. No caso, a comunicação subestima, desvaloriza ou subvaloriza a educação.
Existe uma distância acentuada entre os meios de comunicação e a
educação, como parte do projeto da economia liberal e da sociedade atual, que
determina para a comunicação uma série de missões no campo do entretenimento,
da promoção do próprio comércio e da vida social. Já à educação cabe outra
missão, a de sistematizar o conhecimento e de preparar mão-de-obra para que a
própria sociedade se desenvolva.
Na verdade a comunicação sempre olhou para a educação e de vez em
quando se cruzaram, mas parece que nada de mais importante aconteceu, por outro
lado já é possível afirmar que essa relação está mudando e apresentando idéias
inovadoras. Por falta de uma nomenclatura mais precisa, esta aproximação está
sendo chamada de Educomunicação, ou Educom, assim como existe a
Psicopedagogia.
A educação tradicional e a comunicação tradicional não conseguiam
dialogar entre si, em razão dos fortes preconceitos, as resistências que não
possibilitavam o diálogo, mesmo nos encontros provisórios em que o campo
comunicacional prestava serviços para a educação, a exemplo das rádios e TVs
Educativas em que educadores já utilizavam recursos midiáticos.
Na verdade, uma nova cultura está sendo gerada com a quebra de toda
uma perspectiva idealizada pelo Iluminismo nos séculos XVIII e XIX. É a
passagem entre a modernidade e a pós-modernidade. As novas condições
de vida das pessoas, as novas descobertas das relações sociais, as
possibilidades das tecnologias, os avanços da sociologia apontam uma
nova praça de convívio, chamada Educomunicação. E, no caso, é uma
praça que vai buscar elementos dos vários campos (SOARES, 2003,
p.162).
27
É preciso refletir sobre essa relação comunicação/educação, para que
possam ser superados os lugares comuns, porque quando ocorre a entrada nesse
campo, o objetivo é fazer com que as pessoas percebam outros ângulos do
processo de produção da cultura. As tecnologias estão chegando e é preciso
descobrir como utilizá-las para produzir cultura e educação. É possível afirmar que
um novo campo está emergindo:
...Pude perceber isso com uma pesquisa que o nosso núcleo de
comunicação e Educação realizou na América Latina. Entrevistamos 172
especialistas de 12 países e conseguimos chegar a um perfil desse
educomunicador. Fui aos EUA, na perspectiva de encontrar um país
altamente tecnicizado e lá, descobri resistências culturais. E descobri que o
novo campo está emergindo não só na prática. Especialmente dos que
estão trabalhando com multiculturalismo, trabalhando com tecnologias e
colocando-as nas mãos das crianças. Mas também teoricamente há autores
que já afirmam que esse novo campo está aparecendo (SOARES, 2003,
p.162).
Comunicadores e educadores devem estar mais juntos, refletir sobre
novas práticas que estão surgindo e favorecer formas de dialogar com sistemas
educacionais para implementar esta nova realidade. É preciso incentivar as escolas
para que façam a revisão dos seus processos comunicacionais internos, analisem
as relações culturais que se processam no espaço de uma comunidade através da
arte e que descubram dentro dessa perspectiva, como trabalhar a globalização da
economia e a mundialização da cultura. E, quem sabe, se esse processo se iniciar
com as crianças, a comunicação se realize. “Quando falo de educomunicação para
professores e comunicadores, alguns torcem o nariz, acham que é mais um
neologismo que está parecendo. Mas é uma prática que poderia mudar a prática da
comunicação e a prática da educação” (SOARES, 2003, p.163).
Além de conceituar e sistematizar a Educomunicação cabe outro
questionamento: E quem é o educomunicador? Para Soares (2003) é uma pessoa
que constrói suas referências a partir de suas práticas na comunicação ou na
educação, e a partir de uma grande reflexão teórica, que fala da democratização das
relações sociais e de uma relação dialógica entre as pessoas. “E, por isso, a nossa
grande meta é a democratização da comunicação em nível global. Queremos
interferir nas políticas de comunicação de nosso país e do mundo. E, nesse sentido,
é que algumas iniciativas têm sido encaminhadas” (SOARES, 2003, p.163).
28
Um exemplo histórico vem da reforma da Constituição atual, quando foi
criado o Conselho Nacional de Comunicação, que até hoje não foi efetivado. Um dos
propósitos das instituições que defendem esta ideia, entre elas a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e União Cristã Brasileira de Comunicação
(UCBC), é fazer pressão para que se crie esse conselho e que ele seja uma espécie
de participação pública nos processos de comunicação e nos meios de comunicação
do país, porque continuam sem nenhum controle da própria sociedade.
Por outro lado, existem também perspectivas de interferência e
participação nas políticas de comunicação do país, a partir do momento em que a
legislação permite e abre espaços para criação de rádios educativas e de TVs para
a área educacional.
...A educomunicação é, essencialmente, uma aliança entre o povo da
comunicação e o povo da educação, mas não só o povo enquanto
profissional, mas também os proprietários de meios de comunicação são
chamados a esse diálogo. E, na verdade, há uma grande sensibilidade a
isso (SOARES, 2003, p. 165)
2.2
O RÁDIO NA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
O caráter dialógico da comunicação é uma proposta dos meios de
comunicação, considerado que o receptor compreende o que foi dito e essa
compreensão é vista como uma forma de resposta, de acordo com o entendimento
do lingüista Bakhtin (1995). O rádio é visto como veículo interativo, pois a produção
da mensagem é orientada para alcançar os receptores, mesmo que o público
ouvinte não consiga interferir diretamente no conteúdo radiofônico.
Na década de 60 o Movimento de Educação de Base (MEB) utiliza a força
multiplicadora e a popularidade do rádio para deslanchar um dos maiores projetos
de alfabetização do Nordeste e do Brasil.
O rádio à pilha é uma referência histórica nesse percurso, com amplo poder
de penetração nas áreas rurais – grande parte sem acesso à energia
elétrica -, além de ser um veículo com baixo custo em relação à instalação
de escolas, torna-se o principal meio de comunicação a ser utilizado pelo
MEB a favor da educação (GOMES, 2011, p 39).
O MEB não se restringiu à alfabetização, mas também à um projeto de
educação mais amplo e consistente com a transmissão de valores, promoção
29
humana, estímulo a reflexão e informações para despertar do nível de consciência
crítica de cada pessoa na transformação de seu meio natural, econômico e social.
O pesquisador Padilha (2003) estudou outro fenômeno que aconteceu
nos anos 80, a experiência das rádios comunitárias, que se desenvolveu no Brasil
nessa década, quando começou o movimento das chamadas rádios de corneta, ou
alto-falantes, e foram as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), da igreja Católica,
que começaram essa experiência, e organizaram o 1º. Encontro de rádios altofalantes na Zona Leste de São Paulo, a exemplo do que existem hoje em escolas,
associações e até empresas, um sistema de comunicação destinado a um público
restrito.
Na década de 1990, explode o movimento pela democratização da
radiodifusão, com a apropriação da tecnologia em FM. A maior conquista da década
foi a aprovação da Lei das Rádios Comunitárias, a Lei 9.612, sancionada pelo
presidente Fernando Henrique Cardoso, em fevereiro de 1998, uma conquista dos
diversos movimentos sociais que lutaram pelo reconhecimento de dezenas de
milhares de emissoras populares em todo o País. Esta Lei é duramente criticada
pelas limitações técnicas e de sustentação financeira que impõe sobre as rádios, por
outro lado, foi uma valorização histórica dos legítimos espaços de expressão de
todas as vozes, de todas as culturas.
...Quando eu falo cultura, falo da identidade cultural dessas pessoas da
periferia. É a partir dela para saber qual é seu gosto musical, suas raízes
culturais, suas histórias. Por exemplo, na parte musical, constatamos o
trabalho com a música sertaneja, nordestina, rap, samba, pagode, rock. Há
uma pluralidade importante e isso faz com que seja comunitário, tem de
tudo e as pessoas estão aí, construindo ( PADILHA, 2003, p.183).
2.3
A COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL
A comunicação humana revela quem é uma pessoa mais ou menos
madura, mais ou menos fechada, mais realizada ou mais infeliz. O interessante é ver
além da voz – e pela voz – que imagem você passa e se essa imagem é real. Não
adianta só uma imagem para construir uma fachada, o interessante é quem você é
realmente.
30
O professor de Comunicação Moran (2003) considera a voz uma espécie
de canal imediato, que expressa algo a mais de tudo aquilo que é comunicação
verbal, nesta área em que estão misturados o conceito de comunicação e o de
informação.
...Por um lado, nunca avançamos tanto do ponto de vista tecnológico. O ser
humano descobriu tantas coisas e encontrou soluções variadas para a vida,
mas por outro lado, talvez, nunca tivemos tanta dificuldade em nos
comunicar, no sentido de intercambiar, trocar, aceitar-nos, conviver, crescer
juntos, aprender. Como dizia o historiador Arnold Toinbee,
tecnologicamente nós somos deuses, enquanto do ponto de vista
humano, somos ainda primatas (MORAN, 2003, p.115) (grifo meu)
A complexidade da comunicação humana é um dos maiores desafios
percebidos no interior das escolas, em conseqüência de uma sociedade que vive
hoje um contexto onde se fala e se investe muito mais em informação, entretanto, a
comunicação humana mais autêntica é a que manifesta muito mais a expressão de
identidade, daquilo que somos e revelamos ao estarmos em contato com os outros,
do estágio de desenvolvimento e aprendizagem no qual nos encontramos, afinal
basta alguém estar em um ambiente, não precisa nem falar, só a forma como a
pessoa fica em silêncio já revela muita coisa. E quando fala também se revela,
quando interage mostra quem é. A comunicação é um espelho que reproduz
evolução, crescimento e integração, porque o ‘eu’ procura no outro, faz com o outro
e se comunica com ele, e aí surge a comunicação interpessoal.
...Somos pessoas cheias de tensões, de contradições, de buscas, e essa
comunicação com esses vários “eus” é extremamente complexa. Para
comunicar-me de forma mais profunda com o outro, eu preciso comunicarme de forma profunda comigo mesmo. Para interagir de forma mais livre
com o outro, tenho que me comunicar de forma mais livre comigo mesmo e,
assim, realizar-me nesse sentido, ter uma ação social importante (MORAN,
2003, p. 117).
A ideia da comunicação como instrumento construtivo de uma identidade
individual e coletiva, aproxima, distancia e diferencia as pessoas, as crianças e
jovens que convivem em um mesmo ambiente escolar, onde não cabe mais as
tentativas de criação de robôs, afinal cada pessoa tem a sua personalidade e é
importante que se perceba alguém diferenciado, alguém que tenha uma marca, uma
identidade, assim como ocorre nas empresas, que mesmo trabalhando com
produtos iguais, querem ter sua identidade reconhecida.
31
O mais importante é educar essa força de identidade que cada um tem, e
ao mesmo tempo trabalhar a cooperação, a troca, o intercâmbio, os valores
pessoais e grupais em uma construção que dura a vida toda, por isso é um desafio
bem maior na vida de todo ser humano, que não se esgota com o crescimento da
escolaridade. “A comunicação, de alguma forma, tem uma dimensão de realização.
Afinal, o que me adianta ser doutor, ter livros, se eu não aprendi o principal que é
realizar-me” (MORAN, 2003, p.117).
Outra idéia é o lado pedagógico da comunicação pessoal em qualquer
estágio da vida, onde é possível aprender e se realizar pela comunicação
interpessoal e pela interiorização pessoal. Sempre é tempo para mudar, evoluir,
crescer, ir além. O processo formativo contemporâneo aponta dois caminhos: um
que aponta para a linha da competição e outro para a cooperação. São duas áreas
com as quais são inevitáveis a convivência, o aprender a competir e cooperar.
“Na competição, não são os mesmos mecanismos de comunicação que
na cooperação. E como integrar ambos de uma forma saudável para que
cresçamos? Como se integrar numa sociedade que lhe exige competir e cooperar”?
(MORAN, 2003, p.119). A resposta está nos processos de comunicação
interpessoais. Há uma comunicação que caminha na direção da autenticidade ou da
inautenticidade. Eu evoluo muito mais se trabalho dentro de uma dimensão coerente
e autêntica. Mas como ser autêntico numa sociedade de marketing, onde quase
todos fomos, de alguma forma, condicionados a comunicar só o que nos interessa,
a divulgar o que nos favorece e a esconder o que nos complica? Se sei que pela
comunicação mais autêntica eu aprendo mais, como fazer isso numa sociedade
onde as coisas andam meio embaralhadas? É outro grande desafio.
Creio que o que vale a pena é transformar a vida em um processo de
aprendizagem. Porque, assim, os seus alunos percebem que, junto com o
conteúdo específico da área de conhecimento da sua matéria, você está
comunicando uma pessoa que tem fé na vida, que tem entusiasmo,
confiança e que tem um certo equilíbrio. Isso é importante no processo
pedagógico: não somente ensinar conteúdo, mas ensinar que vale a pena
viver (MORAN, 2003, p.119).
A
professora
Cogo
(2003)
ressalta
outra
discussão,
a
do
multiculturalismo, que orientado ao campo da comunicação e educação também não
é nova, pois nos anos 60 esse debate já ocorria no contexto norte-americano e
produzia novos conceitos, como o de sensibilidades interculturais, ou seja, não há
32
idéias fechadas, nem fórmulas, mas o que existe em grande medida, hoje, esclarece
Cogo, é entender como que as culturas são cada vez mais híbridas. Como essa
noção de entender a cultura a partir da fronteira é fundamental para quem trabalha
com educação?
A professora e jornalista Cogo (2003) frisa o conceito de Alain Touraine, a
escola do sujeito, uma escola voltada para essa reafirmação do sujeito pessoal, para
correção da desigualdade de oportunidades e para a ênfase na diversidade histórica
e cultural desses sujeitos educativos que trazem para a escola esse universo
simbólico, que deve ser trabalhado no ambiente escolar, muito mais como espaço
educativo, em vez de conceber apenas a instituição escolar.
O objetivo desta conduta é analisar as dinâmicas relacionais entre
professores e alunos nos espaços educativos, pautados pela multiculturalidade,
tentando enfatizar algumas relações ligadas a recortes de etnia, classe, gênero,
idade, nação, e dentro disso, as questões regionais também. “E esses professores.
basicamente, vivem a multiculturalidade, via o que chamamos de “mistura de
públicos” (Cogo, 2003, p.153).
2.4
PROJETOS DE CIDADANIA E EDUCOMUNICAÇÃO
O educomunicador Rossetti (2011) explica na entrevista à revista
Comunicação & Educação, da Universidade de São Paulo (USP), edição jul-dez
2011, que o seu contato com a Educomunicação se aprofundou nas reportagens
sobre Educação para um dos maiores jornais do País, a Folha de São Paulo, entre
1990 e 1999, em um curso nos Estados Unidos e no projeto do jornalista Gilberto
Dimenstein, Aprendiz do Futuro, um espaço virtual para os professores aprenderem
a lidar com questões de cidadania usando a novidade da internet.
Segundo o cientista social Rossetti, em 1998 organizou-se uma central de
produção, transformado na ONG Projeto Aprendiz, voltado para jovens de várias
escolas diferentes. E foi assim que um projeto pensado para comunicação sobre a
educação foi se tornando um projeto de Educomunicação, já que os jovens estavam
diretamente envolvidos na produção dessas informações, falando de comunicação
sobre educação e de educação pela comunicação.
33
Outra iniciativa do projeto foi o curso de construção de sites para jovens,
com o objetivo de inserir ainda mais a comunicação na educação, além de sair dos
modelos tradicionais de educação por disciplinas, pela confecção de um produto,
que eram os sites.
Em 1999 Rossetti pediu demissão da Folha de São Paulo e se dedicou ao
projeto Aprendiz e ao Instituto Ayrton Senna, a convite da Viviane Senna, e
percebeu que era preciso criar uma política institucional. Então surgiu a Reducom –
Rede de Educação pela Comunicação, focada na troca de experiências entre
organizações e profissionais que faziam Educomunicação na sociedade civil. Depois
foi convidado pelo Unicef a montar um projeto para transformar ações pequenas de
Educomunicação em políticas públicas, financiados com recursos do Criança
esperança.
Eu saí da Folha em uma época de crise dos jornais, quando a
Educomunicação se tornou importante – não só pela crise em si, mas
porque a idéia anterior de educar para a comunicação, que era educar
receptores, não fazia mais sentido. Hoje, todo mundo virou comunicador.
Mudou o ambiente inteiro, todas as mediações comunicativas mudaram.
Mudou o ambiente global, da humanidade, mudou (ROSSETTI, 2011, p. 93)
Para Rossetti (2011) as escolas ainda estavam quilômetros atrás dos
recursos de que os jovens dispõem e se relacionam por mil canais de comunicação,
e a escola ainda acha que isso é perda de tempo. Se esse espaço é deixado vazio
para as crianças e adolescentes, acabará sendo usado pela indústria do consumo.
Mas, se temos atividade de comunicação dentro do espaço educacional, o educador
vai pensar em como criar um uso mais cidadão desses meios.
...Quando começamos a trabalhar com a Educomunicação, há sete ou oito
anos, não havia nada sistematizado. Todos eram pioneiros. Isso aconteceu
porque a Educom acompanha a revolução nas tecnologias da informação e
comunicação. Se não fosse a entrada da internet, do celular e outros, não
teríamos uma agenda tão forte de comunicação. E muito disso se deve
também à iniciativa privada, que contribuiu para a inclusão digital no Brasil,
porque o instrumento de maior acesso para isso são as lan houses. As
pessoas mais pobres pagam para ir lá, mesmo que seja um real por hora –
e não foi a escola que disponibilizou, nem o Estado, nem o investimento
social privado. Foi a iniciativa privada (ROSSETTI, 2011, p.94).
Ainda hoje, a maioria das pessoas que promove a Educom não está
dentro do sistema oficial de educação, mas sim na sociedade civil organizada,
universidades e ONGs, um movimento que surge de fora do mundo da escola e vai
34
para dentro da educação. Rossetti critica as universidades por não darem maior
destaque às atividades de extensão, envolvendo o trabalho nas comunidades e
escolas.
...Em um dos meus livros, comento que o sistema de correção na língua
portuguesa, por exemplo, é muito claro para o professor: ele corrige o que
está errado e confirma o que está certo. Já num fanzine, por exemplo, o uso
da língua portuguesa é completamente diferente, o que é muito difícil para o
educador tradicional entender. A maneira como a escola está organizada,
hoje, é um problema para projetos de educomunicação – que pressupõem
mais de um professor por sala de aula, períodos que não sejam o de 50
minutos e outras coisas que a escola não está pronta para incorporar.
Então, é mais fácil criar massa crítica, não necessariamente fora da escola,
mas fora da grade curricular, usando a Educom como atividade
complementar à escola e multiplicando experiências (ROSSETTI, 2011,
p.95).
A aprovação de uma licenciatura em Educomunicação na ECA-USP é
mais um passo na institucionalização formal desta disciplina e na formação de todas
as crianças e jovens brasileiros. Para Rossetti os passos que o movimento da
educomuncação vinha dando eram de aproximação cada vez maior das políticas
públicas de educação, a criação de uma licenciatura nessa área, ainda mais em uma
universidade do porte e da importância da ECA/USP, é um salto para o movimento,
fortalecendo o conjunto das organizações, governamentais ou não, que trabalham
com educomunicação.
As comparações e análises neste novo campo são inevitáveis, e no caso
da educação tradicional, tudo que se aprende serve para a prova que se vai fazer,
ou então a importância daquele conteúdo só será percebida no futuro. Na Educom, a
produção de um jornal, um site ou um programa de rádio não vai ficar parada na
estante porque essas atividades midiáticas ajudam os jovens a darem um sentido
positivo para a vida, usando a comunicação como instrumento de intervenção na
realidade, de geração de identidade positiva dentro da sociedade.
Fazendo um jornal e se relacionando com a comunidade, a pessoa pode
mudar um ecossistema comunicativo inicialmente negativo e, conseqüentemente, o
sentido que as próprias pessoas dão para a vida. “O segundo ponto positivo é que
não lidamos mais com o conhecimento dividido em compartimentos: para fazer um
jornal, são necessários todos os conhecimentos juntos” (ROSETTI, 2011, p.95).
O comunicador, o jornalista é um “especialista em generalidades”, como
se costuma falar, porque este profissional transita por vários temas, mas um trabalho
35
interdisciplinar. Rossetti acha que uma das falhas na formação de comunicadores é
justamente a falta de profundidade em certos assuntos – seria preciso entender mais
sobre política, antropologia, economia. Hoje em dia o comunicador só tem formação
nos meios, nas formas, e não nos conteúdos.
Nesse sentido, considero o reconhecimento da área de Educomunicação
pelo Ministério da Educação (MEC) uma evolução muito importante,
resultado da mobilização de diversas organizações independentes para
colocar esse tema na agenda. A conquista no nível das políticas públicas
significa que a Educomunicação se tornou uma das áreas de oferta dentro
do Guia de Tecnologias Educacionais, criado pelo MEC para os municípios
aos quais repassa dinheiro para capacitação e atualização de professores e
escolas (ROSSETTI, 2011, p.97).
O PhD em Sociologia, Demo (2007), na obra o Povir, logo na Introdução,
também propõe uma profunda reflexão sobre a educação atual, ao constatar que os
problemas de nossas escolas hoje, mostram clamorosamente o distanciamento dela
para com o mundo das crianças e adolescentes.
Não seguiria daí – assim ainda imagino – sua extinção, mas sua radical
redefinição. Não reduzo seu péssimo desempenho atual no Brasil, em
termos de rendimento escolar dos alunos, a esse distanciamento, porque,
mesmo sendo a motivação fator fundamental da aprendizagem, muitas
vezes aprendemos também sem motivação, em particular, quando a
premência fala mais alto.(DEMO, 2007, p.13).
Demo (2007) adianta duas coisas: não vê culpa de ninguém, razão pela
qual não atribui ao professor qualquer necessária má consciência, porque ele é fruto
de uma história discriminatória extrema, tanto quanto o aluno (erra o professor
quando culpa o aluno, assim como erramos nós quando culpamos o professor).
“Não considero que as expectativas dos alunos sejam sagradas, porque também
podem estar fora de lugar, mas creio que são referências inarredáveis de uma boa
escola.” (DEMO, 2007, p.15).
O sociólogo constata que a nova geração estuda de outros modos, por
vezes, chocantes, gosta de barulho, música alta e excitada, algo que, para a
geração anterior, seria inconcebível, já que estudar é sinônimo de atenção
maximamente concentrada. “Gosta de estudar na internet, em comunidades virtuais,
em contatos constantes, comunicando-se fluidamente. Gosta de ambientes mais
caóticos, sem regras rígidas, atribuindo à motivação papel fundamental”. (DEMO,
2007, p. 86).
36
Quando o assunto interessa ao aluno é capaz de perder a noite diante do
computador, em grupo físico ou virtual, construindo e reconstruindo conhecimento
intercomunicado. As novas gerações apreciam menos livros do que hipertextos,
embora sob o risco de encurtamentos e facilitações e acompanha passo a passo as
novidades virtuais e as observa como passaporte para o futuro, confirma Demo.
Demo (2007) cita Infante, discutindo o desafio da capacitação permanente
e sobre o impacto dos avanços tecnológicos, informação e comunicação no trabalho
e na vida diária, o que exige um processo de educação permanente, ou seja,
educação para toda a vida, educação voltada para o desenvolvimento de sólida
formação básica que permite às novas gerações saber pensar, analisar, sintetizar,
inferir, interpretar crítica e criativamente a massa crescente de informação. Demo
reafirma que as competências básicas exigidas para o trabalho são, no fundo, as
mesmas para dar conta da vida diária. “É difícil encontrar um aluno entusiasmado
com a escola. Na contramão, é difícil encontrar um aluno que não tenha paixão pela
nova mídia” (DEMO, 2007, p.86).
Capítulo 3 - COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
O que parece ser novidade ou uma ideia avançada para o início do
terceiro milênio do calendário ocidental, na verdade existiu desde as primeiras
décadas da radiodifusão. A concepção de rádio educativo no Brasil tem uma longa
trajetória, tem a idade do próprio rádio, que em 2012 completa 90 anos de história, e
tanto tempo depois, como já foi destacado antes, o sonho do cientista Roquette
Pinto continua bem vivo em cada projeto de rádio escola que se concretiza ou é
pensado. A substancial diferença é que agora este sonho renasce dentro das
próprias escolas.
Outra histórica coincidência está na estrutura técnica pensada para este
tipo de rádio, pois desde as décadas de 30, 40 do século passado, a alternativa era
investir em sistemas de alto-falantes para a retransmissão dos programas em
formato de aulas. Hoje, com a revolução tecnológica ao alcance de todos, continua a
aposta na instalação dos sistemas de som no interior das instituições de ensino
37
como espaços alternativos para melhorar a comunicação, a convivência e a forma
de ensinar e aprender.
Para Blois (2004), o rádio foi o primeiro sistema de multimeios em
educação a distância e também de forma presencial no País, voltado, inicialmente
para preparar professores para o uso do veículo como meio auxiliar da prática
pedagógica escolar, o que fez de Roquette Pinto um visionário com o slogan
“Trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do Brasil”.
Num País que tem o rádio presente em quase 90% dos domicílios, pode-se afirmar, sem
dúvida alguma, que o “brasileiro não vive sem rádio”. (...) Se, na verdade, o rádio
constitui a primeira manifestação tecnológica de uma realidade virtual no cotidiano das
pessoas e também na educação, hoje caminha em espaços desterritorializados,
evoluindo sempre, firmando posição sem saber, realmente, que “cara” irá ter (BLOIS,
2004, p.176).
3.1
RÁDIOS NAS PRAÇAS, RUAS E POSTES
A exemplo do governo do ex-Território do Amapá, que começou com um
sistema de alto-falante em praça pública, antes da instalação da rádio eletrônica, a
Difusora AM, outras iniciativas de sistema de som marcaram época em Macapá,
como no caso da “Rádio Latitude Zero”, pertencente à Associação Solteiros e
Casados do bairro do Trem, fundada em 1950, instalada inicialmente na praça da
sede dos escoteiros e a partir da década de 80, no campo de futebol da praça Nossa
Senhora da Conceição, utilizada para as narrações esportivas e alguns eventos
culturais, como o Carnaval.
A Rádio Latitude revelou um dos mais originais locutores de praças do
Amapá, Manoel Ferreira, o Biroba, que deixava de lado o futebol e dedicava um bom
tempo para falar das pessoas que passavam pelos arredores, destacava as escolas
do entorno da praça, entrevistava alunos, professores, anunciava recados, eventos
escolares e aconselhava a juventude estudantil, como ele mesmo dizia, para não
desviar do bom caminho.
Lojas, igrejas, empresas, associações esportivas de diversos bairros,
veículos, permanecem utilizando o alto-falante ou as potentes caixas acústicas em
sistemas de som, para as mais variadas informações comerciais, religiosas,
esportivas, de utilidade pública, além das legítimas rádios de rua existente em quase
todas as áreas comerciais, nas feiras, terminais de ônibus dos bairros de Macapá.
38
A ânsia de comunicar somada ao baixo custo dos equipamentos básicos
– uma potência, algumas caixas acústicas, um microfone, uma mesa de som e um
cd play – tem levado às escolas a ideia de instalação de sistemas de som internos,
batizados de rádio escolas, quase sempre por iniciativa dos discentes.
No início da década de 80 já existiam tentativas de rádio escola, como no
caso do Colégio Comercial do Amapá (CCA), hoje Escola Estadual Gabriel de
Almeida Café, onde funciona atualmente um dos maiores projetos de comunicação
escolar, que alcança os dois andares da escola. Segundo o professor Luis Correa,
coordenador da rádio escola no antigo CCA, o projeto está incluído no Ensino Médio
Inovador e já realizou diversas oficinas de capacitação para os alunos que se
inscreveram a fim de participar. O mais difícil é a continuidade, a perseverança dos
alunos, por isso é preciso incentivar sempre, garante o professor.
Em meados da década de 80 a Pastoral da Comunicação (Pascom) da
Diocese de Macapá, organismo da Igreja Católica local, coordenada pelo autor deste
trabalho, produzia e apresentava um programa de TV semanal, aos sábados à tarde,
na TV Amapá, denominado Programa Jovem A Igreja em Nosso Meio, que ficou no
ar por mais de dez anos.
Em razão do crescimento do número de jovens em participar do programa
de TV e de outras iniciativas, a Pascom começou a organizar oficinas de
comunicação popular para jovens de Macapá, Santana e do interior, com o intuito de
discutir projetos alternativos inspirados nas experiências das CEBs em outros
estados brasileiros, como jornal impresso e de mural, rádio poste, comunitária e
escolar, nas quais participaram alunos de diversas escolas.
As tentativas não foram bem sucedidas nas escolas, segundo os
estudantes, por falta de equipamentos e de total apoio por parte das direções dos
educandários. Em algumas comunidades a ideia vingou, mas enfrentou problemas
de continuidade da programação alternativa, o que fez prevalecer nos bairros o
sistema de som das igrejas apenas para a transmissão de missas, orações e
músicas religiosas, como já havia antes e continua a funcionar hoje.
As tecnologias de ponta, que surgem praticamente todos os dias na área
da comunicação e informação, não descartam as antigas formas de divulgação, ao
contrário, estas também se modernizam como fazem aqueles que investem nas
39
chamadas rádios de poste ou de rua. A radialista profissional Marlete Rodrigues
Farias também já trabalhou em vários serviços de som com a gravação de
comerciais, vinhetas e recados ao vivo. Segundo ela, existem mais de 20 rádios de
poste em Macapá, com estúdios equipados de potência, equalizador, mesa de som,
microfone, computador e nos postes os cabos, caixinhas com alto-falante e
transformador de linha. Farias (2012) explana que
Os programas veiculados nestes tipos de rádios são do gênero informativo,
para a divulgação cultural do bairro; noticias e utilidades públicas que
interessam a comunidade; e um variado roteiro musical que procura agradar
todos os gostos. Estes serviços sobrevivem de comercial, mas a maioria
recebe apoio do governo e prefeitura para anúncios governamentais. O
retorno dos ouvintes é satisfatório, pois, a comunidade participa via telefone
ou diretamente no estúdio que sempre está bem próximo dos moradores.
A autorização para o funcionamento destas rádios é dada pela Prefeitura
e os responsáveis geralmente são pessoas que pertencem ao bairro, à comunidade
onde está instalada a rádio poste, que funciona no horário das 08h00 às 12h00 e de
14h00 às 18h00. As maiores dificuldades são técnicas, pois as caixinhas são
constantemente depredadas, além das interferências políticas nas disputas dos
espaços para instalar as rádios.
3.2
A VOZ DO NOVO HORIZONTE
Um projeto de referência da radiodifusão comunitária de Macapá surgiu
no outro extremo da cidade, na zona Norte da capital, a Rádio Poste organizada
pela Associação de Moradores do bairro Novo Horizonte, no início da década de 90,
hoje a Rádio Eletrônica FM Novo Tempo, 105,9. Segundo o jornalista João Augusto
Flexa, no TCC apresentado em 2004 à Faculdade Seama, a rádio de rua surge dos
movimentos sociais com o objetivo de usar o microfone “para mobilizar, articular,
criar espaços reivindicatórios e para a proposição de soluções dos problemas”
(FLEXA, 2004: 25)
A elevação do ex-Território em estado do Amapá, com a promulgação da
Constituição Federal de 1988; a criação da Área de Livre Comércio de Macapá e
Santana, em dezembro de 1991, e as notícias de que o Amapá seria um novo
eldorado brasileiro, provocou um fenômeno migratório ao novo estado, e em
40
consequência multiplicaram-se os problemas sociais de toda ordem. Antes da
criação da chamada zona franca a população de Macapá, segundo o IBGE, era de
aproximadamente 200 mil habitantes, e vinte anos depois a população da capital
quase triplicou, e hoje é de aproximadamente 500 mil habitantes.
No contexto do início da década de 1990 um grupo de migrantes oriundo
dos movimentos de sobrevivência da Transamazônica, do estado do Pará, pastorais
católicas, igrejas evangélicas e da militância de partidos da esquerda começaram a
reunir para implantar uma rádio comunitária na invasão do Capilândia, atual bairro
Novo Horizonte II. Os encontros eram realizados em uma sala da única escola da
comunidade, a Dom José Maritano, construída pela igreja católica, local que abrigou
por diversas vezes o estúdio da rádio comunitária.
A emissora chegou a ter em torno de trinta caixas de som dependuradas em
postes e distribuídas numa extensão de quatrocentos metros. A rua Cícero
Marques de Souza foi a escolhida para receber os alto-falantes por ser uma
referência, uma das primeiras artérias do bairro, onde estão as principais
casas comerciais da área (FLEXA, 2004, p. 27).
Cinco anos após a instalação, em julho de 1998 a rádio batizada de Novo
Tempo, deixa de ser uma rádio cipó, como era a denominação popular, e entra no
espectro eletrônico como rádio FM, mas considerada pirata por não ter a concessão
e a permissão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), assim como
diversas emissoras populares faziam em todo o Brasil, com o apoio do Movimento
Nacional pela Democratização da Comunicação e da Associação Brasileira de
Rádios Comunitárias (Abraço).
Apreensão de equipamentos, lacres, prisão de diretores, processos
judiciais, manifestações públicas, protestos na Câmara de Vereadores e Assembleia
Legislativa, conflitos internos, requerimentos e elaboração do projeto de concessão
da emissora marcaram a luta dos movimentos do bairro Novo Horizonte e da zona
Norte de Macapá até a legalização da FM no Ministério das Comunicações.
Após quase uma década de muito empenho, no início de 2007 a rádio
Novo Tempo, finalmente recebeu a concessão oficial e a permissão para funcionar,
com base na Lei das Rádios Comunitárias, uma das maiores vitórias do movimento
popular na comunicação amapaense. Hoje a FM 105,9 conta com prédio próprio,
41
uma biblioteca comunitária e uma grade com mais de uma centena de programas de
todos os segmentos sociais, incluindo espaços do movimento estudantil e de
escolas públicas de Macapá.
A Novo Tempo é considerada uma legítima rádio comunitária do Amapá,
por ser administrada pela Associação de Comunicação Alternativa do Novo
Horizonte, constituída de representantes dos mais diversos segmentos sociais,
enquanto as demais são controladas e usadas politicamente pela família Borges,
detentora do grupo Beija-flor de comunicação, conjuntamente com políticos dos
municípios e distritos do interior do estado, em um flagrante desrespeito da Lei de
Radiodifusão Comunitária.
3.3
UM PROJETO LOCAL DE REPERCUSSÃO NACIONAL
A história da comunicação pública no Amapá, como já foi relatada
anteriormente, passa pela Rádio Difusora AM, sempre controlada pelos governos do
ex Território e governo estadual, mas com a eleição de João Alberto Capiberibe para
governador em 1994, a política de comunicação teve como base o Programa de
Desenvolvimento Sustentável e o rompimento com o processo de colonização,
dominação e opressão reproduzida pelos meios de comunicação no estado.
A nova política de comunicação prioriza a inclusão e a participação de
todos os segmentos sociais, principalmente os indígenas, mulheres, negros, jovens,
adolescentes, ribeirinhos e os povos da floresta, setores da sociedade que ganham
espaço radiofônico próprio, a partir de 1995, ou então participavam da produção e
veiculação do programa dos movimentos sociais A nossa voz, aos sábados, às 8
horas.
Paralelamente às iniciativas governamentais, grupos organizados instituem
o Fórum da Sociedade Civil Organizada, que teve participação importante
no processo de descentralização e decisão política do governo estadual. As
entidades que participavam do Fórum conquistaram horários na grade de
programação da Difusora, que passa a veicular produções especiais sobre
as etnias indígenas, afrodescendentes, movimentos de mulheres, de
cooperativas e associações culturais e de bairros (FLEXA, 2004, p. 24)
Uma das novas organizações governamentais criada pelo novo governo
foi a Assessoria Especial para a Juventude, que teve como primeiro assessor o atual
senador Randolfe Rodrigues. Um das ações inovadoras implantadas pela
42
assessoria, em julho de 1997, foi o programa de rádio Fala, Juventude, na Difusora
AM, de segunda a sexta, entre 15 e 16 horas, com o propósito de estimular o
protagonismo juvenil no rádio, divulgar os trabalhos da assessoria e debater temas
de importantes e de interesse da juventude.
O sucesso do programa radiofônico motivou um salto maior ainda: a
elaboração e execução do Projeto Fala Juventude nas Escolas. De acordo com
Patrícia Sullivan Loureiro, produtora e locutora do programa de rádio na época, o
projeto objetivava a realização de oficinas de rádio nas escolas, capacitar jovens
para serem agentes multiplicadores do programa na Difusora, nas escolas e formar
futuros comunicadores comprometidos com uma sociedade mais justa e cidadã, e
com uma comunicação mais crítica e participativa.
Panfletos, informativos, cartazes, faixas, palestras em sala de aula,
inscrições, seleção, seminários sobre comunicação nas escolas, capacitação de
jornalistas, técnicos e professores para atuarem como facilitadores e multiplicadores
foram atividades que contribuíram para a divulgação e execução do projeto, a partir
de agosto de 2009, após a reeleição do governador Alberto Capiberibe.
...O projeto iniciou pela Escola Esther Virgulino, no São Lázaro. Inicialmente
são 25 estudantes de 2º. Grau que integram o trabalho. O objetivo é
capacitar jovens estudantes da rede pública com oficinas de locução,
produção, criação, operação de áudio e sonoplastia e rádio-jornalismo,
visando tornar o jovem um agente multiplicador da comunicação
(TRINDADE, 1999, p. 8).
Alunos e alunas de dezenas de escolas participantes das oficinas viveram
a experiência de produzir, apresentar, entrevistar, interagir, criar, elaborar roteiro
musical e por a mão na massa em todos os recursos radiofônicos, nos estúdios da
Rádio Difusora, por meio do programa Fala Juventude, nos eventos que ocorreram
nas escolas, com transmissões ao vivo pela Difusora e em outras programações
escolares feitas em formato de rádio conduzidas pelos estudantes.
Outra notável iniciativa do projeto Fala, Juventude nas Escolas foi a
elaboração de um Manual das oficinas de rádio, escrito por autores e autoras da
equipe de facilitadores do projeto, com organização final do professor e poeta Paulo
Tarso Barros e a publicação da 1ª. edição em dezembro de 2000. O Manual tornouse o material didático referência das oficinas e de outras capacitações que
envolveram, inclusive, professores e outros grupos da comunidade.
43
O caráter inovador desta experiência despertou o interesse do programa
Nacional Paz nas Escolas, da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos
do Ministério da Justiça, que está apoiando o projeto e a publicação da
segunda edição deste manual, utilizado nas oficinas de capacitação como
material didático, por meio de contrato internacional firmado entre o FNUAP
– Fundo de População das Nações Unidas e a AMAJUV – Associação
Amapaense de Apoio à Juventude, executora do Fala Juventude nas
Escolas em parceria com o Governo do Estado do Amapá, através da
Assessoria Especial para a Juventude e Rádio Difusora de Macapá.
(LOUREIRO et al, 2002, p. 1)
A 2ª. edição do Manual das Oficinas de Rádio foi lançada em fevereiro de
2002, com o apoio do programa Paz nas Escolas, do Ministério da Justiça, que além
do incentivo financeiro,
também concedeu menção honrosa ao Projeto Fala
Juventude nas Escolas, do Governo do Amapá, indicado também como modelo para
escolas de todo o país. Com a mudança de governo em 2003 o Fala Juventude foi
extinto, mas retomado em 2011, no governo de Camilo Capiberibe, um dos
principais idealizadores das oficinas de rádio nas escolas em 99.
Em depoimento ao autor deste trabalho, a ativista do movimento negro,
Rejane Soares ressalta a importância do Fala Juventude em sua vida, a partir do
momento em que participou das oficinas da escola José de Anchieta, em 2000. “O
Fala mudou completamente a minha história de vida, pois eu não tinha consciência
de nada, mas com a participação neste projeto fui capaz de falar em um microfone
de rádio para milhares de pessoas, um sonho que eu considerava quase impossível
de realizar”.
Segundo Soares, o projeto de rádio abriu as portas para o mundo e
provocou um verdadeiro despertar diante de suas origens negra, pobre e enquanto
mulher para as questões de gênero. A partir do Fala ela começou a participar de
movimentos sociais e depois conheceu as organizações afrodescendentes e
quilombolas com as quais descobriu uma forte identidade.
Hoje, Rejane Soares é coordenadora do projeto Afro Mulher, da
Secretaria Estadual de Políticas para Afrodescendentes, com apoio de organismos
da ONU. Ela já conheceu diversos estados brasileiros e chegou até a África, na luta
contra a discriminação, o preconceito e o combate à todas as formas de exclusão.
”Quem diria! Agora, eu é que sou convidada para entrevistas na TV, no
rádio, para debates, seminários, articulações para atuar em conferências estaduais,
44
nacionais que discutem e propõem políticas públicas que possam melhorar a
condição de vida dos mais pobres e de toda a sociedade. E tudo começou no Fala
Juventude”, declara emocionada Rejane Soares.
Cliver Campos é outro jovem que sempre sonhou em ser comunicador e
encontrou no Projeto Fala Juventude a oportunidade que buscava, ao apresentar
programas na Rádio Difusora. Atualmente, Cliver apresenta programa na 102,9 FM,
aos sábados à noite, produz um blog e faz reportagens sobre carnaval e cultura
amapaense.
Campos nomeia alguns jovens que passaram pelo Fala Juventude e
estão seguindo carreira profissional nos grandes meios de comunicação: Odivar
Filho, jornalista e locutor da 99,1 FM; Silvio Souza, apresentador do Estado é
Notícia, da TV Tucuju; Célia Souza, jornalista, advogada e professora, foi repórter da
Rede Vida e TV Nazaré e apresenta programas nas manhãs de domingo, na Porto
AM e Jovem FM, emissoras do município de Santana; Marlete Rodrigues, que já
trabalhou na Difusora, em várias FMs, rádios de rua e atua na área de Relações
Humanas; Téo, repórter da TV Tarumã; Márcia Fonseca, repórter da Difusora e
estagiária de jornalismo da Eletronorte Amapá; Andrea Maciel, que participa de
programa de rádio no interior do Pará; Alex Kapuleto, humorista revelado no Fala e
atua na área da publicidade.
Mais de 300 jovens foram capacitados pelas oficinas do Fala Juventude,
além de milhares de estudantes envolvidos nas outras etapas do projeto, no caso
das palestras de divulgação e sensibilização, programas de rádio ao vivo das
escolas, interação por telefone durante os programas feitos por colegas de escola,
por meio de enquetes de rua sobre assuntos polêmicos e importantes para os
jovens, entrevistas no estúdio, entre outras.
A Secretaria Extraordinária de Políticas para a Juventude (Sejuv) retomou
em 2011 o programa de rádio Fala, Juventude, na Difusora, no tradicional horário da
tarde, ao mesmo tempo em que foi formada uma equipe para reelaborar o projeto
das oficinas de rádio nas escolas. A Sejuv já promoveu nos dias 13 e 14 de abril,
uma capacitação voltada aos profissionais e acadêmicos de Jornalismo para atuar
como ministradores de capacitação do programa Fala Juventude na Escola 2012. A
45
capacitação foi orientada pelas jornalistas Taís Ladeira e Mara Régia, para definir as
metodologias de trabalho desenvolvidas durante a realização do projeto.
Diversos temas foram abordados, como radiojornalismo, locução, técnicas
de sonoplastia, criação e produção de rádio, além de serem feitas também as
últimas reformulações para a conclusão do novo Manual Fala Juventude, que servirá
de base para a realização das oficinas do programa que iniciaram no mês de abril,
atendendo inicialmente sete escolas de Macapá e Santana.
Neste primeiro momento, faremos a capacitação dos nossos oficineiros, que
posteriormente executarão o projeto junto aos jovens. Nesta primeira
etapa, sete escolas da rede estadual de ensino serão contempladas com o
projeto, uma vez que as mesmas já possuíam rádio e que eram utilizadas
apenas para tocar músicas e para divulgar internamente as atividades
escolares. Com o projeto, iremos levar capacitação para estes jovens e para
os coordenadores das rádios, para que eles possam ser multiplicadores do
projeto dentro da escola, afirma a coordenadora de Planejamento e
Execução da Sejuv, Luana Picanço. (PICANÇO, online, abril de 2012)
Capítulo 4
ESTUDO DE CASO DA RÁDIO ESCOLA CASTELO
A comunicação a serviço da educação. É assim que o jornalista Gilberto
Dimenstein, um dos precursores da Educomunicação, traduz este novo termo de
forma clara e objetiva. Para ele, este é um olhar totalmente diferente do jornalismo e
da comunicação tradicional, nem é pior e nem é melhor. É diferente. Ele afirma que
jamais pediria para que não existisse o jornalismo da denúncia e da investigação.
“Um não é contra o outro. São olhares que sobrevivem juntos. Claro que o olhar da
educomunicação você vê com mais intensidade, como que você pode ajudar a
transformar a sociedade através da comunicação”. (DIMENSTEIN, online, maio de 2012)
Outro ponto interessante envolvendo o crescimento da educomunicação
diz respeito aos projetos e aos livros paradidáticos escritos pelo jornalista, e que
para a surpresa de todos tiveram uma aceitação gigantesca, apesar do autor não ser
pedagogo, mas um comunicador social plenamente comprometido com a educação.
Não tem nada de tão novo. O impacto da internet não equivale a um quinto
do impacto que Gutemberg teve na história da humanidade. A gente nunca
parou de mudar, a questão é que quando você está no olho do furacão a
sensação é de uma mudança brusca. Você nunca teve na história da
humanidade pessoas com tanto acesso à informação, mas eu faço uma
46
observação quanto à falha dos jornais. Eles deveriam ter ganhado os
leitores quando eram meninos. Eu mesmo comecei a ter relação com o
jornal lendo esporte e depois fui para os outros cadernos. Sempre achei que
se o jornal tivesse na sala de aula para ser trabalhado transversalmente
seria uma forma de levar leitores para o jornal. Não houve um olhar para
isso. (DIMENSTEIN, online, maio de 2012)
Outro empreendimento educomunicativo foi a Agência Nacional dos
Direitos da Infância e Juventude (Andi) WWW.andi.org.br criada por um grupo do
qual Gilberto Dimenstein fez parte, e que surgiu como um clique na cabeça de
comunicadores que pensaram: em vez de só fazer a denúncia, não é possível
buscar a solução? O site da ANDI é uma das melhores opções para trabalhar nas
escolas a cidadania, os direitos da infância e a agenda pública para a juventude.
Tinha muita resistência na época. Muitas críticas, muita gente articulando
ONG´s. Gente falando sobre responsabilidade social. Mas também já tinha
gente com um olhar mais educativo. E nossa proposta foi educar jornalistas
para ter um olhar diferente sobre questões sociais. E quando você entra
nesse mundo e vai deixando de lado só a denúncia e a crítica acabam
virando um educador. (DIMENSTEIN, online, maio de 2012)
Mesmo sem considerar os princípios da educomunicação, docentes e
discentes da Escola Estadual Castelo Branco sempre buscaram, nas últimas
décadas, atualizar os recursos, desenvolver projetos pedagógicos e utilizar
instrumentos comunicativos para construir um processo educacional mais atualizado
e aberto às novas tecnologias, aproveitando os investimentos financeiros do governo
federal, a partir da metade da década de 90, com a liberação de antenas
parabólicas, receptores de satélites, vídeos e demais acessórios necessários para o
uso dos recursos audiovisuais.
Com a estruturação da TV Escola e sala de vídeo/cinema o alunado
começou a ter mais acesso a filmes, clipes, vídeos e outros recursos audiovisuais
inseridos aos conteúdos programáticos e de atualidades. Por sua vez o Tele Posto
Um Salto para o futuro, tornou-se um espaço de capacitação, debates e interação de
professores com especialistas em educação e de outras áreas do conhecimento.
Hoje a escola conta com um grupo de quase dez professores pós-graduados em
Mídias na Educação pela Unifap, e em Tecnologias da Educação pela Pontifícia
Universidade Católica (PUC - Rio).
No final do século XX a Escola Castelo adquire os primeiros
computadores para os trabalhos burocráticos, mas sempre querendo mais a turma
47
dos inquietos começou a planejar projetos, como os Laboratórios de Ciências e
Informática, e a rádio da escola à qual foi destinada uma sala própria, no mesmo
corredor da TV Escola.
4.1
A TRAJETÓRIA DA RÁDIO CASTELO
A orientadora de aprendizagem Josefina Silva de Almeida, uma das
organizadoras da TV Escola e do Tele Posto, relatou que a ideia da rádio foi
inspirada nas experiências bem sucedidas de outras escolas, como as que estão
relatadas nesta monografia. A primeira fase de concepção da REC foi movida pela
aquisição de equipamentos básicos, inicialmente doados por alunos, principalmente
as caixinhas de som dos mais diferentes tipos e consequetemente incompatíveis,
mas mesmo assim, a Rádio Escola funcionou algumas vezes de (2004 a 2006) de
forma experimental, com alguns espaços musicais.
Em 2007 foi elaborado o Projeto Pedagógico Rádio Escola Castelo, com
um professor e jornalista indicado para coordenar a iniciativa, mas sem sair da sala
de aula. Mesmo sem os conceitos da educomunicação, mas fundamentado nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o projeto já apresenta objetivos afinados
entre as áreas da educação e comunicação.
A proposta pedagógica da REC é incentivar educadores e educandos a
desenvolver uma linguagem interativa, produções participativas nas práticas
educativas, facilitadas pelas técnicas radiofônicas, além de ser uma alternativa de
construção de uma rede comunicativa democrática, onde as pessoas sejam
respeitadas e reconhecidas por suas potencialidades e competências.
O segundo momento foi a elaboração de um projeto financeiro, incluído
no Plano de Ação do Programa de Desenvolvimento da Escola (PDE) e no
Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) em 2008. No segundo semestre de
2009 os recursos foram liberados e os equipamentos básicos foram comprados no
mercado local.
No início de 2010 foi feita a montagem dos equipamentos da rádio, a
organização do estúdio e a distribuição de dez caixinhas acústicas nos dois andares
do prédio escolar, com a colaboração direta de alunos e apoio técnico voluntário. A
48
REC voltou a funcionar, quase que diariamente, principalmente nos turnos da tarde
e da noite, mas sem uma programação planejada e sem o envolvimento direto dos
alunos que, inclusive, chegaram a participar de algumas oficinas radifônicas. A rádio
continua a funcionar apenas com recados, músicas e entrevistas esporádicas.
No segundo semestre de 2010 o aluno responsável pela sonoplastia da
programação do turno da tarde, foi envolvido em uma crise interna que acabou no
afastamento da diretora da escola. Ele foi acusado de utilizar a REC para mobilizar
os alunos a participar de manifestação contra a direção da escola. O aluno chegou a
prestar esclarecimento para uma comissão da Secretaria de Estado da Educação
(SEED), e até em delegacia de polícia, onde afirmou que a rádio não veiculou
nenhuma denúncia contra a diretora, mas apenas divulgou notícia de reunião para
tratar de assuntos do interesse da comunidade escolar.
Percebe-se que mesmo sem uma programação planejada e consistente a
rádio escola, indiretamente, contribuiu com a mobilização que reivindicou melhorias
para a instituição, mais respeito e valorização de discentes e docentes por parte da
direção. A repercussão do movimento na grande imprensa e no seio da comunidade
escolar resultou no pedido de exoneração da diretora e da vice por parte da equipe
de sindicância da SEED. Um novo diretor foi nomeado para a direção e uma das
primeiras medidas foi manifestar apoio para o bom funcionamento da REC.
Ainda em 2010, com a implantação do Ensino Médio Inovador na escola,
foram realizadas oficinas de rádio nas salas de aula e para grupos interessados no
projeto da rádio. Noções de técnicas e formatos radiofônicos foram passadas aos
estudantes, como redação jornalística, produção, locução, operação, criação e
interatividade, mas os conflitos internos afetaram o funcionamento e o avanço do
projeto de comunicação escolar.
Em 2011, o Projeto Mais Educação também foi implantado na Escola
Castelo Branco e ofereceu, entre outras atividades artísticas e culturais, a oficina de
rádio escola para turmas do Ensino Fundamental, orientada pela monitora e
radialista Márcia Fonseca, contratada para conduzir a capacitação dos alunos. O
espaço da rádio foi ampliado e recebeu novos equipamentos enviados pelo MEC. O
Mais Educação sofreu problemas de continuidade em função de ações trabalhistas
que causaram o bloqueio das finanças do programa.
49
Em 2012 a Rádio Escola novamente foi destacada no planejamento de
oficinas para o Ensino Médio Inovador e Regular e mais uma vez viu adiada a
concretização da REC no cotidiano da escola em razão da greve dos professores.
4.2 ANÁLISE DO PROJETO E FUNCIONAMENTO DA REC
Entre outras observações e para melhor investigar o porquê da
problemática que impede o funcionamento regular e satisfatório da REC um grupo
formado
por
professores,
coordenadoras
pedagógicas
e
orientadoras
de
aprendizagem da Escola Castelo Branco foi consultado por meio de questionário e
entrevista verbal para uma avaliação do projeto da rádio escola.
Primeiramente o grupo declarou que conhece o projeto, sempre
reapresentado no início de cada ano letivo, por ocasião da semana pedagógica. Por
sua vez, uma equipe de alunos e alunas do Ensino Médio também foram ouvidos
sobre este projeto que tanto interesse despertou na maioria dos estudantes
castelanos. Grande parte dos alunos entrevistados disse conhecer o projeto, mas
alguns explicaram que não tem informações sobre a rádio por serem novatos na
escola.
Os profissionais da educação que há mais tempo estão na Escola Castelo
afirmaram saber que os equipamentos da rádio foram adquiridos com recursos
financeiros do Governo Federal, por meio dos programas PDE, PDDE, Ensino Médio
Inovador e Mais Educação, mas a maioria dos estudantes afirmou que não sabe
como os equipamentos foram adquiridos. Boa parte da equipe de alunos declarou
também já ter participado da oficina de rádio na escola, ação avaliada de forma
muito positiva por eles. A outra metade ainda não participou, mas deseja ter a
oportunidade de se integrar nesta atividade.
Quanto aos problemas encontrados para o funcionamento regular da
rádio, o principal apontado pelo grupo de docentes foi a falta de um (a) orientador (a)
de aprendizagem para coordenar e acompanhar este trabalho, a exemplo dos outros
ambientes tecnológicos de aprendizagem que funcionam a contento nos três turnos.
“Sem alguém seriamente comprometido, o projeto não sai do papel. Equipamento
sozinho não faz nenhuma diferença, parado, se deteriora mais rápido”, afirmou
Josefina Almeida.
50
Outros
problemas
também
foram
apontados.
A
orientadora
de
aprendizagem e especialista em Tecnologias da Educação, Maria Antonia Lima
Mendes, percebe que há falta de interesse da maioria da comunidade escolar e/ou
por desconhecerem que a rádio também está a serviço do ensino e aprendizagem,
através da mídia radiofônica, que não é só mais um objeto de diversão.
Quando a questão é a importância do projeto de rádio, a manifestação
favorável é quase unânime. A coordenadora pedagógica do turno da noite, Otacília
Paes, reconhece que a rádio é uma ferramenta que fortalece o aprendizado, no que
diz respeito a linguagem, leitura, interpretação, a criatividade e a outros campos de
formação e cidadania que o aluno precisa.
A professora Jeane Oliveira da Silva, que trabalha com a disciplina
Português/Literatura, no horário da tarde, acredita na dinamicidade para as práticas
escolares e para os alunos que gostam de tudo o que os leva para fora da
tradicional sala de aula.
A importância das mídias nas escolas é cada vez maior e considerado um
processo praticamente irreversível diante da presença das TICs na vida profissional
e pessoal dos discentes, e da naturalidade com que os docentes convivem
atualmente com tamanha diversidade tecnológica, informativa e formativa. A
professora Sarah Maria Mendes da Cunha, orientadora de aprendizagem do LIED
da escola Castelo Branco concorda que a globalização abriu novas perspectivas.
É de fundamental importância. Os recursos midiáticos que são: vídeo, som,
imagem, através de recursos multimídia e internet e outros. Neste novo
conceito de ensino, o professor esta assumindo o papel de mediador de
conhecimentos, pois o processo de ensino-aprendizagem deverá ser
dirigido a um publico que não mais recebe e ingere informações, mas
interage com as mesmas, interfere no processo e questiona o conteúdo e
conceitos. A globalização abriu novos caminhos e possibilidades para que
todos busquem novos conhecimentos, isto em todas as áreas
principalmente a do ensino escolar. As utilizações destes novos recursos
podem facilitar e melhorar a eficácia do processo de alfabetização, desde
que os professores se atualizem a medida que estas novas tecnologias são
introduzidas no ambiente.
Outra meta do Projeto da REC, com base no Planejamento Político
Pedagógico da Escola Castelo, é a integração das mídias, dos ambientes de
aprendizagem, incluindo a Sala de Leitura, Biblioteca, espaços de teatro, dança,
esportes, além dos projetos desenvolvidos pelas áreas do conhecimento e
51
organizados pela direção e coordenação pedagógica, com a finalidade de construir
uma comunidade cidadã com uma identidade integradora e inclusiva.
A contribuição das mídias na escola tem sido indispensável para a
modernização, divulgação interna e externa do colégio, para o sucesso dos projetos
interdisciplinares e no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, a
exemplo dos Jogos Escolares, exposições pedagógicas, eventos culturais e do
Festival de Poesias realizado em 2008, por ocasião da Olimpíada de Língua
Portuguesa, que resultou na publicação do Livro de Poesias em 2010, com obras
poéticas compostas por estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio, um projeto
de referência da educação estadual.
4.3 A RÁDIO WEB GLOCAL
O projeto da Rádio Escola Castelo propõe um passo mais ousado ainda,
a implantação da Rádio Escola Web. Para os alunos a ideia é ótima, porque dessa
forma haveria um melhor conhecimento sobre a escola e o ensino, garantiu a aluna
Fernanda Batista Barbosa. O aluno Dorivan Vilhena Tavares acrescenta: “Do meu
ponto de vista é uma forma de ampliar ainda mais a relação com o estabelecimento
de ensino e também manter todos informados de tudo o que acontece em nosso
cotidiano”.
Os docentes também apostam no êxito da rádio escola e a inserção dela
via internet. A professora de Espanhol, Marinei Auzier, concorda com a importância
do projeto para divulgar e socializar informações e ideias da comunidade castela,
bem como possibilitar aos internautas opinar e contribuir com o cotidiano da escola
Castelo Branco.
É de fundamental importância, pois vivemos no mundo midiático, onde as
notícias, as informações são repassadas de forma dinâmica, por isso não se
pode pensar em avanço na educação sem o uso desses recursos, seria
como estar na contramão da tecnologia. Além disso, os alunos estão
inseridos nesse meio e o papel da escola é facilitar esse acesso, tornando
assim as aulas mais interessantes.
Os estudantes vibram com a possibilidade de ter a escola na Web, não só
os que permanecem na escola, mas como aqueles que estão concluindo o Ensino
52
Médio e desejam continuar acompanhando a vida da instituição. A aluna Fernanda
Batista Barbosa, do 3º. ano do EMI, manifestou o desejo de ver a escola utilizar a
internet de forma correta, projetada, pensada, trazendo benefícios para o ensino
escolar. Da mesma maneira outros colegas internautas consideram a rádio web uma
mídia altamente interativa, como explica o estudante Lennon Brian Oliveira Pinheiro:
A importância, de certa forma, é imensa, mas as mídias têm que ser usadas
como um benefício, com objetivos louváveis ao aluno, como informar datas
de vestibulares, cursos, e influenciar o estudo com opiniões de professores
sobre o que tem que estudar para provas e vestibulares, macetes, opiniões
dos alunos, pois eles dizem o que está bom ou ruim, o que tem que ser
melhorado ou não, enfim, tem que ser para ajudar os alunos. A escola pode
fazer um jornal, que ajuda muito na formalidade da escrita e estar por dentro
dos assuntos. .
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) consideram que a
presença e o uso das tecnologias são indispensáveis e fundamentais em todas as
áreas do conhecimento. Os avanços tecnológicos midiáticos surgiram para transpor
obstáculos, melhorar e facilitar o acesso às informações e proporcionar mais
interatividade entre as diversidades de segmentos escolares e sociais com os quais
o professor convive.
A nova LDB abre a perspectiva de um efetivo debate sobre a
Informática no ensino... O que queremos ensinar? A quem queremos
ensinar? Quem tem aptidão para ser profissional e quem tem interesse em
ser um bom usuário? Qual o perfil do professor que vai utilizar esse
conhecimento em suas disciplinas nas diversas conjunturas que convivem
em nosso País? (PCNs 1999, p.185)
A jornalista e Mestre em ciências da comunicação, Lígia Maria Trigo-deSouza (2004), relata que a aproximação entre rádio e internet foi posterior ao
aparecimento de outras mídias na rede mundial de computadores, como é o caso de
jornais e revistas, mas logo que as primeiras experiências foram surgindo, o
fenômeno virou uma verdadeira febre entre os internautas, um casamento perfeito
que despertou o interesse imediato de emissoras e uma expansão veloz do meio na
internet.
... No entanto acredita-se que a primeira experiência de rádio criada
exclusivamente para a rede tenha sido empreendida por integrantes do
movimento do Mangue Beat, o programa intitulado Manguetronic, estreou
em abril de 1996 com a proposta de incorporar elementos da internet (como
hipertextualidade) à programação radiofônica. (TRIGO-DE-SOUZA, 2004,
p.290).
53
A partir de 1998 as rádios brasileiras começaram a estar 24 horas no ar e
outras propostas começaram a surgir, como a Rádio Totem, um portal de rádio com
várias emissoras musicais segmentadas em ritmos. Três anos depois chegou a
oferecer 11 canais diferentes, além de disponibilizar videoclipes, entrevistas e
promoções aos internautas. Hoje o portal está fora do ar.
Quanto às emissoras com existência no dial, as primeiras começaram a
migrar para a rede a partir de 97, entre as jornalísticas a Rádio Itatiaia, de Minas
Gerais reivindica o pioneirismo. A Jovem Pan AM e a Band AM também querem a
primazia. Hoje são incontáveis as emissoras AM, FM, exclusivas da web nesta
verdadeira convergência midiática, em virtude do salto qualitativo da substituição
progressiva do sistema analógico pelo digital, quer nos produtos de áudio, quer nas
telecomunicações.
São várias as possibilidades de dispor ou criar uma rádio na web. De
acordo com Trigo-de-Souza (2004), as emissoras off-line são as que utilizam a rede
para divulgar seu trabalho no dial, a forma convencional de rádio, mas que não
disponibiliza áudio ou transmissão em tempo real se fazem não se trata de seu
principal serviço. Por sua vez a versão on-line são as que disponibilizam áudio
radiofônico como seu produto principal na rede. E ainda existem as NetRádio,
emissoras on-line que não existem fora da internet, ou seja, são emissoras
exclusivamente on-line virtuais.
As alternativas para inserir a Rádio Escola Castelo na Internet são
viáveis, pois a programação veiculada no sistema de som poderá ser gravada e
postada na forma off-line, no endereço eletrônico da emissora e ser acessada a
qualquer momento, de qualquer lugar do mundo. A mesma programação poderá ser
veiculada em tempo real, no modo on-line, e transformar as notícias, artigos,
entrevistas, todos os gêneros textuais radiofônicos em hipertextos atualizados
regularmente.
E mais ainda, dependendo da disposição e do compromisso da
comunidade escolar com esta ferramenta, é possível desenvolver uma programação
específica na web e explorar toda a interatividade das redes sociais.
Há inúmeras razões para esse sucesso e
desenvolvimento tecnológico, com a
transmissão/ recepção. A disseminação
estratégia das empresas de franquear o
a primeira delas é justamente o
evolução dos softwares de
desses programas deveu-se à
software para os usuários que
54
pretendiam sintonizar as rádios cobrando apenas das emissoras. Os
software são RealAudio, o MediaPlayer e o Winanp. (TRIGO-DE-SOUZA,
2004, p.292).
As transformações tecnológicas começaram na reprodução do som, com
a substituição dos toca-discos pelo CD player, passaram também pela gravação e
edição com os minidiscs (MD), computadores, softwares e a transmissão via DAB Digital Audio Broadcasting. O sistema de banda larga permite a transmissão de
dados com velocidade superior à do sistema tradicional e este casamento entre os
dois meios, o antigo e o novo, aparentemente tão distintos, está relacionado à
possibilidade de alcance e captação de novos públicos, antes excluídos pelos limites
geográficos e também de telecomunicações.
Assim, se a emissora veicula uma programação absolutamente
segmentada, ela terá localmente um público pequeno. No entanto, pela
internet, passa a ter a possibilidade de unir outros pequenos grupos,
espalhados geograficamente, em comunidade virtual (TRIGO-DE-SOUZA,
2004, p.296).
Trigo-de-Souza cita em seu artigo a tese do professor de Comunicação
do Boston College (EUA), Michael Keith, que irão sobreviver as emissoras de
programação local, mesmo que pareça contraditória a afirmação, por se tratar de
internet, uma mídia de alcance global, mas por outro lado, explica Keith, as
emissoras que transplantaram seus sinais do analógico para a rede, aumentou, o
que ele chama de audiência “estrangeira” na busca de informações locais, ou seja,
pessoas que migraram ou imigraram e que buscam nas emissoras via internet, o
vínculo com sua cidade/região natal, com as raízes culturais.
Essa união de políticas globais e programações locais, que já foi
denominada de glocal, é mais um dos fatores de sucesso da migração do
rádio para a internet e da dissolução da pretensa oposição entre os meios: o
rádio, ancião dos meios eletrônicos, fortemente regional, e a internet, ícone
da modernidade e da comunicação global” (TRIGO-DE-SOUZA, 2004,
p.298).
A internet é também a mídia que permite a comunicação individual,
interpessoal, uma verdadeira reviravolta no conceito de comunicação de massa (umtodos) e que permite a democratização do sistema de produção e informação, ao
55
possibilitar que quaisquer grupos ou pessoas possam disponibilizar seus
conhecimentos e informações pela rede. Assim, os cidadãos deixam de ser só
consumidores e passam a ser consumidores/geradores de informação. “Trata-se do
conceito de multiplicidade de pontos de vista num processo de complexificação das
estruturas de comunicação” (TRIGO-DE-SOUZA, 2004, p.298).
Outra alteração substancial, explica a pesquisadora, está no tradicional
esquema emissor – mensagem – meio – receptor, porque a navegação na internet
se dá totalmente em função do receptor, pois é quem vai determinar o caminho a
seguir dentro de um site ou sites e é o próprio receptor quem determina também as
informações que deseja e qual a sequência, com a oportunidade de também
produzir informações por meio da interatividade.
4.3.1 CHICO TERRA
Um projeto de rádioweb glocal é desenvolvido pelo fotógrafo e músico
Francisco Almeida, o Chico Terra, que criou em 11 de novembro de 2000, um dos
primeiros sites de notícias de origem amapaense, o Amapabusca, hoje
www.chicoterra.com. Há pouco mais de dois anos Chico Terra criou a Amazônia
Brasil Rádio Web, com link no site chicoterra, segundo ele, provocado pela
necessidade de levar a música da Amazônia Brasil para o conhecimento do planeta.
Uma música de qualidade e que carece da falta de divulgação no Brasil e no resto
do mundo.
Chico terra explica que a tecnologia utilizada para a Rádio web é o
SimpleCast para transmissões ao vivo e um DJ automático ligado a um servidor
remoto para rodar a programação essencialmente musical, mas eventualmente são
feitas transmissões ao vivo. “No momento estamos retransmitindo o Programa
Cultural Festa na Floresta, que vai ao ar aos domingos, das 10 ao meio-dia, pela
Rádio Diário FM, e de segunda a sexta, das 18 as 19 o programa jornalístico Café
com Notícias da mesma emissora”. O projeto da rádio web é pessoal e deriva da
grande vontade de ver a música feita na Amazônia chegando aos ouvidos de todo o
planeta, para tanto é preciso trabalhar cotidianamente para manter vivo o sonho de
Chico Terra:
56
O que há de extraordinário em uma rádio web é seu baixo custo financeiro
em relação às emissoras que dependem de altos investimentos em
transmissores e estúdios caros, pessoal e licenças, acessíveis apenas aos
grandes empresários ou grupos políticos, como por exemplo, o grupo Beijaflor que praticamente domina a comunicação via rádio no estado. A rádio
Web propicia ao público, a diversidade na informação libertando-o da
massificação da música apenas comercial. Representa, mesmo nessa fase
em que nosso estado vive isso, o que considero um aparteid tecnológico
como aquele que está em último lugar em inclusão digital, a porta de
entrada para o fim dos conglomerados empresariais que ainda dominam o
mercado, infelizmente. Nossa luta consiste agora em estimular a vinda da
banda larga a preços populares para que possamos avançar ainda mais
nesse processo.
4.3.2
A ESCOLA ANCHIETA NAS ONDAS DO RÁDIO E DA WEB
Um dos projetos de educomunicação considerado como um dos mais
bem sucedidos do Amapá é o da Rádio Escola José de Anchieta, uma instituição
pública do bairro Santa Rita, na região central de Macapá, em desenvolvimento há
mais de uma década, o que lhe garante o título de primeira rádio escola amapaense
a estar no ar continuamente por mais de dez anos. Hoje a emissora analógica
tornou-se um empreendimento glocal porque também está inserida na internet.
O professor Francisco Regis lembra que problemas como indisciplina,
desinteresse pelo estudo, defasagem escolar, entre outros, preocupava toda a
comunidade escolar e uma das soluções apontadas para os problemas sociais
escolares foi proposta por Francisco Regis e Lindoval Aquino, funcionários da
instituição, que uniram sua paixão por rádio com a necessidade urgente de uma
proposta metodológica para melhorar a situação da escola. Juntos fundaram uma
das primeiras rádios escolas do estado, batizada de Rádio Educativa e Cultural
Anchieta, que começou a funcionar de forma experimental no dia 12 de maio de
1999, um projeto que trazia alternativas para contribuir com a melhoria e o
aperfeiçoamento das habilidades e desempenho de alunos e professores no
contexto escolar,
Com base no histórico da Rádio Anchieta postado no site da escola,
sabe-se que inicialmente o objetivo era apenas prender o aluno na escola,
proporcionando lazer e entretenimento, utilizando apenas uma caixa de som e
microfone no hall de entrada da escola, para músicas e recadinhos.
57
Com a pouca estrutura que a escola possuía na época, os alunos e
professores mobilizavam-se para buscar meios de arrecadar recursos para ampliar o
projeto. Rifas, bingos e festas comemorativas foram as ações realizadas com a
finalidade de comprar equipamentos para estruturar a rádio-escola. Da intenção de
chamar a atenção dos alunos durante o intervalo através de músicas e recadinhos, o
projeto cresceu para uma rádio-escola com caráter educativo e cultural.
Aos poucos os alunos e professores engajados no projeto foram
estruturando a rádio com microsystem, mesa de som, fita cassete e
microfones e a partir de então a rádio passa a funcionar dentro de uma sala
que se transformou em estúdio. O sucesso veio juntamente com a ajuda
das professoras: Cátia Regina da Costa Pinto, Lucila de Nazaré Rodrigues,
Márcia Nazaré Ataíde Barreto e a diretora da escola na época, a Professora
Maria José Silva do Espírito Santo. A partir daí a rádio passa a se chamar
Rádio Educativa e Cultural Anchieta ganhando o slogan A nova mania de
educar. A logomarca da rádio foi criada através de um concurso, onde o
vencedor foi Wellington Alves, aluno da noite do ano de 1999. (RÁDIO
ANCHIETA, Histórico, online, maio de 2012).
O site da escola publica ainda que a rádio avançou e passou a ter
intercâmbios com as emissoras de rádio locais, onde os alunos que participavam do
projeto tinham a oportunidade de conhecer outros estúdios e "tietar" com radialistas
de grande sucesso na época. Em 2001 integrantes da rádio participaram do Projeto
Fala Juventude nas Escolas, em parceria com a Rádio Difusora de Macapá,
iniciativa do Governo do Estado que proporcionava aos alunos oficinas de
capacitação e estimulava a comunicação na escola através do rádio.
Em 2001 a Rádio Anchieta ultrapassa os muros da escola entrando na era
da informática. Lança seu primeiro site www.radioanchieta.hpg.com.br, onde
todas as informações e acontecimentos da escola eram emitidos em tempo
real para todo o mundo. A idéia de criar um site foi para oportunizar as
pessoas de outras escolas da cidade, do país e do mundo de conhecerem o
projeto e se informarem sobre o que acontecia na rádio e na escola.
Atualmente o site da rádio é www.radioanchieta.com.br e proporciona
interatividade com os internautas através de mural de recados, enquetes,
fotos dos ex-locutores, histórico da rádio e notícias dos eventos da escola.
(RÁDIO ANCHIETA, Histórico, online, maio de 2012).
O professor Francisco Almeida, que acompanhou toda a trajetória da
Rádio Anchieta até agora, ressalta que sempre cresce o número de alunos, a cada
ano, que desejam participar da rádio. A curiosidade e a vontade de fazer parte dessa
história é o principal fator da procura. Para participar da rádio não basta apenas ter
58
vontade, mas o aluno deve considerar alguns critérios básicos, como ter um bom
desempenho em sala de aula com participação, interesse e baixo número de faltas.
Anualmente são selecionados cerca de 40 alunos, organizados em
equipes de diferentes funções: locutores, operadores de áudio, repórteres. Antes
das programações eles participam de oficinas radiofônicas nas quais aprendem as
noções básicas de locução, operação de áudio, produção de pautas e scripts.
A programação da Rádio Educativa e Cultural Anchieta está organizada
nos intervalos das aulas. Toda tarde, ao vivo, durante o intervalo, divulga
informações sobre os eventos da escola e da comunidade, seguidas de
entretenimento através de músicas, enquetes e recados. Cada dia da semana a
grade de programação aborda um tema relevante: cultura, saúde, comportamento,
esporte e lazer envolvendo os alunos radialistas na elaboração de um roteiro
semanal, incluindo entrevistas com pessoas de fora da escola para falar sobre
cultura, comunicação, cidadania e outros.
Os ex-alunos são exemplos de dedicação e compromisso para a nova
geração. A experiência na rádio rendeu frutos para grande parte deles, o contato
com o rádio despertou o interesse de ir além do projeto e muitos hoje são
profissionais da comunicação.
A história e o trabalho desenvolvido pelo rádio também já foi tema de
monografia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A professora e
advogada Débora Teles Damasceno pesquisou os 10 anos de existência da Rádio
Educativa e Cultural Anchieta, após pesquisa na escola, conforme exigência do
curso de Especialização em Tecnologias da Educação.
Também em 2010 o projeto da Rádio Anchieta foi tema de Trabalho de
Conclusão do Curso de Jornalismo da Faculdade Seama, o que resultou no
documentário “Rádio escola: a nova mania de educar”, um vídeo de 13 minutos que
relata o cotidiano da escola, contado pelos personagens reais que fazem acontecer
a rádio diariamente.
A Rádio Anchieta completou doze anos de existência e continua a ser
exemplo para as demais escolas, que sempre procuram conhecer a experiência e
conversar com os idealizadores do projeto. Carmelita, Azevedo Costa, Barão do Rio
Branco, Castelo Branco, entre outras, já visitaram a Rádio. O reconhecimento se
59
deve ao grande trabalho que a coordenação, juntamente com a direção da escola,
vem realizando durante todos esses anos. O projeto é coordenado pelo professor
Francisco Regis, o idealizador da rádio, e que continua no projeto desde sua
criação, agora ao lado da professora Luana Picanço, responsável pela produção e
programação da rádio.
O trabalho desenvolvido pela Rádio Anchieta mostra que a aliança
Educação e Comunicação dá certo. As caixas de som e o microfone
promovem o resgate dos alunos que haviam perdido a auto-estima e a
vontade de estudar. A rádio Anchieta é exemplo de que a comunicação
muda a vida das pessoas e que é necessário apostar na educação, não
apenas no contexto da sala de aula, e sim ir mais além, como mostra a
trajetória de sucesso que surgiu de uma pequena semente e que hoje rende
frutos para a sociedade. (RÁDIO ANCHIETA, Histórico, online, maio 2012).
A
versão digital da Rádio Anchieta pode ser acessada na forma off-line,
com vários links de arquivos e postagens novas a disposição dos internautas que
queiram conhecer a rádio e interagir com a equipe do projeto, comentar as notícias,
a programação da emissora e as atividades da instituição de ensino. O site é de fato
um instrumento de integração escolar, pois divulga a organização, gestão,
valorização das pessoas e muitas outras atividades educativas que envolvem toda a
comunidade anchietana.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa investigou o fenômeno da comunicação, enquanto fator
inerente ao ser humano, que perpassou e perpassa por toda a história da
humanidade, com descobertas e invenções dos mais diversos meios, linguagens,
recursos para melhorar as relações e aproximar pessoas em um mesmo espaço ou
em lugares extremos, como faz hoje a internet e outras diversas tecnologias que não
param de avançar.
As idéias, atitudes, sentimentos e necessidades dos primórdios da
humanidade, mesmo milhares de anos depois, continuam a incomodar e impulsionar
o ser humano a buscar máquinas convergentes, e cada vez menores, que possam
60
contribuir com o sempre ‘imperfeito’ processo de comunicação humana em todas as
classes, contextos e ambientes, particularmente o escolar, objeto de análise e
proposições para melhor desenvolver a missão educacional da comunidade
castelana, com possíveis reflexos em outras escolas também necessitadas das
TICs, como alternativas atualizadas ao contexto dos alunos.
Este estudo de caso sobre um projeto de Educom na Escola Castelo
atingiu os objetivos aqui propostos, ao aprofundar um campo de conhecimento ainda
considerado novo, mas com experiências históricas de nove décadas do rádio
educativo e mais recentemente uma estreita e inovadora afinidade entre educação e
comunicação, duas áreas essenciais na formação cidadã de tantos segmentos
populares e no desenvolvimento do Brasil, por meio das ondas eletrônicas do rádio,
afinidade esta que hoje ocupa um espaço cada vez maior no rádio analógico e
digital, nas demais mídias, nas ondas planetárias da Internet e na Educomunicação.
A integração teórica e da práxis da Educom vai muito além do que
imaginava este pesquisador, por constatar que esta área não existe unicamente nos
projetos escolares de comunicação e nas instituições sociais, mas por ser agora um
campo científico capaz de transformar a educação no que ela precisa ter e ser na
vida escolar e social, ao ponto de tornar simples receptores em pessoas
comunicadoras criativas, oportunizando ao aprendente condições de vivenciar os
novos modos de promover a comunicação.
A falta de funcionamento regular da rádio escola foi confirmada pelo
grupo de docentes da Escola Castelo Branco como um dos maiores problemas que
inviabilizaram o pleno desenrolar do projeto e uma das principais causas tem sido a
ausência de um (a) Orientador (a) de aprendizagem para coordenar e acompanhar
este trabalho, caso contrário todo o investimento financeiro em equipamentos,
ampliação da sala, a efetivação das oficinas radiofônicas e outros materiais
adquiridos por decisão coletiva não estarão sendo aproveitados como devem.
Alunos e professores da Escola Castelo Branco acreditam que todos os
sujeitos pertencentes a esta comunidade escolar necessitam, entre outras
iniciativas, de oportunidades favoráveis a uma formação que se adapte ao tempo
tecnológico e social em que estão mergulhados, para que sejam concretizadas as
diversas possibilidades de avanços no processo de ensino e aprendizagem, seja em
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sala de aula, nos demais cenários escolares e nas atividades extraclasses, ao
utilizarem a linguagem, a interatividade, criatividades, as produções textuais e
demais recursos radiofônicos na formação do protagonismo juvenil responsável,
nos princípios da liberdade de expressão, da convivência fraterna e respeito mútuo
frente as diversidades culturais e sociais presentes na escola.
A valorização da REC, tanto no sistema de som convencional quanto no
universo digital com todas as novidades e potencialidades da Internet, são tidos
como
instrumentos
interdisciplinares,
perfeitamente
facilitadores
da
viáveis
integração
e
dinamizadores
entre
de
professores,
projetos
alunos
e
comunidade, sujeitos de uma programação de rádio interativa, capaz de despertar
reflexões e ações pedagógicas fomentadoras de habilidades artísticas, visão crítica
da realidade, entretenimento sadio, práticas democráticas e de perspectivas
profissionais para a juventude.
A análise do projeto da rádio escolar, da perspectiva educomunicativa,
confirma que a Escola Castelo Branco deve ter também na Rádio Escolar a
presença do (a) Orientador (a) de Aprendizagem, a exemplo dos demais ambientes.
Este consenso leva a uma ação propositiva para a Secretaria de Estado da
Educação, a fim de que possa deliberar institucionalmente a respeito do
reconhecimento das rádios escolas, e por meio de portaria específica ou outro
instrumento legal, nomear Orientadores de Aprendizagem de Rádio Escola, do
mesmo modo da TV Escola, LIED e outros ambientes.
Outra vantagem que incentiva estes projetos, como explicaram alguns
estudiosos e produtores de Educom, é o baixo custo financeiro para um
empreendimento de grande alcance, afinal os equipamentos básicos são adquiridos
principalmente em programas do Governo Federal, já o material de apoio pode vir da
própria escolar por meio de promoções, mutirões, e a montagem, manutenção,
operação e outros ajustes podem ser feitos pelos próprios alunos conhecedores das
tecnologias, professores e técnicos voluntários na escola.
A Seed, em conjunto com a Sejuv e órgãos estaduais afins, precisa levar
em consideração que devem ser destacados para este serviço de educom
professores (as) capacitados (as) para atuarem em Rádio Escola analógica e/ou online, aqueles (as) que cursaram Mídias na Educação pela Unifap ou Tecnologias da
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Educação pela PUC-Rio ou de outros cursos correlatos, assim como incentivar as
gestões das instituições de ensino da rede estadual a implantar projetos de Rádio
Escola e de outras mídias, como também apoiar a formação continuada de
professores nas TICs, para sejam verdadeiros educomunicadores e junto com os
alunos serem protagonistas de nossa história no século XXI.
Por sua vez as fontes bibliográficas que fundamentam esta monografia
abordam a comunicação como uma das mais importantes ações humanas, pelo
poder de instaurar o diálogo, mediar conflitos e difundir conhecimentos sistemáticos
e educativos, para que as novas gerações não utilizem as mídias, em grande parte,
de maneira aleatória e apenas para acessar assuntos fúteis, aqueles que não
contribuem com as soluções dos graves problemas sociais, que não democratizam
as políticas públicas, não ajudam as pessoas a entender as crises existenciais e a
buscar mais qualidade de vida.
Portanto, a chamada Era da comunicação não deve ser entendida
somente no aspecto tecnológico, mas um tempo de humanização, da globalização
da informação, dos conhecimentos e de ações de combate a todas as formas de
exclusão, de iniciativas educadoras que ajudam a construir e reproduzir eficazes
espaços de educomunicação, seguindo os trilhos de projetos e programas bem
avaliados e com resultados que provam o quanto é fundamental hoje um ensino
atualizado com as aspirações ‘glocais’ e com as mídias de alcance global.
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REFERÊNCIAS
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ANEXOS – Questionários de Pesquisa
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ – UNIFAP
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MÍDIAS NA EDUCAÇÃO
MONOGRAFIA: ANÁLISE DE UM PROJETO DE EDUCOM:
ESTUDO DE CASO NA RÁDIO ESCOLA CASTELO
CURSISTA: OSCAR COSTA DA SILVA FILHO
MACAPÁ/AP MAIO/2012
QUESTIONÁRIO DO (A) PROFESOR (A)
NOME:
FUNÇÃO NA ESCOLA:
1.VOCÊ CONHECE O PROJETO DA RÁDIO ESCOLA CASTELO?
2.VOCÊ TEM CONHECIMENTO QUE A SALA DA RÁDIO ESCOLA POSSUI
TODOS OS EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA O FUNCIONAMENTO DA
RÁDIO E QUE FORAM ADQUIRIDOS COM RECURSOS FINANCEIROS DO
GOVERNO FEDERAL POR MEIO DO PDE/PDDE?
3.NA SUA OPINIÃO POR QUE O PROJETO DA RÁDIO NÃO FUNCIONA COMO
DEVERIA?
4.O PROJETO DA RÁDIO ESCOLA É IMPORTANTE? POR QUÊ?
5. DE QUE FORMA É POSSÍVEL INTEGRAR A RÁDIO ESCOLA COM OS DEMAIS
AMBIENTES DE APREDIZAGEM?
6. CASO A RÁDIO ESCOLA TENHA ORIENTADOR (A) DE APRENDIZAGEM
PODERÁ FUNCIONAR COMO DEVERIA, A EXEMPLO DE AMBIENTES COMO TV
ESCOLA, LIED, SALA DE LEITURA, ETC?
7. COMO VOCÊ AVALIA A IDEIA DA RÁDIO ESCOLA FUNCIONAR TAMBÉM
COMO MÍDIA DIGITAL, NA INTERNET?
8. PARA VOCÊ QUAL A IMPORTÂNCIA DAS MÍDIAS NO ENSINO ESCOLAR
ATUALMENTE?
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QUESTIONÁRIO DO ALUNO (A):
NOME:
SÉRIE:
1.VOCÊ CONHECE O PROJETO DA RÁDIO ESCOLA CASTELO?
2.VOCÊ TEM CONHECIMENTO QUE A SALA DA RÁDIO ESCOLA POSSUI
TODOS OS EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA O FUNCIONAMENTO DA
RÁDIO E QUE FORAM ADQUIRIDOS COM RECURSOS FINANCEIROS DO
GOVERNO FEDERAL POR MEIO DO PDE/PDDE?
3. VOCÊ JÁ PARTICIPOU DE ALGUMA OFICINA DE RÁDIO NA ESCOLA? O QUE
ACHOU?
4. CASO A RÁDIO ESCOLA TENHA ORIENTADOR (A) DE APRENDIZAGEM
PODERÁ FUNCIONAR COMO DEVERIA, A EXEMPLO DE AMBIENTES COMO TV
ESCOLA, LIED, SALA DE LEITURA, ETC?
5.COMO VOCÊ AVALIA A IDEIA DA RÁDIO ESCOLA FUNCIONAR TAMBÉM
COMO MÍDIA DIGITAL, NA INTERNET, UMA RÁDIOWEB?
6. PARA VOCÊ QUAL A IMPORTÂNCIA DAS MÍDIAS NO ENSINO ESCOLAR
ATUALMENTE?
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ANALISE de um Projeto de EDUCOM - UNIFAP